tgi i _ marina furtado targa

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conquista do territรณrio urbano incentivo ao desenvolvimento de identidade comunitรกria no conjunto habitacional eduardo abdelnur

marina furtado targa


conquista do territรณrio urbano incentivo ao desenvolvimento de identidade comunitรกria no conjunto habitacional eduardo abdelnur


TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO I Marina Furtado Targa | n°USP 7959771 Universidade de São Paulo - São Carlos, SP Instituto de Arquitetura e Urbanismo COMISSÃO DE ACOMPANHAMENTO PERMANENTE (Cap) Prof. Dr. David Moreno Sperling Prof. Dr. Joubert Jose Lancha Profª. Drª. Lucia Zanin Shimbo Profª. Drª. Luciana Bongiovanni Martins Schenk ORIENTADORES Prof. Dr. David Moreno Sperling Prof. Dr. Marcelo Suzuki São Carlos Junho, 2018


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i. questões

índice

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referências projetuais

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ii. leituras


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eduardo abdelnur

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iii. ações projetuais

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referências


fig.01

“É evidente que uma arquitetura ‘que intensifique a vida’ deva provocar todos os sentidos simultaneamente e fundir nossa imagem de indivíduos com nossa experiência do mundo. A tarefa mental essencial da arquitetura é acomodar e integrar. A arquitetura articula a experiência de se fazer parte do mundo e reforça nossa sensação de realidade e identidade pessoal; ela não nos faz habitar mundos de mera artificialidade e fantasia.” (pallasmaa, 2011)

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i. questĂľes


questões de projeto saúde o que nos motiva a buscar um hospital, clínica ou qualquer tipo de edifício onde se cuida da saúde? buscamo-nos quando movidos por dois tipos de forças diferentes: o amor pelo próximo e o amor por nós mesmos. o amor ao próximo é a força motora quando vamos às instituições de saúde para visitar entes queridos ou para trazer ao mundo novos entes desses, no caso das maternidades. quando motivados pelo amor próprio, procuramos prevenção e tratamento para algum desconforto que nos aflija, algo que nos tire de uma situação cômoda, seja um ferimento, uma doença ou suspeita. nesse caso, entramos no edifício esperando sair dele com um resultado: retornando ao melhor estado de bem-estar possível, no intervalo de tempo mais breve possível. a dimensão de qualidade percebida nestes espaços depende de inúmeras variantes, como o conforto dos ambientes e o cuidado e tratamento despendido pela equipe. em resumo, entramos todos buscando o bem-estar, independente de classe social, crenças ou oportunidades.

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o projeto desde o início foi pensado como um equipamento público, que propicie bem-estar físico e emocional a quem não tem acesso e oportunidade de frequentar outros equipamentos do tipo, por falta de tempo, dinheiro e proximidade aos locais mais favorecidos da cidade.

“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (Constituição Federal, 1988, art. 196, p. 103) apesar dos programas e políticas públicas, sabemos que o acesso à saúde e a equipamentos da mesma muitas vezes não faz parte da vida dos cidadãos brasileiros de renda baixa. a saúde, pensada em rede para atender ao maior número de pessoas possível, acaba sendo prejudicada pela má administração dos municípios.


equipamento como instrumento de conquista é essencial repensarmos a função social de equipamentos públicos como não só entregues ao público, mas também apropriados por estes de maneira coletiva. o engajamento e o senso de pertencimento dos indivíduos, ao substituir o sentimento de negligência e desimportância que a falta causa, transforma a relação destes com a cidade e suas dinâmicas de maneira fundamental. por esta questão, este trabalho foi desenvolvido buscando intervir em áreas em que a população fosse negligenciada ou sentisse falta de assistência pública que lhe é direito. a construção do espaço físico tem poder estruturador direto sobre a construção das relações pessoais e as interações que ocorrem no supracitado espaço.

