Revista Visão - Análise de Títulos

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Mariana Branco  nº8856  Comunicação Social

Uma VISÃO de títulos


Arte e Técnica Titular

Análise de títulos Revista Visão (1993-2010)


Introdução No âmbito da unidade curricular de Arte e Técnica de Titular, interessei-me por explorar os vários títulos da revista Visão, publicada semanalmente pelo grupo Edimpresa , iniciada a

25 de Março de 1993. Uma revista de informação geral que pretende dar cobertura

aos

mais

importantes

e

significativos

acontecimentos nacionais e internacionais, em todos os domínios de interesse.


O título de imprensa ocupa uma posição fixa e desempenha uma função temática específica ao exprimir, geralmente, o tópico textual de maior proeminência no texto noticioso. Só alguns séculos depois do aparecimento dos primeiros jornais, os títulos começaram a ser considerados importantes a uma imprensa graficamente entediante. O facto de se publicarem poucos jornais, destinado a um número reduzido de leitores (a maioria deles eram assinantes), não obrigava à existência de títulos apelativos que incentivassem à leitura. O início da laboração das fábricas de títulos deveu-se a uma série de factores, entre eles, o aparecimento de jornais de grande difusão (quebra do peso das assinaturas e a venda através dos ardinas e nas bancas), a concorrência entre os jornais e a conquista do mercado publicitário. Rapidamente ganharam um estatuto bem específico na imprensa, levando à elaboração de regras para a sua construção, presença obrigatória nos manuais de jornalismo avulsos e nos manuais de redacção. Cada vez mais, o título funciona como um estímulo à leitura do resto da notícia, daí a grande importância da sua redacção. O título de um artigo é também o seu rosto. Deve ser uma síntese precisa da informação mais importante do texto.


Na sua produção, os elementos considerados fundamentais para alguns autores e manuais dizem respeito ao ser carácter informativo, de fácil legibilidade, clareza e concisão (se possível, extraído do lead, curto e, de preferência, incluindo um verbo). O título abre o texto, constitui o seu ponto de partida natural , que desenvolve uma relação paradigmática com o texto. Pode depender do co-texto

na sua estrutura temática mas é também autónomo na actualização sintáctica dessa mesma estrutura. Os títulos mudam de configuração em função das novas tendências. Maiores,

mas porventura com menos palavras, revela maior confiança na identificação da singularidade da notícia nos conhecimentos contextuais do leitor, o que supõe um convite ao reforço da sua condição de intérprete informativo. Em contrapartida, os jornalistas têm-se visto obrigado a um redobrado esforço de criatividade semântica.


Os deícticos são um recurso bastante utilizado na concisão dos títulos. A sua utilização remete para a figura em questão na fotografia, apelando assim á “inteligência” do leitor

como

também, á sua capacidade de identificar a figura em causa. Cria-

se assim um título mais curto e também mais apelativo. Desperta assim, ao leitor, curiosidade e interesse em ler a notícia.


30 Junho a 6 Julho - 1994

18 a 24 Janeiro - 1996

“Perdoem- me!”

“O que vou fazer em Belém”

Ferreira do Amaral (me - pronome pessoal)

Jorge Sampaio (“eu” subentendido – pronome pessoal)


30 Dezembro 1997 a 7 Janeiro 1998

“Rei que saiu da linha” Juan Carlos

25 Fevereiro a 3 Março - 1999

“A vez dela” remete para a imagem de Hillary Clinton. Este título é autónomo pois há uma identificação/reconhecimento ,por parte do leitor , da figura retratada. (dela - pronome possessivo)


23 a 29 Setembro - 1999

Na altura em que a revista foi publicada, o assunto (massacre no cemitério de Sta. Cruz) foi muito divulgado, permitindo a utilização desta técnica. O leitor, informado e a par do acontecimento, saberá o conteúdo inerente à imagem.

