Portfólio AT

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MARINA ANNES

arquitetURA URBANISMO ETC.



Arquiteta Urbanista formada em 2013 pela Universidade Federal de Juiz de Fora, tendo realizado Mobilidade Acadêmica na Universidade Federal Fluminense. Esteve envolvida com os grupos NPEURB/MG UFJF e NEPHU - UFF, atuando principalmente nas áreas de Planejamento Urbano e Regional, Política Habitacional, Habitação Popular, Metodologias Participativas. Foi estagiária na ONG Soluções Urbanas, no projeto Arquiteto de Família, em Niterói, RJ (2010). Trabalha atualmente com Projetos de Arquitetura e Urbanismo, Política Urbana e Micro-resistências e Planos de Desenvolvimento Urbano, Rural e Regional.


CONJUNTO HABITACIONAL DISCPLINA DE PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO 5 FACULDADE DE ARQUITETURA - UFJF JUN 2009 BRUNA MARTINS; FABRICIO ZANOLI; FILIPE QUARESMA; MARINA ANNES

O projetol se localiza na parte Central da cidade de Juiz de Fora, MG, entre o rio Paraibuna e a linha férrea da cidade. É uma área de passagem entre o antigo Centro de Juiz de Fora e a Área Residencial do outro lado do Rio Paraibuna. Possui edificações antigas e grandes lotes vazios, isolada do graças a estes dois limites. Assim, a área é deserta na maior parte do tempo, marcada pela ausência de atrativos, vias de trânsito intenso e insegurança constante. No meio deste cenário, entretanto, algumas expressões de ocupação do espaço ainda acontecem. A feira livre de domingo é de grande importância para a cidade, assim como os galpões utilizados pelas escolas de samba de Juiz de Fora. A área possui também um comércio de oficinas automobilísticas já consolidado, que traz à região alguma circulação de pessoas nos dias úteis. A partir deste diagnóstico, o projeto se propõe a fazer com que este espaço, ao se tornar um setor habitacional, incentive a vivência do espaço, incorporando e otimizando os elementos positivos já existentes, e possibilitando uma reestruturação do mesmo.

Terrenos do Projeto Av. principais do Centro de Juiz de Fora

Na releitura do espaço, procurou-se adotar elementos típicos das edificações do entorno. Edificações regulares e maciças ganham leveza nos balanços propostos. Cada apartamento se transforma em um ‘bloco’ diferente, e o empilhamento destes blocos nos mostra um jogo de cheios e vazios sempre dinâmico. Os planos das marquises e dos terraços se transformam na circulação comum, assim como nas coberturas das áreas externas dos pavimentos inferiores à circulação. As áreas de circulação são prioritariamente externas, de modo a não se desassociar da rua - como se criassem fragmentos desta em diferentes níveis, cada um de uma maneira diferente.


A implantação das edificações procura respeitar os fluxos e usos já existentes, buscando a integração com o entorno e garantindo os serviços complementares à habitação. Assim, a configuração das vias privilegia o pedestre e restringe o acesso dos veículos. Em alguns momentos a passagem de pedestres não depende das vias, acontecendo entre as edificações. A disposição dos blocos cria áreas de convivência entre os mesmos,

extendendo assim, a vivência do espaço íntimo à rua. O espaço dentro dos blocos também prevê a criação de áreas de convivência em uma escala menor. O programa considerou ainda a necessidade de facilitando reuniões e articulações dos moradores através da construção da Escola do Cidadão - um espaço onde atividades culturais e reuniões populares possam acontecer.

DISTRIBUIÇÃO DOS USOS Galpões Comerciais e Residências Comércio e Residências Residências Instituições FLUXOS PROPOSTOS Passagem de veículos permitida Exemplos de Passagens de pedestres entre as edificações

A FEIRA Coberturas com pontos de água e luz que possibilitam a inserção da feira dentro dos terrenos, além de proporcionar aos transeuntes sombra.


A escolha pela estrutura metálica, além de valorizar as projeções e do fator estético, vem possibilitar os grandes balanços propostos na volumetria. Como existe produção na cidade de Juiz de Fora, a escolha também evita gastos com transporte e utiliza mão de obra local especializada. As plantas dos apartamentos foram pensadas para garantir conforto e praticidade ao morador e ao mesmo tempo, respeita as dimensões das peças de vedação - os Blocos de Concreto Celular. Uma medida simples que facilita a construção e evita desperdícios. Além disso, as plantas permitem a mudança da localização das aberturas portas e janelas - e do layout de seus interiores, devendo

apenas respeitar a parede hidráulica cozinha/banheiro. Dessa forma, os apartamentos podem se adequar às necessidades da implantação de cada um, assim como às conveniências de cada morador. Os condicionantes da implantação variam desde a insolação e ventilação, até às relações entre os apartamentos, entre o comércio e as residências e a privacidade dos moradores. Portanto, um estudo minucioso de cada situação se faz estritamente necessário. Além disso, a possibilidade de mudança das aberturas permite a junção dos módulos estruturais, formando edificações ainda mais complexas e diversas. Como cada situação é única, essa versatilidade se mostra fundamental.

