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Introdução à Modernidade no Brasil Doris Maria Machado de Bittencourt

Primeiras manifestações Até a afirmação do Modernismo inúmeras tendências estiveram presentes na arquitetura. O surgimento de novas tecnologias, determinava novos rumos a seguir. As mudanças decorriam de transformações de caráter evolutivo e transformações revolucionárias decorrentes de novos modos de produção.

No início do século XX o Rio de Janeiro foi palco de grandes renovações.

O urbanismo de Pereira Passos criava as grandes avenidas Beira Mar e Central, e novas avenidas para fluir o trânsito. Isso permitiu uma renovação da construção civil, que se consagrava no ecletismo. A diversidade era importante expressava o espírito da época. O ecletismo propunha uma conciliação entre os estilos.

Primeiras manifestações Conforme Nestor Goulart Reis Filho: “ O ecletismo – propondo uma conciliação entre os estilos_ foi um veículo estético eficiente para a assimilação de inovações tecnológicas de importância aos padrões arquitetônicos existentes, bem como um fator de dissolução dos limites mais rígidos desses mesmos padrões.’’ ( REIS FILHO, p. 169)

“ A influência do Ecletismo era, assim. Apenas um fenômeno formal, que abria condições para o avanço tecnológico e, simultaneamente, para o reforço da dependência cultural e material do mercado externo.” ( REIS FILHO, 1978, p. 179)

Ecletismo

quarto

quarto

toilete

corredor

sala de jantar

sala de espera gabinete

Fig. 236. Residência.

Proprietário:Emílio...

Endereço: Responsável Técnico:Manuel Itaqui.

Fonte: Processo nº 173 de 1908.

APPMPA. GEDAB. APGW.

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1

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Fachada

0 1 2 Planta-baixa

Obs:grafia dos compartimentos conforme desenho original.

Primeiras manifestações Nessa febre renovadora destaca-se a contribuição dos mestres fachadistas de origem italiana, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. Pode-se citar os Januzzi e Rebecchi; os engenheiros, os arquitetos imigrantes europeus ou americanos. Ou ainda arquitetos como Morales de los Rios.

Nos arrabaldes da metrópole os chalés do século XIX caíam de moda.

Surgem também, dois outros movimentos de feição erudita o art-nouveau e estilos históricos, do gótico às mais diversas vertentes do renascimento, bem como a versão Beaux Arts dos estilos Luís XV e XVI.

Art Nouveau- Casa Godói- Porto Alegre

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Fachada

Planta-baixa do porão

Fig. 251. Casa Godói.

Proprietário:Henrique Schmitt.

Endereço: Av. Independência, nº 456.

Responsável Técnico:Hermann Otto Menchen. Área:831,00 m² Fonte: Processo nº 117 de 1907.

APPMPA. GEDAB. APGW.

Planta-baixa do pavimento térreo

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O neo-colonial Contra esse festival de estilos formais pretendeu-se reviver um estilo que seria autenticamente brasileiro, o neo-colonial. A Arquitetura Moderna encontrou nesse estilo seu mais relevante contraponto. José Mariano Filho, Ricardo Severo e Victor Dubugras promoveram a “redescoberta“ da herança colonial brasileira através dessa arquitetura de natureza acadêmica que resultou de interpretações equivocadas dos ensinamentos de Araújo Viana.

Victor Dubugras- Residência para Saturnino de Brito, 1916

O neo-colonial

Casa da Baronesa de Arari, esq. da Rua Peixoto Gomide com a Av. Paulista, 1916

Da mesma forma que Ruskin, na Inglaterra, o movimento negava o óbvio, negava a importância da Revolução Industrial.

Mário de Andrade afirma que o equívoco foi agravado pelo desconhecimento das características da arquitetura colonial e pela incapacidade de aproveitar aquelas s o l u ç õ e s a o s programas atuais.

Karl Ekman, Casa Álvares Penteado Karl Ehman nasceu em 1866m, na Suécia. Veio para o Brasil e instalou-se em São Paulo. Ekman projetava inspirando-se no estilo Sessezione Vienense – que era uma versão do Art Nouveau, o estilo da época, que pretendia romper com o ecletismo. Na Europa representou uma ruptura com o passado, propondo uma renovação e síntese nas artes plásticas e na arquitetura. No Brasil, a indústria era incipiente, tudo ainda era importado. O Art Nouveau fazia sucesso com a aristocracia rural. Era a última moda em matéria de decoração. E a burguesia que adotava o Art Nouveau tinha olhos fixos na Europa.