21 a 27 Dezembro - 2000

“Homem do ano” – Luís Figo


10 a 16 Janeiro - 2002

21 a 27 Fevereiro - 2002

“O que vão eles fazer”

“Como vou governar”

Rui Rio e Pedro Santana Lopes

José Durão Barroso

(eles = pronome pessoal)

(“eu” subentendido – pronome pessoal)


14 a 20 Março - 2002

27 Setembro a 4 Outubro - 2001

“Os Governos que eles têm no bolso” O medo global de Osama Bin Laden José Durão Barroso e Eduardo Ferro Rodrigues (eles – pronome pessoal)


27 Setembro a 4 Outubro – 2001

“O que mudou na vida deles”

(deles = Pronome possessivo) Envolvidos no caso da pedofilia (Casa Pia)

Neste caso, temos as respectivas fotografias dos 27 envolvidos no caso. Contudo, muitos ,não reconhecemos pela

foto

por

divulgados comunicação.

não

pelos Por

serem

tão

meios esse

de

motivo,

optaram por também colocar os nomes de cada um dos envolvidos.



→ Quando se recorre a interrogações nos títulos, exprime-se uma hipótese que se procura transformar em verdade de facto, por meio de um apelo à experiência dos outros ; → A interrogação pode ser real, implicando uma resposta que se espera do interlocutor ou oratória, destinada a chamar a atenção para uma pergunta/problema já resolvido por aquele a quem se põe, ou até uma pergunta sem resposta.: → O recurso à interrogação oratória não só desperta o interesse do leitor como o obriga a antecipar a resposta (pré-percepção) . Assim, torna-se benéfico do ponto de vista da atenção e memorabilidade quando a solução proposta é diferente da solução pré-percebida; → O ponto de interrogação pode funcionar como o sinal gráfico mais apelativo num título de jornal ; → Algumas vezes é aplicado revelando cautela por parte do jornalista e/ou editores quanto ao assunto em causa . Noutros casos tem valor retórico e torna-se instrumento indispensável para os jogos de atracção dos títulos apelativos ou incitativos; → O ponto de interrogação pode também não rematar a frase titular, surgindo antes a meio, como um elemento potenciador de ritmo/musicalidade do título.


4 a 10 Novembro - 1996

12 a 18 Fevereiro – 1998


19 a 25 Dezembro - 1996

21 a 27 Marรงo - 1996


4 a 10 Novembro - 1999

25 a 31 Janeiro - 2001


3 a 9 Maio – 2001

Nesta capa da Visão, a postura de António Guterres está estritamente ligada ao título interrogativo. O exprimeiro expressão

ministro, corporal

mostra ,

uma

parecendo

interrogar-se sobre o que fazer para renovar o partido .


1 a 6 Fevereiro - 2002

17 a 23 Setembro - 2008


1 a 7 Outubro - 2008

9 a 16 Junho - 2009


24 a 30 Junho - 2009

2010


Esta publicação, do Diário de Notícias (4 De Novembro 1992), foi uma capa que ficou para a história do jornal. O jornalista que, em vez de optar pelo ponto de interrogação, decidiu-se por uma solução mais criativa, no desfecho das eleições americanas


13 a 19 Dezembro – 2001

No universo titular, o ponto final é raramente aplicado. Neste caso, publicado pela revista Visão, o jornalista utiliza a imagem do Zé Povinho. O ponto final serve para que seja constatada a sua (povo) vontade.


→ O uso das reticências pode ter uma função denotativa, quando apenas servem para marcar a interrupção de uma frase, ou até, sinalizar uma determinada entoação; → Podem colaborar no jogo do sentido quando exprimem hesitação, surpresa, imitação, ironia; quando assinalam a presença de um segundo sentido ou quando solicitam a colaboração do leitor na reconstituição da frase que se deixa propositadamente a meio; → Por vezes acompanham outros sinais de pontuação, como pontos de interrogação ou exclamação; → A sua utilização pode funcionar como comentário , menos vigoroso que o ponto de exclamação, amortecendo o vigor do título, podendo transmitir-lhe um tom mais irónico; → Pode também constituir-se como marca de temporalidade, em processos de duração indefinida; → Utilizadas em título, por vezes, para deixarem no ar o subentendível, pedindo colaboração ao leitor para que complete a frase, já tão vulgarizada no léxico popular (provérbios, expressões populares)- apelo á memória do leitor. Ao obrigálo a tomar parte activa na finalização do título, pretende-se que o leitor fique preso ao título e, consequentemente, ao texto podendo criar cumplicidade (entre jornalista e leitor) enquanto parceiros na construção de algo.


