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COWORKING Uma nova forma de pensar o ambiente de trabalho.
Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, pela Pontiíficia Universidade Católica de Campinas. Marina Berteli Orrú Orientador: Prof. Me. Pedro Paulo de Siqueira Mainieri Campinas, 2017 5
AGRADECIMENTOS
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A Deus. Aos meus pais, Luís Fernando e Solange, pelo amor e apoio incondicionais durante todos esses anos, por se dedicarem com tanto amor ao caminho que escolhi. Ao meu orientador, Pedro Paulo, que nunca mediu esforços para me auxiliar, por me mostrar uma paixão imensurável pela arquitetura e por aquilo que faz. A todos que fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigada. 7
SUMÁRIO
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Introdução...................................................................10 Objetivo.........................................................................12 Conceito.......................................................................14 Coworking no Brasil...................................................16 Território.....................................................................18 Proposta Urbana......................................................20 A quadra......................................................................24 Condicionantes Legais............................................26 Condicionantes Ambientais...................................30 Partido de Projeto.....................................................32 O projeto.....................................................................36 Desenho da praça.....................................................38 Estrutura e Circulação.............................................42 Térreo.........................................................................46 Pavimentos 01 a 08.................................................48 Cobertura...................................................................58 Cortes..........................................................................62 Materialidade.............................................................66 Conclusão...................................................................76 Referências Bibliográficas.....................................78 9
INTRODUÇÃO
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O constante avanço na tecnologia e nas habilidades humanas fez com que o homem buscasse cada vez mais alternativas para seus problemas, se apoiando em potencialidades que poderia adquirir. As últimas décadas do século XX foram marcadas pelo desenvolvimento acelerado da tecnologia, junto ao capitalismo e a globalização, reformulando o lugar do homem no trabalho e sua maneira de atuar e usufruir dos espaços. Característica do século XXI, o trabalho flexível passou a apresentar grande crescimento graças a internet e ao desenvolvimento dos meios de comunicação, fazendo com que atividades profissionais possam ser executadas independentemente do lugar em que o trabalhador se encontra. Essa mudança representa o fim das relações de trabalho tradicionais e o surgimento de novas dinâmicas e atividades profissionais. Nesse cenário, emergem em grande escala, os escritórios de coworking, locais onde profissionais de diversas áreas de atuação compartilham um mesmo espaço de trabalho, tendo como objetivo enriquecer sua rede de contatos e reduzir custos de infra-estrutura e serviços. No Brasil, apesar das implementações de coworking serem recentes - datam de 2007 - cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte já apresentam grandes espaços com estrutura para atender pequenas empresas, autônomos, freelancers, entre outros. Esses espaços oferecem uma atmosfera agradável, interação com outros profissionais, baixos custos de manutenção e boa infra-estrutura de apoio. 11
OBJETIVO
Este trabalho final de graduação tem como foco o desenvolvimento de uma proposta projetual no bairro Vila Leopoldina, São Paulo - SP, de um edifício onde funcionariam espaços de coworking. A proposta está baseada na integração de profissionais de diferentes áreas de conhecimento em um espaço compartilhado, economicamente viável e propício à manutenção de interesses comuns. 12
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CONCEITO
Coworking é uma nova forma de pensar o ambiente de trabalho. Trata-se de um sistema de espaços compartilhados entre empresas, coletivos e profissionais liberais de diferentes áreas de atuação, que buscam partilhar custos, recursos, informações e serviços. Nesses locais, o profissional pode usufrir de um espaço democrático, desenvolvendo seus projetos sem o isolamento do home office e das distrações de espaços públicos. Não existem paredes dividindo setores nem divisão de postos de trabalho, permitindo que aqueles que usufruem desses espaços possam trabalhar individualmente, em grupos ou criar parcerias. Dessa maneira, o coworking procura resolver problemas cotidianos de trabalho como isolamento, falta de interação, desconforto, altos custos e ausência de infra-estrutura adequada. Ao proporcionar grandes espaços de trabalho, salas de reunião e privadas, espaços de relaxamento, áreas de alimentação, banheiros e estruturas de apoio como internet, telefonia, correio e recepção, os espaços de coworking contribuem para a colaboração e convívio dos profissionais em um ambiente agradável e flexível.
