Traz pra Roda(r)

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Ufa! Depois de tanto “pensa e repensa” para produzir o conteúdo deste infozine, ele nasce todo cheio de independência, sai por aí para entrar na roda de conversa do boteco, na roda dos dançantes, da capoeira e roda, totalmente livre, pelos espaços... Por aqui, a ideia é falar sobre produções independentes em Ribeirão Preto. Divulgar, fortalecer e incentivar a cena independente da cidade. O fanzine, que se insere neste cenário, é o tema deste primeiro volume... No caminho, encontrei pessoas que sabem muito sobre o assunto, que desenvolvem trabalhos interessantíssimos usando fanzine, que se expressam e que incentivam o outro a se expressar também. E aí, já deixo a brechinha para agradecer a cada fanzineiro que deu moral para este infozine: obrigada pelas respostas, a gentileza e os zines! Agradeço também a Michelle pela leitura e ao Victor pelas ideias e criatividade O trabalho é despretensioso, aberto para sugestões e novas ideias. Entao, sinta-se livre para entrar na roda desta conversa para questionar, acrescentar, divulgar seu trabalho, ajudar a desenvolver ideias e trocar figurinhas! Tudo nosso! Vem, Traz pra Roda(r) Mariane Souza (Contato: facebook.com/entre.lugar mariane2.souza@usp.br)


? e u q o . Mas Conversando com algumas pessoas, quando a ideia desta infozine era só uma ideia, percebi que muitas delas (especialmente as da minha idade, 20 e uns poucos) não sabiam o que eram fanzines.... Ora, e não era justamente isso o que eu queria? Poder disseminar os zines e tentar fazer com que outraspessoas de outros grupos e círculos osconhecessem? EUREKA! Partindo disso, considerei ser interessante fazer uma breve definição antes de começar a falar sobre os fanzineiros de Ribeirão Preto. No entanto, está longe dos meus desejos escrever algo que você possa encontrar na primeira busca pela internet, então vou defini-las com as palavras faz parte do movimento zine. Lá vai: “Na minha opinião, o zine pode ser resumido em duas palavras, Liberdade e Paixão. Liberdade porque você pode colocar o que quiser no material em que você está produzindo, geralmente é algo que não aparece em grandes editoras. E Paixão, porque você não faz por dinheiro, faz por-

que você tem algo a dizer, você quer mostrar sua arte, mostrar que você é capaz de produzir algo que acredita ser importante mostrar, tem Paixão. Essa Paixão que contagia as pessoas e estimulam elas a produzirem zines. “ (Denis Fioravante - Pastel de Pelo) “Fanzine pra mim além de ser liberdade de expressão, é possibilidade. Através do zine você transmite o que quiser e principalmente compartilha com outras pessoas aquilo que não pode mais ficar apenas dentro de você.” (Fernanda – Chasing Mark) “Conheci os fanzines em 1996 e através deles, melhorei minha expressão e participação no mundo. Fiz amigos, conheci livros, bandas e outros fanzines. Fazer um zine te dá a oportunidade de aprender errando e o erro é essencial no aprendizado” (João Aguiar – Âncora) “Zine pra mim significa momentos prazerosos enquanto produzo, momento de reflexão e estudo, além de comunicação e conexão com pesso-


as. Significa arte, expressão e amor pelo que se faz. Zine é uma coisinha pequenininha que você faz com muito carinho e que revela muito do seu mundo para os outros. É uma troca de quem produz, com quem lê, e não tem coisa mais gratificante do que ver alguém lendo o seu zine com interesse e admiração.” (Cristina Perin - PerinPeciando e Sarau Combativas) Pois bem! Instrumento da contracultura, as zines têm sido uma maneira não hegemônica de fazer circular ideais, visões políticas e ideológicas. É através da autoprodução, publicação e da distribuição independente, que essas ideias circulam fora do circuito convencional.As zines não possuem nenhuma ligação com o mercado editorial e é exatamente a isso que os fanzineiros atribuem a liberdade de comunicarem o que quiserem através de imagens e textos. São os próprios criadores que produzem o conteúdo, editam, publicam e divulgam seus materiais. Geralmente, a circulação acontece em eventos como feiras, shows, sarais e vários outros eventos culturais. São encontradas também no meio digital, principalmente em redes sociais e blogs e, ainda hoje, mas especialmente há alguns anos, o correio era muito utilizado para a circulação de zines.

