Reabilitação da Antiga Rodoviária de Mogi das Cruzes - Trabalho Final de Graduação

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REABILITAÇÃO DA ANTIGA RODOVIÁRIA DE MOGI DAS CRUZES

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

arquitetura e ubranismo

2021

MARIA LUIZA PANEGASSI BAREZI



Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação – FAAC Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo - DAUP

REABILITAÇÃO DA ANTIGA RODOVIÁRIA DE MOGI DAS CRUZES

MARIA LUIZA PANEGASSI BAREZI ORIENTADOR: PROF. DR. VLADMIR BENINCASA

bauru 2021



MARIA LUIZA PANEGASSI BAREZI

REABILITAÇÃO DA ANTIGA RODOVIÁRIA DE MOGI DAS CRUZES Trabalho Final de Graduação apresentado ao departamento de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, do campus de Bauru, como requisito para a obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof. Dr. Vladmir Benincasa

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RESUMO O objeto de estudo e de projeto desse Trabalho Final de Graduação, a antiga Rodoviária de Mogi das Cruzes, datada de 1941, situa-se na região central histórica e tradicional da cidade, na Praça Firmina Santana. O edifício teve grande importância no desenvolvimento da cidade e, atualmente, sua arquitetura, que possui traços art déco, encontra-se descaracterizada por algumas intervenções ocorridas ao longo dos anos. A partir da leitura de bibliografia referente a restauro e levantamento das necessidades locais, pretende-se discutir a conservação do edifício e, posteriormente, elaborar um espaço de estar, de parada e de quietação. Pretendeu-se, com isso, estudar e resgatar parte da história recente da cidade de Mogi das Cruzes, abordando a importância da movimentação de pessoas para o desenvolvimento da cidade. Como resultado prático, houve o desenvolvimento de um projeto de reabilitação e requalificação do prédio, que atualmente encontra-se em processo de tombamento em âmbito municipal.

Palavras-chave: Mogi das Cruzes; antiga rodoviária; art déco; reabilitação.


AGRADECIMENTOS Ao meu pai Edson e à memória de minha mãe Mari Stela, por me incentivarem e me inspirarem a trilhar meu caminho. Às minhas irmãs Ana Carolina e Julia Helena, minhas melhores amigas e atenciosamente presentes. Ao meu namorado Thiago, pelo companheirismo e por todo apoio emocional nos momentos de dificuldade na produção desse trabalho. Ao meus familiares, por cuidarem diariamente de mim e comemorarem cada uma das minhas vitórias ao meu lado. Aos meus amigos e amigas que a vida em Bauru me presenteou. Bordô, Carlota, Fini, Luna, Tião, Chiku e Beta, e tanto outros, obrigada por incontáveis memórias. Aos professores Vladmir e Paulo, por terem aceitado o convite para me orientar nesse trabalho. Ao corpo docente do curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo da Unesp Bauru. À Universidade Estadual Paulista, que mantem um ensino universal e de qualidade em meio a políticas de desmonte educacional. A todos que participaram, direta ou indiretamente, do desenvolvimento deste trabalho.



LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Mapa da Capitania de São Vicente no século XVI, atribuído a Teodoro Sampaio. Vê-se “Boigy” como aldeamento de índios. Fonte: GRINBERG, 1961, p. 19.............................................................................................................................................................................................19 Figura 2 - A velha estação da Estrada de Ferro Central do Brasil, depois Rede Ferroviária Federal. Fotografia: Benedito Alves, 1948. Fonte: GRINBERG, 1986, p. 89.............................................................................................................................................................................................21 Figura 3 - Implantação da rodoviária com indicações dos eixos Rio de Janeiro e São Paulo. Desenho: Shiro Jiro Mukai, 1940. Fotografia: Ubirajara Nunes, 2020. Fonte: Arquivo Histórico Municipal “Historiador Isaac Grinberg”...................................................................................24 Figura 4 - Primeira fotografia conhecida da Antiga Rodoviária. (Autor desconhecido, s/d). Fonte: Acervo Particular Glauco Ricciele..........25 Figura 5 - Planta original do pavimento térreo com indicação dos ambientes. Desenho: Shiro Jiro Mukai, 1940. Fotografia: Ubirajara Nunes, 2020. Fonte: Arquivo Histórico Municipal “Historiador Isaac Grinberg”...............................................................................................................27 Figura 6 – Imagem colorizada da Antiga Estação Rodoviária. Fotografia: Fittipaldi, 1941. Fonte: Acervo Particular de Glauco Ricciele......28 Figura 7 - Corte (CD) transversal do edifício original. Desenho: Shiro Jiro Mukai, 1940. Fotografia: Ubirajara Nunes, 2020. Fonte: Arquivo Histórico Municipal “Historiador Isaac Grinberg”. .................................................................................................................................................29 Figura 8 - Figura 5 - Planta original do pavimento superior com indicação dos ambientes. Desenho: Shiro Jiro Mukai, 1940. Fotografia: Ubirajara Nunes, 2020. Fonte: Arquivo Histórico Municipal “Historiador Isaac Grinberg”...................................................................................29 Figura 9 – Letreiro da Antiga Rodoviária com o escrito “Estação Rodoviária” em letras maiúsculas. Fotografia: autor desconhecido, s/d. Fonte: Acervo Particular Glauco Ricciele............................................................................................................................................................................30 Figura 10 – Letreiro da Antiga Rodoviária com o escrito “Empresa Auto Ônibus Mogi das Cruzes” em letras maiúsculas. Fotografia: autor desconhecido, s/d. Fonte: Acervo Particular Glauco Ricciele...............................................................................................................................31 Figura 11 – Antiga Rodoviária no dia 9 de julho de 1961. Pessoas assistiam à inauguração da Rádio Metropolitana no prédio em frente. Detalhe ao letreiro com o escrito “Empresa Auto Ônibus Mogi das Cruzes” em letras maiúsculas e luzes neons. Fotografia: autor desconhecido, 1961. Fonte: Acervo Particular Glauco Ricciele............................................................................................................................31 Figura 12 – Letreiro do posto de abastecimento da Antiga Rodoviária. Fotografia: autor desconhecido, s/d. Fonte: Acervo Particular Glauco Ricciele......................................................................................................................................................................................................................32


Figura 13 - Letreiro do Bazar Rodoviário da Antiga Rodoviária na lateral esquerda da fotografia. Fotografia: autor desconhecido, s/d. Fonte: Acervo Particular Glauco Ricciele............................................................................................................................................................................32 Figura 14 – Placa do comércio Bazar Rodoviário, original da época de construção do edifício. Fotografia: a autora, 2020...........................33 Figura 15 – Placa do comércio Livraria Patão. Fotografia: a autora, 2020...........................................................................................................33 Figura 16 – Placa do comércio Livraria Tayna’s. Fotografia: a autora, 2020........................................................................................................33 Figura 17 – Placa do comércio Vitaminas 5ª Avenida. Fotografia: a autora, 2020..............................................................................................33 Figura 18 - Placa do comércio Café Urupema. Fotografia: a autora, 2020...........................................................................................................33 Figura 19 - Planta original do pavimento térreo da Antiga Rodoviária. Fonte: Arquivo Particular de Paola Ornaghi.........................................34 Figura 20 - Planta original do pavimento superior da Antiga Rodoviária. Fonte: Arquivo Particular de Paola Ornaghi.....................................34 Figura 21 - Planta do projeto construído do pavimento térreo da Antiga Rodoviária. Fonte: Arquivo Particular de Paola Ornaghi.................35 Figura 22 - Planta do projeto construído do pavimento superior da Antiga Rodoviária. Fonte: Arquivo Particular de Paola Ornaghi.............35 Figura 24 - Corte do projeto construído da Antiga Rodoviária. Fonte: Arquivo Particular de Paola Ornaghi.....................................................36 Figura 23 – Corte do projeto original da Antiga Rodoviária. Fonte: Arquivo Particular de Paola Ornaghi.........................................................36 Figura 25 - Porta de acesso à nova escada ao pavimento superior. Fonte: a autora, 2020................................................................................37 Figura 26 - Corredor de acesso à nova escada ao pavimento superior. Fonte: a autora, 2021...........................................................................37 Figura 27 - Escada de acesso ao pavimento superior. Fonte: a autora, 2021......................................................................................................37 Figura 28 – À esquerda, a Antiga Rodoviária, vista do cruzamento da Avenida Voluntário Fernando Pinheiro Franco com a Rua Dr. Deodato Wertheimer. Fotografia: Fittipaldi, 1945. Fonte: GRINBERGH, 1986, p. 69............................................................................................................39 Figura 29 – Antiga Rodoviária, vista do cruzamento da Avenida Voluntário Fernando Pinheiro Franco com a Rua Dr. Deodato Wertheimer. Fonte: a autora, 2020. ..............................................................................................................................................................................................39


