TFG - MERCADO DA CONCHA - Uma experiência de sociabilidade e de vivência do espaço público

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Fundação Edson Queiroz Universidade de Fortaleza Centro de Ciências Tecnológicas Graduação em Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação

Mercado da Concha uma experiência de sociabilidade e de vivência do espaço público

Mariana Félix de Melo

Fortaleza, 2019


Ficha catalográfica da obra elaborada pelo autor através do programa de geração automática da Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza

MELO, MARIANA . MERCADO DA CONCHA: UMA EXPERIÊNCIA DE SOCIABILIDADE E DE VIVÊNCIA DO ESPAÇO PÚBLICO / MARIANA MELO. - 2019 84 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade de Fortaleza. Curso de Arquitetura E Urbanismo, Fortaleza, 2019. Orientação: ANDRE ALMEIDA. 1. MERCADO PÚBLICO. 2. FEIRA LIVRE. 3. REQUALIFICAÇÃO URBANA. 4. OURICURI. I. ALMEIDA, ANDRE. II. Título.


Mariana FĂŠlix de Melo

Fortaleza, 2019


Mariana Félix de Melo Banca examinadora

Prof. Me. André Araújo Almeida (Orientador)

Prof. Domingos Cruz Linheiro

Francisca Fabiana de Sousa Pereira

Universidade de Fortaleza

Universidade de Fortaleza

Arquiteta e Urbanista convidada

Fortaleza, 2019


Aos meus pais, que me apoiaram em toda a trajetória estudantil, sempre deixando claro que os estudos seriam o ponto de partida para que eu fosse a agente principal do meu futuro. Aos que caminharam junto comigo na graduação, Lina, Hiago, e no finalzinho, Vaniele. Vocês tornaram divertido o que muitos julgariam insuportável. Agradeço por me proporcionarem grandes aprendizados ao longo desses anos, não só na área acadêmica, mas, principalmente, no âmbito pessoal.

Agradecimentos

À Lina, em especial, que desde sempre foi minha parceira, em uma sintonia que eu dificilmente encontrarei n ovamente n a vida p rofissional, m eu muito obrigada! Ao Hiago, que foi muito mais do que um colega de faculdade, um grande amigo, sempre disposto a compartilhar dos ensinamentos e desafios diários que a juventude nos apresentou. E aos professores, que me fizeram enxergar o maior ensinamento que a Arquitetura pode trazer: somos agentes transformadores! Vamos além do espaço construído, vamos nos costumes, na cultura, na educação, na forma de nos relacionar com o meio. Vamos na vida. Fazemos vida. Obrigada Professor André, por me fazer brilhar os olhos com o urbanismo e me fazer enxergar a responsabilidade que uma edificação tem com seu entorno. Pensar esse projeto tendo você como orientador foi uma experiência única, obrigada por acreditar na ideia e embarcar junto com seus alunos!


Resumo

O comércio dentro do espaço urbano consegue expressar os costumes, o modo de vida e a cultura das pessoas. Para que a atividade comercial aconteça, não é necessário um espaço especialmente dedicado à ela, mas sim precisa acontecer o encontro. Encontro de pessoas, de mercadorias, de fluxos, de ideias. E para que essa atividade se perpetue no tempo, é necessário adequar o espaço ao uso, aten dendo à demanda e proporcionando conforto para os que dele se utilizam. O objeti vo do projeto consiste na construção do Mercado Municipal de Ouricuri-PE e na reorganização da rua Coronel Anísio Coelho, tornando o espaço uma área atrativa e funcional para as pessoas e a cidade. A intenção do projeto é que a intervenção permita a continuação, agora de maneira adequada, da atividade de feira livre que acontece tradicionalmente na cidade, além de novos usos do espaço público, servin do de apoio para o entorno e de referência para toda a população.


Abstract

Commerce within urban space can express people's customs, way of life and culture. For the commercial activity to take place, it is not necessary a space specially dedicated to it, but the meeting needs to happen. Meeting o f people, goods, flows, ideas. A nd for this activity t o be perpetuated over time, it is necessary to adapt the space to the use, meeting the demand and providing comfort for those who use it. The objective of the project is the construction of the Ouricuri-PE Municipal Market and the reorganization of Coronel AnĂ­sio Coelho Street, making the space an attractive and functional area for people and the city. The intention of the project is that the intervention allows the continuation, now properly, of the free market activity that traditionally happens in the city, in addition to new uses of public space, serving as support for the surroundings and reference for the whole population.


2.0 - Referencial Teórico A Evolução do Comércio e sua relação com o espaço urbano ............................................................15 O comércio na Idade Média .....................................19 A Arquitetura do Comércio: da Antiguidade até os dias atuais .................................22 3.0 - Projetos de Referência Mercado Central de Atarazanas ..........................35 Feira da Cidade, Ananindeua-PA ..........................37

4.0 - Diagnóstico ............................................................40

Sumário

1.0 - Apresentação Introdução ......................................................................11 Metodologia ...................................................................14

5.0 - Diretrizes Projetuais ................................................65 Programa de necessidades ....................................68 6.0 - O Projeto Partido Conceitual .....................................................72 Implantação ...................................................................75 Planta baixa .................................................................77 Boxes ..............................................................................79 Sistema Estrutural e Fachadas ...........................80 Módulos GLULAM ........................................................81 7.0 Considerações Finais .....................................................87 Bibliografia ....................................................................88


11 Com o surgimento da agricultura, o homem Neolítico viu a oportunidade de estabelecer-se em determinado local, abandonando a vida nômade. Ao invés de caçar sua comida, passou a cultivá-la, plantando sementes e domesticando animais, tornan-

INTRO DUÇÃO

do a oferta de alimentos mais acessível e previsível. Essa transição da caça para a agricultura foi uma das alterações comportamentais mais importantes da história da humanidade, aumentando o crescimento populacional e fazendo surgir as primeiras civilizações. (BENDER, 1975)

A evolução da agricultura deu-se de forma gradual e lenta, com base nos experimentos e passando as experiências entre gerações. De início, a produção servia apenas para a subsistência da família, com o passar do tempo e com mais domínio da ação de plantar e colher, o homem passou a ver sua produção aumentar, e até mesmo haver um excedente. Isso possibilitou a utilização desses bens como moeda de troca, surgindo assim a atividade econômica comercial, o mercado. Na Idade Média, as navegações em novas rotas marítimas, principalmente nas trocas comerciais com o Oriente, fortaleceram a atividade comercial, houve uma variação nos produtos comercializados, antes limitados apenas ao que era produzido localmente. Foi a época das especiarias, como gengibre e pimenta, tecidos como a seda e objetos como o tapete. A partir de então, o modo de vida do mercador não se baseava mais exclusivamente na agricultura, não dependia mais da terra como outrora, mas sim, também, no comércio e no acúmulo de riquezas.


A formação de vilas e cidades se dava no entorno dos pontos de comércio, que geralmente aconteciam nos encontros das rotas comerciais. Muitas civilizações antigas tiveram essa prática do comércio nas suas histórias, cada

INTRO DUÇÃO

uma com sua particularidade. Mas uma coisa em comum permeia dentre todas essas formas de comercializar produtos: o ambiente físico era necessário para a atividade. Segundo Vargas (2001), é preciso lembrar que na grande maioria desses espaços públicos, externos ou internos, acontecia a troca e que esta é uma atividade que nasce com o homem, e que para trocar era preciso acontecer o encontro. Ainda segundo a autora, “é dessa necessidade de encontro que vai nascer o lugar do mercado. Sua origem está, portanto, no ponto de encontro de fluxos de indivíduos.” (VARGAS, 2001, p. XXX). Naturalmente, como não existia lugar pré-definido para a comercialização, os vendedores deviam ir ao encontro do público, onde houvesse a maior concentração de pessoas, geralmente em ambientes onde acontecem as demais atividades sociais: religiosas, políticas e culturais. O modo como esses mercadores organizavam-se no ambiente era favorável à essa sociabilidade. Segundo Vargas (2011), os espaços varejistas do século XVIII apresentam duas características básicas fundamentais: quanto à inserção urbana, por assumirem a verdadeira condição de ser um espaço público e quanto ao tipo de estabelecimento, a loja.

12


13 O formato “loja”, com o contato direto entre o vendedor e o comprador, diante de um pequeno módulo com as mercadorias, facilita a comunicação e quebra quaisquer formalidades que pudessem acometer essa troca. Diferentemente das formas de com-

INTRO DUÇÃO

prar atualmente, diante das prateleiras de supermercados e shopping centers, onde o contato pessoa-pessoa é mínimo e os produtos “vendem-se por si só”. Os comércios que marcaram esse período foram os bazaars árabes, a ágora grega, os mercados, os fóruns romanos, as praças medievais, as feiras e os edifícios de mercados. Caracterizavam-se em sua maioria como feiras-livres, por sua informalidade de organização e por não possuírem necessariamente um espaço físico fixo. São lugares de encontro que proporcionam a satisfação de duas partes, o comprador e o comerciante, além de manter vivo o uso e apropriação do espaço urbano em que se insere. Estimuladoras da economia local, da criatividade e da comunicação, as feiras perderam sua importância, pelo menos em muitas cidades da contemporaneidade, para os supermercados e grandes centros comerciais, que, em sua maioria, isolam o indivíduo e faz perder o senso coletivo e social entre os participantes. Por esse e outros motivos a serem discutidos posteriormente, faz-se necessária a preservação, organização e estímulo à essa prática tão importante para a vida econômica e social das cidades.


14 Para o primeiro capítulo, que irá abordar o surgimento e o contexto histórico do tema até os dias atuais, serão realizadas pesquisas bibliográficas digitais, bem como o uso de bibliografia física. O livro “Espaço terciário: o lugar, a arquitetura e a imagem do comér-

METODO LOGIA

cio” da autora Heliana Comin Vargas (2001) contribui com o embasamento necessário acerca do histórico da atividade comercial, começando pela origem da agricultura, passando pelos mercados antigos, analisando suas estruturas físicas e sua organização dentro da cidade, e chegando até as formas de trocas atuais, evidenciando as mudanças que o comércio sofreu. O livro “Cidades para pessoas”, de autoria de Jan Ghel (2013), ajuda a traçar o conceito que permeia todo o objetivo do projeto, por se tratar de um livro que nos ajuda a pensar a cidade para o usuário, na escala humana. Após o referencial teórico, foi feito um diagnóstico sobre o local escolhido, bem como uma análise econômica e social do município de Ouricuri-PE.

Por fim, a proposta do projeto após avaliar e considerar os apontamentos levantados nos processos anteriores.


REFERENCIAL TEÓRICO

a evolução do

15

comércio

e sua relação com o espaço urbano


2.1 AS ATIVIDADES

COMERCIAIS:

16 Contexto histรณrico e urbano


17 “Na sua configuração, a aldeia já possuía muitas das características que depois iriam marcar as cidades, pois não é o tamanho do aglomerado ou o número de casas que permite distinguir a cidade da aldeia. Estruturalmente, a aldeia tem um nível de complexidade ainda elementar, uma vez que não há quase divisão do trabalho, a não ser entre o trabalho masculino e feminino.” (SPOSITO, 2001; pg. 13)

Pode-se entender, então, que a cidade é diferente do campo pois nele há somente a atividade rural, e a cidade precisa de uma relação social mais complexa, atingida tempos depois, majoritariamente graças ao excedente agrícola das aldeias. Como foi anteriormente mencionado, o homem conseguiu aprimorar suas práticas de cultivo, o que levou à produzir mais alimentos do que consumia, gerando excedentes que precisavam ser consumidos rapidamente.


