Vida e Obra de Alice Vieira

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VIDA E OBRA DE

ALICE VIEIRA

MARIANA FREITAS ROSÁRIO ALÃO




VIDA E OBRA DE ALICE VIEIRA


BIOGRAFIA

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lice Vieira nasceu em Lisboa, em 1943. É licenciada em Germânicas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Durante a sua adolescência trabalhou para o jornal “Diário Popular”, no suplemente juvenil, mas foi em 1975 que se transferiu para um grande jornal português “Diário de Noticias”. Porém, foi em 1979 que se apaixonou pela Literatura Infanto – juvenil, quando a sua obra “Rosa, minha irmã Rosa”, concorreu a melhor Prémio de Literatura Infantil “Ano Internacional da Criança”, que lhe conferiu a vitória. A partir desta data, Alice Vieira tem vindo a contemplar o seu público com histórias de variados géneros e para todos os gostos, bem como a visita a escolas e bibliotecas para falar com jovens leitores ou mediadores de leitura para falar sobre as suas obras. Infelizmente, a certa altura da sua vida por motivos de saúde foi o-briga a escolher entre as suas duas grandes paixões, o jornalismo ou a literatura. Assim, Alice Vieira acabou por optar pela literatura para crianças e jovens, no entanto continua a fazer algum trabalho

em jornalismo, sendo actualmente colaboradora do “Jornal de Notícias” e das revistas “Activa e Audácia”. Actualmente, Alice Vieira já conta trinta anos de carreira neste universo mágico que é a Literatura Infanto – Juvenil. Com ela, muitos foram os jovens que cresceram na companhia dos seus maravilhosos contos, adivinhas e histórias tradicionais, aprendendo a gostar de ler e a identificarse com a sua escrita e temáticas. Alice Vieira, para além de tudo isto procura todos os dias manter-se actual e consciente acerca dos modos de pensar dos mais jovens, e em simultâneo reinventa e aventura-se a apostar em novos géneros literários. Por isso, Alice Vieira é hoje uma das mais importantes escritoras portuguesas para jovens, tendo ganho grande projecção nacional e internacional. Várias das suas obras já foram editadas no estrangeiro.


CARACTERISTICAS LITERÁRIAS

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lice Vieira tornou-se escritora aquando da publicação da sua obra “Rosa, Minha Irmã Rosa”, que já vai na sua 20ª edição. Porém, esta história foi escrita para os seus filhos, em tom de brincadeira, mas seu marido Mário Castrim, enviou-a para o concurso que a Editorial Caminho lançou para assinalar o Ano Internacional da Criança. O Êxito foi tal que a editora logo lhe pediu um segundo livro. A sua obra, chega a toda o mundo e actualmente tem mais de dois milhões de livros vendidos e já publicou sete dezenas de títulos, entre romance e juvenil, histórias tradicionais, livros para crianças e mais recentemente poesia de amor. Por sua vez, apesar da sua escrita assentar maioritariamente no universo juvenil, as suas intrigas não passam ao lado de um conjunto mais abrangente de preocupações dos mais diversos grupos etários, dando voz a outras personagens, recriando diálogos geracionais, marcados pela sua riqueza. Situações traumáticas como a perda, a negligência ou abandono, são temas que Alice Vieira retrata muitas vezes, permitindo a problematização de experiências e emoções. Para além disto, os temas como a família e afectos são submetidos a intensos processos de análise e ques-

tionamento, que Alice Vieira faz questão de revelar as suas forças e fraqueza, por sua vez, a questão da identidade, que inclui a relação com o passado e com a História, são de forma particular, uma força da produção de Alice Vieira. No que diz respeito à organização narrativa da sua obra, recorre várias vezes a estruturas romantescas particularmente complexas, com recursos ao monólogo interior e ao discurso livre. O tempo, é sem dúvida um elemento determinante para a construção de várias manipulações, fazendo com que a estrutura narrativa fuga dos modelos lineares e sequenciais. Alice Vieira, apresenta-nos um registo único e um estilo e linguagem muito pessoal, que combina momentos de humor com outros momentos de forte tonalidade lírica e intensidade dramática e emocional. Os seus diálogos são caracterizados pela sua vivacidade e pela fluidez das descrições, na medida em que a autora explora as potencialidade da língua, recorrendo a jogos de palavras, a figuras de estilo, a paralelismos estruturais e a exploração de vários tipos

de adjectivação.


CARACTERISTICAS LITERÁRIAS

Todos estes elementos, é que fazem com que a sua obra detenha um discurso acessível e cativante, rítmico e melódico, retratando a realidade social, mas sobretudo leva o leitor a pensar sobre a sua escrita, na medida em que Alice Vieira opta por incluir uma moral explícita.