A Vila Penteado é dos últimos edifícios remanescentes do estilo Art Nouveau em São Paulo. Foi construída em 1902 para abrigar duas importantes famílias paulistas, a do Conde Antonio Álvares Penteado e a de seu genro, Antônio Prado Junior.

O prédio foi doado à USP em 1949, a luxuosa construção de dois pavimentos possui mais de 60 cômodos. Hoje é a sede da Pós Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU-USP A Vila Penteado é mais que uma casa de época, trata-se de um edifício residencial paulistano singular do início do século XX, que pela exemplaridade estilística, já no tempo de sua construção, significou enorme contribuição para a ampliação do repertório artístico, técnico e construtivo da cidade.

Vila Penteado (Baseado em texto de Regina A.Tirello) Na época, a Vila Penteado era chamada a "casa das riscas esquisitas".

Era puro cosmopolitismo.

A orientação Sezessione, chamada "arte nova" significava uma casa de linhas retas, que se harmonizava com estuques em relevo e elementos de serralheria artística de desenho floral.

Os detalhes construtivos e decorativos, além de denotarem a riqueza de meios com que arquiteto Carlos Ekman pode contar para a realização desta obra, informam sobre os modos de morar de parte da sociedade de então.

Assim, estudar a Vila Penteado é mais que avaliar um exemplar de residência Art Nouveau paulista. Seu valor de "documento material" do passado ultrapassa seu valor arquitetônico. É fonte de dados importante sobre as práticas artísticas e construtivas, que se tornam fundamentos úteis para a restauração e conservação de edifícios deste período.

Vila Penteado Vila Penteado Entre 1992 - 1993 Foram realizados trabalhos de identificação e decapagem das pinturas murais artísticas originais, em todos os cômodos, nos dois pavimentos da casa; e caracterização das cores antigas da fachada.

Vila Penteado Nestes anos, as pinturas murais de cerca de 60 cômodos da casa, até então desconhecidas, foram identificados com sondagens arqueológicas de superfície e prospecções, inventariados, registrados e analisados sob os aspectos materiais, técnicos e artísticos. Descobriu-se que, em alguns ambientes, sobrepunham-se até três camadas de pinturas artísiticas antigas que foram classificadas indicativamente por ciclos ornamentais. O primeiro ciclo corresponde ao das pinturas de estilo Art Nouveau.

A Semana de Arte Moderna de 1922 A década de 20 foi marcada por fatos que propiciaram a implantação de novos conceitos de arte e arquitetura. A Semana de Arte Moderna foi o mais importante. Os artistas Mário de Andrade, Oswaldo de Andrade, Menotti del Pichia, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Vicente Rego Monteiro, Vítor Brecheret, Vila-Lobos, Ronald de Carvalho, Guilherme de Almeida , Paulo Prado e Graça Aranha promoveram exposições e sessões públicas no Teatro Municipal de São Paulo. Foram influenciados pelos movimentos das vanguardas européias. A Semana de Arte Moderna foi definitiva para a renovação das artes plásticas, porém não houve a repercussão que se esperava na arquitetura, que permaneceu subordinada ao academicismo.

Antonio Moya e Flávio de Carvalho Na Semana de 22, Antonio Moya, de origem espanhola, apresentou desenhos que insinuam um rompimento formal com o academicismo e uma aproximação as vanguardas históricas européias, porém sem um projeto estético definido.

Moya utilizou volumetrias “cúbicas“ inspiradas em modelos pré-colombianos e na cerâmica indígena da Ilha de Marajoara. O estilo passou a ser denominado marajoara e foi estimulado por Nestor de Figueiredo e por Adolfo Morales de los Rios. Entretanto, se a Semana de 22 foi revolucionária no que se refere à pintura, escultura e artes plásticas em geral, o mesmo não se pode afirmar quanto à arquitetura.

A viagem de Le Corbusier ao Brasil- 1929 Le Corbusier, a convite de Paulo Prado, rico cafeicultor paulista e mecenas dos modernistas, visitou São Paulo, Buenos Aires, Montevideo e Rio de Janeiro em 1929. Suas conferências e propostas causaram impacto. Por sugestão dele, Warchavchik foi designado , por Siegfried Giedeon, representante da América Latina no CIAM de Bruxelas em 1930.

