SER E PERMANECER Centro de Apoio à População em Situação de Rua na Cidade de São Carlos
SER E PERMANECER Centro de Apoio à População em Situação de Rua na Cidade de São Carlos
Mariana Svagera Nepomuceno Orientadora: Prof. Dra. Débora de Almeida Nogueira
Centro Universitário Central Paulista – UNICEP Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho de Graduação Interdisciplinar – TGI I
São Carlos Junho de 2020
SUMÁRIO I.
APRESENTAÇÃO
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II.
DADOS E ANÁLISES
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III.
ESTUDOS DE CASO
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IV.
MOTIVAÇÕES E JUSTIFICATIVA
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V.
ÁREA DE INTERVENÇÃO
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VI.
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
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VII. PROGRAMA DE NECESSIDADES
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VIII. PROJETO
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IX.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
I. APRESENTAÇÃO
O presente trabalho apresenta como proposta a construção de um Centro de Apoio à população que se encontra em situação de rua na cidade de São Carlos, interior de São Paulo. O projeto se desenvolve a partir de um espaço que, além de suprir as necessidades básicas dessa parcela de cidadãos e albergá-los da melhor maneira, seja de apoio às ONG’s e entidades que estejam interessadas em ajudar os moradores de rua. O surgimento da questão estudada parte da carência de um local pelo qual a população de rua sinta um real pertencimento, além da infraestrutura precária do Centro POP da cidade. O equipamento foi pensado com total foco nessa população, a partir de entrevistas e levantamentos realizados com os próprios moradores de rua e profissionais do Centro POP, além de investigações aprofundadas sobre o motivo de estarem desabrigados e qual seu estilo de vida. A ideia é trazer para essas pessoas, além de apoio, uma oportunidade para que sejam vistas como membros da sociedade e que possam participar de forma ativa da cidade em que estão inseridas.
O local de implantação do Centro de Apoio foi cuidadosamente pensado para que fosse de fácil acesso e localização pelos desabrigados, tratando-se de um vazio urbano em área já consolidada da cidade de São Carlos. Dessa forma, compreendendo as necessidades e anseios da população em situação de rua, foi possível elaborar um espaço permissivo, sensível, focado na ideia da colaboração e contato essa parcela excluída da sociedade, de forma a permitir alterar o curso de vida dessas pessoas, oferecendo esperança e dignidade.
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“Que maravilha é ninguém precisar esperar um único momento para melhorar o mundo.” O Diário de Anne Frank
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II. DADOS E ANÁLISES
DADOS GERAIS Desde que o homem resolveu se reunir e assim criar a sociedade, nesse pacto social, se aglomerando em locais específicos e detendo bens móveis e imóveis, há também aqueles que por inúmeras razões acabam por não lograr, sequer, o mínimo necessário para viver com dignidade nessa organização social não inclusiva. (SILVA, 2017)
Constituição Federal de 1988. Instituição dos direitos humanos inerentes a todos os brasileiros. Direito à vida, à privacidade, à igualdade, à liberdade – de expressão, de locomoção, à religião –, à informação, à propriedade e seu uso social, à cultura, à educação, à saúde, ao meio ambiente equilibrado, ao asilo, entre muitos outros (KERSTEN, 2005). Equidade. Palavra de ordem quando se trata das leis que regem o país e o mundo como um todo. Porém, até que ponto todos esses direitos estão sendo usufruídos pela população? No papel, tudo é muito simples e claro. Mas como permitir que todo cidadão brasileiro, sem qualquer distinção, tenha acesso aos seus direitos? Morando nas ruas, alvo de indiferença e violência dos mais variados tipos, os desabrigados passam à sombra de uma sociedade que, na prática, nada tem de igualitária. Analisando dados publicados pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em 2015, foi possível concluir que o Brasil tem cerca de 101.854 pessoas vivendo nas ruas, sendo que os maiores municípios abrigam grande parte dessa parcela da sociedade.
A falta de dados atualizados sobre os moradores de rua no Brasil já pode ser vista como uma forma de exclusão, tratando-os como “invisíveis”, tornando a abordagem sobre esse tema algo extremamente relevante. São seres humanos assim como o restante dos cidadãos, devendo, portanto, ser tratados como tal. Infelizmente, as diversas políticas adotadas em algumas regiões, na busca de solucionar o problema de moradia e propor a inclusão dessas pessoas na sociedade não são o suficiente para reverter o quadro alarmante em que o país vive. Como afirmado por Snow e Anderson (1998), o desabrigo, apesar de presente ao longo da maior parte da história humana, apresenta diversas diferenças entre os próprios indivíduos e as circunstâncias que os levaram a tal situação. Assim, é preciso compreender de forma mais ampla as diferentes necessidades que essa fatia da população apresenta, buscando atender às mesmas de forma a trazer segurança e um maior sentimento de pertencimento à sociedade.
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DADOS GERAIS Buscando traçar um perfil mais claro referente aos moradores de rua do Brasil, um estudo realizado entre 2007 e 2008 pelo Ministério do Desenvolvimento Social, atualmente vinculado ao Ministério da Cidadania, permite avaliar quem são essas pessoas e como sobrevivem nas ruas:
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DADOS GERAIS
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DADOS GERAIS Aprofundando um pouco mais na busca por dados nacionais sobre o tema, foi encontrado no site G1 um estudo voltado aos casos de violência contra moradores de rua, realizado pelo Ministério da Saúde. Foram registrados, em média, 17.386 casos de violência contra moradores de rua entre os anos de 2015 e 2017, considerando como causa desses atos o fato da pessoa estar em situação de rua. Dentre esses, a maior parte está na faixa etária dos 15 aos 24 anos, são do sexo feminino e se autodeclaram negros. Além do preconceito relacionado à situação pela qual o morador de rua passa, aqueles relacionados ao gênero e à cor da pele, infelizmente, também seguem enraizado à sociedade. Um dado que também se destaca refere-se à alta quantidade de registros de lesões autoprovocadas (entre elas, a tentativa de suicídio): 7% do total de casos registrados. [...] O homeless é empurrado para fora da cidade, não no sentido geográfico, e sim no de espaço desqualificado, destituído de humanidade; jogado cada vez mais para as bordas, para o lixo (coincidência?), para debaixo do tapete. Embora por diferentes motivos, e em diferentes contextos sociais e econômicos, sua presença, principalmente em locais inóspitos, acontece tanto aqui no Brasil como em outros países; trata-se, portanto, de um fenômeno global. Ora, essa não é apenas uma coincidência, mas diz respeito ao tipo de lugar da cidade que lhes é imposto, passível de ocupação silenciosa: por serem locais esquecidos, desprezados, são símbolos do abandono, do desamparo e da privação. (QUINTÃO, 2008)
Fonte: Site G1.
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“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.” Nelson Mandela 11
PERFIL EM SÃO CARLOS 60 50 40 30 20 10 0
Fonte: Autoria Própria*.
Porcentagem (%) do Total de Moradores de Rua na cidade de São Carlos Fonte dos Dados: ELIANE (2019).
Fonte: Site Jovem Pan (2018).
