COMPLEXO DRIVE-IN A Arquitetura como infraestutura urbana Marina Rebelo
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“O mais importante não é a arquitetura, mas a vida, os amigos e este mundo injusto que devemos modificar.” - Oscar Niemeyerr
Universidade de Brasília Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Departamento de Projeto, Expressão e Representação Trabalho de Conclusão de Curso Diplomação 2 | 2.2016 Marina Nascimento Rebelo 120018501 Orientadora: Luciana Sabóia Banca: Ana Elisabete Medeiros, Carolina Pescatori e Cecília de Sá complexo drive-in
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Começo a escrever estes agradecimentos faltando uma semana para a entrega do Projeto, hoje. minha amiga, colega de curso e do projeto Pé na Estrada - Bárbara Gomes - me perguntou se eu precisava de ajuda com algo da Diplomação. São pessoas como ela que me fizeram completar este curso de cinco anos. Não é um curso fácil, longe disso, mas foi com o apoio dos meus pais - arquitetos, minhas amigas de infância, meus colegas da faculdade e a minha perseverança, de que depois da FAU existe um mundo, que eu cheguei até aqui. Gostaria de agradecer, especialmente, meu amigo Fernando Longhi, minha orientadora Luciana Sabóia e as professoras Ana Elisabete, Camila Sant’Anna,Carolina Pescatori e Cecília de Sá, que, direta ou indiretamente, me ajudaram a realizar este trabalho.
Agradecimentos
Este projeto é o Trabalho de Conclusão do Curso, apresentado a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, como requisito para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. O objetivo é a apresentação de um projeto, aqui em escala urbana, do tema definido.
Apresentação complexo drive-in
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Este trabalho propõe uma intervenção no Autódromo Nelson Piquet e no Cine Drive-in, único ainda em funcionamento na América Latina, localizados no Plano Piloto de Brasília. Nesse caderno serão apresentadas diretrizes urbanas e o projeto de intervenção para a área citada, as diretrizes são resultado de análises acerca do contexto histórico, do sítio físico, da cidade, do cinema e de estudos caso referente ao tema. Uma das questões mais importantes tratada no trabalho é a potencialidade automobilística presente no local, consequência de uma cidade cujo desenho urbano possui alguns padrões rodoviaristas. Esta potencialidade e este contexto direcionam o trabalho à uma intervenção que busca a sobrevivência de um espaço de lazer com história e significado. Mas, além desta, existe outra potencialidade: a de um espaço público de qualidade que será coração de várias conexões urbanas importantes que hoje não são exploradas. Sendo assim, a intervenção busca integrar espaços públicos importantes das Asas Sul e Norte - Parque Sarah Kubitschek e Parque Burle Marx - passando pelo Setor Recreativo Parque Norte, onde estão locados o Autódromo e o Cine Drive-in, tratando a arquitetura como infraestrutura urbana.
Resumo
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Sumário
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Introdução Patrimônio moderno, Brasília e o cine drive in Espaço projetado: “Brasília, capital aérea e rodoviária...” Espaço construído: consolidação e transformações do Setor Recreativo Parque Norte Ginásio Claudio Coutinho Autódromo Internacional Nelson Piquet Ginásio Nilson Nelson Estádio Nacional Mané Garrincha A trajetória do cine drive in Cinema e espaço urbano Autocines O cine drive in O drive in e outros cinemas no DF Cine Drive-in: o sítio e a legislação Região administrativa 1 Relatório do plano piloto – escala bucólica PDOT – zona urbana o conjunto tombado PPCUB – área de preservação 9 O setor recreativo parque norte e seu entorno Topografia Condições Bioclimáticas Acessos e obstáculos Programa atual Lunar Drive-in: simultaneidade de usos e outros casos Lunar drive in Autocine Gijón Vivo open air Stars and Stripes Proposta de intervenção: O Complexo Drive-in Conexão urbana – pedestres e ciclistas Multiplicidade de usos - projeto e conceitos Desenvolvimento do partido arquitetônico Sistema Estrutural Programa Desenhos Técnicos Imagens Detalhes Bibliografia
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Kombi
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Introdução Brasília vem sofrendo uma transformação na dinâmica da cidade, quando o assunto é ocupação urbana. A retomada do uso dos espaços públicos vem crescendo exponencialmente nos últimos anos, através de feiras, encontros gastronômicos, apresentações artísticas e esportivas, festas e etc, que reúnem uma população diversa do Distrito Federal em um único espaço, até então em uso escasso. Esta reapropiação “da rua” é pertinente em determinados locais e bem recebida pelos moradores locais, sendo assim, o Cine Drive-in, que se encontra urbanisticamente isolado, é objeto perfeito para uma reocupação. O cinema está localizado no Setor Recreativo Parque Norte (SRPN), dentro do Autódromo Nelson Piquet, juntamente com o Kartódromo, e muito próximo ao novo “bairro” da cidade: o Noroeste. Infelizmente, os arredores não possuem acessos que não de carro além da falta de equipamentos urbanos que tornem a área atrativa para todos os tipos de público, em todos os dias e horários. Isso demonstra a potencialidade não explorada não só do cinema mas do autódromo, e por isso, o projeto tem como objetivo intervir na área, afim de criar uma nova dinâmica com o entorno citado, isso se dará também através de conexões urbanas implementadas com o auxílio de novos modais de transporte e programas que visam valorizar o patrimônio local e criar um percurso ligando os parques das Asas - Sarah Kubitschek e Burle Marx cruzando o Eixo Monumental e passando pelo objeto de intervenção.