Figura 30 – Antiga Rodoviária vista da fachada nordeste. Fotografia: autor desconhecido, s/d. Fonte: Acervo Particular Glauco Ricciele..39 Figura 31 - Antiga Rodoviária vista da fachada nordeste, evidenciando cobertura adicionada a construção original no pavimento superior. Fonte: a autora, 2020................................................................................................................................................................................................39 Figura 33 - Interface do edifício original com o volume acrescentado posteriormente. Fonte: a autora, 2020.................................................40 Figura 32 – Janela da Antiga Rodoviária pintada em branco opaco. Fonte: a autora, 2020...............................................................................40 Figura 34 – Fachada oeste do solário da Antiga Rodoviária. Fonte: a autora 2020............................................................................................40 Figura 35 – Acesso ao solário da Antiga Rodoviária. Fonte: a autora, 2021........................................................................................................40 Figura 36 - Planta do projeto atual do pavimento térreo da Antiga Rodoviária. Fonte: Acervo Particular de Paola Ornaghi............................41 Figura 37 - Planta do projeto atual do pavimento superior da Antiga Rodoviária. Fonte: Acervo Particular de Paola Ornaghi........................41 Figura 38 – Em vermelho, raio de proteção de 300m. Ao fundo, em amarelo, azul e cinza, quadras integrantes da poligonal de proteção do Complexo do Carmo. Fonte: CONDEPHAP. Disponível em: http://www.comphap.pmmc.com.br/pages/protocolo.html. Acesso em: 31 out. 2020...........................................................................................................................................................................................................................43 Figura 39 – Delimitação da ZEIU-1 em amarelo, com destaque para o raio de 300m e a poligonal de proteção do Complexo do Carmo. Fonte: Prefeitura de Mogi das Cruzes, Plano Diretor Vigente...........................................................................................................................................43 Figura 40 - Vista área da implantação da Villa Sanhauá. Fonte: Google Earth.....................................................................................................47 Figura 41 - Casarões da Rua João Suassuna, antes do projeto de reabilitação. Fonte: Jornal Online Catolé News.........................................48 Figura 42 - Casarões da Rua João Suassuna, depois do projeto de reabilitação. Fonte: Jornal Online MaisPB...............................................48 Figura 43 - Representações gráficas do projeto de uma das habitações da Villa Sanhauá. Fonte: Semhab - Secretaria Municipal da Habitação Social.........................................................................................................................................................................................................................49 Figura 44 – Vila Sanhauá durante evento noturno “No Baiaio na Villa Criativa”. Fonte: Jornal Online G1.........................................................50 Figura 45 – Terraço do edifício Red Bull Station. Fonte: Site ArchDaily................................................................................................................51


Figura 46 - Fachada do Edifício Redbull Station. Fonte: Site ArchDaily.................................................................................................................52 Figura 47 – Volume em concreto armado que comporta o estúdio de música. Fonte: Site Escritório Triptyque.............................................52 Figura 48 – Museu Damião de Gois. Fonte: Site Dezeen.......................................................................................................................................53 Figura 49 – Quebra do túnel de exposição. Museu Damião de Gois. Fonte: Site Archidaily...............................................................................53 Figura 50 - Mapa de Centralidades do Plano Diretor de Mogi das Cruzes. Tem-se a Zona do Centro Histórico Tradicional delimitado pela linha vermelha, composta pelas Centralidades Consolidadas Centro e Estudantes, respectivamente hachuradas em azul e amarelo. Fonte: Prefeitura de Mogi das Cruzes.................................................................................................................................................................................58 Figura 51 - Mapa com indicações dos acessos à área de projeto. Fonte: a autora, a partir de imagem obtida no Google Earth....................59 Figura 52 - Mapa com indicações das áreas verdes e de lazer no contexto da área projetual. Fonte: a autora, a partir de imagem obtida no Google Earth..............................................................................................................................................................................................................60 Figura 53 - Mapa com indicações dos equipamentos de educação, religiosos, culturais, e de saúde no contexto da área projetual. Fonte: a autora, a partir de imagem obtida no Google Earth................................................................................................................................................60 Figura 54 – Mapa com análise do entorno imediato à área projetual. Fonte: a autora, a partir de imagem obtida no Google Earth..............61


SUMÁRIO


INTRODUÇÃO

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01 METODOLOGIA

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02 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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02.01 A ANDANÇA NO TEMPO: BREVE HISTÓRICO SOBRE MOGI DAS CRUZES

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02.02 A ANTIGA RODOVIÁRIA E O ESTILO ART DÉCO

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02.03 COMUNICAÇÃO VISUAL ART DÉCO

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02.04 O EDIFÍCIO E O TEMPO: INTERVENÇÕES

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02.05 LEGISLAÇÃO E O PROCESSO DE TOMBAMENTO DO EDIFÍCIO

03 FUNDAMENTAÇÃO DE REPERTORIO

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03.01 VILA SANHAUÁ (JOÃO PESSOA - PB)

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03.02 REDBULL STATION (SÃO PAULO - SP)

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03.03 MUSEU DAMIÃO DE GÓIS (PORTUGAL)

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04 PROPOSTA PROJETUAL

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04.01 DIRETRIZES PROJETUAIS

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04.02 CONCEITOS E PARTIDOS

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04.03 PROGRAMA DE NECESSIDADES

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04.04 ANÁLISE DO ENTORNO

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04.05 PROPOSTA PROJETUAL

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05 CONCLUSÃO

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06 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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INTRODUÇÃO

O trabalho teve como objetivo o estudo da antiga Rodoviária de Mogi das Cruzes (SP), para desenvolvimento de um projeto de reabilitação. O edifício é datado de 1940 e teve grande importância para o desenvolvimento do município. Mogi das Cruzes está localizada no estado de São Paulo, na zona leste da Grande São Paulo, no Alto Tietê, a 61km da capital do estado e a 59km do litoral. É o maior município da metrópole de São Paulo, com aproximadamente 713km² e sua população totaliza 450 mil habitantes (IBGE, 2020). A cidade, desde seu princípio, tem sua história marcada pela

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movimentação de pessoas. O ir e vir iniciou com a fundação da cidade, pois ficava num eixo de passagem para bandeiras de exploração do interior do país. Um segundo momento foi marcado pela ferrovia e transporte de pessoas: era uma das paradas da linha de trens entre São Paulo e Rio de Janeiro. Concomitantemente, da década de 1920 à década de 1950, o transporte rodoviário passou a ganhar maior importância em todo o território nacional, período em que se construiu a rodoviária de Mogi das Cruzes, adicionando uma nova opção para o deslocamento de seus habitantes.


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01METODOLOGIA

Para elaboração do presente trabalho foi desenvolvida revisão bibliográfica e pesquisa em livros, artigos, monografias, dissertações, teses e sites. Além disso, foram realizadas visitas à rodoviária e entrevista com o secretário-geral do Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico e Paisagístico de Mogi das Cruzes (COMPHAP), que disponibilizou documentação acerca da antiga rodoviária. Buscou-se compreender a história da cidade de Mogi das Cruzes, com foco nos meios de locomoção presentes desde sua formação até a década de 1950. Foram consultadas referências sobre o movimento art déco, para melhor analise e entendimento do edifício objeto desse estudo e propor sua remodelação. Foram, também, analisados três projetos de remodelação de edifícios históricos: a Vila Sanhauá (João Pessoa – PB), o Redbull Station (São Paulo – SP) e o Museu Damião de

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Góis (Portugual). Para o desenvolvimento do projeto, foram seguidas as metodologias de restauração científica e restauração crítica, propostas por Gustavo Giovannoni e Cesari Brandi, respectivamente. A restauração científica tem como princípio a conservação e a consolidação do edifício, por meio de 5 modelos de ação para restauro: consolidação, recomposição, liberação, complementação e inovação. A consolidação diz respeito à intervenção técnica no edifício para conservar sua integridade. A recomposição trata do restabelecimento total do monumento, de forma que as peças perdidas não dominem sobre a quantidade de autênticas, descaracterizando-o. A liberação significa não completar um monumento destruído, em caso de carecer de documentações sobre as peças faltantes ou de sua ausência não afetar o edifício como um todo.


Tanto a complementação quanto a inovação, devem ser evitadas. Porém caso sejam necessárias, devem ser identificáveis, por meio de uso de placas datadas da modificação e pelo uso de materiais e estilos que diferenciem o autêntico do novo. A restauração crítica visa o restauro da matéria, como “restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, desde que isso seja possível, sem cometer um falso artístico ou um falso histórico, e sem cancelar nenhum traço da passagem da obra de arte no tempo” (BRANDI, 2004, p.33), de forma que o restauro da matéria, restabeleça a unidade da obra de arte. Três preceitos da teoria de Brandi são: o fácil reconhecimento entre a intervenção e o autêntico, pelo uso de materiais distintos; harmonização entre as materialidades novas e existentes; e intervenções que sejam de fácil remoção e que não agridam a obra original.