Conforme dados do Censo realizado pela Secretaria de Cidadania e Assistência Social em São Carlos no final de 2019, a cidade possui, atualmente, 246 moradores de rua. Segundo Eliane (2019), a maioria dessa população se concentra em áreas centrais da cidade, dotadas de diversos pontos comerciais e de serviços, onde se torna mais fácil a obtenção de ajuda e esmolas.
*Obs.: Todas as imagens de autoria própria que ilustram esse trabalho receberam permissão das pessoas presentes nas fotos para que as mesmas fossem publicadas.
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III. ESTUDOS DE CASO
ESTUDOS DE CASO Partindo então à pesquisa relacionada às abordagens mais comuns adotadas – no caso, pelas Prefeituras – em prol do apoio e melhoria da qualidade de vida dos moradores de rua, foram encontradas:
ALBERGUES Avaliando os diversos albergues existentes nas cidades como forma de abrigar essas pessoas durante a noite, é possível perceber que oferecer um local para permanência de curtos períodos é apenas um agente remediador, não a real solução do problema, já que a maioria que ali frequenta não consegue se livrar da situação precária na qual se encontra (mesmo nos casos em que o local fornece a passagem para que o morador de rua retorne à sua cidade natal). Além disso, muitos não se sentem à vontade nos espaços dos albergues, principalmente devido às regras para permanência (como não beber, por exemplo), e acabam preferindo ficar nas ruas. A cidade de São Carlos conta com um albergue, localizado atualmente em espaço temporário, já que o antigo edifício que abrigava o mesmo se encontra em reforma.
CENTRO POP O Centro Pop é um espaço de referência para o convívio social e o desenvolvimento de relações de solidariedade, afetividade e respeito. Funciona como ponto de apoio para guarda de pertences, higiene pessoal, alimentação (café da manhã, almoço e lanche) e provisão de documentação, além de informar, orientar sobre os direitos e o acesso a benefícios Socioassistenciais. (Site do Centro POP do DF)
Analisando dados do Censo SUAS (Sistema Único de Assistência Social) de 2015, cedidos pela Secretaria de Desenvolvimento Social do Governo do Estado de São Paulo, o Estado contava, na época, com 58 Centros POP (Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua), divididos da seguinte forma:
Centros POP segundo porte dos municípios, Estado de São Paulo, 2015. Fonte: MDS, Censo SUAS 2015. Em nível nacional, responderam ao Censo um total de 235 equipamentos, assim distribuídos: 173 em municípios de grande porte (73,6% dos equipamentos), 41 em metrópoles (17,4% dos equipamentos), 20 em municípios de médio porte (8,5% dos equipamentos) e 01 em município de Pequeno Porte I (0,4% dos equipamentos). (Censo SUAS 2015)
A partir daí, o Censo realizado disseca de forma quantitativa e qualitativa os métodos presentes em cada localidade, incluindo seu espaço físico e atividades realizadas.
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ESTUDOS DE CASO Destaque é dado para o déficit relacionado à cessão de espaço no local para a realização de cursos de capacitação profissional ofertados por outras instituições (apenas 15,5% dos Centros contam com essa prática). A grande maioria (75,9%) realiza apenas o encaminhamento dos moradores de rua para cursos profissionalizantes em outros locais. Deve-se atentar também ao déficit alarmante relacionado à falta de atendimento às normas ABNT de acessibilidade (mais de 50% possuem rotas acessíveis, porém não de acordo com as normas, enquanto 51,7% não possuem banheiros PNE). Quanto à distribuição geral dos programas de necessidade relacionados ao espaço físico, a maioria deles (65,5%) possuem de 2 a 3 banheiros, além de 84,5% informarem a presença de, pelo menos, um espaço de box com chuveiro para higiene pessoal. Já em relação aos demais espaço, estabeleceu-se um gráfico:
Percentual de existência de espaços físicos nas unidades, Estado de São Paulo, 2015. Fonte: MDS, Censo SUAS 2015.
Em realização de visita ao Centro POP da cidade de São Carlos no dia 20 de Fevereiro de 2020 (localizado na Rua São Joaquim, 818, Centro), foi possível observar que o espaço (que, segundo a Coordenadora do local, Denise, atende em torno de 30 a 50 pessoas por dia) não conta com infraestrutura completa para os atendimentos (é uma edificação antiga adaptada para o funcionamento do Centro). O mesmo não atende às normas ABNT de acessibilidade, além de não possuir espaço para a realização de cursos de capacitação profissional (ele apenas encaminha os moradores para órgãos específicos). Avançando nas análises sobre o edifício, o banheiro foi adaptado, não possui box e nem apoios acessíveis, além de não suportar a quantidade de pessoas que são atendidas ali. A cozinha é extremamente pequena e abafada. A Sala de TV conta apenas com um aparelho antigo de DVD e uma televisão. Segundo informações da Coordenadora, os sofás tiveram de ser retirados e substituídos por cadeiras, já que os moradores de rua acabavam utilizando-os para dormir – não há nenhum espaço específico para descanso, muitos acabam deitando e dormindo no próprio chão dos ambientes internos e externos. O prédio ainda conta com um quintal com um refeitório anexo, além de uma pequena lavanderia para que os frequentadores possam lavar suas roupas e um maleiro para a guarda de pertences.
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ESTUDOS DE CASO O maleiro em questão fora criado no espaço anteriormente destinado do PID (Programa de Inclusão Digital), que acabou sendo desativado por problemas de infraestrutura e manutenção. Em entrevista realizada no dia 09 de Novembro de 2019 com um morador de rua denominado Carlos, ele expressa certo descontentamento com as ações do Centro POP quando relacionadas às atividades realizadas. Como exemplo, ele cita o fato de que algumas atividades, por mais que sejam executadas com boa intenção (no caso, ele fala de aulas ministradas por um professor), acabam não tendo grande serventia para os moradores de rua, já que alguns possuem mais idade e não conseguem mais acompanhar determinadas coisas. Foi possível, assim, validar a ideia de moldar o que é oferecido nesses espaços a partir dos interesses manifestados pelos próprios frequentadores, tornando as atividades mais interessantes e inclusivas para os mesmos. Por fim, o horário de funcionamento (das 8:00h às 17:00h, de segunda a sexta-feira) não contempla os finais de semana – da mesma forma que o albergue da cidade –, tornando inexistente qualquer auxílio durante esse período, a não ser pela ação da Pastoral de Rua da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, analisada a seguir.
Apesar de todos os problemas de infraestrutura, segundo a Coordenadora Denise, o centro POP ainda é um local no qual os moradores de rua se sentem seguros, fora da violência e realidade dura das ruas na maior parte do dia.
Fachada do Centro POP. Fonte: Autoria Própria.
Fachada do Centro POP. Fonte: Autoria Própria.