Mapa Brasil. Fonte: autora Mapa das Regiões Administrativas do Distrito Federal - RA1 em destaque. Fonte: autora
Croqui Plano Piloto - Lucio Costa
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BrasĂlia
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Patrimônio moderno, Brasília e o Cine Drive-in Durante o seu período de construção, Brasília trouxe ao centro do país milhares de pessoas que buscavam um futuro na nova capital, que deveria apresentar as características de uma época moderna locada no auge da indústria automobilística. A imagem da cidade sempre foi atrelada ao modernismo, as vias e a propaganda do uso do automóvel. A cidade, muitas vezes conhecida como “a cidade para o carro”, é consequência de um projeto urbano que primava pelos grandes eixos rodoviários, nos anos 60, quando a indústria automobilística era uma das principais alavancadoras da economia brasileira. Em virtude disto, a cidade modernista de Brasília conta com um autódromo e um auto-cinema, programas de lazer voltados para o carro, locados ao lado de uma das principais vias da cidade, o Eixo Monumental. O Cine Drive-in de Brasília, único em funcionamento, hoje, em toda América Latina, teve seu auge nos anos 80. Porém, atualmente, é pouco frequentado pela população local, fator direto para sucatização do espaço, que teve início no final do século XX. Já o Autódromo Nelson Piquet possui a mesma estrutura desde sua inauguração, em 1974, hoje o local encontra-se fechado, após a suspensão, em 2014, da obra iniciada no mesmo ano. Sendo assim, se observa a necessidade de uma intervenção no local, a fim de reocupalo. Isso será possível através da reurbanização que se dá, também, com a agregação de novos usos à área, usos esses compatíveis com o projeto original. O trabalho propõe, então, uma intervenção na grande poligonal do Autodrómo de Brasília e seu entorno imediato. Essa intervenção se dará a partir de análises sobre o sítio, contexto histórico, objetos de estudo e demais referências relevantes ao tema proposto.
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Fusca
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Espaço projetado: “Brasília, capital aérea e rodoviária...” Brasília é produto, a priori, do projeto de Lúcio Costa para a nova capital federal. No Relatório do Plano Piloto, 1957, o arquiteto menciona diversas vezes a importância das características rodoviárias contidas no projeto:
“Fixada assim a rede geral do tráfego automóvel, estabeleceram-se, tanto nos setores centrais como nos residenciais...” (COSTA, 1957, p. 05) “Desse modo e com a introdução de três trevos completos em cada ramo do eixo rodoviário e outras tantas passagens de nível inferior, o tráfego de automóveis e ônibus se processa tanto na parte central quanto nos setores residenciais sem qualquer cruzamento. ” (COSTA, 1957, p. 04) “... houve o propósito de aplicar os princípios francos da técnica rodoviária — inclusive a eliminação dos cruzamentos — à técnica urbanística, conferindo-se ao eixo arqueado, correspondente às vias naturais de acesso, a função circulatória tronco, com pista s centrais de velocidade e pistas laterais para o tráfego local...” (COSTA, 1957, p. 02) “O sistema de mão única obriga os ônibus na saída a uma volta, num ou noutro sentido...” (COSTA, 1957, p.08) “ O tráfego de automóveis se processa sem cruzamentos, e se restitui o chão, na justa medida, ao pedestre. E por ter o arcabouço tão claramente definido, é de fácil execução: dois eixos, dois terraplenos, uma plataforma, duas pistas largas num sentido, uma rodovia no outro...” (COSTA, 1957, p.15)
Croqui Eixos, Brasília - Oscar Niemeyer.
Observa-se, então, nesse contexto urbano planejado e executado, que a implementação de um cinema cujo foco era atender essa população, que veio à Brasília em busca de um futuro em uma cidade moderna, não é um programa distante da realidade da época. Ocorre que, hoje, essa realidade ainda se mantém. Grande parte da população do Plano Piloto circula de carro, outro fator a ser considerado é o fato que hoje só é possível chegar no local - Autódromo e Cine Drive-in - de carro, onde os acessos são através de pontes. Croqui Eixo Monumental - Lucio Costa.
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Gordini
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Espaço construído: consolidação e transformações do Setor Recreativo Parque Norte
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04.1. Ginásio Claudio Coutinho
As instalações do Complexo Esportivo Ayrton Senna, como é conhecido o Setor Recreativo Parque Norte, começaram a ser erguidas na década de 1970. Além do Estádio Mané Garrincha, o Complexo conta com dois ginásios - o Nilson Nelson e seu anexo, em uso, e o Claudio Coutinho, abandonado - bilheterias, banheiros, quadras poliesportivas com arquibancadas, piscinas, quadras de tênis, o cine drive-in, o autódromo, o kart, pátios e áreas verdes. O Ginásio Claudio Coutinho está interditado há 15 anos, por problemas estruturais. Em 2005, o governo chegou a anunciar recursos para uma reforma no local, mas nada foi feito. As instalações do complexo esportivo começaram a ser erguidas na década de 1970. Inicialmente, o ginásio era somente uma piscina coberta, em seguida, a piscina foi substituída por quadras de esportes e pelo ginásio coberto, com capacidade para 2,4 mil espectadores.
