Apresentação para o Professor Esta sequência didática (SD) é resultado do trabalho final elaborado para a disciplina LA712: Análise Linguística e Ensino de Língua Portuguesa, então ministrada pela Profª Drª Márcia Mendonça ao longo do segundo semestre de 2017, para alunos da graduação, no Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (IEL/Unicamp). Através deste material, pretendemos proporcionar a alunos do nono ano do Ensino Fundamental uma experiência de imersão introdutória à literatura de cordel, de modo a estimular o desenvolvimento de suas habilidades de leitura e análise desse gênero literário. De modo articulado a esse foco sobre a leitura, também propomo-nos a desenvolver um trabalho de análise linguística sobre a adjetivação no cordel, tópico linguístico fundamental para a sua estruturação no âmbito do expor e do narrar: pois tratase de um gênero constituído pelo engajamento do cordelista na história por ele contada/cantada, é “escrito em primeira pessoa, se reporta explicitamente ao interlocutor, tenta manter um diálogo mais próximo com o interlocutor e explicita o tempo/espaço da produção” (Barros, 2012, p. 20). O trabalho de análise linguística consiste na elaboração de reflexões recorrentes e organizadas tanto para a produção de sentidos quanto para uma compreensão mais ampla e sistematizada do fenômeno linguístico (Mendonça, 2006). Nessa perspectiva, o trabalho estrutural com a norma de prestígio e o conhecimento sobre as categorias morfossintáticas não são abandonados, mas tomados em conjunto como ponto de partida para a elaboração de reflexões mais amplas sobre o saber linguístico, de modo a formar os alunos não apenas como conhecedores de regras gramaticais, mas sobretudo como "leitores-escritores de gêneros diversos, aptos a participarem de eventos de letramento com autonomia e eficiência" (Mendonça, 2006, p. 208). Baseamo-nos em Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) para a organização sequencial das nossas seções de leitura e atividades. Os autores propõem que a estrutura de base para uma SD parta de uma produção inicial, trabalhe no intermédio com módulos de aprofundamento e, por fim, conclua com uma atividade final que incida sobre os aspectos de ensino trabalhados até então. Partindo de uma apresentação prévia da situação, em um primeiro momento os alunos estabelecem um contato introdutório com determinado gênero discursivo. Ao professor, esse é um momento que lhe possibilita identificar os conhecimentos prévios da turma, de modo a adequar as discussões e atividades previstas na SD às potencialidades e dificuldades reais de seus alunos. Ao fim deste percurso, passando por leituras e atividades de aprofundamento sobre o gênero, a realização de uma atividade final possibilita com que, por um lado, o aluno reúna os elementos previamente trabalhados em aula e, por outro, que o professor lhe aplique uma avaliação somativa — não apenas para avaliar em um sentido estrito, “mas também para observar as aprendizagens efetuadas e planejar a continuação do trabalho, permitindo eventuais retornos a pontos mal assimilados” (Dolz, Noverraz e Schneuwly, 2004, p. 90– 91).
O que diferencia nossa SD deste modelo, no entanto, é que focamos nosso percurso de trabalho na leitura e não na produção do gênero cordel. Nesse sentido, nossas propostas de atividade inicial e final pretendem levar o aluno a uma experiência de imersão que o encaminhe ao desenvolvimento de suas habilidades de leitura e análise de cordéis, capacitando-os mais como leitores que escritores desta literatura — apesar de oferecermos os elementos e discussões preparativas que possibilitariam a um aluno, individualmente, se aventurar nesta empreitada. A seguir, apresentamos os objetivos de aprendizado trabalhados ao longo das quatro seções desta SD: Objetivos de aprendizado por seção 1.
Introduzir o aluno a uma primeira experiência de leitura do gênero literatura de cordel, de modo que ele seja capaz de reconhecer suas características mais gerais, tanto na forma quanto no conteúdo, a partir da comparação entre trechos iniciais de três cordéis.
2.
Considerando o texto em seus contextos de produção e circulação, refletir sobre as funções e práticas sociais que perpassam a literatura de cordel enquanto um gênero inserido no âmbito discursivo do expor e do narrar.
3.
Reconhecer as capacidades linguístico-discursivas que constituem o gênero: analisar como o trabalho com a adjetivação sustenta o engajamento do cordelista acerca da história contada/cantada por ele.
4.
Pesquisar cordéis que possam ser encontrados em fontes na web (YouTube e acervos online) para que, tomando como base o que fora trabalhado e discutido até então, o aluno desenvolva uma análise sobre um cordel de sua escolha. Por fim, propomos a organização de uma atividade coletiva de leitura e apreciação dos cordéis selecionados pelos alunos em suas pesquisas, resultando na realização de um sarau e na confecção de um varal de cordéis para a exposição desses textos à comunidade escolar.
Considerando tanto o que a teoria literária tem estudado acerca do cordel quanto os estudos linguísticos sobre o fenômeno da adjetivação, para que tais conhecimento teorizados na academia cheguem efetivamente às salas de aula é preciso que eles passem por um processo preliminar de transposição didática (Chevallard, 1989 apud Barros, 2012, p. 12), transformando o conhecimento científico de modo a adaptá-lo a um objeto de ensino efetivamente aplicável em sala de aula. Barros (2012, p. 17) estabelece que o primeiro passo para isso é a modelização do gênero a ser ensinado, um meio de didatizá-lo e, ao mesmo tempo, de desenvolver as seguintes questões que constantemente nos interpelam no trabalho docente: o que ensinar, por que ensinar e como ensinar os conteúdos linguísticos esperados nas aulas de língua portuguesa?
Quando didatizados, os conhecimentos linguísticos-discursivos podem levar o aluno à aquisição de um maior domínio sobre gêneros textuais que circulam socialmente. Estimulamos, dessa forma, suas habilidades de leitura e escrita esperadas em situações sociais das mais variadas e, consequentemente, desenvolvemos suas autonomia quanto a situações de uso reais da língua (Dolz, Noverraz e Schneuwly, 2004). Para elaborar uma modelização do gênero cordel, nesse sentido, tomamos como referência os três domínios de capacidades de linguagem envolvidas na produção de um gênero tal como propostos por Barros (2012, p. 16): capacidades de ação (o texto em seu contexto social de produção e circulação), capacidades discursivas (infraestrutura textual) e capacidades linguístico-discursivas (mecanismos enunciativos e de textualização). A partir disso, classificamos dentro destes três domínios as principais características acionais, discursivas e linguístico-discursivas envolvidas no gênero cordel: Capacidades de ação da literatura de cordel — Quanto à esfera de uso da língua: o cordel pertence à esfera literária e, sendo literatura, faz uso estético da língua. Ao declamar, o cordelista conta/canta uma situação (seja ela real ou fictícia) através de versos rimados e ritmados, de forma a cativar um destinatário que se deixa envolver por tais artifícios poéticos. — Quanto ao reconhecimento no meio literário: por muitas décadas esse gênero literário foi desconsiderado pela intelectualidade e, assim depreciado em comparação com os cânones, não aceito como uma expressão pertencente à história da literatura nacional (em decorrência disso, tradicionalmente houve uma mesma marginalização do gênero nos materiais didáticos de ensino de literatura). — Quanto às práticas sociais: enquanto gênero escrito que surge da oralidade, o cordel está vinculado a uma prática social de contação de histórias. Ligado historicamente a uma tradição cultural nordestina, o cordelista valoriza essa forma de narrar como um meio de entretenimento e transmissão de valores entre gerações. — Quanto ao espaço: tradicionalmente circulavam em feiras locais e festivais regionais nordestinos, porém hoje seus espaços de circulação são muito mais amplos: escolas, livrarias, saraus, redes sociais, plataformas online de distribuição de vídeos (como o YouTube) etc. — Quanto ao meio mais tradicional: os folhetos são seu meio de circulação mais tradicional, através dos quais cada cordel circula individualmente, mas também há a possibilidade de que o cordel seja transmitido apenas pela oralidade. Compondo a capa de um folheto, há um título (elemento supratextual) que via de regra apresenta ao leitor a temática geral das histórias, podendo haver xilogravuras (elemento paratextual) que são em sua maioria monocromáticas, já que a técnica artística utilizada para gravá-las não permite um uso variado de cores. — Quanto aos meios contemporâneos: não somente em folhetos individuais, coletâneas de cordéis podem ser publicadas em livros (como faz a editora Hedra) e em acervos online (alguns são apresentados ao aluno na atividade final desta SD).