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ESTUDOS DE CASO PASTORAL DE RUA DA PARÓQUIA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA EM SÃO CARLOS Localizada na Rua Dona Maria Jacinta, número 40, no bairro Jardim Paraíso, a Paróquia se destaca por sua arquitetura e é tida como uma das mais importantes da cidade, construída entre os anos de 1965 e 1970.
quintas-feiras à noite, porém não se obteve maiores informações sobre o mesmo). Em entrevista com Flávio Morais de Assis , de 23 anos (um dos líderes do grupo, com participação a mais ou menos dois anos), durante a visita ao local de preparação das marmitas no dia 09 de Novembro de 2019, ele cita que o grupo se formou há mais de cinco anos, como iniciativa dos próprios membros da Igreja, que passaram a se reunir aos sábados, a partir das 8:30h, para preparar todas as marmitas que vão para os moradores de rua. A quantidade de membros por encontro varia entre 5 a 15 pessoas, em média, dependendo da disponibilidade de cada um.
Fachada principal da Igreja. Fonte: Site Diocese São Carlos.
A partir de informações cedidas pelos próprios frequentadores da Paróquia, foi possível obter informações sobre a existência de um grupo de voluntários denominado Pastoral de Rua, responsável pela distribuição de marmitas aos moradores de rua todos os sábados pela manhã (o local ainda conta com outro grupo que realiza o mesmo trabalho às
Alguns membros do grupo Pastoral de Rua. Fonte: Autoria Própria*.
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ESTUDOS DE CASO Todos os alimentos não perecíveis utilizados são fruto de doação, enquanto os perecíveis são comprados por eles mesmos (porém, tudo é realizado com dinheiro de doação). A produção gira em torno de 40 a 50 marmitas e 2 jarras de suco por sábado e, após sua preparação, os membros do grupo se reúnem em carros e saem para a distribuição das mesmas (por volta das 11:30h).
Preparação das marmitas. Fonte: Autoria Própria.
Preparação das marmitas. Fonte: Autoria Própria.
Foi possível notar a participação ativa de diversos jovens no grupo, muitos deles estudantes universitários, debruçandose com grande dedicação à ação voluntária.
Segundo o depoimento de Assis, os locais de distribuição das marmitas são mais ou menos fixos e os próprios moradores de rua já sabem desses pontos e ficam esperando que o pessoal passe para deixá-las. → Principais pontos de distribuição citados por Assis (no caso, onde mais se concentram os moradores de rua): - Praça Independência (próxima ao Cemitério); - Praça General Carlos de Meira Mattos (ao lado da Rodoviária); - Praça XV de Novembro. Os pontos citados correspondem à rota fixa que o grupo realiza, mas, segundo Assis, esta pode se estender um pouco mais, caso sobrem marmitas para serem distribuídas (indo para locais mais próximos ao centro da cidade, incluindo, por exemplo, o Largo Santa Cruz). 18
ESTUDOS DE CASO No dia da visita e acompanhamento (09 de Novembro de 2019), no caso, foram montadas 45 marmitas e as mesmas foram distribuídas apenas na Praça Independência e na Praça da Rodoviária. Durante a entrega das marmitas foi possível realizar uma aproximação inicial com alguns moradores de rua da cidade. Eles ficam muito agradecidos ao grupo, e alguns são bem carinhosos com todos, expressando a importância do ato ali realizado. É possível perceber que ali se forma um laço de afeto e carinho, despertando nos moradores de rua uma socialização diferente da que estão acostumados.
Morador de Rua Romilson recebendo marmita e suco. Fonte: Autoria Própria*.
Eles ficam bem agradecidos, a gente conversa um pouco com eles, e é bom, porque quando conversamos a gente fica conhecendo, eles contam sobre a história deles também, mas não ficamos tanto tempo com eles porque a gente entrega as marmitas e já tem que ir para outro ponto... Mas eles gostam bastante, e agradecem bastante também. Vamos criando amizade com alguns, é bem legal. (ASSIS, 2019)
Morador de Rua agradece recebimento de marmita. Fonte: Autoria Própria*.
Ao conversar com Carlos (morador de rua já citado anteriormente), ele citou o fato de que algumas pessoas realizam atos de caridade com eles apenas como “fachada”, algo que possa ser registrado e compartilhado, sem a real intenção de vê-los, além do preconceito já enraizado na sociedade. Ele (assim como a maioria, certamente) disse que é tratado como alguém diferente, alguém “pior”, mesmo sendo tão humano quanto qualquer outro cidadão, e foi possível perceber o incômodo sentido quanto a isso.
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IV. MOTIVAÇÕES E JUSTIFICATIVA
MOTIVAÇÕES Baseando-se em experiência anterior - participação em um concurso de Habitação Temporária para Refugiados em Janeiro de 2019 -, foi possível fortalecer o interesse já existente pela problemática geral relacionada a pessoas em situação de vulnerabilidade, além da vontade de fazer a diferença e realmente encontrar um meio de colaborar. Pesquisando mais a fundo e, a partir da sensibilização com o tema, considerou-se pertinente selecionar a temática de Moradores de Rua, buscando formas de colaborar no apoio e possível reinserção dessas pessoas na sociedade de forma efetiva, aplicando assim os conceitos arquitetônicos apreendidos durante o curso em prol de uma sociedade mais igualitária e com qualidade de vida. É preciso criar meios mais eficazes de acolher os moradores de rua (de forma espontânea) e permitir que essas pessoas se manifestem enquanto seres humanos, dotados dos mesmos direitos que todo cidadão possui, seja através de um
emprego digno ou mesmo um espaço que possa chamar de “seu”, não apenas um teto sobre suas cabeças, mas um espaço que possa de fato transformar suas vidas. Mais do que isso, é preciso que elas sejam reinseridas na sociedade, permitindo sua interação com o restante da população. A partir desse princípio, é possível constatar que, aqui, a participação dos moradores da cidade torna-se crucial para a criação de “pontes” estáveis, trazendo de volta ao meio social pessoas que, anteriormente, viviam segregadas. O isolamento pela sociedade faz com que a população de rua seja percebida equivocadamente, por falta de informação. Essa ideia estigmatizada se forma também pelo fato de a rua possuir uma composição heterogênea, o que dificulta qualquer caracterização perante a sociedade, como se fosse preciso uniformizá-la para entendê-la. A rua tem loucos, sim[...], mas nem todos os moradores de rua assim o são. São pessoas que, na realidade, pouco têm a ver com o imaginário de “perigo em potencial” que lhes é imputado. O perigo se passa à volta, nos locais em que se inserem, como citamos acima, lugares marginalizados, sem uso e sem qualidade, frequentados também por aqueles que neles parasitam, através do comércio de drogas ilícitas e da prostituição, e que partilham desses mesmos espaços. Como então dar visibilidade e chamar a atenção para o problema dos não sujeitos no cenário físico e social das metrópoles? (QUINTÃO, 2008)
Tirinha. Fonte: Site Tec-cia.
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“What about all the broken happy ever afters? What about us? What about all the plans that ended in disaster? What about love? What about trust? What about us?”
“E quanto a todos os "felizes para sempre" destruídos? E quanto a nós? E quanto a todos os planos que acabaram em desastre? E quanto ao amor? E quanto à confiança? E quanto a nós?”
