Memória Paulistana: que histórias as cidades não contam? Corpos e culturas invisibilizadas

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Memรณria Paulistana trabalho desenvolvido na Secretaria Municipal de Cultura


Cortejo da Memรณria Paulistana Agosto de 2019

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Que histĂłrias as cidades nĂŁo contam? Corpos e culturas invisibilizados

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T erritórios Negros e

Matrizes Africanas Povos Originários Memória e Resistência LGBT

Memória Imigrantes Transformações e Ocupações Urbanas Violências de Estado 5


Memória Paulistana O Projeto Memória Paulistana foi criado em 2019, inspirado em outros programas semelhantes ao redor do mundo, e consiste na identificação de narrativas que constituem referências culturais de São Paulo, visando a salvaguarda da diversidade existente na cidade e de seu patrimônio cultural. A investigação dessas narrativas, com posterior localização e emplacamento, parte da construção do diálogo com a sociedade por meio de levantamentos participativos, e leva em consideração o diagnóstico da existência de referências culturais relevantes para os diversos grupos sociais, mas por vezes de difícil leitura devido às mudanças ocorridas no tecido urbano e a multiplicidade e simultaneidade dos sentidos construídos sobre a cidade ao longo do tempo. Assim, o projeto busca rememorar narrativas retomando contextos já modificados e debater as dissonâncias na sociedade a partir de seus “patrimônios difíceis”.

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Placa Memรณria Paulistana Casa do Povo 2019

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No Geosampa, na camada Patrimônio Cultural Inventário Memória Paulistana, é possível acessar as Placas de Memória já instaladas na cidade de São Paulo.

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A xé I l ê O bá

S a ra c ura

Guara n i M bya

Fe r ro’s B ar

Ta râ ntula

Ed . Sã o Vito

Zon a Con f i n ada 11


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Axé Ilê Obá A história do Axé Ilê O bá teve início em 1950, fundado pelo Pai Caio de Xangô com a perspectiva de transmitir às gerações futuras os ensinamentos da tradição, e cultura dos Orixás. Na época, atuava como Terreiro de Umbanda, localizado no Brás, se mudou para o bairro do Jabaquara somente em 1972, onde está até hoje, como Terreiro de Candomblé. Sua atuação foi além do espaço do terreiro, dedicandose às atividades sociais, culturais e beneficentes junto à comunidade. Pai Xangô faleceu em 1985, Mãe Sylvia de Oxalá assume em 1986, com a iniciativa de buscar o reconhecimento do Condephaat para tombar o terreiro como patrimônio cultural. Seu esforço teve o apoio da comunidade local, de personalidades acadêmicas e políticas. Em 1990, o Axé Ilê O bá foi o primeiro terreiro de candomblé reconhecido no Estado de São Paulo. A gestão de Mãe Sylvia manteve o engajamento na preservação das raízes africanas, na luta pela defesa do Candomblé e da cultura do movimento negro, um legado de luta e resistência da cultura afrobrasileira. 13


Quilombo do Saracura O Bexiga, inicialmente povoado pela população negra, Nessa região, em meados século XIX, foi fundado um quilombo rural, o Saracura, às margens do rio Saracura - onde hoje é a Av. 9 de Julho -, para onde os escravos fugitivos se dirigiam a fim de obter refúgio. no mesmo local em que, atualmente, funciona a escola de samba Vai-Vai, que constitui uma herança da ocupação negra. Até os anos 60 o local era conhecido como o “pequeno

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quadrilátero

negro”

e

“pequena

África”.


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Guarani Mbya A construção da Av. dos Bandeirantes, em 1978, cortou o território ocupado pela tribo indígena Guarani Mbya, que desde então, luta pela demarcação de suas terras. Viveu nesta região Jandira Kerexu (19342012), a primeira cacique mulher no Brasil, e quem conduziu nessa época o primeiro reconhecimento e

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regularização

da

Terra

Indígena

no

Jaraguá.


Ferro’s Bar 1983 Rua Martinho Prado

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Ponto de encontro de mulheres entre as décadas de 1960 e 1990, foi palco do levante do GALF Grupo Ação Lésbica Feminista,

em 1983,

pelo direito de

continuar a vender sua publicação Chana com Chana, dedicado à conscientização e expressão da população LGBT+. Reagindo à censura lesbofóbica, articulou-se o levante do dia 19 de agosto, atualmente conhecido como o Dia Nacional do Orgulho Lésbico no Brasil.

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Operação Tarântula A Operação Policial Tarântula, desenvolvida em 1987 em São Paulo na região do Largo do Arouche, empreendeu uma perseguição às travestis e transexuais, e evidenciou como a violência direcionados à corpos específicos, podem ser legitimados pelo Estado com a implementação de políticas genocidas. A Operação surgiu a partir da construção ideológica de um inimigo a ser combatido, consolidando

fascismos

cotidianos

enraizados

em

diferentes regimes de organização do Estado, marcados por um projeto de acirramento da violência direcionada a corpos trans. Embora extinta no mesmo ano da criação, a Operação, que chegou a prender mais de 300 travestis e transsexuais, incentivou também uma série de ataques e assassinatos à essa população nos anos 1990, fato que segue produzindo efeitos depois de mais de três décadas, tendo em vista a situação de extrema vulnerabilidade desses corpos atualmente no Brasil, um dos países que mais assassina LGBTs no mundo .

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Edifício São Vito O antigo edifício São Vito, localizado na Avenida do Estado, começou a ser construído em 1954 e foi inaugurado em 1959, como parte de um ciclo de projetos privados de habitação econômica desenvolvido em São Paulo. Durante anos a má administração, a falta de manutenção e o abandono por parte do poder público levou o prédio a um processo intenso de deterioração. A imprensa, nesse sentido, teve um duplo papel, tanto na estigmatização do imóvel como o de influenciar na definição das políticas públicas que incidiram sobre ele. Em 2002 3500 moradores foram removidos, mas somente em 2010,após anos de impasse, determinou-se sua demolição. O terreno foi utilizado por um longo período como estacionamento, apesar dos diversos projetos discutidos para a área. Em 2015 o terreno foi concedido para o SESC para a construção de uma nova unidade, como parte de um plano de “revitalização” do Parque Dom Pedro II.

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Zona de Confinamento A zona de confinamento de prostituição, implementado por Adhemar de Barros durante os anos 1940 a 1953, no Bom Retiro em São Paulo, foi criada a partir de uma política pública baseada na segregação de corpos específicos, pois o confinamento atingiu mulheres pobres imigrantes e extremamente estigmatizadas pela sociedade, além de ter sido considerado um ato antissemita, pois contribuiu para um duplo controle das autoridades, tanto da prostituição quanto dos imigrantes judeus residentes no bairro. A escolha do bairro se deu com o objetivo de “limpar” o centro - em um momento em que a prostituição havia se espalhado pela área central da cidade - e de distanciar a prostituição nas proximidades de praças e ruas de grande trânsito, em uma clara negação da sexualidade na vida pública. A delimitação de um território para confinamento destas mulheres e as sanções para aquelas que circulassem fora do perímetro estabelecido, implementou um dispositivo repressivo que permitia controlar,

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vigiar e punir.


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