Contos especiais ANDERSEN & OUTROS
ILUSTRAÇÕES MARIANA MO NG
SONHOS
Contos especiais
Contos especiais ANDERSEN & OUTROS
ILUSTRAÇÕES MARIANA MO NG
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Copyright desta edição © 2020: Mariana Mo Ng. tel (21) 96893-3894 | mong.mariana@gmail.com Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação no seu todo ou em parte, constitui a violação de direitos autorais. (Lei 9.610/98) Projeto gráfico de capa e miolo: Mariana Mo Ng Ilustrações: Mariana Mo Ng Diagramação: Mariana Mo Ng Andersen, Hans Christian Contos Especiais, de Andersen & outros / Hans Christian Andersen; inclui ilustrações próprias de Mariana Mo Ng. - Rio de Janeiro, 2020. 64 p. : il. p&b. Projeto Editorial de livro impresso e online – Escola Superior de Propaganda e Marketing, Curso de Design, Rio de Janeiro, 2020. ISBN: 978-85-00000-01-0 1. A Pequena Vendedora de Fósforos. 2. Chang’e: A Dama da Lua.
Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM
Para aqueles que amam conhecer mundos atravĂŠs da leitura
Sumário 1.
A Pequena vendedora de fósforos um conto dinamarnês
2.
Chang’ e: A Dama da Lua um conto chinês
3.
Momotarō: O menino do pêssego gigante um conto japonês
4.
O Lago dos Cisnes um conto russo Glossário Referências
Sobre os autores Hans Christian Andersen, nascido em 2 de abril de 1805 em Odense, Dinamarca, foi um escritor e poeta que marcou a literatura juvenil com seus contos de fadas. Uma de suas obras mais famosas é A Pequena Vendedora de Fósforos – publicado pela primeira vez em 1845. Andersen faleceu em 4 de agosto de 1875, em decorrência de sua saúde já abalada devido a um ferimento que sofrera ao cair da sua própria cama no final de 1872. Chang’e, A Dama da Lua, é uma lenda antiga da mitologia chinesa sobre o festival da colheita que é celebrado em meados de outono na China. Com mais de 2.000 anos de tradição, as suas origens datam desde a dinastia Tang (618-907), período marcado pelo florescimento cultural da sociedade imperial chinesa. A primeira menção escrita sobre Chang’e vem do romance, Viagem para o Oeste, de Wu Cheng’en – renomado escritor e poeta chinês da Dinastia Ming (1368-1644). Wu nasceu em 1500 e faleceu entre 1580
na província de Jiangsu, China. Momotarō, O menino do pêssego gigante, é um conto do folclore japonês proveniente da província de Okayama. A primeira menção escrita sobre Momotaro vem dos primeiros grupos de textos do período Edo (1603-1868). Seguindo a tradição oral, entretanto, o conto do Menino Pêssego data para muito antes de Edo, com suas origens girando em torno da Ilha de Megijima – a lendária ilha Onigashima da história. O Lago dos Cisnes, é um conto de balé russo, inspirado da peça de balé do mesmo nome, por Pyotr llyich Tchaikovsky – compositor russo do período romântico, nascido em 7 de maio de 1840 em Votkinsk, uma pequena cidade do Império Russo. Ele foi o primeiro compositor cuja a música deixou uma impressão duradoura internacionalmente. Tchaikovsky faleceu de cólera em 1893.
1.