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02FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

02.01 A ANDANÇA NO TEMPO: BREVE HISTÓRICO SOBRE MOGI DAS CRUZES A cidade de Mogi das Cruzes tem sua origem no século XVI, porém existem duas hipóteses que divergem na exata data da sua fundação. Jurandyr Campos (1978) explica essas duas hipóteses. A primeira é que a cidade teria sido fundada em 1560, por Braz Cubas, um bandeirante que se embrenhava pelo sertão brasileiro e encontra ouro às margens do Rio Tietê, à época Rio Anhembi. Ele toma posse das terras que lhe foram dadas através da obtenção de uma sesmaria e funda

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uma fazenda denominada “Boigy”, do termo indígena que significa “Rio das Cobras”, em referência ao Rio Tietê. A segunda hipótese, defendida por Isaac Grinberg (1986, p.11), é que a fundação da cidade seria datada de 1611, após a abertura do primeiro caminho de acesso entre a região onde surgiria Mogi das Cruzes e São Paulo pelo bandeirante Gaspar Vaz. No dia 17 de agosto de 1611, o povoado foi elevado a vila, com o nome de Sant’ana de Mogi Mirim, fato oficializado em 1º de setembro do mesmo ano.


Figura 1 - Mapa da Capitania de São Vicente no século XVI, atribuído a Teodoro Sampaio. Vê-se “Boigy” como aldeamento de índios. Fonte: GRINBERG, 1961, p. 19.

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Independente das duas hipóteses, é importante atentar-se ao fato da localização estratégica da cidade, rota dos bandeirantes vindos do litoral para o interior, tanto caminho para o Vale do Paraíba quando à Vila de São Paulo. A estrada aberta por Gaspar Vaz facilitava esses acessos. Assim, as bandeiras que saíam do litoral em busca de ouro e prata cruzavam a cidade e estimularam seu crescimento. Concluímos, então, que durante os seiscentos as andanças dos mogianos seriam uma constante. Mesmo depois da metade do século, com o declínio da caça ao índio a gente de Mogi ainda aumentava, participando de outros tipos de bandeiras. (CAMPOS, 1978, p.25.).

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Isaac Grinberg (1986, p. 12) destaca que, nesse período, a cidade era constituída por poucas casas e bastante pobre. Entretanto, a marca desse período eram os acampamentos dos bandeirantes que, obrigatoriamente, cruzavam e movimentavam a vila de Boigy das Cruzes.

Predominavam as casas de pau-a-pique (taipa de mão) e as igrejas construídas em taipa de pilão. À época, era comum o uso de telha de barro, pela presença de um terreno argiloso na região e fornos de queima de cerâmica. (CAMPOS, 1978) Durante os primeiros séculos, a economia se baseou na agricultura, principalmente a algodoeira, e na produção e exportação de panos, couro e aguardente. (GRINBERG, 1986, p.17) Ao final do século XIX, as lavras de algodão obtinham bastante êxito e a indústria na cidade estava em desenvolvimento, se manifestando por meio de fábricas de vinho e cerveja, carpintarias, ferrarias, marcenarias, funilarias, tamancarias e sapatarias, além de uma selaria e uma colchoaria. (GRINBERG, 1986, p. 20) Em 1875, a cidade inaugurava a Estação de Trens de Mogi das Cruzes. Nela circulavam os trens da Estrada de Ferro do Norte, que ligava


São Paulo ao município em questão, e posteriormente, em 1877, chega ao Rio de Janeiro, pela junção da E. F. do Norte com a E. F. Dom Pedro II, na cidade de Cachoeira Paulista. A 6 de novembro [de 1875], inaugura-se com a presença do Presidente da Província e demais autoridades, o tráfego da estrada de ferro entre São Paulo e Mogi das Cruzes. O trem inaugural parte da estação do Norte, às 10,10 da manhã e chega a Mogi ao meio-dia, sendo recebido com grande júbilo. (GRINBERG, 1961, p.72).

Com a estrada de ferro, o final do século XIX e início do século XX foram marcados por grande progresso na cidade, manifestado em obras infraestruturais. No mesmo ano da chegada da ferrovia, as ruas, até então precariamente iluminadas por apenas nove lampiões, passaram a contar com outros trinta lampiões. Em 1881, teve início a canalização de esgoto na cidade, com a abertura de fossas onde corriam as águas servidas. Em 1909, inaugurou-se a usina de eletricidade local,

Figura 2 - A velha estação da Estrada de Ferro Central do Brasil, depois Rede Ferroviária Federal. Fotografia: Benedito Alves, 1948. Fonte: GRINBERG, 1986, p. 89.

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que fornecia iluminação elétrica ao edifício da Câmara e Cadeia e ao Hospital Beneficência Santa Casa. Em 1911, é inaugurado o serviço de águas e esgotos na cidade. Todas essas obras evidenciam uma cidade que progredia e se modernizava. (GRIBERG, 1961, p.72, 76, 112, 127) Em 1928, foi inaugurada a primeira estrada pavimentada brasileira, a Estrada Velha Rio - São Paulo (SP-66). Essa estrada cruzava a malha urbana de Mogi, por ruas que são notáveis eixos comerciais até os dias de hoje. Por mais que, à época, as viagens de trem predominassem, o país estava passando por uma substituição em seus meios de transporte de pessoas e cargas. Governos como os de Dutra, Vargas e Kubitschek optaram pelo sistema rodoviarista em detrimento do sistema ferroviário, impulsionado por incentivos fiscais e planos de governo desenvolvimentistas industriais. Acompanhando essas mudanças nacionais, viu-

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se necessária a instalação de uma tipologia específica para atender aos viajantes: a rodoviária.


02.02 A ANTIGA RODOVIÁRIA E O ESTILO ART DÉCO A antiga estrada que cruzava a cidade de Mogi era bastante estreita e sua principal via, conhecida hoje popularmente como Av. dos Bancos (Av. Voluntário Fernando Pinheiro Franco), não possuía ponto de ônibus. Dessa forma, a prefeitura, comandada pelo prefeito Renato Granadeiro Guimarães, propõe a desapropriação de um quarteirão de casas no encontro da Rua Dr. Deodato Wertheimer com a Avenida Voluntário Fernando Pinheiro Franco e abre um processo de licitação para a construção de uma rodoviária. Escolhido o projeto, seu autor teria direito de construir e usufruir da área, mediante ao pagamento das desapropriações. A 19 de julho [de 1940], o Prefeito Renato Granadeiro Guimarães baixa edital para construção de uma Estação Rodoviária à Avenida Voluntário Fernando Pinheiro. (GRINBERG, 1961, p.249).

O projeto vencedor da licitação foi desenvolvido pelo engenheiro Shiro Jiro Mukai e encomendado por José Mário Calandra e seu irmão. A construção teve início em 1940, comandada pelo empreiteiro Carlos Alberto Lopes, e logo foi entregue, como descreve o trecho a seguir. No mesmo dia [31 de maio de 1941] inaugura-se à Avenida Voluntário Fernando Pinheiro, esquina da Rua Dr. Deodato, o imponente edifício da Estação Rodoviária, de propriedade do Sr. José Mário Calandra. (GRINBERG, 1961, p.251).

José Mário Calandra viu uma oportunidade de expandir seus negócios na construção da rodoviária. No projeto, encomendou um espaço para implantar um posto de gasolina, atividade que já exercia na antiga estrada Rio-São Paulo.

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O empreendimento foi o primeiro do gênero no eixo rodoviário Rio de Janeiro-São Paulo. Em seu programa, originalmente, constavam um posto de abastecimento da família Calandra, plataformas de embarque e desembarque para ônibus, um salão de espera, guichês para venda de passagens, sanitários, uma charutaria, uma barbearia, um bar, um restaurante, além de um salão de baile no pavimento superior.

O edifício é considerado um dos primeiros na cidade a introduzir características protomodernas, por meio da incorporação de elementos característicos da linguagem art déco. O movimento art déco teve início na década de 1920, na França, tendo a Exposition Internationale des Arts Décoratifs et Industriels Modernes como um marco, em 1925. O evento reuniu, em mais de cem pavilhões, trabalhos que discutiam a modernidade, em diferentes escalas, desde joias a arquitetura. (CORREIA, 2010, p.15) Na exposição, diversas nações tiveram espaços para desenvolver pavilhões com ideais pioneiros que estivessem em alta em seus países, vanguardas como o construtivismo, futurismo, expressionismo, entre outras.

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Figura 3 - Implantação da rodoviária com indicações dos eixos Rio de Janeiro e São Paulo. Desenho: Shiro Jiro Mukai, 1940. Fotografia: Ubirajara Nunes, 2020. Fonte: Arquivo Histórico Municipal “Historiador Isaac Grinberg”.

