Projeto Retrofit Diederichsen

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RETROFIT DIEDERICHSEN

MARINA MALUF, 2017

RETROFIT DIEDERICHSEN

MARINA MALUF, 2017



TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO DE ARQUITETURA E URBANISMO CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA RIBEIRÃO PRETO, NOVEMBRO DE 2017 ALUNA: MARINA QUADROS MALUF PEREIRA ORIENTADORA: FABIANA MORI


ABSTRACT The present work seeks, through the collection of current and historical data, to understand changes that have been taking place in society and, consequently, their impacts on habitation and on reside act. The work is developed after the verification of stagnation of the habitation plan-type in Brazil since the imperial era and after a brief analysis of the history of furniture around the world. Finally, the design exercise presented here is characterized by the proposal of a Retrofit in the Diederichsen Building, historical patrimony of RibeirĂŁo Preto, with special emphasis on the new habitation units, which follow the multifunctionality guideline.


RESUMO O presente trabalho busca, por meio do levantamento de dados atuais e históricos, compreender mudanças que vêm ocorrendo na sociedade e, consequentemente, seus impactos na habitação e no ato de morar. O trabalho se desenvolve após a constatada estagnação da planta tipo habitacional no Brasil desde a época imperial e após breve análise do histórico do mobiliário ao redor do mundo. Por fim, o exercício projetual aqui apresentado se caracteriza na proposta de realização de um Retrofit no Edifício Diederichsen, patrimônio histórico de Ribeirão Preto, com destaque para as novas unidades habitacionais, que seguem o partido da multifuncionalidade.




AGRADECIMENTOS Dedico cada página deste trabalho aos meus pais que são responsáveis por tudo que me tornei e que nunca mediram esforços pra me proporcionar tudo que tenho. Aos meus avós, que foram e são parte imprescindível dessa jornada, ao meu parceiro, amigo e namorado, que, durante quase todo curso, me apoiou e ajudou como pôde. Agradeço, também, à minha orientadora Fabiana Mori, por todo conhecimento passado, pela paciência, fé em meu potencial e por ser essencial em minha formação como arquiteta. E, principalmente, dedico este trabalho à minha tia, que esteve ao meu lado nos momentos mais importantes de minha vida e que, com certeza, está comigo hoje.


INTRODUÇÃO

01

NOVOS HÁBITOS E COSTUMES

02

ESTUDO DO MOBILIÁRIO

09

USO MISTO E HABITAÇÃO FLEXÍVEL NA ARQUITETURA

20

RETROFIT EDIFÍCIO DIEDERICHSEN

35

CONSIDERAÇÕES FINAIS

78

MEMORIAL JUSTIFICATIVO

79

BIBLIOGRAFIA

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ÍNDICE DE IMAGENS

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Tipologias Familiares Pós-Modernas Estagnação da Habitação Os Cômodos e Suas Funções

Breve Histórico Sobre o Mobiliário Estudo da Ergonomia Mobiliário Multifuncional 8House Quinta Monroy Vanguard Ipiranga Hotel Glória

Edifício Diederichsen Definições Preliminares Dimensionamento da Obra Quadro de Áreas e Organograma Preliminar Informações Sobre o Terreno Levantamento Físico Plantas e Elevações Originais Edifício Diederichsen Diretrizes Gerais Projeto Retrofit Edifício Diederichsen Perspectivas Interiores



Segundo a Doutora Adriana Maluf, em sua tese de doutorado, ”habitar é o objetivo e a justificativa existencial da arquitetura” e, é também, o que transforma qualquer edificação em um lar. O ato da vivência, dos costumes e da identidade cultural funda o espaço doméstico e cria o universo particular de cada família e/ou usuário, entretanto, cabe ao arquiteto projetá-lo e desenvolvê-lo, influenciando diretamente na vida de todos que ali vivem. Ao arquiteto e urbanista é dada a tarefa de criar abrigo, mas também de, utilizando os conhecimentos adquiridos na vida acadêmica e profissional, facilitar a vida das pessoas, entregar funcionalidade e conforto, tornar mais cômodas as atividades exercidas por cada usuário, além de elaborar um projeto que exerça sua função na sociedade e que tenha importância e impacto positivo no meio urbano. Este trabalho pretende, através do uso do mobiliário multifuncional, sugerir soluções que maximizem os benefícios dos usuários. Primeiramente entenderemos o contexto histórico que levou a habitação a chegar na chamada escala micro, e tomaremos conhecimento sobre a evolução dos usuários e das atividades e necessidades que precisam ali ser supridas. Além disso, poderemos entender a importância do mobiliário no ato de habitar e as várias funções e benefícios que o mesmo pode trazer à vida de todos. Com o objetivo de realizar uma análise crítica do modelo arquitetônico que vem sendo seguido pelo mercado e demonstrar a necessidade de uma revisão do mesmo, esse Trabalho Final de Graduação tem como proposta revitalizar um edifício sub-utilizado no centro da cidade, transformando unidades habitacionais tradicionais em uma moradia flexível e adaptável através do projeto de interiores e de mobiliário.

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Em seu livro denominado Cultura da Interface, o historiador americano Steven Johnson aponta como a vida de toda população mundial sofreu alterações desde a chegada da tecnologia e como as chamadas gerações X,Y e Z passaram por um processo infinitamente mais acentuado devido a popularização e acessibilidade da internet. Com a modernização do mundo, a comunicação entre pessoas e países ficou muito mais fácil. As noticias chegam mais rápido, a comunicação acontece em segundos e a troca de arquivos é quase que instantânea. A educação passou por mudanças muito positivas. O intercâmbio de alunos passou a ser muito mais comum, a aprendizagem de novas línguas se tornou muito mais acessível e trabalhos, teses e livros são encontrados com muita facilidade em qualquer lugar do mundo. Podemos citar também a facilidade que a tecnologia desenvolvida nos aparelhos domésticos trouxe. Atualmente as tarefas de lavar e passar roupas, limpar a casa ou cozinhar tiveram seu tempo reduzido, muitas vezes pela metade, o que possibilita ao usuário ter mais tempo para outros deveres ou para descansar. Além disso, não podemos esquecer do advento de meios de transporte muito mais rápidos e seguros, que fazem com que as distâncias sejam diminuídas e o mundo seja muito mais interligado que antigamente. As tecnologias trouxeram efeitos extraordinários para a vida do homem e o projeto de habitação tem o dever de incorporá-las e de suprir a nova rotina e hábitos que as mesmas inseriram na vida moderna. 2.1 - Tipologias Familiares Pós-Modernas Com a revolução industrial, ocorrida no século XVII, se deu início à urbanização das cidades e a formação das comunidades como conhecemos hoje. Desde então, o mundo passou, e ainda passa, por diversas transformações que formaram a sociedade em que vivemos. Os hábitos foram modificados, comportamentos passaram a ser aceitos e a ideologia e a opinião das pessoas sofreram mudanças drásticas a ponto de não reconhecermos mais as tradições e tipologias familiares de poucos anos atrás.

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Segundo o IBGE, o divórcio, que era um grande tabu na década de 1970, cresceu 160% em dez anos no Brasil, e tal crescimento gera famílias monoparentais. Além disso, ainda segundo o IBGE, o número de pais e mães solteiros cresceu 74,5% entre 1991 e 2000; as mulheres que engravidaram e não tiveram o apoio dos parceiros, ou que realizaram fertilização in vitro e homens e mulheres independentes que resolveram adotar crianças também contribuíram para o crescimento dessa classe familiar. Podemos citar também a independência da mulher, que, desde a Primeira Grande Guerra, passou a trabalhar fora de casa; e o custo de vida cada vez mais elevado que fez com que casais optassem por ter menos filhos, ou nenhum. Alterando também a família clássica que conhecíamos, onde apenas o pai saia para trabalhar, a mãe cuidava da casa e dos três ou mais filhos do casal.

Fig. 1:Proporção de mulheres responsáveis pela família no Brasil

Outro ponto que é importante ressaltar é o crescimento da classe LGBT, no Censo 2010 o IBGE calculou cerca de 60 mil casais homossexuais no país. Em um passado onde homo e transexuais viviam escondidos e/ou segregados seria difícil imaginar a sociedade atual com menos preconceito e mais liberdade para tais pessoas viverem livremente e criarem suas próprias famílias. Criando assim, mais uma nova classe para o conceito de família. Como razão da criação de outra vertente familiar, podemos apontar a tecnologia e a facilidade de locomoção entre cidades, já que, devido à ambas, jovens estudantes e trabalhadores puderam sair da casa de seus pais para buscar seu futuro em outras cidades.


Tal fenômeno gerou inúmeras casas que possuem apenas um usuário e outras tantas onde várias pessoas sem relação parental moram juntas.

