orfismo
ANO 01 EDIÇÃO 01
ORFISMO R$ 12,00
MADE IN BRAZIL
1
2
Arte Urbana
6
Arte Convencional
8
Arte Digital
11
Fotografia
14
Guia Cultural
16
Humor
18 3
“O orfismo é a arte de pintar novas estruturas a partir de elementos que não foram tomados da esfera visual mas foram inteiramente criados pelo próprio artista e por este dotado de plena realidade.” Apollinaire
A escolha do nome foi a parte principal do conceito da revista. Orfismo foi um movimento cultural que trouxe muito mais cores e utilidades ao cubismo, e através des-
Editorial
ta mesma proposta criei esta revista, para mostrar toda a paleta de cores existente na arte contemporânea e através destas mostrar o que há de novo, de interessante e, principalmente, de rico em nossa arte atual; arte rica em conteúdo e cultura, cheia de vida e sempre retratando uma realidade, seja ela pessoal ou coletiva.Utilizei como base a revista Zupi, as principais matérias foram inspiradas nela, assim como o tamanho. O processo criativo foi completamente experimental, sempre com mudanças e testes de fonte, cores e layout. A escolha da tipografia foi um dos primeiros passos, ao lado da colunagem e escolha de matérias e público alvo. Mariana Delvalle
4
CARTAS
Expediente
Veja mais conteúdo em www.revistaorfismo.com.br
MANDE SUAS CRÍTICAS E SUGESTÕES info@orfismo.org ONDE ACHAR A REVISTA www.revistaorfismo.com.br/onde_encontrar EQUIPE MARIANA DELVALLEW editora/idealizadora SÍMON SZACHER diretor executivo ORFISMO DESIGN art & design DESIGN Mariana Delvalle REDATORES Zupilene e Agnaldo Farias COLABORADORES Anna Anjos, Chip Thomas, Damião Santana, Sebastian Kruger, Tathy Yazigi. AGRADECIMENTOS Carlos Eduardo, Marcella Mazão e Rafael Teryuchi DISTRIBUIÇÃO Dinap S/A - Brasil Idea Book - WORLDWIDE ASSINATURAS www.revistaorfismo.shop.com.br PUBLICIDADE simon@orfismo.com.br ENDEREÇO Rua Vicente Oropallo, 582 Vila Clementina - 0978-090 SãoPaulo - SP - Brasil
5
Arte Urbana
Chip Thomas Publicado na edição especial da revista Zupi sobre arte de rua, o trabalho do norte-americano James “Chip” Thomas seria melhor classificado como intervenção… rural.Morador da reserva indígena Navajo, localizada no nordeste do Arizona e em partes do Novo México e Utah, o artista é, na verdade, um médico apaixonado por arte e fotografia. Autodidata, realiza intervenções incríveis, espalhando pelas redondezas imagens que, em tamanho ampliado, retratam a cultura local em preto e branco.Fixadas em muros, casa e estabelecimentos comerciais, as fotos, longe de agredir a paisagem rústica, acabam tornando-a ainda mais autêntica, mostrando em larga escala a luta de um povo pela manutenção de suas tradições. TEXTO Zupilene
Comecei a fazer graffiti no meio da década de 1980, mas nunca fui muito bom nisso. Quando vim para a reserva Navajo, uma das primeiras coisas que fiz foi “corrigir” um outdoor. Os nativos dos Estados Unidos possuem um dos mais altos índices de diabetes do mundo ocidental: uma em cada quatro pessoas com mais de 45 anos. Isso vem de uma dieta rica em colesterol, açúcar, falta de exercícios e obesidade. Então, quando a Pepsi instalou um outdoor em uma comunidade próxima à minha, no qual estava escrito “Bem-vindo ao mundo da Pepsi”, eu e um amigo fomos até lá e corrigimos a frase para que fosse lido “Bem-vindo ao mundo da diabete”.Durante a década de 1990 comecei a espalhar algumas provas fotográficas por uma cidade próxima em todos os pontos onde eram fixados anúncios de shows. Ao