18 moeda. Em um primeiro momento, os metais utilizados no comércio eram usados “in natura” ou sobre a forma de objetos de adorno como os anéis e braceletes. Foi só mais tarde que o metal passou a ser padronizado para fins comerciais. (ROSSETTI, 1997)


19

o comércio

O comércio foi de grande importância para a formação das cidades e das civilizações. Possibilitou a abertura dos povos às mais diversas tribos, culturas,

na idade média

ideias, técnicas, etc. Contribuiu com para o desenvolvimento de pequenas aldeias à grandes impérios. Na Antiguidade, não existia um ambiente físico propriamente destinado à esta atividade. O comércio acontecia no encontro dos fluxos de pessoas, de forma espontânea. Embora parecesse ser uma atividade em ascensão, o comércio passou por um período de decadência, especialmente no Ocidente. Uma grave crise econômica começou a abalar o Império Romano a partir do


20

século III. Esse fato fez com que a cida- ção fundamental no desenvolvimento das cida-

antes localizada na cidade, volta a se

de deixasse de ser o centro da vida, ocor- des medievais, que passaram a ser o centro ativo

fazer no campo, nos limites do feudo,

rendo, assim, uma ruralização econômica. das trocas. Porém, antes desse apogeu, “o comér-

garantindo que toda organização social

Com o enfraquecimento do Império, suas cio se restringia apenas a encontros e eventos festi-

do novo modo de produção esteja as-

dificuldades militares aumentavam, e en- vos nas aldeias, onde seus habitantes negociavam

sentada na posse de terra” (SPOSITO,

tão, no século V, as invasões bárbaras as poucas coisas que tinham, muitas vezes frutos

2001; p. 27).

contribuíram para que o Império Roma- de pirataria” (FREIRE, 2010; p. 20). Assim, o comér-

O modo de produção feudal fez com

no do Ocidente caísse de vez (BOLETA,

que a economia voltasse quase que

2007). Tal acontecimento marcou o início de um longo período, conhecido como Idade Média, que se estende do século V ao XV. Essa ruralização da economia deu força à implantação do sistema feudal. A economia era basicamente agrícola e de caráter autossuficiente. As relações de

“A consequência mais marcante da queda do Império Romano foi, sem dúvida, a desarticulação da rede urbana. Na medida em que não havia mais um poder político central, as relações interurbanas enfraqueceram-se e em certas áreas desapareceram.” (SPOSITO, 2001; p. 26)

produção ou relações de servidão deste período foram marcadas, sobretudo, cio acontecia, no início, de maneira secundária e rupela subordinação jurídica da maioria po- dimentar. bre dos camponeses, sejam eles livres ou “A terra passou a ser a principal fonte de subsistênescravos, aos senhores feudais. Segundo cia e de condição de riqueza. A produção artesanal, Freire (2010), o comércio teve participa-

exclusivamente à produção agrícola, esvaziando os espaços urbanos, reduzindo as cidades a funções pouco expressivas (SPOSITO, 2001; p.27). Entretanto, um aglomerado com caráter urbano se sobressaiu em meio à desvalorização das cidades, eram os chamados burgos.


21 Os burgos eram pontos fortificados cerca- burgos transformaram-se em pontos de trânsito e

da fabricação de tecidos, outros tipos

dos por muralhas construídos sob ordens de parada para os mercadores e mercadorias.

de produções industriais também so-

dos senhores feudais, e tinham o objetivo Com a reabertura dos postos europeus, antes sob

freram um impulso na produção, como

de servir de abrigo e proteção para eles o controle dos árabes, as relações comerciais se in-

foi o caso da indústria metalúrgica e

e os servos, além de armazenar alimen- tensificaram, resultando em um maior número de

de pedras. Portanto, com a formação

tos e animais.

mercadores dentro dos burgos, fato que ocasionou

de uma nova sociedade, a burguesa,

O processo de renascimento comercial uma ocupação do lado de fora, visto que dentro já

as cidades e a vida urbana e comercial

tem seu início nesses aglomerados urba- estavam lotados, surgindo, assim, muitas cidades.

renasceram, dando início à queda da

nos e decorreu do fato de que mesmo no As cidades formadas “extra-muros”, que era denomi- economia baseada essencialmente na sistema feudal, o comércio ainda aconte- nadas “faubourgs”, funcionavam de forma contrária terra. (PIRENNE, 1982) cia, mesmo de forma restrita. Tal fato foi aos burgos antigos, visto que tinham economia bapossível devido o caráter acolhedor dos seada no comércio e no artesanato, diferentemente burgos, segundo Sposito (2001), “(...) o ca- da economia baseada na posse de terras dos burráter itinerante dos mercadores e os ris- gos feudais. Além disso, essas novas cidades surcos a que estavam expostos, exigiam um giram naqueles lugares em que os mercadores se abrigo. A proteção daqueles homens e reuniam para negociar e passaram a abrigar verdasobretudo de suas mercadorias, pois era deiros mercados abertos (HUBERMAN, 1984). Com a frequente a ocorrência de saques, estava volta do desenvolvimento do ambiente urbano, artedentro da muralha. Os mercadores bus- sãos, de início estabelecidos no campo, passaram a cavam os burgos localizados ao longos emigrar para os centros, onde ocorriam as trocas codos caminhos e dos rios.” Desta forma, os merciais e assim podiam vender seus produtos. Além


22 A ARQUITETURA DO COMÉRCIO:

da Antiguidade até os dias atuais


23 Como já foi dito anteriormente, o comércio não possuía, necessariamente, um local próprio para acontecer,

geralmente

ocorria

onde tinha o maior fluxo de gente. Neste tópico será apresentado algumas das tipologias de comércio praticadas ao longo da História. Para que a atividade comercial aconteça, não é necessário um

tanto, no ponto de encontro de fluxos de indiví-

objetos das populações, mas

espaço especialmente dedicado

duos que traziam seus excedentes de produção

também com o intercâmbio de

à ela, mas sim precisa acontecer

para a troca, normalmente localizados em pon-

culturas, técnicas, experiências. O

o encontro. Encontro de pes-

tos equidistantes dos diversos centros de produ-

mercado, seja qual for a sua for-

soas, de mercadorias, de fluxos,

ção. O fato de serem espaços abertos e púnlicos

ma física, atuou de forma decisiva

de ideias. E para Vargas (2001), “é

imprimia-lhes uma condição de neutralidade ter-

na vida pública das cidades, fun-

dessa necessidade de encontro

ritorial e de segurança no ato da troca.” (VARGAS,

cionando nele além do comércio,

que vai nascer o lugar do merca-

2001; p. 96)

o entretenimento. (VARGAS, 2001)

do”. Ainda segundo a autora,

Esses locais de encontro contribuíram não so-

“A origem do mercado está, por-

mente para o abastecimento de alimentos e


2.2.1. ESPAÇOS VAREJISTAS ANTES DO SÉCULO XIX

24

Segundo Vargas (2001), o comércio, até as últi-

visto como uma religião que se opõe ao progres-

mas décadas do século XVIII, apresentou duas

so econômico, mas, ao mesmo tempo, aceita

características: serem um espaço público e ter

uma diferenciação social. Opõe-se ao lucro pelo

como ambiente a loja, um módulo pequeno des-

lucro, pois prega que o homem, quanto mais po-

tinado à comercializar mercadorias. Três espa-

der tiver, mais responsabilidade terá perante à

ços marcaram esse período: os bazaars árabes, a

sociedade (WEISS, 1998).

ágora grega, os mercados, os fóruns romanos, as praças medievais e as feiras.

Os Bazaars Árabes A localização privilegiada do Oriente Médio, situado entre dois continentes, o tornou um centro comercial muito importante, cidades como Meca e Medina atraíam comerciantes e artesãos, e eram destinos de rotas comerciais, como ilustrado na figura XX. Além disso, um fator importante no que se refere ao desenvolvimento comercial, é a influência que a religião exerce sobre esta atividade (VARGAS 2001). O islamismo, com relação ao ganho material, é

F i g u r a 1 . B a z a a r á r a b e . F O N T E : V a r l e y, J o h n , 1 8 5 0 - 1 9 3 3 .


Os bazaars são os locais onde acontecem o

também. São locais em que diferen-

comércio do mundo árabe. Entretanto, como

tes classes sociais convivem har-

pontua Vargas (2001), não somente merca-

monicamente, onde todos opinam e

dorias são negociadas no bazaar, opiniões

trocam experiências. É o coração da cidade islâmica. (WEISS, 1998) A típica organização desses lugares são milhares de pequenas lojas enfileiradas nas principais áreas de trá-

25 São locais em que diferentes classes sociais convivem harmonicamente, onde todos opinam e trocam experiências. É o coração da cidade islâmica. (WEISS, 1998)

fego. São estreitas e abrem-se para a

F i g u r a 2 . P l a n ta d o G r a n d e B a z a a r , I s ta m b u l . FONTE: Vanilla magazine.

rua. Antigamente, as lojas eram cober-

ros, ceramistas e vendedores de

tas por tendas provisórias, diferente-

pólvora permanecessem na peri-

mente de hoje que arcos e abóbadas

feria (VARGAS, 2001; p. 114).”

oferecem a proteção contra o tem-

Pela imagem, pode-se perceber

po e as intempéries, semelhante aos

a organização setorizada desses

grandes mercados regionais que te-

estabelecimentos, cada cor re-

mos na atualidade (VARGAS, 2001).

presenta um tipo de material co-

Quanto ao tipo de atividade, também

mercializado

havia uma certa ordem, “segundo

local. Isso facilita os fluxos dos

Weiss, era desejável que os profissio-

usuários, visto que o local possui

nais ligados às atividades incômodas

grandes dimensões.

como tintureiros, coureiros, açouguei-

em

determinado


A Ágora Grega

26 Assim como nos bazaars, a ágora faz um papel

A Grécia, apesar de não possuir terras de quali-

de centralidade social, de lugar de encontro. A

dade, tirou proveito da sua localização e foi uma

autora Heliana Comin Vargas (2001) pontua que

das maiores potências comerciais do mundo an-

“a ágora drenava para si toda a atividade do país,

tigo. Lá, as atividades comerciais e de encontro

fosse mercantil ou industrial.” Muitas pessoas se

público aconteciam nas ágoras, que eram gran-

reuniam ali para conversar, além de comprarem

des espaços livres rodeados por edifícios, isola-

e venderem produtos, venda esta que aconte-

da do entorno urbano. Tem formato de U, sendo

cia com os comerciantes gritando e oferecendo

rodeada por colunatas com as lojas.

seus produtos.