Apartamentos 3 (xm²), 2 e 1 Quarto

A procura por um dinamismo e variedade de expressões da volumetria proposta se expressa na infinidade de possibilidades de empilhamento de apartamentos. No exemplo exposto no corte, podíamos inverter a ordem dos pavimentos, sem modificar a parede hidráulica, gerando um volume bastante diferenciado. Da mesma forma, poderíamos simplesmente retirar um pavimento, o que também proporcionaria resultados diferentes. Torna-se possível, assim, a adequação das edificações às diversas situações - de implantação e de conveniência à vida dos moradores.


A DIVERSIDADE DAS FAVELAS AS PECULIARIDADES DO ALTO TRÊS MOINHOS EM JUIZ DE FORA – MG. Trabalho Final de Graduação 1 2012 UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA orientador douglas montes barbosa

APRESENTAÇÃO Estudos realizados sobre a diversidade de arquiteturas populares mostram a importância deste conhecimento na formulação de políticas habitacionais. Tal diversidade se fundamenta em diferenças culturais, sociais, políticas históricas, ambientais e na forma de viver dos moradores. A estrutura espacial reflete tais peculiaridades, assim como as tecnologias e tipologias de habitações e os processos construtivos e projetuais. As construções populares do meio urbano possuem características oriundas de uma forma típica de construir, que variam de acordo com as características específicas de uma comunidade. Assim, este trabalho pretende indicar peculiaridades de ocupações informais de Juiz de Fora a partir da análise da área conhecida como Alto Três Moinhos. É necessário contextualizar a problemática de formação das áreas de grande vulnerabilidade social, entendendo-a como um processo espacial típico de qualquer cidade capitalista. Além disso, a atuação do Estado Brasileiro em relação à questão habitacional influencia as posturas municipais e a conformação do espaço de Juiz de Fora. A prática de remoções de favelas esteve presente na história do município, assim como em

todo o território nacional. As políticas de remoção são baseadas em uma visão homogeneizante e estereotipada das favelas, faltando a compreensão das mesmas como espaço socialmente produzido e parte da cidade e de sua paisagem, com recursos investidos tanto dos moradores, quanto pelo poder público. Dessa forma, se diferenciam da cidade formal, integrando-a ao mesmo tempo. A mudança de postura da prefeitura em relação a favelas esteve atrelada às mudanças do governo federal. A criação da Política Nacional de Habitação abre caminhos para a implantação de programas e políticas que levem em conta a favela como patrimônio da cidade, com valor estético e cultural. Em Juiz de Fora, a carência de estudos sobre o tema, sobretudo na área de arquitetura e urbanismo, dificulta a atuação de profissionais em favelas da cidade e empobrece as políticas habitacionais municipais. Ainda que áreas de uma mesma tipologia sócio, econômica e cultural possuam suas diferenças, espera-se que o estudo sobre o Alto Três Moinhos sirva como exemplo para a análise de processos de mesma natureza em Juiz de Fora, levando em consideração as semelhanças oriundas de sua proximidade e entendendo que a formação destas áreas são processos indissociáveis da formação da cidade.


A ESCOLHA DO ALTO TRÊS MOINHOS

LOCALIZAÇÃO

A partir da busca por trabalhos já realizados e com o contato com grupos do serviço social da UFJF, escolheuse uma comunidade que já tivesse referência de contatos anteriores e que possibilitasse o desenvolvimento de trabalhos semelhantes em outras áreas. Buscou-se também uma ocupação não muito recente.

A área de estudo se localiza na parte alta do bairro Três Moinhos, com início da ocupação na década de 1990. Os primeiros moradores vieram por não poderem pagar os aluguéis das outras partes de cidade, sendo oriundos, portanto, da dinâmica excludente da própria cidade de Juiz de Fora. A área é caracterizada por seu relevo bastante acidentado e, apesar de possuir ainda muitas áreas verdes, é considerada área de risco por ser propícia a deslizamentos. Possui implantados os serviços de esgoto, acesso à água, iluminação e rede elétrica, porém todos subdimensionados e sem manutenção; a área é atendida ainda pelo serviço de coleta de lixo na rua principal. O Plano Municipal de Habitação (2007), o PDDU (2000), o Atlas Social de Juiz de Fora (2004) e o Mapa Social de Juiz de Fora (2012) identificam a Área como de Especial Interesse Social (AEIS), com legislação e projetos específicos a serem desenvolvidos.

ESPAÇO URBANO A busca pelas especificidades do Alto Três Moinhos passou pela escala urbana e arquitetônica, através de pesquisas e buscas por documentações, mapas mentais participativos, entrevistas, conversas informais e levantamento gráfico. A análise do espaço urbano mostrou pontos importantes para a comunidade e a forma de utilização de espaços públicos. No Alto Três Moinhos, ruas são utilizadas como únicas áreas de lazer, onde se faz todos os tipos de

confraternização e onde crianças brincam. Não existem equipamentos urbanos no local, e existem poucos comércios nas proximidades, com todo o tipo de mercadorias. São estes os principais marcos do território.