longo dos anos, as pessoas começaram a coletar as minhas fotos. Esta foi a minha primeira tentativa de fazer arte pública. Eu era inspirado pelo trabalho de Diego Rivera e Keith Haring. Sempre fui motivado por coisas que aconteciam em áreas urbanas.Passei um período sabático no Brasil, que durou de janeiro a março de 2009. Nesse tempo, conheci artistas de rua e entrei em contato com o incrível trabalho que está sendo feito no país por artistas como Os Gemeos, Herbert Baglione, Limpo, em Salvador, Zezão, Vitché, Titifreak, Alexandre Orion e Gentilza. Eles todos me inspiraram e reacenderam a chama que iniciada na década de 1990, de colocar fotografias em espaços públicos, nas cidades à minha volta. Na verdade, passei três semanas com Limpo, cujo estúdio ficava abaixo do apartamento onde fiquei, em Santo Antonio. Ele e seu grupo de amigos artistas me tocaram profundamente.Quando voltei dessa viagem, escrevi para JR, convidando-o a fazer um projeto em uma comunidade empobrecida semelhante ao Mulheres são Heroínas, projeto que ele fez no Rio de janeiro e em Kibera, no Quênia. E é.
7
Arte Convencional
SKETCHBOOK Rabiscos preciosos
Desenho de Eduardo Rosa
TEXTO Zupilene
8
PorMonica Chan
Por Eduardo Rosa
Para quem morre de curiosidade de saber o
Orlando, Rafael Grampá, Roger Cruz, Titi Fre-
que há por trás da criação final do artista,
ak e Yomar Augusto.
suas inspirações e primeiros traços, com cer-
Os convidados se propuseram a mostrar pági-
teza vai curtir o livro Sketchbooks – As páginas
nas de seus cadernos de rabisco. Além de re-
desconhecidas do processo criativo.A publica-
velar os bastidores da criação, a compilação
ção conta com a contribuição de 26 artistas
também reforça a importância do esboço ma-
brasileiros que atuam em diversos segmentos,
nual para os artistas contemporâneos.
como Design, Arquitetura, Ilustração e Tipo-
De gênero inédito no Brasil, o projeto é rea-
grafia. São eles: Renato Alarcão, Alex Hornest,
lizado pelo POP – selo independente, e tem o
Amanda Grazini, Angeli, Arthur D’Araujo, Bru-
objetivo de “’alimentar e inspirar quem está
no Kurru, Carla Caffé, Cláudio Gil, Eduardo
buscando ou percorrendo seu próprio cami-
Berliner, Eduardo Recife, Elisa Sassi, Fernan-
nho no campo das ideias e quer exercitar sua
da Guedes, Guto Lacaz, Hiro Kawahara, Kako
criatividade nas artes visuais e na vida”, como
D’Angelo, Kiko Farkas, Leo Gibran, Lollo, Lou-
diz a introdução do livro.O lançamento do li-
renço Mutarelli, Montalvo Machado, Mulheres
vro está marcado para o dia 28 de outubro, às
Barbadas (Henrique Lima e Julio Zukerman),
19h30, no Museu da Casa Brasileira.
Por Chico Zullo
9
10
Arte Digital
Anna Anjos TEXTO Zupilene
Uma das maiores ilustradoras do Brasil, relata um pouco de sua trajet贸ria em entrevista exclusiva para a Orfismo
11
12
Quando você decidiu que seria ilustradora? Qual sua forhmação?
das as dificuldades foi quando resolvi ser free-
Sou formada em design gráfico pela Belas
própria “chefe” e estabelecer meus horários
Artes. Decidi seguir a carreira de ilustração
e uma rotina, prospectando e contactando
quando me desliguei da produtora onde
meus
trabalhava, em meados de 2008. De lá pra
como profissional da área. No início isso foi
cá tenho atuado como ilustradora e artis-
muito difícil pra mim, mas a paixão que tenho
ta plástica, trabalhando para os mercados
pela minha profissão acabou sendo maior que
publicitário e editorial.Atualmente tenho
qualquer dificuldade.