Capacidades discursivas da literatura de cordel — Quanto à sequência textual predominante: o cordel é um gênero da ordem do expor e do narrar (Barros, 2012), em contraponto ao argumentar, uma vez que é necessário um engajamento pessoal do cordelista tanto na história que ele declama quanto na interatividade que ele estabelece com seu público leitor/ouvinte, retendo-lhe a atenção. — Quanto à temática: o título do cordel já apresenta de antemão sua temática ou acontecimento central. A história pode ser contada/cantada tanto na forma de um relato ficcionalizado (mais fantasioso, e.g. A chegada de Lampião no céu, de Guaipuan Vieira) ou testemunhado (mais circunstancial e jornalístico, e.g. O trágico acidente de Cerrô Corá, sete mortos no açude, de Zé Saldanha). — Quanto à estrutura: tal como a poesia, o cordel organiza-se em estrofes com métrica fixa (para manter o ritmo) e versos rimados (para criar a musicalidade). Em sua forma mais canônica, o tom de cada história segue os modelos de três estruturas métricas específicas: sextilhas para narrativas, setilhas predominantemente para fatos circunstanciais e décimas para o emprego de glosas a partir de motes, como nas cantorias (Abreu, 1999). — Quanto às habilidades de leitura: considerando tanto a xilogravura nos folhetos quanto a multimodalidade implicada nos meios digitais, o gênero cordel pode ter caráter multissemiótico (e.g. canais de cordelistas no YouTube).
Capacidades linguístico-discursivas da literatura de cordel
— Quanto às retomadas textuais: em vez de de pronomes ou advérbios, ao retomar determinados termos (pessoas, lugares, tempos) o cordelista opta pelo emprego de nomes que marcam e reforçam seu engajamento sobre a história. — Quanto aos adjetivos: são nada impessoais, pois também marcam um forte engajamento do cordelista sobre a história (e.g. homem cruel, jagunço sanguinário). — Quanto aos três tipos predominantes de verbos: de modo geral emprega-se o verbo ser para identificar e descrever o enredo (personagens, tempo e espaço), verbos de ação para relatar acontecimentos e verbos dicendi para introduzir, em discurso direto, as falas de outros personagens que não são o cordelista. — Quanto ao tempo verbal: como o cordelista geralmente conta/canta um acontecimento ou temática do passado, para isso ele faz uso de verbos ou no pretérito ou no presente histórico. — Quanto às figuras de linguagem: há uso de poucas metáforas e ironias, pois a linguagem do cordelista é direta, ele “evita intervenções digressivas” (Abreu, 1999, p. 116). — Quanto às variedades linguísticas: nascido da tradição nordestina, há no cordel marcas de uma variedade linguística regional (e.g o emprego lexical caracterizado por elementos e personagens tradicionalmente associados ao imaginário local, e.g. jagunço, Lampião, romarias, açudes). Parte da cultura popular, emprega-se uma variedade também popular. Contudo, há cordéis que se propõem ao emprego de à variante culta de maior prestígio. — Quanto às vozes: a voz predominante é a do cordelista, em primeira pessoa. Ao longo do poema ele pode apresentar a voz de outros personagens através do discurso direto, que é introduzido por verbos dicendi. — Quanto à pontuação: há cordéis que não marcam a pontuação ao final dos versos, pois a própria mudança de linhas de um verso para outro faz com que o uso de vírgulas e pontos seja optativo.
Por fim, acreditamos que o percurso de aprendizado tal como proposto ao longo desta SD, resultando na realização de um sarau, potencialmente contribui para a formação dos alunos dentro de uma concepção de ensino em que as práticas de leitura escolar possam acontecer sem o abandono do prazer e, ao mesmo tempo, com o devido compromisso àquela que, responsável por diferenciá-las das demais matérias escolares, deveria ser a prática central a ser trabalhada nas aulas de língua portuguesa: a análise linguística. O que valorizamos, nesse sentido, é que tanto o estudo de gêneros literários (como é o cordel) quanto as práticas de leitura em sala de aula não estejam de todo distanciadas da apreciação subjetiva e do engajamento afetivo exercidos por parte dos alunos, mas também não de todo desprovidas do senso crítico sobre um objeto de estudo específico (que, no nosso caso, é o saber linguístico).
Apresentação ao aluno Caro aluno, a Sequência Didática que você tem em mãos tem como proposta levar você, junto com seus colegas de turma, a se aventurarem pelo mundo da literatura de cordel. Nessa jornada de aprendizado vocês vão ler alguns cordéis, pensar e discutir sobre esse tipo de literatura e, em uma etapa final, queremos que vocês aqueçam as vozes e organizem um sarau (uma experiência coletiva de leitura, compartilhamento e apreciação de textos). Nessa proposta de trabalho, vamos explorar a parte poética, a narrativa e os elementos linguísticos que fazem o cordel ser o que ele é.
Leia atentamente os trechos de cordéis abaixo:
A chegada de Lampião no céu Foi numa Semana Santa Tava o céu em oração São Pedro estava na porta Refazendo anotação Daqueles santos faltosos Quando chegou Lampião. Pedro pulou da cadeira Do susto que recebeu Puxou as cordas do sino Bem forte nele bateu Uma legião de santos Ao seu lado apareceu. São Jorge chegou na frente Com sua lança afiada Lampião baixou os óculos Vendo aquilo deu risada Pedro disse: Jorge expulse Ele da santa morada.. E tocou Jorge a corneta Chamando sua guarnição Numa corrente de força Cada santo em oração Pra que o santo Pai Celeste Não ouvisse a confusão. O pilotão apressado Ligeiro marcou presença Pedro disse a Lampião: Eu lhe peço com licença Saia já da porta santa Ou haverá desavença.