Antonio Moya e Flávio de Carvalho Frank Lloyd Wright visitou o Brasil em 1931. Antes de sua visita é possível detectar nos anos 20 sinais do interesse de alguns profissionais por sua obra, no período embrionário deste Modernismo. Dois arquitetos paulistas se destacaram, Antonio Moya e Flávio de Carvalho. Moya estudou no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo realizou uma obra eclética. Foi um dos dois participantes da modesta seção de Arquitetura na Semana de Arte Moderna de 1922, realizada em São Paulo, na comemoração do cinqüentenário da República.

Projeto de Residência. Antonio Garcia Moya, 1928. Fonte: Arte no Brasil, Abril Cultural, 1979, p.

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Antonio Moya e Flávio de Carvalho Seu Projeto para uma residência, de 1926 possui linguagem similar à de Wright para as Prairie Houses, e para as perspectivas de inspiração japonesa para a Hardy House em Racine, Wisconsin, de 1905. Remete também à obras de Wright como a A.D. German Warehouse (1915-16) e ao Complexo da Hollyrock House (Los Angeles 1916-1922).

Antonio Moya e Flávio de Carvalho Flávio Resende de Carvalho (1899-1973), membro de tradicional família paulista, estudou Engenharia na Durhan University em New Castle, England, onde também freqüentou o curso de Artes Plásticas, e viajou para a Europa. Retornou ao Brasil em 1923, permaneceu um produtor solitário, sem filiar-se aos movimentos de sua época.

Era culto e informado dos movimentos estéticos europeus. Estudou Filosofia e Psicologia. Foi artista plástico e cenógrafo, produziu uma obra extensa e diversificada, no entanto como arquiteto-engenheiro produziu obras restritas.

FLÁVIO DE CARVALHO Retrato de Burle Marx, 1952 óleo sobre tela 90 x 70 cm Coleção Sérgio Fadel

Antonio Moya e Flávio de Carvalho Até o presente, muitos consideram sua proposta para o Palácio do Governo de São Paulo, de 1927, como o primeiro projeto de caráter moderno no Brasil, do ponto de vista estético-visual. Ela inaugura uma série de projetos para concursos elaborados por Flávio entre 1927 e 1931, que causaram escândalo na imprensa brasileira.

Antonio Moya e Flávio de Carvalho Na proposta para o primeiro Concurso Internacional para o Farol de Colombo em 1929 Flávio de Carvalho apropriou-se de elementos de obras das vanguardas, em especial de Wright, Sant ´Elia, dos Construtivistas, de Mendelsohn e Poelzig, aliados ao Decorativismo de inspiração pré-colombiana, compatível com o edital do Concurso.

Projeto para o Farol de Colombo, Flávio de Carvalho, 1929. Fonte: “Concours pour L`election d´un Phare a la Memoire de Christophe Colomb“, L´Union PanAmericaine, 1931, p. 94

A inauguração do Modernismo brasileiro: Gregori Warchavchik A primeira manifestação do Modernismo no Brasil aconteceu em São Paulo, na obra de Gregori Wa r c h a v c h i k . 1 9 2 5 é considerado genericamente o ano inaugural do Modernismo brasileiro.

G r e g o r i Wa r c h a v c h i k , arquiteto de origem russa, chegou ao Brasil em 1923 após terminar seus estudos na Escola Politécnica de Roma, quando publicou artigos pró-funcionalismo na imprensa paulista e carioca.

Casa do arquiteto, à Rua Santa Cruz, Vila Mariana, São Paulo, 1927-1928,

A inauguração do Modernismo brasileiro: Gregori Warchavchik Nesse período inicial, aos espetaculares projetos de concurso de Flávio de Carvalho somam-se as primeiras realizações de Warchavchik, entre elas a casa do arquiteto à Rua Santa Cruz, de 1927-28, e a Casa da Rua Itápolis em São Paulo, esta inaugurada com a exposição Uma Casa Modernista em 1929, e a Casa Nordshild na Rua Toneleros, no Rio de Janeiro em 1931.

Casa modernista à Rua Itápolis. Bairro Pacaembu, São Paulo, 1929-1930

Rino Levi Quase concomitantemente, o jovem Rino Levi, ainda como estudante em uma escola italiana, publicou em São Paulo, com teor modernista a correspondência intitulada “Arquitetura e estética das cidades”. Levi propunha a modernização da arquitetura e do urbanismo brasileiros sem ruptura com a tradição clássica. Ele retornou ao Brasil em 1926, ano em que se formou, e logo foi contratado pela Companhia Construtora de Santos, substituindo Gregori Warchavchik.