Canção “What About Us”, Pink
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JUSTIFICATIVA Conforme dito anteriormente, através de dados do Censo da Secretaria de Cidadania e Assistência Social realizado em São Carlos no final de 2019, a cidade possui 246 moradores de rua. O censo mostrou ainda que 80% das pessoas entrevistadas tem vínculo familiar, mas que o desemprego e a falta de estrutura econômica levaram a viver nas ruas. Outro dado é a faixa etária dessas pessoas, que varia de 30 a 60 anos, representando 70% do grupo. O censo revelou ainda que a maioria é do sexo masculino (88%), sendo que 3% do total são mulheres trans. A pesquisa indicou que 27% estão morando na rua há mais de 10 anos, 15% estão de 5 a 10 anos e 22% está há seis meses em situação de rua. O nível escolar foi monitorado e os dados indicam que existem pessoas com primário incompleto até nível superior completo vivendo nas ruas. (Jornal Primeira Página, 2019)
Como a quantidade de moradores de rua ultrapassa em quase cinco vezes o valor de atendimentos diários do Centro POP (em média, 30 a 50 pessoas), seria necessário um espaço que pudesse dar suporte ao mesmo e permitir um atendimento mais amplo. Além disso, a falta de estrutura básica para funcionamento do Centro surge também como uma justificativa pertinente para a criação de um novo equipamento. Existe a necessidade de desenvolver um local que seja destinado aos moradores de rua, ao seu modo de vida que, muitas vezes, difere do que a sociedade em geral considera como “correto”. É preciso que eles se sintam à vontade, resguardados, protegidos e felizes.
Outro dado obtido pelo Censo de 2019 que merece destaque trata do questionamento relacionado à vontade dos moradores de rua em retomar o convívio com a sociedade. Descobriu-se que a maioria deles realmente possui interesse em retomar os estudos e conseguir um emprego. Aliado a esses dados e aprofundando as pesquisas, surge a ideia do Housing First, método amplamente comprovado no qual se baseia o Projeto Ruas no Rio de Janeiro (Associação de fins não econômicos que presta apoio e assistência a pessoas em situação de rua).
Projeto RUAS. Fonte: Site do Projeto.
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JUSTIFICATIVA O Housing First é um método de reinserção social para pessoas em situação de rua que prioriza o fornecimento de habitação permanente e individualizada e serviços adicionais. Foca na habitação para assim terminar a falta de moradia e servir de plataforma a partir da qual a população em situação de rua pode perseguir objetivos pessoais e melhorar sua qualidade de vida. Esta abordagem é guiada pela crença (Pirâmide de Maslow) de que as pessoas precisam de necessidades básicas, como alimentos e um lugar para viver antes de atender a qualquer coisa menos crítica, como conseguir um emprego, cuidar das finanças corretamente ou buscar soluções de problemas de uso de substâncias. Além disso, o método Housing First baseia-se na teoria de que a escolha do participante é valiosa na seleção da moradia, e que exercitar essa escolha provavelmente o tornará melhor sucedido em permanecer alojado e, consequentemente, melhorar sua vida. (Cartilha de Apresentação do Projeto Ruas)
A partir das informações do Housing First, será possível basear o programa do edifício no suprimento desde as necessidades mais básicas dessa população, criando diversos “estágios” de atendimento e permitindo que os moradores de rua possam, aos poucos e conforme suas vontades próprias, encontrar um local no qual se sintam à vontade e incentivados a dar o seu melhor enquanto ser humano, quer seja em um curso de capacitação para conseguir um emprego, em um atendimento psicológico, ao adotar uma rotina de higiene básica, ou mesmo ao ter um espaço confortável à sombra de uma árvore para descansar e comer.
Comprovação do Método. Fonte: Cartilha de Apresentação do Projeto.
Projeto RUAS. Fonte: Site do Projeto.
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V. ÁREA DE INTERVENÇÃO
A CIDADE DE SÃO CARLOS Segundo informações obtidas através do site da UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos), a cidade de São Carlos, localizada a 230 km da capital do estado de São Paulo, pertence a uma das macrorregiões mais desenvolvidas do país. Conhecida como a “Capital da Tecnologia”, a cidade conta com um polo científico e tecnológico bem desenvolvido, em muito associado às faculdades públicas USP (Universidade de São Paulo) e UFSCAR presentes no local, além de unidades da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e da ParqTec (Fundação Parque de Alta Tecnologia). Com seus 238.950 habitantes (dados do IBGE em 2014), a cidade foi criada e se expandiu, assim como várias outras cidades do estado, a partir da forte economia cafeeira, trazendo consigo uma grande quantidade de imigrantes para o trabalho na lavoura. A crise cafeeira de 1929 levou os imigrantes a deixarem a atividade rural, passando a trabalhar no centro urbano como operários nas oficinas, no comércio, na prestação de serviços, na fábrica de artefatos de madeira e de cerâmica e na construção civil. Os fazendeiros aplicavam os lucros obtidos com o café na constituição de várias empresas em São Carlos: bancos, companhias de luz elétrica, de bondes, telefones, sistemas de água e esgoto, teatro, hospitais e escolas, fortalecendo a infraestrutura urbana e criando condições para a industrialização. Com os conhecimentos dos imigrantes e com a chegada de migrantes de outros centros urbanos nas décadas de 30 e 40, a indústria consolida-se como a principal atividade econômica de São Carlos, que chega à década de 50
como centro manufatureiro diferenciado, com relevante expressão industrial entre as cidades do interior do Estado de São Paulo.[...] Na segunda metade do século XX, a cidade recebe um grande impulso para o seu desenvolvimento tecnológico e educacional com a implantação, em abril de 1953, da Escola de Engenharia de São Carlos, vinculada à Universidade de São Paulo (USP), e, na década de 70, com a criação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). (Prefeitura de São Carlos)
Analisando os escritos de Oliveira (2012), foi possível constatar que, com o grande desenvolvimento industrial e econômico da cidade, assim como observado em diversos outros locais, começa a surgir uma massa de desabrigados pelas ruas da cidade. Além da questão da falta de emprego e pobreza, muitos são migrantes que vêm para o estado de São Paulo em busca de melhores oportunidades e que, na maioria dos casos, acabam tendo de enfrentar a dura realidade das ruas por não ter qualquer outra opção. Nos dias atuais, a luta permanece, “se transformando em um problema de gestão governamental” (OLIVEIRA, 2012). A ideia de uma cidade inclusiva a todos e que gere uma sensação de pertencimento, independente do local de onde se tenha vindo, é essencial em locais como São Carlos, um grande destaque no estado de São Paulo e, mesmo, no país.
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A CIDADE DE SÃO CARLOS
VIAS DE ACESSO E EQUIPAMENTOS DE APOIO AO MORADOR DE RUA Legenda
CREAS (não específico para pop. de rua) CRAS (não específico para pop. de rua)
Fonte: Registros feitos a partir do Google Maps. Base cartográfica a partir de mapa da SMHDU 2002. Adaptações realizadas pela autora.
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A CIDADE DE SÃO CARLOS
PONTOS DE REFERÊNCIA E CONCENTRAÇÃO DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA Legenda 1
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Fonte: Registros feitos a partir do Google Maps. Base cartográfica a partir de mapa da SMHDU 2002. Adaptações realizadas pela autora.