Vias

Bairros Alto Três Moinhos Três Moinhos

Rua José de Castro Ribeiro Rua José Luiz Flores

Santa Rita Alto Grajaú

Rua Diva Garcia

Sô Neném Pasto

Vias de pedestres (incluindo escadas)

Bom Jardim

3

4

5

2

Limites

Pontos Nodais e Marcos 1

Equipamentos Quadras de Esporte Posto de Saúde Escolas Instituições Religiosas

2

6 S

ARE

LINH

1

Ponto final de ônibus e Bar do Josino Esquina - Início do Alto Três Moinhos e Bar do Bolinha

3 Escadão 4 Viradouro 5 Escadão para o Três Moinhos 6 Fim do Alto Três Moinhos CENTRO

N0

50

100

200


AS CASAS DO ALTO TRÊS MOINHOS A ocupação do Alto Três Moinhos se consolidou através da busca por habitação condizente com a renda da população. Ao ocupar a área, todos os moradores entrevistados indicaram que pretendiam estabelecer residência e não apenas se abrigar temporariamente. Poucos moradores indicaram ainda desejo de sair da área, sendo que os que manifestaram esta vontade mostraram insatisfação principalmente com a insegurança relacionada ao tráfico de drogas e com deslizamentos, visto que a área já passou por desastres relacionados a este último item. As casas entrevistadas e as conversas com os construtores reafirmaram a autoconstrução como forma predominante de construção no Alto Três Moinhos. Entretanto, este processo construtivo é vinculado à existência de um homem na família. Quando a família é chefiada por mulheres, a opção encontrada é a contratação de mão de obra, o que dificulta sua realização, visto que encarece o orçamento e limita as formas de pagamento. Os materiais para as obras são comprados aos poucos, o que se reflete na construção. Ainda que se possua um projeto final a ser concluído, a construção é realizada em partes, na medida em que se consegue o material. O relevo acidentado é primeiro limitador e orientador das construções, causando a necessidade de intervenções no terreno anteriores à implantação da casa. A relação com a via de acesso também condiciona

a forma como as casas são implantadas. Ainda que a princípio o relevo se mostre como um fator dificultador, em muitos casos os moradores conseguem utilizá-lo de acordo com seus interesses. Sendo a insegurança uma constante em suas vidas, a implantação da casa na parte mais baixa do terreno, quando este localizado abaixo da via de acesso, confere privacidade e aumenta a altura do muro frontal em relação à casa. Ainda que não existam mais casas de apenas um cômodo, pôde-se perceber que os primeiros cômodos construídos são o quarto e o banheiro. O quarto possui a princípio funções múltiplas, servindo de sala, e às vezes, com um fogão ao canto. Os outros cômodos vão sendo construídos aos poucos. Quando existe um projeto, os cômodos são mais bem articulados, ainda que construídos em momentos diferentes. A forma retangular é uma constante, independente do processo projetual, facilitando e simplificando a construção da estrutura.

exemplo de fachada

exemplo de planta

exemplo de planta


CONCLUSÕES Estudos sobre a existência de peculiaridades que diferenciem as favelas orientaram a busca pelas características específicas da área em Juiz de Fora. Podemos destacar alguns pontos que confirmam a diversidade das favelas. O processo projetual é vinculado às perspectivas de permanência no local, assim como a escolha dos materiais. No Alto Três Moinhos estes fatores conferem já ao início das construções a escolha da alvenaria como material principal, além de permitir o desenvolvimento de projetos e desenhos para a casa. A baixa densidade da área, aliado a bem marcada via José de Castro Ribeiro, descaracterizam a figura do labirinto freqüente no senso comum das favelas. O Alto Três Moinhos é de fácil leitura. Os trabalhos já existentes sobre as favelas de grandes centros urbanos são utilizados muitas vezes como referência para a análise deste fenômeno em outras cidades, impondo uma normatização do que seriam as favelas e suas características. Ainda que as favelas sejam fruto de um mesmo processo de exclusão e segregação espacial, é importante ter uma visão mais cuidadosa sobre o tema, tendo sempre em mente os vários fatores determinantes na diferenciação entre as mesmas. Tendo em vista que a construção de moradias não é suficiente para a resolução da questão da habitação, a adequação de moradias e urbanização de assentamentos