lancer. Eu tinha que aprender a ser minha
próprios
clientes,
apresentando-me
desenvolvido um projeto pessoal (a criação personagens, os quais denominei “Entida-
Existe algum projeto que seja seu favorito?
des Afrotropicais”), tendo o Tropicalismo, a
O projeto mais recente acaba sendo sempre o
cultura africana e indígena brasileira como
projeto favorito, de certo modo. É como um
principais referências para a nova fase de
“filho mais novo”. Recentemente tive a opor-
minha arte.
tunidade de criar as ilustrações para os Ovos
de minha própria mitologia acerca de meus
de Páscoa da Nestlé deste ano. Foi um projeto
Quais artistas influenciam/influenciaram seu trabalho?
muito bacana, pois tive total liberdade de criação e gostei muito do resultado final.
A música para mim é um elemento muito importante na criação e no desenvolvimento da
Quais seus próximos projetos?
minha arte. Na área da música os artistas que
Tenho interesse em direcionar meu trabalho
mais me influenciam são Nação Zumbi, Otto,
para novos suportes, a fim de enriquecer e di-
Novos Baianos, Secos e Molhados, Tom Zé e
versificar minha arte, trabalhando mais o lado
Siba e a Fuloresta.Na área da ilustração gosto
plástico de minhas criações, através do desen-
muito do trabalho de Nick Sheehy, Linn Olofs-
volvimento de telas e animações experimen-
dotter e Joe Sorren.
tais em stop motion das Entidades e o conceito da Afrotropicalidade. Em um momento futuro,
Como você avalia o mercado de ilustração hoje, no Brasil?
quem sabe até publicar minha mitologia Afrotropical.
O mercado de ilustração está desvalorizado. qualquer área, vale por sua raridade no mer-
Para quem está começando, qual é a dica?
cado. O que acontece ao meu ver é que há
Amar o que faz. E isso não é clichê, é um fato.
poucos profissionais na área de ilustração/cri-
Não basta simplesmente gostar. Minha exper-
ação que apresentem qualidade e trabalhem
iência como ilustradora e freelancer me per-
por um preço justo.
mitiu descobrir que, se você quer seguir essa
Eu acredito que o profissional, seja ele de
carreira, então é preciso mais que isso: seja
Qual tipo de trabalho que mais te dá prazer? E o que em geral traz mais dificuldades?
objetivo e lute por suas idéias, acredite em
Trabalhar como ilustradora é um enorme
desenvolver o máximo de sua potencialidade
prazer pra mim. Acredito que a maior de to-
para expandir seus horizontes artísticos.
sua capacidade e sua arte. Informe-se, faça cursos, vá a exposições, empenhe-se em
13
Foto por Tathy Yazigi
Fotografia
LOMO
Algumas máquinas fotográficas servem para registrar a realidade. Outras, para distorcê-la e fantasiá-la – caso das famosas Lomo, que com suas lentes de plástico, formatos de brinquedo e imagens surreais ganharam o
Foto por Damião Santana
mundo ao revelá-lo em sua forma mais lúdica.
14
15
Foto por Tathy Yazigi
Foto por Dami達o Santana
Guia Cultural
29ª
Bienal de São Paulo
16
TEXTO Zupilene
A 29ª Bienal de São Paulo está ancorada na
“mesmo sem naus e sem rumos / mesmo sem
ideia de que é impossível separar a arte da po-
vagas e areias”.