N 28
A CIDADE DE SÃO CARLOS
Vazio urbano em área já consolidada da cidade
EXPANSÃO URBANA Legenda
Fonte: Base cartográfica a partir de mapa da SMHDU 2002. Adaptações realizadas pela autora.
N 29
A CIDADE DE SÃO CARLOS
Abaixo da principal via de acesso ao terreno (Av. Trab. São Carlense), passa o Córrego do Tijuco Preto (tamponado nessa área)
DRENAGEM URBANA Legenda
Fonte: Base cartográfica a partir de mapa da SMHDU 2002. Adaptações realizadas pela autora.
N 30
ÁREA DE INTERVENÇÃO Localizado no bairro Jardim Macarengo, próximo à Rodoviária de São Carlos, no cruzamento entre a Rua São Joaquim e a Avenida Trabalhador São Carlense, importante via da cidade, o terreno escolhido para abrigar o Centro de Apoio conta com, aproximadamente, 5.117 m². O local não foi selecionado a esmo, diversas informações recolhidas levaram à decisão de realizar o projeto próximo ao Terminal Rodoviário.
Parece incrível que até 1980, quando estava com mais de 120 mil habitantes, São Carlos não contasse com um terminal rodoviário para chamar de seu. [...] Em 1977 foi aprovada pela Câmara a construção da “rodoviária”, processo que desatou muita discussão e polêmica, a começar pela localização, na área próxima ao centro, na região conhecida como Jardim Macarengo. Alguns defendiam a instalação do terminal numa área da Prefeitura na Avenida Getúlio Vargas. Mas sobre o tema a secretaria estadual de Transportes deu a palavra final: a obra seria realizada no Macarengo ou não seria realizada. A construção começou em 1978. [...] No início da madrugada de 17 de abril de 1980, partia do Terminal Rodoviário de São Carlos o primeiro ônibus com destino a São Paulo. [...] Somente dois anos mais tarde aconteceria a inauguração oficial da rodoviária, que levou o nome do governador Paulo Egydio Martins, que governou no período militar [...]. (BRAGA, 2019)
Localização de terreno (modificado pela autora). Fonte: Google Maps.
Rodoviária de São Carlos. Fonte: São Carlos em Rede.
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ÁREA DE INTERVENÇÃO Sua importância como símbolo e ponto de referência para São Carlos foram levados em consideração, somando-se à entrevista realizada no dia 13 de Março de 2020 com o exmorador de rua conhecido como “Sussa”, que hoje realiza comércio no ponto pertencente aos ônibus de linha.
Ex-morador de Rua Sussa e motorista de ônibus de linha. Fonte: Autoria Própria*
O entrevistado afirmou que a Rodoviária é ponto de parada de muitos moradores de rua vindos de outras localidades, todos os dias. Além disso, a pequena praça em frente ao ponto de ônibus é estadia para diversos desabrigados, sejam eles da própria cidade ou migrantes (conforme analisado em visita ao local no dia 13 de Março de 2020).
Por sua demasiada importância e pelo fato de ter sempre um grande fluxo de pessoas, o espaço passa a ser um ponto de referência para os moradores de rua. Outra informação que se valeu como embasamento para a escolha do terreno foi o fato do mesmo estar localizado em um vale, local também tido como referência para os moradores de rua e trecheiros que chegam a São Carlos, como destacado por Eliane (2019) e indicado no mapa “SÃO CARLOS: PONTOS DE REFERÊNCIA E CONCENTRAÇÃO DA POPULAÇÃO EM
SITUAÇÃO DE RUA”, já que os mesmos partem do princípio de que a cidade se formou a partir de um curso d’água, e ali estariam importantes pontos de permanência e circulação de pessoas. Destaca-se também a localização do terreno próximo a diversos comércios, supermercado e a importante rota de acesso à cidade de São Carlos: a Avenida São Carlos. Segundo Eliane (2019), a proximidade de vias de trânsito rápido e de grande circulação de automóveis também guia os moradores de rua e facilita sua localização. Trata-se de um espaço que permite implantação de infraestrutura completa com maior flexibilidade, abrangendo o entorno imediato e possibilitando a revitalização e relação direta do projeto com a Praça da Rodoviária. A região é pertencente à Zona 3 do Plano Diretor de São Carlos: Ocupação Condicionada, além de não possui limitador de gabarito para os edifícios.
Praça em frente à Rodoviária. Fonte: Autoria Própria.
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ÁREA DE INTERVENÇÃO Ocupação Condicionada é caracterizada pela predominância de um sistema viário fragmentado e com a carência de infraestrutura de drenagem em algumas regiões. Próximos ao centro estão localizados bairros tradicionais, cuja tipologia habitacional assume características de baixa densidade, e ao norte da Rodovia Washington Luiz estão localizados novos empreendimentos habitacionais. Os núcleos urbanos dos distritos de Água Vermelha e Santa Eudóxia fazem parte desta zona. [...] Os Coeficientes Urbanísticos para a Zona 3 - Ocupação Condicionada são: I - CO = 70%; II - CP = 15%; III - CA = 1,4; IV Lote mínimo = 200 m² e 160 m² para HIS; V - Testada mínima = 10 m e 8 m para HIS. São Instrumentos da Política Urbana aplicáveis a Zona 3 Ocupação Condicionada: I - Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV); II - Direito de Preempção; III - Consórcio Imobiliário; IV Direito de Superfície; V - Operação urbana consorciada. (Plano Diretor de São Carlos)
ENTORNO: USO DO SOLO E VIAS PRINCIPAIS Legenda
N Fonte: Registros feitos a partir do Google Maps e visita ao local. Base cartográfica a partir de mapa da SMHDU 2002. Adaptações realizadas pela autora.
33
ÁREA DE INTERVENÇÃO
ENTORNO: GABARITO DAS EDIFICAÇÕES Legenda
N Fonte: Registros feitos a partir do Google Maps e visita ao local. Base cartográfica a partir de mapa da SMHDU 2002. Adaptações realizadas pela autora.
34
ÁREA DE INTERVENÇÃO
TOPOGRAFIA Legenda
N Fonte: Registros feitos a partir do Google Maps e visita ao local. Base cartográfica a partir de mapa da SMHDU 2002. Adaptações realizadas pela autora.
35
ÁREA DE INTERVENÇÃO
TOPOGRAFIA Legenda Terreno Escolhido
N
Curvas de Nível
Fonte: Registros feitos a partir do Google Maps e visita ao local. Base cartográfica a partir de mapa da SMHDU 2002. Adaptações realizadas pela autora.
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ÁREA DE INTERVENÇÃO
37
ÁREA DE INTERVENÇÃO
38
ÁREA DE INTERVENÇÃO
IMAGENS DA ÁREA E ENTORNO Legenda
N
Fonte: Registros feitos a partir do Google Maps e visita ao local. Base cartográfica a partir de mapa da SMHDU 2002. Adaptações realizadas pela autora.