Como meio de expressão democrática, as fanzines podem se relacionar a qualquer assunto e até mesmo se conectar a diversos assuntos em uma mesma edição. A produção envolve criatividade e pode ser realizado com independência: recortes, colagens, costura, desenhos ou produção digital. As zines se caracterizam por serem produzidas de diversas e incontáveis formas nas quais o conteúdo e o formato podem se transformar em uma mensagem única. Finalizando, os zines utilizamuma linguagem despretenciosa, criando uma linguagem visual e discursiva muito criativas, transmitindo personalidade e posicionamento ideológico. Como pude perceber através das zines que li e dos fanzineiros que conversei, qualquer pessoa pode (e deve) criar um fanzine, porque, além de dar corpo a ideias, gerar uma proximidade entre leitor e criador, estabelecer laços de amizade, estimulam e desenvolvem um senso crítico e questionador tanto em quem produz, quanto em que o lê.


o t e r P o ã r i e b i R Em Sobre o cenário de zines em Ribeirão Preto, Josi afirma: “Vejo como um cenário muito promissor e também o mesmo já foi berço para grandes artistas que são inspirações para os novos fanzineiros” (Josi - Castro, o castor) Dentro do time desses fanzineiros das antigas sobre os quais Josi comenta, está Arnaldo Junior que, mesmo sem saber o que era fanzine, começou a produzi-las desde muito cedo. Desenhava, escrevia e publicava os próprios quadrinhos. Divulgava seus materiais no mural da escola, ou simplesmente os “passava pra frente”; Nos anos 70, começou a expor seus desenhos, poemas e quadrinhos em varais da praça XV e da Sete de Setembro, alguns zines foram: “BRUMMM”, uma coletânea de charges e quadrinhos; “Microhumor”, um jornal de humor e “QUADRIM”, uma revista que reunia quadrinhos experimentais nos anos 80. Nos anos 90, ao lado de Xandão (João Alexandre Carona Peixoto), Jabá (José Luis da Silva) e Camilo (Astrogildo Camilo Borges), criou o “BOCA DE PORCO” ao mesmo tempo em que circu-

lavam outras fanzines conhecidas na cidade: “Me Acode Maria” (Gateó) e “A Falecida”. A zine “A Falecida” surgiu em 1991 e neste ano completou 25 anos! O piloto (número zero) foi lançado dia 1° de julho, no teatro da UNAERP durante o show da banda Os Egoistas. “O fanzine foi criado pelos então estudantes universitários Angelo Davanço (jornalismo), Milton Montero (engenharia elétrica) e o jornalista José Luiz Gomes. Criamos o zine pois, na época, não conseguíamos espaços na mídia para falar sobre as bandas, quadrinhos, personagens e escritores de que gostávamos”, explica Angelo sobre o surgimento da zine. Sobre como produziam “A Falecida”, Angelo compartilha: “Os primeiros números (já são 14 edições lançadas até 2016) foram todos compostos com máquina de escrever, tinta nanquim, colagens e as extintas Letra Set (um tipo de transfer). Hoje, continuo sozinho na produção (o Milton mora em outra cidade e o Zé Luiz faleceu), e mesmo usando computador, sigo o esquema de recortes e co-


lagens para fazer os zines, que seguem sendo xerocados.” Recentemente a edição #0 de “A Falecida” foi relançada com edição comemorativa.