Ginásio Claudio Coutinho. Fonte: http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2015/09/gdf-busca-parceria -privada-para-reformar-ginasio-claudio-coutinho.html
04.2. Autódromo Internacional Nelson Piquet Desde a inauguração, em 1974, o Autódromo Internacional Nelson Piquet recebeu incontáveis carreiras nacionais e internacionais. A pista foi inaugurada com uma prova de Fórmula 1, vencida pelo brasileiro Emerson Fittipaldi. Ao longo de décadas, o autódromo sediou a Fórmula 3 Sul-Americana, a Fórmula Truck, a Stock Car, o Campeonato Brasileiro de Motovelocidade, entre tantas outras categorias. Foi nos 5,5 quilômetros de asfalto bem planejado que o tricampeão mundial de Fórmula 1, Nelson Piquet, deu suas primeiras arrancadas, assim como o filho Nelsinho Piquet. Foi também no local que Felipe Nasr começou no kart e hoje, aos 22 anos, o piloto é um dos representantes do Brasil F1. Há quase 15 anos, o local voltou para as mãos do Estado e, de lá para cá, nada muito complexo foi feito ali. A estrutura é praticamente a mesma de quando foi criado, com apenas alguns ajustes pontuais, a maior parte deles bancada pelos organizadores dos eventos particulares sediados no autódromo. Hoje o autódromo encontra-se fechado, após a suspensão de uma obra em 2014. Autodrómo Nelson Piquet, anos 80. Fonte: http://blogdojovino.blogspot.com.br/2010/06/reminiscencias-brasilienses-inauguracao.html
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04.3. Ginásio Nilson Nelson
O Ginásio Nilson Nelson, inaugurado em 1973, recebe jogos da NBB (liga nacional de basquete), e da Superliga (liga nacional de voleibol), além de outros vários eventos esportivos, tem capacidade para pouco mais de 16 mil espectadores sentados. O projeto arquitetônico do ginásio foi concebido pelos arquitetos Ícaro de Castro Mello, Eduardo de Castro Mello e Cláudio Cianciarullo inspirado justamente em uma tabela de basquete. Em 1º de janeiro de 1991, seu teto desabou devido a um forte temporal e só foi reconstruído após alguns anos. Em 2008, a arena passou por uma reforma, com projeto do arquiteto Eduardo de Castro Mello para abrigar o Campeonato Mundial de Futsal daquele ano.
Ginásio Nilson Nelson. Fonte: http://www.apontador.com.br/local/df/brasilia/esportes/ C404117913212D2126/ginasio_de_esportes_nilson_nelson.html
04.4. Estádio Nacional Mané Garrincha Inaugurado em 1974, o Estádio Nacional Mané Garrincha tinha a capacidade de acomodar 45.200 pessoas, hoje esse número supera os 70mil. Antes da reconstrução, o estádio abrigava um complexo esportivo com vestiários, sala de fisioterapia, alojamento, restaurante e academias. Além de contar com uma escolinha de futebol, o estádio possuía ambiente, ainda, para a prática de outras modalidades, como judô, ginástica, capoeira e dança. Após a reconstrução, o estádio passou a contar, na parte interna, com 335 vagas de estacionamento para carros até o terceiro subsolo, além de auditório, posto policial, médico e de saúde, juizado de menores, cinema, centro de convenções e teatro. Externamente, hoje, são quase 100 mil m² de espaço para ônibus e estacionamento VIP com 222 vagas, além de oito mil vagas no estacionamento público.
Estádio Nacional Mané Garrincha. Fonte: http://www.copa2014.gov.br/pt-br/noticia/confira-o-balanco-das-atividades-do-estadio-mane-garrincha-em-2013
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Lotus
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A trajetรณria do Drive-in
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05.1. Cinema e Espaço Urbano
Segundo MENOTTI, 2012, em um primeiro momento não existia o espaço “cinema”, a maioria das apresentações eram itinerantes, seu lugar foi sendo criado aos poucos, na medida em que se conciliava uma prática econômica viável. “As primeiras exibições cinematográficas, ocorridas entre 1895 e 1907, são chamadas de “cinema de atrações”, uma vez que compreendiam uma “variedade de gêneros” e “espetáculos descontínuos”. (CHARNEY & SCHWAR apud MENOTTI, 2012, p.29).
Foi então, após as mudanças tecnológicas que surgiu a demanda de salas nos bairros, e foi aí que o cinema retomou as suas origens: atração em um local acessível a toda a população, a rua. As salas destes cinemas eram menores e passavam filmes um pouco mais tarde pois estavam mais próximas aos usuários.
Ainda, segundo MENOTTI, 2012, os próprios criadores dos dispositivos cinematográficos eram quem produziam os filmes, pois durante a exibição um filme sozinho não era suficiente. Por razões técnicas as obras duravam pouco tempo o que obrigava os mesmo a aglomerar várias no mesmo “programa”, quase como sessões. As exibições normalmente eram em espaços livres públicos onde já aconteciam circos e outros eventos populares.
05.2. Autocines
Já no Brasil a falta de espaços para as exibições era consequência da predominância dos espaços rurais: “Esse momento, chamado de provinciano, corresponde ao período em que a cidade ainda está submissa ao mundo rural, a cidade ainda não se constituiu, as atividades acontecem fora da cidade, de forma improvisada” (SANTORO, 2013, p.02). Tempos depois começam a surgirem edifícios que recebem as exibições: “Espaços destinados exclusivamente para a exibição cinematográfica começaram a se popularizar por volta de 1905. Eram chamados nickelodeons, um termo que combina com a palavra grega para teatro, Odeon. ” (MENOTTI, 2012, P.3)
Em 6 de junho de 1933, Richard Hollingshead inaugurou o primeiro estabelecimento desse tipo em Camden (Nova Jersey). Os 600 espectadores que foram à estreia pagaram US$ 0,25 para entrar com seu carro e o mesmo valor por cada ocupante do veículo para poder assistir ao filme. O anúncio publicado para atrair o público: “Toda família é bem-vinda, sem importar quão barulhentas sejam as crianças”. A ideia original surgiu como resposta a um problema familiar, já que a mãe de Hollingshead era gorda demais para caber nos assentos de uma sala de cinema. “Portanto, decidiu colocá-la em um carro, pôr um projetor de 1928 na capota e amarrar dois lençóis nas árvores de seu jardim”, contou Jim Kopp, da Associação de Proprietários de Drive-in’s dos Estados Unidos, para a Instituição Smithsonian.