Barão do Rio Branco A Seca do Ceará Seca as terras as folhas caem, Morre o gado sai o povo, O vento varre a campina, Rebenta a seca de novo; Cinco, seis mil emigrantes Flagelados retirantes Vagam mendigando o pão, Acabam-se os animais Ficando limpo os currais Onde houve a criação. Não se vê uma folha verde Em todo aquele sertão Não há um ente d’aqueles Que mostre satisfação Os touros que nas fazendas Entravam em lutas tremendas, Hoje nem vão mais o campo É um sítio de amarguras Nem mais nas noites escuras Lampeja um só pirilampo. Tudo ali surdo aos gemidos Visa o aspectro da morte Como a nauta em mar estranho Sem direção e sem Norte Procura a vida e não vê, Apenas ouve gemer O filho ultimando a vida Vai com seu pranto o banhar Vendo esposa soluçar Uma adeus por despedida.
01 Peço inspiração poética Às musas do mundo inteiro Para falar de um grande Diplomata brasileiro, Bamba da Geografia Que foi da diplomacia Brasileira, o pioneiro! 02 Seu valor excede em muito Mina, terra, indústria e banco: José Maria da Silva Paranhos Júnior, homem franco Que brincou, lutou e amou E a História o transformou Em Barão do Rio Branco! 03 O Barão foi desses homens Que a natureza compôs, Mas depois quebrou a fôrma E o projeto não expôs... Foi um daqueles gigantes Que igual não houve antes; Maior não terá depois. [...] 05 Nasceu no Rio de Janeiro Quarenta e cinco era o ano; O século era o dezenove Vinte de abril, sem engano, O seu pai era o Visconde, Outro nome que responde Como grande veterano! [...]
Lampião lhe respondeu: Mas que santo é o senhor? Não aprendeu com Jesus Excluir ódio e rancor?... Trago paz nesta missão Não precisa ter temor.
Disse Pedro isso é blasfêmia É bastante astucioso Pistoleiro e cangaceiro Esse povo é impiedoso Não ganharão o perdão Do santo Pai Poderoso - Sei que sou um pecador O meu erro reconheço Mas eu vivo injustiçado Um julgamento eu mereço Pra sanar as injustiças Que só me causam tropeço. Mas isso não faz sentido Falou São Pedro irritado Por uma tribuna livre Você aqui foi julgado E o nosso Onipotente Deu seu caso encerrado.
- Como fazem julgamento Sem o réu estar presente? Sem ouvir sua defesa? Isso é muito deprimente Você Pedro está mentindo Disso nunca esteve ausente. Lampião vendo o afronto Naquela santa morada Disse: Deus não está sabendo Do que há na santarada Bateu mão no velho rifle Deu pra cima uma rajada. O pipocado de bala Vomitado pelo cano Clareou toda a fachada Do reino do Soberano A guarnição assombrada Fez Pedro mudar de plano. [...]
Foi a fome negra e crua Nódoa preta da história Que trouxe-lhe o ultimatum De uma vida provisória Foi o decreto terrível Que a grande pena invisível Com energia e ciência Autorizou que a fome Mandasse riscar meu nome Do livro da existência. [...] Vê-se uma mãe cadavérica Que já não pode falar, Estreitando o filho ao peito Sem o poder consolar Lança-lhe um olhar materno Soluça implora ao Eterno Invoca da Virgem o nome Ela débil triste e louca Apenas beija-lhe a boca E ambos morrem de fome. [...] Aqueles campos que eram Por flores alcatifados, Hoje parecem sepulcros Pelos dias de finados, Os vales daqueles rios Aqueles vastos sombrios De frondosas trepadeiras, Conserva a recordação Da cratera de um vulcão Ou onde havia fogueiras. O gado urra com fome, Berra o bezerro enjeitado Tomba o carneiro por terra Pela fome fulminado, O bode procura em vão Só acha pedras no chão Põe-se depois a berra, A cabra em lástima completa O cabrito inda penetra Procurando o que mamar.
38 Outra vitória maiúscula Que o barão mostrou firmeza Foi contra a potente França Pois da Guiana Francesa Ganhamos tudo que está Sendo hoje o Amapá, Parte da nossa riqueza! 49 Ao chegar ao ministério Não existia estrutura Vinte e sete servidores Sem maior envergadura Verbas em pouca quantia E uma diplomacia. Tateando em fase escura! 50 O Brasil que foi herdado Pela Era do barão Era pobre, endividado, Voltado à exportação Se ter um mercado interno, Tendo por marcas do inferno Latifúndio e escravidão. [...]
52 Ele, com força titânica Se impôs pela consistência. Fez do Itamaraty, Reduto de inteligência, Grande espaço cultural Competente e triunfal... Um centro de excelência. 53 Rio Branco cresceu tanto Em respeito e inteligência, Em talento e honestidade, Em vitórias e em decência Que seu nome foi lembrado Para ser candidatado Ao cargo da presidência.
Alguns minutos o padre Com uma Bíblia na mão Ao ver Pedro lhe indagou: O que há para aflição? Quem lá fora tenta entrar E também um ser cristão,
São Pedro disse: absurdo Que terminou de falar Mas Cícero foi taxativo: Vim a confusão sanar Só escute o réu primeiro Antes de você julgar. Não precisa ele entrar Nesta sagrada mansão O receba na guarita Onde fica a guarnição Com certeza há muitos anos Nos busca aproximação. Vou abrir esta exceção Falou Pedro insatisfeito O nosso reino sagrado Merece muito respeito Virou-se para São Paulo: Vá buscar este sujeito. [...]
Grandes cavalos de selas De muito grande valor Quando passam na fazenda Provocam pena ao senhor Como é diferente agora Aquele animal de que outr’ora Causava admiração, Era russo hoje está preto Parecendo um esqueleto Carcomido pelo chão. [...] Santo Deus! Quantas misérias Contaminam nossa terra! No Brasil ataca a seca Na Europa assola a guerra A Europa ainda diz O governo do país Trabalha para o nosso bem O nosso em vez de nos dar Manda logo nos tomar O pouco que ainda se tem. Os habitantes procuram O governo federal Implorando que os socorra Naquele terrível mal A criança estira a mão Diz senhor tem compaixão E ele nem dar-lhe ouvido É tanto a sua fraqueza Que morrendo de surpresa Não pode dar um gemido.
Ao ver Pedro transformado Levantou-se e foi dizendo: Sou um homem injustiçado E por isso estou sofrendo Circula em torno de mim Só mesmo o lado ruim Como herói não estão me Alguém no Rio de Janeiro vendo. Deu dinheiro e remeteu Porém não sei o que houve Sou o Capitão Virgulino Que cá não apareceu Guerrilheiro do sertão O dinheiro é tão sabido Defendi o nordestino Que quis ficar escondido Da mais terrível aflição Nos cofres dos potentados Por culpa duma polícia Ignora-se esse meio Que promovia malícia Eu penso que ele achou feio Extorquindo o cidadão. Os bolsos dos flagelados. [...]
54 Mesmo com a vitória certa Ele não quis aceitar. Preferiu ser chanceler E a luta continuar Tendo credibilidade E a quase unanimidade Com poucos a criticar. 55 Foi de quatro presidentes Ministro do Exterior: Rodrigues Alves e Afonso Pena, viram seu valor, Com Fonseca e com Peçanha; Tornou toda questão ganha Fez o Brasil vencedor! [...] 57 Foi membro da Academia De Letras e do Instituto Histórico e Geográfico, Dando seu grande tributo, Da modernidade a mecha Pr’um Brasil que tinha a pecha De caipira e matuto.