F i g u r a 3 . P l a n ta d a á g o r a d e p r i e n e . FONTE: labeca


O Fórum Romano

27

pais, com múltiplas funções.” Lá estavam o prédio do Senado e da Justiça, o comércio se dava no

Vargas (2001) ressalta que, ao contrário dos gre-

lado oposto.

gos e dos árabes, os italianos não possuíam uma

Podemos entender a partir disto, que o forum

localização geográfica privilegiada, possuindo

(fig.05) era uma centralidade urbana composta

apenas dois portos, o de Tarento e o de Nápoles.

por vários prédios religiosos e institucionais, e lá

Tampouco possuía recursos minerais, mas sua

acontecia a maior parte da vida pública, logo, era

terra fértil fez com que os romanos fossem liga-

lá que o comércio estava.

dos à atividade agrícola. Para incluir Roma no comércio internacional, foi construído dois portos, o de Trajano (fig.5) e o de Cláudio, ligados por um canal ao rio Tibre, cujas margens possuíam atividades comerciais, os Fóruns. Os fóruns não tinham, inicialmente, a mesma importância para os romanos como as ágoras tinham para os gregos. Funcionavam mais para estruturar as necessidades da vida social, como comenta Vargas (2001), “combinando atividades comerciais, religiosas e políticas, (...) que adotavam a característica de centros urbanos princi-

F i g u r a 4 . P l a n ta d o f o r u m d e t r a j a n o , r o m a . FONTE: wikipedia.


28

Feiras livres e Praças de Mercado Como comentado anteriormente, o comércio sofreu um enfraquecimento na época da Idade Média, pois a economia do sistema feudal baseava-se na posse de terras e na produção agrícola. Entretanto, cidades fora do continente europeu não passaram, ou sofreram pouco, por essa pausa na atividade comercial. Os mercadores profissionais do Ocidente conseguiam realizar trocas entre as diversas cidadelas (PIRENNE,1982).

aconteceu primeiramente na forma de feiras livres, quando o comércio era mais baseado nos mercadores itinerantes. Essas feiras aconteciam periodicamente e com um raio de ação limitado, juntando mercadores profissionais, com uma grande variedade de produtos dos mais variados lugares. Entretanto, segundo Pirenne (1982), “à medida que os mercadores se tornam sedentários, essas feiras vão decaindo.” A partir daí, os mercados passam a ganhar mais destaque. No período medieval, o mercado fun-

Segundo Vargas (2001), o comércio maríti-

cionava de forma mais frequente, porém, ao con-

mo perdeu sua força e se interiorizou, adquirin-

trário da magnitude das feiras, sua função era

do características mais internas e regionais, e os

basicamente a de trocas de excedentes agríco-

mercadores, de forma itinerante, que eram res-

las, dentro dos burgos. Com o passar do tempo

ponsáveis pela distribuição dos produtos, inician-

e o desenvolvimento da atividade comercial, os

do a atividade comercial no campo.

mercados ganham importância e passam a ope-

Com o surgimento e desenvolvimento da clas-

rar fora dos assentamentos urbanos, geralmente

se burguesa, comentado anteriormente, a eco-

nas margens de uma via de circulação importan-

nomia agrícola passa a dar lugar à indústria, aos

te, ou no encontro de vias, originando as praças

negócios e ao comércio. Comércio este que

de mercado (VARGAS, 2001).


29 F i g u r a 6 . P l a n ta d a p i a z z a d e l p o p o l o , r o m a . FONTE: wikipedia.

F i g u r a 5 . P l a n ta d a p r a รง a s a n m a r c o , v e n e z a . FONTE: wikipedia.


30

2.2.1. ESPAÇOS VAREJISTAS DO SÉCULO XIX ATÉ A ATUALIDADE A partir do século XVIII, o comércio sofre algu-

destacaram no desenvolvimento do comércio

mas mudanças quanto à sua forma física e eco-

foram Londres e Paris, que contaram com gran-

nômica. Segundo Vargas (2001),

des construções para abrigar a atividade. (VARGAS, 2001)

“(...) esse período que começa no final do século XVIII e fecha-se com a chegada do século XX, vai mostrar a atividade comercial não apenas como uma atividade social (preocupação dos Estados e dos governos locais com o abastecimento da população com produtos básicos), mas também como uma atividade econômica fortemente especulativa, lançando mão de todas as estratégias para melhor acumular” (VARGAS, 2001; p. 159)

Agora, o mercado já passa a operar diariamente, sendo o centro de atração para compras de necessidades diárias. Adota, também, novos formatos físicos e novas localidades, além de novos segmentos de produtos. Surgem as galerias, os grandes estabelecimentos, lojas de departamentos, etc. As cidades europeias que mais se

Figura 7. Halles Centrales, Paris, 1867. Fonte: Vergue


31

Como Vargas (2001) pontua, “a lógica desses pe-

tos que causaram uma revolução no processo

ríodos seguintes tem como elemento fundamen-

de compras. Vargas conceitua o supermercado

tal a perda da espontaneidade no ato da troca,

como

passando a troca a ser eficientemente pensada.” Perdeu-se o caráter de espaço público, pois os ambientes ficavam cada vez mais luxuosos, repelindo as camadas mais populares da sociedade, fato que coloca a arquitetura em destaque

“(...) um método operacional, com ênfase sobre o faturamento de mercadorias de baixo valor unitário, a preços baixos, exposição maciça de produtos, com layout para facilitar o movimento rápido de uma grande quantidade de consumidores e atendimento ao cliente realizado pela técnica de self-service.” (VARGAS, 2001; p. 242)

nesta época. Porém, um aspecto ainda permanecia o mesmo: o ambiente ainda era lugar de

Ou seja, as práticas adotadas pelos supermerca-

conversas, experiências, lugar de comer e beber

dos representam o contrário do que os antigos

e se divertir.

pontos de comércio traziam, que era a vivência, a

A partir do século XX, o comércio muda comple-

apropriação e a troca de experiências no espaço.

tamente, seja no seu formato como na sua fun-

Vargas cita Gosling (1976), arquiteto e importan-

ção social. O desenvolvimento de técnicas de

te nome do desenho urbano internacional, que

conservação de alimentos fez com que muitos

destaca importantes itens no funcionamento de

alimentos pudessem ser expostos nas lojas por

um supermercado:

mais tempo, além da padronização de pesos e medidas, facilitando a escolha por parte dos consumidores (VARGAS, 2001). Surgiram os supermercados, estabelecimen-


- O AMPLO USO DE CABINES REFRIGERADAS; - EXPLORAÇÃO DO SELF-SERVICE, DE MATERIAIS

32 e hipermercados “são nada mais do que imen-

DE EMBALAGENS TRANSPARENTES COM INFOR-

sos pavilhões, fechados sobre si mesmos, sem

MAÇÃO; (ELIMINANDO A NECESSIDADE DO VEN-

nenhum interesse arquitetônico. Aliás, a intenção

DEDOR DIRETO)

dos seus empreendedores é a de não desviar a

- USO DE NOVOS OBJETOS COMO PORTA AUTO-

atenção dos consumidores para fora do ato de

MÁTICA, CARRINHOS PARA COMPRAS, CAIXAS

consumo.”

REGISTRADORAS DANDO TROCO, ETC.

Outra tipologia importante e bastante presente

Esses pontos favorecem um distanciamento en-

no cenário atual, são os shopping centers, edifí-

tre o consumidor e o ambiente em que ele se en-

cios de compras, lazer e alimentação juntos. Nos

contra, pela automaticidade das ações, que são

shoppings encontra-se de tudo, a variedade de

favorecidas pelas praticidades encontradas no

produtos supera a dos hipermercados. Entretan-

supermercado, visando sempre a maior rotativi-

to, a lógica de consumo é a mesma: fazer o con-

dade de consumidores.

sumidor comprar mais, porém de forma diferente

Uma ramificação dos supermercados, são os hi-

da dos super e hipermercados.

permercados, que diferem pela sua localização,

Nos shoppings, há uma atmosfera de espaço pú-

geralmente mais periférica, quanto pela varieda-

blico, com vias e praças de encontro para o lazer,

de de produtos, ofertando tanto alimentos como

oferecendo tudo o que o cliente necessita, a fim

produtos eletrodomésticos e vestuário em geral.

de que ele passe mais tempo nas dependências

Esses dois tipos de comércio têm em comum

do edifício. Oferece facilidades para a vida social,

quanto ao seu espaço físico, uma arquitetura po-

recreação, funções cívicas e educacionais. (VAR-

bre, quando comparada a que era utilizada no

GAS, 2001)

século anterior. Segundo Gosling (1976), os super


33 Pode-se perceber que o comércio vai perden-

programada para viver nos grandes condomí-

do o que antes representava na vida pública, sua

nios, transitando em carros particulares, fazendo

função social. O espaço, que antes era público,

do público um ambiente de passagem e não de

hoje é privado e o capital mercantil e imobiliário

vivência e contemplação.

passa a comandar o desenvolvimento das cida-

Diante desse cenário, é necessário que voltemos

des.

a discutir as práticas comerciais de antigamente

Além da arquitetura desses espaços repelir qual-

e adaptá-las à realidade. Voltar a habitar o espa-

quer sentimento de apropriação do espaço, o

ço público é essencial se quisermos garantir a vi-

avanço das tecnologias favorece o comércio vir-

vência das nossas cidades.

tual, ameaçando os espaços físicos. Os shopping

Felizmente, o comércio de rua ainda existe nas

centers tornam-se a forma mais parecida com

cidades, principalmente no interior, e parece ga-

um espaço público, com espaços para interação,

nhar mais força nos dias atuais, pois, segundo

porém fechado e focando no consumo e não na

Vargas, as pessoas vão em busca do inespera-

qualidade de vida e nas relações pessoais.

do. O movimento de pessoas, as bancas posicio-

Tudo isso agrava o fato que atualmente é um

nadas sem nenhum rigor formal, os barulhos, os

grande problema nas cidades, principalmen-

aromas e as cores parecem atrair, novamente, o

te brasileiras, o distanciamento usuário-cidade.

interesse do consumidor, fomentando a discus-

Cada vez menos utiliza-se do espaço público, até

são da importância dessas atividades na atuali-

mesmo as calçadas, que são vias de passagem.

dade.

As relações e os encontros espontâneos estão cada vez mais escassos, diante de uma cidade


3. Projetos de Referência Neste capítulo, serão analisados projetos referenciais de uma forma indireta, utilizando-se de levantamentos gráficos e informações da internet, tendo em vista o não conhecimento in loco dos projetos analisados. A avaliação se deu por meio de desenhos técnicos, fotos e imagens de satélite. Assim foi possível analisar localização, relação com o espaço urbano, fluxos internos e externos e sua relação com o entorno. As análises propostas visam, de alguma forma, contribuir para a definição das diretrizes projetuais do tema proposto. Os peixes autor: j borges. f o n t e : g r a v u r a . a r t. b r / j - b o r g e s - 8 6 7 7

34


3.1 Mercado Central de Atarazanas

35

O Mercado Central de Atarazanas, localizado na cidade de Málaga, foi restaurado em 2010 pelo escritório Aranguren & Gallegos Arquitectos. O antigo edifício, que possui aproximadamente 3.200 m², construído no final do século XIX foi adaptado satisfazendo as necessidades atuais de higiene. O antigo edifício se relaciona de forma harmoniosa com o entorno, pois

F i g u r a 8 . m e r c a d o d e ata r a z a n a s , e s pa n h a . F O N T E : a r c h d a i ly.

são construções de períodos pró-

o entorno onde se encontra. As tendas de feiras fo-

ximos. É localizado na centralidade

ram organizadas de forma ortogonal (figura 12), de

da sua malha viária, proporcionan-

modo a garantir a fluidez dos fluxos internos. Todas

do fluidez nos seus acessos, porém,

as barreiras visuais foram demolidas, a fim de garan-

por ser um edifício antigo, não pos-

tir a melhor visão do espaço interno.

suía estacionamento. A remodelação do mercado buscou satisfazer as necessidades da atualidade, porém respeitando a forma e

F i g u r a 9 . p l a n ta d o m e r c a d o . F O N T E : a r c h d a i ly.