lítica. Essa impossibilidade se expressa no fato
Por ser um espaço de reverberação desse com-
de que a arte, por meios que lhes são próprios,
promisso em muitas de suas formas, a mostra
é capaz de interromper as coordenadas senso-
vai pôr seus visitantes em contato com manei-
riais com que entendemos e habitamos o mun-
ras de pensar e habitar o mundo para além
do, inserindo nele temas e atitudes que ali não
dos consensos que o organizam e que o tornam
cabiam e tornando-o, assim, diferente e mais
ainda lugar pequeno, onde nem tudo ou todos
largo.A eleição desse princípio organizador do
cabem. Vai pôr seus visitantes em contato com
projeto curatorial se justifica por duas prin-
a política da arte.A 29ª Bienal de São Paulo
cipais razões. Em primeiro lugar, por viver-se
pretende ser, assim, simultaneamente, uma
em um mundo de conflitos diversos, onde pa-
celebração do fazer artístico e uma afirma-
radigmas de sociabilidade são o tempo inteiro
ção de sua responsabilidade perante a vida;
questionados, e no qual a arte se afirma como
momento de desconcerto dos sentidos e, ao
meio privilegiado de apreensão e simultânea
mesmo tempo, de geração de conhecimento
reinvenção da realidade. Em segundo lugar,
que não se encontra em nenhuma outra par-
por ter sido tão extenso esse movimento de
te. Pretende, por tudo isso, envolver o público
aproximação entre arte e política nas duas úl-
na experiência sensível que a trama das obras
timas décadas, se faz necessário, novamente,
expostas promove, e também na capacidade
destacar a singularidade da primeira em rela-
destas de refletir criticamente o mundo em
ção à segunda, por vezes confundidas ao ponto
que estão inscritas. Enfim, oferecer exemplos
da indistinção da arte.
de como a arte tece, entranhada nela mesma,
É nesse sentido que o título dado à exposição,
uma política.A exposição contará com cerca
“Há sempre um copo de mar para um homem
de 160 artistas de diversas partes do mundo,
navegar” – verso do poeta Jorge de Lima to-
sem tomar a origem territorial como valor de
mado emprestado de sua obra maior, Inven-
seleção. Nesse sentido, reafirma-se a abolição
ção de Orfeu (1952) –, sintetiza o que se busca
das chamadas representações nacionais, traço
com a próxima edição da Bienal de São Paulo:
característico da Bienal de São Paulo até pou-
afirmar que a dimensão utópica da arte está
cos anos, mas que não mais traduz a complexa
contida nela mesma, e não no que está fora
rede de migrações e de trânsitos que marca a
ou além dela. É nesse “copo de mar” – ou nes-
vida contemporânea. É importante para a 29ª
se infinito próximo que os artistas teimam em
Bienal de São Paulo, porém, enfatizar o lugar
produzir – que, de fato, está a potência de
e o tempo a partir dos quais ela é organizada:
seguir adiante, a despeito de tudo o mais; a
desde o Brasil e desde um momento de rápida
potência de seguir adiante, como diz o poeta,
reorganização geopolítica do mundo.
Escultura de Efrain Almeida e Foto por Mariana Delvalle
Calendário 20 de setembro de 2010 9 às 17h - Pré-abertura para imprensa 21 de setembro de 2010 9 às 17h - Imprensa 19h - Pré-abertura para convidados 22 a 24 de setembro de 2010 19h - Abertura para convidados 22 e 23 de setembro de 2010 Manhã e tarde - Professores (Programa Educativo) 25 de setembro de 2010 10h - Abertura ao público 12 de dezembro de 2010 Encerramento Horários de funcionamento De 2ª a 4ª feira: das 9 às 19h. 5ª e 6ª feira: das 9 às 22h. Sábado e domingo: das 9 às 19h. Entrada gratuíta ENTRADA ADMITIDA ATÉ UMA HORA ANTES DO FECHAMENTO.
17
Humor
Sebastian Kruger
Caricatura de Mick Jagger
18
Mestre da caricatura, Sebastian Krüger
dos de forma humorística pelo norte-ame-
cria, desde a década de 1980, versões in-
ricano, que parece ter uma queda pelo re-
críveis de personalidades do mundo todo.
gistro de músicos, tendo criando trabalhos
Sophia Loren, Arnold Schwarzenegger,
memoráveis de ícones como Sid Vicious,
Jack Nicholson e Bill Clinton são apenas
Steven Tyler, Joey Ramone e Mick Jagger,
alguns famosos que já foram representa-
entre outras estrelas do rock.
19
20