58 Foram seus auxiliares Escritores de mais fama O grande Euclides da Cunha, [Mestre Domício da Gama, Bilac, o parnasiano, Rui Barbosa e Capistrano De Abreu que a História aclama! [...] 62 Hoje o nome do Barão Destaca-se em toda parte: Em rios, ruas, cidades, Moeda, cédula, estandarte, Livro, filme, distintivo, Escola e clube esportivo, Centros de cultura e arte.
Mas o que devo a visita Pedro fez indagação Lampião sem bater vista: Vê padim Ciço Romão Pra antes do ano novo Mandar chuva pro meu povo
O governo federal 63 Querendo remia o Norte Morreu aos sessenta e seis Porém cresceu o imposto De idade, em alto astral, Foi mesmo que dar-lhe a Na sala onde trabalhava, morte Na véspera do carnaval Um mete o facão e rola-o Causando assim, de momento O Estado aqui esfola-o Pelo seu encantamento Você só manda trovão Vai tudo dessa maneira Comoção nacional! Pedro disse: é malcriado O município acha os troços Nem o diabo lhe aceitou Ajunta o resto dos ossos 64 Saia já seu excomungado Manda vendê-los na feira. O BARÃO DO RIO BRANCO Sua hora já esgotou Foi herói, foi líder, guia Volte lá pro seu Nordeste (Escrito por Leandro Gomes Gigante da fala mansa Que só o cabra da peste de Barros. Disponível em: O PAI DA DIPLOMACIA... Com você se acostumou. http://www.dominiopublico.g Um exemplo de vitória, ov.br/pesquisa/DetalheObraF Um construtor da história (Escrito por Guaipuan orm.do?select_action=&co_o Símbolo da cidadania! Vieira. Disponível em: bra=21397) http://www.dominiopublico. (Escrito por Crispianiano Neto. gov.br/pesquisa/DetalheObra Disponível em: Form.do?select_action=&co http://www.dominiopublico.gov. _obra=20046) br/pesquisa/DetalheObraForm.d o?select_action=&co_obra=167 345)
Atividades 1. O que você acabou de ler são trechos de cordéis. Você já tinha lido ou ouvido falar sobre algum cordel antes? Se sim, conte um pouco da sua experiência com o gênero. Se não, você consegue pensar na razão disso? Essa questão busca trazer à tona a relação da literatura de cordel com o cotidiano dos alunos. Professor(a), se achar pertinente, levante um debate oral em aula sobre as experiências dos alunos com o cordel.
2. Preste atenção nos títulos e nas ilustrações de cada cordel. O que esses elementos dizem sobre a história? Você consegue pressupor a temática do cordel olhando apenas para essas informações? Professor, os cordéis trazem títulos que, via de regra, introduzem seu tema, assim como são tipicamente acompanhados de xilogravuras ilustrativas das temáticas dos folhetos. Assim, nesta questão, espera-se que o aluno saiba reconhecer que a temática a ser tratada no cordel é apresentada logo no título e nas ilustrações de capa.
Resposta esperada: A partir de seus títulos e de suas ilustrações, é possível pressupor que “A chegada de Lampião no céu” fala sobre o momento em que o cangaceiro Lampião, depois de morto, chega ao Céu para se encontrar com Deus; já “A seca do Ceará” aborda as consequências da falta de chuva no estado do Ceará; e, por fim, pelo título e pela xilogravura de “Barão do Rio Branco” é possível pressupor que esse cordel fale sobre uma importante figura brasileira, que de alguma forma contribuiu para que o Brasil seja, geograficamente falando, o que ele é hoje. Outras respostas são possíveis.
3. Sobre o que falam cada um dos cordéis? Os temas dessas histórias se relacionam de alguma forma? Espera-se que os alunos saibam identificar os temas de cada uma das narrativas e o que elas têm em comum e de diferente: “A chegada de Lampião no céu” e “Barão do Rio Branco”, por exemplo, são duas narrativas que falam sobre personalidades reais do Brasil. Em "A seca do Ceará" e “A chegada de Lampião no céu”, temos como pano de fundo a região Nordeste do Brasil. Outras respostas são possíveis.
4. O cordel A chegada de Lampião no céu tem como protagonista o famoso cangaceiro pernambucano. Você consegue identificar elementos da biografia de Lampião no cordel? Cite pelo menos uma estrofe em que é possível reconhecer a história do cangaceiro. Espera-se que os alunos identifiquem e consigam separar os elementos fictícios e reais presentes no cordel em questão. Dentre as estrofes da narrativa, as que melhor descrevem a história de Lampião são: Ao ver Pedro transformado Levantou-se e foi dizendo: Sou um homem injustiçado E por isso estou sofrendo Circula em torno de mim Só mesmo o lado ruim Como herói não estão me vendo. Sou o Capitão Virgulino Guerrilheiro do sertão Defendi o nordestino Da mais terrível aflição Por culpa duma polícia Que promovia malícia Extorquindo o cidadão.
5. Em Barão do Rio Branco, também somos apresentados a um personagem da história brasileira. Comparando esse cordel com o sobre a história de Lampião, você consegue pensar em elementos que difiram os dois cordéis? Além de pontuar que cada um dos cordéis falam sobre personagens distintos, espera-se que o aluno consiga reconhecer que enquanto em “A chegada de Lampião no céu” há uma mistura de elementos reais e fictícios (uma história ficcional é criada a partir de um personagem real), em “Barão do Rio Branco” não há a ficcionalização: apenas um narrador descrevendo a vida e as façanhas de uma personalidade da História brasileira.
6. Agora preste atenção na forma dos textos apresentados: como são estruturados esses cordéis? Em versos? Prosa? Há rimas, ritmo, parágrafos, diálogos ou algum outro elemento próprio a esse estilo? Com esta questão busca-se a sensibilização do aluno para a forma poética dos cordéis. O principal objetivo é que ele reconheça que esse gênero literário é escrito em versos rimados, mas outras respostas são possíveis.
7. Você acha que a estrutura desses textos dificulta o entendimento da história? Por quê? Esta questão tem como propósito identificar a familiaridade do aluno com o texto em verso. Como esta é uma questão mais pessoal, não há uma resposta esperada.
A literatura de cordel Como vimos nos exemplos e nos exercícios, o cordel é um gênero literário escrito em versos, como a poesia. Mas, se ele é semelhante aos poemas, por que um nome próprio para esse tipo de texto? Afinal de contas, o que é um cordel?
“Cordel quer dizer Barbanse Ou senão mesmo Cordão, Mas Cordel-Literatura É a real expressão Como fonte de Cultura Ou melhor: poesia pura Dos poesas do sersão“ ( “Origem da literatura de cordel”, escrito por Rodolfo Coelho Cavalcante) A literatura de cordel (também chamada de literatura de folheto, ou simplesmente folheto) é um gênero literário popular ligado à cultura nordestina. Inicialmente produzidos de forma oral, mais tarde (por volta do fim do século XIX) os cordéis passaram a ser impressos em pequenos folhetos, coloridos, com indicação de autoria, título e uma ilustração (xilogravuras, mais especificamente) em preto constando na capa. O estilo característico da literatura de folhetos iniciou seu processo de definição no espaço oral e, hoje, dessa herança mantiveram-se os temas, as formas métricas e o hábito de apresentação em feiras.
