Maria Miguel Correia

Sou uma jovem licenciada em Arte e Design, eu e a minha sombra. Ela tem um nariz redondinho e vermelho; ri-se quando tropeço; deixa-me embaraçada quando petrifica inerte ao meu errado movimento. Nem me deixa disfarçar. Também não gosto de disfarces, acho que têm más caras. Por outro lado, gosto das sombras das mãos, porque sempre que toco uma coisa sinto-a duas vezes. Por fora e por dentro, mão e sombra, respectivamente. As mãos são boas porque têm dez pontas soltas. Como são soltas ganham asas e voam mas também ganham orelhas e focinho e ficam alerta. Mas para ficarem alerta tem de fazer-se luz porque sem luz não há sombra, não há asas e não há focinho.