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ÁREA DE INTERVENÇÃO IMAGENS DA ÁREA E ENTORNO 1
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3
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ÁREA DE INTERVENÇÃO IMAGENS DA ÁREA E ENTORNO 5
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ÁREA DE INTERVENÇÃO IMAGENS DA ÁREA E ENTORNO 11
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16
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VI. REFERÊNCIAS PROJETUAIS
CAPSLO HOMELESS SERVICES CENTER • Localização: San Louis Obispo, Califórnia. • Arquitetos: Gwynne Pugh Urban Design Studio, em conjunto com Agarcia Architecture + Design. • Status: Projeto (não construído). O design geral é estruturado em torno de uma coluna central que orienta a organização da programação e distribuição de serviços de acordo com as direções principais. A segurança dos espaços aumenta das áreas públicas localizadas a oeste para as áreas muito mais íntimas e privadas no lado leste do edifício. Uma linguagem semelhante é empregada à medida que os espaços se tornam muito mais informais quando se transita de norte a sul do edifício. A parte sul é caracterizada por uma atmosfera pública com várias conexões externas.(WINSTANLEY, 2011)
Entrada. Fonte: Blog AEC Café.
Sala Multiuso. Fonte: Blog AEC Café.
Croqui da Fachada. Fonte: Autoria Própria.
Lobby de Entrada. Fonte: Blog AEC Café.
44
CAPSLO HOMELESS SERVICES CENTER O que atraiu a atenção para esse projeto é a forma de transição entre as áreas consideradas “mais públicas” e “mais privadas”, algo estratégico, mantendo a privacidade dos moradores de rua que ali frequentam, além de suas ótimas soluções para a entrada de ventilação e luz natural.
Primeiro Pavimento. Fonte: ArchDaily.
Croqui de Corte. Fonte: Autoria Própria.
Segundo Pavimento. Fonte: ArchDaily.
45
THE BRIDGE HOMELESS ASSISTANCE CENTER • Localização: Dallas, Texas. • Arquitetos: Overland Partners. • Status: Construído. Composto por cinco edifícios que criam um pátio no centro do campus, além de envolver a comunidade ao redor, o The Bridge incorpora um prédio de serviços de três andares, um prédio de boas-vindas de um andar, um prédio de armazenamento, um pavilhão ao ar livre e um o restaurante, que serve como ponto focal para o pátio interno do campus, proporcionando aos assistentes sociais a oportunidade de se conectar com os sem-teto. (ARCHDAILY, 2011)
Fonte: ArchDaily.
Fonte: ArchDaily.
Fonte: ArchDaily.
46
THE BRIDGE HOMELESS ASSISTANCE CENTER
Primeiro Pavimento. Fonte: ArchDaily.
Terceiro Pavimento. Fonte: ArchDaily.
Segundo o ArchDaily, o The Bridge apresenta, como um de seus destaques que chama a atenção, conceitos de arquitetura sustentável aplicados ao projeto (telhado verde, reciclagem de águas cinzas e utilização estratégica de luz natural em todos os edifícios).
Segundo Pavimento. Fonte: ArchDaily.
Croqui de Distribuição do Programa de Necessidades. Fonte: Autoria Própria.
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MORADIAS INFANTIS – ESCOLA COM REGIME DE INTERNATO (mantida pela fundação Bradesco) • Localização: Zona rural da Fazenda Canuanã, no município de Formoso do Araguaia (TO). • Arquitetos: escritórios Aleph Zero e Marcelo Rosenbaum. • Status: Construído (2015-2017). • Área: 60.000 m² (terreno) / 23.344 m² (construído). Em 2017, o projeto Moradias Infantis foi escolhido para receber o Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Artes) na categoria “Obra de Arquitetura no Brasil”. [...] Dentro da instituição, que conta com mais de 23 mil metros quadrados, há ambientes para moradia e convivência, além de estudos. O lugar foi organizado em duas vilas, uma para meninos e outra para meninas. Esta separação já existia na antiga construção e foi mantida. Os dormitórios foram distribuídos em 45 unidades, com seis alunos cada. Ao lado dos quartos estão áreas de convivência, como sala de TV, espaço para leitura, varandas, pátios, redários, auditório, área para brincar, entre outras. Todas essas novas propostas foram feitas em conjunto com os estudantes, a fim de fortalecer a ligação deles com a instituição. (MARQUEZ)
Fachada do Edifício. Fonte: Galeria da Arquitetura.
Fonte: ArchDaily.
Fonte: ArchDaily.
Fonte: ArchDaily.
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MORADIAS INFANTIS – ESCOLA COM REGIME DE INTERNATO (mantida pela fundação Bradesco)
Primeiro Pavimento. Fonte: Revista Área.
O conceito de Sustentabilidade, aliado à aproximação com a Arquitetura Vernacular, predominam no projeto, tornando-o único, aconchegante e de construção altamente eficaz. Segundo o site Galeria da Arquitetura, os materiais empregados na construção foram o tijolo de adobe, a palha trançada e madeira laminada colada. Outro destaque se dá para a construção em madeira (material mais utilizado), que simplificou de forma magistral a montagem da estrutura (por ser um material em abundância na região em questão), além da aplicação da planta livre (com ambientes separados por divisórias) e a presença de pátios internos.
Croqui destacando as Divisórias Internas. Fonte: Autoria Própria.
Segundo Pavimento. Fonte: Revista Área.
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“Desejo ver um mundo melhor, mais fraternal, em que as pessoas não queiram descobrir os defeitos das outras, mas, sim, que tenham prazer de ajudar o outro.” Oscar Niemeyer 50
VII. PROGRAMA DE NECESSIDADES
PARTIDO ARQUITETÔNICO População em Situação de Rua
SER
ESTAR / PERMANECER
Liberdade
Albergagem + Trabalho Interno
Estadia ao Ar Livre
Espaços Multiuso e Fluidos
Aceitação de sua Forma de Vida
Apoio Básico
Sentimento de Pertencimento
Assistência aos “Amigos de 4 Patas” 52
PROGRAMA DE NECESSIDADES
População em Situação de Rua
SER
Redário
ESTAR / PERMANECER Células Modulares para Estadia Restaurante
Praças cobertas com Fogueira Espaço Multiuso + ADM Espelho D’Água
Pomar com Árvores Frutíferas
Vestiário
Sala de Atendimento Veterinário + Canil
53
PROGRAMA DE NECESSIDADES SETOR
Restaurante
AMBIENTES • • • • • •
Cozinha Armário Carga e Descarga Despensa Salão Sanitário
Área Multiuso
DESCRIÇÃO Espaço destinado à preparação de refeições para os moradores de rua, alternando seu uso pelas diversas ONG’s atuantes na cidade
Espaço de uso para eventos diversos e campanhas a serem realizadas por empresas, Ong’s e Universidades, como palestras, oficinas, cortes de cabelo, atendimento psicológico, etc.
Administração
• • • •
Recepção/ Sala de Reunião Depósito Copa Sanitário
Espaço para uso dos funcionários e guarda de materiais.
Vestiário
• • •
3 Cabines com Vaso Sanitário 4 Cabines com Chuveiro 2 Pias
Espaço para realização de higiene básica pelos moradores de rua.
Atendimento Veterinário
• • • •
Recepção Sala de Atendimento/Banho e Tosa Canil Sanitário
Área destinada ao cuidado dos animais dos moradores de rua e público em geral.