O marco inicial da literatura de cordel essencialmente brasileira é 1893, e foi definido a partir da data em que Leandro de Gomes Barros publicou seus primeiros poemas. Seu nome é a referência máxima entre cordelistas até os dias de hoje.
Apesar da forte tradição nordestina, as raízes da literatura de cordel estão em Portugal: o nome “cordel”, inclusive, é de origem lusitana, pois lá penduravam os folhetos para venda em cordas (ou cordéis). No Brasil, porém, muitas das características originais se perderam e a produção nordestina tornou-se muito diferente dos cordéis lusitanos: aqui, a literatura de cordel foi melhor sistematizada e, hoje, ela é símbolo da cultura e identidade do povo nordestino. A forte ligação com o Nordeste não significa que só aspectos dessa região podem ser tematizados em um cordel. Pelo contrário: qualquer assunto pode ser abordado nesse tipo de literatura -- conhecimentos gerais, acontecimentos do dia-a-dia, situações inusitadas, histórias de pessoas (célebres ou comuns), notícias (locais ou globais), humor… Tudo pode virar cordel!
Para ser considerado cordel, as únicas regras estão ligadas à estrutura textual: ela precisa ser em versos rimados (o que garante sua musicalidade) e as únicas formas aceitas são as sextilhas (estrofes de seis versos), com esquema de rimas ABCBDB; setilhas (sete versos) com rima ABCBDDB; e, por fim, décimas (dez versos) com rima ABBAACCDDC. Além disso, o tom de cada história segue os modelos de três estruturas métricas específicas: sextilhas para narrativas, setilhas predominantemente para fatos circunstanciais e décimas para o emprego de glosas a partir de motes, como em cantorias. Essa é a forma mais canônica (ou seja, a forma mais aceita) dos cordéis. Também é preciso que cada conjunto de versos contenha o desenvolvimento integral de um aspecto da questão abordada. Todas essas exigências estão relacionadas à ligação com a oralidade da literatura de cordel. A regularidade é um grande auxiliar para a memória, por isso, a existência de um padrão para a estrutura estrófica, rímica e métrica é fundamental. Quando não se pode contar com o apoio do papel, que permite a revisão e a reescrita, fica mais fácil preencher uma estrutura já conhecida do que criar “livremente”.
Também é interessante destacar o papel do título atribuído aos cordéis: muitas vezes, o público tomará sua decisão de comprá-los a partir deles. É preciso, então, que o título indique o tema do folheto, mas sem antecipar todo o desenvolvimento da história. Nos cordéis, a linguagem utilizada pelos cordelistas não obedece, necessariamente, às regras da norma padrão do português, mas sua linguagem costuma ser direta, evitando digressões (o uso de ironias e metáforas, portanto, é raro). O cordel sempre foi tratado como uma literatura menor durante sua história, principalmente por seus pioneiros terem sido tipicamente homens ágrafos e pobres. Porém, é preciso levar em consideração que esta é uma expressão legítima da literatura nacional e tão repleta de valores e ensinamentos quanto as outras.
Para alem do cordel A Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC) foi fundada em 1988 por cordelistas que tinham como objetivo resgatar a memória da literatura de cordel e reunir seus expoentes. Com apoio da Federação das Academias de Letras do Brasil, a ABLC é hoje uma sólida ponte de informações culturais e um dos principais centros de difusão da literatura de cordel no Brasil e no mundo.
“Tocados, naturalmente, por pensamento divino o presidente Gonçalo e o general Peregrino fizeram São Saruê e nossa ABLC unidas num só destino. A solene transferência do acervo cultural de São Saruê foi feita pelo próprio general em reunião plenária numa sessão ordinária foi sornada oficial.” (Gonçalo Ferreira da Silva)
Acesse o site da ABLC para saber mais: www.ablc.com.br
Hoje, a literatura de cordel não circula mais exclusivamente em folhetos e também pode ser encontrada em livros, por meio da transmissão oral ou até mesmo na Internet.
Sugestão: no vídeo linkado abaixo, Gonçalo Ferreira da Silva, um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, explica o surgimento desse gênero literário. Assista para saber mais! http://redeglobo.globo.com/globocidadania/videos/v/o-surgimentoda-literatura-de-cordel/1807351/
Atividades 1.
Você deve ter percebido até aqui que o cordel é um gênero bastante característico. Mas o que isso quer dizer? Quais são as características que o tornam tão particular? Cite e explique. Aqui os alunos devem usar de sua percepção individual quanto ao gênero, bem como da compreensão da leitura realizada anteriormente. Podem ser citadas características como a configuração das rimas em cada tipo de construção (sextilha, setilha e décima), os assuntos tratados por cada tipo, o título introdutório da temática do cordel, os desenhos em xilogravura, a relação com a cultura nordestina etc.
1.
O cordel é uma manifestação típica da cultura nordestina. Você consegue pensar em outro(s) tipo(s) de arte que estejam ligados a culturas específicas no Brasil? Cite e descreva A resposta é, de certa forma, pessoal. No entanto, elas podem envolver: estilos musicais; danças típicas; lendas urbanas ou folclóricas; estilos artísticos etc. É importante que haja discussão coletiva, para que os alunos possam compartilhar suas percepções acerca das manifestações artísticas levantadas, sejam elas divergentes ou convergentes.
1.
Em sua opinião, há alguma característica específica do gênero cordel que possibilita que ele trate dos mais diversos temas? A inferência aqui pode não ser imediata, e a pretensão é a de fazer o aluno refletir, pois a questão não traz uma resposta “correta” e mais aceita pelos estudiosos de literatura de cordel. No entanto, é possível, por exemplo, relacionar o fato de o cordel trazer narrativas pessoais ou ligadas a uma cultura e contexto específicos à ausência de convenções e limitações que muitos gêneros acabam por trazer intrínsecos às suas características e objetivos, o que não é o caso do cordel.
1.
Leia os trechos a seguir: 4. 1. O meu verso agora afio Vamos que vamos, poetas Onde parar não sabemos Não estabelecemos metas Preparem-se, pois então Para entrarmos no quadrão Com nossas rimas completas
2. O rio ora lembrava a língua mansa de um cão ora o ventre triste de um cão, ora o outro rio de aquoso pano sujo dos olhos de um cão. 3. Eram noites de encanto
No terraço sob o luar
Um barão assinalado sem brasão, sem gume e fama cumpre apenas o seu fado: amar, louvar sua dama, dia e noite navegar, que é de aquém e de além-mar a ilha que busca e amor que ama. 5. De tão longe o seu versar Chega em primeiro lugar Quem agora aqui chegar Preste bem muita atenção Acompanhe este refrão E venha cantar com a gente Uma canção diferente Nos oito pés do quadrão
Aquele homem sisudo Com sua viola a tocar Narrava com alegria Sempre os versos a rimar
A partir dos conhecimentos adquiridos até aqui, identifique qual ou quais deles são cordel. Justifique sua resposta, explicitando quais características dos trechos representam o gênero cordel, bem como quais características identificam os trechos representativos de outro gênero. Espera-se que o aluno saiba identificar as diferenças entre o cordel e outros gêneros em verso, a partir da apresentação de trechos de cordel e de poemas outros. São trechos de cordel: 1, 3 e 5. São trechos de poesia: 2 e 4. Algumas das características citadas podem ser: a configuração das rimas, o número de versos, as temáticas, a (in)formalidade da língua, entre outros.