→ A utilização de reticências no final de um título não são apenas para provérbios ou expressões de uso comum. Alguns jornalistas optam por introduzi-las para o fecho do título em jogos de intertitularidade (títulos/frases de canções, hinos …) ; - Títulos inspirados em filmes ou séries de televisão (respeitando o seu formato inicial ou adulterando-o) ; - Títulos em que se adivinha o poema; - Títulos extraídos de slogans publicitários; → Menos usual a aplicação de reticências no início de um título; → A sua aplicação a meio de um título pode servir como pausa (ganhar fôlego), como embraiador para uma inflexão no sentido inicial da frase titular. Podem, noutros casos, ajudar à musicalidade e ritmo que se pretendeu atribuir ao próprio texto. O jornalista pode querer criar suspense a meio, despertando o leitor para a leitura da parte final do título; → Há reticências que abrem portas à esperança outras , marcam o compasso da leitura; → Podemos ainda encontrar ligação via reticências entre o título e o subtítulo; → A sua prática subverte, por completo, a utilização tradicional dos títulos de imprensa.


10 a 16 Abril - 1997

As reticências são utilizadas em função da enumeração .

10 a 16 Julho - 1997

Provérbio: A brincar, a brincar… se dizem as verdades!


6 a 12 Março - 2008

2010

Apesar da afirmação as reticências levam-nos a pensar numa segunda interpretação desta mesma afirmação

Utilização das reticências para transmitirem uma certa nostalgia


→ Quando se recorre a títulos exclamativos, há uma menos carga informativa e um maior apelo à emotividade; → Este recurso costuma caracterizar a imprensa popular ou sensacionalista (ocorrendo excepções); → Por vezes, a sua utilização ajuda à economia dos constituintes da frase, conseguindo a redução máxima, utilizando apenas uma palavra. Noutros casos, a economia fica-se pelas duas palavras podendo ser considerado positivo na busca incansável da concisão dos títulos; → O recurso a frases imperativas ou exclamativas pode advir do destaque de uma afirmação proferida pelo(s) protagonista(s) da notícia ou pelo jornalista que, ficciona, em função do conteúdo da notícia, uma exclamação ou ordem que seria normalmente dada por um dos intervenientes do artigo; → A característica de síntese faz parte da natureza das frases exclamativas, nas quais se torna possível omitir frequentemente um/vários constituinte(s) essenciais da frase; → Quando se pretende dar a alguns títulos um tom apelativo e emotivo, há que destacar com facilidade sentimentos fortes (indignação, surpresa, entusiasmo) sob a forma imperativa ou exclamativa;


→ Em alguns casos, aplica-se mais que um só ponto de exclamação quando se desconfia da capacidade do leitor ceder à emotividade trazida pelo título; → A imprensa desportista, nomeadamente no futebol, contagia os tituladores na escrita dos artigos devido à carga emocional que transmite aos adeptos ;


31 Outubro a 6 Novembro - 1996

12 a 22 Abril - 1998

A sua utilização remete para o acentuar do perigo (a exclamação serve para reforçar a palavra utilizada).

Reforça a ideia dada pela palavra principal (impotência).


→ “Os parêntesis usam-se para intercalar num texto a expressão de uma ideia acessória; permitem isolar, numa frase , uma expressão dispensável ao sentido geral; como podem ainda ser utilizados para criar uma espécie de aparte, estabelecendo mais cumplicidade com o leitor.” – Manuel Dinis Alves → São utilizados para dotarem, com um segundo sentido, o título do artigo. Assim, este foge à linearidade que se pretende num título informativo; → Servem não só para enriquecer o título como para alertar o leitor de que o que vai ler se encaminha para mais que uma direcção, ou seja, pode comportar mais que um significado; → Em alguns casos, servem apenas para encaixar um ponto de interrogação revelando desconfiança por parte do jornalista na expressão utilizada no texto; noutros, pode servir para alterar o sentido da palavra que o procede ou que se lhe segue (podendo resultar num significado totalmente oposto); → A sua utilização pode funcionar bem , enquanto instrumento de síntese ao serviço da economia do título e da potenciação dos seus significados, da bipartição entre o explícito e implícito; em outros casos, a sua utilização é desastrosa; → São como um elemento que despoleta ambiguidade ao potenciar mais do que um sentido;



26 Junho a 2 Julho - 1997

Parêntesis: Utilizados para reforçar a ideia que, na actualidade (1997), lésbicas e gays continuam a lutar pela igualdade .