36

A abertura do mercado voltada para as quatro fachadas é um elemento interessante e bastante favorável à permeabilidade da construção, fazendo dele um facilitador de fluxos no entorno. A organização interna também é um ponto a se destacar, pois o usuário possui ampla visão de todo o mercado, facilitando sua movimentação no interior.

F i g u r a 1 2 . m e r c a d o d e ata r a z a n a s , e s pa n h a . F O N T E : a r c h d a i ly.

F i g u r a 1 0 . m e r c a d o d e ata r a z a n a s , espanha . F O N T E : a r c h d a i ly.

F i g u r a 1 1 . m e r c a d o d e ata r a z a n a s , e s pa n h a . F O N T E : a r c h d a i ly.


37

3.2. Feira da Cidade - Ananindeua, Pará

F i g u r a 1 4 . v i s ta i n t e r n a d a c i r c u l a ç ã o . F O N T E : a r c h d a i ly.

A feira tradicional desta cidade do interior do Pará passou por uma grande mudança, recebendo um espaço formal e organizado para suas atividades diárias. A remodelação ficou por conta do escritório Meia Dois Nove Arquitetura e Consultoria, cujos autores foram José Maria Coelho Bassalo e Flávio Campos do Nascimento. O projeto tem 3.127m² de área e foi realizado em 2005.

F i g u r a 1 3 . V i s ta a é r e a d a f e i r a . F O N T E : a r c h d a i ly.

complexo, constituindo-se no ele-

O primeiro desafio dos arquitetos foi

levantamento com os próprios feirantes. Após o pro-

mento de maior importância do con-

a escolha do novo lugar para abri-

cesso de procura, foi definido em um lote trapezoidal

junto arquitetônico como um todo. A

gar a feira, pois um grande proble-

de 3.444,27m², limitados por três avenidas arteriais,

cobertura é uma estrutura indepen-

ma em relação à realocar feirantes é

além de distar apenas 150m da antiga feira.

dente às poucas formas edificadas

a adequação dos mesmos a um lu-

A construção que abriga a nova feira é, em linhas ge-

do pavilhão.

gar diferente. Para isso, procuraram

rais, uma grande tensoestrutura, que conforma um

um terreno o mais próximo possível

pavilhão com área total coberta de 3.127,15 m².

ao local original e contaram com a

Predominantemente isenta de edificações, portanto,

prefeitura do município para fazer o

a estrutura da cobertura tem grande visibilidade no


38 As “tendas cônicas” desempenham,

de Ananindeua em remanejar a “Fei-

além da função primeira de prote-

ra do Quatro”, não objetivou, apenas,

ção ao espaço que cobrem, papel

proporcionar a desobstrução das ruas,

de elemento diferencial na compo-

contribuir para a redução do mercado

sição arquitetônica da feira, e, por

informal e dotar a cidade de um equi-

isso, elevam-se do nível geral das

pamento urbano de eficiente funcio-

coberturas do pavilhão. Internamen-

namento instalado em uma edificação

te, esses elementos marcam o cru-

bem estruturada ao fim que se destina.

zamento dos dois grandes eixos de

Esse é um projeto bastante interessan-

circulação, compondo, com o alto

F i g u r a 1 5 . P l a n ta d e d i s t r i b u i ç ã o d o s b ox e s . F O N T E : a r c h d a i ly.

te, pois parte de um interesse da pre-

biência de uma pequena praça para

se voltam. Os boxes abertos, sobretudo os de ven-

feirantes em um espaço adequado,

descanso no interior do complexo.

das de peixes, localizam-se no centro da feira para

melhorando as condições dos traba-

(ARCHDAILY)

fazer com que a grande circulação de compradores

lhadores e proporcionando aos clientes

Os boxes fechados foram locados

gerada pelas tradicionais altas vendas desse tipo de

e demais habitantes da cidade um es-

de forma periférica, abertos tan-

alimento, beneficiem a comercialização dos demais

paço público de qualidade. A opção da

to para dentro da feira quanto para

produtos. As demais bancas distribuem-se em ilhas,

coberta também é um ponto positivo,

fora desta, possibilitando acesso

agrupadas de forma setorizada, considerando-se a

pois abriram mão da estrutura edifica-

por dentro do pavilhão ou direta-

afinidade entre as naturezas dos produtos negocia-

da e resolveram os fluxos e o conforto

mente das vias para onde também

dos. (ARCHDAILY). A iniciativa da Prefeitura Municipal

ambiental com apenas um elemento.

pé direito que proporcionam, a am-

feitura em reordenar e organizar os


39

4. Diagnรณstico

autor: derlon de almeida f o n t e : h t t p s : // p r e n s a d e b a b e l . c o m . b r / i n d e x . p h p / 2 0 1 8 / 0 5 / 2 4 / a r t i s t a - p e r nambucano-expoe-obras-sobre-astros-e-poesia-em-galeria-no-rj/


40

Figura 17. letreiro em uma das entradas da cidade. FONTE: Blog Do pernambuco.

O início da história da cidade que motiva esse estudo, Ouricuri - PE, segundo o historiador Raul Aquino (1982), é datado no ano de 1839. Oriunda de uma fazenda de gado, suas terras pertenciam a dona Brígida Alencar, possuidora de muitas léguas de terras, que não podendo

cultivá-­ las

sozinha,

resolveu

vendê-­las. Uma parte dessas terras foi adquirida pelo casal João e

Figura 16. Localização do município em relação ao país. FONTE: google maps com edição da autora.

Pernambuco (fig. 16), com área de

Maria Goulart, que se estabelece-

da cidade de Souza, na Paraíba. Chegando, procurou

2.422,88 km², distando 620,6 quilô-

ram ali, denominando-a de Fazenda

a viúva Dona Maria Goulart, comprando da mesma

metros da capital, Pode-se ver que

Tamboril, que hoje constitui-se um

uma posse de terra com o fim de erguer uma igre-

o município do sertão nordestino fica

bairro da cidade. Instalados na pro-

ja para São Sebastião, que passou a ser o padroeiro

próximo à divisa de três estados nor-

priedade, iniciaram o cultivo da terra

da cidade. O padre também mudou a denominação

destinos: Piauí, Ceará e Bahia.

e desenvolveram a criação de gado.

da então vila, de Aricuri para Ouricuri, nome atribuído

(AQUINO, 1982)

a uma palmeira na região, conhecida por uns como

Em 5 de abril de 1841, chegou o Pa-

Aricuri e outros, Ouricuri. (AQUINO, 1982)

dre Francisco Pedro da Silva, vindo

Ouricuri é um município localizado no estado de


F i g u r a 1 8 . M u n i c í p i o e m r e l a ç ã o à c a p i ta i s n o r d e s t i n a s . Fonte: IBGE 2010 com edição da autora.

41

A imagem ao lado foi tirada do mapa do clima no Brasil feita pelo IBGE, 2010. Mostra a localização do município em relação à região e também o clima predominante em cada uma (fig. 18). De acordo com a figura 18, o município situa-se em região de clima semi-árido, com 6 meses secos. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, as chuvas, que costumam ocorrer entre dezembro e abril, são mal distribuídas ao longo do ano. No verão, é quente e chuvoso, com máximas de 32 °C e mínimas bioma Caatinga (fig. 19), marcada por forte presença de arbustos com galhos retorcidos e com raíde 20 °C. No inverno, é ameno, com zes profundas; os arbustos costumam perder, quase que totalmente, as folhas em épocas de seca máximas de 29 °C com mínimas de (propriedade usada para evitar a perda de água por evaporação); 17 °C. Pela manhã, faz sol e é bastan- Ouricuri situa-se na unidade dos Maciços e Serras Baixas, com altitudes entre 300 a 800 metros. te seco e quente, de noite a tempe- Essa unidade ocupa área expressiva nos estados do Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do ratura cai e fica mais agradável.

Norte. É formada por maciços que se caracterizam por relevo pouco acidentado, com solos de alta

A paisagem da região é típica do fertilidade, os quais são bastante aproveitados nas partes mais acessíveis do relevo. (IBGE, 2012)


F i g u r a 2 0 . R e g i ã o d o S e r tã o d o A r a r i p e F O N T E : m i n i s t é r i o d o d e s e n v. a g r á r i o , 2 0 1 5 .

F i g u r a 1 9 . Pa i s a g e m d o b i o m a C a at i n g a . FONTE: senado federal, 2018.

Pode-se perceber pela figura 20, que o município de Ouricuri possui a maior área territorial dentre os outros municípios da microrregião, seguido por Araripina e Exu. Os números constam na figura abaixo:

F i g u r a 2 1 . D a d o s D e m o g r á f i c o s d o s m u n i c í p i o s d o S e r tã o d o A r a r i p e . F O N T E : m i n i s t é r i o d o d e s e n v. a g r á r i o , 2 0 1 5 . c o m e d i ç ã o d a a u t o r a .

42


Possui uma população de aproxi- F i g u r a 2 2 . I n d i c a d o r e s s o c i o e c o n ô m i c o s d o s m u n i c í p i o s d o S e r t ã o d o A r a r i p e . F o n t e : M i n i s t é r i o d o D e s e n v o lv i m e n t o A g r á r i o , 2 0 1 5 , c o m e d i ç ã o d a a u t o r a .

43

madamente 65 mil habitantes, segundo o último censo do IBGE, 2010, e população estimada para 2018 de 68.939 pessoas. Assim, sendo o segundo mais populoso na sua microrregião, ficando atrás apenas de Araripina. No estado, é o 23 mais populoso. Ao observar os dados coletados no censo demográfico 2000 e 2010, nota-se o aumento da popula- e renda. O índice varia de 0 a 1. Quanto mais de 0,754, classificado como Alto (entre 0,700 ção total que passou de 277.163 em próximo de 1, maior o desenvolvimento hu- e 0,799). 2000 para 307.642 em 2010, uma va- mano. Na tabela acima podemos comparar O Índice de Desenvolvimento Humano riação de 11,00%. Com relação à po- o IDHM de Ouricuri com o das outras cidades (IDHM) de Ouricuri é 0,572, em 2010, o que pulação rural, houve uma redução da microrregião. de 6,60%.

o situa na faixa de Desenvolvimento Huma-

Embora tenha havido um crescimento do no Baixo (entre 0,500 e 0,599). A dimensão

O Índice de Desenvolvimento Hu- IDHM entre 2000 e 2010, é um número bas- que mais contribui para o IDHM do município mano Municipal (IDHM), é uma me- tante baixo quando comparado à outras ci- é Longevidade, com índice de 0,773, seguida dida composta de indicadores de dades do estado, como Petrolina, que possui de Renda, com índice de 0,578, e de Educatrês dimensões do desenvolvimen- um índice de 0,697, classificado como Médio ção, com índice de 0,419 (Atlas do Desenvolto humano: longevidade, educação (entre 0,600 e 0,699) e Fortaleza, com indice vimento Urbano no Brasil).