“.. Com esta retomada dos fanzines, o cenário volta a se fortalecer.. ” - Angelo Davanço, A Falecida

E, sobre o movimento zineiro de Ribeirão, Angelo afirma que “Quando A Falecida surgiu, no início dos anos 90, o cenário em RP era bem interessante, com vários títulos e trocas de experiências. Agora, com esta retomada dos fanzines, o cenário volta a se fortalecer, com o surgimento de novos fanzineiros e a turma das antigas ainda na ativa”. Angelo desenvolve oficinas de zines na livraria Travessa e é uma das pessoas que sempre participa dos eventos sobre quadrinhos e zines na cidade.

Além disso, a livraria abriu espaço no Clube de HQ para que a cada quatro encontros, no último o público possa divulgar seus trabalhos em quadrinhos, desenhos e zines. Tarso Eric, o idealizador explica que “Essa proposta surgiu para poder aproximar o público do espaço da Livraria, além de proporcionar o debate sobre as obras e tentar criar um novo espaço na cidade voltado para os artistas e os entusiastas. As pessoas podem mostrar qualquer trabalho, mesmo se tiver inacabado”

Capa do relançamento A Falecida #0


Outro zineiro que também participou dos primeiros fluxos de fanzines em Ribeirão e nas cidades ao redor é o João Aguiar. Começou com o fanzine “Sindicato do Rock” no ano de 1996, em Serrana; o conteúdo desta zine questionava a politica da cidade, compartilhava e divulgava resenhas de bandas undergrounds e divulgava outros fanzines do Brasil. Em 2002, quando João iniciou a graduação em Letras, nasceu a “Âncora”. A ideia desta zine era divulgar textos autorais (poemas, contos, etc.) dos alunos: “Um amigo de sala, Leandro Rosa Felix, escrevia e organizava o fanzine comigo. Mais tarde, somou-se ao grupo Murilo de Paula que cursava Artes Cênicas em Campinas. Na época distribuíamos o fanzine na faculdade e em eventos de música e literatura. Nos formamos em 2004, mas o fanzine continuou sendo editado sempre que dava, nos reuníamos para montar o fanzine e a lista de colaboradores só aumentava. O método empregado na criação do âncora é o mesmo até hoje. Cola, papel, tesoura para recortar figuras de revistas, textos nossos e de colaboradores e muita criatividade. Fazer um fanzine também é a forma que encontramos para manter nossa amizade viva.”, explica João Aguiar. Concluída a graduação, João apresentou o mundo libertário das zines aos seus alunos e realizou trabalhos sociais muito interessantes. Promoveu oficinas nas escolas e atualmente

leciona na penitenciária Serra Azul 1, na qual os alunos produzem fanzines e se expressam por meio dela: “As oficinas costumam ser feitas para reunir trabalhos de produção de textos como artigos de opinião, poemas e crônicas e também desenhos, quadrinhos e charges abordando temas como meio ambiente, drogas, preconceito, direito das mulheres, homofobia, educação, políticas públicas...os fanzines depois são distribuidos entre eles, e alguns enviam para a família”, explica.

As zines têm sido cada vez mais utilizadas como ferramenta pedagógica de ensino como explica Arnaldo: “O João Francisco Aguiar, o Arnaldo Neto e eu também, usamos muito desta ferramenta nas salas de aula. Na escola em que trabalho (E.E. Jd. Diva Tarlá), por exemplo, o ‘Divina Diva’ já está na segunda edição.” Quando conheci “Chasing Mark” da Fernanda Merelles, foi como ter uma ilustração de como as zines são manifestações criativas. Em formato de mini zine, Fernanda utiliza imagensrecortadas de revistas e textos produzindo uma bricolagem na qual o que conecta as duas linguagens são os sentimentos que formam