Cia. Jardim de Café, 1943.

Foto: José Moscardi

Rino Levi/ Ed. Columbus Seu primeiro trabalho de repercussão no meio arquitetônico foi o edifício Columbus (1934), considerado por historiadores o primeiro prédio moderno da capital paulista. O Columbus, porém, ainda continha elementos da primeira fase do arquiteto como os balcões arredondados ou detalhes que misturavam art déco e elementos caros a Piacentini.

Residência Castor Delgado Perez, 1958 Foto: José Moscardi

Os anos 30 e a tentativa de reforma da Escola de Belas Artes ( 1930-1931) Até 1930 não havia adeptos da arquitetura moderna , no Rio de Janeiro. José Mariano Filho era diretor da Escola de Belas Artes dominada pelo neocolonial. O jovem Lúcio Costa que até então adotara esse estilo, reconsiderava suas posições teóricas a respeito da arquitetura. Mesmo considerando que não concordava com todas as posições dos mestres europeus, principalmente, as que se referiam a um desprezo pelo passado e o caráter absolutista de suas propostas, Lúcio Costa percebia que havia outros pontos em comum, ele estava deslumbrado com Le Corbusier. Quando Getúlio Vargas assume o poder em 1930, cria o Ministério da Educação e Saúde. O chefe de gabinete Rodrigo Mello Franco de Andrade convida Lúcio Costa para a reforma do ensino e para lecionar na Escola de Belas Artes. O jovem arquiteto implanta uma reforma com características modernistas, com apoio dos alunos, mas provoca a rivalidade com o antigo grupo de professores. Estes sob a liderança de José Mariano Filho conseguem a demissão de Lúcio Costa.

Os anos 30-35 Em 1933 Alcides Rocha Miranda e mais três colegas organizaram o 1o. Salão de Arquitetura Tropical.

No Salão, o homenageado foi Wright e não Le Corbusier. Nos anos 30 os arquitetos brasileiros buscaram referências nas obras dos mestres internacionais.

Consolidou-se a influência de Le Corbusier sobre Lúcio Costa em detrimento da importância de Wright. Nos anos seguintes as referência a Wright eram raras , com exceção da Casa da Fazenda Capuava, em São Paulo, de Flávio de Carvalho.

Os anos 30-35

Casa-sede da fazenda Capuava, em Valinhos, no interior de SĂŁo Paulo.

Projeto de FlĂĄvio de Carvalho.

Os anos 30-35 Entre 1931-1935 foi grande a produção dos jovens arquitetos egressos da Escola de Belas Artes. Havia uma íntima relação entre Warchavchik e Lúcio Costa, percebida no projeto da Casa Roman Borges , em Copacabana. As idéias de Le Corbusier aparecem no projeto de um conjunto habitacional para a Companhia Siderúrgica Belgo Mineira em Monlevade, Minas Gerais. Os pilotis foram adotados para todas as construções menos para o cinema e a igreja.

Casa de Roman Borges, 1934.

Copacabana

Igreja de Monlevade, 1934

Os anos 30-35 Affonso Eduardo Reidy foi assistente de Warchavchik, na Escola de Belas Artes em 1931. Foi arquiteto da Prefeitura Municipal do Distrito Federal, fez grandes projetos para Obras Públicas, como o projeto do Albergue da Boa Vontade., junto com Gerson Pompeu de Abreu. ( 1931-1932) .

Reidy buscava iluminação uniforme por meio de janelas corridas em toda a extensão do prédio, salas de trabalho para sul e leste, Galerias de circulação externas, servindo

Os anos 30-35 como marquise, ventilação cruzada. Reidy projetou diversos blocos com pátios internos, simétricos acentuando a horizontalidade através das faixas de janelas e peitoris. Exemplo dessa arquitetura é o projeto apresentado ao concurso para o Ministério da Educação e Saúde.

Os anos 30-35

A obra de Reidy foi marcada pelo projeto de edifícios públicos, esporadicamente ele dedicou-se ao projeto de residências como a Residência na Urca , no Rio de Janeiro em 1933 , também em co-autoria com Gerson P. Pinheiro.