A Pequena vendedora de fĂłsforos um conto dinamarquĂŞs
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Fazia um frio terrível. Caía a neve e es-
tava quase escuro. A noite descia: a última noite do ano. Em meio ao frio e à escuridão, uma pobre menininha, de pés no chão e cabeça descoberta, caminhava pelas ruas. Quando saiu de casa, trazia chinelos, mas de nada adiantaram. Eram chinelos tão grandes para os seus pequenos pezinhos. Eram os antigos chinelos de sua mãe. A menininha os perdera quando escorregou na estrada, onde duas carruagens passaram terrivelmente depressa, sacolejando para lá e para cá. Um dos chinelos não mais foi encontrado, e um menino havia se apoderado do outro e fugira correndo. Depois disso, a menininha caminhou de pés nus – já vermelhos e roxos de frio. 20
A PEQUENA VENDEDORA DE FÓSFOROS
Dentro de um velho avental, carregava alguns fósforos consigo, e um feixinho deles na mão. Ninguém lhe comprara nenhum naquele dia frio do inverno, e ela não ganhara sequer um níquel. Tremendo de frio e fome, lá ia quase de rastos a pobre menina, verdadeira imagem da miséria! Os flocos de neve lhe cobriam os longos cabelos, que lhe caíam sobre o pescoço em lindos cachos, mas agora, ela não pensava nisso. Luzes brilhavam em todas as janelas, e enchia o ar um delicioso cheiro de ganso assado, pois era véspera de Ano-Novo. Sim: nisso ela pensava! Numa esquina formada por duas casas, uma das quais avançava mais que a outra, a menininha encostou-se na parede e ficou sentada; levantara os pés, mas sentia um frio ainda maior. Não ousava voltar para casa sem vender sequer um fósforo e, portanto sem levar um único tostão. 21
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O pai, naturalmente, caso não vendesse nada, a espancaria e, além disso, em casa fazia frio, pois nada tinham como abrigo, exceto um telhado onde o vento assobiava através das frinchas maiores, tapadas com palha e trapos. Suas mãozinhas estavam duras de tanto frio que sentia. Ah! bem que um fósforo lhe faria bem, se ela pudesse tirar só um do embrulho, riscá-lo na parede e aquecer as suas pequenas e pobres mãos à sua luz! Tirou um: trec! O fósforo lançou faíscas, vermelhas e laranjas, e acendeu-se. Era uma cálida chama luminosa. Parecia uma vela pequenina quando ela o abrigou na mão em concha... Que luz maravilhosa! Com aquela chama acesa, a menininha imaginava que estava sentada diante de um grande fogão polido, com lustrosa base de cobre, assim como a coifa. Como o fogo ardia! Como era tão confortável e caloroso! 22
A PEQUENA VENDEDORA DE FÓSFOROS
Mas a pequenina chama se apagou, o fogão desapareceu, e ficaram-lhe na mão apenas os restos do fósforo queimado. Riscou um segundo fósforo. Ele ardeu, e quando a sua luz caiu em cheio na parede, ela se tornou transparente como um véu de gaze, e a menininha pôde enxergar a sala do outro lado. Na mesa se estendia uma toalha branca como a neve, e sobre ela, havia um brilhante e delicioso serviço de jantar. O ganso assado fumegava maravilhosamente, recheado de maçãs e ameixas pretas. Ainda mais maravilhoso era ver o ganso saltar da travessa e sair bamboleando em sua direção, com a faca e o garfo espetados no peito! Então o fósforo se apagou, deixando à sua frente apenas a parede áspera, úmida, fria e acinzentada. Acendeu outro fósforo, e se viu sentada debaixo de uma linda árvore de Natal. Era maior e mais enfeitada do que a árvore que tinha visto pela porta de vidro do rico negociante. Milhares de ve23