uma espécie de materialização dos pensamentos. Fernanda já expôs suas colagens no Armazém Baixada, produziu colagens ao vivo durante o Clube do Jazz no espaço A Coisa e ministrou uma oficina de zines no Sarau CombAtivas. O Sarau CombAtivas surgiu este ano (2016) como resultado da vivência de uma ocupação escolar em Araraquara. Juliana Devides, a idealizadora, participou no dia 8 de março (dia internacional da mulher) de um sarau durante a ocupação e a partir disso, surgiu a ideia de realizar um sarau feminista que fosse realizado mensalmente e que reunisse mulheres; “Foi quando criei um chat no facebook e adicionei muitas mulheres que sabia que poderiam ajudar, e elas foram adicionando outras, pra que pudéssemos organizar o sarau”, conta. O primeiro sarau teve poucas mulheres presentes, mas o número foi aumentando devido a utilização das mídias sociais para divulgar o evento e os grupos de discussões como os do facebook e whatsapp além de outros meios de divulgação: “Temos perfil no instagram, página no face, zines mensais, camiseta, banner, entre outras coisas. Temos muitas ideias que

estão sendo construídas de forma coletiva mas que precisam de tempo e de outros fatores para serem concretizadas. Uma delas é realizar, anexo ao sarau, um cine debate mensal que possibilite a politização e o empoderamento de mais mulheres.”, ressalta. O sarau geralmente acontece na praça Sete de Setembro, mas, como explica Juliana, o grupo tem planos para conseguir uma sede, um espaço para realizar o sarau e outras ações, futuramente. Cristina Perin explica que a ideia de fazer um zine veio de uma das combativas pelo whatsapp e a partir disso resolveram fazer uma oficina e a Fernanda, de Chasing Mark, foi convidada para ser a facilitadora. Depois disso, o grupo foi se articulando para, de forma colaborativa, juntar o material e as ideias para produzir zines mensalmente. Sobre o processo da construção dessas zines, Perin explica: “Eu encabeço, organizo, cobro, coleto o material e faço a montagem final, e as meninas que tiverem interesse em cada mês participa, ou com músicas,


poemas, poesias, textos sobre o tema do mês, desenhos e colagens. Uma das meninas também se prontificou em fazer 50 cópias mensalmente para o Sarau. E a montagem do zine fazemos no próprio Sarau com a ajuda de todas.”

“.. quero que seja um zine crítico e que fale de problemas atuais, além, é lógico, de sempre gerar reflexão.” - Cristina Perin, PerinPeciando A Perin também compartilhou que foi por causa do grupo que pode conhecer as fanzines e, entusiasmada com o que na época tinha acabado de conhecer, foi logo produzindo sua própria zine! O “PerinPeciando surgiu da ideia de ser uma extensão das ideias do meu vlog (que tem o mesmo nome), mas por fim acabou sendo algo mais crítico. Acabo falando muito mais de feminismo no meu zine do que no meu vlog, e isso começou a me fazer repensar sobre os próprios temas que eu produzia com meus vídeos. Como estou envolvida com o Sarau das CombAtivas, acabo estudando, lendo e debatendo muito sobre o tema feminismo então isso acaba por influenciar tam-

bém nas minhas produções, mas não pretendo focar somente nesse tema. Quero que seja um zine crítico e que fale de problemas atuais, além, é lógico, de sempre gerar reflexão.”, explica. Sobre a dinâmica das fanzines na cidade, João (Âncora) acredita: “Houve um tempo em que me sentia bastante solitário, mas de uns tempos pra cá fanzines antigos voltaram à cena como é o caso de ‘A Falecida’ e outros que estão surgindo com tudo, por exemplo, o ‘Pastel de Pelo’”. A zine surgiu em 2015, e é produzida por Denis Fioravante, Vitor (Pandão) e Carlos Eduardo. “Nós achamos que Pastel de Pelo era um nome bem apropriado para o zine, pela graça da palavra e por chamar muita atenção. No começo para produzir o fanzine, eu recolhia o material que o pessoal tinha feito, tirava fotocópia de tudo e montava o boneco da revista. A partir desse boneco eu fazia as cópias para serem distribuídas, geralmente eu faço uma tiragem de 60 cópias e dividimos o custo da produção em três.”, explica Denis. Denis, antes de fazer fanzines, criava webcomics e as publicava em um blog, “contudo, eu sentia vontade de criar um material físico, fazer um caderninho ou um livrinho com meus quadrinhos, foi quando pensei em fazer um zine”, ressalta. Com apenas um ano de existência,