O art déco permeou diversos campos das artes, como as artes plásticas, o design de objetos, o design gráfico, o cinema, a literatura e a arquitetura.


O movimento nasce na Europa com caráter decorativo, aplicado a artigos de luxo, destinados à burguesia. No entanto, com sua expansão aos Estados Unidos da América, na década de 1930, o estilo passa a ser produzido em massa, por meio da industrialização, facilitada pela simplificação das formas geométricas, característica do movimento. Essa linguagem foi muito marcante nas cidades brasileiras nas décadas de 1930 e 1940, por sua presença no design de objetos e principalmente na arquitetura, em edifícios que atendiam diferentes classes sociais, como cinemas, rodoviárias, prédios institucionais, correios, agências de telefonia, agências de bancos, postos de gasolina, entre outros. (CORREIA, 2010, p. 16)

Figura 4 - Primeira fotografia conhecida da Antiga Rodoviária. (Autor desconhecido, s/d). Fonte: Acervo Particular Glauco Ricciele.

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Figura 5 - Planta original do pavimento térreo com indicação dos ambientes. Desenho: Shiro Jiro Mukai, 1940. Fotografia: Ubirajara Nunes, 2020. Fonte: Arquivo Histórico Municipal “Historiador Isaac Grinberg”.

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No campo da arquitetura, o art déco concilia referências passadas e elementos inovadores. O passado é expresso na composição da volumetria marcada por uso de ornamentos, valorização de regras de simetria e axialidade, ênfase ao acesso principal do edifício e emprego de elementos do estilo clássico, representados por colunas, óculos, pilastras e platibandas. Os elementos inovadores dizem respeito ao uso de formas geométricas simples nas ornamentações, marquises em concreto armado, balcões em balanço e o emprego de caixilhos de metal do tipo basculante com uso de vidros texturizados. O movimento art déco transmuta os elementos clássicos: os ornamentos florais que antes eram bastante orgânicos, passam a ter sua forma simplificada em poucos semicírculos e linhas retas; a cenografia antes concebida pelo uso de vidros e luz natural, agora é criada por meio do uso de luzes neons em sancas e em letreiros.


Entretanto, o uso da ornamentação e de regras clássicas de composição não são meramente acessórios à arquitetura, como em movimentos anteriores, como no art nouveau. Esses artifícios são utilizados como formas funcionais e sempre pautados em uma geometria ortogonal. A simetria foi um artifício bastante utilizado por arquitetos na concepção de edifícios art déco. Essa simetria advém de movimentos anteriores que seguiam esse preceito, desde o Renascimento. Na planta da Figura 5, podese notar a presença de dois eixos de simetria, que coincidem com os eixos de cortes do desenho técnico, corte AB e corte CD. Da mesma forma, essa simetria pode ser observada na volumetria do edifício (figura 6).

Figura 6 – Imagem colorizada da Antiga Estação Rodoviária. Fotografia: Fittipaldi, 1941. Fonte: Acervo Particular de Glauco Ricciele.

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Além da notável simetria, um elemento bastante importante para o edifício é sua marquise de concreto armado em balanço, como é possível observar na figura 6. Nessa imagem, pode-se notar também o uso das esquadrias metálicas em janelas basculantes, recorrente na época e no movimento em questão. Outra característica emblemática são os ornamentos geométricos, evidenciados nas cornijas superiores da platibanda, no pavimento superior, e nas faixas horizontais em relevo, logo abaixo das mãos francesas sob as marquises. Essas linhas que delineiam o edifício, criam um movimento simples e bastante puro.

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Figura 7 - Corte (CD) transversal do edifício original. Desenho: Shiro Jiro Mukai, 1940. Fotografia: Ubirajara Nunes, 2020. Fonte: Arquivo Histórico Municipal “Historiador Isaac Grinberg”.

Na figura 7, pode-se notar as mãos francesas citadas acima, que remetem a um ornamento clássico, o console ou consola, porém, simplificado em traços ortogonais.


Tanto na marquise quanto nas mãos francesas, é notável a característica dos ornamentos sendo utilizados como elementos estruturais do projeto, não simplesmente como acessórios. Outros elementos característicos do art déco presentes na Rodoviária são as paredes curvas. Tanto em planta (figuras 5 e 8), quanto em perspectiva (figura 6), podemos nota-las acompanhadas da marquise, criando um movimento que instiga os olhos curiosos a percorrerem todo o edifício.

Figura 8 - Figura 5 - Planta original do pavimento superior com indicação dos ambientes. Desenho: Shiro Jiro Mukai, 1940. Fotografia: Ubirajara Nunes, 2020. Fonte: Arquivo Histórico Municipal “Historiador Isaac Grinberg”.

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02.03 COMUNICAÇÃO VISUAL ART DÉCO O art déco não se limitava à produção arquitetônica. Uma ampla forma de expressão do estilo foi a tipografia. Essas produções se davam principalmente nas artes comerciais: livros, revistas, cartazes, embalagens, propagandas e letreiros. (D’ELBOUX, 2013, p.90-92).

Com inspiração na geometria derivada das máquinas industriais, as tipografias eram desenvolvidas por artistas gráficos sob encomenda ou para terem matrizes impressas e comercializadas. O resultado geral dessas fontes desenvolvidas industrialmente era de caracteres sem serifa – arremates que indicam produção manual por meio de penas ou pinceis – que fossem facilmente reproduzidas pelas máquinas. Entretanto, não se pode caracterizar genericamente essas produções, pois elas se diferenciavam de acordo com o uso que teriam e, principalmente, pelas influências do artista. Na Antiga Rodoviária, os letreiros originais com fontes típicas art déco resistiram durante as primeiras décadas do edifício, sendo retirados no final do século XX.

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Figura 9 – Letreiro da Antiga Rodoviária com o escrito “Estação Rodoviária” em letras maiúsculas. Fotografia: autor desconhecido, s/d. Fonte: Acervo Particular Glauco Ricciele.


Os principais letreiros que indicavam o uso do prédio (figura 9,10 e 11) possuíam iluminações neons. Os caracteres têm atributos formais em comum, que são eles: construção contínua em caixa-alta; forma com tratamentos curvos, como em “A”, de aspecto quadrado; modelagem sem contrastes nas hastes; eixo nulo e transição inexistente. (D’ELBOUX, 2013, p.233).

Figura 10 – Letreiro da Antiga Rodoviária com o escrito “Empresa Auto Ônibus Mogi das Cruzes” em letras maiúsculas. Fotografia: autor desconhecido, s/d. Fonte: Acervo Particular Glauco Ricciele.

Figura 11 – Antiga Rodoviária no dia 9 de julho de 1961. Pessoas assistiam à inauguração da Rádio Metropolitana no prédio em frente. Detalhe ao letreiro com o escrito “Empresa Auto Ônibus Mogi das Cruzes” em letras maiúsculas e luzes neons. Fotografia: autor desconhecido, 1961. Fonte: Acervo Particular Glauco Ricciele.

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Além dos letreiros que indicavam o uso do edifício, também é possível notar algumas placas que informavam a presença de alguns comércios, como o letreiro do posto de abastecimento da família Calandra (figura 12) e o letreiro do Bazar Rodoviário (figura 13), comércio tradicional local existente até os dias de hoje.

Figura 12 – Letreiro do posto de abastecimento da Antiga Rodoviária. Fotografia: autor desconhecido, s/d. Fonte: Acervo Particular Glauco Ricciele.

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Figura 13 - Letreiro do Bazar Rodoviário da Antiga Rodoviária na lateral esquerda da fotografia. Fotografia: autor desconhecido, s/d. Fonte: Acervo Particular Glauco Ricciele.

Atualmente, o edifício dispõe de diversas placas indicando os comércios locais, cada qual com uma característica tipografia, formato, cor, tamanho e iluminação.


Figura 14 – Placa do comércio Bazar Rodoviário, original da época de construção do edifício. Fotografia: a autora, 2020.

Figura 15 – Placa do comércio Livraria Patão. Fotografia: a autora, 2020.

Figura 16 – Placa do comércio Livraria Tayna’s. Fotografia: a autora, 2020.

Figura 17 – Placa do comércio Vitaminas 5ª Avenida. Fotografia: a autora, 2020.

Figura 18 - Placa do comércio Café Urupema. Fotografia: a autora, 2020.

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02.04 O EDIFÍCIO E O TEMPO: INTERVENÇÕES O edifício da Antiga Rodoviária passou por diversas modificações ao longo dos anos, algumas estruturais e outras, pontuais. A primeira alteração se deu na própria construção do edifício, uma vez que o projeto desenvolvido pelo engenheiro sofreu alterações durante a construção. As alterações que podem ser notadas em planta são a mudança do acesso a escada, a destinação de alguns pontos comerciais para um posto de gasolina, a eliminação dos módulos de banheiros e o dimensionamento dos pontos comerciais (figuras 19, 20, 21 e 22).