44

O município possui uma malha ro-

O município de Araripina, a 60 km de

doviária privilegiada, sendo corta-

Ouricuri, possui algumas instituições

do pelas rodovias BR-316, que liga

de ensino superior, levando muitos jo-

o Norte ao Nordeste, e BR-122 ro-

vens ouricurienses, que desejam ter

dovia longitudinal que vai do Cea-

uma graduação, a fazerem esse per-

rá até o estado de Minas Gerais (fig.

curso diariamente. Contudo, com obs-

23). Ocupando, assim, posição cen-

táculos financeiros e territoriais, muitos

tral e de destaque na Região de De-

não dão continuidade aos estudos, ini-

senvolvimento do Araripe. A BR-122

ciando a vida profissional logo na ado-

entra na cidade e cruza quase toda a

lescência, muitas vezes no ramo que a

sua área urbana, como pode-se ver na imagem acima, tornando o mu-

Figura 23. Município e sua relação com as rodovias federais. Fonte: Google Maps, com edição da autora.

família já atua. De acordo com o Plano de Desenvol-

nicípio como ponto de parada para

região, a educação na cidade é precária, onde a maioria vimento do Sertão do Araripe, o maior

muitos viajantes que utilizam a ro-

da população tem apenas o ensino fundamental, e não contingente de pessoal ocupado na

dovia. Portanto, nas margens da ro-

seguem para o ensino médio pela urgência que muitas microrregião está circunscrito nas ati-

dovia está a maior concentração de

famílias têm para conseguir emprego e se sustentarem. vidades agropecuárias. Neste senti-

estabelecimentos comerciais e ser-

Famílias com melhores condições financeiras mandam do, a agricultura na região possui uma

viços, como pousadas, lanchonetes,

seus filhos à cidades maiores, como Juazeiro do Nor- grande importância econômica e so-

postos de gasolina e farmácias.

te, Petrolina, ou capitais como Recife e Fortaleza, para cial, na medida em que garante traba-

Embora possua uma grande área e a

cursar o ensino médio e ensino superior. A maioria des- lho e renda para uma alta parcela da

segunda maior população da micror-

ses jovens não retornam à cidade natal após formados. população.


45

Ouricuri destaca-se na região pela

prinovinocultura (caprinos e ovinos).

pecuária, como a criação de bovinos,

Apesar da atividade agropecuária es-

caprinos e suínos, inclusive aconte-

tar diretamente ligada ao sustento de

ce no município a tradicional “Feira

muitas famílias da região, os proble-

do Gado” (fig. 24), onde há a venda

mas enfrentados pelos produtores são

desses animais e atrai produtores de

muitos. A precariedade na infraestru-

toda a região. Pela imagem, pode-se

tura das propriedades é um problema

perceber como é precária a estru-

comum em todos os tipos de cadeias

tura da feira, tanto para os compra-

produtivas, outro grande obstáculo

dores quanto para os animais, que

para a maior produtividade é a escas-

ficam presos em cercas de madeira. Embora tenha uma grande parti-

Figura 24. Feira do Gado em Ouricuri-PE. F o n t e : P o r ta l O u r i c u r i , 2 0 1 9 .

sez de água, que compromete os pastos e o rendimento dos animais. Além

cipação na pecuária da região, não

Segundo dados do IBGE 2003, o território cultivou cultu- disso, há falta de investimentos na

é Ouricuri que detém o número de

ras permanentes, como banana, castanha de caju, coco- área, falta profissionais que usem téc-

maior produtor do setor da agricul-

-da-baía, café, laranja e manga. Os cultivos temporários nicas para melhorar a produtividade e

tura. Segundo o Censo Agropecuá-

principais eram de feijão, milho e mandioca. Ocorrendo equipamentos que modernizem a prá-

rio do IBGE, dados de 2017, quem se

outros menores, como de algodão herbáceo, cana de tica da agropecuária.

destaca na agricultura da região é

açúcar, mamona, arroz, fumo, amendoim, melancia, sor-

Araripina, como uma grande produ-

go, batata-doce, cebola e tomate. As principais cadeias

tora de mel, feijão, mandioca e mi-

produtivas do território são apicultura (mel), mandiocul-

lho.

tura (mandioca), bovinocultura (gado e derivados) e ca-


46

Diante desse cenário limitado, os produtores não atingem um grande número de produção, muito menos obtém qualidade nesses produtos, estando praticamente restritos à subsistência e à comercialização à nível local, como é o caso da tradicional feira da cidade. Diariamente, durante muitos anos, acontece a feira livre do município, que reúne cerca de 70 barracas e comercializa diversos tipos de produtos, desde alimentação a vestuário, passando por utensílios de couro e artesanato. A feira acontece na rua, no centro comercial da cidade, abrangendo duas praças e ocupando toda a rua entre elas (fig. 25). Essa atividade comercial é o sustento de centenas de pessoas, muitas são pequenos produtores que vivem da agricultura, e na feira comercializam seus produtos.

Figura 25. Situação da feira em relação à cidade. Fonte: Google Earth com edição da aluna.


47 Como pode-se ver pela imagem, a feira

por andarem num meio

tável, mas os preços são superiores aos dos feirantes.

acontece em um local central, além de

asfaltado.

Essa atividade comercial acontece tradicionalmente na cidade

ser bastante próxima das duas principais

A feira acontece logo ao

todos os dias, no mesmo local, Praça de Eventos, conhecida

vias da cidade: a BR 122 e a Av. Antônio

lado, e é uma ativida-

popularmente como “Praça da Concha”, por abrigar uma con-

Pedro da Silva, principal avenida de co-

de bastante importante

cha acústica antigamente, até a Praça da Igreja (fig. 27).

mércio da cidade (fig. 26).

para a cidade, todo mun-

Pode-se ver na imagem as barracas dispostas na Praça da

do vai à feira. Não impor-

Concha e ao longo da rua Coronel Anísio Coelho.

ta sua classe social, onde vive ou com o que trabalha, praticamente todos vão à feira. Como trata-se de uma cidade pequena, não posF i g u r a 2 6 . Av. A n t ô n i o P e d r o d a S i lva . Fonte: Google Earth Street View.

sui supermercados que vendem verduras, frutas,

A imagem da avenida aponta um grave

etc, então geralmente

problema do município, que é a falta de

as pessoas compram na

áreas verdes. Além de deixar a paisagem

feira. Existem verdurões,

mais bonita, as árvores seriam de grande

que também têm frutas

ajuda para a diminuição da sensação tér-

e verduras, além de ser

mica, principalmente para os pedestres,

mais cômodo e confor-

F i g u r a 2 7 . Á r e a d e at u a ç ã o d a f e i r a . Fonte: Google Earth com edição da aluna.


48

Além disso, as barracas que ocupam a

prefeitura, uma tentativa de retirar esses feiran-

praça também não possuem nenhuma

tes da rua e ordená-los em outro local já acon-

organização espacial, dispostas desor-

teceu, porém sem sucesso. Os vendedores

denadamente, atrapalhando o fluxo dos

alegaram que o local que a prefeitura destina-

pedestres e impedindo um novo uso da

va para eles era distante do atual, o que aca-

praça.

baria por causar prejuízo. Além disso, por já ser

A problemática não se restringe ape-

tradição o local da feira ser ali, a solução mais

nas aos feirantes, atinge diretamente os

viável seria ordenar os fluxos e organizar as bar-

usuários e também os moradores em ge-

racas para que não comprometa a mobilidade

ral, que têm sua mobilidade comprome-

dos usuários e não usuários.

tida por conta do movimento intenso que

A área que ocorre a feira encontra-se, em sua

a feira provoca. A rua acaba, portanto, di-

maior parte, em uma ZEC, Zona Especial de

vidindo espaço entre feirantes, clien-

Centro, segundo o Plano Diretor do município,

tes, pedestres e veículos motorizados, além do trânsito de carroças, muitas ve-

F i g u r a 2 8 . M o v i m e n ta ç ã o d e p e s s o a s n a f e i r a . Fonte: Acervo pessoal. Ouricuri-PE, 2019.

zes com mercadorias para a feira, como

órgão competente), os feirantes em

mostra a imagem ao lado.

uma condição ruim, com barracas em

Pela imagem, consegue-se observar a

más condições. Além disso, a dispo-

desordem na Rua Cel. Anísio Coelho: um

sição dos alimentos causa uma expo-

espaço compartilhado (sem intervenção

sição inadequada, violando normas

e organização feita corretamente por um

de higiene e saúde básica. Segundo a

Lei N. 28 elaborado em 2006.


49

Para melhor entender o situação urbanística da cidade e o contexto geral em que se encontra a feira, segue uma tabela com as principais zonas do entorno e suas características.

Figura 29. A feira no mapa de zoneamento. Fonte: Plano Diretor do Município, Lei nº 28/2006. Edição da aluna.

A ZEC, segundo o plano diretor, tem como objetivo estimular a requalificação do espaço urbano e a padronização do comércio e serviço local; em virtude da sua configuração, deverá ser desestimulado o processo de verticalização. A feira passa, então, a ser um importante alvo desse objetivo, por ser uma gran-

Ta b e l a 0 1 . D i r e t r i z e s u r b a n í s t i c a s d o z o n e a m e n t o d o e n t o r n o d a á r e a d e e s t u d o . F o n t e : P l a n o D i r e t o r d o M u n i c í p i o , L e i n º 2 8 / 2 0 0 6 ( C a p. I I I , A r t . 9 8 ) . E l a b o r a ç ã o d a aluna.

de parcela do comércio local, favorecendo a intervenção da

A feira, portanto, encontra-se no centro administrativo-financeiro da ci-

mesma. Contudo, pode-se ainda perceber que parte da área

dade, possuindo um grande potencial econômico e social.

de atuação da feira faz parte da área de ZPH, Zona de Preservação Histórica.


50

Por ser um pólo de encontro de pessoas, o uso do espaço pú-

O Coeficiente de Utilização é a relação da área edificada (somando

blico acaba sendo também estimulado, principalmente pelo fato

todos os pavimentos) e a área do lote. Na ZPH, esse índice é igual no

de os usuários percorrerem a feira a pé, geralmente passando

básico e máximo, significando que não pode ser ultrapassado nem

um bom tempo por ali. Por ter uma parte sua zoneada como ZPH,

mediante pagamento à prefeitura (outorga onerosa), o mesmo acon-

vale ressaltar o potencial de atividades e construções tradicio-

tece na ZEC. Na ZEC, a Taxa de Ocupação (TO) é maior, de 80%, fato

nais, além de ser previsto no plano diretor um futuro projeto de

que pode ser explicado pelo uso predominante da zona ser comer-

revitalização da área.

cial, necessitando de menor área livre. SN significa Solo Natural, que

Os índices urbanísticos das zonas são importantes para compa-

é a área livre de edificação, a fim de resguardar a capacidade de in-

rar o que está sendo praticado com o que o Plano Diretor propõe,

filtração da água. O gabarito de ambas as zonas é inferior a 10m, in-

além de nortear projetos futuros. A seguir, uma tabela apresenta

dicando que os planos do município são de manter essas áreas sem

os índices das duas zonas da área de estudo.

verticalização intensa, o que é compreensível, dado o porte das vias e dos usos da região. A fim de aprofundar os estudos da área em questão, foi necessário compreender o relevo em que está inserida, para isso foi elaborado o mapa de estudo de relevo (fig. 30). As linhas variam entre o tom de azul e laranja, sendo os tons claros representantes de curvas de menor altitude e tons quentes, curvas de maior altitude. A mais alta tendo 465m e a mais baixa, 447. Além disso, também foi feito um mapeamento das principais massas verdes existentes no terreno e en-

Ta b e l a 0 2 . Í n d i c e s U r b a n í s t i c o s d a á r e a d e e s t u d o . F o n t e : P l a n o D i r e t o r d o M u n i c í p i o , L e i n º 2 8 / 2 0 0 6 ( C a p. I I I , T a b e l a 0 1 ) . E l a b o ração da aluna.

torno.