Rua José de Castro Ribeiro

Fachadas Voltadas para grandes alturas

precários se colocam como atitudes importantes para a solução dos déficits habitacionais. A PNH e o PLANHAB consideram estes fatores, e desenvolvem diretrizes e estratégias para que os mesmos se consolidem. Todavia, a utilização do Minha Casa, Minha Vida como carro chefe das atuações governamentais a respeito da habitação desconsidera as indicações da PNH e do PLANHAB. O Governo Federal, ao subsidiar a construção de moradias pelo pacote, engessa as prefeituras, que não enxergam os benefícios de desenvolver programas para assentamentos precários. A realocação de moradores de favelas nos novos conjuntos habitacionais acaba sendo mais barato que a regularização fundiária plena, a urbanização e integração dos assentamentos precários. Assim, a atuação de arquitetos e urbanistas em favelas encontra diversos empecilhos. O amadurecimento dos arquitetos e urbanistas juizforanos a respeito de sua função social é fundamental para que se consiga implantar projetos de adequação de assentamentos precários em Juiz de Fora, contribuindo para a resolução da questão habitacional na cidade. Intervenções que utilizem a assistência técnica como recurso, que, aliás, já está consolidado no PLANHAB, podem vir a ser um caminho que facilite a troca entre os arquitetos e os tradicionais auto-construtores, sem a imposição de projetos e que considere as diversidades locais .

Vista do escadão pro Três Moinhos

Vista do escadão pro Três Moinhos


A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DO ALTO TRÊS MOINHOS COMO INSTRUMENTO PARA O DIREITO À CIDADE Trabalho Final de Graduação 2 2013 UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA orientador douglas montes barbosa

O Estado Brasileiro, desde a Constituição de 1988, reconhece que o acesso à terra deve ser uma prioridade de políticas públicas de desenvolvimento urbano. O Estatuto da Cidade, lei federal de 2001, veio trazer alguns instrumentos que tentam facilitar o direito universal à cidade. Traz instrumentos que permitem a Regularização Fundiária, ou seja, a concessão de títulos de propriedade dos terrenos onde vivem os moradores de bairros ocupados irregularmente. Ela oficializa o direito à terra e à habitação que estes moradores já exercem. Apesar de ser encarada muitas vezes como apenas a titulação das casas e terrenos, ela deve servir para assegurar o direito à cidade e todos os serviços complementares à habitação, considerando a articulação entre todos eles, e necessitando de outras políticas e

ações que garantam o acesso a uma cidade inclusiva.. Neste sentido, a partir da pesquisa do Trabalho Final de Graduação I e do contato com os moradores do Alto Três Moinhos, enxergou-se a importância de se consolidar a regularização fundiária participativa, garantindo e ampliando o direito à cidade conquistado até então. Mais do que um projeto de regularização fundiária, este trabalho se propôs a desenvolver uma metodologia possível de ser posta em prática posteriormente, considerando o próprio TFG como parte do processo e a necessidade de uma equipe profissional interdisciplinar. Além disso, buscou ainda disponibilizar aos moradores informações sobre a situação atual do processo, assim como as possibilidades de desenvolvimento de um projeto de regularização da área.




A proposta do Trabalho Final de Graduação II da UFJF, entretanto, obrigava a entrega de um projeto como produto final, o que ocasionou na elaboração deste esboço. A metodologia traçada anteriormente não foi seguida, mas o resultado final serviu para mostrar aos moradores o que buscar em suas lutas pela regularização fundiária do Alto Três Moinhos. O projeto propôs o reflorestamento de áreas de risco, afim de conter os deslizamentos atuais; a pavimentação da via principal com blocos intertravados aliados ao sistema de drenagem, afim de orientar o escoamento das águas pluviais; a utilização de escadas hidráulicas; a orientação de lugares específicos para estacionamento; a formalização das vias das pedestre já existentes através da sua pavimentação, instalação de corrimãos; a criação de microespaços de lazer, com instalação de bancos e mesas em lugares estratégicos; a construção de uma praça e indicação de lote para associação de moradores.

Lotes a serem regularizados

Áreas para equipamentos públicos

Áreas para reflorestamento

Vias de pedestres

Vias de uso misto


provocação urbana DISCPLINA DE PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO 8 FACULDADE DE ARQUITETURA - UFJF dez 2012 O Dom Bosco é a única favela juizforana remanescente na área central da cidade, em um ponto estratégico, próximo a grandes empreendimentos imobiliários. Além da Universidade Federal de Juiz de Fora, temos hoje um shopping center, um hospital particular, um centro médico, um grande prédio comercial e diversos prédios residenciais em construção. E, apesar de todos esses equipamentos no entorno, ainda existem partes do Dom Bosco sem infra-estrutura adequada. O processo de

gentrificação pelo qual a área tem passado tem causado, além da saída de antigos moradores, a perda de bens comuns do bairro, como uma fonte onde se lavava roupas e um campo de futebol removido devido a sua localização em frente ao shopping, na Curva do Lacet. No local onde ficava o campo, foi colocado um grande gramado, utilizado, hoje em dia, apenas como acesso ao shopping.