As saletas onde passavam as exibições eram insalubres e impróprios para aglomeração de pessoas, por serem, no geral, espaços improvisados e em distritos comerciais. Essa configuração espantava a elite burguesa que não queriam passar horas trancadas no escuro.
O pioneiro continuou testando durante alguns anos até conseguir o sistema de rampas necessário para que os carros pudessem estacionar em diferentes alturas e não impedissem a visibilidade dos outros espectadores. Hollingshead patenteou a ideia em maio de 1933, abriu as portas de seu próprio drive-in no mês seguinte (custou US$ 60 mil e tinha espaço para 400 carros).
“Logo, se a indústria cinematográfica precisava se expandir, a forma de fazê-lo era absorvendo o público burguês, surge então uma nova tipologia de cinemas, os Movie Palaces – Palácios Cinematográficos, um espaço marcado pela separação entre a sala de projeção e a arena social, com carpetes luxuosos e mordomias correlatas” (MENOTTI, 2012, p.40)
A verdadeira eclosão da invenção chegou na década seguinte, com a instalação de alto-falantes dentro dos veículos, uma vantagem em comparação com o único som que havia quando o drive-in começou. Posteriormente, foram substituídos pela transmissão através de uma emissora de rádio através da qual era possível sintonizar do interior do carro.
Esses palácios normalmente estavam localizados nos centros urbanos e exibiam uma arquitetura Art Déco. No Brasil os Palácios Cinematográficos chegaram nas principais capitais, especialmente em São Paulo, como por exemplo o UFA Palace, do arquiteto Rino Levi.
Os E.U.A chegou a ter mais de 4 mil destas instalações em todo o território, embora tenham se concentrado, sobretudo, nas áreas rurais. Hoje, após duas décadas de franca decadência, voltam a ressurgir como peça nostálgica, mas já direcionada quase exclusivamente à família e em um número reduzido, por volta de 400.
Porém, nos anos 30, com a quebra da bolsa de Nova Iorque a crise econômica se instalou, e as pessoas não tinham mais dinheiro para ir ao cinema assistir as produções. A situação se agrava na década de 50 com o surgimento dos televisores nas casas. De acordo com MENOTTI, 2012, foi preciso, então, repensar as práticas de exibição e com isso surgiram o som estéreo e a tela panorâmica, a fim de criar um diferencial da exibição de filmes e telenovelas na TV.
Essa diminuição no sucesso do drive-in começou a partir dos anos 80, devido ao auge do valor das terras, além do emprego do vídeo e da televisão a cabo. Apesar de o conceito em si de ver filmes fora de uma sala de cinema não fosse novo, foi necessário este vendedor de peças para carros para transformar em realidade a genial ideia de fundir a paixão americana por longas e os automóveis
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05.3. O Cine Drive-in
05.4. O Drive-in e os outros Cinemas do DF
O Cine Drive-in de Brasília é o último em funcionamento na América Latina e corre o risco de ser desativado. O cinema foi inaugurado em 1973, possui a maior tela de projeção cinematográfica do país, com 312 m², inicialmente tinha capacidade para 600 carros, mas depois da implementação do kart no local, em 2000, esse número diminuiu para 400 carros. Além de uma opção de lazer para famílias, namorados e cinéfilos, nesses 40 anos se consolidou como parte da história da cidade e de seus moradores com um público mensal estimado de 1500 espectadores.
Na época da inauguração do Cine Drive-in haviam apenas 12 outras salas de cinema no Distrito Federal. Atualmente o Drive-in compete olhares com mais de 80 salas, distribuídas em 15 cinemas no DF. Segundo Marta Fagundes, dona e administradora do cinema, o local sobrevive devido à suas características únicas.
No ano de 2014, o cinema passou pela possibilidade de ser fechado devido às reformas do Autódromo, que poderiam acarretar na extinção do local. A iniciativa intitulada Urbanistas por Brasília, composta por arquitetos urbanistas, criou um abaixo-assinado pela proteção do local. O Governo do Distrito Federal, em agosto do mesmo ano, decidiu que o local deveria ser preservado frente às reformas do autódromo. Apesar do provável tombamento do local, o Cine Drive-in foi imortalizado no cinema com duas produções. O primeiro, Cinema sob o Céu (2014) é um curta metragem documentário de Cláudio Moraes que conta a história do local e já passou em festivais como o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e o Curta Brasília. Já o segundo, O Último Cine Drive In (2014), trata-se de um longa-metragem ficcional de Iberê Carvalho que já rodou festivais pelo Brasil e o mundo, e teve a estreia no próprio Cine Drive In. Após a exibição do segundo o Drive-in voltou a ganhar espaço e público na capital.
Mapa dos cinemas existente no Distrito Federal. Fonte: autora
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Mustang
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Cine Drive-in: o sítio e a legislação
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06.1 Região Administrativa 1 A denominado de “Região Administrativa I” (RA-I) do Distrito Federal, conhecida como “Plano Piloto”, é composta, atualmente, pela área urbana tombada (Plano Piloto) e pelo Parque Nacional de Brasília. É dividida em diferentes setores, como as Asas Sul e Norte, Setor Militar Urbano (SMU), Sudoeste, Noroeste, Setor de Indústrias Gráficas (SIG), Granja do Torto, Vila Planalto e Vila Telebrasília. A área total é de 472km², com uma população aproximada de 222.000 habitantes. Porém, esse número aumenta dos dias de semana em horário comercial, pois grande parte dos habitantes das demais RA’s trabalham no Plano Piloto - RA I.