51

mais, havendo uma declividade maior. Toda a área analisada carece de arborização, só existe paisagismo na Av. Antônio Pedro da Silva, no canteiro central, e ainda assim é insuficiente para o fornecimento de sombra para os pedestres que nele caminham. No rua da feira, a quantidade de árvores ainda diminui, fazendo com que os pedestres e usuários fiquem expostos ao sol intenso. Para analisar o tipo de adensamento do entorno da feira, foi elaborado o Mapa de Predominância do Uso do Solo por Figura 30. Mapa de relevo e arborização. Fonte: Google Earth com edição da aluna

Quadras (mapa 01), na próxima página, assim pode-se verificar o tipo de ativi-

A partir do mapa, podemos entender em que tipo de relevo e quais desníveis existem no local. dade que acontece em determinadas A curva em vermelho é a parte mais alta, com 465m de altitude, descendo com uma variação quadras e entender as relações que de 1 metro de altura, até chegar na mais baixa, azul, com 447m. Em aproximadamente 800m de existem entre elas e a feira, além disso, extensão, de uma curva à outra, tem-se um desnível de 18m apenas, onde as curvas são bem é possível também analisar as atividaespaçadas, com exceção da área mais próxima à Praça da Igreja, onde as curvas se aproximam des geradoras de fluxos.


Mapa 01. Mapa de predominância do uso do solo por quadras. Fonte: Elaboração própria .

52


Ao analisar o mapa de uso do solo por quadras, compreen-

As edificações encontram-se em um

de-se a predominância do uso comercial no entorno da Av.

estado de conservação precário, po-

Antônio Pedro da Silva e da Praça de Eventos.A praça da

rém ainda pode-se perceber o padrão

“Concha” reúne lojas em geral, serviços, bancos, escolas,

de arquitetura que essa área tinha, com

etc. Ao se aproximar da Praça da Igreja, o uso começa a se

um alinhamento do recuo e do gabarito

diversificar, abrandando-se o comércio e se aproximando

e semelhança nas janelas do primeiro

mais de uma área residencial, que é a área inserida na ZPH.

pavimento, com exceção da edificação

Ainda tem uma quadra predominantemente comercial, po-

destoante, que claramente sofreu inter-

rém são comércios de pequeno porte, geralmente lota-

venções.

dos em uma edificação antiga, como mostrado na imagem

Para entender melhor os fluxos exis-

abaixo:

tentes, foi elaborado um Mapa de Percepção de Fluxos (mapa 02), mediante visita feita no dia 7 de março de 2019, no período de 10 às 12h. Para a realização do mapa foi necessário observar os principais sentidos feito por pedestres, veículos motorizados, carroças, bicicletas e veículos de carga. Bem como a intensidade desses modais por vias.

Figura 31. Comércio de pequeno porte nos arredores da Praça da Igreja. Fonte: Google Earth com edição da aluna.

53


54

Mapa 01. Mapa de percepção de fluxos. Fonte: Elaboração própria .


55

Analisando o mapa, pode se compreen-

intensidade do que nas áreas comerciais.

dendo lanches, servindo como um pequeno

der que há um grande fluxo gerado pela

Na BR-122 e na Av. Antônio Pedro da Sil-

e informal centro de alimentação.

feira e pelos comércios que se encontram

va encontram-se os fluxos mais intensos

A Praça da Concha (fig. 32), como ainda po-

na área da feira, havendo um conflito de

de veículos motorizados (muitos de gran-

de-se ver no mapa, é o ponto de convergên-

modais numa mesma via. A área é mais in-

de porte, como ônibus) e de carga, visto

cia de fluxos daquela área, recebendo quem

tensamente utilizada por pedestres e bici-

que são vias de chegada e saída da cida-

vem do início da feira sentido “Centro” (área

cletas, porém ainda compartilhando a via

de, além de serem mais largas, o que fa-

comercial na avenida) e quem sai da Av. An-

com carros e motos que por ali circulam,

vorece essa intensidade de fluxo.

tonio Pedro da Silva para a feira. Mesmo ten-

causando desconforto e riscos para quem

Com um círculo laranja, no mapa, estão

do a importância de ser uma concentradora

percorre a rua sem veículos motorizados.

destacados os locais em que se obser-

de fluxos na cidade, além de abrigar muitas

Foi constatado que a maioria dos veícu-

vou um ponto comum de estacionamento

barracas de feira, a praça encontra-se atual-

los evitam a rua da feira pela intensa ocu-

para quem vai à feira. Ao lado da Igreja, fi-

mente em um elevado estado de degrada-

pação de pedestres, havendo então uma

cam os carros maiores e ônibus, que trans-

ção.

intensidade reduzida deste modal, que

portam um maior número de pessoas,

optam por ruas paralelas.

geralmente vindas do sítio. Desembarcam

Além disso, percebe-se um padrão de

ali e passam uma certa quantidade de ho-

fluxos de acordo com a tipologia de

ras, até a hora em que as pessoas voltam

usos predominantes naquela quadra, por

e eles embarcam novamente. Pela con-

exemplo, em áreas predominantemen-

centração de pessoas que chegam ali, a

te residenciais, o fluxo de carros e pedes-

praça da Igreja reúne muitos quiosques

tres é predominante, porém em menor

e pequenas bancas de ambulantes ven-


56 e de local de venda. Não possui caráter de praça, não é arborizada e o piso está se soltando, sendo totalmente repulsiva para uma boa caminhabilidade. Essa configuração de informalidade espacial e estrutural se repete ao longo da feira. Não há uma organização física das barracas previamente arranjada, porém, ao realizar as visitas, foi observado que os feirantes organizam-se entre si, formando espécies de setores de produtos ao longo da via.

Figura 32 e 33. Comércio na Praça da Concha. Fonte: Acervo pessoal. Ouricuri-PE, 2019.

Pela imagem pode-se entender a estru-

baixo da barraca, na sombra, pois o sol é

tura das feiras organizadas na praça, com

muito forte. A praça não possui mobiliá-

apenas uma lona como cobertura e os

rio urbano de apoio aos feirantes ou aos

produtos dispostos no chão. As pessoas

pedestres que a utilizam, sendo apenas

ficam praticamente limitadas a ficar em-

um grande vazio que serve de passagem

Figura 34. Produtos dispostos ao longo da rua Cel. Anisio Coelho. Fonte: Acervo pessoal. Ouricuri-PE, 2019.


57

os próprios feirantes transportam, montam e desmontam toda a estrutura.

Não há somente alimentos à venda na feira, setores como vestuário, produtos em couro, ferramentas e utensílios plásticos também estão à disposição, como mostram as imagens abaixo.

Figura 35. Produtos dispostos ao longo da rua Cel. Anisio Coelho. Fonte: Acervo pessoal. Ouricuri-PE, 2019.

Nas imagens pode-se ver que de um lado,

Figura 36 e 37. Produtos dispostos na praça da concha. Fonte: Acervo pessoal. Ouricuri-PE, 2019.

na primeira foto, há 3 barracas lado a lado que comercializam grãos, na segunda

As imagens mostram a variedade de produtos que são comercializados pelos feirantes, na

foto, barracas vizinhas que vendem frutas

Praça da Concha encontram-se os utensílios de plástico e ferramentas, além de barracas de

e verduras. A disposição dos produtos é

roupas e acessórios. Os alimentos são dispostos na rua Cel. Anísio Coelho, concentrando-se

bastante simples, dentro de caixas, apoia-

mais no início da via, sentido Praça da Concha, e ao aproximar-se dela, a variedade vai au-

dos em caixotes de plástico ou pallets de

mentando, começamos a encontrar esses produtos vistos nas imagens acima.

madeira, tudo muito prático também, pois


58

F i g u r a 3 8 . v i s ta g e r a l p r a ç a d a c o n c h a . Fonte: google earth street view.

A imagem acima permite uma melhor visualização da praça, ári-

Foi elaborado um mapa de uso do solo, desta vez por lotes, em uma

da e não convidativa. Vai totalmente contra ao que uma feira livre

escala menor, dividindo os usos presentes: comercial, residencial, mis-

deve promover: conforto ambiental, caminhabilidade, um convi-

to e de serviço. Também foi necessário atentar-se para os acessos às

te à sociabilidade no espaço público.

edificações, dividindo entre acesso de veículo e pedestres. Além dis-

Para viabilizar qualquer tipo de alteração espacial e hierárquica

so, a arborização existente foi mapeada.

na rua Cel. Anísio Coelho (rua da feira) e melhorar as condições

A análise, diferentemente da do mapa de predominância do uso do

dos feirantes, pedestres e demais usuários da via e do seu en-

solo, focou nos lotes do entorno imediato da área de feira. Entender

torno, é necessário estudar a sua estrutura atual, em uma escala

as atividades que ali ocorrem é de extrema importância para identifi-

menor à que havia sendo analisada até agora.

car problemas e buscar soluções práticas que se encaixem na rotina de todos os envolvidos.


59

Mapa 03. Mapa de uso do solo e acessos. Fonte: Elaboração própria .


60 No mapa acima, pode-se ver, quando observada a rua da feira,

vermelho estão marcados os acessos de pedestres, e em azul, veícu-

a predominância da atividade comercial; seja em edificações ex-

los (garagem).

clusivas a esta atividade, seja em edificações de uso misto. Ao

A predominância dos acessos de pedestres é notável, visto que a

aproximar-se da praça da Igreja, o uso residencial vai aumentan-

maioria dos lotes possuem uso comercial ou de serviços. Nos usos

do, diminuindo o uso comercial, o que caracteriza a área como

mistos, predominam pequenos apartamentos no primeiro pavimento,

mais tranquila e menos frequentada do polígono estudado.

sendo apenas 2 edificações dotadas de garagem, as outras mantém o

Por outro lado, quando observa-se os usos sentido centro co-

padrão de possuir um pequeno portão de acesso lateral, de acesso di-

mercial (Praça da Igreja - Av. Antônio Pedro da Silva) pela rua

retamente às escadas. As residências, que se concentram mais à leste

da feira, intensificam-se; o que, se analisado juntamente com o

do espaço estudado, possuem, em sua maioria, garagem, sendo ne-

mapa de percepção de fluxos, justifica a intensa movimentação

cessário o acesso de veículos nas vias em que se encontram.

que a rua recebe. Já ao redor da Praça da Concha, poucas resi-

Percebe-se, também, algumas “fachadas cegas”, onde não se tem

dências foram contabilizadas, comércios e serviços são presen-

acesso nenhum naquela rua, como é o caso da quadra em que loca-

tes em maior número, caracterizando a área como um centro

liza-se uma escola municipal, na rua Cel. Anísio Coelho (rua da feira).

comercial.