“Economia, infraestrutura e networking atraem cada vez mais empreendedores a compartilharem espaços de trabalho.” (O GLOBO, 2014) 15
COWORKING NO BRASIL O Censo Coworking Brasil 2017 é a terceira edição de um importante estudo sobre o mercado de escritórios compartilhados brasileiro. Ele analisa a evolução na adoção de espaços de coworking ao redor do país e levanta dados detalhados sobre o perfil destes espaços. No Brasil, são conhecidos hoje 810 espaços de coworking, o que representa um aumento de 114% em relação ao ano de 2016. A cidade que apresenta o maior número é hoje São Paulo, com 217 espaços, seguida do Rio de Janeiro, com 71 espaços. Os gráficos a seguir, fornecidos pelo Censo Coworking Brasil, mostram a evolução do crescimento desses locais no país e como eles funcionam.
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Como os espaços funcionam:
Como os espaços são construídos:
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TERRITÓRIO
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A CIDADE São Paulo Cidade capital do estado de São Paulo, principal centro financeiro, corporativo e mercantil da América do Sul. É considerada como a cidade brasileira mais populosa e influente no cenário global, exercendo grande influência cultural, econômica e política. São Paulo apresenta atualmente, mais de 200 escritórios de coworking espalhados pela cidade, sendo que a maioria desses locais se encontra localizado nas proximidades da Zona Oeste.
O BAIRRO Vila Leopoldina Bairro localizado na zona oeste da cidade de São Paulo, é muito conhecido por abrigar o CEAGESP, a maior Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais da América Latina. Se apresenta como um bairro repleto de contrastes sócio-econômicos e se situa próximo a USP (Universidade Estadual de São Paulo) e ao Parque Tecnológico de São Paulo. Essa proximidade com pólos tecnológicos é um dos principais pontos de favorecimento para implantação de um edifício de coworking no local atualmente. 19
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PROPOSTA URBANA A partir do desenvolvimento da proposta urbana para a Vila Leopoldina, São Paulo-SP, foram propostos novos eixos de ocupação importantes para a região. Esses eixos estão sendo propostos em áreas que se apresentam desocupadas ou abandonadas e em quadras que vão perder seu uso devido a futura transferência do CEAGESP para o bairro de Perus, o que possibilita ao local receber novas ocupações que atendam às demandas locais. No cenário atual, a substituição desses locais na área tem acontecido de forma precária. A ocupação dos lotes está sendo feita por grandes empreendimentos residenciais onde a relação com o tecido urbano é inexistente, contribuindo para o aumento cada vez maior da segregação de espaços. Dessa forma, a proposta urbana procura reduzir essa atividade através da implantação de diferentes eixos que integram a área de uma maneira geral, como parques, eixos culturais, comerciais, tecnológicos e habitacionais. Dentro dessa configuração, foi proposto o Pólo Tecnológico. Localizado em algumas das quadras desocupadas com a saída do CEAGESP, esse setor é destinado a edifícios de pesquisa, comércio e serviços. Além disso, se configura também como uma atração às pessoas de outras regiões de São Paulo, como espaço gerador de empregos e oportunidades de desenvolvimento. 21
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Essa proposta faz parte de uma das estratégias do novo Plano Diretor de São Paulo, aprovado em 2014. Ele incentiva a criação de Polos Estratégicos de Desenvolvimento Econômico em regiões com baixo nível de emprego e grande concentração populacional que apresentam potencial para a implantação de atividades econômicas. Além disso, também define Parques Tecnológicos com o objetivo de ampliar as oportunidades de desenvolvimento urbano, incentivando usos voltados à produção de conhecimento e complexos empresariais. Dessa forma, a implantação do Pólo Tecnológico na Vila Leopoldina tem localização estratégica em relação aos centros de pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) e ao Parque Tecnológico do Estado de São Paulo - Jaguaré, cujo objetivo é promover ciência, tecnologia e inovação, aproximando centros de conhecimento aos setores produtivos. O Pólo proposto na Vila Leopoldina funcionaria como uma extensão/conexão das atividades de pesquisa desenvolvidas ao lado oposto do rio. Através da chegada de empresas, edifícios comerciais, hotéis e serviços, o espaço passa a gerar novos empregos e contribuir para o desenvolvimento da área, que atualmente costuma receber em grande parte, uma população ligada ao subemprego e a condições de vida precárias. Dessa forma, as novas atividades também contribuiriam para a manutenção da segurança local, graças a uma atividade e vida noturna que passaria a existir na região. 23