"Os espaços do homem refletem a qualidade de seus sentidos e sua mentalidade” (YI-FU TUAN, 1983)

há uma reciprocidade na afirmação de yi-fu tuan que torna evidente a influência que os espaços e lugares nos quais vivemos e crescemos têm sobre a nossa estrutura como indivíduos. no contexto específico de conjuntos habitacionais caracterizados pelo perfil de exclusão e afastamento da cidade, utilizados muito em função da especulação imobiliária, fica claro como o despertar de um senso de comunidade e de pertencimento pode ser organizado a partir da concepção de espaços e lugares que sejam ocupados para convivência e prestação de serviços fundamentais.


desenvolvimento da identidade comunitária o projeto de equipamentos e espaços coletivos em áreas em situação de exclusão social compreende a solução de uma questão que vai além do individual para interferir em todo um coletivo. assim, é elementar que se pense o edifício como uma ferramenta de reivindicação do território urbano para a comunidade, a conquista da mesma sobre um espaço que já lhe pertence, apesar de não ser visto como tal. essa situação do abdelnur e de tantos outros conjuntos similares é caracterizada por uma relação de marginalidade na relação entre o território e os contextos social e econômico. o conjunto, fruto do programa minha casa minha vida (mcmv) é exemplo das políticas públicas que geram espaços destituídos de qualidades urbanas em questão de mobilidade, serviços, necessidades básicas etc. a falta de resposta a essas questões gera uma conjunção de baixa coesão social, o que cria a necessidade de projetos que atentem a essa insuficiência comunitária e revertam a instabilidade social, urbana e política do local.

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este projeto tem a intenção de retomar o território público e incentivar a ocupação deste para criar assim uma identidade comunitária, comum ao coletivo, a partir da interação e apropriação do espaço. assim, os vazios urbanos já presentes e atualmente em situação de abandono e precariedade se tornarão condensadores públicos, centralidades qualificadas associadas a programas que atendem às necessidades básicas dos moradores, resgatando a função social destes espaços. para isso, foi pensado um ambiente construído (e seus vazios não construídos também vistos como objetos de projeto) como articulador das relações entre indivíduos e dos mesmos com o próprio conjunto onde habitam, que incentiva o cuidado e bom uso do espaço agora identificado pelos moradores como parte de sua identidade coletiva.


o equipamento foi projetado para englobar espaços que satisfazem diretamente as necessidades primordiais que como regra são deixadas desatendidas neste tipo de construção social; visando não só o atendimento à saúde e à educação, mas pensando também no lazer, convivência e pertencimento dos usuários. o objetivo é oferecer ferramentas que incentivem e possibilitem o desenvolvimento do coletivo, gerando uma identidade comunitária, e que este movimento seja internalizado e influencie na esfera individual de cada um, através também de programas de capacitação e envolvimento social voltados para essa comunidade específica.


referĂŞncias projetuais

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fig.02


rehovot community center kimmel eshkolot architects o projeto de 2016, localizado em rehovot, israel, é composto de dois edifícios nos quais funciona um programa que conta com oficinas, salas de música, estúdio artes marciais, aulas de dança etc. os dois foram pensados para funcionar tanto em conjunto quanto independentemente. o aspecto principal do centro como referência para este projeto de tgi é a “urban plaza” criada no entremeio do espaço construído. muito mais do que um espaço de transição, a praça se configura como um dos elementos principais do projeto. sua posição a coloca como uma interligação do country club a norte do centro e da escola fundamental a leste. esta estratégia coloca a praça (e consequentemente o centro) no caminho cotidiano dos moradores, que podem enxergar as atividades e a vida que acontece dentro das salas pela fachada em brise, o que incentiva a participação e envolvimento nas atividades.