Célula Modular 1
-
Albergagem para estadia temporária (3 a 6 meses).
Célula Modular 2
-
Albergagem para estadia temporária (3 a 6 meses). 54
Fonte: Blog Voz das Comunidades.
VIII. PROJETO
“A Arquitetura é uma expressão de valores.” Norman Foster
56
PROJETO A partir de todas as análises realizadas e com o programa de necessidades definido, foi possível iniciar os estudos de implantação do Centro de Apoio, visando a ideia de acolhimento por “etapas”, passando de áreas mais públicas para espaços com maior privacidade, atendendo a todos de acordo com a sua necessidade e vontade em sair da situação de rua.
PRIMEIRAS DIRETRIZES DE OCUPAÇÃO Legenda
57
PROJETO Em novo estudo, chegou-se à conclusão de que seria possível acomodar de forma mais livre o programa de necessidades proposto a partir da união do terreno com o canteiro lateral, anteriormente sem uso.
Praças com Fogueira
Praça “Privativa”
Redário
Passagem Suspensa (Passarela)
Pomar Espelho D’Água
Rua Eliminada
Croqui de Implantação Inicial Legenda
Praça para Feiras, Apresentações, etc.
N
58
PROJETO
Passagem Suspensa (Passarela)
Veterinário / Canil Áreas Cobertas com Fogueira
IMPLANTAÇÃO
Horta Comunitária
Praça “Privativa”
Redário Espelho D’Água
Pomar
Estacionamento Praça para Feiras, Apresentações, ...
N
59
PROJETO
CORTE AA – Seção 1
CORTE AA – Seção 2
CORTE BB
CORTE CC
CORTE DD 60
PROJETO
SER
ESTAR
IMPLANTAÇÃO - DIRETRIZES DE “NÍVEIS” PARA APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO
PERMANECER
N
61
PROJETO Veterinário / Canil
Horta Comunitária Praça “Privativa”
Áreas Cobertas com Fogueira Det. 02
Passagem Suspensa (Passarela)
Det. 01
PLANTA GERAL
Det. 03
Det. 04
Redário Espelho D’Água
Pomar
Estacionamento Praça para Feiras, Apresentações, ...
N
62
PROJETO
Passarela • Passagem segura sobre a movimentada Av. Trab. São Carlense. • Materialidade: Madeira Laminada Colada.
Redário • Espaço que disponibiliza maior conforto à população de rua que prefere dormir e descansar ao ar livre, sem nenhuma restrição ou regras, aceitando e acolhendo seu modo de vida ao invés de tentar modificá-lo.
DETALHE 01
N
63
PROJETO IMAGENS - PASSARELA
64
PROJETO
Áreas Cobertas com Fogueira • 3 grandes coberturas com fogueiras centrais e rodeadas por aquecedores de ambientes externos, sendo de grande valia principalmente em dias chuvosos ou frios. Esses espaços permitem que a população de rua se aqueça no inverno, sem a obrigatoriedade de estarem em locais fechados.
Varais • Varais estendidos para permitir que os moradores de rua pendurem suas roupas ou mesmo que a população em geral coloque roupas para doação, tornando o acesso às roupas algo mais livre e sem grande burocracia. É só chegar e pegar.
Espelho D’Água • Local de contato com a água, disponibilizando total liberdade para que a população de rua se utilize do mesmo, seja para apenas se refrescar, se banhar ou até mesmo lavar seus pertences.
DETALHE 02
N
65
PROJETO Centro de Apoio • Conta com Restaurante, Vestiário e Área Multiuso. Será um espaço dividido pelas Ong’s e empresas da cidade para a produção de pratos de comida e promoção de atividades diversas. • Materialidade: Madeira e Tijolos.
Canil/ Veterinário • Espaço de atendimento para animais de rua e da comunidade em geral. Conta com uma sala de atendimento e banho/tosa e local para permanência temporária de animais, caso necessário.
Horta Comunitária • Produção de verduras e legumes orgânicos pelos hóspedes em troca da moradia temporária.
Pomar • Fornecimento de frutas como forma de despertar a atenção.
DETALHE 03
N 66
PROJETO VOLUMETRIA DO EDIFÍCIO PRINCIPAL
Partindo de um retângulo simples, foi possível obter uma forma que valoriza os espaços externos e permite que o bloco do restaurante se projete para o meio da praça – sendo assim a visão mais predominante para a população de rua que se encontra na área aberta.
Separando os dois blocos formados e inserindo entre eles a área do vestiário, percebe-se uma clara gradação no acesso ao edifício, a partir das áreas livres de estar: atraindo olhares para o restaurante, passando pela área de higiene e chegando ao espaço onde a interação maior com os profissionais e funcionários ocorre.
Essa ideia parte do pressuposto de resguardar a liberdade dessa população, sem deixar de atender às suas necessidades. 67
PROJETO
3 2
4
1 5
6
7
PLANTA - EDIFÍCIO PRINCIPAL
8
Legenda 1
Salão Restaurante
2
Cozinha
3
Armário
4
Carga/Descarga
5
Despensa
6
Sanitário
7
Guarda-Volumes
8
Vestiário
9
Recepção/Depósito
9
10
11
12
10 Sanitário Funcionários 11 Copa/Reuniões 12 Espaço Multiuso
68
PROJETO
VIDRO
DIVISÓRIAS REMOVÍVEIS
CORTE AA
MUXARABI VIDRO
CORTE BB TRELIÇAS EM MADEIRA PAREDES EM TIJOLO
CORTE CC 69
PROJETO
Residências Tipo B • 2 Pavimentos • 4 unidades, distribuídas pelo terreno • Desenvolvidas em Projeto de Iniciação Científica com bolsa pelo CNPq, com o nome “DOMINUS”. • Materialidade: madeira perfilada roliça de reflorestamento e placas de compensado plastificadas.
Residências Tipo A • 1 Pavimento • 6 unidades, formando um pequeno conjunto • Desenvolvidas em Projeto de Iniciação Científica com bolsa pelo CNPq, com o nome “DOMINUS: Projeto Arquitetônico de Célula Modular em Madeira de Reflorestamento com Aplicação de Energia Solar”. • Materialidade: madeira perfilada roliça de reflorestamento e placas de compensado plastificadas.
Estacionamento • Apoio para os voluntários e funcionários do Centro.
DETALHE 04
N 70
PROJETO
Planta Esquemรกtica.
RESIDร NCIAS TIPO A
71
PROJETO
Planta Esquemática 1° Pav.
Planta Esquemática 2° Pav.
RESIDÊNCIAS TIPO B Obs: a disposição interna pode apresentar variações. Exemplo retirado de participação no Concurso “Habitação Temporária para Refugiados” (2019).
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PROJETO DOMINUS: PROJETO ARQUITETÔNICO DE CÉLULA MODULAR EM MADEIRA DE REFLORESTAMENTO COM APLICAÇÃO DE ENERGIA SOLAR • Artefato arquitetônico em madeira • Sistema estrutural tipo poste-e-viga • Colunas e vigas em madeira roliça perfilada de reflorestamento • Vedação em madeira compensada plastificada • Cobertura: Exclui o uso de telhas, terças, caibros e ripas, substituindo por apenas, vigas roliças longitudinais, nas quais se fixam em sua parte superior as placas fotovoltaicas, fazendo também o papel de telhas
CONCEITOS Racionalidade Construtiva
Energia Limpa
Modularidade
Sustentabilidade
Arquitetura Bioclimática
3D Esquemático. Fonte: autoria própria.