A QUADRA A partir do plano para o Pólo Tecnológico da Vila Leopoldina, foi proposta a implantação de um edifício de Coworking em uma de suas quadras. Localizada entre a cobertura mantida do CEAGESP e uma praça, a quadra em questão é interseccionada por um eixo verde proposto no plano urbano, cuja intenção é conectar as extremidades do bairro, tendo potencial para receber um grande fluxo de pessoas durante o dia todo. Quanto às suas pré-existências, existe um maciço arbóreo que percorre linearmente todo a área do pólo, que foi optado por ser mantido, resultando na criação de uma conexão de espaços entre às outras quadras. Além disso, a quadra também abriga parte do eixo verde desenvolvido na Vila Leopoldina, criando uma pequena praça na sua extremidade inferior. A partir dessa análise, foram iniciadas as primeiras propostas de implantação para o edifício. Tendo como principal intenção de projeto a integração da vegetação existente com a construção, a implantação busca evitar a configuração barreiras dentro da quadra. Dessa forma, a maneira como o edifício se integra ao verde possibilitaria a criação de diferentes espaços qualificados ao seu redor, podendo servir para a permanência e passagem dos profissionais que usufruem do edifício, além dos pedestres que interagem com o esse espaço. 24
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PRAÇA
CEAGESP
CONDICIONANTES LEGAIS
O Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo - Lei 16.050, de 31 de julho de 2014 traz uma série de diretrizes para orientar o desenvolvimento e crescimento da cidade pelos próximos 16 anos, com o objetivo de conferir qualidade urbana aos eixos. Dentre suas estratégias, destacam-se algumas propostas que serão aplicadas neste trabalho. Melhorar a mobilidade urbana Ampliação e qualificação do sistema de transporte público coletivo, previsão de calçadas largas nas proximidades e nas áreas de influência de eixos de transporte. Qualificar a vida urbana Incentivo da fachada ativa (térreo com acesso aberto a população), de áreas verdes e espaços livres e fim da exigência do número mínimo de vagas de automóveis. Socializar os ganhos da produção da cidade Os recursos arrecadados por se construir mais que 1x a área do terreno serão revertidos para a coletividade em equipamentos públicos, praças, transporte e habitação. Promover o desenvolvimento econômico da cidade Criação de Pólos Estratégicos de Desenvolvimento Econômico em regiões com baixo nível de emprego e grande concentração populacional e definição de Parques Tecnológicos.
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27
PARÂMETROS DE OCUPAÇÃO
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A partir da classificação do Plano Diretor de São Paulo, a quadra de projeto está inserida na Macrozona de Estruturação Metropolitana, que tem como diretriz promover transformações no espaço urbano, nas condições de uso e ocupação de solo e na base econômica de modo a desconcentrar oportunidades de emprego em direção aos bairros da periferia e de municípios metropolitanos. Quanto a classificação da Lei de Zoneamento de São Paulo, a área é classificada hoje como Zona de Ocupação Especial - ZOE. Com a saída do CEAGESP desse local e de acordo com o projeto urbano proposto nesse trabalho, a quadra passa a ser classificada como Zona Eixo de Estruturação da Transformação Metropolitana - ZEMP. Essas zonas são destinadas a promover usos residenciais e não residenciais com densidades demográficas e construtivas altas, bem como a qualificação paisagística e dos espaços públicos, de modo articulado ao sistema de transporte coletivo e com infraestrutura urbana de caráter metropolitano. Seus parâmetros urbanisticos incluem coeficiente de aproveitamento máximo igual a 4, gabarito sem limite e possibilidade de ativação de incentivos urbanísticos. O quadro seguinte foi retirado da Lei 16.402, de 22 de março de 2016, disponível no site da Prefeitura de São Paulo e delimita os principais parâmetros de ocupação para áreas classificadas como Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana.