5. Como você já viu, a rima é parte fundamental da caracterização do gênero literatura de cordel – mais especificamente, a estrutura que obedece em cada configuração de estrofe. Considerando os trechos a seguir, estabeleça a configuração das rimas, explicitando quais são as palavras que definem essa configuração. 1. O caos e a decadência A Não é só nos hospitais B Em todos os setores públicos C Nos fóruns, nos tribunais B Não tem ninguém que ajude D Mas na área da saúde D A miséria é muito mais B 2. Toda a família correu A Pra janela e quis olhar B Todos puxando a luneta C Para poder comprovar B Mas o Zeca não largava D Nem queria emprestar B
3. Agora neste perfil A Sinto o perfume de Rosa B Animando a nossa prosa B Esquentando o desafio A Chega com verso macio A Na décima se faz primeira C No quadrão com Creusa Meira C Sonia Ortega e a Rosário D Siga o nosso itinerário D Na estrofe derradeira C 4. Nos meus tempos de criança A O meu pai contava histórias, B Muitas que ainda trago C Bem guardadas na memória, B Nas noites de lua cheia D Sem caráter de oratória B
O aluno deve ser capaz de identificar, sozinho, a configuração da rima, através da marcação dos versos que rimam e não rimam entre si. Há uma configuração esperada e que se repete, mas aqui o aluno não poderá somente explicitá-la mecanicamente, já que deve explicitar quais são as palavras, em cada verso, que estabelecem a rima.
6. Além das rimas e da métrica, você deve ter percebido que um ponto importante do cordel são as descrições precisas de ambientes, pessoas, elementos do cenário etc. De que forma isso se dá no texto? Volte ao cordel A seca do Ceará, identifique e transcreva versos em que é possível perceber a presença de caracterização. Há diversas possibilidades, mas espera-se que o aluno consiga encontrar mais de um exemplo, atestando a tendência do uso de bastantes adjetivações no gênero cordel, o que será trabalhado especificamente em seguida.
Por se tratar de um gênero pertencente à esfera literária, e mais especificamente um gênero narrativo, pudemos perceber que o cordelista, ao escrever, faz uso de estruturas típicas das narrativas em geral, dentre elas a descrição e caracterização. Isso está diretamente relacionado à impossibilidade de se isolar a função social dos gêneros de suas estruturas formais. No caso do cordel, a função principal é a de transmissão de valores e histórias, bem como o objetivo de envolvimento do leitor nos fatos (reais ou fictícios) que estão sendo narrados, tornando imprescindível o uso de adjetivação para garantir mais proximidade com a realidade, representações ricas em detalhes, descrições que permitam ao leitor criar imagens mentais das situações narradas que sejam bastante fieis ao que o cordelista presenciou etc e isso só é possível através do uso de adjetivos. Veja a seguir explicações do que vem a ser adjetivo.
TRIBUTO AO ADJETIVO! Veja só que ferramenta
O adjetivo dá graça
Para comunicação
Na função de ornamento
O adjetivo socorre
Empresta um bom escudo
Em qualquer situação
Quando trata de talento
Dando ao substantivo
E no mundo da beleza
Um status mais altivo
Não há nenhuma surpresa
Na melhor concepção.
Com o seu desdobramento.
Pra definir o estado
Quando se quer aplaudir
E também a qualidade
Surge um som instintivo
O caráter ou o modo
Quando se quer seduzir
Compondo identidade
Todo mundo é cativo
Seja firme, forte e franco
Dessa palavra singela
Para não passar em branco
Que se chamaria “BELA”
Nesta oportunidade.
Se não fosse “ADJETIVO”.
Adjetivo Adjetivos são palavras que expressam características relacionadas aos substantivos que acompanham, tendo a função de restringir a significação desses, ou seja, atribuir-lhes qualidades, particularidades, aparência específica etc. Podem ser classificados em: Simples, quando são formados por apenas um radical Compostos, quando formados por dois ou mais radicais Primitivos, se não derivam de outra palavra em português Derivados, quando são formados a partir de substantivos ou verbos Além disso, dentro dessas classificações os adjetivos podem ser flexionados quanto ao: Gênero: Uniformes: servem para caracterizar palavras de ambos os gêneros Biformes: possuem uma forma para substantivos femininos e outra para os masculinos Compostos: quando só o segundo elemento assume a forma feminina Número Singulares Plurais Sempre concordando com o substantivo que acompanham Grau Comparativos, que podem, na comparação, exprimir: Superioridade (mais ADJ que) Inferioridade (menos ADJ que) Igualdade (tão ADJ quanto) Superlativos, que ao exprimir a característica no mais alto grau de intensidade, podem ser: Relativos (a/o mais ADJ, entre outros substantivos comparados) Absolutos (muito ADJ, não se compara a nenhum outro substantivo) Existem também os adjetivos pátrios, que designam o local de origem dos substantivos e as locuções adjetivas, que são expressões que equivalem a adjetivos.
Atividades 1. Em sua opinião, qual a importância dos adjetivos para a composição do gênero cordel? Qual seriam as consequências para o gênero caso não fossem usados adjetivos? Aqui, espera-se que o aluno consiga estabelecer relação entre as narrativas e relatos pessoais presentes nos cordéis e a necessidade do uso de adjetivo para tornar o texto mais interessante, cativante, atrativo para a leitura, verossímil, etc. Portanto, caso não houvessem adjetivos, todas essas implicações se perderiam.
Leia atentamente os excertos abaixo e responda as questões que seguem: 1. Da cama se levantou Num ato de valentia Demonstrou sua coragem Audácia e ousadia Pra expulsar o E.T. Que a sua casa invadia 2. Enquanto alguns com suor E esforço come o pão Outros são uns parasitas Do sangue do seu irmão Como os latifundiários, Os coronéis do sertão 3. Para as áreas mais carentes Da grande periferia Visando contribuir Com a nossa cidadania Os carros-bibliotecas Vão levar sabedoria
4. Acredito que o Obama Vai fazer bela gestão Repensando a guerra no Iraque, Afeganistão... Tratando bem os cubanos Árabes e mulçumanos: Povos de qualquer nação 5. Pois o cordel sendo usado Para ALFABETIZAÇÃO Deve respeito à linguagem Corrente em nossa nação Não deve ensinar errado Nem pode ser embalado Nas plumas da erudição
2. O adjetivo pode ser usado para dar qualidade a ou qualificar um substantivo (ser, objeto, ambiente etc). Qual a diferença entre as duas funções citadas? Explique e exemplifique a partir dos trechos de cordéis acima. Aqui, o objetivo principal é identificar a diferença entre o dar qualidade e o qualificar: enquanto “qualidade” normalmente é entendida como atribuição de juízo positivo, o ato de qualificar refere-se a atribuição de qualquer juízo – positivo, negativo, comparativo, neutro etc. Em relação à exemplificação, existem diversas possibilidades, o que torna essa parte da questão mais pessoal.