Fig. 2

Além disso, não podemos esquecer do aumento da qualidade e da expectativa de vida em todo mundo, fazendo com que as pessoas vivam mais tempo e que morem com seus parceiros ou sozinhas, muitas vezes até seus cem anos de idade.

Fig. 3: Pessoas com 55 anos ou mais no Brasil

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E, por fim, outro importante fator é o crescimento populacional ao redor do planeta, que fez com que surgisse a necessidade da maximização espacial e do adensamento populacional. Todos esses fatores criaram a necessidade do adequamento da planta tradicional de habitação e da forma de pensar dos projetistas. Com famílias menores e mais flexíveis, fez-se desnecessário uma unidade habitacional com quatro dormitórios, ou com uma sala de jantar com capacidade para dez pessoas, por exemplo. É preciso, portanto, o estudo de profissionais sobre os novos usuários e sobre o novo programa de necessidades e o aprofundamento em novas tecnologias que ajudem na tarefa de satisfazer bons projetos. 2.2 - Estagnação da Habitação Analisando projetos desde a época do Brasil Colônia, quando a exploração de ouro, café e cana trouxeram europeus de altas classes sociais para aqui morarem, podemos concluir que quase por toda sua história a habitação foi pensada e desenvolvida seguindo o estilo burguês do século XVIII, onde a mesma é tripartida em zonas social, íntima e de serviço e a sua subdivisão é sempre em cômodos específicos e monofuncionais. Antigamente, os noivos, antes mesmo de casar, comumente ganhavam uma casa pronta para receber a família que ainda nem tinham formado. Tivessem eles um, ou nenhum filho, sua habitação estaria preparada para receber quatro ou cinco. As salas para receber e para jantar eram indispensáveis para valorizar uma edificação, ainda que o casal não conhecesse ninguém na cidade. Uma ampla cozinha e um quarto de empregada eram essenciais para qualquer dona de casa, mesmo que ela não cozinhasse ou não houvesse de fato uma funcionária ali.


ÁREA DE SERVIÇO ÁREA ÍNTIMA ÁREA DE RECEBER

Fig. 4: Plantas do 1º e 2º pavimentos do Palacete do Barão de Piracicaba, edificado em 1877

Esse modelo de habitação se consolidou de tal forma que segue até hoje em praticamente todos os empreendimentos do mercado imobiliário. Ainda que tenha sofrido algumas modificações, como o tamanho por exemplo, o que vemos hoje em dia nada mais é que o mesmo modelo burguês “repaginado”.

Fig. 5: Projeto de apartamento tipo construído em 1978 ÁREA DE SERVIÇO

ÁREA ÍNTIMA

Fig. 6: Projeto de apartamento tipo construído em 2015

ÁREA DE RECEBER

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Entretanto, o ato de adaptação e transformação está na essência do homem e é chegada a hora de seu lar acompanhá-lo e suprir suas necessidades. Acredito que a mulher independente precisa adquirir um imóvel que sirva para quando ela quiser montar uma família no futuro; E que os pais de hoje devem poder escolher uma casa onde os filhos possam crescer, mas que os sirvam quando estiverem sós de novo. O projeto de uma habitação muitas vezes serve de cenário para a vida inteira de seu usuário e precisa “crescer” e se transformar junto com ele. É necessária a flexibilidade dos ambientes, a reversibilidade dos usos e a adaptabilidade do espaço para que cada pessoa faça de paredes, pilares e vigas, seu lugar. 2.3 - Os Cômodos e suas Funções A monofuncionalidade sempre regeu os usos dos cômodos de uma habitação: a sala de estar é usada estritamente para receber e ficar com a família, a de jantar, para as refeições. A cozinha e a área de serviço são usadas pelas funcionárias da casa ou pelas mulheres, e somente pelo tempo necessário. Os quartos são feitos para dormir e o banheiro somente para realizar a higiene pessoal. Porém, como já citado anteriormente, a vida do homem mudou muito e as necessidades são outras. Muitas vezes é necessário trabalhar ou estudar em casa. É comum ausências nas refeições em família e até mesmo usuários que raramente dormem ali. A rotina se transformou, e a habitação e os cômodos devem se transformar junto com o homem. As salas de jantar e estar podem agora se compactar em um único ambiente, já que muitas visitas e almoços e jantares já não são tão comuns nas famílias atuais. A cozinha, além de um espaço de serviço pode servir como refúgio e relaxamento para pessoas com uma rotina apressada e com pouco tempo de descanso ou então pode ser apenas um cômodo de apoio para quem não faz suas refeições em casa. Os quartos, que ainda servem para dormir, acumulam funções como escritório e sala de estudo. E o banheiro que continua sendo utilizado para higiene, também ganha funções de relaxamento e embelezamento do usuário, em substituição da antiga penteadeira.


Fig. 7: Quarto do Hotel Caumont restaurado em estilo original (Século XVII)

Fig. 8: Quarto feminino exemplificando arquitetura e decoração contemporâneas.

Hoje existe a necessidade da multifuncionalidade de um cômodo, e não é interessante que essas funções sejam pré-definidas, e sim que cada usuário tenha a possibilidade de transformar seu lar do jeito que melhor possa servi-lo. Escolhendo ele mesmo o tamanho e os usos para cada canto de sua casa.

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O mobiliário é parte fundamental da constituição do lar. É ele que define ambientes, que transmite o estilo do usuário e que auxilia na execução das tarefas diárias. A trajetória do mobiliário influenciou na história mundial e nos períodos e movimentos artísticos e chega aos dias de hoje como protagonista do novo modelo de habitação adaptável e multifuncional. 3.1 - Breve Histórico Sobre o Mobiliário Segundo a Prof. Arabella Galvão, da Universidade Federal do Paraná, a historia do mobiliário se inicia com a transformação do homem que deixa de ser nômade e passa a estabelecer habitações fixas que precisam de elementos para complementar as atividades e facilitar a vida dos usuários. Desde então a mobília vem se desenvolvendo e se transformando de acordo com as necessidades da habitação. Em concordância com as novas técnicas, com o senso estético e com a necessidade de cada região, o mobiliário se estabeleceu e evoluiu ao longo dos anos. Estima-se que os primeiros móveis foram prateleiras e camas, produzidos de pedra, no Reino Unido, no final do período neolítico, entre 3100 e 2500 a.C. Entretanto, uma das primeiras civilizações a disseminar o uso da mobília foi o povo egípcio, que a dividia entre móveis cerimoniais (tronos e mesas de banquetes, por exemplo) e utilitários (como camas, bancos e apoio para cabeças), sendo, quase em sua totalidade, montados em madeira, revestidos em ouro e prata e decorados com pedras preciosas.

Fig. 9: Mobiliário dentro de uma das casas do Vilarejo de Skara Brae, construído no Reino Unido entre 3100 e 2500 a.C. Fig. 10: Trono de Tutankamón, Faraó do Egito entre 1346 e 1337 a.C.

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Já os gregos, entre 1.200 e 323 a.C, utilizaram os materiais oferecidos em abundância na região, o que possibilitou a utilização do mármore, bronze, ferro, madeira, entalhes e incrustações em ouro, prata e marfim, resultando na maior produção artística da época, especialmente as construções e mobiliário. Seguindo o modelo egípcio e com influência grega, o mobiliário romano ( a partir de 200 a.C.) é também dividido entre comum e cerimonial, mas com materiais mais simples como cobre e mármore. Eles desenvolveram móveis como a mesa semi-circular, a mesa sobre tripé, os pés em forma de criaturas mitológicas ou patas de leão e o lectus: um dos mais populares de Roma, utilizado para sentar, descansar, realizar refeições, entre outras atividades.

Fig. 11: Lectus, móvel romano em madeira e bronze.

Ainda segundo a Professora Arabella Galvão, da UFPR, na Idade Média, devido às caças e guerras, a vida da população tinha como cenário, basicamente, o ar livre, portanto, mesmo a parcela economicamente privilegiada não possui uma habitação com escala, comodidade ou luxo consideráveis. A mobília então se restringia ao essencial, determinada pela função e não pela decoração. As poucas peças eram fabricadas em castanho, eram pesadas, solidas e sóbrias, e seguiam a técnica oriental de encaixe. No Renascimento Italiano, no século XVI, as representações se tornam naturalistas e antropocentristas e uma das principais características do período é a simetria. O mobiliário desta época se caracterizava pelas grandes dimensões, monumentalidade, pela madeira muitas vezes entalhadas e pela influência holandesa. Outros dois movimentos importantes surgiram após o renascimento; são eles o Barroco e o Rococó.