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em adicional, seu planejamento na escala bairro em muito se relaciona com a intenção deste trabalho. a criação dos espaços receptivos e ocupados pelos moradores dos arredores tem grande relação com o objetivo da intervenção no conjunto abdelnur, e com a criação de identidade coletiva. fig.03


fig.04

fig.05


hub de saúde eAm _ estúdio de arquitetura mutável menção honrosa no concurso “Smart, Green & Beyond: Healthcare facility of the future”, o projeto pensado para a cidade de são paulo apresenta uma reflexão sobre as instituições contemporâneas de saúde e seus paradigmas. de acordo com os arquitetos, o projeto repensa como lidar com saúde, abrangendo os diversos aspectos envolvidos na qualidade de vida e bem-estar dos usuários, focado no público local. além do atendimento à saúde, a atividade “motivadora da ocupação do espaço” (SOUZA, 2017), o hub também tem espaços planejados para convivência e integração da comunidade local. embora tenha seu programa verticalizado (diferente do projeto para o abdelnur e do centro em rehovot, pelas condições do terreno), o edifício cria também uma espécie de praça coberta em seus dois níveis térreos, onde ficam o auditório, pista de skate, a academia e o playground. desta forma, o equipamento confere ao bairro um espaço cívico.

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fig.06 projetado para a vila nova esperança, bairro periférico novo na região noroeste de são paulo, o hub foi pensado para os moradores, que percorrem longas distâncias para receber atendimento médico


fig.07

fig.08


“Edificações e cidades fornecem o horizonte para o entendimento e o confronto da condição existencial humana.” (PALLASMAA, 2011).

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ii. leituras


leituras de local diretrizes de leitura com base nas questões já discutidas, ficou claro que o equipamento público deveria ser implantado em uma área de alta densidade populacional e de renda baixa, afastada dos centros e pouco atendida por equipamentos. a cidade escolhida para o exercício de tgi foi são carlos, no centro do estado de são paulo. além de seu grande potencial pela população relacionada às universidades (alunos, professores e servidores), a cidade possui questões diferenciadas por seus conjuntos habitacionais. o estudo de cartografias agregou muito à escolha do local de intervenção, apesar da área - o conjunto habitacional eduardo abdelnur - não aparecer em muitos desses mapas por se tratar de um conjunto novo e não estar nos últimos censos. ainda assim, os mapas e comparativos estudados dão um claro panorama da evolução e da situação da cidade de são carlos.

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são carlos a rede de saúde de são carlos, apesar de planejada, vem passando por dificuldades nos últimos anos por conta do planejamento. das três unidades de pronto atendimento (upa) construídas na cidade, em 2017 apenas uma funcionava. a unidade no bairro cidade aracy, construída em 2016, só entrou em funcionamento em janeiro/2018 após mais de um ano fechada por falta de equipamentos e médicos, de acordo com a prefeitura. até então, a upa da vila prado era a única em funcionamento, totalmente sobrecarregada pela população. enquanto isso, a upa em santa felícia segue fechada, também por falta de médicos. é difícil argumentar a respeito dos motivos pelos quais as unidades permaneceram fechadas, visto que em 2017 mais de 80 médicos foram demitidos no município, mas fica claro que estas intercorrências na rede tornam um sistema de acesso já dificultado ainda mais inacessível ao público que mais precisa de atendimento gratuito e de qualidade.


densidade demogrรกfica fonte: censo demogrรกfico IBGE, 2010


comparativo da densidade demogrĂĄfica fonte: revisĂŁo do plano diretor, 2011

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renda + áreas públicas + linhas de ônibus fonte: censo demográfico IBGE, 2010


o conjunto abdelnur (demarcado pelo quadrado rosa no detalhe, por não aparecer no censo de 2010) se encontra no eixo sudoeste da cidade, parte do eixo de expansão, e muito distante da mesma. no mapa apresentado aqui, é possível verificar que em seu entorno faltam equipamentos que atendam à rede de saúde. apesar da unidade de atendimento que existe no jardim social antenor garcia, apresentada nas cartografias de equipamentos do plano diretor, os moradores do conjunto abdelnur relatam que a dificuldade de acesso e falta de linhas de ônibus acaba fazendo com que precisem se deslocar até a unidade de saúde no bairro botafogo para serem atendidos.