3. Em alguns dos trechos é feito uso de locuções adjetivas. Encontre-as e reescreva os períodos, transformando as locuções em adjetivos simples ou compostos. Resposta pessoal com base nos trechos encontrados por cada aluno. Possibilidades: coronéis do sertão – coronéis sertanejos; ato de valentia – ato valente; plumas da erudição – plumas eruditas.
4. Dê a classificação e flexão dos adjetivos encontrados nos exercícios anteriores. Resposta pessoal com base nos trechos selecionados nos outros exercícios. Espera-se que o aluno saiba classificar e flexionar os adjetivos com base nas categorias explicitadas no quadro de explicação do que vem a ser adjetivo.
5. Leia atentamente os trechos que seguem , retirados do cordel A TERRÍVEL HISTÓRIA DA PERNA CABELUDA (Prenúncios da Besta-Fera). Em seguida responda: o que os adjetivos escolhidos dizem sobre a atribuição de juízo de valor e sobre o posicionamento do cordelista em relação à narrativa? Aqui, espera-se do aluno que saiba identificar que tipo de característica os adjetivos estão atribuindo aos substantivos, se as escolhas são pessoais do cordelista ou parte de uma crença geral/popular, quais seriam as mudanças no texto – do ponto de vista da atribuição de sentido – decorrentes da ausência ou substituição dos adjetivos etc.
O nariz é bem pontudo Além da boca rasgada As prezas são dum felino Língua com a ponta cortada Tem barbicha que nem bode Cada unha é envergada.
Fez mulher que trai marido Mudar seu comportamento Ser caseira e boa esposa Religiosa ao contento Da mesma forma o traído Esquecer o sofrimento.
Ainda tem no calcanhar Um afinado esporão Cuja cor avermelhada Reluzente a um medalhão No tornozelo uma gola Como estivera em prisão.
Dizem que é a besta fera Que já se encontra presente Circulando este planeta Cada vez mai s decadente Onde o ódio e a violência Se vê muito mais crescente
Pense então na coisa feia Multiplique o seu pensar Pois é assim que a coisa Anda em noite de luar E também na escuridão Pra poder se ocultar.
Como o cordel influenciou o teatro e o cinema. O cavalo que defecava dinheiro , composto por Leandro Gomes de Barros no começo do século XX, é um cordel que inspirou diretamente a história do “gato que ‘descomia’ dinheiro”, contada pelo personagem João Grilo na famosa peça O auto da compadecida , escrita por Ariano Suassuna em 1955. Suassuna inspirou-se muito em histórias de cordéis para a construção desta que é uma de suas obras mais conhecidas. O próprio personagem João Grilo, um dos protagonistas da história, não é criação totalmente original do autor: ele é inspirado no personagem homônimo do cordel As proezas de João Grilo, composto por João Ferreira de Lima no começo do século XX. Nos anos 2000, sob a direção de Guel Arraes, O auto da compadecida foi adaptado para o cinema e contou com a atuação de grandes nomes da dramaturgia brasileira, como Fernanda Montenegro, Selton Mello e Matheus Nachtergaele. A adaptação recebeu diversos prêmios e, sucesso de público e de crítica, foi o filme de maior bilheteria deste ano. O cordel O cavalo que defecava dinheiro encontra-se disponível no acervo digital da Academia Brasileira de Literatura de Cordel: http://www.ablc.com.br/ocavalo-que-defecava-dinheiro/. Trailer do filme O auto da compadecida (Guel Arraes, 2000) no YouTube: https://youtu.be/XPuMu_ENzlg.
Cordelizando Agora é a sua vez de pesquisar e aquecer a voz: pesquisa, análise, sarau e varal. Ao longo desta viagem pela literatura de cordel você leu e participou de algumas discussões sobre esse gênero literário com os colegas da sua turma. Agora, para finalizarmos esse percurso de aprendizado, queremos propor uma atividade diferente. Caro professor, propomos que a primeira etapa desta atividade final seja executada seguindo uma destas duas instruções: (1) ou que o aluno realize a pesquisa em casa, após já ter sido instruído em aula sobre os procedimentos de pesquisa apresentados nos parágrafos seguintes; (2) ou uma das aulas é reservada para que os alunos possam dirigir-se à sala de informática da escola e, após serem instruídos pelo professor acerca dos procedimentos de pesquisa, dediquem esse momento ao desenvolvimento da atividade de pesquisa proposta.
Para começar, queremos que você desenvolva uma rápida pesquisa sobre um cordel de sua escolha. Pesquise vários cordéis diferentes e selecione aquele que você achar mais interessante. Para dar os primeiros passos nessa pesquisa, você pode explorar a biblioteca da sua escola à procura de algumas coletâneas de cordéis, ou então acessar sites na web com esse tipo de literatura. Hoje em dia existem muitos acervos digitais dedicados à divulgação da literatura de cordel, dentre os quais lhe indicaremos três: — A Academia Brasileira de Literatura de Cordel disponibiliza gratuitamente dezenas de cordéis em seu acervo digital: http://www.ablc.com.br/o-cordel/cordeisdigitalizados/. — O site Canal do Ensino disponibiliza o download grátis de 40 cordéis que estão em domínio público: https://canaldoensino.com.br/blog/40-livros-gratis-de-literatura-decordel/amp. — No site da Fundação Casa de Rui Barbosa, o Acervo de Literatura Popular em Versos disponibiliza mais de 9.000 folhetos de cordel digitalizados. A pesquisa na base de dados da Biblioteca deve ser feita através das categorias em que os cordéis foram organizados: por autor, título, assunto, local de publicação, data etc: http://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/acervo.html.
— No site Revista Prosa Verso e Arte há uma explicação, passo a passo, sobre como fazer uma pesquisa neste acervo: http://www.revistaprosaversoearte.com/literaturade-cordel-9000-obras-disponiveis-online/. usar hyperlink ou disponibilizar os links Mais uma indicação: o cordel no YouTube. João Neto é um garotinho que tem oito anos e uma grande paixão pela literatura de cordel. Para divulgar isso ao mundo, João mantém um canal no YouTube com dezenas de vídeos em que ele aparece declamando seus cordéis favoritos (incluindo alguns de seu pai, que é cordelista). Em um desses vídeos, o pequeno nordestino e arretado declamador (assim ele é chamado na descrição do canal) nos apresenta com eloquência um cordel de Bráulio Bessa em homenagem à profissão de professor:
Um arquiteto de sonhos Engenheiro do futuro Um motorista da vida dirigindo no escuro Um plantador de esperança plantando em cada criança um adulto sonhador e esse cordel foi escrito porque ainda acredito na força do professor (trecho de A força do Professor, cordel de Bráulio Bessa) https://youtu.be/7geaOHC7HRE
Depois de encontrar seu cordel favorito (ou depois do seu cordel favorito ter encontrado você), queremos que você elabore uma pequena análise escrita sobre ele, no máximo com duas páginas. Essa breve análise deve ser baseada nas mesmas discussões e atividades que já fizemos, durante as aulas, ao longo desta Sequência Didática. Para ajudar nessa escrita, você pode seguir os seguintes passos (nem todas as perguntas precisam ser respondidas, apenas as que você julgar mais pertinentes): 1.