“.. de uns tempos pra cá, fanzines antigos voltaram à cena como é o caso de ‘A Falecida’ e outros que estão surgindo com tudo, por exemplo, o ‘Pastel de Pelo’” - João Aguiar, âncora

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a zine do grupo já possui 7 edições, o que, para um fanzine tão novo, é muita coisa! Atualmente, o grupo ganhou uma nova integrante, a Anna, que produz contos eróticos. Denis, ao comentar sobre o cenário fanzineiro de Ribeirão Preto, ressalta a importância de eventos: “Pelo que eu conheço, Ribeirão teve uma gama de fanzines nas décadas de 80 e 90 e depois teve um período de 2000 com pouca relevância nos zines. Atualmente o cenário está novamente favorável, vejo eventos como o Dia Nacional do Fanzine e o Encontro de Colecionadores de HQ, como eventos

com grande potencial para espalhar a ideia do fanzine, eventos pra conhecer pessoas que produzem esse tipo de material, trocar ideias e conquistar novos leitores de zines.”


Durante o processo de construção deste texto, participei de alguns eventos da cidade sobre fanzine. Foram nesses eventos que pude conhecer e trocar figurinhas com alguns fanzineiros de Ribeirão e percebi que eles se envolvem e valorizam esses eventos que funcionam como um meio de interação social e de divulgação de zines. Essa ideia se reafirma com as palavras de Josi: “Os eventos que estão acontecendo abrem espaço tanto para os artistas, quanto para quem gosta do trabalho artesanal dos fanzines.”

Josi produz a zine “Castro, o Castor”. O cenário do personagem é contemporâneo e os conflitos também; a narrativa conta a história das alegrias e desventuras de um pequeno roedor ao lado de dois personagens, Paolo, o polvo e Dumont, a tartaruga. Em 2015, Castro visitou a 9 ª FIQ (Festival Internacional de quadrinhos) em Belo Horizonte, um dos eventos mais importantes sobre quadrinhos no Brasil.

“Os eventos que estão acontecendo abrem espaço tanto para os artistas, quanto para quem gosta do trabalho artesanal dos fanzines.” - Josi, Castro o Castor

Castro, o castor - Homenagem às paraolimpiadas Rio 2016


Saulo Michelin, depois de escrever um roteiro de quadrinhos e o deixar guardado na gaveta (HD do computador) durante alguns anos, resolveu terminar as páginas e o formatar em zine. Backup, como é intitulado, roda pelos eventos como uma forma de “transformar a hq virtual em algo palpável material”, explica. Para Saulo, a sensação de comunidade que cercava o universo zine em Ribeirão Preto nos anos 90, se perdeu devido as novas formas de interação via internet e ressalta, que embora ainda exista grupos, percebe que eles possuem menos intensidade. Saulo também produziu “Ígneo”, criado no auge nos animes do Brasil, segundo ele. “Toda uma comunidade de fans surgiram e muita gente começou a fazer quadrinhos inspirados em mangás e animes”. Na época, Saulo fazia zines com os amigos e a interação e troca de zines acontecia por correio.

Para Tarso Eric, o cenário zine de Ribeirão está crescendo e conquistando seu espaço. Segundo ele um dos melhores exemplos disso é o Festival ribeirãopretando de quadrinhos (FRIQ) que está na segunda edição com apenas um ano de existência: “Além de pessoas que vão para comprar ou trocar HQs, têm pessoas que estão indo para mostrar o próprio trabalho (como no meu caso), e geralmente isso vai ser mostrado na forma de um zine, (apesar do festival abrir espaço para outras formas de expressão também). Esse contato direto entre quem está vendendo e quem está comprando é muito positivo, além do apoio mutuo entre os zineiros.”