2010

Parêntesis: Tem como objectivo salientar a ideia de como viver SAUDAVELMENTE para atingir os 100 anos. Sem saúde, será impossível ultrapassar as barreiras da longevidade.


2010

Parêntesis: A sua utilização, neste caso, serve de sátira ao facto de nada ser de graça, até mesmo quando nos oferecem uma férias há sempre algo que, bem ou mal explicado, temos de pagar.

2010



16 a 22 Outubro - 1997

11 a 17 Julho - 2001

Uma vez que se refere à Internet, utilizam o arroba (@).

Técnica bastante utilizada. Antes ,utilizada com o escudo ($) e agora, com o euro (€).



24 a 30 Janeiro - 2002

30 Janeiro a 5 Fevereiro - 2003

O uso da metáfora (Homem Sombra) para qualificar alguém.

As aspas são utilizadas para realçar o uso do estrangeirismo.



13 a 19 Março – 2003

Neste caso, o uso do asterisco traz uma nova interrogação (envolvendo português-calão). Esta técnica do asterisco é bastante invulgar, podendo despertar interesse ao leitor para ler o texto correspondente. Este, que desconhece esta forma de titular, pode sentir-se atraído pela originalidade da titulação.

* E o Sampaio que se lixe?


2010 O uso do asterisco nesta publicação deve-se ao facto do jornalista querer informar mais pormenorizadamente o leitor do conteúdo explícito no título (empregos respondendo

que à

ninguém questão

quer) –

que

empregos?). Uma vez que o título deverá ser conciso e curto , o jornalista optou por esta técnica aplicando uma informação

extra/adicional

para

elucidar o leitor do ponto de vista que

 Empregados de escritório, seguranças, vendedores, padeiros, construção civil, professores e mais …

irá

ser

tratado

no

texto

correspondente. Esta técnica pode também atrair o interesse do leitor pela sua invulgaridade.



17 a 23 Maio – 2001 Este título fornece ao leitor um pormenor que estimula a sua atenção . Permite uma leitura autónoma de qualquer um dos títulos. O superlead funciona, por vezes, como compensador das falhas informativas do título (principalmente se este for incitativo). É possível ler um dos títulos (o mais sintético): Cavaco arrasa Governo; e outro título (mais pormenorizado): Cavaco quebra o silêncio e arrasa a política social e económica do Governo.


Diário de Notícias 13 Janeiro – 1934 Como no caso anterior (mais recente - 2001), o superlead funciona como chave de leitura, ou seja, esclarece , completa e enquadra no espaço, tempo, acontecimento ou situação, a mensagem do título. Pode também expor as razões que justificam a realização desta arte de titular como também, sumariar os pontos mais significativos/curiosos da história . Neste exemplo , podemos extrair um título (menos extenso): A tentativa de greve revolucionária falhou por completo em todo o país; e outro (mais pormenorizado): A tentativa de greve revolucionária que o Sr. Ministro do Interior justamente considera um movimento sem finalidade definida e destinado apenas a criar um ambiente terrorista falhou por completo em todo o país.


Sigla (sigilo, segredo)

→ Podem ser utilizadas siglas em títulos devido ao limitado espaço na imprensa; → A sigla obriga a um esforço de descodificação do seu significado confrontando-se com o princípio da legibilidade imediata do título; → Se o leitor desconhecer o significado da(s) sigla(s) pode levá-lo a desinteressar-se pela leitura do artigo correspondente ou até sentir-se incomodado por não ser capaz de o decifrar; → Por outro lado o leitor pode sentir curiosidade, para ficar conhecedor do significado da(s) sigla(s) misteriosa; → O significado da(s) sigla(s) deverá ser encontrado no primeiro parágrafo do correspondente artigo, principalmente quando são menos comuns; → Quando o leitor desconhece a sigla, põe-se em causa uma das regras básicas dos títulos, a clareza; → Só devem ser utilizadas sem qualquer explicação quando entram/ entraram no léxico corrente; → No caso de siglas menos conhecidas, estas devem ser desdobradas , por extenso, em português pelo menos uma vez ou podem ser simplesmente explicadas; → A sua utilização em cadernos específicos, permite ao leitor que os consome, decifrá-los de imediato e dominar, na perfeição, o seu significado.