Explique o porquê você gostou desse cordel. Que história ele conta? Quais são os personagens dessa história? Que tipo de sentimentos essa história causa no leitor (amor, compaixão, raiva, alegria, tristeza, humor, entusiasmo etc.)? Existe um conflito na história? Se sim, esse conflito é resolvido?
Espera-se que o aluno consiga compreender os elementos gerais da história e, em relação a ela, elaborar através da escrita sua apreciação subjetiva enquanto leitor.
2.
Fale brevemente sobre as informações biográficas que você conseguiu encontrar sobre o autor desse cordel. É fácil encontrar informações sobre ele na internet ou na biblioteca da sua escola? De que estado brasileiro ele é? Ele ainda está vivo? Se não, em que época viveu? E em relação à publicação deste cordel? Em que ano ele foi publicado? Há alguma informação sobre a forma como ele foi recebido na época? Foi um cordel famoso? Ele influenciou outras formas de produções culturais (como O cavalo que defecava dinheiro influenciou O auto da compadecida, por exemplo)?
Espera-se que o aluno consiga realizar uma pesquisa biográfica simples em torno do autor e da publicação deste cordel, reunindo dados e organizando-os em um texto escrito.
3.
Por fim, dê informações sobre a estrutura deste cordel. Quantos estrofes ele tem? Há quantos versos em cada estrofe? Quais tipos de versos (lembrando: sextilhas, setílhas ou décimas)? Esse cordel segue qual esquema de rimas? Há interdiscursividade nesse cordel (ele faz referências a outras histórias, outros textos ou outros assuntos atuais)? Há nesse cordel marcas da língua popular falada?
Por fim, espera-se que o aluno seja capaz de comentar aspectos linguísticos no texto, desde aspectos estruturais a este gênero literário até aspectos discursivos .
Feito isso, após o professor revisar e devolver a sua análise escrita, terminaremos nosso percurso de aprendizado com a organização de um sarau. Um sarau é uma atividade coletiva de leitura e compartilhamento de comentários e apreciações pessoais sobre textos (que, no nosso caso, serão apenas cordéis). Como o cordel é um tipo de texto que nasceu da oralidade, que é contado nos folhetos para ser cantado pelo voz de um cordelista, parte da experiência em estudar cordéis é aquecer a voz e lê-los em voz alta para que as demais pessoas também conheçam esses textos e os apreciem. Declamar um poema exige prática, então treine algumas vezes antes de apresentá-los com emoção no momento do sarau. Para se inspirar, você pode assistir a alguns vídeos do João Neto, o pequeno declamador arretado do YouTube. Seria interessante se o professor também selecionasse um cordel que o interessasse para declamá-lo e comentá-lo para a turma, dessa forma sustentando a dinâmica da atividade e encorajando os alunos caso haja um momento em que ninguém estiver sentindo-se à vontade para participar.
A dinâmica de um sarau é muito simples: sempre deve haver alguém falando ao mesmo tempo em que as demais pessoas prestam atenção e apreciam aquele que está com a voz. Para isso, um de cada vez, vocês devem declamar seu cordel para a turma. Após a leitura em voz alta (e após os aplausos) vocês podem comentar rapidamente sobre o texto que acabaram de ler. O que mais lhe chamou atenção nesse cordel: a história, determinados versos, os personagens, a musicalidade etc. Ter escrito aquela breve análise escrita foi importante para que você organizasse melhor seus pensamentos sobre o cordel: assim você pode ter mais o que falar sobre o texto que acabou de ler. Caro professor, a organização de um sarau tem como objetivo a valorização da leitura subjetiva dos alunos sobre textos com os quais eles possam estabelecer uma relação afetiva mais sólida. Ao declamar os cordéis para os demais colegas da turma, acreditamos que com essa atividade o aluno vai além do que seria um “ato solitário” de leitura silenciosa e passa a experienciar o “ato solidário” (Cosson, 2011, p. 27) e coletivo que, no compartilhamento de visões e sensações sobre um texto, é o que constitui em grande parte a construção de interpretações sobre o texto. Pois “o bom leitor é aquele que agencia com os textos os sentidos do mundo, compreendendo que a leitura é um concerto de muitas vozes e nunca um monólogo” (Cosson, 2011, p. 27).
Envolvendo a comunidade escolar Vocês também podem imprimir os cordéis para confeccionar um varal expositivo no pátio da escola, para que a comunidade escolar também passe a conhecer esse tipo de literatura.
Para refletir — De um lado, temos o cordel. De outro, o repente, as canções, o Rap… Apesar de não serem a mesma coisa, podemos pensar em muitas formas de aproximação entre o cordel e os gêneros musicais, já que ambos compartilham o mesmo trabalho com a fala: rimas, tom de voz, figuras de linguagem etc. Ou seja, ambas fazem arte a partir da mesma matéria prima: a língua. Artista da língua, RAPadura Xique-Chico é um rapper de Fortaleza que compõe músicas muito influenciadas pelos ritmos locais (baião, embolada, forró, xaxado), de modo a celebrar a cultura nordestina. Por isso, há menções ao cordel em muitas das suas músicas. Em “Norte-Nordeste me veste” , por exemplo, RAPadura faz uso do remix para iniciar e finalizar esta música com os seguintes versos escritos e declamados pelo cordelista Zé Bezerra, o Águia de Prata:
Deus quando fez o mundo Fez tudo com primazia Formando o céu e a Terra Cobertos com fantasia Para o Sul deu a riqueza Para o Planalto a beleza E ao Nordeste a poesia. (O Nordeste é poesia, Zé Bezerra, o Águia de Prata) Videoclipe da música no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=n_ZXeg6gD_o
Bibliografia ABREU, M. Histórias de cordéis e folhetos. Campinas, SP: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil, 1999. BARROS, E. M. D. Transposição didática externa: a modelização do gênero na pesquisa colaborativa. Raído, Dourados, MS, v. 6, n. 11, p. 11-35, jan./jun. 2012. CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48. ed. São Paulo, SP: Nacional, 2008. COSSON, R. Letramento literário: teoria e prática. 2. ed. São Paulo, SP: Contexto, 2011. CURRAN, Mark J. A literatura de cordel: antes e agora. Hispania, vol. 74, n. 3, set. 1991, pp. 570-576. Disponível em: <https://www.jstor.org/stable/344184>. DOLZ, J.; NOVERRAZ, M. & SCHNEUWLY, B. (2000) “Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento”. In: ROJO, R. H. R. & CORDEIRO, G. S. (orgs, trads). Gêneros Orais e Escritos na Escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004, pp. 95128. MELCHIOR, J. P. O ensino da modalização para alunos do nível fundamental II: uma prática possível. Dissertação (Mestrado em Linguagens e Letramentos) - Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, 2015. MENDONÇA, M. “Análise linguística no ensino médio: um novo olhar, um outro objeto”. In BUNZEN, C. e MENDONÇA, M. (orgs.). Português no ensino médio e formação do professor. São Paulo: Parábola, 2006. Pp. 199- 226 RONCOLATO, Murilo; FALCÃO, Guilherme; TONGLET, Ariel; MONTEIRO, Ricardo. “Os versos e traços da literatura de cordel”. Nexo Jornal. 2017. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/especial/2017/05/03/Os-versos-e-traços-daliteratura-de-cordel >.