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Figura 19 - Planta original do pavimento térreo da Antiga Rodoviária. Fonte: Arquivo Particular de Paola Ornaghi.

Figura 20 - Planta original do pavimento superior da Antiga Rodoviária. Fonte: Arquivo Particular de Paola Ornaghi.


Figura 21 - Planta do projeto construído do pavimento térreo da Antiga Rodoviária. Fonte: Arquivo Particular de Paola Ornaghi.

Figura 22 - Planta do projeto construído do pavimento superior da Antiga Rodoviária. Fonte: Arquivo Particular de Paola Ornaghi.

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O projeto também sofreu alterações em relação a sua estética: as mãos francesas receberam formas curvas que não estavam previstas e a platibanda no pavimento superior recebeu alguns frisos a mais do que o indicado no projeto (figuras 23 e 24).

Figura 23 – Corte do projeto original da Antiga Rodoviária. Fonte: Arquivo Particular de Paola Ornaghi.

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Figura 24 - Corte do projeto construído da Antiga Rodoviária. Fonte: Arquivo Particular de Paola Ornaghi.

Contrariando as expectativas, até mesmo dos proprietários do edifício, a Antiga Rodoviária de Mogi das Cruzes serviu à sua finalidade por 30 anos, de 1941 a 1980, quando foi desativada devido a construção de um novo terminal rodoviário intermunicipal na cidade. Em 1985, o edifício passou por uma adaptação para comportar um centro comercial que já funcionava no local. Essa adaptação manteve os ornamentos, a marquise e a implantação originais. Duas foram as modificações mais marcantes realizadas no edifício nessa primeira adaptação. A primeira foi a criação de um corredor que desse acesso a escada original pela rua (figuras 25, 26 e 27).


Figura 25 - Porta de acesso à nova escada ao pavimento superior. Fonte: a autora, 2020.

Figura 26 - Corredor de acesso à nova escada ao pavimento superior. Fonte: a autora, 2021.

Figura 27 - Escada de acesso ao pavimento superior. Fonte: a autora, 2021.

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A segunda modificação se dá com a construção de paredes de alvenaria para fechamento do posto de gasolina, para incorporação de outro ponto comercial (figuras 28 e 29). Durante as décadas seguintes, outras alterações foram surgindo de maneira espontânea no edifício, de acordo com a necessidade dos proprietários ou até mesmo dos locatários dos pontos comerciais. Comparando as figuras 28 com 29 e 30 com 31, é possível notar algumas janelas que foram suprimidas, fechadas por paredes de alvenaria no pavimento térreo, gerando ambientes mais fechados, com poucas entradas e saídas, atendendo a necessidade e desejo dos comerciantes. Além disso, no pavimento superior, foi adicionado um ambiente em alvnária na fahcada leste (figura 29) e uma cobertura em telha cimentícia na fachada oeste (figura 31).

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Outra alteração constatada foi a pintura dos vidros das janelas com tintas opacas, com intuito de aumentar a privacidade no ambiente comercial (figura 32). No pavimento superior, as modificações buscaram , de alguma forma, criar uma continuidade com o desenho original do edifício, de acordo com a necessidade de expandir o espaço físico. Porém, infelizmente, acabaram por descaracterizar o prédio. No volume adicionado na fachada leste, tentou-se criar uma continuidade com a faixa ornamental (em laranja) que transpõe as janelas do edifício original. Porém a tentativa foi insuficiente, além do novo volume ocultar e perturbar sua forma original e equilibrada (figuras 33).


Figura 28 – À esquerda, a Antiga Rodoviária, vista do cruzamento da Avenida Voluntário Fernando Pinheiro Franco com a Rua Dr. Deodato Wertheimer. Fotografia: Fittipaldi, 1945. Fonte: GRINBERGH, 1986, p. 69.

Figura 30 – Antiga Rodoviária vista da fachada nordeste. Fotografia: autor desconhecido, s/d. Fonte: Acervo Particular Glauco Ricciele.

Figura 29 – Antiga Rodoviária, vista do cruzamento da Avenida Voluntário Fernando Pinheiro Franco com a Rua Dr. Deodato Wertheimer. Fonte: a autora, 2020.

Figura 31 - Antiga Rodoviária vista da fachada nordeste, evidenciando cobertura adicionada a construção original no pavimento superior. Fonte: a autora, 2020.

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Figura 32 – Janela da Antiga Rodoviária pintada em branco opaco. Fonte: a autora, 2020.

Figura 33 - Interface do edifício original com o volume acrescentado posteriormente. Fonte: a autora, 2020.

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Figura 34 – Fachada oeste do solário da Antiga Rodoviária. Fonte: a autora 2020.

Figura 35 – Acesso ao solário da Antiga Rodoviária. Fonte: a autora, 2021.

Na fachada oeste, parecem existir duas modificações de tempos diferentes: a nova circulação para acesso ao solário e a instalação de uma cobertura de amianto (figuras 34 e 35). Todas essas modificações foram registradas em desenhos técnicos para efeito de comparação com as plantas anteriormente apresentadas. Além disso, podemos notar modificações internas, como a construção de uma cozinha em um dos pontos comerciais, a construção de banheiros em ambos os pavimentos, além da subdivisão dos comércios (figuras 36 e 37).


Figura 36 - Planta do projeto atual do pavimento térreo da Antiga Rodoviária. Fonte: Acervo Particular de Paola Ornaghi.

Figura 37 - Planta do projeto atual do pavimento superior da Antiga Rodoviária. Fonte: Acervo Particular de Paola Ornaghi.

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02.05 LEGISLAÇÃO E O PROCESSO DE TOMBAMENTO DO EDIFÍCIO Criou-se um breve roteiro cronológico para o entendimento da proteção do edifício da antiga rodoviária, associado a um histórico das práticas de preservação de bens e patrimônios históricos, culturais e artísticos em Mogi das Cruzes. Em 1967, o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) decreta o tombamento do complexo das Igrejas das Ordens Primeira e Terceira do Carmo, o primeiro bem tombado na cidade.

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Em 7 de maio de 1979, destaca-se o Decreto Estadual nº 701 que dispõe um raio de 300m de preservação ao redor de bens tombados, estabelecido pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo). A partir desse Decreto Estadual, foi deliberada a

Lei Municipal nº 2.683 em 1982, na qual o raio de proteção de 300m no entorno do Complexo do Carmo transformou-se em uma poligonal para melhor delimitação dos edifícios integrantes (figura 38). No período de 2000 a 2006, a cidade passa por uma revisão do antigo Plano Diretor de 1966, por meio da promulgação da Lei Complementar nº 1, de 17 de abril de 2000. O novo Plano Diretor é instituído em 17 de novembro de 2006, por meio da Lei Complementar nº 46. Nele passam a serem aplicadas diretrizes gerais estabelecidas no Artigo 2º, da Lei Federal nº 10.257 (Estatuto da Cidade), de 10 de julho 2001, e no Artigo 156, da Lei Orgânica Municipal. No Capítulo IV, com título “Da Política de Proteção e Preservação do Patrimônio Histórico,


Figura 38 – Em vermelho, raio de proteção de 300m. Ao fundo, em amarelo, azul e cinza, quadras integrantes da poligonal de proteção do Complexo do Carmo. Fonte: CONDEPHAP. Disponível em: http://www.comphap.pmmc.com.br/pages/ protocolo.html. Acesso em: 31 out. 2020.

Figura 39 – Delimitação da ZEIU-1 em amarelo, com destaque para o raio de 300m e a poligonal de proteção do Complexo do Carmo. Fonte: Prefeitura de Mogi das Cruzes, Plano Diretor Vigente.

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Artístico, Cultural, Arquitetônico, Arqueológico, Paisagístico e Natural” são indicados princípios, objetivos e diretrizes para o tema. Como princípios tem-se a proteção, pelo poder municipal em colaboração com a comunidade, de bens materiais ou imateriais, de modo a “promover o resgate e a preservação da memória como meio de transformação social e política e de consolidação de identidade do município”. (Mogi das Cruzes (SP), 2006). Ainda nesta lei e capítulo, tem-se como objetivos a implementação de políticas públicas de preservação dos patrimônios municipais e a criação de mecanismos para tal. Como diretrizes, indica-se criação de políticas públicas que regulem o uso e a ocupação do solo em área de interesse histórico, o estabelecimento de uma rotina de fiscalização pelo COMPHAP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico e Paisagístico) para

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avaliação da potencialidade lesiva de ações sobre os bens de interesse do patrimônio, além da criação de uma Zona Especial de Interesse Urbanístico (ZEIU-1) delimitando a área do centro histórico e tradicional do município (figura 39). Em 2019 ocorreu uma nova revisão do Plano Diretor. Nesse novo Plano Diretor, instituído pela Lei Complementar nº 150, de 26 de dezembro de 2019, além dos instrumentos do Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257) que protegem o patrimônio histórico e cultural, como Transferência do Direito de Construir e Operações Consorciadas, foi incorporado o “Termo de Ajustamento de Conduta Cultural (TACC)”, termo de compromisso aplicado a bens, imóveis, áreas ou espaços protegidos pelo seu valor histórico cultural que tenham sofrido abandono ou intervenções, responsabilizando o infrator pela descaracterização e fixando a obrigação do reparo integral dos danos causados.