O Barroco: surgiu após o renascimento e identifica toda obra de arte, inclusive o mobiliário, em que predomine o gosto pelo movimento de massas desproporcionadas e de formas irregulares, a operação, a oposição entre a luz e a sombra, a busca da ênfase e a criação de efeitos de surpresa, um aspecto quase extravagante, anulando o seu caráter utilitário. E o Rococó é o estilo mais decorativo do que arquitetônico. Merece destaque, dentro deste movimento, o Estilo Luís XV, que tinha influencia chinesa e turca, onde os móveis tornam-se mais leves, e exaltam a feminilidade. São móveis de pequenas dimensões, para vários usos, que apresentam gavetas que podem se transformar em móvel mais extenso ou mais alto ou baixo. Predominam conchas recortadas ou perfuradas, flores estilizadas e as cores vermelho, amarelo e dourado.

Fig. 12 e 13: Sofá e Banco no estilo Luis XV

Já no início do Século XX, entre 1920 e 1930, surgiu na Europa e na América do Norte, o estilo Art Nouveau, que é individualista e decorativo, com ideias oriundas do Romantismo e exalta o ornamento e as linhas orgânicas, inspiradas no mundo vegetal. Após isso, nos foi apresentado o Art Deco - estilo predominante no Edifício Diederichsen. O Art Deco tem origem francesa, mais especificamente na Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas, em 1925, e refere-se à um estilo decorativo que se afirma nas artes plásticas e aplicadas e na arquitetura europeias. 11


No estilo predominam as linhas retas ou circulares estilizadas, formas geométricas e abstratas, um dos padrões mais explorados são a forma feminina e o mundo animal. No início se apresentava como luxuoso e burguês, empregando materiais como jade e marfim, entretanto, após a exposição Art Deco no Metropolitan Museum de New York, o estilo passa a conversar com a produção industrial e com materiais passíveis de produção em massa. Um dos símbolos do mobiliário desse estilo foi a “chaise-longue” e a questão anatômica era extremamente ligada à saúde do usuário, um dos primeiros preocupados com a ergonomia. Formas geométricas, linhas circulares, madeiras, aço, espelho e vidro foram alguns dos materiais mais utilizados nessa época.

Fig. 14: Ambiente decorado no estilo Art Deco

Além do Art Deco, existiu também o Cubismo, onde a linha reta, o quadrado e o circulo dominavam a nova arte decorativa com um número infinito de cores. E, podemos citar também, o Bauhaus, que, fundada por Gropius, revolucionou o design buscando formas e linhas simplificadas, definidas pela função do objeto. O estilo criou relação com todos os tipos de arte, como cerâmica e marcenaria, utilizou materiais pré-fabricados e buscava simplificar volumes e geometrizar as formas. Na arquitetura predominavam paredes lisas, brancas, com pouca decoração, janelas em fita e planta livre.


Já no mobiliário existia a preocupação com o conforto e com a postura do usuário. A estética deveria se unir às funções práticas e foram inseridos novos materiais em suas composições. Era comum a utilização de metais tubulares, vidro, couro negro, madeira lacada e tiras elásticas.

Fig. 15: Chaise CL4 de Le Corbusier

Fig. 16: Poltrona Wassily de Marcel Breuer

E, por fim, no mobiliário da contemporaneidade, podemos citar designers como Philippe Starck, francês que inovou desenhando a cadeira Ghost; Karim Rashid, nova iorquino, que leva à seus produtos poesia e sensorialidade e defende o design democrático; e Matali Crasset, designer industrial francesa, que desenvolve mobiliário que une tecnologia e funcionalidade.

Fig. 17: Cadeira Luis Ghost, de Philippe Starck

Fig. 18: Cadeira Juga, de Karim Rashid

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Fig. 19: Sweet, Talk and Dream, de Matali Crasset

O design de cada peça mobiliária mudou muito com o passar dos anos, os estilos, as cores e os materiais também, mas sempre pudemos notar a busca pelo conforto, pela praticidade e pela estética compatível com os padrões de vida de cada período. Já na contemporaneidade podemos ver, ainda que em outros países, a busca pela multifuncionalidade da mobília, tema no qual nos aprofundaremos no capítulo 3.3.

3.2 - Estudo da Ergonomia Antropometria é a ciência, derivada da antropologia, que estuda as medidas e as dimensões e amplitudes do movimento das diversas partes do corpo humano. Por sua vez, a definição de ergonomia, segundo a International Ergonomics Association (IEA) é: estudo científico da relação entre o homem, seus meios, métodos e espaços de trabalho, e tem por objetivo uma melhor adaptação ao homem dos meios tecnológicos e dos ambientes de trabalho e de vida. E a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO) simplifica: Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho às características fisiológicas e psicológicas do ser humano. As duas ciências evoluíram a qualidade de vida do ser humano, possibilitando a melhoria no seu desemprenho em atividades cotidianas, diminuindo a fadiga, evitando doenças e acidentes e o consequente progresso no resultado qualitativo e quantitativo das tarefas exercidas. Preservar a saúde do usuário é muito importante, é necessário um conjunto de ações que possibilitem o seu bem-estar durante suas atividades diárias.


Fig. 20: Exemplos de medidas padrões do corpo humano.

Existem vários tipos de tarefas que exigem diferentes posições do corpo humano. Algumas pedem contração contínua de alguns músculos dorsais e das pernas para manter a posição de pé, outras sobrecarregam os músculos dos ombros e do pescoço para manter a cabeça inclinada para frente e assim por diante. Algumas são altamente fatigantes e, se possível, devem ser evitadas, entretanto, se não puderem ser evitadas, deve ser aliviadas com ferramentas, instrumentos adequados ou apoio para as partes mais exigidas. Além disso, devem ser concedidas pausas de curta duração que aliviarão o músculo e o cansaço apresentado.

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Dentre as doenças mais frequentes devido à posições e execuções de tarefas sem a devida a orientação e cuidados, temos: - L.E.R.: Lesões de Esforços Repetitivos. Movimentos repetitivos em alta frequência em posição ergonômica incorreta. - D.O.R.T.: Distúrbio Osteomusculoligamentares Relacionados ao Trabalho. Distúrbios com origem o trabalho em uma posição fixa. - Stress. Cansaço físico e mental que pode causar um conjunto de sintomas físicos, psicológicos e comportamentais. - Postura. É a atitude que a pessoa assume, utilizando a menor quantidade de esforço muscular. O assento e o mobiliário estão em contato físico direto com o corpo e favorecem o aspecto postural. Verificando o que ocorre com o corpo humano em variadas situações posturais, é necessário que se cuide não só do corpo, mas, e principalmente, as ferramentas e o mobiliário que serão utilizados, tais como assentos, mesas, apoios para pés e braços, peso e altura dos equipamentos e etc.

Fig. 21: Exemplos de ergonomia aplicada em mobiliário.


Portanto, deve-se considerar no mobiliário mesa a altura, profundidade, largura, espaço inferior e flexibilidade de modificações, fatores que devem estar dentro dos padrões de dimensionamento ergonômico, pois ainda serão depositados em sua superfície os equipamentos ou ferramentas a serem utilizados que, por sua vez, também deverão obedecer uma organização para facilitar o seu manuseio. 3.3 - Mobiliário Multifuncional Em tempos de reduzidos espaços tanto para uso habitacional como para o ambiente de trabalho, há de se pensar que o mobiliário que comporá cada espaço deva ser adequado ao local e tamanho, bem como ser prático no uso, versátil, inovador e que tenha multifunções, isto é, um mobiliário que traga soluções para pequenos espaços, sendo utilizado de dois ou mais modos, sem perder o “design” e função. Hoje existem vários estudos e “designs” inovadores para peças que se transformam e se adequam a diferentes usos, entretanto, tais móveis ainda tem alto custo em nosso país devido à qualidade dos materiais, à não produção em série e às taxas de exportação, uma vez que, em sua maioria, são produzidos por lojas norte americanas ou europeias.

Fig. 22: Mobiliário por Tayyar Yildizoglu, 2012.

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Fig. 23: Mobiliário multifuncional - Sofá e Mesa, 2015.

Portanto, é necessário difundir a produção e o uso do mobiliário dessa vertente para que a população que é obrigada a habitar ambientes mínimos tenham mais conforto e funcionalidade em sua vida.


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M


Como referências projetuais serão apresentados dois empreendimentos estrangeiros e dois nacionais que exploram a dimensão mínima, o uso misto, a possibilidade de expansão e a habitação social.

4.1- 8House O empreedimento 8House foi projetado por Bjarke Ingels, do escritório BIG e construido em Copenhagen, na Dinamarca, em 2010. Possui uso misto comercial/residencial e conta com 476 unidades habitacionais. Localizado à beira de um canal, em uma região plana e delineada por vegetação rasteira, o edifício se destaca pela sobreposição de usos e topologias que estimulam o convívio social de seus usuários.

Fig. 24

Rampa para bicicletas

Pátio Interno

A conectividade social é feita por meio de escadas e rampas que permitem a passagem à pé, pelo interior, ou de bicicleta, subindo do térreo ao topo por uma rampa externa. A forma do edifício, que dá nome à ele, gera pátios dois internos: um reservado e outro conectado ao canal. No centro estão as áreas de uso comum e, no térreo, um corredor que interliga os jardins.