A nova técnica do concreto

A n o va t é c n i c a d o concreto armado implantou-se cedo no Brasil e teve sua importância afirmada em definitivo com a construção do prédio do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro em 1945.

A viagem de Frank Lloyd Wright ao Brasil- 1931 As revistas Architectural Record, Architectural Forum, e Pencil Point eram lidas no Brasil e divulgavam a obra de Wright. L´Esprit Nouveau de Le Corbusier e Ozenfant, publicada entre 1920 e 1925, tinha 11 assinantes brasileiros.

Vers une Architecture, de 1923, é um compêndio dos artigos de iniciais de Le Corbusier apresentados em L ´esprit Nouveau.

Frank Lloyd Wright, Gregori Warchavchik e Lúcio Costa na Casa Nordshild, Rua Toneleros, RJ, 1931. Fonte: Lúcio Costa, Registro de uma Vivência, Empresa das Artes, 1995

Lúcio Costa Entretanto, foi no Rio de Janeiro, que surgiu a primeira escola de arquitetura modernista no Brasil, sob a liderança de Lúcio Costa, que realizou para o mesmo proprietário a última manifestação do estilo eclético acadêmico e a primeira de sentido contemporâneo.

Casa E.G.Fontes, 1930.

Escola Carioca/ A Formação de uma Escola-Os anos 30/ MES A primeira escola , o que pode-se chamar legitimamente de “ escola “de arquitetura moderna no Brasil, foi a do Rio de Janeiro, com Lúcio Costa à frente, e ainda está inigualada até hoje. ( Mário de Andrade , 1943)

Escola Carioca/ A Formação de uma Escola-Os anos 30/ MES

Os anos 30 foram decisivos para a projeção internacional da arquitetura brasileira. A influência de Le Corbusier possibilitou obras como a Obra do Berço, de Oscar Niemeyer, de 1937, ou o prédio da ABI, no Rio de Janeiro, dos irmãos Roberto, em 1938.

Obra do Berço, 1937

Os irmĂŁos Roberto

MaurĂ­cio , Marcelo e Milton Roberto

Irmãos Roberto, o prédio da Associação Brasileira de Imprensa O prédio da ABI destaca-se porque nele foi utilizada pela primeira vez a solução apresentada por Le Corbusier para o problema de excesso de luz — o brise-soleil, quebra-sol através de persianas de concreto na fachada — e outras características que marcam a evolução da arquitetura moderna, como estrutura independente, teto-jardim, fachada livre e planta livre.

O hall de entrada do edifício é revestido de granito. O teto dos escritórios do 2º, 3º, 4º e 5º pavimentos foi executado em fibra prensada para obstrução do som. As paredes do 7º andar até hoje são revestidas de placas de sucupira do Pará.

O Auditório Oscar Guanabarino, no 9º andar, permanece como espaço para grandes festas e comemorações.

Irmãos Roberto, Colônia de Férias do IRB, 1943

Irm達os Roberto, Banco do Brasil, Porto Alegre, 1969

Escola Carioca/ A Formação de uma Escola- Os anos 30/ MES O marco da arquitetura modernista no Brasil foi a construção do edifício do

Ministério da Educação e Cultura no Rio de Janeiro, em terreno na esplanada do Castelo, com normas de ocupação determinadas pelo Plano Agache. Archimedes Memória e Francisque Cuchet foram declarados vencedores com uma arquitetura marajoara.

Gustavo Capanema, que era o segundo Ministro de Getúlio Vargas, na pasta da educação, premiou o projeto vencedor, mas não o construiu.

Escola Carioca/ A Formação de uma Escola - Os anos 30/ MES Os auxiliares de Capanema, entre eles, Rodrigo de Mello Franco de Andrade, possuíam idéias modernistas . Capanema chamou Lúcio Costa, que convocou Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão e Jorge Moreira. A estes somaram-se os nomes de Ernani Vasconcellos e Oscar Niemeyer.

Escola Carioca/ A Formação de uma Escola-Os anos 30/ MES Le Corbusier teve grande influência sobre os projetos da equipe de arquitetos brasileiros, que solicitaram a ele um parecer final sobre o projeto. O mestre sugeriu transferir o edifício para uma nova localização, junto ao mar , onde encontra-se hoje o Museu de Arte Moderna de Reidy. A idéia tornou-se inviável, Le Corbusier esboçou idéias para um novo projeto no local anterior. O projeto foi desenvolvido pela equipe, com evidente influência de Le Corbusier.