Noroeste
Asa Norte
06.2. Relatório do Plano Piloto - escala bucólica
Burle Marx
SMU SGO SRPN
SMHN SRTVN Eixo Monumental
Escala Bucólica
SCN SHN
Escala Residencial Escala Gregária Escala Monumental
SIG Parque da Cidade
SHS SRTVS
Mapa das Escalas do Plano Piloto. Fonte: https://mdc.arq.br/2011/02/17/da-insustentabilidade-do-plano-piloto/
SCS
Asa Sul
SMHS
Mapa dos setores do entorno do Cine Drive-in. Fonte: autora
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06.3. PDOT – zona urbana o conjunto tombado
Mapa geopolítico do Distrito Federal. Fonte: IBGE
Áreas de zoneamento DF. Fonte: PDOT
06.4. PPCUB – área de preservação 9, unidade de preservação 3
SRPN - Unidade de Preservação 3, área de preservação 9. Fonte: PPCUB
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06.5. O Setor Recreativo Parque Norte e seu entorno
O SRPN compõe a escala bucólica proposta por Lucio Costa no Relatório do Plano Piloto de Brasília, apesar de abrigar construções com características monumentais, como o Autódromo Nelson Piquet, Estádio Mané Garrincha e os Ginásios Nilson Nelson e Cláudio Coutinho. O setor fica às margens do Eixo Monumental, do lado norte da cidade .Além dessas construções, o Autodrómo abriga o Kart e o Cine Drive-in e está próximo do CMB (Colégio Militar de Brasília), da Torre de TV, do Palácio Buriti e do Museu do Automóvel. Devido a sua localização, o setor encontra-se entre os dois parques urbanos de Brasília. Além disso, não se pode esquecer a próximidade do setor com a escala residencial (Asa Norte e Noroeste) e o número alto de usuários em potencial que poderiam estarutilizando esse espaço de várias formas. Mapa do entorno do SRPN. Fonte: autora
Relação do SRPN com os parques. Fonte: http://rolezinhopelomundo10.blogspot.com.br/2015/06/a-monumental-brasilia.html com modificações
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Mapa dos usos do entorno do SRPN. Fonte: autora Residencial
Misto
Lazer/esportivo
Comercial
Institucional
Área verde
Foto aĂŠrea Setor Recreativo Parque Norte. Fonte: http://www.copa2014.gov.br/es/node/41138:
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06.6. Topografia
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A área de intervenção está localizada no na gleba norte do Plano Piloto na parte alta do Eixo Monumental, próxima a EPIA. Como o “terreno” tem dimensões urbanas, entre a parte mais oeste (xxxx m) e a mais leste (xxxx m) da área de internvenção existe uma diferença de altura de xx metros. O Autódromo Nelson Piquet é cercado por um talude de aproximadamente 6 metros e um muro de 5 metros, em todos os lados. O polígono do Cine DriveIn e Kart é separado das pistas do autódromo, também, por um muro e pequeno talude, e além disso o cinema é segregado do kart por outro muro.
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06.7. Condições bioclimáticas
Carta solar de Brasília. Fonte: LabEEE, UFSC.
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06.7. Fluxos, acessos e obstáculos
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06.7.1. Carro
Foto arredores Autódromo. Fonte: autora
3
2
5
4
3 2 1
Foto ponte Cine Drive-in. Fonte: autora
Foto exterior Cine Drive-in. Fonte: autora
4
Foto muros Autódromo. Fonte: autora
5
Escala 1:20.000 Mapa dos possíveis acessos ao Cine Drive-in de carro e indicação das vistas. Fonte: autora
Foto muros Autódromo. Fonte: autora
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06.7.2. Bicicleta
Mapa das ciclovias na imediaçþes do SRPN. Fonte: autora.
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06.7.3. Pedestres
Fluxograma atual do Cine Drive-in. Fonte: autora.
Fluxograma de pedestres da intervenção - Complexo Drive-in. Fonte: autora.
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06.8. Programa atual O Museu do Automóvel, tem uma preocupação didática, informativa, para explicar aos seus visitantes a importância do automóvel no desenvolvimento brasileiro, e ilustrar com veículos, textos, peças, acessórios, literatura, as referências das histórias que ali relembra e conta. Sua área é de aproximados 1800 m², sendo metade para a exposição de acervo próprio e de colecionadores, totalizando 38 carros; parte para eventos e exposições temáticas; e a maior biblioteca especializada no país, com mais de 7.000 fontes de consulta sobre veículos e transporte. O Autódromo Nelson Piquet foi inaugurado em 1974 para uma corrida de Fórmula 1 extracampeonato. De 1996 a 2006 Nelson Piquet foi o arrendatário do autódromo, que hoje pertence ao governo do Distrito Federal e encontra-se inativo, com uma reforma suspensa. Possui seis curvas para a esquerda e seis para a direita. A extensão é de 5.475,58 metros e a maior reta tem 750 metros. Construído no final de 2003 com todo o cuidado para se tornar a melhor opção de kart na região Centro-Oeste, o local abriga 1100 metros de pista com dimensões oficiais (largura de 8 metros, suficiente para que 5 karts fiquem lado a lado, sem se tocar), o que possibilita inclusive receber um campeonato profissional de kart, entre outras características. Hoje você pode alugar o kart por cerca de 30 minutos e realizar um dos vários circuitos. O Cine Drive-in de Brasília é o último em funcionamento na América Latina, mas corre o risco de ser demolido. O cinema foi inaugurado em 1973, possui a maior tela de projeção cinematográfica do país, com 312 m² e tem capacidade para até 500 carros. Além de uma opção de lazer para famílias, namorados e cinéfilos, nesses 40 anos se consolidou como parte da história da cidade e de seus moradores com um público mensal estimado de 1500 espectadores.