Parâmetros de ocupação, exceto de Quota Ambiental Anexo Integrante da Lei nº 16.402, de 22 de março de 2016
NA= Não se aplica (e) O C.A. máximo será igual a 4 nos casos dispostos nos §2º do artigo 8º desta lei. (j) Os recuos laterais e de fundo para altura da edificação superior a 10m (dez metros) serão dispensados conforme disposições estabelecidas nos incisos II e III do artigo 66 desta lei. 29
CONDICIONANTES AMBIENTAIS
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TOPOGRAFIA O levantamento topográfico da Vila Leopoldina mostra que maior parte da área é plana - declividade abaixo de 8% - com altitudes que variam entre 720 e 730 metros. Quanto ao nível da quadra de estudo, ela se encontra a 718 metros, apresentando um desnível de apenas 30 centímetros entre suas extremidades. A implantação do edifício na quadra está focada em intervir o mínimo possível com movimentações de terra, se desenvolvendo a partir ao perfil natural do terreno e da vegetação ali existente.
INSOLAÇÃO E VENTILAÇÃO A imagem ao lado representa a localização correta da quadra em relação ao nascer e pôr do sol. A partir dessa localização, o edifício foi projetado tendo como objetivo permitir boas incidências de luz solar nos espaços de trabalho, controladas por brises em alguns locais especifícios. Além disso, o projeto cria grandes aberturas de luz e ventilação, a fim de reduzir a necessidade de equipamentos elétricos e garantir um bom conforto térmico.
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PARTIDO DE PROJETO Tendo como programa espaços de coworking, o projeto tem como principal partido a criação de um edifício dinâmico, importante característica de locais de trabalho nessa configuração. A ideia é criar um local onde os espaços não são previsíveis, contrapondo-se aos tradicionais cubos de vidro onde se configuram edifícios corporativos. Partindo de um volume central, foram criados volumes extendidos horizontalmente que se intercalam em diferentes níveis. Eles se originam do centro e percorrem espaços externos do edifício, a fim de criar uma integração maior com a praça e configurar diferentes espaços ao seu redor. A diferença de altura desses volumes em relação ao térreo permite ao pedestre diferentes sensações durante seu percurso na praça, hora sombreado, hora desprotegido. Tal configuração permitiu a criação de grandes planos de vidro horizontais, generosos vãos e varandas pouco convencionais que integram a dinâmica do bairro ao edifício. Esses espaços se comportam como uma moldura para paisagem do entorno e principalmente para o CEAGESP, configurando um importante elo de ligação do projeto com a proposta urbana desenvolvida anteriormente. No interior do edifício, os espaços de trabalho se organizam ao redor de um vazio central crescente confor-
me o pavimento que se encontra, estando o maior vão no último nível, a fim de permitir maior incidência de iluminação natural. Quanto às aberturas laterais, estão direcionadas ao centro permitindo ventilação cruzada e entrada de luz nos espaços de trabalho. A intenção do projeto é trazer em um só edifício, diferentes espaços de trabalho que possam atender as demandas necessárias para cada trabalhador. Cada pavimento se apresenta com uma configuração distinta, com espaços públicos, áreas de convivência, salas privativas e espaços de trabalho compartilhados, a fim de trazer ao trabalho espaços mais humanizados, priorização do convívio de pessoas e integração com o ambiente externo.