Vista do Dom Bosco

Verticalização da área

Padronização das Construções

Mais do que um projeto arquitetônico e urbanístico de uma futura edificação, este projeto se propõe ser uma crítica e provocação aos usuários da região do Dom Bosco. Através da arquitetura, busca trazer a agressividade que o sistema coloca à comunidade do Dom Bosco de volta à quem se beneficia desta situação. A partir do reestabelecimento do campo de futebol, antigo uso retirado da comunidade do Dom Bosco da Curva do Lacet, busca-se favorecer e priorizar o acesso dos moradores à nova praça. Além disso, dificulta-se o acesso de quem não se sente a vontade com o Dom Bosco e expõe-se o ‘‘privilégio’’ de uso da nova praça pelos moradores e seu percurso prioritário. Tais diretrizes projetuais buscam reproduzir os padrões da consolidação do espaço proporcionados pela construção do Shopping aos moradores do Dom Bosco.

Curva do Lacet


O programa consiste em um percurso de travessia do Dom Bosco à Curva do Lacet, atrelado a outras demandas da comunidade. Saindo do Dom Bosco, em uma área onde se despeja o lixo da comunidade, propõe-se uma área com composteiras e horta comunitária, separação e recolhimento do lixo por caminhões. Em seguida, uma praça linear, com elementos estruturais utilizados também para sombra, referência estética do projeto, passando por cima de um dos grandes empreendimentos da área: um hospital particular. A terceira etapa consiste na utilização de um terreno ainda vazio em habitação popular, que busca dar vida ao espaço urbano. A circulação das unidades habitacionais é voltada para a rua, parte do percurso do Dom Bosco até a nova praça, e composta também por pequenas praças. Propõe-se também a locação de comércios locais nos caminhos. O projeto da praça consiste no restabelecimento do campo de futebol. A partir de diferenças de nível, possibilita-se a visão do mesmo a partir do nível da rua, porém sem a facilidade de acesso a ele. Os acessos para os diferentes níveis - escadas e rampas - funcionam como espaços de estar, e conta-se ainda com espaços no nível do solo para equipamentos como sanitários, associação de moradores, creche ou o que for pertinente aos moradores do Dom Bosco.


A PRAÇA DO LACET

COLETIVOS MAISJF, PRÁTICA ATELIÊ E CASA FORA DO EIXO 2014 CAROLINA ANTONUCCI, GABRIELA DE MORAIS, MARIANA REBELATTO, MARINA ANNES E PAULO STUART A Curva do Lacet é um ponto polêmico da cidade de Juiz de Fora, chamando atenção da Universidade e sociedade desde que as dinâmicas de gentrificação da área começaram a aparecer. Em 2013, a partir de mobilizações do grupo MaisJF - Movimento Popular Urbanista, formado por antigos estudantes de arquitetura da UFJF, a questão voltou à tona com uma boa repercussão. Um vereador da cidade, com trajetória ligada ao Dom Bosco, passou a apoiar a causa, e em parceria com movimentos sociais de Juiz de Fora – com destaque para as associaçãos de moradores dos bairros próximos –, possibilitou a elaboração por parte da Prefeitura de um projeto para a construção de uma praça no local.

O projeto apresentado pela prefeitura, entretanto, apresentou diversas falhas técnicas, além de ter desconsiderado a participação e opinião dos moradores da região sobre o espaço. A partir de então, uma equipe de arquitetos e estudantes de arquitetura envolvidos com os movimentos sociais e as causas urbanas da cidade propuseram uma alternativa ao projeto da prefeitura, buscando solucionar as falhas técnicas e a participação popular na medida em que o prazo permitiria. Foram realizadas reuniões com a associação de moradores do Dom Bosco e aplicadas entrevistas em todos os bairros do entorno, buscando compreender as expectativas dos futuros usuários para o espaço. Além das entrevistas e reuniões, a equipe buscou referências em projetos como Grand Canal Square, de Martha Schwartz Partners, Navy Pier Pierscape finalist de

Davis Drody Bond, Aedas Architects e Martha Schwartz e o Santa Monica Civic Center Parks de James Corner Field Operations. Visto o pequeno orçamento disponível, buscouse permitir diferentes usos a partir da alocação de postes de iluminação que poderão ser estrutura para tendas, redes, telas de projeção etc, além de causar um efeito estético. diferenciado. As lutas burocráticas e de interesses entre arquitetos e moradores, prefeitura e shopping se colocaram, então, como mais um entrave na busca pelo direito ao espaço da Curva do Lacet. Depois de muitas negociações, cortes de verbas e ajustes orçamentários, este projeto alternativo conseguiu enfim ser encaminhado à Caixa Econômica Federal, e ainda aguarda as tramitações.



CULTURAS INVISÍVEIS

PRÁTICA ATELIÊ 2014 GABRIELA DE MORAIS, MARIANA REBELATTO, MARINA ANNES E TÁSSIA ROCHA O processo de gentrificação do Dom Bosco é atrelado a uma visão preconceituosa que a cidade tem sobre o bairro. O local é constantemente relacionado a assaltos, violência, lixo, drogas, tanto nas mídias, quanto no imaginário dos cidadãos juizforanos. Como estratégia de valorização cultural e argumento da luta pelos direitos dos moradores do Dom Bosco, surge o projeto Culturas Invisíveis.