A obra incorporava os cinco pontos de Le Corbusier e Pierre Jeanneret, de 1926: estrutura independente, pilotis, planta livre, fachada livre e terraço jardim . A implantação do prédio em meio de quadra contrariava o Plano Agache. O entorno livre caracterizava uma moldura para o edifício, e propiciava aproximações, continuidade espacial e variedade de percursos .

A estrutura independente em concreto armado era empregada pela primeira vez pelo engenheiro Emílio Baumgart.

Escola Carioca/ A Formação de uma Escola-Os anos 30/ MES

Escola Carioca/ A Formação de uma Escola- Os anos 30/ MES A solução estrutural arquitetônica empregou uma estrutura que evitou vigas, usando lajes de pouca espessura para os pavimentos. Pela primeira vez foi empregada a laje cogumelo. A implantação em espaço aberto e os pilotis no térreo são idéias de Le Corbusier. A fachada norte é protegida com brises horizontais; a sul é um pano de vidro inteiro.

Foi a primeira aplicação do vidro em escala monumental. Houve um sistema de ventilação cruzada, que criou uma corrente de vento natural, atenuando o calor e permitindo divisórias internas a meia-altura.

Escola Carioca/ A Formação de uma Escola- Os anos 30/ MES Foram empregados granitos da região, azulejos coloniais como suporte para painéis artísticos; palmeiras imperiais (tradição paisagística do século XIX). O prédio foi completado com obras de artistas como Portinari, Celso Antonio, Bruno Giorgi, Jacques Lipchitz e jardins de Burle Marx. A qualidade ideológica e figurativa tornou o prédio um ícone na arquitetura modernista brasileira.

Destacam-se os pilotis de dupla altura, a escada helicoidal de acesso ao salão polivalente, o átrio revestido de mármore travertino, com paredes de tijolo de vidro, e o longo e sinuoso balcão de madeira. As fachadas e as empenas cegas revestidas de granito olho de sapo, e os painéis de azulejo da arquitetura tradicional do Rio de Janeiro.

Pavilhão para Feira Mundial de Nova York O projeto para o Pavilhão da Feira Mundial de Nova York, de 1938 foi projetado por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. A proposta reunia as idéias de Costa - os pilotis, a rampa de acesso e os elementos vazados da fachada, funcionado como brise-soleils – e as de Niemeyer, curvatura da parede acompanhando o terreno. O Pavilhão do Brasil foi sucesso na feira com os interiores projetados por Paul Lester Wiener.

Consolidava-se uma nova dimensão estética para a arquitetura brasileira, liberta de um racionalismo ortodoxo, e da idéia corrente que a forma segue a função. Era uma arquitetura que reservava um lugar especial para a pintura e a escultura, integradas à composição arquitetônica, mas com um valor artístico autônomo.

O Pavilhão do Brasil na Exposição Internacional de Nova York O júri julgou os trabalhos segundo o caráter nacional e as condições técnicas que deviam responder a um pavilhão de exposições. O projeto de Lúcio Costa ganhou o primeiro lugar e o de Niemeyer, o segundo. Entretanto Lúcio não aceitou a premiação, julgando que o projeto de seu colega era superior. Foi autorizado a elaborar um novo projeto em parceria com Niemeyer. O projeto definitivo apresentou uma estrutura metálica, mas a construção adquiriu leveza e flexibilidade pelo jogo de curvas: “ ao ritmo ondulado do corpo principal, correspondia o da marquise que protegia o terraço da sobreloja, o da rampa de acesso, o das paredes da grande gaiola de pássaros, do aquário, do auditório, do jardim”...

(BRUAND, 1991)

Brazil Builds Em 1943 a conjuntura política brasileira impulsionava a arquitetura brasileira . A crítica voltava-se para produção de Oscar Niemeyer, Lucio Costa, os irmãos Marcelo e Milton Roberto, Afonso Reidy, Gregori Warchavchik, Roberto Burle-Marx, Rino Levi e Álvaro Vital Brazil. Esses jovens profissionais adquiriram uma projeção não igualada pelas gerações seguintes.

Nesse mesmo ano o MoMA (Museu de Arte Moderna), de Nova York, abria a mostra fotográfica "Brazil Builds: Architecture New and Old 1652-1942", organizada pelo arquiteto Philip Goodwin, da comissão de relações exteriores do museu, e por G.E. Kidder Smith, um dos maiores fotógrafos de arquitetura do século 20.