Com relação ao edifício da antiga rodoviária, foi iniciado em 2008 o seu processo de tombamento, requerido pelo COMPHAP, recomendando o tombamento integral do edifício. O processo logo foi pausado, pois o proprietário entrou com impugnação.

COMPHAP. Nenhuma outra reforma foi feita no período de 2016 aos dias atuais.

Até hoje, o processo não foi finalizado, entretanto, o imóvel encontra-se protegido pelo Decreto Municipal 13.026, de 20 de dezembro de 2012, no qual se institui a obrigatoriedade de submeter os pedidos de construção, reforma, ampliação ou demolição dos imóveis inseridos na Zona Especial de Interesse Urbanístico – ZEIU1 – à apreciação do COMPHAP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico e Paisagístico de Mogi das Cruzes). Em 2016, as marquises da Antiga Rodoviária passaram por uma reforma estrutural, que teve que ser submetida à aprovação do

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03FUNDAMENTAÇÃO DE REPERTÓRIO

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Neste capítulo, apresentam-se referências projetuais consideradas boas práticas de recuperação patrimonial e que inspiraram as decisões projetuais adotadas na elaboração da proposta para o prédio da Antiga Rodoviária de Mogi das Cruzes e seu entorno, destacando as características mais marcantes de cada uma.


03.01 VILA SANHAUÁ (JOÃO PESSOA - PB) A Vila Sanhauá faz parte do projeto de revitalização do bairro do Varadouro, localizado no Centro Histórico de João Pessoa, na Paraíba. O processo de revitalização da região remonta a 1987, com a criação de um Convênio Brasil/ Espanha, com o intuito de preservar alguns edifícios do centro antigo da cidade. Em 1997, inicia-se o Projeto de Revitalização do Varadouro e do Antigo Porto do Capim, visando a requalificação urbana de trechos do Centro Histórico, por meio da reurbanização de espaços públicos, melhoria das infraestrutura e restauração de monumentos e conjuntos de edifícios abandonados. Em 2002 iniciou-se uma parceria entre a Prefeitura de João Pessoa e Governo Federal, com objetivo de reabilitar uma série de casarões

históricos, prevendo o uso misto. A execução do projeto da vila teve início no ano de 2016 e sua inauguração foi em 2018. A Vila Sanhauá compreende as imediações da Praça Antenor Navarro e do Largo de São Frei Pedro Gonçalves (figura 40). Os casarões ali existentes datam do século XX e tem sua arquitetura variando entre

os estilos eclético, neoclássico e art déco. Há diversas referências que fazem a análise pós ocupação da Vila Sanhauá, que não é o objetivo neste trabalho. Aqui, pretendese entender as ações que foram tomadas na reabilitação dos edifícios.

Figura 40 - Vista área da implantação da Villa Sanhauá. Fonte: Google Earth.

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Na figura 41, observarse as péssimas condições de conservação em que se encontravam os oito edifícios escolhidos para a reabilitação antes do projeto: sem coberturas, janelas ou portas, e tomados por vegetações. Os casarões estavam degradados e em ruínas.

Figura 41 - Casarões da Rua João Suassuna, antes do projeto de reabilitação. Fonte: Jornal Online Catolé News.

O projeto combinou dois usos: comercial no pavimento térreo e habitacional no pavimento superior, comportando 17 unidades habitacionais, 7 comerciais e um prédio institucional. A restauração dos edifícios teve como partido, principalmente, a criação de uma unidade do conjunto. Os casarões já possuíam uma volumetria que os unificava, por meio dos balcões no pavimento superior, dos frontões com desenho geometrizados e lineares, dos gabaritos semelhantes e pelo ritmo imposto pelas aberturas nas testadas.

Figura 42 - Casarões da Rua João Suassuna, depois do projeto de reabilitação. Fonte: Jornal Online MaisPB.

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Com o elementos, a

restauro unidade

desses surgiu


naturalmente. As cores em tons claros e vibrantes, as novas esquadrias e a comunicação visual por meio de placas suspensas promoveram um ambiente bastante alegre e convidativo (figura 42). No projeto das habitações, sob a responsabilidade da Secretária Municipal de Habitação Social (Semhab), criou-se, em cada casarrão, um pátio de iluminação comum aos apartamentos, combinado com a circulação vertical em estrutura metálica. Essas intervenções foram pouco agressivas e tem função de amarrar a estrutura original do edifício (figura 43). Com relação às ruas, as calçadas de ambos os lados da via eram estreitas e estavam degradadas, o que impediam um confortável aos pedestres. A proposta foi a regularização do pavimento da calçada e sua ampliação, adicionando mobiliário urbano, criando espaços de convivência. Figura 43 - Representações gráficas do projeto de uma das habitações da Villa Sanhauá. Fonte: Semhab Secretaria Municipal da Habitação Social.

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Com o retrofit que combinou os usos habitacional e comercial, criou-se um atrativo para o fluxo de pessoas tanto durante o dia, quanto na noite. A rua passou a ser palco de alguns eventos da cidade, como saraus, festas tradicionais, encontros acadêmicos e shows.

Figura 44 – Vila Sanhauá durante evento noturno “No Baiaio na Villa Criativa”. Fonte: Jornal Online G1.

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03.02 REDBULL STATION (SÃO PAULO - SP) Localizado na Praça das Bandeiras, no centro de São Paulo, o edifício datado da década de 1920, antes ocupado pela companhia Light de energia, passou por uma remodelação e restauro entre os anos de 2011 e 2013.

um grande steeldeck coberto e um espaço contemplativo no pavimento superior (figura 45).

O edifício teve sua fachada e cobertura tombadas pelo Conpresp em 2000, na época, ainda funcionando como uma subestação da Light, desativada no ano de 2004. No período de 2004 a 2011, o prédio ficou abandonado, quando foi comprado pela empresa Red Bull Brasil. O projeto de retrofit foi desenvolvido pelo escritório Triptyque e abriga espaços de uso cultural. O projeto foi pensado como uma “evolução do que é o museu”, com salas de exposições, galerias, estúdio de gravação musical, escritórios, atelier coletivo, além de

Figura 45 – Terraço do edifício Red Bull Station. Fonte: Site ArchDaily.

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O retrofit se deu por meio da conservação total das fachadas e algumas poucas intervenções no interior do edifício. Por exemplo, algumas paredes não estruturais tiverem que ser derrubadas para a criação de uma planta livre que garantisse um espaço adequado para as galerias de exposição. Além disso, um volume de concreto armado foi adicionado cuidadosamente no pavimento térreo para comportar um estúdio de gravações musicais (figura 47).

Figura 46 - Fachada do Edifício Redbull Station. Fonte: Site ArchDaily.

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Figura 47 – Volume em concreto armado que comporta o estúdio de música. Fonte: Site Escritório Triptyque.

Além dessa caixa em concreto armado, alguns elementos metálicos foram inseridos no projeto: uma escada metálica engastada na estrutura existente criando uma nova circulação por todo o edifício, um café e uma bilheteria, além do steeldeck e da sua cobertura apoiada em pilares metálicos.


03.03 MUSEU DAMIÃO DE GÓIS (PORTUGAL) O projeto, desenvolvido pelo escritório Spaceworkers, é uma intervenção expositiva sobre a vida e o legado do filósofo Damião de Gois no interior de uma igreja restaurada na cidade de Alenquer, em Portugal. A única orientação foi de que a intervenção deveria ser independente da estrutura existente. Dessa forma, os arquitetos desenvolveram um túnel arqueado monocromático, preto, que percorre o edifício, contando a história do filósofo por meio de textos e imagens (figura 48). Esse túnel é interrompido em diversos pontos, criando uma ligação do edifício com o percurso, conectando os dois “ambientes” por meio das cores, texturas e luzes (figura 49). Figura 48 – Museu Damião de Gois. Fonte: Site Dezeen.

Figura 49 – Quebra do túnel de exposição. Museu Damião de Gois. Fonte: Site Archidaily.