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densidade demográfica + equipamentos de saúde e educação fonte: censo demográfico IBGE, 2010


conjunto habitacional eduardo abdelnur

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o conjunto o conjunto habitacional eduardo abdelnur, localizado no sudoeste de são carlos, se encontra na faixa 1 do programa minha casa minha vida, destinada a famílias com renda mensal correspondente a r$ 1.800,00. ainda muito recente, o conjunto vem se consolidando gradativamente e representa muito bem a realidade deste tipo de implantação política. conectado a são carlos apenas pela estrada municipal domingos zanata e ao conjunto habitacional zavaglia por outra via menor, o abdelnur apresenta configuração de uma bolha habitacional em meio rural, afastado da malha urbana e pouco atendido por equipamentos e estruturas da cidade. é composto por 936 unidades habitacionais, em uma zona na qual se consideram 5 habitantes por unidade, de acordo com o plano diretor.

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apesar de densamente povoado, o bairro não conta com o atendimento de políticas públicas. sua população depende de uma única linha de ônibus que chega ao local para se transportar, e há escassez de equipamentos públicos, ao contrário da região central. ao visitar o local, é evidente a desertificação no conjunto. existem espaços livres e um previsto sistema de recreação negligenciado, que se tornaram grandes vazios urbanos em meio às habitações seriadas. seus terrenos de caráter institucional não são qualificados ou sequer zelados, e a falta de diversificação dos usos dá um caráter monótono e de abandono ao conjunto.

“o que a gente tem aqui? nada. não tem nada, não tem nem uma farmácia. olha, se você tivesse chegado aqui cinco minutos antes ia ver os carros jogando lixo aqui na frente da rua. a gente é esquecido, e se reclama ainda é ameaçado.” - depoimento de moradora do bairro ao ser questionada a respeito do conjunto


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fotos do conjunto fonte: acervo pessoal


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fig.09

implantação do conjunto abdelnur

áreas de uso institucional sistema de recreação linha de ônibus 33


fig.10

vista aĂŠrea do conjunto


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iii. ações projetuais


abordagem de programa o que é saúde? por suas diretrizes e por se tratar de um equipamento que atende a um bairro afastado, no qual há uma falta de cidade no sentido mais amplo da palavra, ficou claro que um equipamento que tratasse apenas de atendimento básico (como uma upa ou ubs) não seria o suficiente para atender à demanda. foi necessário compreender saúde de maneira irrestrita, indo além do básico dos curativos e vacinas. o espaço integrado de saúde abrange, além do atendimento clínico básico ao qual a população precisa ter acesso facilitado também, uma série de outros espaços que propiciam saúde em aspecto mais extensivo, indo do tratamento de doenças à prevenção das mesmas através de alimentação e exercícios físicos, atendendo também a necessidade de cuidar da saúde mental e do bem-estar emocional. além de disponibilizar oficinas, espaços livres e atendimento psicológico, o equipamento intenta despertar um senso de pertencimento e de comunidade, sendo um espaço de convivência que traga os moradores para dentro e provoque neles o interesse e vontade de participar das atividades e manter o equipamento sempre vivo.

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o projeto se desdobra a partir da intenção de ampliar o campo do atendimento básico em instituições de saúde, pensando no sentido de uma mudança paradigmática de como enxergamos este serviço. o propósito, similar ao hub do eam, é “criar um equipamento social que possa oferecer à comunidade espaços de convivência, lazer, esporte, além de tratar a saúde dos habitantes locais de forma preventiva e humanizada” (SOUZA, 2017). dessa maneira, junto aos equipamentos de educação e lazer pensados para os outros quarteirões, o centro integrado de saúde se revela como um espaço aberto para a comunidade, oferecendo ambientes de convivência, esportes e atividades que movem a saúde dos moradores do bairro para muito além do atendimento básico de uma clínica pública (também presente no programa). com um programa diversificado de atividades e a pertinente combinação programática entre saúde, lazer e educação, o complexo de equipamentos – desenvolvidos em áreas construídas e espaços livres coerentes e permeáveis – se configura como uma combinação de centro comunitário e instituição de saúde, entregando também espaços de caráter cívico ao bairro.