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O PROJETO
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Dados Gerais Local: Vila Leopoldina - São Paulo - SP Área da Quadra: 8800 m² Área Ocupada: 1910 m² Área Construída: 9180 m² Parâmetros de Ocupação Taxa de Ocupação: 0,21 Coeficiente de Aproveitamento: 1,04 37
DESENHO DA PRAÇA A praça do Edifício de Coworking representa uma conexão entre a cobertura do CEAGESP e o eixo verde que intersecciona a área. O desafio principal é evitar a configuração de barreiras e possibilitar a integração entre edifício e praça. Além disso, essa praça representa um ponto de encontro para os profissionais do Pólo Tecnológico, que poderão usufrir desse espaço mesmo que estejam alocados nos outros edifícios. A fim de apresentar o menor impacto possível na paisagem e no perfil do terreno, as curvas de nível não foram modificadas e o maciço arbóreo existente foi mantido. O edifício portanto está implantado no nível 718 e se integra aos espaços da praça. As extremidades da quadra foram aproveitadas para o estacionamento e bicicletário. Como a área apresenta proximidade com o Rio Pinheiros e os custos de um subsolo são altos, manter o estacionamento no nível térreo e integrá-lo a praça foram soluções mais viáveis da implantação. O estacionamento tem capacidade para 116 vagas, sendo 6 destinadas a portadores de necessidades especiais e idosos. Quanto aos equipamentos presentes na praça, foi projetado um teatro ao ar livre para receber eventos abertos ao público, cuja cobertura coincide com um dos volumes extendidos do edifício. Além disso, foram criadas áreas de permanência e alguns espaços íntimos para encontro de pequenos grupos. 38
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40
41
ESTRUTURA E CIRCULAÇÃO A concepção estrutural é organizada a partir de uma estrutura independente da vedação, que permite a criação de grandes planos de vedação, conferindo unidade ao projeto e grande flexibilidade interna. Para isso, foi adotada uma modulação de 14,00 metros para organização do vazio central e de 8,00 metros para organização da circulação vertical do edifício. A estrutura restante está sempre organizada a partir desses dois valores, levando em consideração a modulação necessária de cada espaço. O sistema está organizado em estruturas de concreto e esquadrias metálicas para a vedação. Devido aos grandes vãos, a solução estrutural foi dada a partir da laje nervurada cubeta, que permite vencer essas grandes distâncias sem que exista a necessidade de locar vigas transversais altas. A altura aproximada dessa laje é de 0,35 metros. Quanto aos pilares de concreto, eles suportam toda a estrutura do edifício e apresentam dimensões aproximadas de 0,5 x 0,5 metros. Para completar o suporte das lajes nervuradas, foram utilizadas vigas de borda de concreto com 0,2 metros de espessura e alturas de 0,5 e 0,8 metros. Elas foram locadas nas bordas externas do edifício e nas extremidades do vão central. Para resolver a circulação do edifício, existe um total de quatro elevadores e três caixas de escada, sendo 42
duas de incêndio. Quanto a circulação social, estão localizados no vazio central do edifício dois elevadores e uma escada que os contorna, constituindo a circulação principal. Entretanto, para atender o percurso máximo de 30 metros até a próxima rota de fuga definida pelo corpo de bombeiros, duas caixas de circulação vertical contendo um elevador e uma escada de incêndio foram locadas nas extremidades esquerda e direita do volume central. Junto à cada uma dessas caixas estão as instalações sanitárias e os shafts para instalações do edifício.