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Fig. 25

Jardim Suspenso

Todas as unidades habitacionais recebem iluminação e ventilação natural e o jardim verde auxilia na redução do calor, além de captar água da chuva e permitir que os moradores pedalem até a cobertura. As funções de comércio e habitação foram distribuídas sobrepostas horizontalmente: na parte inferior se localiza a área comercial, com fácil acesso à rua e nos andares seguintes foram distribuídas as moradias, onde existe melhor circulação de ar e iluminação natural.

Comércio Rowhouses (Casa para Famílias) Penthouses (Coberturas) Apartaments

Fig. 26


Fig. 27

Fig. 28

O programa habitacional foi pensado para três tipos de usuários: idosos, casais com filhos e jovens solteiros. Todos eles possuem sacada e são de diferentes tamanhos.

Fig. 29: Maquete eletrônica demonstrando fachada com sacadas.

Fig. 30: Maquete eletrônica demonstrando uma das unidades habitacionais.

As “rowhouses”, foram pensadas para casais com filhos. São unidades duplex com três quartos, duas salas dois banheiros e cozinha. Área íntima Área de Receber Área de Lazer

Fig. 31: Planta Rowhouses.

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Já os “apartaments” foram projetados para usuários idosos, e procura facilitar a vida deles: trata-se de uma unidade térrea, com área externa menor, banheiro e salas espaçosos e apenas dois quartos.

Área íntima Área de Receber Área de Lazer Fig. 32: Planta Apartaments.

E, por fim, as penthouses são coberturas destinadas à jovens solteiros, e possuem o primeiro pavimento livre, espaçoso e destinado à receber, o segundo pavimento também amplo, mas com um dormitório e outra sala, mais reservada e um acesso à cobertura verde do edifício.

Área íntima Área de Receber Área de Lazer Fig. 33: Planta Penthouses.


Todas as unidades possuem conceito de planta livre, uma área externa para lazer e grandes aberturas para iluminação e ventilação natural. As áreas de serviço, diferentemente da moradia tradicional, são ausentes, uma vez que a cozinha se integra à sala e agora faz parte da área de receber e a lavanderia é comum à todos os usuários e se localiza no pavimento térreo do edifício. O 8House é ganhador de inúmeros prêmios como Melhor Habitação (2012, Aia National Award e 2011, World Architecture Festival) e foi considerado pelo jornal americano The Huffington como um dos edifícios mais importantes das últimas décadas. É, também, um projeto que mistura elementos da arquitetura tradicional e outros inovadores e proporciona a conectividade dos usuários através do uso misto e de grandes áreas de convívio. 4.2 - Quinta Monroy Quinta Monroy se trata de uma vila de habitação social, localizada em Sold Pedro Prado, no Chile, projetada, à pedido do governo federal, pelo arquiteto Alejandro Aravena. Com o objetivo de radicar cem famílias que ocupavam ilegalmente um terreno, o projeto buscava uma forma de evitar a erradicação dessa população para a periferia da cidade, mantendo-os na área central, para que pudessem usufruir da infraestrutura padrão de uma área desse tipo. Devido ao público alvo (parcela mais pobre da população chilena) e ao consequente baixo orçamento (apenas U$7.500 por família), Alejandro desenvolveu um projeto onde o governo entregaria parte da casa, um total de 36 m², e o usuário poderia amplia-la, se necessário, podendo chegar à 72 m².

Fig. 34: Esquema ilustrando o conceito do projeto.

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Fig. 35: Habitações entregues. Destaque para um módulo habitacional.

Na Quinta Monroy, o governo entrega aos usuários a unidade habitacional com os elementos mais complexos prontos: banheiros, cozinha e estrutura prontas. Cada unidade conta com três pavimentos: no térreo existe a cozinha e um banheiro, no primeiro um banheiro e um amplo ambiente e no segundo a planta é totalmente livre com um ponto de hidráulica.

Unidade Entregue

Parede Removível

Possível Expansão

Fig. 36: Planta Térreo


Unidade Entregue

Unidade Entregue

Parede Removível

Possível Expansão

Possível Expansão

Fig. 37: Planta Primeiro Pavimento

Fig. 38: Planta Segundo Pavimento

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4.3 - Vanguard Ipiranga Localizado no centro da cidade de São Paulo, em uma das avenidas mais famosas do Brasil (Av. Ipiranga) , o edifício que abriga o empreendimento Vanguard Ipiranga foi, originalmente, o Europa Palace Hotel, frequentado pela elite paulistana. Após o processo de gentrificação, transformou-se em uma casa de bingos, que ocupava apenas o térreo e o mezanino, até que tal atividade fosse proibida. Portanto, desde então havia se tornado apenas mais um prédio abandonado na região central da cidade.

Fig. 40: Localização do empreendimento. Fig. 39: Antiga Fachada do Europa Palace Hotel.

Entretanto, a história dessa edificação tomou outro rumo, quando, incentivado pelo atual movimento de volta ao centro histórico e valorização da cultura paulistana, a empresa HM Engenharia, que pertence ao Grupo Camargo Corrêa, decidiu por comprá-lo e iniciar uma reforma nos padrões de retrofit. O projeto foi desenvolvido à partir de um convênio com a COHAB-SP e a Prefeitura de São Paulo, originando o primeiro retrofit contemplado pelo programa Minha Casa, Minha Vida, Além disso, o empreendimento também foi beneficiado por um decreto da prefeitura que determinou a aplicação de IPTU progressivo em prédios desocupados no centro de São Paulo.


Os quartos do hotel foram transformados em unidades habitacionais do tipo studio com 1 ou 2 dormitórios, podendo ser simples ou duplex, entre 25 e 105 m² privativos. Além disso, o empreendimento conta com lazer completo, webspace, learning room, bussines office, jardins, galeria, lavanderia, depósito, ateliers, cine club, vestiários, área fitness, espaço kids, spa e lounge.

Fig. 41: Fachada do Vanguard Ipiranga

Fig. 42

Como visto na última imagem, os equipamentos de uso comum ficaram restritos ao pavimento térreo e ao seu mezanino, assim como o acesso e recepção de moradores e convidados. Já nos seguintes pavimentos, a maioria segue a tipologia de seis apartamentos, com excessão do 11º, com quatro, do 12º e 13º que abrigam apenas duas unidades e do 14º, também com duas unidades, sendo elas duplex.

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Serviço Receber Íntimo

Serviço Receber Íntimo

Espaço Multifuncional

Espaço Multifuncional

Espaço Multifuncional

Fig. 43: Planta do Primeiro Pavimento.

Espaço Multifuncional

Serviço Receber Íntimo

Serviço Receber Íntimo

Espaço Multifuncional

Espaço Multifuncional

Espaço Multifuncional

Fig. 44: Planta do 2º ao 10º Pavimento.

Espaço Multifuncional


Serviço Definidos Receber por Íntimo Mobiliário

Espaço Multifuncional

Serviço Definidos Receber por Íntimo Mobiliário

Espaço Multifuncional

Fig. 45: Planta do 11º Pavimento.

Serviço Receber Íntimo

Serviço Receber Íntimo

Fig. 46: Planta do 12º e 13º Pavimentos.

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Serviço Receber Íntimo

Serviço Receber Íntimo

Fig. 47: Planta do 14º Pavimento (Duplex Inferior)

Íntimo

Fig. 48: Planta do 14º Pavimento (Duplex Superior)

Íntimo


Com a análise realizada podemos observar que, apesar de propor novos usos e espaços para um antigo hotel, o projeto do Vanguard Ipiranga continua seguindo o modelo burguês de divisão espacial já citado anteriormente. As poucas unidades que propõe a multifuncionalidade do espaço transbordam a insegurança que os profissionais ainda tem em relação à um novo modelo de habitação. 4.4 - Hotel Glória O Hotel Glória, inaugurado em 15 de agosto de 1922, no centro da cidade de Rio de Janeiro, se tornou símbolo da elite carioca e cartão postal da então capital brasileira. Palco de ilustres residentes e hóspedes, o Hotel seguiu de portas abertas até o ano de 2008, quando o milionário Eike Batista o adquiriu e fechou suas portas para o início do processo de retrofit.

Fig. 49: Hotel Glória, 1940.

O novo empreendimento foi batizado de Glória Palace Hotel e teve seu interior inteiramente demolido, restando apenas a fachada e algumas colunas de sustentação. O financiamento foi realizado pelo programa Pró-Copa Turismo do BNDES e o orçamento da obra ultrapassou os 300 milhões de reais. 32


Porém, pouco após o inícios das obras, já com o cronograma atrasado, os trabalhos foram interrompidos e Eike vendeu o empreendimento por R$ 500 milhões para um grupo suíço que tinha o objetivo de inaugurá-lo antes das Olimpíadas de 2016, mas que também não obteve sucesso.