Há pouco tempo, Tarso criou seu primeiro zine, o “Sim, FEDE” e compartilha como surgiu a ideia: “Eu vi um edital para participar de um concurso que iria publicar alguns novos artistas e que tivessem um trabalho com no mínimo de 20 páginas. Como o tempo era relativamente curto, e eu sei o quanto enrolo para fazer as coisas, juntei alguns trabalhos meus variados e depois acrescentei algumas páginas que faltavam. O conteúdo do zine é humoristico e satírico; Tarso explica que uma das principais influências do seu trabalho é a revista MAD e o nome vem de uma sátira feita pelos escritores da revista sobre o seriado “Seinfeld”. O concurso passou e eu não passei, mas optei por lançar o conteúdo no formato de zine independente assim mesmo, o que já era uma vontade que eu tinha há algum tempo.”

Esse contato direto entre quem está vendendo e quem está comprando é muito positivo, além do apoio mutuo entre os zineiros.”

“...

- Tarso Eric. Sim, Fede


! m é l a e o t Infini Nessa minha jornada em busca das zines e fanzineiros de Ribeirão, pude perceber que os zines estão reconquistando o movimento dinâmico que possuiam a alguns anos atrás: alguns zineiros nunca pararam, outros voltaram a produzir e outros, que acabaram de conhecer, se sentem entusiasmados para produzir algo que reflita suas ideologias. No meio do pessimismo e otimismo que pude sentir em relação ao futuro da zine na cidade, esse trabalho pode ser enxergado como uma amostra, bem pequena, sobre como a movimentação de ideias livres e criativas se manifestam de diferentes formas: zine, eventos e fóruns de discussões (em grupos no meio digital ou não). Acredito que uma zine nunca é uma produção que anda sozinha, é preciso interações sociais (como as encontradas nos

eventos ou na internet) para que ela seja lida por alguém. Para finalizar essa edição da Traz pra Roda(r), deixo uma notícia: recentemente, Ribeirão Preto recebeu sua primeira zineteca que foi batizada como Glauco Villas Boas; o espaço se encontra no Centro Cultural Cerâmica São Luiz e está na fase de desenvolvimento. E, mais uma vez, é possivel perceber a importância dos eventos para fomentar as ações culturais em Ribeirão Preto: durante a FRIQ ( edição realizada em dezembro de 2016) será arrecadado fanzines e publicações marginais que farão parte do acervo de zines e, além disso, caixas de sapatos (também arrecadadas) serão decoradas com colagens e, futuramente, essas caixas servirão para guardar os zines na zineteca.


Quer saber mais?

Documentário “Fanzineiros do século passado” Apesar de não ser uma produção que tem alguma relação com a cidade, este documentário de três capítulos é uma referência importante sobre o assunto e pode ser assistido online: https://vimeo.com/19998552

Chasing Mark Se você ficou com vontade de conhecer melhor os trabalhos ou conversar com os zineiros, você pode acessar alguns links:

A Falecida

No blog, você encontra informações sobre a zine e informativos sobre eventos e workshops sobre fanzine: www.zineafalecida.com.br/

Âncora

Na página da Âncora, você pode acessar informações sobre o movimento das zines em Ribeirão: www.facebook.com/Âncora340022332693445

Pastel de Pelo

Você pode acompanhar os lançamentos da zine pelo facebook e ter acesso a tirinhas extras: www.facebook.com/pasteldepelorevista

Aqui, dá pra acessar as colagens com cores e os eventos que a expõem as colagens Facebook:www.facebook.com/ chasingmark Instagram: @chasing_mark

Sarau CombAtivas

Pra acompanhar os eventos e saber o que fazer para participar do grupo Facebook:www.facebook. com/pg/saraudascombAtivas/ about/?ref=page_internal

Castro, o castor

A Josi sempre posta uma tirinha nova na página... Facebook:www.facebook.com/ castroocastor Tumblr:http://castroocastorposts. tumblr.com/

Sim, Fede

Dá para adiquirir um exemplar do zine pelo Facebook:www.facebook.com/simfede/?ref=ts&fref=ts


Zineteca Glauco Villas Boas

Você pode acompanhar como anda o desenvolvimento do espaço e saber como colaborar com a produção pelo link do Facebook: www.facebook. com/zineteca-glauco-villas-boas-536038226605663 /?ref=br_rs



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