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las ardiam nos verdes ramos, e cartões coloridos, iguais aos que se vêem nas papelarias, estavam voltados para ela. A menininha esticou a mão para os cartões, mas nisso o fósforo apagou-se. As luzes do Natal subiam mais altas. Ela as via como se fossem estrelas no céu: uma delas caiu, formando um longo rastilho de fogo. “Alguém está morrendo” — pensou a menininha, pois sua vovozinha, a única pessoa que amara e que agora estava morta, lhe dissera que quando uma estrela caia, uma alma subia para Deus. Ela riscou outro fósforo na parede. Ele se acendeu e, à sua luz, a querida avozinha da menina apareceu clara e luminosa, muito linda e terna. — Vovó! — exclamou a criança com alegria nos olhos. — Oh! leva-me contigo! Sei que desaparecerás quando o fósforo se apagar! Dissipar-te-ás, como as cálidas chamas do fogo, a comida fumegante e a grande e maravilhosa árvore de Natal! 24
A PEQUENA VENDEDORA DE FÓSFOROS
E rapidamente acendeu todo o feixe de fósforos, pois queria reter diante da vista sua querida vovó. E os fósforos brilhavam com tanto fulgor que iluminavam mais que a luz do dia. Sua avó nunca lhe parecera grande e tão bela. Tomou a menininha nos braços, e ambas voaram em luminosidade e alegria acima da terra, subindo cada vez mais alto para onde não havia frio nem fome nem preocupações – subindo para Deus. Mas na esquina das duas casas, encostada na fria e cinzenta parede, ficou sentada a pobre menininha de rosadas faces e boca sorridente, que a morte enregelara na derradeira noite do ano velho. O sol do novo ano se levantou sobre um pequeno corpo. A criança lá ficou, paralisada, um feixe inteiro de fósforos queimados. — Queria aquecer-se — diziam os passantes. Porém, ninguém imaginava como era belo o que estavam vendo, nem a glória para onde ela se fora com a avó e a felicidade que sentia no dia do Ano Novo. 25
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2.
Chang’ e: A Dama da Lua um conto chinês
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Há muito, muito tempo, no reino do
céu, havia um casal de imortais muito famoso pela sua beleza e habilidades. A jovem, chamada de Chang’e, era bela e gentil. O jovem, Houyi, possuía habilidades lendárias com o arco. Um dia, os dez filhos do Imperador de Jade se transformaram em dez sóis, fazendo com que a Terra queimasse. Calamidade e miséria reinou sobre a Terra desde então. O Imperador de Jade tentou fervorosamente impedir que seus filhos causassem mais destruição no mundo mortal. Mas nada funcionava. Logo, havendo falhado em parar os seus filhos de destruírem a Terra, o Imperador de Jade chamou Houyi para obter ajuda. E assim... 30
CHANG’E: A DAMA DA LUA
Usando suas lendárias habilidades de arco e flecha, Houyi abateu nove dos dez filhos, poupando a vida de apenas um para ser o Sol na Terra. O Imperador de Jade, claramente, não gostou da solução dado por Houyi. Afinal, nove dos seus dez filhos estavam mortos. Como punição, o Imperador do céu condenou Houyi e sua esposa Chang’e, a uma vida mortal na Terra. Uma vida efêmera, de envelhecimento e morte foi assim dado. Com o tempo, Chang’e ficava cada vez mais miserável com a sua vida como uma mortal, presa ao fardo de seguir com o ciclo da vida. Assim, Houyi decidiu fazer uma longa e perigosa jornada para encontrar o elixir da imortalidade para que ele e sua esposa pudessem se tornar imortais novamente. E assim... O tempo passou, e no final de sua jornada, Houyi conheceu a Rainha Mãe do Oeste – a deusa da prosperidade, longevidade e felicidade eterna, que comovida 31