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04PROPOSTA

PROJETUAL 04.01 DIRETRIZES PROJETUAIS

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Os capítulos anteriores forneceram uma base teórica e referencial que fundamentou a proposta de projeto desse trabalho. Exploramos a história recente da cidade de Mogi das Cruzes – que nos mostrou a presença do movimento de pessoas muito intenso por diversos séculos, o edifício da Antiga Rodoviária e suas modificações no tempo, o movimento artístico art déco e suas ramificações, a legislação que incide sobre o edifício no qual se escolheu para propor uma reabilitação, e por fim, a análise de projetos

referenciais. No projeto, optou-se por manter a maior parte dos comércios existentes, respeitando o uso atual, de forma a gerar mínimo impacto social e manter a circulação de pessoas ali existente. Pretendeu-se reelaborar o saguão de espera que existia à época de construção do edifício, como forma de conectar o usuário à história daquele espaço. No pavimento superior optou-se por implantar uma biblioteca ramal, com acervo sobre a história da cidade, equipada com espaços de estudo


e leitura. Além disso, criou-se uma praça suspensa na área descoberta superior, com vegetação disposta em vasos e mobiliário convidativo à permanência. Para isso, retirou-se os volumes e coberturas não originais, com fim de retornar à configuração externa original.

de Traffic Calming. Pretendeu-se, com isso, criar uma continuidade de desenho de vias, conectando o calçadão de pedestres existente com a Praça Firmina Santana, como será representado graficamente a seguir.

Com relação às vias, optouse pelo estreitamento da via de carros na Rua Dona Firmina Santana, rua de acesso lateral ao edifício, priorizando a circulação de pedestres em detrimento da circulação automotiva, com base nos conceitos

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04.02 CONCEITOS E PARTIDOS A cidade de Mogi das Cruzes, desde sua fundação foi marcada pelo movimento, como abordado nos capítulos anteriores. Um dos marcos dessa movimentação é a Antiga Rodoviária. Desta forma, pretendeuse criar um projeto abordando a movimentação/não-movimentação humana. Para discutir essa dicotomia, criou-se uma narrativa com base em um percurso pelo edifício e seu entorno imediato. O percurso inicia-se na rua. A implantação da praça se dá em um ponto de inflexão de vias bastante agitado no centro urbano. O cruzamento de duas vias arteriais da cidade, uma das pontas do calçadão de pedestres e o uso predominantemente comercial colaboram para a criação de uma energia dinâmica. Vivenciando esse espaço, o usuário encontra

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um espaço de parada, um corredor edificado que interliga duas vias. Assim, chegamos ao saguão de espera. Espera que antes era com intuito do movimento, a espera pelo ônibus que seguiria seu trajeto para longe. Agora o saguão é um átrio que recria o passado, com exposições de fotos antigas da cidade, mas sua função não cabe mais no tempo presente. Como uma espera para uma movimentação que não mais existe, um diálogo com um passado por meio do espaço. O saguão se conecta com o pavimento superior por meio de escada e elevador e conecta a Rua Dona Firmina Santana com a Avenida Voluntário Fernando Pinheiro Franco. No grande salão do pavimento superior, tem-se um espaço para o não-movimento. Uma biblioteca ramal que remonta a história de Mogi das Cruzes convida o usuário a

repousar, se desconectar do intenso movimento externo. Um espaço para permanecer, silenciar, repousar e imergir. Em contraponto, tem-se uma praça na área descoberta do pavimento superior. Um espaço que ecoa toda a euforia da rua, seus sons e cores, que emoldura o movimento, possibilitando ao mesmo tempo percepções antagônicas do espaço urbano: o pertencimento e a contemplação.


Na proposta de projeto, pretende-se diversificar o uso do edifício: no pavimento inferior tem-se o uso comercial com acesso pela rua e um saguão central com exposição fotográfica; no pavimento superior tem-se o uso institucional com uma biblioteca e uma praça elevada. Dessa forma, previu-se o seguinte programa de necessidades e fluxo.

TÉRREO

04.03 PROGRAMA DE NECESSIDADES

RUA

COMÉRCIOS

BIBLIOTECA

HALL

AMBIENTES FLUXOS

PRAÇA SUSPENSA

1º PAVIMENTO

SAGUÃO CENTRAL

AMBIENTE

ÁREA (m²)

SAGUÃO CENTRAL

32,80

BANHEIROS

10,00

CIRCULAÇÃO VERTICAL

10,75

LOJA 1

25,75

LOJA 2

37,30

LOJA 3

20,00

LOJA 4

8,75

LOJA 5

50,90

LOJA 6

34,20

LOJA 7

34,20

TOTAL

305,85

HALL

14,50

BIBLIOTECA

107,00

TERRAÇO PRAÇA

190,50

COPA

3,60

DML

1,75

BANHEIRO

3,40

TOTAL

360,50

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04.04 ANÁLISE DO ENTORNO

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Figura 50 - Mapa de Centralidades do Plano Diretor de Mogi das Cruzes. Tem-se a Zona do Centro Histórico Tradicional delimitado pela linha vermelha, composta pelas Centralidades Consolidadas Centro e Estudantes, respectivamente hachuradas em azul e amarelo. Fonte: Prefeitura de Mogi das Cruzes.

Como vimos anteriormente, a Antiga Rodoviária está inserida na Zona Especial de Interesse Urbanístico 1 (ZEIU-1), que delimita a área do Centro Histórico e Tradicional da cidade. Na última revisão do Plano Diretor, em 2019, foram criadas diretrizes para promover a preservação e proteção dessa centralidade, como o estabelecimento de parâmetros urbanísticos específicos para essa área em relação ao padrão de ocupação do solo, a promoção de atividades compatíveis com os edifícios históricos e sua manutenção, a diminuição de impactos físicos e visuais às construções, além da implementação de ações integradas de política urbana e turismo com objetivo de resgatar e manter a memória da história municipal, visando a visibilidade e destaques dos bens tombados presentes no contexto.


A implantação da Praça Firmina Santana se dá em um ponto de inflexão de vias. Dessa forma, temse diversos acessos ao edifício: de automóveis pelas vias arteriais Rua Dr. Deodato Wertheirmer e Avenida Voluntário Fernando Pinheiro Franco, pelo calçadão de pedestres na Rua Dr. Deodato Wertheirmer e pela via local da praça, Rua Dona Firmina Santana. Num raio de menos de 500m, encontram-se dois terminais de transportes importantes na cidade: o terminal central de ônibus e a estação Mogi das Cruzes de trens da CPTM (figura 51).

Figura 51 - Mapa com indicações dos acessos à área de projeto. Fonte: a autora, a partir de imagem obtida no Google Earth.

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A região central do município concentra a maioria dos equipamentos culturais públicos da cidade, como uma biblioteca, museus, teatro municipal, conservatório musical, além de estarem presentes diversas praças e áreas de lazer, acompanhadas de instituições de ensino e equipamentos religiosos (figuras 52 e 53). Figura 52 - Mapa com indicações das áreas verdes e de lazer no contexto da área projetual. Fonte: a autora, a partir de imagem obtida no Google Earth.

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Figura 53 - Mapa com indicações dos equipamentos de educação, religiosos, culturais, e de saúde no contexto da área projetual. Fonte: a autora, a partir de imagem obtida no Google Earth.

A Praça Firmina Santana, que é composta pelo edifício da Antiga Rodoviária e pela Rua Dona Firmina Santana, contendo diversas vagas de veículos. Nas calçadas da rodoviária, têm-se vagas para táxis e no lado oposto da rua, vagas rotativas de 15 minutos para atender às farmácias próximas (figura 54). Assim, notamos que a Praça Firmina Santana não propícia uma democracia do espaço urbano, uma vez que a circulação de automóveis, manifestada na extensa disposição de vagas para veículos, é priorizada, gerando um afastamento de outros usuários como pedestres e ciclistas.


Figura 54 – Mapa com análise do entorno imediato à área projetual. Fonte: a autora, a partir de imagem obtida no Google Earth.

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PROPOSTA PROJETUAL

DESENHO URBANO DO ENTORNO IMEDIATO

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Para o desenho urbano, pretendeu-se criar um equilíbrio entre o carro e o pedestre. Para isso, utilizou-se de ferramentas de traffic calming, pensando em um maior conforto para o pedestre, sem expulsar o carro desse ambiente. Foram selecionadas diversas ferramentas, que combinadas estimulam a diminuição da velocidade de circulação dos automóveis e proporcionam um ambiente mais convidativo ao pedestre, criando um espaço compartilhado e seguro. A primeira tomada de decisão se deu em relação a largura da via de carros, que anteriormente tinha medidas entre 8,00 e 16,00 metros. A via passou a contar com 3,00 metros de largura, limitada a um leito carroçável, assim, facilitando a travessia de pedestres. O

estreitamento da via se deu com o alargamento das calçadas. Outras modificações com relação ao leito carroçável dizem respeito ao revestimento do piso e seu nível com relação a calçada. Optou-se pela colocação de piso intertravado na cor vermelha na via nivelado com a calçada piso intertravado cinza, produzindo um efeito de contraste dos usos por meio das cores e reforçando as medidas redutoras de velocidade. Além disso, foram dispostas 7 vagas rotativas de 15 minutos, de forma a atender as farmácias do entorno. As vagas foram dispostas no alargamento das calçadas e demarcadas com pintura no chão. Para delimitar fisicamente o espaço do carro, foram indicados balizadores metálicos a cada 1,50 metros, criando uma barreira

física que permite a passagem de pedestres e ciclistas mas impossibilita a passagem de carros. Foram priorizadas travessias recuadas em relação às esquinas, com a criação de canteiros arborizados nas calçadas. Além disso, todas as esquinas da praça passaram por uma redução no seu raio de giro, impondo a diminuição da velocidade dos automóveis nas conversões. Nos alargamentos das calçadas, foram dispostos canteiros com arborização e mobiliário e iluminação na escala do pedestre, de forma a criar um espaço de parada seguro e convidativo.