Fig. 50: Ruínas do Hotel Glória.

Entretanto, ainda que não retirado do papel, o projeto de retrofit do Hotel Glória pode ser usado como referência, pois é um excelente exemplo de como atualizar o uso e reinserir uma edificação histórica no cotidiano da contemporaneidade.

Fig. 51: Perspectiva da fachada revitalizada do Glória Palace Hotel.


O projeto arquitetônico foi assinado pelo arquiteto brasileiro Hamilton Casé e previa ambientes para encontros sociais e corporativos, salão de festas, piscina com fundo transparente, suítes presidenciais, quartos ampliados e music lounge. Tudo isso dentro do prédio histórico e outros dois novos anexos que seriam construídos.

Fig. 52: Perspectiva vista aérea do Glória Palace Hotel.

Já o projeto de interiores é assinado pelo arquiteto americano Jeffrey Beers e segue o estilo contemporâneo com apenas alguns detalhes que remetem à época de construção do Hotel Glória.

Fig. 53 à 58: Perspectivas internas do Glória Palace Hotel.

Combinando a modernidade com patrimônio o projeto do Hotel Glória mostra que é possível o retrofit sem prejudicar a identidade e a história da edificação em questão. 34



5.1 - Edifício Diederichsen Na década de 1870, em meio ao desenvolvimento da cultura cafeeira em nossa região, o país passava por uma forte onda imigratória, onde europeus vinham buscar novas oportunidades e investir em negócios agrícolas rentáveis. Com a chegada de novas culturas e de técnicas construtivas modernas, surgiram, principalmente no estado de São Paulo, novos tipos de edificações, tais como grandes palacetes e os chamados arranhas-céu. Um deles, o grande propulsor da verticalização em São Paulo, é o Edifício Martinelli, existente até a atualidade, foi edificado em 1925, representando o desenvolvimento da cidade, da economia e da indústria brasileira. Devido à esse cenário, Ribeirão Preto, protagonista da cultura cafeeira e uma das cidades interioranas mais importantes para a economia do país, recebia muito investimento e imigrantes de alto poder econômico à fim de investir em tal seguimento agrícola. E é nesse momento que Antônio Diederichsen contrata Antônio Terreri e Paschoal Vicenzo para construirem o que seria primeiro edifício alto da cidade.

Fig. 59: Edifício Diederichsen Recém Inaugurado.

35


O Edifício Diederichsen teve em seu primeiro projeto a intenção da construção de dez pavimentos e de ocupar o antigo prédio dos Correios, localizado na Rua Amador Bueno. O programa sempre foi de uso misto e previa apartamentos, escritórios, lojas, hotel e cinema. Entretanto, após a conclusão do projeto, Antônio Diederichsen decidiu por alterar o local da obra para uma chácara recém adquirida por ele, entre as ruas Álvares Cabral, São Sebastião e General Osório. Concluído em 1934, com número de pavimentos finais igual à seis, o edifício se apresenta em estilo Art Deco, semelhante ao Edifício Martinelli, e possui estrutura de concreto armado, técnica inovadora para a época. 5.2 - Definições Preliminares Com o objetivo de revitalizar um patrimônio público municipal, reinserir a população de baixa renda ao centro da cidade e criar unidades habitacionais flexíveis e adaptáveis aos usuários, a obra seria financiada por recursos públicos e privados. A parcela pública do financiamento viria de fundos reservados para o auxílio à moradia da população de baixa renda. Programas pré-existentes como o PAR (Programa de Arrendamento Residencial, Lei 10.188/01), o Minha Casa, Minha Vida (Lei 11.977/09) e o FNHIS (Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social) garantiriam a aprovação e o apoio do governo à obra. Além desses programas e fundos governamentais, o projeto poderia contar com o apoio do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e do CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paullo) que possuem um programa de Financiamento para Recuperação de Imóveis Privados. Além disso, existe também a possibilidade de financiamento através de parcerias com empresas privadas, que estariam interessadas na valorização da área e, consequentemente, de lotes privados em seu entorno. Ademais, os proprietários das unidades comerciais e prestadoras de serviço também seriam muito beneficiados com a revitalização e reforma que projeto prevê. Mantendo o programa original da obra, o Edifício seguiria com o uso misto, sendo os pavimentos térreo, primeiro, segundo e quinto de


salas comerciais e consultórios e os terceiro e quarto pavimento compostos por unidade habitacionais e equipamentos de uso comum aos moradores. Além do programa, também será mantida a fachada original do empreendimento, a fim de manter a identidade cultural do município e por se tratar de um patrimônio tombado. 5.3 - Dimensionamento da Obra No programa de necessidades do projeto estão previstos espaços cultural, de convivência e bicicletário no pavimento térreo, além de área reservada para café, lojas e um restaurante principal. Os dois primeiros pavimentos abrigariam unidades comerciais e de prestação de serviços. Nos quatro seguintes pavimentos estão previstas unidades habitacionais e, em seu ultimo pavimento, o oitavo, existiria um jardim suspenso e escritórios. O público alvo da revitalização seria a população de baixa renda, que passaria à habitar as unidades, e, juntamente com a população de classe média, utilizariam o comércio e serviço instaurados ali. Com alto fluxo de visitantes no horário comercial, devido à localização central, o objetivo da obra é levar convivência e movimento também em finais de semanas e no horário noturno. Ademais, o mobiliário de cada unidade será de suma importância para o projeto. Com o desenho de cada objeto será possível prever divisões e usos diferentes nas habitações de acordo com o número e a vida de seus usuários.

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5.4 - Quadro de Áreas e Organograma Preliminar

Fig. 60: Quadro de Áreas Retrofit Diederichsen

Fig. 61: Organograma Retrofit Diederichsen

5.5 - Informações Sobre o Terreno Localizado na região central do município, em uma Zona de Urbanização Preferencial, e Área de Uso Misto II, o lote está em um terreno não acidentado e tem fachada principal voltada à nordeste e consequente insolação considerada adequada, portanto não apresenta maiores complicações de conforto ambiental ou topografia, facilitando quaisquer intervenções previstas no projeto. As legislações arquitetônicas e urbanísticas não apresentam restrições significativas à área, entretanto, por se tratar de um patrimônio histórico e cultural do município, é necessária a aprovação do projeto e da obra pelo IPHAN. 5.6 - Levantamento Físico


Localização e Insolação: O lote está localizado no quadrilátero central de Ribeirão Preto, com duas fachadas, sendo uma a maior delas, com acesso ao calçadão e outra com acesso à uma das ruas mais movimentadas da cidade, a R. São Sebastião. A insolação incidente no edifício não apresenta maiores complicações, uma vez que apenas a menor das fachadas está voltada à noroeste e as outras duas à nordeste e sudeste, sendo eficientes na questão de conforto térmico.

Fig. 62.

Hierarquia Viária: Como já citado anteriormente, o lote fica dentro do perímetro definido como “calçadão”, onde a presença de automóveis não é permitida e os pedestres tem livre acesso por toda a via. Sendo assim, o edifício recebe muitos usuários que caminham ou passam por ali. Devido à tal equipamento e à impossibilidade do trânsito de automóveis em grande parte da área, algumas das vias da região ficam sobrecarregadas e se tornam ponto de conexão entre bairros da cidade, gerando, muitas vezes, trafego intenso. Fig. 63.

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Topografia: Localizado quase que em sua totalidade na cota 537,1, o lote apresenta topografia praticamente plana, sem maiores problemas para ocupação.

Fig. 64.

Uso do Solo: Na região diretamente vizinha ao lote e sua quadra o uso do solo é predominantemente de comércio e serviço, existindo alguns poucos edifícios de uso misto com habitação. Além disso, existem alguns lotes de uso institucional.

Fig. 65.


Figura-Fundo: Com o mapa de ocupação do solo é possível analisar o alto índice de adensamento da área; As edificações ocupam quase que a área total das quadras e muitas vezes não respeitam os afastamentos e índices de ocupação máxima definidos por lei. Fig. 66.

Fig. 67.

Equipamentos: Existem vários equipamentos na região do lote, apesar de não estarem localizados em sua quadra. Dois dos mais importantes são o Teatro Pedro II e o Centro Cultural Palace, que são equipamentos culturais municipais, além de serem edificações tombadas como patrimônio histórico da cidade. Pode-se citar, também, a presença de diversos bancos e financeiras, além de equipamentos institucionais prestadores de serviço, como Tabelião de Notas, Correios e Previdência Social.