1
2 14,00
3 8,00
4 8,00
5
6
14,00
8,00
5,50
5,50
14,00
A
B 14,00
8,00
2,00
8,00
5,50
área locável restaurante 112 m²
2,00
8,00
8,00
C
D
14,00
12,00
C
8,00
8,00
E
8,00
8,00
F
5,50
0
3
6
12
5,50
G 15 m
43
44
45
A
+0,00
-1,80
B
-3,60
S
teatro livre
+0,10
14,00
8,00
8,00
2,00
10,00
2,00
5,50
2,00
8,00
8,00
acesso
+0,00
2,00
recepção
12,00
C
pavimento público 1105 m²
projeção pavimento superior
C
estações livres S
8,00
livraria
TÉRREO 0
46
3
6
12
15 m
5,50
8,00
+0,10
A
B
TÉRREO O pavimento térreo tem como característica principal o acesso aberto ao público, apresentando estruturas que podem ser utilizadas por pessoas que não necessariamente trabalham no local. Seu acesso se dá pelo nível da praça e está voltado para o vazio central, de modo que o edifício não se feche para nenhuma extremidade da quadra. Ao entrar no edifício, a visão do observador se inclina para a dimensão do vão central, que percore todos os pavimentos de forma crescente, permitindo entrada abundante de luz natural. A esquerda, existe uma grande arquibancada integrada a um espaço destinado a livraria, que receberia não somente o visitante, mas também aqueles que trabalham no local e desejam um lugar de permanência integrado ao público nos intervalos de trabalho. Além disso, estão localizados também nesse nível um espaço de trabalho compartilhado, uma sala de conferência com capacidade para 45 pessoas, e um espaço para reuniões pequenas e informais. Todos esses espaços podem ser livremente utilizados por aqueles que não trabalham dentro do edifício. Área total do pavimento térreo: 1105 m²
47
A
B
projeção pav. superior
6,00
14,00
8,00
14,00
8,00
8,00
14,00
8,00
8,00
2,00
5,50
2,00
copa comum
C 12,00
C lab. de apoio
S
PAVIMENTO 01 0
48
3
6
12
15 m
área locável lanchonete 30 m²
5,50
8,00
8,00
descompressão
A
B
PAVIMENTO 01 Devido a sua proximidade com o térreo, o primeiro pavimento é caracterizado pelo uso coletivo, sendo destinado às atividades comuns e aos espaços maiores de convívio. Foi projetada nele uma copa comum com capacidade para cerca de 50 pessoas, onde os coworkers podem armazenar as refeições trazidas ao trabalho e se alimentar junto aos seus colegas. Existe também, um espaço de descompressão e lazer com mesas de jogos e multimídia para atender aos momentos livres de quem trabalha no edifício. Junto a ele, está um laboratório de apoio, com impressoras e computadores de uso comum, além de um hall de descanso. Na área externa do primeiro pavimento, foi projetada uma pequena lanchonete que pode ser acessada pelo público através da arquibancada localizada no térreo. Sua localização busca trazer maior integração com o ambiente externo e privilegiar as vistas do entorno dessa praça, assim como os outros dois restaurantes locados no edifício. Área total do pavimento 01: 1270 m²
49
A
B 8,00
2,00
6,00
14,00
5,50
2,00
14,00
8,00
8,00
12,00
2,00
5,50
2,00
8,00
área locável restaurante 112 m²
C 12,00
C
PAVIMENTO 02 0
50
3
6
12
15 m
5,50
8,00
8,00
área coworking 1560 m²
A
B