Cine Drive-in e Kart. Fonte: Google Earth com modificações da autora
LEGENDA: 1. telão 2. churrascaria desativada 3. cozinha/administração 4. entrada/bilheteria 5. banheiros 6. estacionamento 7. oficina/garagem 8. sede/camarote/cozinha 9. pistas kart Mapa relação Cine Drive-in e Museu do Automóvel. Fonte: autora
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Corrida no Kart. Fonte: http://www.folhabv.com.br/noticia/Sabado-de-altos-e-baixos -para-Rafael-Lucena/9161
Autรณdromo Nelson Piquet. Fonte: http://coletivo.maiscomunidade.com/conteudo/2014-11-11/politica/9366/SUSPENSA+LICITACAO+DA+REFORMA+DO+AUTODROMO.pnhtml
Foto ponte deacesso ao Kart,no Autรณdromo. Fonte: Autora
Museu do Automรณvel. Fonte: - http://www.museudoautomovel.org/site/index.php/o-museu
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Foto Cine Drive-in. Fonte: Autora
06.9. Considerações sobre a legilação
Em resumo, a partir do R.P.P.B., PDOT e PPCUB, a legisl ação e recomendações que regem, hoje, sobre a área são: Usos: O principal uso é o esportivo; permitido, também, usos complementares de apoio ao uso predominante, como por exemplo, restaurantes cafés, administração entre outros. complexo drive-in
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Morfologia:
Atividades permitidas: Serviços de alimentação e bebida; atividades culturais, com fins, por exemplo, cinematográficos, musicais, de produção de vídeos e de programas de televisão, ensino de arte e cultura; atividades esportivas, exceto clubes; aluguel de equipamentos esportivos e recreativos; atividades de recreação e lazer, no geral.
Novas edificações deverão possuir gabaritos e densidades compatíveis com a Escala Bucólica: “As extensas áreas livres, a serem densamente arborizadas ou guardando a cobertura vegetal nativa, diretamente contígua a áreas edificadas, marcam a presença da escala bucólica. “ (COSTA, 1987, p. 02) Novos parcelamentos, desmembramentos e re-membramentos não são permitidos. Taxa de ocupação: 100% Coeficiente de aproveitamento: 3 Taxa de coroamento: 65m
Foto Autรณdromo Internacional Nelson Piquet. Fonte: Autora
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Jaguar
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Lunar Drive-in: simultaneidade de usos e outros casos
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07.1. Lunar Drive-in
O cinema abriu em 1953, e possui a maior tela de cinema da Austrália até hoje. O local abriga até 650 carros, e nos fins de semana esse número é constantemente atingido, havendo filas do lado de fora. O espaço conta, também, com cafés, lanchonetes e sala de jogos. Além disso, esporadicamente o espaço recebe exposições de carros antigos, de colecionadores particulares e até de acervos públicos. O Lunar Cine Drive-in está localizado na cidade de Melbourne, no suburbio industrial chamado Dandenong, na Austrália. O local está às margens de uma das rodovias que alimenta esse setor. O cinema movimenta bastante a área durante a noite, especificamente entre 19 e 00h, quando as sessões ocorrem. O espaço conta com um café/bomboniere que vende lanches para quem quer assistir os filmes, mas também possui um espaço externo para aqueles que querem ir lá só sentir o clima de um cinema à céu aberto.
Drive-in americano. Fonte: http://www.maiorlegal.com.br/os-80-anos-do-cinema-drive-in/
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Todo o sucesso é produto de um cine drive-in que possui 4 telões, um em cada extremidade do terreno. Cada telão possui um estacionamento com vagas direcionadas individualmente para a mesma, criando assim 4 zonas. A programação vária entre filmes iguais nas 4 telas, quando é um “blockbuster”, a 2, 3 e até 4 filmes distintos passando ao mesmo tempo, como num cinema convencional, onde cada sala projeta um filme. Isso é possível graças ao som, que é transmitido individualmente através da sincronização da rádio específica para este ou aquele filme. Assim como em demais cine drive-in, a bilheteria e a programação encontram-se na guarita de entrada. É possível também verificar os horários e filmes de cada sessão pelo site do cinema, que também anuncia eventos especiais esporádicos. O que mais interessa nesse projeto é o fato que em um único espaço exista tantos usos, usos estes que complementam um ao outro, criando um local de lazer que sobreviveria caso um dos vários programas parasse de funcionar. É essa multiplicidade de usos que se procura tingir com o Drive-in de Brasília.
Drive-in americano. Fonte: http://www.maiorlegal.com.br/os-80-anos-do-cinema-drive-in/
Mapas esquemáticos dalocalização e programa do Lunar Drive-in. Fonte: Google Earth com modificações Fotos do Lunar Drive-in. Fonte: http://www.lunardrive-in.com.au/
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07.2. Autocine Gijón
07.3. Vivo Open Air
Autocine Gijón.Fonte: http://www.amovens.com/blog/general/el-autocine-cumple-80-anos/
Vivo Open Air. Fonte: https://www.facebook.com/openairbrasil
O cinema foi inaugurado em 1993 com a intenção de funcionar somente no verão, porém o sucesso foi tão grande que hoje o Autocine funciona o ano todo.