atendimento básico

saúde mental alimentação

saúde

bem-estar

esportes

recuperação convivência em coletivo


demanda afastado da cidade e configurando uma bolha urbana em um meio rural, o abdelnur apresenta escassez de qualquer tipo de atendimento ou serviço, não se restringindo ao equipamento de saúde. além disso, nele existem grandes áreas e terrenos centrais de (teórico) uso institucional desocupados negligenciados, que caracterizam como grandes vazios em um bairro que carece de assistência. portanto, este projeto se dispõe no sentido de repensar esses vazios como espaços de envolvimento e entrega daquilo que a comunidade do conjunto demanda. com o foco em saúde e educação, criou-se então um programa que re-configure estas áreas como um centro condensador urbano, um núcleo equipado e agradável que convide os moradores do bairro a participarem e somarem ao trabalho realizado ali.

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programa do espaço integrado de saúde

diretrizes de programa além de contar com estruturas básicas como administração, materiais e esterilização, recepção e salas de espera, o centro teve seu programa pensado de acordo com as condições de tratamento, prevenção e convivência, básicas à saúde mental e física. o programa pensado se pautou em diferentes ‘núcleos’ de ação, que então foram agrupados por similaridades programáticas.

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atendimento básico consultórios + atendimento clínico vacinas + curativos farmácia popular

atividades físicas

recuperação

bem-estar

saúde mental

quadras + piscinas aulas

convivência atividades lúdicas oficinas

fisioterapia descanso

assistência social psicólogos yoga + meditação

alimentação nutricionista aulas + cozinha horta comunitária


espacialização

acessos principais

educação

recreação/ lazer

momentos de estar

saúde

praça de convivência

integração

serviços calçadão

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mobiliário

ponto de ônibus


a partir da observação e estudo das ruas principais e pontos de ônibus no bairro, os fluxos desejados (em laranja na imagem) foram definidos. os quarteirões são pensados de maneira integrada e permeável, para que sejam convidativos e se tornem parte do cotidiano da população. interligados, os espaços construídos são concebidos em função da configuração de áreas abertas e praças arborizadas que possam ser utilizadas na convivência, recreação e contemplação. assim, a disposição dos edifícios cria um esquema de cheios e vazios importante para a intenção de trazer o público geral para os equipamentos. considerando combinações programáticas, os espaços reservados à educação foram planejados com a intenção de envolver os profissionais da saúde em cursos e programas de educação para saúde, além de trazer também espaços que coloquem os aposentados e os jovens (população não economicamente ativa, que portanto estará no bairro independente de horários formais de trabalho) em contato para iniciativas e cursos de mestre-aprendiz, que capacitem os mais novos.


áreas em seguida, foi necessário listar novamente as particularidades programáticas de cada “núcleo” pensado para o equipamento de saúde integrado, para encontrar assim a área necessária dos edifícios. os ambientes foram pensados com salas amplas e espaçosas, que providenciem maior conforto, considerando a abundância de espaço no terreno escolhido (aproximadamente 9.000 m²).

alimentação + esportes + recuperação horta comunitária quadra poliesportiva (16x27m) piscina (25x20m) sala de fisioterapia - 15m² nutricionista - 15m² depósito equip. - 10m² academia ao ar livre - 30m² vestiários - 20m²

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saúde mental + bem estar 3 salas multiuso (oficinas e aulas) - 3x20m² psicólogo - 15m² espaço criança - 15m² espera - 10m² sanitários masc/fem - 15m² espaços ao ar livre para oficinas/música

atendimento básico foi considerado o programa definido pelo manual do ministério da saúde para uma unidade básica de saúde de porte 1, na qual é empregada uma equipe de saúde da família capacitada pelo estado para atender até 4.000 pessoas. o programa conta com aproximadamente 1.000m² para resolver questões de recepção, espera, administração, atendimento clínico, procedimentos (curativos e vacinas) e apoio.