PAVIMENTOS 02 A 08 Os pavimentos 02, 03, 04, 05, 06 e 07 e foram projetados para receber os espaços de trabalho compartilhado. O pavimento 05 como excessão, é destinado exclusivamente às salas de reunião, se configurando como um espaço mais privado e silencioso. Apresenta 8 salas de reunião com capacidade 10 pessoas, 3 espaços de reunião informal para 4 pessoas e 4 cabines para conferência individual. Todos esses espaços podem ser utilizados por quem trabalha no edifício, sendo locados por tempo de acordo com a demanda de cada grupo. Os outros pavimentos citados apresentam um layout livre com áreas de convívio e estações de trabalho com diferentes capacidades e salas privativas. Cada um deles está disposto de maneira diferente a fim de atender os mais variados tipos de trabalho, seja ele individual, restrito ou em grupo. Os espaços são separados através de divisórias que podem ser modificadas facilmente, dependendo da demanda de trabalho, trazendo maior dinâmica flexibilidade aos ambientes. Área total do pavimento 02: 1560 m² Área total do pavimento 03: 1270 m² Área total do pavimento 04: 1350 m² Área total do pavimento 05: 875 m² Área total do pavimento 06: 875 m² 51
A
B 8,00
2,00
área locável restaurante 112 m²
6,00
14,00
5,50
2,00
14,00
8,00
8,00
12,00
2,00
8,00
2,00
5,50
C 12,00
C
13,50
8,00
área coworking 1270 m²
PAVIMENTO 03 0
52
3
6
12
15 m
A
B
A
B 8,00
2,00
6,00
14,00
5,50
2,00
12,00
teto verde
8,00
2,00
8,00
C 14,00
C
2,00
8,00
área coworking 1350 m²
PAVIMENTO 04 0
3
6
12
15 m
A
B
53
A
B
teto verde
8,00
2,00
10,00
2,00
8,00
2,00
reunião
C
8,00
14,00
C
PAVIMENTO 05 0
54
3
6
12
15 m
A
B
A
2,00
10,00
2,00
8,00
8,00
8,00
B
C 14,00
C
8,00
área coworking 875 m²
PAVIMENTO 06 0
3
6
12
15 m
A
B
55
A
2,00
10,00
2,00
8,00
8,00
8,00
B
C 14,00
C
8,00
área coworking 875 m²
PAVIMENTO 07 0
56
3
6
12
15 m
A
B
A
4,10
14,00
4,10
4,40
6,00
2,50
4,40
B
C
6,00
14,00
C
2,50
área locável bar 55 m²
PAVIMENTO 08 0
3
6
12
15 m
A
B
57
A
B
teto verde
5%
teto verde
5%
cobertura vidro
C
5%
C
laje impermeabilizada concreto
laje impermeabilizada concreto
COBERTURA 0
58
3
6
12
15 m
A
B
COBERTURA Os pavimentos que recebem um certo fluxo de pessoas em sua cobertura são cobertos por laje impermeabilizada de concreto, enquanto restantes apresentam cobertura em teto verde, com o intuito de proporcionar aos coworkers uma vista agradável enquanto trabalham, além de ser uma solução sustentável para o projeto. Quanto a cobertura do último pavimento, ela faz o coroamento do vazio central presente nos pavimentos inferiores. Com o objetivo de proporcionar grande entrada de luz natural, ela foi projetada com planos de vidro, trazendo também certa leveza ao projeto. Suas laterais recebem pergolados que proporcionam um jogo de luz e sombras para o bar localizado no Pavimento 08.
59
60
61
A
B
C
D
E
F
3,60
pele de vidro
3,60
+34,20 - Pav 10
cobertura de vidro
3,60
viga peitoril de concreto 80x20 cm
+30,60 - Pav. 08
+27,00 - Pav. 07
+23,40 - Pav. 06
+19,80 - Pav. 05
+16,20 - Pav. 04
+12,60 - Pav. 03
+9,00 - Pav. 02
+5,40 - Pav. 01
5,40
3,60
3,60
3,60
3,60
pilar concreto 50x50 cm
3,60
laje nervurada cubeta 32 cm
62
5,40
+0,00 - Pav. TĂŠrreo
CORTE A -5,40 - NĂvel -1
6
5
4
3 +34,20 - Pav 10
esquadria de alumínio
3,60
pilar concreto 50x50 cm
3,60
3,60
viga metálica 50x20 +30,60 - Pav. 08
+27,00 - Pav. 07
+23,40 - Pav. 06
3,60
laje nervurada cubeta 32 cm +19,80 - Pav. 05
+16,20 - Pav. 04
+12,60 - Pav. 03
+9,00 - Pav. 02
+5,40 - Pav. 01
5,40
3,60
3,60
3,60
3,60
viga peitoril concreto 80x20 cm
+0,00 - Pav. Térreo
CORTE C
63
G
F
E
D
C
B
A
viga metรกlica 50x20 cm
brise de madeira laje nervurada cubeta 32 cm
pilar concreto 50x50 cm viga peitoril concreto 80x20 cm
64
CORTE B
+30,60 - Pav. 08
+27,00 - Pav. 07
+23,40 - Pav. 06
+19,80 - Pav. 05
+16,20 - Pav. 04
+12,60 - Pav. 03
+9,00 - Pav. 02
+5,40 - Pav. 01
5,40
3,60
3,60
3,60
3,60
3,60
3,60
3,60
3,60
+34,20 - Pav 10
+0,00 - Pav. Térreo
-5,40 - Nível -1