Em casos assim, perde-se a vitalidade da via, pois praticamente não se

Os bancos da cidade circundam a Praça, bem como 3 importan-

tem destino ali, sem acesso ficam apenas os muros. Não obstante, as

tes colégios de ensino fundamental e médio. Ao redor da Praça

vias que lateralizam a escola servem de estacionamento para veículos,

também encontra-se pontos de moto-táxi, bastante utilizados no muitos de carga (dos feirantes), que vão à feira ou ao centro. município. Os acessos também foram analisados, pois é importante, antes de qualquer medida de modificação, entender, por exemplo, se o acesso de veículos seria necessário em determinada via. Em


61 Depois de analisar os

Praça da Concha, que foi

mapas até aqui ilustra-

ilustrado em outro mapa

dos, e ver que o pedes-

(Mapa 04) para não com-

tre é o protagonista das

prometer a visualização

ruas da cidade, o corre-

de nenhuma informação.

to seria imaginar que as

O mapa ao lado é exata-

vias são bem arboriza-

mente igual ao anterior,

das, garantindo o con-

apenas com a informação

forto ambiental destes,

dos setores de predomi-

principalmente por se

nância de produtos.

tratar de um município localizado no semi-árido nordestino. Entretanto, o que se vê no mapa de usos e aces-

Mapa 04. Mapa de uso do solo e setorização da feira. Fonte: Elaboração própria.

sos, é que as vias são las, localizadas em frente à residências, o que é levado a pensar que os próprios minimamente arboriza- moradores as plantaram, pelo fato de no restante do passeio não haver mais árvores. das, ou não arboriza- Essa escassez de vegetação não somente deixa o pedestre exposto ao sol, como das completamente. As deixa a cidade mais quente, visto que todas essas vias que estão no mapa são asfalmassas verdes existen- tadas. tes estão, a maioria de- Outro fator analisado foi a setorização das barracas da feira ao longo da via e da


62 Os feirantes não possuem uma organização

Logo no começo da feira, ao lado da Praça

espacial ou setorização definida, porém, ao

da Igreja, há um maior número de barracas

caminhar pela feira, percebe-se uma predomi-

comercializando frutas e verduras, com al-

nância de produtos em determinados pontos.

guns feirantes vendendo grãos, que ficam

Por isso o mapa foi feito por predominância, e

dispostos em sacos no asfalto, como mos-

não com a exatidão dos produtos nesses lo-

trado na imagens ao lado.

cais, podendo haver variação.

Pode-se ver a informalidade e simplicidade da estrutura dessas barracas, bem como, na segunda foto, como elas ficam dispostas próximas à calçada, deixando o meio da via livre para circulação de pessoas, seja à pé ou motorizados. Logo depois, a variedade de produtos vai aumentando, ferramentas, utensilios de plástico e couro são comercializados mais à frente. F i g u r a 3 6 . B a r r a c a s d e f r u ta s e v e r d u r a s . Fonte: Acervo pessoal. Ouricuri-PE, 2019.

F i g u r a 3 7 . B a r r a c a c o m f e r r a m e n ta s e u t e n s í l i o s Fonte: Acervo pessoal. Ouricuri-PE, 2019.


63

Pela foto, pode-se ver que a calçada, logo

des, reservatórios e utensílios de ferro ficam

a maioria das barracas de vestuário,

atrás da barraca, fica livre de objetos, que es-

em cima de uma lona no chão, organizados.

utensílios plásticos e grãos, que ficam

tão todos dispostos na rua. A forma de ex-

Aproximando-se da Praça da Concha, os

dispostos nas margens, quase na via.

posição dos produtos chama a atenção pela

produtos

diversos,

Os grãos são dispostos da mesma for-

sua organização, coleiras e correntes ficam

como produtos de artesanato/couro, rou-

ma que foi observada no início da feira,

penduradas na estrutura de ferro da barraca,

pas, acessórios para celular, roupas e calça-

porém em maior quantidade na Pra-

bem à vista de quem passa na frente. Bal-

dos, estendendo-se até a praça, que detém

ça. As barracas com roupas apostam na

comercializados

são

exposição das peças em cabides e em manequins, e são dispostas sem organização definida na praça.

Figuras 39 e 40. Disposição dos grãos nas margens da Praça. . Fonte: Acervo pessoal. Ouricuri-PE, 2019.

a r t e p o p u l a r b r a s i l . b l o g s p o t. c o m / 2 0 1 1 / 0 1 / j - b o r g e s . h t m l


64 Diante das análises até aqui feitas, constata-se a importância dessa atividade para o município, porém a forma como ela é tratada, com descaso e sem organização, pela prefeitura, prejudica tanto os feirantes e os clientes como os demais moradores e frequentadores cotidianos daquela área. A maior queixa das pessoas, quando questionadas sobre a feira na visita feita no dia 7 de março de 2019, foi a falta de organização do local, com pessoas, carros, motos, animais, todos circulando na mesma via ao mesmo tempo. Muitas pessoas também relataram que evitam circular de carro na rua da feira, por ser muito congestionada, fazendo desvios por ruas paralelas. Portanto, tendo a feira como algo importante tanto economicamente como socialmente, propostas de intervenções devem ser feitas a fim de manter viva essa tradição e atrair cada vez mais pessoas, contribuindo para o uso das vias e espaços públicos de forma saudável e benéfica à todos. flickr.com/photos/galeriadegravura/4168346811

Eu acredito que boa arquitetura não é apenas forma, porque isso é escultura. Boa arquitetura é a interação entre forma e vida. JAN GEHL


65

5.Diretrizes Projetuais Arquitetura é antes de mais nada construção, mas, construção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço

para determinada finalidade e visando a determinada intenção. - Oscar Niemeyer


66

A partir do estudo do diagnóstico, pô- lhadores não gera grandes lucros, servindo para subsistência e comércio à nível local. No Merde-se entender a dinâmica de fun- cado, deve-se prever espaço para o ensino, a fim de desenvolver o potencial agropecuário e cionamento da cidade, socialmente e ampliar a renda das famílias. Com oficinas técnicas para produtores rurais, o rendimento da coeconomicamente.

Constatou-se

que lheita aumentaria, podendo, além de abastecer as famílias e o Mercado, exportar para cidades

sua localização privilegiada, sendo pon- e regiões vizinhas. to de encontro de duas rodovias fede- Como o terreno para a construção do Mercado Municipal, a Praça da Concha, é bastante cenrais, a torna um espaço de parada para tral e está rodeado de atividades comerciais e instituições de ensino, deve-se planejar espaços muitos viajantes. Esse é um potencial que sirvam de apoio à essas atividades. Áreas de circulação e convívio, bem arborizadas e doque pode ser aproveitado com a cons- tadas de mobiliário urbano. trução do Mercado Municipal, que além de concentrar a feira, deve abrigar também um ambiente de lanchonetes e restaurantes de culinária regional, abastecidas com alimentos da produção local. Além disso, a atividade agropecuária está ligada ao sustento de muitas famílias da região, porém, com o clima seco e árido da região aliado à falta de investimentos em maquinário e em técnicas de agricultura, o produto desses traba-


Outro fator essencial para o melhor riamente, porém podendo ser de uso compartiaproveitamento do espaço é que este lhado, respeitando recuos e dimensões mínimas seja permeável. Como foi visto no diag- para que cada modal utilize-a em segurança. nóstico, a Praça da Concha está no meio Para apoio ao Mercado, precisa-se, ainda, prever dos fluxos primários e secundários dos espaços para garantir o seu pleno funcionamento pedestres que ali circulam diariamen- e o seu acesso, como espaços setorizados, quioste, logo, a construção do Mercado não ques projetados, banheiros, áreas para carga e deve atrapalhar isso, e sim dar mais con- descarga, setor administrativo, etc. forto e melhorar a experiência de cami- A retirada dos feirantes da rua para o espaço edinhabilidade do pedestre.

ficado garantirá não apenas melhores condições

Ainda falando em caminhabilidade, viu- de trabalho para estes, como também criará um -se que a rua Coronel Anísio Coelho, rua ambiente mais agradável e convidativo para que aonde acontece a feira, atualmente é outras pessoas possam ir à feira, mantendo essa compartilhada entre feirantes, pedes- tradição. Além disso, a rua Cel. Anísio Coelho, ao tres e veículos motorizados, de forma passar por um redesenho, fará o papel de “recepdesordenada. Faz-se necessária a com- ção” para o Mercado. Será readequada com espapatibilização dessa via de acordo com ços planejados e mobiliário urbano, e aos finais de seus principais usos, adequando-a para semana, deve ser ocupada com fins de entreteniservir de apoio ao Mercado Municipal mento público. a ser construído. Planejar um desenho de rua que pense no pedestre, priorita-

67


5.1 pROGRAMA DE NECESSIDADES O programa de necessidades foi elaborado com base no potencial de dinamização do espaço público que a feira tem. O objetivo da construção do Mercado Municipal é, além de estimular usos existentes, consolidar o sentimento de coletividade e apropriação do entorno. Desenvolver mais ainda a economia local, consolidando a atividade comercial como um ponto forte econômico, cultural e turístico da cidade. Para facilitar o entendimento, a implantação e a correlação dos ambientes, o programa foi dividido em setores, como ilustra a figura a seguir:

Figuras 41. esquema visual de setores. Fonte: elaboração própria.

68


69 Setor Público: setor destinado à servir a população em geral, tanto os usuários do Mercado quanto os do entorno. Espaços livres pensados para servirem de apoio à atividades comerciais e institucionais ao redor da atual praça, dotados de mobiliário urbano e áreas verdes. Setor Cultural: objetiva fomentar atividades educacionais e culturais. Espaço com salas de aula e lazer em geral. Seus ambientes e atividades podem ou não limitar-se ao interior da edificação, espalhando-se, periodicamente, pelo setor público. Setor Comercial: setor que abrigará a função primária do Mercado, a atividade comercial. Onde os feirantes se organizarão em boxes dispostos de forma organizada e dividida em setores. Frutas, verduras, legumes, leite e ovos ficarão na zona úmida, enquanto grãos, artesanato, especiarias, roupas e utensílios, na zona seca. Também deve abrigar a praça de alimentação com restaurantes, lanchonetes, cafés e bares. Setor de Serviços: prédio que acomoda serviços para a população e a parte administrativa do Mercado. Deve receber enfermaria, posto de segurança, salas de administração, caixas eletrônicos e um posto dos correios.


70 ZONA PÚBLICA ZONA CULTURAL

ZONA DE SERVIÇOS

ZONA COMERCIAL

ESPAÇOS

QUANT.

ÁREA UNID.

ÁREA TOTAL

Praça

-

-

-

TOTAL

Salas de aula

2

30

60

Espaço Multiuso

1

60

60

Banheiros

2

20

40

Posto de Saúde

1

20

20

Segurança

1

8

8

Administração

1

20

20

Posto Correios

1

20

20

Espaço Multiuso

1

20

20

Banheiros

2

20

40

Boxes

7

32

224

Restaurantes

2

20

40

Lanchonetes

3

10

30

Banheiros

2

20

40

ta b e l a 0 1 . p r o g r a m a d e n e c e s s i d a d e s ( p r é - d i m e n s i o n a m e n t o ) . fonte: elaboração própria.