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com a história do casal, concordou em lhe dar o elixir. Mas um aviso fora dado pela deusa. — “Cada um deve tomar apenas uma metade da pílula para se tornar imortal.” — as palavras ditas ecoaram pelo grande hall. E assim... Houyi, com um coração penoso mas de todo, satisfeito, regressa para a sua esposa com o elixir da imortalidade seguramente em mãos. Ao chegar em casa, Houyi querendo surpreender sua amada, guarda o delicado frasco de cristal em uma caixa para lhe presentear mais tarde. Mas como todo enredo de uma grande narrativa, a roda do destino já havera reivindicado o final deste conto. Apenas um toque de curiosidade e inocência fora o desencadear para o desfecho desta antiga e admirada história. Sim, caro leitor... Chang’e encontra a caixa. E assim... 32
CHANG’E: A DAMA DA LUA
Tomado pela inocente curiosidade, talvez pelo espírito aventureiro e pela intriga do desconhecido, Chang’e abre a caixa e encontra o belo frasco de cristal com a pílula da eterna longevidade seguramente protegida em seu interior. Em mãos, a pequena pílula era bela como o frasco que a guardava. Mas como todo o narrar de uma história, o tempo era impiedoso. De fato. Fora neste momento, que seu marido, dedicado e corajoso Houyi, retorna para a casa depois de um dia longo de preparação para surpreender sua amada. E assim... O conto começa a chegar ao seu fim... Nervosa por Houyi pegá-la abrindo a caixa e descobrindo o raro tesouro dentro dela, doce e trágica Chang’e reage da forma mais lamentável possível. Ela esconde a preciosa pílula na boca! E como todo o narrar de um pesaroso drama, a bela e inocente Chang’e acaba acidentalmente engolindo a pílula da eterna vida por inteira. 33
CONTOS ESPECIAIS
Ah... como o destino adora fazer graças à nós, pobres mortais! E ainda assim... O mais inesperado acontece. Chang’e percebe que ela está flutuando, subindo em direção ao céu! Houyi, desolado, nada consegue fazer para salvar a sua esposa. Quisera ele atirar uma flecha para impedi-la de voar para o céu mas seu amor e medo venceu sobre o tolo ato de sua pobre esposa. E então... Ele não suportou apontar a flecha para ela. E assim, Chang’e continuou a subir, subir e subir... até pousar na lua. E assim, finalmente por fim... O final chegou. E um conto novo cresceu. O trágico e belo conto da celebrada Dama da Lua. O conto de uma donzela que ascendeu a lua e de seu marido mortal na Terra. Muitos dizem que em toda a estação, quando a lua está na sua fase mais cheia e bela, a silhueta de uma jovem imortal 34
CHANG’E: A DAMA DA LUA
pode ser vista em sua face. E para o conforto do seu amante na Terra, a jovem moça, pelo nome de Chang’e, não estava sozinha. Ao seu lado, ela tinha a companhia de um pequeno coelho que fabricava elixires em seu pilão celestial. Muitas versões foram contadas. Mas todas elas tinham um único ponto em comum. Sim... O amor de duas almas que transcendera o passar da história. De uma jovem que se tornara a Deusa da Lua e de um jovem mortal cujo passado glorioso não passa mais do que uma velha lembrança guardada em um antigo baú esquecido pelo tempo.
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MomotarĹ?: O menino do pĂŞssego gigante um conto japonĂŞs
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Há muito, muito tempo, em uma vila
distante, vivia um casal de simpáticos velhinhos. Num certo dia, o velhinho colhia gravetos de madeira na montanha e a velhinha lavava roupas no riacho. Enquanto esfregava as roupas, ela viu um pêssego enorme flutuando no rio e, com alguma dificuldade, conseguiu alcançá-lo. Ela carregou o pêssego para casa, parando diversas vezes no caminho para descansar. O velhinho chegou em casa no final da tarde e ficou surpreso mas contente quando viu a enorme fruta. — Que lindo pêssego, parece muito delicioso! — disse o velhinho. Quando se preparavam para fatiá-lo, o pêssego se mexeu. — Está vivo, está vivo! — disse a velhinha surpresa ao ver a fruta balançando para cá e para lá. De repente, um pequeno menino saiu 40