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MATERIALIDADE Com o objetivo de manter visível a verdade do material, o edifício é composto por três materiais principais: concreto, vidro e madeira. Em termos simbólicos, a estrutura de concreto aparente do edifício tem como objetivo remeter ao caráter industrial da Vila Leopoldina, característica marcante dos grandes galpões ali presentes que hoje se apresentam em desuso. Quanto à sua vedação, é formada por grandes planos de vidro que trazem certa leveza à estrutura rígida de concreto, formando aberturas que enquadram visões da grande cobertura mantida do CEAGESP e seu entorno. Brises de madeira também fazem parte da materialidade do edifício, configurando uma relação próxima com o entorno de praças e eixos verdes, além de auxiliar na formação de uma unidade ao volume central.
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ELEVAÇÃO NOROESTE
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ELEVAÇÃO NORDESTE
ELEVAÇÃO SUDESTE
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CONCLUSÃO
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Os estudos realizados para a concepção desse projeto, demonstram a importância da análise de novos meios de organização de trabalho. A crescente demanda por espaços mais dinâmicos e colaborativos vem contribuindo para o aumento de projetos destinados ao coworking. A viabilidade desses projetos e suas influências diretas no convívio entre as pessoas, mostra sua importância no mundo atual. Como pensamento, é possível perceber que o termo sustentabilidade quando aplicado à esses locais de trabalho vai muito além de estudos ecológicos. Neles, existe um o uso consciente de espaços e matérias, uma necessidade cada vez maior em diferentes áreas de atuação. Dessa forma, a arquitetura se configura como um importante elo na qualidade de vida de toda uma população. A humanização de espaços e a integração de diferentes áreas mostra uma influência direta e positiva no resultado de atividades que se desenvolvem em um ambiente bem projetado.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LIVROS LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. Tradução Jefessor Luiz Camargo. São Paulo, Martins Fontes, 1997. ROCHA, Lígia rodrigues. Territórios invisíveis da Vila Leopoldina: Permanência, Ruptura e Resistência na Cidade. Dissertação de Mestrado, USP, 2013. ANDRADE, C. M. A história do ambiente de trabalho em edifícios de escritórios. BKS Bookstore, 2007. SITES PREFEITURA DA CIDADE DE SÃO PAULO, Zonemento da Cidade de São Paulo. Disponível em http://www.prefeitura.sp.gov. br/cidade/secretarias/urbanismo/legislacao/planos_regionais/index.php?p=1884 . Acesso em 19 abr. 2017. PREFEITURA DA CIDADE DE SÃO PAULO, Macroárea de Estruturação Metropolitana. Disponível em: http://gestaourbana. prefeitura.sp.gov.br/o-zoneamento-na-macroarea-de-estruturacao-metropolitana/. Acesso em 05 mai. 2017 FOERTSCH, Carsten. The Coworker’s Profile. 2011. Disponível em: http://www.deskmag.com/en/the-coworkers-global-coworking-survey-168. Acesso em: 04 out. 2017. REVISTA UFPR, Coworkig, conceitos e práticas na cidade de São Paulo. Disponível em: http://revistas.ufpr.br/atoz/ article/view/42337/26968. Acesso em 20 nov. 2017. ORLANDI, Diego. Coworking in Brazil, 2013. Disponível em: http://www.deskmag.com/en/coworking-spaces-in-brazil-sao-paulo-812. Acesso em 16 out. 2017. 79
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