Através dos olhos de crianças locais, o projeto busca descobrir e mostrar para o resto da cidade como é o seu dia-a-dia, desvendando culturas normalmente desconhecidas. Espera-se mostrar ao resto da cidade a visão dos moradores sobre o lugar por eles utilizados. Em parceria com o grupo espírita Semente, foi realizada uma oficina com crianças de 10 a 13 anos, onde inicialmente, conversou-se sobre os objetivos da oficina, valorização cultural e as potencialidades do bairro. Em seguida, fotógrafos parceiros passaram orientações técnicas básicas de fotografia: luz, foco, enquadramento. Depois, saímos pelo Dom Bosco com as crianças, sendo apresentados à cultura espacial do bairro. Acompanhamos

seus registros através das fotografias, das conversas, dos relatos, das brincadeiras. .Com as fotos tiradas foram produzidos imãs de geladeira, vendidos em diversos eventos da cidade. Além disso, foi realizada uma exposição no evento ‘Ocupa Lacet’, que buscou evidenciar para o resto da cidade a importância da Curva do Lacet para a cidade e os moradores do Dom Bosco e redondezas. Esta primeira experiência foi na verdade uma experiência piloto, e outros produtos ainda estão sendo desenvolvidos, como um livreto e cartões postais, assim como uma outra edição da oficina no Dom Bosco e em outros bairros da cidade e outra exposição fotográfica.


#OCUPA LACET

IV SEDA - SEMANA DO AUDIO VISUAL 2014 PRÁTICA ATELIÊ 2014 casa fora do eixo, mais jf, pratica ateliê, taba bambu, RODAMUNDO, VIDA LONG SKATE

Durante a programação da IV Semana do Audiovisual de Juiz de Fora, em 2014, a Curva do Lacet foi ocupada por intervenções artísticas. A escolha pela Curva esteve atrelada às lutas pela construção da praça no local, como uma forma de evidenciar a importância do lugar para a cidade e o interesse dos cidadãos juizforanos no novo equipamento urbano. Este movimento buscou ainda fazer frente às tentativas de higienização da área por parte da especulação imobiliária cada vez mais forte na região.

Durante a tarde, cerca de mil pessoas passaram pelo local onde uma estrutura de bambu sustentava uma grande tela de cinema. A ocupação cultural promoveu uma ampla programação, toda construída colaborativamente por movimentos e coletivos juizforanos e moradores do Dom Bosco. Os ocupantes participaram de uma oficina de trepa-trepa de bambu, fizeram pique nique, slackline, compartilharam objetos na Feira Grátis de Gratidão, e puderam conferir mostras de fotografia, capoeira, circo, contação de histórias, música e audiovisual independente.


EREA IBITIPOCA 2012

XV ENCONTRO REGIONAL LESTE DE ESTUDANTES DE ARQUITETURA E URBANISMO COMISSÃO ORGANIZADORA

O XV Encontro Regional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo foi um evento organizado por estudantes de faculdades de Juiz de Fora na Vila de Ibitipoca, no município de Lima Duarte, interior de Minas Gerais. Os Encontros Regionais de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo da Regional Leste (EREA) são um dos projetos desenvolvidos pela FeNEA – Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, focado na participação de alunos dis estadis do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais (com exceção do triângulo Mineiro). Acontecem anualmente, com cerca de 4 dias de duração, com palestras, mesas, oficinas, apresentações de trabalhos. Em 2012, teve cerca de 700 pessoas inscritas. Para entender o contexto em que o evento estava inserido, foi necessário inicialmente pesquisar, estudar e entender a dinâmica da Vila, surgida no ciclo do ouro, final do século VII. Graças ao seu difícil acesso, se manteve pequena ao longo dos anos, com a agricultura familiar de subsistência como principal atividade economonica. Em 1973, foi criado o Parque Estadual de Ibitipoca, inserindo a vila no roteiro turístico de toda a região da Zona da Mata Mineira. Os primeiros turistas do início dos anos 70 eram em sua maioria aventureiros e mochileiros. Em 1987, o parque inaugura os equipamentos e instalações para turistas, marcando o começo do boom turístico. Em resposta a problemática que nascia, surge a Associação de Moradores e Amigos de Ibitipoca (AMAI), que inicia o processo de regularização de ocupação turística.

O turismo foi movimentado principalmente por agentes externos à vila, ocasionando impactos e modificações que não visam o bem-estar da comunidade, mas a facilitação do mercado. Observamos a pavimentação das estradas, internet e máquinas de cartão de crédito, ao mesmo tempo em que faltam instituições de ensino, saúde, saneamento básico de qualidade e, sobretudo, atenção ao espaço público. Somamos a isso ainda um processo de especulação imobiliária, que multiplica desmedidamente as construções na área e favorece o aparecimento de grandes empreendimentos no entorno, como condomínio de casas, Resort, dentre outros.