MOMOTARŌ: O MENINO DO PÊSSEGO GIGANTE
de dentro. Estarrecidos, os dois ficaram olhando e examinando. Como não tinham filhos, eles ficaram muito contentes e resolveram adotar o pequeno menino. Decidiram então, que seu nome seria Momotarō. O pequeno bebê que viera de um pêssego gigante. E assim... O tempo passou e, quanto mais Momotarō crescia, mais saudável ficava. Numa certa noite, ele ouviu conversas sobre os Onis, monstros que atacavam as aldeias, saqueavam tudo de valor que viam pela frente e assustavam os moradores locais, causando caos e tristezas. Ele ficou tão bravo que tomou uma decisão: iria à Ilha dos Onis, dos demônios, para combatê-los e proteger sua aldeia. A princípio, seus pais ficaram muito assustados, mas gostaram de ver a coragem do seu querido filho. Apesar do medo que sentiam, os velhinhos prepararam diversos bolinhos, deliciosos kibidangos, para Momotarō levar na viagem. 41
CONTOS ESPECIAIS
Na manhã seguinte, Momotarō partiu, levando consigo os kibidangos. No caminho de sua jornada, ele encontrou um cachorro. — Momotarō-san, Momotarō-san, por favor, dê-me um bolinho e eu irei com você enfrentar os Onis. — disse o cachorro em tom alegre. Momotarō deu-lhe um kibidango e o cachorro partiu com ele. Mais adiante, encontraram um macaco. — Momotarō-san, Momotarō-san, o que você leva neste saquinho? — perguntou o macaco sentado na árvore. — São kibidangos, os deliciosos bolinhos, os melhores do Japão! — respondeu o menino com um tom cheio de orgulho pelos doces feitos por seus pais. — Pode me dar um? Assim eu irei com vocês! — pediu o macaco. E assim foi feito. Momotarō, o cachorro e o macaco seguiram o caminho juntos e, mais à frente, viram um faisão. Ele também pediu os deliciosos bolinhos e assim, um kibidango lhe foi dado. 42
MOMOTARŌ: O MENINO DO PÊSSEGO GIGANTE
E então... Seguiram os quatro. Após uma longa jornada eles chegaram ao mar. Remaram e remaram, enquanto o faisão voava e indicava o caminho no alto, pois o céu estava escuro e coberto de nuvens. Sinal de tempestades ruins estavam por vir. Quando finalmente chegaram à ilha dos Onis, tudo parecia assustador e tenebroso para os quatro aventureiros. Os portões do castelo eram grandes e escuros, havia névoa e o dia estava escuro. Parecia que teria uma tempestade. O macaco, com toda sua agilidade, escalou o alto portão e o destrancou por dentro. Todos entraram no castelo e deram de cara com os horrendos Onis, que se levantaram e encararam os quatro. — Sou Momotarō e vim enfrentá-lo! — declarou o menino. Travou-se então uma grande luta. O faisão voava e, com seu bico afiado, feria os inimigos. O cachorro corria em volta dos Onis e lutava com dentadas, 43
CONTOS ESPECIAIS
enquanto o macaco utilizava suas unhas. Finalmente, após muito tempo de árdua luta, Momotarō e seus companheiros derrotaram os Onis. — Nunca mais vamos invadir as aldeias e prejudicar a vida dos moradores, nós prometemos. Por favor, poupe nossas vidas! — disse o chefe dos Onis. Compreensivo e bondoso, Momotarō perdoou os Onis. Em troca, o chefe ofereceu-lhe os tesouros que eles vinham roubando das aldeias. Eram moedas de ouro, pedras preciosas e outros objetos de grande valor. E então, Momotarō retornou para casa. Quando seus pais o viram, não puderam acreditar. Seu precioso menino estava salvo. Ele estava acompanhado de novos amigos, e trazia consigo um enorme tesouro que foi dividido entre todos os moradores da aldeia. E assim... A lenda do menino pêssego, herói dos indefesos, amigo dos animais, e protetor 44
MOMOTARŌ: O MENINO DO PÊSSEGO GIGANTE
das aldeias, nasceu. A lenda de Momotarō.