Esta célula modular, ou simplesmente módulo, é composto em suas faces frontal, posterior e laterais, por quatro placas de compensado plastificado e três pilares. O piso obedece a ordenação e modulação da colocação das placas, quando projetadas no solo. [...] Quando conjugado com outros módulos na vertical, podem ter até dois andares, ampliando o leque de opções de programas funcionais. O seu sistema estrutural em pilotis permite sua implantação em terrenos com declividades diversas, os “terrenos difíceis”. (NEPOMUCENO, 2019)
73
PROJETO DOMINUS: PROJETO ARQUITETÔNICO DE CÉLULA MODULAR EM MADEIRA DE REFLORESTAMENTO COM APLICAÇÃO DE ENERGIA SOLAR
Efeito Chaminé Tela de aço/Muxarabi Planta Esquemática – estrutura do piso .
Corte AA esquemático (com detalhe de implantação em variação de sítio).
Fundação • Vigas de concreto em formato trapezoidal apoiando a área do piso • Pilaretes em concreto que se ajustam à topografia • Sapatas de concreto para fixação no solo
Corte BB esquemático (sem variação de sítio).
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PROJETO DOMINUS: PROJETO ARQUITETÔNICO DE CÉLULA MODULAR EM MADEIRA DE REFLORESTAMENTO COM APLICAÇÃO DE ENERGIA SOLAR JUSTIFICATIVAS PARA SUA APLICAÇÃO • Sua montagem é rápida e fácil; • Não necessita de mão-de-obra especializada para montagem; • É funcional e sustentável; • Insere-se suavemente no terreno, sem necessidade de agredir o meio ambiente; • É econômico; • Pode ser reutilizado e realocado, caso necessário, sem danificar tanto o artefato como o próprio local de implantação; • Sua estrutura pode ser facilmente adaptada; • As medidas comerciais das peças estruturais em madeira, a aplicação dos conceitos de modularidade e processos de pré-fabricação tornam a construção viável e de baixo custo.
Variação de Fundação
Perspectiva Explodida da variação de 2 Pavimentos do DOMINUS (Residências Tipo B).
75
PROJETO IMAGENS - RESIDÊNCIAS
76
PROJETO IMAGENS - GERAL
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PROJETO IMAGENS - GERAL
78
PROJETO IMAGENS - GERAL
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“Eu sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas, sem ele, o oceano seria menor.” Madre Teresa de Calcutá 80
Foto: Thiago Fogolin.
IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIBLIOGRAFIA •
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ARCHDAILY. Blog de Arquitetura. "The Bridge Homeless Assistance Center / Overland Partners"; 01 de março de 2011. Acesso em 30 de Agosto de 2019. Disponível em <https://www.archdaily.com/115040/the-bridgehomeless-assistance-center-overland-partners/>. BRAGA, Cirilo. “A novela da construção do terminal rodoviário”; 11 de Outubro de 2019. Site São Carlos Agora. Acesso em 30 de Março de 2020. Disponível em <https://www.saocarlosagora.com.br/coluna-sca/a-novelada-construcao-do-terminal-rodoviario/118702/>. CENSO SUAS: Centro Pop – Estado de São Paulo 2015 [recurso eletrônico] / Secretaria de Desenvolvimento Social. -- São Paulo: Secretaria de Desenvolvimento Social, 2017. 63 p.: gráfs., tabs. Formato: Adobe Acrobat Document (pdf.). Acesso em 04 de Novembro de 2019. Disponível em <http://www.desenvolvimentosocial.sp.gov.br/a2sitebox/arquivos/docum entos/1502.pdf>. CICLO VIVO. Blog. Inspiração: “Ação distribui produtos veterinários e itens pessoais a moradores de rua e seus cães”; 15 de Setembro de 2016. Acesso em 21 de Setembro de 2019. Disponível em <https://ciclovivo.com.br/inovacao/inspiracao/acao-distribui-produtosveterinarios-e-itens-pessoais-a-moradores-de-rua-e-seus-caes/>. DEPOIMENTOS de Flávio Morais de Assis, integrante da Pastoral de Rua, grupo formado na Paróquia Nossa Senhora de Fátima; Carlos, Morador de Rua (colhidos em visita à Pastoral no dia 09 de Novembro de 2019 para acompanhamento dos trabalhos realizados). DEPOIMENTO de Joseilton Azevedo de Oliveira, conhecido como “Sussa”, ex-morador de rua que se tornou comerciante no ponto de ônibus do Terminal Rodoviário de São Carlos (colhido em visita ao Terminal no dia 13 de Março de 2020 para análise de campo). DIOCESE DE SÃO CARLOS. Site Oficial. “Paróquia Nossa Senhora de Fátima”; 10 de Abril de 2015. Acesso em 04 de Novembro de 2019. Disponível em <https://www.diocesesaocarlos.org.br/paroquias/paroquianossa-senhora-de-fatima/>.
• •
•
•
•
•
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ELIANE, Patrícia. Centro de Apoio para Pessoas em Situação de Rua. Trabalho de TGI para o Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Central Paulista (UNICEP); São Carlos; 2019. 137p. FERREIRA, Frederico Poley Martins. População Em Situação De Rua: Conceitos E Mensuração. Apresentação em Power Point do Site do IBGE. Acesso em 28 de Setembro de 2019. Disponível em <https://ww2.ibge.gov.br › pesquisa_trabalhos › trabalhos_livres>. FIGUEIREDO, Patrícia. “Brasil registra mais de 17 mil casos de violência contra moradores de rua em 3 anos”; 17 de Junho de 2019. Site G1 SP. Acesso em 03 de Novembro de 2019. Disponível em <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/06/17/brasil-registramais-de-17-mil-casos-de-violencia-contra-moradores-de-rua-em-3anos.ghtml>. GARCIA, Marília M. R. Arquitetura no Âmbito Social: Centro de Apoio do Morador de Rua. Trabalho de TFG para a Faculdade de Arquitetura de Belas Artes; São Paulo; 2014. 94p. IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Portal do Instituto. “Pesquisa estima que o Brasil tem 101 mil moradores de rua”; 26 de Janeiro de 2017. Acesso em 28 de Setembro de 2019. Disponível em <http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=ar ticle&id=29303>. JORNAL PRIMEIRA PÁGINA. Site Oficial. “Censo revela que São Carlos tem 246 moradores de rua”; 13 de Dezembro de 2019. Acesso em 02 de Março de 2020. Disponível em <https://www.jornalpp.com.br/noticias/cidades/censo-revela-que-saocarlos-tem-246-moradores-de-rua/>. MARQUEZ, Ana. “Um lugar para aprender e morar”. Site Galeria Da Arquitetura. Acesso em 05 de Novembro de 2019. Disponível em <https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/alephzero_/moradias-infantis/4647>.
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