Atualmente além dos atrativos do parque ecológico, a cidade é palco de diversos festivais de música e esportes, o que aumenta drasticamente o número de indivíduos no espaço. A vila se mostra aberta a estes eventos com apelo turístico, visto o impacto economico que os mesmos geram. Ao mesmo tempo, tais eventos não possuem relação com a cultura e população da região, além de extrapolarem a capacidade das redes locais de infraestrutura. Assim, a proposta do EREA Ibitipoca buscou repensar tal formato de turismo e eventos, trabalhando de forma a deixar frutos positivos para o lugar e seus moradores. O encontro foi então construído de maneira coletiva, buscando através de atividades com a comunidade de Ibitipoca, através da Secretaria de Turismo, da Escola Municipal e da Associação de Moradores local, uma aproximação e uma identificação dos mesmos com o encontro. Integrando, assim, cidade EREA e cidade sede, o EREA Ibitipoca conseguiu se definir como um encontro aberto, com a participação efetiva dos moradores e inserido no contexto urbano que estava sendo trabalhado. Para que a Organização pudesse entender as demandas, dúvidas e desejos para Ibitipoca, realizaram-se visitas e reuniões, com grupos de moradores e personagens locais, buscando neste processo encontrar ali mesmo os equipamentos, serviços, e a mão de obra necessários para a consolidação do encontro. Foram realizadas oficinas com crianças e adolescentes na escola e muitas reuniões com a a AMAI, nas quais o desejo da organização era o de estreitar laços com os moradores, especialmente os que sempre viveram lá e que dependiam da economia local como sustento, e, ainda, adquirir a confiança necessária para realizar um evento que, como poucos, era direcionado a eles e que tinha a intenção de degradar o mínimo possível, quiçá nem o fazer. O desejo era conseguir compreender a realidade social da Vila de Conceição do Ibitipoca e trabalhar da melhor maneira possível, deixando frutos positivos para o lugar e seus moradores.

Reunião com AMAI

No que tange o evento em si, foram realizadas oficinas lúdicas e recreativas para as crianças da escola de Ibitipoca; moradores da comunidade atuaram como oficiantes contanto a história da cidade ou suas próprias histórias, demonstrando sua cultura ao ensinarem artesanato, gastronomia e também em conversas informais; além das palestras realizadas pelos profissionais convidados acerca de assuntos de interesse da população e das atividades que propunham intervenções na cidade, como o parquinho para as crianças e a construção de uma horta na escola. As festas foram abertas para quem quisesse e os diversos espaços utilizados durante o EREA, espalhados pela cidade, favoreceram a troca e a convivência entre a população local e os estudantes.


A finalização do parquinho se deu um mês depois, com a ajuda de estudantes e moradores. Hoje, o parquinho continua de pé e sendo usado pelas crianças. Porém, não houve uma apropriação no sentido de manter o parquinho ou melhorá-lo. A horta-mandala, e a oficina de compostagem, ambas feitas na escola, foram muito bem aceitas e até hoje são mantidas. Em conversas com a comunidade e observando os eventos posteriores, percebemos uma sutil mudança na visão sobre os eventos que ocorrem na Vila, porquanto o EREA mostrou que eles podem contribuir com aquela região de uma forma que vá além da economia. Podemos ver uma preocupação maior com o ambiente e com o retorno à coletividade.

O EREA Ibitipoca despertou em quem esteve envolvido com sua organização uma outra perspectiva sobre a atuação da academia na sociedade, evidenciando uma potencialidade de transformação do território a partir de relação estabelecida entre estudantes de arquitetura, ou futuros profissionais, e moradores. Um instrumento de modificação da sociedade. Ser o encontro aberto não representa apenas uma condição física, mas uma condição ética e ideológica de democratização da informação e de conhecimento.


PLANO PARTICIPATIVO DE DIRETRIZES DE DESENVOLVIMENTO PARA A VILA DO MOGOL PRÁTICA ATELIÊ 2014 ELABORAÇÃO E COORDENAÇÃO: GABRIELA DE MORAIS, MARINA ANNES E PAULO STUART

A Vila do Mogol é um povoado rural da Serra do Ibitipoca, a 20 km do perímetro urbano de Lima Duarte, município do qual faz parte. Possui cerca de 30 moradores, ou 7 famílias, onde vemos acontecer um êxodo rural, decorrido da carência de equipamentos públicos, de serviços, oportunidades de emprego e ainda pela dificuldade de acesso e mobilidade. Hoje, Lima Duarte tem como principal atividade econômica a agropecuária, porém com olhos e esforços voltados para o turismo. Possui um patrimônio cultural vasto e significativo, além de um grande patrimônio ambiental, com montanhas, cachoeiras, grutas, fauna e flora.