Precedida por uma viagem de descobrimento do Brasil pelos dois enviados do MoMA, a mostra gerou o catálogo "Brazil Builds", clássico da historiografia da arquitetura brasileira.

Brazil Builds Segundo Hugo Segawa, o catálogo foi o "passaporte da arquitetura brasileira para o mundo pós-Segunda Guerra“.

Na esteira da mostra, o que se fazia no Brasil passou a ser conhecido por "brazilian school", e seus expoentes, observados pela crítica como vertente diferenciada do modernismo. A mostra da exposição e publicação do catálogo de arquitetura brasileira Brazil Builds Architecture New and Old 1652-1942 organizada pelo MoMA -The Museum of Modern Art New York em 1942, divulgou internacionalmente, pela primeira vez, a arquitetura brasileira no exterior. O catálogo é uma obra difícil de ser encontrada mesmo nas melhores bibliotecas brasileiras e do Exterior, pois nunca foi reeditada.

Brazil Builds

A Brazil Builds mostrava imagens da arquitetura brasileira - de Antonio Calheiros e Aleijadinho a Oscar Niemeyer, Affonso Reidy, Atílio Corrêa Lima, Rino Levi e Lúcio Costa – estes últimos representavam uma vertente inovadora do Movimento Moderno, em contraponto aos princípios rígidos e intransigentes do International Style.

Capa do Catálogo da Exposição de 1943

Brazil Builds Mário de Andrade afirmava que o gesto dos Estados Unidos de promover a exposição contribuiu para aumentar a estima brasileira e diminuir o complexo de inferioridade existente entre os brasileiros.

(ARTE EM REVISTA,1980, p.

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Brazil Builds Com a Brazil Builds, pela primeira vez, apresentava-se uma arquitetura moderna de características próprias, regionais - fruto de uma leitura da tradição do Barroco Mineiro, da arquitetura bandeirista e colonial, dos usos e costumes da arquitetura vernacular de raízes ibéricas, mouriscas e nativas, ao lado de imagens que vinculavam as técnicas construtivas então utilizadas e a arquitetura delas resultante.

Internationale Style O termo Internationale Style surgiu com a exposição Arquitetura Moderna Exposição Internacional, também montada, no MoMA de Nova York, 11 anos antes, 1932, em que Philip Johnson, foi um dos curadores juntamente com Henry-Russell Hitchcock.

O talento de Niemeyer O despertar do talento de Niemeyer devese ao contato que teve com Le Corbusier, em 1936, por ocasião do projeto do Ministério da Educação e Saúde.

Depoimentos afirmam que seria sua a sugestão para que os pilotis do Ministério tivessem dez metros de altura. Na expressão de Fernando Serapião, estava criado o mito da monumentalidade da arquitetura brasileira a serviço do Estado, ditatorial (como era o caso) ou democrático. Nos primeiros projetos de Niemeyer ficou clara a vinculação com a obra de Le Corbusier, mestre franco-suíço - a residência Henrique Xavier (1936), não construída, e a Obra do Berço (1937) -, em pouco tempo seu trabalho demonstrou

O talento de Niemeyer personalidade, como no pavilhão brasileiro para a feira de Nova York de 1939, desenhado em 1938.

Na Obra do Berço, Niemeyer empregou brises-soleils de lâminas verticais móveis, aperfeiçoando o sistema adotado pelos irmãos Roberto no prédio da A . B. I. A obra caracterizava-se por um jogo sábio de volumes e uma leveza que caracterizaram a obra de Niemeyer.

A força criativa de Niemeyer apareceu no Pavilhão do Brasil na Exposição Internacional de Nova York, em 1939.

BIBLIOGRAFIA NEDELYKOV, Nina e MOREIRA, Pedro. Caminhos da Arquitetura Moderna no Brasil: a presença de Frank Lloyd Wright. www.vitruvius.com.br PROJETO DESIGN. São Paulo, No 301, Mar. 2005. SERAPIÃO, Fernando. Johnson e Niemeyer: os pupilos americanos.

ARTE EM REVISTA,1980.

BRUAND, Ives. 2a. ed.

Arquitetura Contemporânea no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1991.

REIS filho, Nestor Goulart. Quadro da Arquitetura no Brasil.

São Paulo: Perspectiva, 1978. ____________. Victor Dubugras. São Paulo: Edusp, 2005.

FIM