Vivo Open Air é o maior festival de cinema ao ar livre do mundo, onde você pode vivenciar uma experiência única de cinema, shows e festas. Em uma atmosfera recheada de entretenimento, informação e cultura, o festival acontece há 14 anos no Brasil.
O local possui, também, uma área para camping, outra para brinquedos e piscinas infantis, um gramado onde as pessoas realizam piqueniques durante o dia e o espaço da alimentação, que conta com comida para os gostos, são barracas e banquinhas desde churrasco, passando pelo combo típico - pipoca e refrigerante - chegando a frutas frescas. Este é mais um exemplo de como a multiplicidade de usos, diurnos e noturnos, contribui para o sucesso e dinamicidade do espaço urbano.
Uma das maiores atrações do Vivo Open Air é sua tela de cinema de 325 metros quadrados, que conta com projeção digital e potente sistema de som. A iniciativa, normalmente, acontece nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Recife. Este é um cinema itinerante que se instala em espaços urbanos já consolidados das cidades e em um período de 2 a 3 semanas exibe filmes durante a noite. A programação vária de filmes clássicos, infantis e até os do circuito comercial, além disso em dias especiais acontecem também shows ao vivo e programações para as crianças, acompanhados da presença de Food Trucks. O espaço conta com mais de 1200 lugares, ao ar livre, entre poltronas e espreguiçadeiras. O ponto mais relevante deste cinema é a existência de um programa que contempla uma família inteira.
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07.4. Stas and Stripes
Stars and Stripes Drive-in Theater. Fonte: http://driveinusa.com/lubbock/
Em 2003, um casal comprou uma fazendo no interior do Texas e abriu o cinema, o objetivo era criar um espaço que fosse um programa regular para os moradores das pequenas cidades, um espaço de convivência, uma rotina de lazer. Por isso do slogan “A Regular Habit” (um hábito regular).
Deste cinema, o que está alinhado com a intervenção do Drive-in de Brasília é a ideologia que o cinema de rua, o cinema local, vire um hábito de lazer das famílias.
O local abre de sexta a domingo e conta com espaços de alimentação e lazer infantil, tudo no clima dos anos 60.
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Proposta de Intervenção: O Complexo Drive-in
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08.1. ConexĂŁo Urbana - pedestres e ciclistas
Mapa esquemĂĄtico do trajeto proposto - Parque a Parque. Fonte: Autora
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Hoje, a poligonal do Autódromo é um obstáculo de dimensões urbanas. O local é cercado por taludes e muros, onde o meio mais acessível de se chegar ao Autódromo e ao Drive-in é o carro. Sendo assim, a intervenção propõe uma conexão urbana nos quatro sentidos do Plano Piloto, onde o Autódromo é um obstáculo:
Sul-Norte
_ entre os parques Sarah Kubitscheck (da Cidade) e Burle Marx
Leste-Oeste
_ entre a Asa Norte e o Setor de Administração Municipal
Essa conexão se dará através de novas ciclovias que visam criar um percurso que conecte as Asa da capital, além de facilitar o acesso de bicicletas e pedestres ao Drivein, o Kart e o Autódromo como um todo. Porém, como a intervenção propõe implementar um espaço que seja ocupado por todos os públicos - fluxo e permanência - parte dessa conexão é ocupada por programas de usos diurnos e noturnos. Seguem foto-montagens do percurso proposto entre o Parque da Cidade (ou Sarah Kubitschek) na Asa Sul e o Complexo Drive-in na AsaNorte.
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08.2. Multiplicidade de usos - projeto e conceitos Além de trazer as várias pessoas para a área, através da conexão proposta “Parque a Parque”, espera-se que a intervenção faça com que as pessoas permaneçam no local. Sendo assim, o programa do espaço será expandido e contemplará atividades, diurnas e noturnas, para todo tipo de público. Kart: As pistas e o edifício do camarote se manterão. Cinema: O telão atual permanecerá intacto, porém, haverá mais outros dois telões, o que abrange um maior número de possibilidades de filmes, horários/sessões e posições de assistir os filmes. A bilheteria, se manteria na entrada do local, porém deslocada para a lateral. Bomboniere: Hoje, esse serviço é acionado pelo acender dos faróis, quando um funcionário vai ao seu carro e lhe entrega um cardápio e posteriormente lhe traz os itens escolhidos, tudo dentro do carro - inclusive o pagamento. Esta tradição deve ser mantida. Porém, demais estabelecimentos rápidos e pequeno de comida serão propostos para o nível 0, além da possibilidade de Food Trucks utilizarem a área, como já acontece esporadicamente. Espaço Multiuso: Imagina-se para a grande área que encara os telões uma disposição de vagas que permitem vários usos ao longo do dia, como, por exemplo, a implementação, já mencionada, temporária de Food Trucks, além das vagas destinadas a assistir os filmes. Museu do Automóvel: A exposição dos carros ocorrerá na ponte de forma que o usuário consiga apreender o automóvel dentro do seu contexto de lazer > o autódromo Café: Como previsto pelo PPCUB, serviços de alimentação e bebida são permitidos no local. A implementação de um café ao longo do Museu - que agora ocorre longitudinalmente a ponte comporia um ambiente cultural atrativo para programas diurnos e familiares. Os acessos a ponte se daria em três pontos principais: acessos horizontais nas extremidades da ponte. O projeto conta também com oito saídas verticais emergenciais ao longo de toda a ponte - escadas.
Mapa sistema cicloviário proposto completo. Fonte: autora.
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Esse programa se dará em níveis:
Nível 0
Esse é o nível dos automóveis, que abrangerá: Cine Drive-in, Kart, Autódromo, e os acessos de carro e ônibus.