30 Janeiro e 5 Fevereiro – 2003

Neste caso da revista Visão, a utilização da sigla IKEA não causou grande ruído uma vez de se tratar de uma sigla já frequentemente utilizada nos nosso dias. Trata-se de um exemplo de siglas que podemos até não saber o significado de letra a letra (por se tratar de um nome próprio difícil de assimilar) mas sabemos a que conteúdo se refere (mobiliário e decoração). Ikea = Ingvar Kamprad Elmtaryd Agunnaryd


“O título diz muito da notícia que anuncia, e muitíssimo de quem a anuncia” ( Miguel Ángel Vázquez)

→ A utilização de estrangeirismos pode suscitar variadas emoções por parte dos leitores. Quando a palavra é estranha à nossa língua pode despoletar curiosidade ao leitor. Presume-se que o leitor que nunca ouvira tal expressão na sua vida demonstre curiosidade na palavra estranha. Essa poderá ser a intenção do jornalista, a de não saciar de imediato a curiosidade do leitor , despoletando a sua apetência para decifrar a expressão que não conhece. → O recurso a estrangeirismos pode derivar de uma “necessidade óbvia e incontestável, radicada nas insuficiências da língua-mãe; pode ser apenas reflexo das insuficiências de quem redige, como pode ainda revelar de um snobismo dos que escrevem” – autor Dinis Manuel Alves; → Muitos jornalistas utilizam estrangeirismos em títulos por considerarem que estas podem trazer ao emissor um maior prestigio social.


16 a 22 Novembro - 2000

20 a 26 Marรงo - 2003



Nº 338

Nº 341

9 a 15 Setembro - 1999

23 a 29 Setembro - 1999

A publicação nº341 foi concebida com um título autónomo uma vez que os leitores sabem o contexto por se tratar de um assunto da actualidade (Setembro 1999) retratando-o com uma imagem alusiva ao mártir em Timor. Esta capa vem também na sequência da nº338, que fazia referência à fase inicial do acontecimento retratado. Os títulos que vão beber a outros títulos servem como reactivadores da memória, de coisas vistas, sentidas, vividas.



Na mesma revista/jornal há, por vezes, repetição de títulos. Esta ocorrência pode derivar da falta de inspiração do jornalista ou do responsável pela fabricação dos títulos como também por culpa da redacção que, deveria recorrer a métodos que permitissem recordar , quando um título é utilizado pela segunda vez, que já fora publicado. A informação nova em chave característica da notícia, tem a virtude de inverter as operações cognitivas naturais do cérebro humano. “A leitura de títulos é um processo de adivinhação estratégica, através do qual o receptor acede a uma síntese críptica dos factos ou temas da notícia, recupera informação previamente conhecida, incorpora as suas suposições e conjecturas, comprova o seu conhecimento do assunto episódico e a adequação macrosemântica, e com isso decide se lerá ou não o corpo da notícia.” (Van Dijk) O procedimento habitual da leitura é feita por uma “olhadela” aos títulos e ao aspecto parcial do corpo da notícia. Só posteriormente, dependendo do resultado desta apreciação, o leitor decide ou não ler o artigo na integra. Por este motivo, os títulos tomam um papel extremamente importante, o de aliciar o público. Os títulos facilitam aos leitores o trabalho de extrair a essência dos factos para conhecerem o mundo fazendo eleição do que consideram ser mais importantes, sem saturar a sua capacidade de armazenar informação .


7 a 13 Outubro - 2004

18 a 24 Março - 2010

Neste caso, as duas publicações utilizam o mesmo título para tratar do mesmo tema/conteúdo ( os segredos da longevidade) para uma vida com qualidade .


8 a 14 Maio - 2003

7 a 13 Maio - 2009

Ambas as publicações utilizam a questão “Há razões para ter medo?” referindo-se a pandemias . Enquanto a primeira (2003) se refere á Pneumonia atípica, a segunda (2009) refere-se á Gripe A.