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O Lago dos Cisnes um conto russo
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Há muito, muito tempo, em uma terra
distante, onde a magia reinava... Vivia uma princesa. O sorriso da doce princesa Odette era a alegria do seu reino. Todos no reino inteiro eram completamente apaixonados pela bela e gentil princesa. A cada dia que passava, a moça ficava ainda mais bela. Como uma rosa. Um dia apareceu no castelo um homem que implorou ao rei a mão de sua filha. Dizia que tinha muitas terras. Muito dinheiro, e que ninguém faria a princesa mais feliz. O rei, no entanto, negou a mão da jovem para o homem. O homem então, muito a contra gosto, foi embora. Mas o que ele não havia dito é que ele era um poderoso feiticeiro conhecido pelo nome de Rothbart. E sendo assim, deu um jeito de raptar a bela princesa. 50
O LAGO DOS CISNES
O rei, desolado pelo desaparecimento de sua filha, colocou todos os guerreiros do reino em sua busca. Não demoraram para encontrá-la. Com ódio e temendo a vingança do povo, o feiticeiro transformou o reino inteiro em uma floresta. O castelo era um rio, seus habitantes viraram cisnes. O resto da cidade virou uma floresta com árvores altas e seus habitantes viraram os demais animais do bosque encantado. Mas algo estranho acontecia: todas as noites, os animais voltavam a ser gente e faziam muitos bailes e festas. Mas bastava o sol raiar e todos voltavam a ser animais. Os séculos se passaram, e outro rei e rainha fizeram do local, o seu reino. Quando o filho mais velho deste rei e rainha completou a maioridade, eles decidiram que já era tempo de ele se casar, construir uma família e herdar o trono. Para isso daria uma festa, convidando todas as moças do reino, entre as quais o príncipe Siegfried deveria encontrar uma 51
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que lhe agradasse e viesse a ser sua futura rainha e esposa. Os preparativos, na véspera do baile, iam a pleno vapor, quando passou pela janela do quarto do príncipe uma revoada de belos cisnes brancos. Siegfried logo decidiu caçar um daqueles belos animais e mandaria empalha-lo para colocar sobre o seu aposento. Andou por horas, até encontrar o tal lago onde se reuniam esses animais tão belos e magnificos. Mas então o sol já se punha. O príncipe ajeitou a flecha, mirou no mais belo cisne e quando já estava para disparar, algo inusitado aconteceu: uma luz clara e brilhante desceu sobre o bosque e subitamente os animais começaram a aumentar de tamanho. Todos eles se transformaram em humanos bem na frente de seus olhos! E o majestoso cisne no meio do lago, transformou-se na mais bela jovem que Siegfried já havia visto em sua vida. E foi assim, que seu coração foi com52
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pletamente roubado pela bela princesa. Os humanos que ali, agora, estavam olhavam pasmos para o príncipe. Mas logo o convidaram para o baile daquela mágica noite. Durante a festa, Odette lhe contou toda história de como ela e sua família haviam se tornado seres da floresta. E disse que a única forma de acabar com o feitiço seria no dia em que alguém a amasse de verdade. Mas, se por acaso, a promessa de amor se descumprisse todos se tornariam animais para sempre. O príncipe que àquela altura já estava completamente apaixonado pela beleza e gentileza de Odette logo lhe jurou amor eterno e a convidou para o baile da noite seguinte, no qual, disse ele, declararia seu amor por ela para o reino saber. Assim, quando o dia amanheceu e o príncipe foi embora, Odette voltou à sua condição de cisne, já sonhando com a noite, quando se tornaria humana novamente e enfim seria verdadeiramente amada e sua família salva. 53
CONTOS ESPECIAIS