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5.7 - Plantas e Elevações Originais Edifício Diederichsen

Fig. 69: Planta 1º e 2º Pavtos. - Comercial

DRO DE ÁREAS ( m² )

SITUAÇÃO - SEM ESCALA

SITUAÇÃO - SEM ESCALA LOCALIZAÇÃO

TIPOLOGIA

LOCALIZAÇÃO

TIPOLOGIA

Fig. 68: Planta Pavto. Térreo


Fig. 70: Planta 3º e 4º Pavtos. - Apartamentos

TIPOLOGIA

OCUPAÇÃO

PL

OBJETO - RESTAURO

TIPOLOGIA - MISTA VE

LOCALIZAÇÃO

LOCAL - RUA SÃO SE N° - 469

LOTEAMENTO - CENT

HABITE-SE: 00.926-19

SITUAÇÃO - SEM ESCALA

RUA ALVARES CABRAL

RUA GENERA

RUA SÃO SEB

Fig. 71: Planta 5º Pavto. - Hotel Diederichsen

43


OBJETO - RESTAURO DO EDIFÍCIO DIEDERICHSEN

TIPOLOGIA

5/5

LOCALIZAÇÃO

LOCAL - RUA SÃO SEBASTIÃO / RUA ÁLVARES CABRAL / RUA GENERAL OSÓRIO N° - 469

LOTE - 0191

QUADRA - 63

LOTEAMENTO - CENTRO

CADASTRO - 7.167 SUBSETOR - 101

HABITE-SE: 00.926-1967

OBJETO - RESTAURO D

TIPOLOGIA - MISTA VE

LOCAL - RUA SÃO SEB

ATIVIDADE - USO MÚLTIPLO

TIPOLOGIA - MISTA VERTICAL

LOCALIZAÇÃO

TIPOLOGIA

OCUPAÇÃO

ELEVAÇÕES

EL

FOLHA OCUPAÇÃO

RESTRIÇÃO DE USO

N° - 469

LOTEAMENTO - CENTR

HABITE-SE: 00.926-196

CIDADE - RIBEIRÃO PRETO DECLARAÇÕES

RUA TIBIRIÇA

RUA ALVARES CABRAL

RUA SÃO SEBASTIÃO

ASS. NOME : SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE RIBEIRÃO PRETO DECLARO PARA OS DEVIDOS FINS DE DIREITO INCLUSIVE NA ESFERA PENAL QUE O PROJETO APRESENTADO BEM COMO TEM PLENO E TOTAL CONHECIMENTO DA PENALIDADE CONTIDA NA LEI MUNICIPAL 5.621 / 89.

RUA GENERAL

RUA SÃO SEBA AUTORIA DO PROJETO

SITUAÇÃO - SEM ESCALA

RUA GENERAL OSÓRIO

DECLARO QUE A APROVAÇÃO DO PROJETO PELA PREFEITURA MUNICIPAL NÃO IMPLICA NO RECONHECIMENTO DO DIREITO DE PROPRIEDADE DO TERRENO.

ASS. NOME - CLAUDIO HENRIQUE BAUSO Arquiteto e Urbanista

CREA - 50606646-75 A.R.T. -

Fig. 72: Elevação Norte ELEVAÇÃO NORTE R. General Osório

Esc.: 1:125

- Rua General Osório

DECLARO PARA OS DEVIDOS FINS DE DIREITO INCLUSIVE NA ESFERA PENAL QUE O PROJETO APRESENTADO BEM COMO TEM PLENO E TOTAL CONHECIMENTO DA PENALIDADE CONTIDA NA LEI MUNICIPAL 5.621 / 89.

NOME - CLAUDIO HENRIQUE BAUSO Arquiteto e Urbanista

CREA - 50606646-75 A.R.T. I.S.Q.N. -

ELEVAÇÃO SUL - Rua São Sebastião Esc.: 1:125 FOLHA N° PROC. -

ASS. CARIMBO -

Fig. 74: Elevação Oeste - R. Álvares Cabral

ELEVAÇÃO OESTE - Rua Álvares Cabral Esc.: 1:125 RESTRIÇÃO DE USO

FOLHA

QUADRO DE ÁREAS ( m² )

ASS.

RESERVADO PARA USO DA P.M.R.P.

QUADRO DE ÁREAS ( m² )

RESPONSÁVEL TÉCNICO

I.S.Q.N. -

ELEVAÇÃO NORTE - Rua General Osório Esc.: 1:125 ELEVAÇÃO SUL - Rua São Sebastião Esc.: 1:125

RUA ALVARES CABRAL

LOCATÁRIO

.

SITUAÇÃO - SEM ESCALA

N.M

Fig. 73: Elevação Sul - R. São Sebastião


5.8 - Diretrizes Gerais Mais que o retrofit de um patrimônio histórico municipal, esse projeto tem por objetivo levar um novo uso à uma área desvalorizada e em processo de deteriorização. Através da reformulação de espaços internos e da inserção de mecanismos que tornem os ambientes flexíveis, a intenção é que o Edifício Diederichsen se torne uma edificação de uso misto onde comércios e serviços de diferentes escalas possam se instalar e onde as mais diversas tipologias familiares consigam uma unidade habitacional compatível consigo mesma.

5.9 - Projeto Retrofit Edifício Diederichsen À seguir serão apresentadas as plantas e cortes do projeto de retrofit do Edifício Diederichsen proposto neste trabalho.

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PLANO DE MASSAS A seguir será apresentado o Plano de Massas desenvolvido de acordo com o programa preliminar do projeto de Retrofit. Nele podemos observar que a circulação horizontal e vertical do edifício se mantiveram nas posições originais, concentradas na área central do volume, assim como as áreas de convivência que se localizam na frente do elevador principal em quase todos os pavimentos e na extremidade dos corredores. Além da circulação, se manteve o programa original do Edifício Diederichsen em grande parte do projeto, como no pavimento térreo, que abriga os galpões comerciais e um restaurante. O Cine São Paulo, foi modificado para um Teatro e os galpões ao seu lado se transformaram em uma área para exposições. Nos primeiro e segundo pavimentos, o uso de comércio e serviço se manteve, entretanto com uma nova divisão de salas e com um espaço reservado para palestras e reuniões, além da área de convívio central. Nos pavimentos residenciais, localizados no terceiro e quarto pisos, a reformulação do espaço gerou novas unidades, mais compactas e que exigem a multifuncionalidade. E, por fim, a mudança maior de uso acontecerá no ultimo pavimento, onde no programa original aconteceria um hotel e. após o retrofit, abrigará escritórios, um jardim suspenso e outra área de exposição.

PAVTO. TÉRREO

1º e 2º PAVTOS.

Fig. 75.


3ยบ e 4ยบ PAVTOS.

5ยบ PAVTO. Fig. 76.

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PLANTA MANUTENÇÃO/DEMOLIÇÃO/CONSTRUÇÃO Como pode ser verificado nas plantas ao lado, para a elaboração do Projeto Retrofit, serão mantidas apenas as paredes que formam a fachada do Edifício Diederichsen, respeitando as normas que regem um Patrimônio Histórico, e as que circundam as escadas e elevadores. As paredes e divisões internas serão todas demolidas e todo interior será reformulado com divisórias de DryWall com expessura de 100 milímetros em substituição às originais de aproximadamente 40 centímetros. Além disso, os galpões comerciais do pavimento térreo e as salas dos primeiros pisos ficaram maiores, e as unidades habitacionais perderam as divisões internas que fragmentavam o ambiente.

PAVTO. TÉRREO

1º e 2º PAVTOS. Fig. 77.


3ยบ e 4ยบ PAVTOS.

5ยบ PAVTO. Fig. 78.

49


PLANTA ESTRUTURA METÁLICA Como já dito anteriormente, as paredes internas originais serão demolidas para dar espaço para os novos usos projetados no Retrofit, portanto, para suportar o peso da edificação original, será implantada uma nova estrutura metálica aparente, que diferenciará o patrimônio e a intervenção, deixando claro a intenção do projeto de dar nova vida à um prédio histórico, sem que o mesmo perca a sua identidade. PAVTO. TÉRREO

Fig. 79.

1º e 2º PAVTOS.


PILAR METÁLICO VIGA METÁLICA

3º e 4º PAVTOS.

Fig. 80.

5º PAVTO.

51


PLANTA RETROFIT As plantas apresentadas ao lado e na folha seguinte representam o resultado final do Projeto de Retrofit do Edifício Diederichsen, onde interior, divisão de ambientes e usos foram alterados, mantendo apenas as características originais da fachada do primeiro “arranha-céu” de Ribeirão Preto.

PAVTO. TÉRREO

Fig. 81.

1º e 2º PAVTOS.


3ยบ e 4ยบ PAVTOS.

5ยบ PAVTO. Fig. 82.

53


PLANTA COTADA

PAVTO. Tร RREO

Fig. 83.

1ยบ e 2ยบ PAVTOS.


3ยบ e 4ยบ PAVTOS.