10 a 18 Outubro - 1996

20 a 26 Março - 1997

Ambas utilizam a mesma questão “ Como punir os criminosos?”, tratando-se do mesmo conteúdo. Enquanto a primeira (1996) aborda histórias dramáticas , opiniões dos especialista e entrevistas com o ministro da justiça, a segunda (1997) aborda outro ponto de vista : se a liberdade provisória ajuda na resolução de problemas da criminalidade ou contribui para o agravar.



“ A aposta de um grafismo mais apelativo marcou as últimas décadas da história da imprensa. Mais espaço para a fotografia, para a infografia; mais atenção à página enquanto unidade que se quer atraente, de leitura mais fácil. Atribuiu-se valor estético às superfícies brancas, permitindo que as páginas – que antes asfixiavam de tanto texto – passassem a respirar. Os títulos passaram a ser concebidos não apenas como faróis informativos, mas também como unidades iconicamente diferenciadas, instrumento valorativo da páginas apetecíveis para a leitura. A revolução gráfica chegou primeiro aos magazines e aos jornais tablóides, demorou a penetrar na imprensa de referência, que veio paulatinamente a render-se às virtualidades do desenho gráfico.” – Dinis Manuel Alves. Nos anos sessenta , a imprensa escrita diária confirmou a sua entrada em crise. O grafismo era, muitas vezes, deselegante, as fotografias pouco nítidas, a escolha dos tema obedecia a uma hierarquização que datava – na melhor das hipóteses – da Segunda Guerra Mundial, o conteúdo não era fresco. Resumidamente, os diários tornaram-se “produtos” pouco aliciantes pois eram demasiado cinzentos e mostravam-se desfasados em relação às novas sensibilidades dos leitores.


Nesta altura, os magazines entravam numa nova etapa da história. Tomavam consciência da dimensão estética do grafismo, dos títulos, da ilustração e até dos brancos. Estavam conscientes também do factor sedução na relação entre o leitor e o jornal ,do seu peso decisivo no acto de compra. Mais tarde, os jornais tornaram-se mais visuais, tentando acompanhar os novos gostos da geração de leitores de uma sociedade em constante evolução. Em 1984 a luta da imprensa contra a poderosa televisão já era evidente. Observa-se uma crescente adaptação do desenho jornalístico às novas possibilidades abertas pelas inovações técnicas. Consequência da concorrência da informação audiovisual como também, da importantíssima renovação tecnológica no processo de edição de jornais. “Nada desapareceu, tudo se transformou. A letra, com um novo dinamismo, conseguiu escapar ao servilismo do tipo móvel e das condicionantes da linotipia. Por outro lado, a ilustração deixou de ser a companheira servil do texto, o complemento ornamental da letra, para dar nova vida à página impressa e atrair os olhos do leitor”. – Dinis Manuel Alves A página de um jornal deixa de ser concebida como um depósito do máximo de informações para ser entendida como suporte de potenciação estética do labor dos jornalistas. A aposta gráfica dos jornais hodiernos vai para além do triângulo título-textofotografia para a valorização dos espaços brancos (antes desprezados) e, até (em casos excepcionais) , da utilização desses espaços com valor editorial.


A introdução da cor é outro recurso de grande sedução na captação do interesse do leitor assim como o tipo de letra, o espacejamento entre letras e palavras , etc. É a foto dominante que logo atrai a leitura e só depois o título maior ou outra foto igualmente em destaque. “A imagem já não ilustra a palavra; é a palavra que estruturalmente é parasita da imagem; (…) na relação actual, a imagem não vem esclarecer ou ‘realizar’ a palavra; é a palavra que vem patetizar ou racionalizar a imagem; (…) hoje, o texto sobrecarrega a imagem, confere-lhe cultura, uma moral, uma imaginação (…).”


11 a 17 Janeiro – 1996 Esta publicação revelou uma criação artística por parte do jornalista. Nesta capa, podemos observar uma caricatura de duas pessoas diferentes invertendo a revista. Também o ícone Visão, foi colocado de modo invertido para dar a possibilidade de visualizar a capa em duas posições.

Esta técnica é semelhante à anteriormente utilizada pelo Diário de Notícias de 4/11/92, que pode ser visualizado no diapositivo 22.