Mas acontece que o feiticeiro Rothbart de tudo já sabia sobre o recém-formado casal. E assim, deu um jeito de trancafiar todos os seres do bosque encantado, para que não conseguissem sair naquela noite. E logo entrou em acordo com uma feiticeira chamada Odile para que ela o ajudasse em seu plano. Odile, se transformaria em Odette, fazendo com que o príncipe declarasse seu amor por ela e assim, a promessa de amor eterno seria quebrada e Odette viveria como um cisne para o resto da vida e ela, Odile, usufruir do amor e da riqueza do príncipe em troca de ajudar o feiticeiro. E por assim sendo, na noite do baile, tudo correu como haviam orquestrado. Siegfried estava angustiado com a demora de Odette mas logo ficara encantado quando ela finalmente apareceu no grande salão. Mal sabia ele que a jovem a quem ele se apaixonara era na verdade Odile, sob um feitiço de aparência. O príncipe, inconsciente do plano vil, logo convidou sua suposta amada para 54
O LAGO DOS CISNES
dançar. E assim que a dança terminou, como prometido, ele declarou seu amor pela jovem. Mas não era Odette que estava com ele. Logo após a declaração de amor eterno, Odile voltou à sua forma verdadeira e o príncipe finalmente percebeu o erro fatal que havia cometido. Com temor pela sua amada, Siegfried batalhou a feiticeira e logo se pôs correndo em direção ao bosque encantado, onde encontrou a grande prisão onde estavam todos cativos. Pediu perdão à Odette, implorou seu amor. Mas era tarde demais. A promessa fora quebrada. As juras de amor eterno foram rompidas. Odette e seus súditos seriam animais para sempre. Desiludida, Odette decidiu colocar um fim a sua longa vida de espera por um amor leal e puro que nunca recebera. Afinal de contas, era preferível a morte do que ser um cisne por toda a cruel e fria eternidade. Siegfried ficou desolado pela perda de 55
CONTOS ESPECIAIS
sua amada princesa. E então... Como um último ato de amor, o príncipe entrou no lago com Odette, e ambos se afogaram para ficarem juntos pela eternidade no pós-vida. No final de tudo, nem Rothbart e Odile conseguiram aquilo que queriam. E os dois amantes puderam finalmente ficar juntos. Eternamente.
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GLOSSÁRIO
Chang’e – deusa da lua da mitologia chinesa Houyi – deus do tiro com arco e flecha da mitologia chinesa Kibidango – doce redondo feito de arroz glutinoso, amido, xarope e açúcar Momotarō – menino pêssego Onis – demônios da mitologia japonesa -san – título honorífico usado na língua japonesa, equivalente à “senhor” e “senhora”
REFERÊNCIAS
CHINA ABC. Chang’e voa para a lua. Disponível em: < Chang e voa para a Lua - China ABC----Capítulo 16:Contos ...portuguese.cri. cn › chapter16 › chapter160110 > Acesso em: novembro de 2020. LIMA, K. Contos de balé: O lago dos cisnes. Recanto das Letras. 07 de jun. de 2011. Disponível em: < https://www.recantodasletras. com.br/contosdefantasia/2955488 > Acesso em: novembro de 2020. NIPOCULTURA. Lendas do Japão, Momotaro. Disponível em: < http://www.nipocultura. com.br/lendas-do-japao-(日本の昔話)-momotaro/ > Acesso em: novembro de 2020. WIKIPEDIA. O Lago dos Cisnes. 14 de jul. de 2020. Disponível em: < https://pt.wikipedia. org/wiki/O_Lago_dos_Cisnes > Acesso em: novembro de 2020.
Este livro foi impresso em papel pólen soft 80g/m2 para o miolo, e em papel couche matte 230g/m2 com laminação fosca para a capa. A tipografia usada na capa foi a AdornS Pomander e a Athelas. Para o miolo, foi usado a Renata e a Athelas. Todas disponibilizadas pelo Adobe Fonts. Realização: editora Sonhos em novembro de 2020.
Contos especiais é a primeira edição
especial de bolso contendo os mais célebres clássicos da literatura europeia e asiática para o nosso caro leitor.
ISBN 978-85-00000-01-0
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