Fig. 84.

5ยบ PAVTO.

55


PLANTA MOBILIADA Como sujestão de projeto de interiores, as plantas mobiliadas apresentam possibilidades de uso de espaços comerciais e residenciais seguindo a premissa de criar ambientes multifuncionais onde as divisórias se dão por meio de objetos funcionais e não simples barreiras.

PAVTO. TÉRREO

1º e 2º PAVTOS. Fig. 85.


3ยบ e 4ยบ PAVTOS.

Fig. 86.

5ยบ PAVTO.

57


CORTES ESQUEMÁTICOS A seguir veremos os cortes transversal e longitudinal do Edifício Retrofit onde é possível ver analisar diferença de níveis, número de pavimentos e acessos.

Fig. 87: Corte AA

CORTE AA Fig. 89: Corte AA

Fig. 88: Perspectiva do Corte AA


CORTE BB Fig. 90.

Fig. 91: Corte BB

Fig. 92: Perspectiva do Corte BB

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5.10 - Perspectivas

Fig. 93.

Inserido no quadriltero mais tradicional de Ribeirão Preto, o Edifício Diederichsen tem sua maior fachada voltada ao “calçadão”, via exclusiva para trânsito de pedestres e as outras duas, onde o acesso acontece pelo restaurante e pelo teatro, abertas para o trânsito de veículos. À sua volta estão edifícios altos, que impedem a insolação excessiva e a Praça XV, que leva área verde e lazer à área. Além disso, a proximidade com o Teatro Pedro II e com a tradicional choperia Pinguim faz com que a região seja a preferida dos turistas que chegam à cidade.


Fig. 94: Perspectiva do acesso pela Exposição e Teatro (R. São Sebastião)

Fig. 95: Perspectiva do acesso pelo Restaurante (R. General Osório)

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5.11 - Interiores Como projeto de interiores foram propostos ambientes comerciais, de serviço e residenciais, que mesclam estilos e propostas. O primeiro deles é o restaurante principal, localizado no pavimento térreo na fachada da Rua General Osório. Neste ambiente o projeto de interiores está voltado ao contexto histórico da construção do Edifício Diederichsen, buscando conectar os visitantes com o passado glorioso da cidade e com o estilo deste patrimônio: o Art Deco.

Fig. 96: Perspectiva do acesso pelo Restaurante (R. General Osório)

Além de restaurante, a proposta é que o espaço abrigue um “café intelectual”, onde os visitantes se sintam à vontade para retirar e deixar exemplares na estante. O acesso se manteve como no projeto original, pelas largas portas retráteis, iguais em todo perímetro do edifício. E, o estilo do mobiliário, revestimentos e itens decorativos remontam um ambiente característico da década de 1930.


Fig. 97: Perspectiva do interior do Restaurante

Seguindo as características mais tradicionais do estilo Art Deco, o ambiente é composto por cores fortes, principalmente o vermelho e o preto. Além disso, o conjunto de mesas e cadeiras tem como destaque o mármore e o metal dourado, materiais muito usados na época original do Diederichsen. Podemos observar também o padrão geométrico utilizado no revestimento do piso, na estampa do tapete e na lateral do balcão do bar, que também tinham espaço garantido nos anos 30. Nos lounges dos cafés, notamos a presença de sofás vermelhos com cantos arredondados e sem pés aparentes e de mesas de centro que misturam madeira, vidro e metal, materiais e catacterísticas que remetem à época Art Deco. Além disso, a cadeira “BRUNO” desenvolvida por Mies Van der Rohe, também tem seu espaço no projeto e, mesmo que modernista, surgiu na mesma época de construção do edifício e transporta o usuário aos anos 30. As cores das paredes internas seguem o tom amarelado das fachadas do edifício e os espelhos na parede principal, além de também serem referência do estilo, ampliam o ambiente.

63


Fig. 98: Perspectiva do interior do Restaurante

Deste ângulo do restaurante é possível observar a ante-câmara que separa os sanitários do salão principal. Para remontar um ambiente ainda mais realista, os lavatórios e os espelhos são característicos do estilo da época. Podemos observar ainda, no canto direito da imagem, o caixa do restaurante e o balcão instalado na ultima parede do salão, onde os clientes podem consumir bebidas e petiscos ou esperar sua mesa. A proposta do projeto de interiores é aproximar os moradores e visitantes de Ribeirão Preto ao passado glorioso da cidade, fazendo com que os mesmos conheçam e se sintam parte do estilo predominante na época em que essa região era de suma importância para a economia do país.


Nos pavimentos de comércio e serviço, 1º, 2º e 5º, as unidades tem configurações diferentes e utilizam sanitários comunitários para cada pavimento. Como modelo, foram escolhidas duas unidades do quinto andar, onde as salas estão centralizadas no pavimento e nos extremos do mesmo se localizam um café aberto e uma área para exposições.

Fig. 99: Vista superior do 5º pavimento.

Com as salas centralizadas, cada unidade fica com dois acessos, sendo um deles para a fachada principal do edifício, onde se localizam as maiores aberturas, inclusive as sacadas.

Fig. 100: Vista superior das unidades comerciais.

As salas, com duas faces de vidro e duas de drywall podem ser configuradas de acordo com a necessidade do usuário e, assim, servir diferentes atividades de comércio e serviço. 65


Já nas habitações, o projeto de interiores foi pensado para o estilo de vida próprio de cada usuário. Seguindo o partido arquitetônico da multifuncionalidade e planta livre, foram escolhidas três unidades habitacionais para exemplificar a flexibilidade do projeto.

Fig. 101: Planta do Pavimento Habitacional com destaque para as unidades escolhidas.

A primeira habitação modelo, unidade A destacada na planta, tem aproximadamente 45 m² e foi pensada para um único usuário: uma jovem solteira, de 24 anos, estudante de teatro. Dentre as necessidades da jovem, estão um bom espaço para realizar ensaios e fotografias, lugar para receber amigos para jantar e necessidade de grande espaço para armazenamento. Com estilo descontraído e contemporâneo, todo projeto de interiores foi pensado para suprir suas necessidades e imprimir seu estilo pessoal. Fig. 102: Detalhe da planta da unidade A


Fig. 103: Vista Superior da unidade A

Seguindo o conceito livre e os gostos do usuário, o projeto de interiores mistura cores, texturas, objetos e estampas diferentes, criando um ambiente contemporâneo e divertido. A parede rosé com o busto de alce traz alegria ao ambiente e faz contraste com a parede verde logo ao lado. A mistura de materiais que formam o jogo de jantar dão um ar descontraído ao projeto e formam uma dupla harmoniosa com o conjunto de cadeiras da “sala de estar”. Os armários são de mdf com revestimento que imita madeira, o chão de porcelanato bege e as paredes variam entre cimento queimado, rosé, branco e vegetação falsa. Os objetos decorativos são poucos, mas suficientes para deixar o espaço com a cara de seu usuário. Os quadros com formas geométricas ao lado da televisão, sobre a parede de cimento queimado quebram a rusticidade do revestimento e levam feminilidade à área. Além disso, os vasos de porcelana, peça de decoração clássica, contrastam com o busto e com a parede verde, deixando a unidade eclética e divertida. O ambiente é formado por um grande cômodo que abriga sala, quarto e cozinha e um banheiro completo.

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Fig. 104: Perspectiva do interior da unidade A

Fig. 105: Perspectiva do interior da unidade A

O mobiliário sob medida está concentrado em duas paredes da unidade, e “abrigam” cozinha, armário e quarto. Nas imagens acima podemos observar que as portas abertas revelam compartimentos onde estão geladeira, pia, cooktop, forno e armários e, quando fechadas, deixam o ambiente livre para qualquer situação, seja ela receber convidados ou manter a casa organizada.


Fig. 106: Perspectiva do interior da unidade A

Fig. 107: Perspectiva do interior da unidade A

Deste outro ângulo é possível observar a relação sala/quarto. Os armários, quando fechados, deixam o espaço livre para receber amigos ou realizar ensaios e, quando abertos, transformam o ambiente em quarto. Existe bastante espaço para armazenamento e também uma pequena área para sentar-se e assistir televisão. 69


Fig. 108: Perspectiva do interior da unidade A

Fig. 109: Perspectiva do interior da unidade A

O ambiente projetado prova que é possivel ter uma unidade habitacional que supre todas as necessidades do usuário sem a existência de barreiras e divisões. O resultado é um grande cômodo multifuncional que abriga várias tarefas e funções sem perder a estética e o estilo, não necessitando grandes espaços.


A segunda habitação modelo, unidade B destacada na planta, são, na verdade, duas, que exemplificam a opção do usuário de comprar e unir mais de um apartamento para que os mesmos se adequem à suas necessidades. As duas unidades juntas formam um apartamento de aproximadamente 100 m² onde os usuários são um casal de jovens adultos e seu filho pré-adolescente. O programa de necessidades abriga um quarto para o casal, um para seu filho, que tenha espaço para estudos, uma área para leitura, sala de estar e sala de jantar.