13 a 19 Março - 1997

Utilização de imagem apelativa (comprimidos) relacionada com calmantes (que tem vindo a gerar cada vez mais dependências)

12 a 18 Junho - 1998

Forma criativa de destacar os indivíduos que estão a favor e os contra o aborto. Nesta capa há também o recurso à função deíctica ao recorrer a imagens (sem o nome do indivíduo) que o leitor irá reconhecer



Qualquer jornal/revista afirma-se socialmente como um sujeito semiótico, dotado de personalidade jurídica mas também, graças ao estilo, tom e perfil que cultiva, de uma entidade figurativamente reconhecível pelos leitores - (Eric Landovski). Por essa razão, qualquer jornal é extremamente prudente quando pretende alterar de formato, disposição das rubricas, introduzir/alterar/remover ilustrações, cores, etc. Antes de tudo, vigora o princípio de não hostilizar o leitor. Não romper com habituações subjacentes ao manuseamento e à leitura. “Algumas das nossas actividades mentais compõem-se de reacções visuais, orais e tácteis, e a nossa resposta às notícias depende, em larga medida, do aspecto dos media . O arranjo material, (por exemplo, a posição dos títulos, a natureza das

imagens visuais) predetermina certos modos de observação e interpretação.” - (Pierre Sorlin).


O hábito tem a sua importância na lealdade das audiências.. Por essa razão, os gestores de qualquer jornal ou revista hesitam tanto em introduzir alterações profundas no alinhamento das publicações. E quando a modernização ou outros factores de ocorrência impõem mudanças, constituem um factor de risco imprevisível (a audiência, geralmente, opõe-se fortemente à mudança). O jornal/revista cria no leitor uma força de hábito (na compra e leitura desse mesmo). Há até leitores que, optam por não ler, a terem de o/a substituir: “ Cada jornal tem a sua alma, um sopro inigualado que lhe é transmitido por aqueles que, ao longo dos anos, o moldam com a preferência, com as sugestões, com a crítica construtiva, com a exigência que os números legitimam.” (Fernando Martins, “A

importância do hábito na leitura dos jornais”).


Não é nada natural que um produto “de mercado” , como é um jornal diário, se aguente durante vários anos sem alterações importantes no fundo ou forma . Quando ocorrem esse tipo de alterações e o público consumidor continua a aderir à publicação significa que esta foi capaz de construir e impor uma “imagem de marca” suficientemente forte para resistir à natural usura do tempo (usura essa que a sociedade de consumo multiplica freneticamente). É então, aos leitores, que se deve o essencial deste percurso quer na mudança (do que foi preciso melhorar) como na preservação (do que se revelou adequado). Os

leitores adoptam assim nova matriz, na qual se continuam a identificar e a que continuam fiéis.


Capa nº1 – 25 a 31 Março 1993 A capa era simples, pouco trabalhada, sem cabeçalho, apenas com uma imagem de fundo. O símbolo da Visão era uniforme, todo de cor vermelha. O tipo de letra do título variava de publicação em publicação. Não era predefinido.

Capa nº2 18 a 23 Fevereiro 1993


Em 1996 o formato do logótipo da Visão mantinha-se igual ao original, da sua criação em 1993.

Já em 1997, ocorreram alterações na grafia do logótipo com o recurso a grafias mais complexas tornando a revista mais estruturada e organizada.

Em 2007, ocorreram novamente alterações no logótipo, que se mantiveram até aos dias de hoje. Deixa de ser suportado por uma caixa de texto de cor vermelha , perde o efeito sublinhado no interior de cada letra e ganha relevo . Mudança no tipo de letra.


1993

1997

Em 1997 há a inclusão na capa de um rodapé com outros assuntos/conteúdos do interior dessa publicação.


1993

2010

A revista sofreu alterações ao longo dos anos para acompanhar uma sociedade em constante mudança. Modificou-se o logótipo , agora mais largo e num tipo de letra diferente. Os títulos passaram a ter um tipo de letra predefinido na publicação (em excepções utiliza outros tipos de letra), a capa deixou de ter moldura, passou a publicitar conteúdos do seu interior . Actualmente encontra-se mais bem estruturada, organizada e mais atractiva , servindo os actuais interesses dos leitores.


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