OBRA

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o livro de estreia de Alice Vieira, o premiado Rosa, minha Irmã Rosa, romance juvenil (1979, Caminho) fez a Caminho uma edição comemorativa do 25º aniversário da primeira edição. A reler as páginas de um exemplar desta obra, agora em formato extenso, com capa dura e com ilustrações de Evelina Oliveira, regressamos a um espaço de emoções intensas. Neste romance, a protagonista-narradora, Mariana, uma menina de 9 anos, faz-nos conviver, após o nascimento da sua irmã, com o ciúme que a assalta, com uma indefinida sensação agridoce perante aquilo que, no início, é entendido como uma desconfortável “invasão” de um espaço afectivo e, depois, se transforma num amor e numa dedicação, só sentidos quando a pequena irmã Rosa, doente com uma pneumonia, tem de permanecer no hospital. Desde o início, o leitor é feito cúmplice de Mariana, até ao momento em que esta per sonagem central consegue vencer o conflito interno/dilema, ou melhor, até ao desfecho positivo e “retemperador” da narrativa. Num discurso muito próximo da oralidade, um discurso que vai desvendando, progres-

“Rosa, Minha Irmã Rosa”

Autor: Alice Vieira Ilustrador: Evelina Oliveira Editora: Caminho

siva e sabiamente, os “segredos” mais profundos da infância e da préadolescência, este primeiro romance de Alice Vieira inaugura ainda a trilogia constituída também por Lote 12, 2º Frente (1980) e Chocolate à Chuva (1982).


OBRA

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endo como ponto de partida a reescrita de doze textos clássicos/ do património tradicional/oral, e corporizando, assim, uma das tendências mais recorrentes da actual literatura de potencial recepção infanto-juvenil, Alice Vieira convida, neste livro, a um regresso renovado a narrativas tão diversas como A Princesa e a Ervilha, de H. C. Andersen ou a conhecida A Sopa de Pedra. A cada um dos textos presentes neste apelativo volume junta-se uma receita assinada por Vítor Sobral. As narrativas aqui incluídas são escritas num registo acessível e coloquial, recorrem, com eficácia, ao cómico e contam, ainda, com as singulares ilustrações de C. Nazareth, um trabalho plástico que responde, com originalidade, aos sentidos da vertente linguística.

“A que sabe esta história” Autor: Alice Vieira Ilustrador: Carla Nazareth Editora: Oficina do livro


OBRA

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olectânea de seis contos dos irmãos Grimm reescritos e recontados por Alice Vieira, este volume caracteriza-se, desde logo, pela selecção dos textos, alguns dos menos conhecidos e mais violentos da tradição popular. É esta violência, associada à morte, mas também ao abandono afectivo, que explica a opçã o do título «para meninos valentes», fornecendo indicações quanto ao público-alvo. Presente sob as mais diversas formas, a violência, muitas vezes associada ao medo, sempre se revelou um topos literário assíduo na tradição oral que, em resultado de uma certa idealização da infância, foi apagado de algumas versões mais «politicamente correctas». Trata-se, contudo, no entender dos especialistas, de um ingrediente fundamental, destinado não só à realização de catarses como à vivência e resolução, através da ficção, de dilemas existenciais estruturantes da personalidade. Ao fazer recair a sua atenção sobre estes textos, Alice Vieira traz de novo para a luz do dia e para o convívio dos pequenos leitores, textos esquecidos que, uma vez reescritos, ganham nova vida e, até, novas possibilidades

“Contos de Grimm para meninos valentes” Autor: Alice Vieira Ilustrador: Carla Nazareth Editora: Oficina do Livro de leitura. As ilustrações, contudo, na sua maioria, não conseguem exprimir esta dimensão mais agressiva dos textos de modo a sublinhar os eixos ideotemáticos das narrativas, ficando por uma recriação de personagens e motivos.


OBRA

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ste é o terceiro exemplar que integra a colecção «Gramofone», uma série de livros cuidadosamente ilustrados, nos quais se procura aliar o prazer de ler ou de contactar com textos literários de qualidade, assinados por autores de renome (como Luísa Costa Gomes e Margarida Fonseca Santos), e a aprendizagem das regras da gramática e da fonética da língua portuguesa. Nesta colectânea, os poemas de Alice Vieira «alimentam-se» dos tempos verbais, como faz prever o seu título, e versam, quase sempre sob o signo do humor, temáticas como as relações mãe - filhos e mãe - pai, a infância, o passado e o presente, o material e o espiritual, a morte e a esperança no renascimento e/ou no futuro e o sonho, entre outros. Caracterizando-se, por exemplo, pela brevidade, pelo recurso a estratégias reiterativas, pela simplicidade vocabular e por uma musicalidade muito próxima da poesia tradicional/ oral, estas composições poéticas de Alice Vieira adequam-se aos gostos e às competências de leitura/literárias dos leitores mais pequenos. As ilustrações de Afonso Cruz captam na perfeição e com originalidade a com-

“Rimas Perfeitas, Imperfeitas e Mais – que – perfeitas” Autor: Alice Vieira Ilustrador: Afonso Cruz Editora: Texto Editores ponente cómica do discurso poético e recriam algumas das suas particularidades simbólicas e metafóricas.


