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Mariel Fortunato

Arcos, Brazil

Escorro pelo ralo a cada vez que a vida me obriga a guardar minhas esperanças no fundo da gaveta. Enfureço-me por perder o controle mas não me dou conta de que nunca o tive. Doei-me, na maioria das vezes, para quem não precisava nem um pouco de mim. Lavei ruas com as minhas águas tristes, caminhando sem chão enquanto os olhos não me enxergavam. E misturo passado com presente, por ser uma péssima contadora de histórias e ter vontade de amassar todas as minhas páginas e jogar em uma lixeira. Ou melhor, talvez eu me jogue no lixo e me esconda lá por séculos — quem quer morrer vive —, até que a mão que tanto espero me resgate e me faça florescer. Em plena primavera minhas folhas, já secas, deixam meu rastro para os que não querem me procurar. Não faço sentido pois ninguém jamais tentou me entender e me acostumei a ser enigma, ou confusão. E por fim, não que minhas palavras tenham se esgotado ou que eu tenha algo mais interessante a fazer, apenas me cansei de dizer e continuar calada, fec

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