160

128

334


6. O Projeto

71


72

6.1 PARTIDO CONCEITUAL

xam seus carros e percorrem as vias caminhando, o olhar inicial não poderia deixar de ser feito pelos trânsitos mais frequentes. A partir dessa premissa, foi observado os fluxos primários (marcados em azul) e fluxos secundários (marcados em vermelho). Os espaços formados quando subtraídos os fluxos (fig. 43) sugerem uma implantação orgânica, aberta e inteligente (fig. 44), respeitando o entorno e o uso atual da praça.

figura 42. fluxos primários e secundários. fonte: elaboração própria.

Antes de pensar em qualquer forma volumétrica para abrigar e apoiar a feira, foi necessário analisar os fluxos existentes sobre a Praça da Concha. A ideia de permeabilização de quadra foi algo que norteou toda a concepção do projeto. Sendo a feira de rua algo apropriado pelo pedestre, pelas pessoas que dei-

figura 43. Glebas entre fluxos. fonte: elaboração própria.


73

simbolismo relacionado às barracas da feira, soltas e livres. Tomando como partido essa implantação, o próximo passo foi setorizar as zonas, como mostra a figura abaixo.

f i g u r a 4 3 . P r i m e i r a i d e i a d e i m p l a n ta ç ã o . fonte: elaboração própria.

A primeira sugestão de implantação, resultada desse estudo de fluxos, garantiu uma boa permeabilidade do terreno, além de suavidade estética e formal para quem vem da rua Cel. Aní-

figura 43. Glebas entre fluxos. fonte: elaboração própria.

sio Coelho, a rua da feira. Além disso, a opção de se utilizar blocos ao invés de uma única edificação dá a intervenção um

figura 44. Legenda de setores fonte: elaboração própria.


74 Para auxiliar na identificação dos seto- sem arbitráriedade, com os setores pensados em res, o esquema visual foi colocado ao servir ao entorno e ao município. Abaixo está o lado. Tendo, assim, dois blocos maiores mapa de predominância de usos por quadra, para como sendo o setor comercial, que abri- ilustrar melhor a relação da implantação com o gará alguns boxes da feira e restauran- entorno. tes. Um setor mais à norte, em laranja, como sendo o setor cultural, pois localiza-se em frente à duas escolas, uma delas municipal, dando apoio à educação e atividades extra classe dessas instituições. Em azul, o setor de serviços. E por fim, em verde, uma área exclusivamente de lazer e permanência para a população, com playground, academia ao ar livre e dotada de mobiliário urbano e vegetação. Sua localização fica próxima da região mais residencial da cidade. Tem-se, então, uma implantação nascida das interações urbanas existentes,

f i g u r a 4 4 . E S Q U E M A D E I M P L A N TA Ç Ã O C O M M A PA D E U S O S . fonte: elaboração própria.


75

6.2. Implantação A implantação foi decidida de forma a alte-

foi necessário implantar faixas elevadas. A praça, portanto, junta-se às vias, formando

rar minimamente o cotidiano das atividades

um grande terreno integrado, com suas funções separadas por elementos como bali-

que ocorrem na praça e no entorno. Como

zadores e vegetação. O paisagismo do terreno foi pensado de forma funcional, guiando

explicado anteriormente, os blocos resul-

o pedestre e criando um microclima na praça, nas áreas que mais precisam de som-

taram das glebas que ficam entre os fluxos

bra. A tabela abaixo contém as espécies utilizadas no paisagismo. Árvores de grande

estudados, trazendo ao pedestre a sensa-

porte predominando nas áreas de permanência, árvores de médio porte fazendo a de-

ção de que a praça ainda o pertence e as

limitação praça-via , como a Aroeira, e marcando as principais entradas da praça, o Ipê-

construções ali presente respeitam seu tra-

-Amarelo. Para preencher e garantir o conforto ambiental do pedestre em pontos mais

jeto natural. Os volumes têm suas principais

isolados da praça, foi escolhido o Pau Branco, que também faz a arborização do entor-

aberturas voltadas para o fluxo proveniente

no. Para funcionar como marcos visuais, a escolha foi a palmeira Carnaúba.

da rua Cel. Anísio Coelho (rua da feira), tornando a mudança de paisagem esteticamente mais “suave” para o pedestre. O desenho gerado pelos fluxos gerou formas interessantes, que acabaram sendo marcadas por diferentes cores nos revestimentos do piso. As alterações feitas no entorno consistem da elevação do nível do leito carroçável para o nível da praça, de 10cm, tornando um único nível. Assim, nos 5 acessos para a praça,

ta b e l a 0 2 . q u a d r o d e e s p é c i e s . fonte: elaboração própria.


N

PLANTA DE IMPLANTA ÇÃO HUMANZA DA ESCALA: 1/500


77

6.3. Planta baixa Após decidir onde ficarão locados os

Nos blocos adjacentes, salas de aula e biblioteca que estarão à dis-

blocos, foi necessário distribuir os am-

posição da população. Para consolidar a praça como um novo cen-

bientes previamente apontados no pro-

tro cívico para a cidade, o bloco de serviços conta com um posto

grama de necessidades. Nos blocos

dos correios e enfermaria. Na página seguinte, uma humanização da

principais, ficam os boxes de feira, que

planta baixa ajuda a ilustrar melhor o funcionamento do complexo.

comercializarão produtos alimentícios.

Logo depois as pranchas técnicas vêm em anexo, contendo as infor-

Foram distribuídos de forma que os flu-

mações necessárias para um melhor entendimento do projeto arqui-

xos internos não fiquem obstruídos, mas

tetônico e urbanístico.

sem a rigorosa distribuição de um mercado. Os acessos principais de cada bloco estão livres, tendo vegetação apenas nas laterais para garantir sombreamento e conforto ambiental, além de visual paisagístico. Nos blocos principais da feira, há um mezanino, que abrigará dois restaurantes fixos, para preparos um pouco mais complexos e elaborados que nos boxes do bloco gastronômico, os quais servirão comidas prontas ou com preparos simples.


N

PLANTA BAIXA HUMANIZA DA DO COMPLEXO ESCALA: 1/500

ta b e l a 0 2 . q u a d r o d e e s p é c i e s . fonte: elaboração própria.


79

6.4. Boxes Espaços destinados à venda de produtos,

Será um total de 48 boxes de feira, com 4 módulos retangulares e 8 quadrados, buscan-

foi projetado a partir de 2 módulos, um de

do atender à demanda de comerciantes do setor alimentício.

base quadrada: 4x4 metros; e outro de base retangular: 8x4 metros. Ambos com 3m de

No bloco gastronômico, os módulos continuam os mesmos, porém a divisão se alte-

altura, possueindo, também, divisórias em

ra, pois serão destinados à preparação e venda de alimentos. Os dois blocos retangu-

madeira compensada, com tamanhos va-

lares existentes não terão divisórias, abrigarão restaurantes, e os 3 blocos quadrados,

riados para os boxes. No módulo de base

serão divididos em dois, com quiosques ou lanchonetes, para venda de comidas pron-

quadrada, as divisórias dão forma à 4 boxes

tas, dando um total de 8 estabelecimentos de alimentação.

iguais de 2x2m, sendo destinados à feirantes com menor mercadoria, porém a divisória é removível, caso necessário. O módulo maior possui duas variações de divisórias, formando três tamanhos diferentes de boxes. Em ambos os casos, o feirante pode ocupar somente um ou todos os espaços do box, dependendo da sua necessidade. Os espaços foram pensados de acordo com a mercadoria já exposta na feira atualmente. Possuem estrutura em perfis de aço com fechamentos em esquadrias de madeira tipo camarão. figura 46. isometria expandida do box. fonte: elaboração própria.

f i g u r a 4 7 . p e r s p e c t i va d o b ox . ( m ó d u l o r e ta n g u l a r ) fonte: elaboração própria.


6.5. Sistema estrutural e fachada

80

A estrutura escolhida para abrigar a feira foi o

Os pilares tem dimensões de 30x30cm, distrubuídos de forma ortogonal, distanto entre

sistema pilar-viga de concreto e lajes nervu-

5,60 e 6 metros uns dos outros.

radas. Essa escolha é simples e prioriza mé-

A coberta adotada no projeto foi uma laje nervurada que envolve toda a área do merca-

todos construtivos já utilizados no local, não

do. Nas fachadas, foram utilizadas telas metálicas do tipo Screen Panel em aço corten.

necessitando de mão de obra especializa-

Esse elemento é fixado diretamente na estrutura em suportes metálicos. Sobre a placa

da; além de se utilizar de materiais também

de aço, módulos de madeira laminada colada foram fixados, criando uma movimenta-

de fácil acesso, barateando a construção da

ção por toda a extensão da fachada do bloco gastronômico.

estrutura. A opção escolhida permite uma estrutura fácil de construir, porém resulta em uma pobre solução estética, sendo necessário adicionar elementos de fachada que criem algum efeito estético no complexo.

figura 48. perspectiva fachadas. fonte: elaboração própria.


6.6. Módulos GLULAM Como elementos de fachada e de forro,

81

x

0,30m

0,57m

1,15m

dando cores e beleza às formas simples

0,70m

A

0,55m

B

e básicas da estrutura de concreto, foram colocados módulos de madeira laminada

x

colada de formas e cores variadas. O efeito plástico resultante é um movimento por

0,70m

0,80m

1,60m

todo o forro do bloco principal da feira. São 4 modelos de desenhos, variando suas cores, dimensões e curvas. Ao lado, um desenho esquematico dos modelos de módulos com suas dimensões. A medida X é variável, a depender da largura

x 0,45m

0,85m

0,60m

C

0,40m

D

da laje em que estiver fixada.

x 0,40m

0,90m

f i g u r a 4 9 . d e t. f i x a ç ã o m ó d u l o . fonte: elaboração própria f i g u r a 5 0 . d e s e n h o e s q u e m át i c o d o s m ó d u l o s . fonte: elaboração própria.


82 CORTE AA

CORTE BB

0

7

14M

0

7

14M






87 Considerações finais O comércio é uma atividade que esteve presente por toda a história da humanidade, gerando novos caminhos, comunicações, trocas de experiências e de culturas. Motivou descobertas de lugares, produtos, formas de cultivo. Foi palco de grandes discussões, centro de debates, rodas de conversas. A sociabilidade que as feiras trazem ao ambiente que está inserida é inegável, e em tempos de caixas de autoatendimento, prateleiras iluminadas e bem organizadas, um pouco de desordem e espontaneidade é bem vindo. Os feirantes de Ouricuri, como ilustrado nas imagens, se viram como podem, dão conta do transporte dos produtos e da estrutura das suas barracas, bem como das “vitrines” e do marketing. A simplicidade com que tudo acontece gera conforto e intimidade à todos os usuários, seja do mais rico ao mais pobre. A feira é lugar para todos. É importante que se mantenha essa atividade, dando aos feirantes uma maior dignidade e conforto para trabalhar, e aos usuários, uma experiência mais convidativa, para a feira não ser somente o ponto de comércio, e sim de encontro e permanência. O projeto buscou abrigar e apoiar a feira e servir de catalisador para a vivência do espaço público, além de propor uma arquitetura que contribua positivamente no espaço urbano da cidade de Ouricuri.


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