OBRA

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ão quinze os contos/breves poemas guardados neste volume, feito de sugestivas palavras e marcado pelo aroma que o seu título anuncia. Com uma subtil intenção didáctica e lúdica (veja-se, por exemplo, a importância de que se revestem as letras, as palavras e a própria componente fónica), estes curtos textos distinguem-se pelo cómico (nos seus três tipos – linguagem, carácter e situação) e são escritos a partir de um registo coloquial, familiar, dominado pelo diálogo, em poucas palavras, muito próximo dos seus leitores preferenciais e comum à escrita de A. V.. As situações aqui ficcionalizadas são, também elas, bastante próximas do receptor, surgindo visualmente recriadas num estilo muito peculiar e expressivo, que materializa, não raras vezes, a dimensão humorística do texto, como é já habitual no trabalho ilustrativo de A. C..

“Livro com Cheiro a Baunilha” Autor: Alice Vieira Ilustrador: Afonso Cruz Editora: Texto Editora


OUTRAS OBRAS “Livro com Cheiro a Morango” “Livro com Cheiro a Caramelo” “A Charada da Bicharada” “Chocolate à Chuva” “O Coelho Branquinho e a Formiga Rabiga”

PRÉMIOS Alice Vieira ganhou o seu primeiro prémio em 1979, com a publicação da obra “Rosa, Minha Irmã Rosa” sendo-lhe assim atribuído o Prémio de Literatura Infantil Ano Internacional da Criança. Em 1983, volta a ser galardoada com o prémio Calouste Gulbenkian com a obra “Este Rei que eu escolhi”, no entanto, fora ainda nomeada para o Prémio Hans Chistian Andersen. Anos mais tarde, em 1992, na Alemanha Alice Vieira recebeu o prémio “Auswahliste Deutscher Jugendliteraturpreis”, mais uma vez com a obra “Rosa, Minha Irmã Rosa”. Dois anos depois, recebe o Grande Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Criança, pelo conjunto da sua obra. Neste mesmo ano, fez parte da Lista de Honra do Internacional Board on Books for Young People, pela sua obra “Os Olhos de Ana Marta”. E finalmente, em 2007 recebe o prémio Literário Mara Amália Vaz de Carvalho com a obra “Dois Corpos Tombando na Água, em «O Campo da Palavra»”.


CRONOLOGIA

Nasce Alice Vieira, em Lisboa.

1942

Conclui a Licenciatura em Germânica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

1967

Inicia a sua carreira em Jornalismo Profissional.

1975

1979 Recebe o Prémio de Literatura Infantil Ano Internacional da Criança, com a obra “Rosa, Minha Irmã Rosa”.

Foi nomeada para o Prémio Hans Christian Andersen, pela Selecção Portuguesa do IBBY.

1983

1983 É galardoada com o Prémio Calouste Gulbenkian com a obra “Este Rei que eu escolhi”.


Fez parte da Lista Recebe o de Honra do InterPrémio nacional AusBoard on wahliste Deutscher Books for Jugendlit- Young eraturpre- People, pela sua is”, com obra “Os a obra Olhos “Rosa, de Ana Minha Marta”. Irmã Rosa”. 1994

Foi reconhecida Internacionalmente nas candidaturas ao Prémio Andersen.

1996

É premiada em França com o “Prix Octogne” de Romance Juvenil.

2000

Recebe o prémio Literário Mara Amália Vaz de Carvalho com a obra “Dois Corpos Tombando na Água, em «O Campo da Palavra»”.

2007

1992

2010

1994 Recebe o Grande Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Criança, pelo conjunto da sua obra.

2009

Alice Vieira contemplou 30 anos de carreira.


WEBGRAFIA http://casadaleitura.org/ http://alicevieira.net/biografia/biografia.htm

BIBLIOGRAFIA NUNES, Maria Leonor; “A escrita é a minha profissão”, in Casa da Leitura PIRES, Catarina; “Alice Vieira”, in Casa da Leitura RAMOS, Ana Margarida; “Trinta anos de livros e leituras”, in Casa da Leitura VELOSO, Rui Marques; “Obras de Alice Vieira [bibliografia]”, in Casa da Leitura






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