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IMPLANTAÇÃO


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CORTE AA

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15m

CORTE BB

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15m

ELEVAÇÃO FRONTAL

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PROPOSTA PROJETUAL

CONCEPÇÃO DO DESENHO DO ESPAÇO INTERNO

O partido para o espaço interno se deu na projeção da simetria do edifício na organização dos espaços e disposição dos mobiliários No pavimento térreo, tem-se o saguão central, com travessia livre, permitindo o cruzamento de pedestre de um lado ao outro do edifício. Nesse espaço, pretendeu-se criar uma parede de exposição que atraia o olhar do usuário ao tema “Histórias de Mogi das Cruzes”, seguindo o mesmo tema do acervo da biblioteca ramal no pavimento superior. No centro do saguão, se encontra um banco que reproduz o desenho do antigo banco ali existente. Sua materialidade, em metal e madeira, e sua forma simplificada com poucos traços remete às mobílias art déco.

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Ainda no saguão, tem-se acesso a dois banheiros públicos por meio de uma antecâmara equipada com um lavatório comum. Um dos banheiros é acessível, nos conformes da norma de acessibilidade dispostas na ABNT NBR 9050/2020.


O saguão se une ao pavimento superior por meio de uma escada e um elevador. Infelizmente, a escada original do edifício foi retirada durante uma reforma no passado. Assim, foi proposta uma nova escada que estabelece um diálogo estético com o banco central. As normas de bombeiros foram respeitadas na criação da escada, que possui pisada de 28 centímetros, espelho de 17,5 centímetros e largura de 1,20 metros, contendo 23 degraus com um patamar intermediário. Ainda no pavimento térreo, as salas comerciais foram mantidas na conformação atual, com exceção às lojas 6 e 7, que atualmente compõe um único ponto comercial. Essa divisão se deu com objetivo de realocar o comerciante que atualmente ocupa o espaço do saguão de espera. No pavimento superior, temse a biblioteca ramal “Histórias de Mogi das Cruzes” e uma praça suspensa no terraço do edifício. Por abranger dois usos distintos, houve

necessidade de delimitar os fluxos de pessoas. A biblioteca possui somente uma entrada e saída, de forma prevenir furtos do acervo. Assim, a entrada e saída da biblioteca se dá pela lateral do balcão, equipado com um detector magnético. Os acessos da biblioteca ao terraço foram impedidos permanentemente com o fechamento das três portas originais. Por se tratar de uma biblioteca ramal, o acervo de livros, fotos e mapas tem um volume enxuto. Assim, optou-se por dispor quatro estantes centralizadas no espaço, com a capacidade para 3.840 livros, criando um ponto focal no acervo. Em torno do acervo, encontramse as estações de trabalho e leitura. O espaço é equipado com três computadores para consulta ao acervo digital, uma mesa de estudos coletiva com 8 lugares, 5 estações de trabalho individuais e diversos puffs num espaço de leitura.

posto de autoatendimento, para empréstimos e devoluções, além de dois carrinhos para depósito de livros consultados para, posteriormente, serem devolvidos às prateleiras. No hall de acesso a biblioteca, foi disposto um escaninho para que os usuários guardem seus pertences, evitando a entrada de bolsas, pastas, mochilas e alimentos. Ainda no hall, uma das portas originais para acesso ao terraço é mantida aberta, sendo o único acesso à praça. O bloco edificado do primeiro pavimento conta ainda com uma área de acesso restrito a funcionários com entrada pelo terraço. Nesse espaço estão dispostos o banheiro de funcionários, o depósito de materiais de limpeza (DML) e uma pequena copa.

O espaço ainda conta com um

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7 10

1 8

5 3

4

6

2

9

0

3

6

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15m

TÉRREO ambientes

1 saguão central 4 loja 1 7 loja 4 10 loja 6 2 banheiros 5 loja 2 8 loja 5 3 circulação vertical 6 loja 3 9 loja 6

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14 13 12 14

11

0

3

6

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15m

1º PAVIMENTO ambientes

11 hall 13 área técnica 12 biblioteca 14 terraço praça

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PROPOSTA PROJETUAL

A PRAÇA SUSPENSA

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A praça teve como partido a criação de áreas de permanência no espaço e de contemplação do exterior. A permanência com a criação de espaços de conversa, leitura e descanso a partir de mobiliários. A contemplação surge com recortes na linha de vegetação que possibilitam a visualização de partes da rua, dos cruzamentos de pedestres e automóveis e da praça no nível inferior. Por estar suspensa em relação ao nível da rua e ser implantada em um edifício histórico, a praça teve algumas limitações com relação a inserção de espécies vegetais, devido ao elevado peso de floreiras comuns, a impossibilidade

de plantio de espécies arbóreas diretamente no solo e o controle de infiltrações na laje. Além disso, para atender a norma de guarda corpos para edificações (ANBT NBR 14718/2019), que institui altura mínima da proteção e sua instalação, o guarda corpo original teve que passar por uma reformulação. Para isso, o mobiliário desenvolvido atende a três necessidades: assento, proteção e implantação do paisagismo.

com a instalação de guarda corpos de vidro sobre a mureta existente de 50 centímetros de altura, abrindo o campo de visão do usuário para a paisagem do entorno. Além dos mobiliários dispostos no limite do terraço, foram desenhados outros dois tipos de bancos equipados com floreiras, desprendidos das bordas e dispostos de forma mais fluida no espaço.

Esse mobiliário foi indicado em toda a margem do terraço, em partes equipado com o assento. As áreas de contemplação surgem a partir de recortes nesse volume e

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1

2

4 3

PERSPECTIVA MOBILIÁRIO 1 guarda corpo em vidro 3 assento em concreto 2 floreira/ encosto em madeira 4 vegetações de forração

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0

0,3

0,6

0,9 1,2 1,5m

CORTE ESQUEMÁTICO MOBILIÁRIO


4

2

1

3

0

0,3

0,6

0,9

1,2 1,5m

PLANTA BANCO REDONDO

5

PERSPECTIVA MOBILIÁRIO 1 guarda corpo em vidro 3 assento em concreto 2 floreira/ encosto em madeira 4 vegetações de forração

5 banco redondo

0

0,3

0,6

0,9

1,2 1,5m

CORTE ESQUEMÁTICO BANCO REDONDO

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PROPOSTA PROJETUAL

COMUNICAÇÃO VISUAL Pensando na unidade visual do edifício, foi desenvolvida um padrão de comunicação visual com intuito de gerar menor impacto às fachadas, unificando as placas dos lojistas por meio da predefinição da forma, tamanho, cor, materialidade e posicionamento da placa no edifício. Optou-se por uma placa suspensa projetada da parede, com dimensões de 60x50cm.

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Além disso, foi elaborado um letreiro com o escrito “PRAÇA FIRMINA SANATANA” disposto na marquise de frente para a Avenida Voluntário Fernando Pinheiro Franco, remetendo ao antigo letreiro da época na qual o edíficio comportava a rodoviária municipal.


Nº LOJA

NOME LOJA

LOGO

CONTATOS

0

0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 PLACA SUSPENSA

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0

3

6

9

12

15m

LETREIRO “PRAÇA FIRMINA SANTANA”

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05CONCLUSÃO

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O projeto exposto nesse trabalho final de graduação tem como propósito a reabilitação do edifício da Antiga Rodoviária de Mogi das Cruzes. Buscou-se desvelar, ressaltando o edifício sob as camadas do tempo, um patrimônio histórico, cultural e arquitetônico do cotidiano da população que estava negligenciado em meio a paisagem urbana da centralidade da cidade. Com isso, desvenda-se os olhos dos observadores e usuários com relação a herança histórica municipal.

O projeto não é o único possível ou necessário para a criação de uma consciência coletiva e educação sobre a importância da preservação de bens históricos. É necessários esforços conjuntos do poder público e da comunidade para a reconstrução da paisagem cultural da cidade. O papel do arquiteto urbanista em meio a esses esforços é de propor projetos que não agridam os bens culturais, agindo criticamente sobre o presente, reforçando o coletivo e a nossa história.

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