Fig. 110: Detalhe da planta da unidade B

Fig. 111: Vista Superior da unidade B

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Fig. 112: Perspectiva do interior da unidade B

A cozinha americana integrada com a sala de estar e com a sala de jantar forma um espaçoso ambiente onde várias atividades podem ser realizadas, inclusive entre convidados e moradores. O banheiro centralizado na unidade funciona como uma divisão entre a área de receber e a área íntima da casa, restringindo o acesso de visitantes e fazendo com que os quartos tenham mais privacidade sem que haja uma barreira brusca no ambiente.


Fig. 113: Perspectiva do interior da unidade B

Na área íntima da unidade, os quartos do casal e do filho são dividos pelos armários. No quarto do casal, generoso e com área de descanso com uma chaise, há muito espaço para armazenamento. Os tons amadeirados do tapete, cabeceira e objetos decorativos levam elegância e sobriedade ao ambiente, além de transmitir tranquilidade ao usuário. Já no quarto do filho, com projeto de interiores no tema de vídeo-game, há espaço para estudar, armazenar brinquedos e roupas e ainda para brincar no chão, onde há um tapete que diverte o ambiente.

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Fig. 114: Perspectiva do interior da unidade B

Em outra perspectiva podemos observar a interação entre os distintos cômodos da casa. O hall de entrada pode servir também como um buffet de apoio no caso de um jantar. O cooktop da cozinha americana faz com que o anfitrião não se isole dentro de um cômodo enquanto os convidados se divertem na sala. A área de leitura, mais reservada, mas ainda parte da área de receber, dá utilidade à uma área da casa que poderia ser esquecido. A sacada, conectada à sala de jantar leva iluminação e ventilação naturais ao interior, aumentando a qualidade de vida dos usuários. Neste projeto, mais uma vez podemos observar a importância do planejamento que faz com que um único cômodo se transforme em vários ambientes capazes de suprir as necessidades de uma família inteira.


Já a terceira habitação modelo, unidade C destacada na planta, tem, aproximadamente, 55 m² e teve seu projeto de interiores criado para um casal, onde ambos trabalham muito e passam pouco tempo dentro de casa, além de viajarem com frequência. Seguindo a premissa da multifuncionalidade do cômodo, a unidade se caracteriza por apenas três ambientes.

Fig. 115: Detalhe da planta da unidade C

Fig. 116: Vista Superior da unidade C

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Fig. 117: Perspectiva do interior da unidade C

Os tons sóbrios puxados para a paleta do marrom levam aconchego ao ambiente e os detalhes em madeira clara e mdf branco e a poltrona azul quebram a seriedade e divertem um pouco o cômodo. A cozinha, compacta e integrada ao ambiente, é utilizada, também, como sala de jantar. O balcão, um pouco abaixo do cooktop, é perfeito para as refeições de um casal com a rotina corrida. Já na parede principal da unidade, um grande espelho dá a sensação de ampliação do espaço. A sala de estar é delimitada pelo tapete, que segue os tons presentes no restante do ambiente, e pelo rack, sobre onde se encontra a televisão que pode ser utilizada ali ou por quem está na cozinha.

Fig. 118: Perspectiva do interior da unidade C


O banheiro, compacto e completo, assim como na unidade B, serve como divisória para a área íntima da casa: o quarto do casal. Este, com abertura para a sacada, é composto por um armário espaçoso, uma cama de casal e duas prateleiras que funcionam como criado mudo. Os tons do papel de parede e da roupa de cama puxam o azul da poltrona da sala para este ambiente, e o tapete, cabeceira e prateleiras seguem os tons de contraste da cozinha, dando unidade ao resultado final.

Fig. 119: Perspectiva do interior da unidade C

As três unidades escolhidas como modelo seguem a premissa da flexibilidade e da multifuncionalidade, mostrando que cada uma pode ser uma “tela em branco” para que cada usuário a transforme em um ambiente que supra suas necessidades e facilite seu dia-a-dia.

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O exercício realizado constituiu em criar novos espaços no centro histórico da cidade onde a população de baixa e média renda possam se conectar com o passado de Ribeirão Preto. Buscando a melhoria na região e a não deteriorização de um patrimônio singular, o projeto propõe uma reforma onde a identidade visual do edifício não é perdida e que apenas agrega valor comercial e cultural ao mesmo e à sua área. A intervenção, que fica clara através do uso de materiais diferentes, tem por objetivo facilitar o dia-a-dia dos usuários do Diederichsen. Levando acessibilidade e a possibilidade de mudança dos ambientes, a nova formulação do projeto de interiores proporciona maior qualidade de vida e bem estar. Com destaque para as unidades habitacionais, a multifuncionalidade proposta prova que não existe a necessidade de barreiras físicas para que novos ambientes sejam criados. Os próprios mobiliários, revestimentos e objetos decorativos presentes no projeto de interiores podem fazer o “papel divisório”, deixando a unidade mais ampla, espaçosa, flexível e acessível à todos que passarem por ali. A execução do projeto Retrofit Diederichsen traria para Ribeirão Preto o conceito, já presente em grandes capitais mundiais, de valorização de regiões e edifícios históricos. Levando segurança à área, movimentando economia da região e realizando a manutenção estética da cidade, o projeto levaria apenas benefícios à população ribeirão-pretana e ao quadrilátero central. Concluo esse trabalho com imensa satisfação em projetar uma reforma que explicite a extrema importância da manutenção e cuidado que devemos ter com edifícios históricos e do projeto de interiores que pode transformar qualquer ambiente e, consequentemente, a vida de seu usuário.

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O Edifício Diederichsen foi escolhido como protagonista deste projeto, por se tratar do edifício mais tradicional de Ribeirão Preto, por ser tombado como patrímônio histórico e, principalmente, por não receber a devida atenção, já que está localizado em uma área histórica, porém desvalorizada. Por se tratar de um patrimônio histórico, o projeto Retrofit Diederichsen mantém toda a fachada original do edifício, incluindo a cor e os elementos de vedação como portas e janelas. Já no interior do edifício, onde as paredes eram originalmente de concreto armado, com espessura média de 30 centímetros, tudo será reformulado. As novas paredes divisórias terão entre 10 e 15 centímetros e um novo sistema estrutural será instalado, uma vez que haverá muita modificação no original, que é muito antigo. Tal sistema estrutural é composto por vigas e pilares metálicos em perfil I, já que este material permite grandes vãos livres, além de cada elemento ocupar pouco espaço. Neste quesito é que a intervenção fica clara aos usuários. Já que não seria viável alterar as paredes da fachada e as lajes originais para embutir os elementos estruturais, os mesmos ficarão desprendidos de todo o resto do edifício, mostrando à todos que o projeto buscou manter características originais, mas trouxe ao Diederichsen melhorias ao espaço interno usando tecnologias contemporâneas. O programa manteve o uso misto, acreditando nos benefícios que o mesmo traz à sociedade e à área, tais como o encurtamento de distâncias, a econômia com o rateio de contas do condomínio e a manutenção da atividade comercial, já caractetística da região. No pavimento térreo, a maior alteração será a implantação do restaurante e do teatro, que são partes imprescindíveis do projeto, já que recebem elementos característicos do Art Deco e da época de 1930, conectando o usuário à história da cidade. Além disso, outra grande mudança ocorrerá nos pavimentos habitacionais, onde cada unidade, reformulada, não contará mais com um espaço reservado para lavanderia, devido à proposta de multifuncionalidade da habitaçã. Entretanto, o usuário pode incluí-la em no projeto de sua unidade ou pode, então, utilizar a comunitária, instalada em cada um dos pavimentos, ao lado de outros equipamentos de uso comum. 79


E, por fim, a última grande mudança acontece no 5º pavimento, onde, no projeto original, era ocupado por um hotel. Neste projeto, o último andar será composto por salas comerciais, espaço de exposições e um café aberto. Tal alteração se deu pela proximidade do edifício com o tradicional Hotel Monreale, e devido à manutenção e número funcionários que um hotel exige, o que poderia não ser vantajoso aos proprietários das unidades habitacionais do edifício. O projeto Retrofit Diederichsen buscou, em todos os aspectos, modernizar o edifício, recolocá-lo na rota cultural e comercial dos cidadãos ribeirão-pretanos e facilitar o cotidiano de seus usuários mantendo, ao máximo, as características originais e a história do mesmo. Através de alterações sutis, porém significativas este trabalho cumpriu o objetivo de mostrar que um patrimônio pode ser reinserido ao dia-a-dia de uma grande cidade sem que se perca seu valor e características históricas que fazem parte da memória cultural de um povo.


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