estudo de massas com a disposição dos edifícios apenas considerando as áreas necessárias de acordo com as especificidades programáticas.

acessos principais

educação

recreação/ lazer

atendimento básico

saúde mental bem-estar

atividades + recuperação + alimentação

serviços calçadão

ponto de ônibus


os edifícios então tomaram forma através de estudos e croquis que melhor dispunham as salas e ambientes de cada um. o pavilhão de atendimento básico apresenta uma forma que cria acessos independentes (exigidos no manual do ministério da saúde) que propiciam o acesso por circulações externas a salas de procedimentos, e também uma saída reserva para abastecimento de materiais e descarte de resíduos. além disso, sua configuração coloca o edifício voltado para o centro do lote, em direção à praça interna conformada pelos outros volumes

grandes marquises (as formas mais claras na figura ao lado) conectam os blocos, conformando não só espaços livres e cobertos para convivência e desenvolvimento de atividades, mas também tensionando as relações entre dentro e fora, para criar assim a permeabilidade desejada para o equipamento.

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entre a quadra poliesportiva e piscina, o edifício abriga não apenas as salas para fisioterapia e vestiários, mas cria um intermeio para os ambientes que podem ser vistos como uma praça seca e uma molhada, em níveis diferentes.

o bloco contendo o programa relacionado à saúde mental e bem-estar foi explodido, criando pequenos ambientes espaçados onde se borre os limites do que é dentro e o que é fora. o desencontro dos dois edifícios cria um espaço sob a marquise destinado a recepção e uma área de espera.


acessos principais

educação

praça interna recreação/ lazer

serviços

praça de acesso

calçadão

ponto de ônibus

quadra

piscina


desdobramentos próximos passos este trabalho de graduação se propôs a desenvolver as questões e inquietações apresentadas anteriormente a respeito do sistema de saúde contemporâneo e a realidade do conjunto habitacional mcmv eduardo abdelnur. a partir daí, repensar e desnaturalizar programa antes de reconstruí-lo de maneira a abandonar paradigmas. até o presente momento, foram consideradas questões de referências, programáticas e um ínicio de espacialização, partindo do estudo de massas da área selecionada. sua continuação, nos próximos meses, se dará no sentido de elaborar questões espaciais em escala maior, especificando ambientes e sistemas construtivos, além de definir melhor os cheios e vazios do complexo de equipamentos propostos para a intervenção. os estudos e leituras realizados nesta primeira etapa foram preparatórios para que o desenho de projeto avance de maneira pertinente.

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fig.11

“a arte (como a arquitetura e o desenho industrial) é sempre uma operação política” lina bo bardi


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lista de figuras fig. 01: http://rodes-to.com.br/site/project/construcao-de-500-unidades-habitacionais-programa-minha-casa-minha-vida-em-colinas-do-tocantins-to/ fig. 02: https://www.archdaily.com/803544/rehovot-community-center-kimmel-eshkolot-architects fig. 03: https://www.archdaily.com/803544/rehovot-community-center-kimmel-eshkolot-architects fig. 04: https://www.archdaily.com/803544/rehovot-community-center-kimmel-eshkolot-architects fig. 05: https://www.archdaily.com/803544/rehovot-community-center-kimmel-eshkolot-architects fig. 06: https://www.archdaily.com.br/br/880817/escritorio-brasileiro-recebe-mencao-honrosa-em-concurso-internacional-para-instalacoes-de-saude fig. 07: https://www.archdaily.com.br/br/880817/escritorio-brasileiro-recebe-mencao-honrosa-em-concurso-internacional-para-instalacoes-de-saude fig. 08: https://www.archdaily.com.br/br/880817/escritorio-brasileiro-recebe-mencao-honrosa-em-concurso-internacional-para-instalacoes-de-saude fig. 09: rps engenharia eireli fig. 10: google earth fig. 11: http://andreaspapastergiou.blogspot.com/2016/01/collective-exhibition-artmart-2015.html as demais imagens sĂŁo da autora.



marina furtado targa | iauusp sĂŁo carlos 2018


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