Nível 1
Esse é o nível do ciclista e do pedestre - os usuários do espaço: composto por espaços destinados a assistir os três telões do Cine Drive-in, café e o Museu do Autómovel (carros clássicos e livros especializados). O nível 1 compõem um “edifício” ponte que faz uma ligação urbana, uma passagem suspensa cruza a poligonal do autódromo nos sentidos leste-oeste e norte-sul margeando o cinema e kart, criando um espaço de passagem e também de permanência.
Foto Cine Drive-in. Fonte: http://www.metropoles.com/entretenimento/cinema/a-protagonista-do-ultimo-cinedrive-in
O projeto inverte a lógica atual da área. Apesar dos carros continuarem os protagonistas no Autódromo e Cine Drive-in, no edifício ponte eles estão em segundo plano, uma vez que aqui os carros estão estáticos - Museu - enquanto pedestres e ciclistas estão em constante fluxo.
Predomina no Autódromo, apesar de suas dimensões urbanas, a horizontalidade do espaço, com exceção do Telão do Cine Drive-in. A tela é a maior tela fixa de cinema da America Latina e quando locada nesse contexto da escala bucólica do Plano Piloto vira um marco visual. Sendo assim, o projeto visa manter tanto a horizontalidade predominante do local quanto o protagonismo do Telão. O edifício ponte é uma lâmina horizontal que transpassa todo o Autódromo, conectando-o com o restante da cidade mas sem colidir com a história do local. Por isso, optou-se pela estrutura metálica que vai contrastar com o asfalto e concreto das construções originais da área. Além disso, buscou-se um traçado ortogonal para o projeto, tendo em vista que o traçado original do Autódromo é repleto de curvas.
novo
antigo
estrutura metálica
concreto
retas
X
curvas
Foto do Autódromo nos anos 70. Fonte: https://formulatotal.wordpress.com/2014/03/07/quando-alguma-coisa-sai -errado-brasilia-decada-de-80/
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08.3. Desenvolvimento do Partido Arquitetônico
Traçado regulador cine drive-in e kart. Fonte: autora
Traçado regulador base para edifício ponte. Fonte:autora
Croquis de propostas de desenho para a ponte, telões e escadas de acesso. Fonte: autora
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Maquete de estudo - primeiro momento. Fonte: autora.
Maquete de estudo - primeiro momento. Fonte: autora.
Maquete de estudo - segundo momento. Fonte: autora.
Maquete de estudo - segundo momento. Fonte: autora.
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08.4. Sistema Estrutural
Para o vão de 12 metros, 50 < d < 80 PERFIL “I” ABAS PARALELAS W 530 x 66,0 GERDAU: massa linear (kg/m) = 66 d = 525 mm d´= 478 mm h = 502 mm bf = 207 mm tf = 10,9 mm tw = 9 mm
Vigas longitudinais e transversais, de cobertura: perfil I, comprimento de 12 metros Pilares: perfil I, altura 3 metros
Vigas longitudinais e transversais, de piso: perfil I, comprimento de 12 metros
Pilares: perfil I, altura entre 3 e 6 metros
*a barra do perfil tem um tamanho máximo de 12 metros complexo drive-in
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Contoneira: L 102X102X8X305 Parafusos: 4 Ø 7/8” a 325N 8 Ø 7/8” a 325N
Placa de base: ASTM A 36 Chumbadores: 2 Ø 1” ASTM A 36 Soldas: ELETRODO E 700X
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DETALHE “e”
DETALHE “d”
1
DETALHE “c”
6 7 5 8
2 4
8
10
11
DETALHE “b”
9
1
3 2
2
5 9 8 5
1
1
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2
DETALHE “a”
DETALHE “f”
DETALHE “g”
5 5 8 8
5
6 6
08.5. Programa de Necessidades 1 1
DETALHE “h”
2
1
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11 11
1
8 8
7 7
1 - RAMPA i=%5 2 - CARROS CLÁSSICOS: MUSEU DO AUTOMÓVEL 3 - RAMPA i-8% 4 - BIBLIOTECA: MUSEU DO AUTOMÓVEL 5 - ASSENTOS PARA ASSISTIR O CINE DRIVE-IN 6 - CAFÉS 7 - BILHETERIAE ADMINISTRAÇÃO 8 - TELÕES 9 - BANHEIROS E LANCHONETE 10 - ESPAÇO MULTIUSO: CARROS E FOODTRUCKS 11 - KART - TORRES: SANITÁRIOS, ESCADA DE EMERGÊNCIA E CAIXA D’ÁGUA - SISTEMA CICLOVIÁRIO
10 10
9 9
LEGENDA PROGRAMA DE NECESSIDADES:
08.6. Desenhos TĂŠcnicos
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__ Detalhe A
__ Detalhe B
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__ Detalhe C
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__ __ Detalhe Detalhe D D
d __ Detalhe E __ Detalhe E
e
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__ Detalhe F
__ Detalhe G
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__ Detalhe H
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08.7. Imagens
Vista aĂŠrea - diurna
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Perspectiva interna - รกrea com vista para o Cine Drive-in
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Perspectiva interna - carros Museu do Automรณvel
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Perspectiva - acesso ciclistas e pedestres
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Vista aĂŠrea - noturna
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08.8. Detalhes
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vidro temperado 8mm: módulos 3m x 3m max-ar superior 60cm
lajes de piso e cobertura: steel deck 305mm x 50mm
torres verticais: concreto aparente
pilares e vigas: perfil metálico “I” W530 x 66,0
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Bibliografia
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