O projeto inicia-se em agosto de 2013, a partir de trabalhos acadêmicos. Através processo participativo, chegou-se a um protótipo deste Plano e ao projeto arquitetônico de um Centro de Referência Comunitária. Prezando pela participação, pela cidadania e pela sustentabilidade, e através da aplicação de conceitos ligados a Turismo Comunitário, a Economia Solidária e Autogestão, o Plano visa indicar caminhos para um desenvolvimento que respeite as características locais, as necessidades e as aspirações dos atuais moradores da Vila. Atualmente, o projeto está aprovado na Lei Rouanet e prestes à firmar contrato de patrocínio com a empresa Energisa.


As vilas e povoados rurais enfrentam problemas encontrados em cidades, com o agravante do distanciamento físico em relação à máquina pública. Desta forma, a dificuldade em diagnosticar e resolver questões coletivas é ainda maior que nos centros urbanos. Além disso, a falta dos serviços, escolas e oportunidades além da vida do campo contribui para que a população resolva abandonar a área rural. Devido ao potencial turístico da região e dos investimentos do município de Lima Duarte nesta área , o turismo se mostra como uma oportunidade de economia para o povoado. Com esta possível mudança de foco econômico, e a chegada de novas atividades relacionadas ao turismo, a permanência dos moradores poderá ser viabilizada. O fortalecimento de grupos comunitários é um fator essencial no processo de conquistas sociais. Um dos objetivos deste projeto é apresentar à comunidade da Vila do Mogol instrumentos que a fortaleçam como grupo autônomo e ativo no processo democrático das cidades. A consolidação de um edifício de apoio para este processo, o Centro de Referência Vó Isolina, possui papel decisivo na efetivação desta autonomia social, como local que abrigará novas atividades comerciais e comunitárias, facilitador de comunicação e ações entre o poder público e a Vila do Mogol. O PPDD inclui a elaboração de diretrizes de proteção e gestão de patrimônio cultural e ambiental, de sua ocupação territorial e de ações que dirão respeito ao desenvolvimento do turismo na região. Assim, modificações de infraestrutura ou novos empreendimentos, que futuramente serão necessários, estarão baseados nestas diretrizes.

O PPDD se desenvolverá a partir de dois eixos metodológicos: o Centro de Referência Comunitária Vó Isolina - sua construção e gestão; e os Planos Complementares - os planos Urbanístico, Turístico, Patrimonial e Ambiental. Estes Planos, juntamente com sua elaboração participativa, orientarão o desenvolvimento

das atividades que ocorrerão no Centro de Referência. Para a elaboração do PPDD, prevê-se encontros quinzenais entre equipe e comunidade, seminários e oficinas de ateliê participativo.


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O Centro de Referência Comunitária Vó Isolina será gerido e organizado pela própria comunidade, que assim, terá acesso facilitado à nova renda gerada. Reaproveitará a antiga escola da Vila do Mogol, atualmente desativada. Seu projeto foi elaborado com a participação da comunidade e sua execução será realizada através de mutirões. O novo espaço contempla uma recepção, salão multiuso, cozinha-escola, arquivo, biblioteca, banheiros de apoio e salas para reunião. Sua reformulação irá contar com a troca do telhado atual de fibrocimento por um telhado cerâmico, proporcionando maior conforto térmico. Além disso, algumas paredes serão demolidas e construídas, adequando o espaço ao novo programa. O projeto visa também valorizar a sabedoria popular dos construtores da região, incentivando o uso das técnicas passadas de pai para filho.O primeiro mutirão já aconteceu, com a

participação de arquitetos, moradores e estudantes de arquitetura da UFJF. Para a viabilização da autogestão do Centro Comunitário, será posto em prática um plano de capacitação, que inserirá os instrumentos teórico-metodológicos necessários para a organização comunitária assim como conhecimentos para uma boa qualidade dos serviços prestados. Paralelamente, serão elaborados de forma participativa os Planos Complementares: turístico, patrimonial, urbanístico. Todos os planos possuem todos metodologia semelhante. Partem do levantamento de dados, elaboração de uma leitura técnica, apresentação para a comunidade e leitura comunitária e elaboração de diretrizes de desenvolvimento. A partir das diretrizes tiradas, será possível continuar o desenvolvimento dos planos complementares, cada um com suas demandas e prazos específicos.

Ao final do processo, espera-se que o Centro de Referência Comunitária Vó Isolina esteja construído e em funcionamento, oferecendo serviços e atividades turísticas gerenciados pela comunidade do Mogol, contribuindo para uma nova economia voltada ao turismo. Espera-se também que a comunidade do Mogol se encontre organizada e instrumentalizada, consciente e capaz de agir politicamente em prol de benefícios comuns a toda a Vila. Será produzido um documento contendo todas as diretrizes e estratégias de desenvolvimento para a Vila do Mogol, de todas as áreas de conhecimento divididas nos Planos Complementares supracitados. Este, enfim, será o Plano de Diretrizes de Desenvolvimento da Vila do Mogol. Cada Plano também indicará encaminhamentos para concretização de diretrizes específicas.


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