Revista edição janeiro de 2014

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MENSAGEM DO

Presidente Itamar Rocha, Engº de Pesca, CREA-7226-D | Presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão

Prezados carcinicultores e demais leitores da Revista da ABCC, O ano de 2013 foi marcado por uma forte confrontação da ABCC com o MPA, notadamente pela equivocada decisão da SEMOC/MPA, no tocante a autorização das importações do camarão selvagem (Pleoticus muelleri) da Argentina. Mesmo considerando que uma ou duas Empresas de São Paulo tenham logrado êxito na importação de 25.350 kg / US$ 380.000,00 (US$ 15,00/kg), graças ao Agravo de Instrumento interposto pela ABCC, junto ao TRF 1ª Região, conseguiu-se uma Liminar, suspendendo as autorizações de importações do referido camarão. O Relator do Agravo, Desembargador Jirair Aram Meguerian, acatando a argumentação da ABCC, escreveu a seguinte justificativa para sua decisão: “Assim, em razão da suspeita fundada de que o ingresso de crustáceos vivos e congelados no País poderá por em risco a saúde humana e da fauna brasileira, deve ser aplicado, ao caso, o princípio de precaução, para suspender o ato administrativo até que, após a devida instrução processual e dilação probatória, se conclua ou não pela existência dos riscos levantados na ação civil pública. Pelo exposto, ANTECIPO os efeitos da tutela recursal e, por conseqüência, suspendo a autorização de importação de camarões da espécie Pleoticus muelleri, originários de pesca selvagem na Argentina, concedida pelo Ministério da Pesca e da Agricultura, IN 28/2012, até prolação de sentença no feito principal”. Evidentemente que o processo voltou para a Justiça de Primeiro Grau, onde tramitará até sua conclusão. Ocorre que se a nova decisão for desfavorável aos interesses dos carcinicultores, voltaremos a recorrer, inclusive no STJ, se for o caso. Queremos deixar claro ao setor carcinicultor, que a ABCC não medirá esforços e recursos para manter a proibição das importações de camarão pelo Brasil. Aliás, uma acertada medida do MAPA, que teve início em 04 de novembro de 1999 (IN 39/99), cujo fundamento foi a proteção sanitária da biodiversidade brasileira, contra a entrada de doenças virais de notificação obrigatória pela OIE (Organização Internacional de Epizootia). . Portanto, se desde remotos tempos mantemos uma atenção redobrada com relação a proteção da carcinicultura brasileira, tendo presente que existem atualmente mais de 35 doenças ou cepas virais, de notificação obrigatória pela OIE, das quais o Brasil possui apenas 3 (10%), imaginem agora, com o surgimento da EMS (Síndrome da Mortalidade Precoce), que no ano de 2013, afetou de tal ordem a produção de camarão cultivado na Ásia que a produção foi reduzida em 400.000 t, contribuindo para a elevação de 40% nos preços no mercado internacional. Especialmente porque essa doença já chegou ao México e a Índia e, a exemplo do Equador, Honduras e UE, vários outros países estão adotando medidas de proteção contra a entrada de crustáceos. Por isso, nunca aceitaremos a decisão da SEMOC/MPA, com base numa ARI (Análise de Riscos de Importação), eivada de erros de concepção, exatamente porque foi elaborada por pessoas neófitas à sanidade do setor carcinicultor, que não levaram em consideração o grave fato de que a Argentina importou (2011), majoritariamente pescado do Equador (13.430 t) e da Tailândia (13.175 t), que juntos contam com 21 doenças de notificação obrigatória pela OIE, ou seja, um risco real de translocação de agentes virais, que simplesmente não foi considerado.

Afora esse imbróglio, fomos surpreendidos pelo injustificado veto da Presidente Dilma, acatando parecer do MDIC e da Fazenda, ao artigo que conseguimos incluir na MP-609-13, através do Dep. João Maia (PR-RN), via emenda do Relator, Dep. Edinho Araújo (PMDB-SP), que incluía o camarão cultivado, as pós-larvas e a ração, dentre os beneficiários com a isenção do PIS/PASEP e COFINS, o qual havia sido aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. A nossa revolta e perplexidade foram fundamentadas no fato de que 99% do camarão de cultivo é produzido na Região Nordeste e 99,3% é comercializado no Brasil, cuja base da cadeia produtiva é formada por 75% de micro e pequenos produtores, empregando 88% de mão de obra sem qualificação, enquanto que a maioria do pescado beneficiado com esse incentivo, tem origem nas importações (salmão, truta do pacífico, bacalhau, panga do Vietnã, carpas e tilápias da China) incluindo até uma iguaria como o “foie gras” da França. Aliás, esse incentivo, contribuiu decisivamente para o déficit de US$ 1,2 bilhão na balança comercial de pescado do Brasil em 2013. O que aliado ao dispêndio de R$ 2,0 bilhões com o seguro defeso para cerca de 1.100.000 pescadores(as) artesanais, praticamente, consumiu todo o PIB (R$ 5,0 bilhões) do setor pesqueiro brasileiro em 2013 !!!???. Para não dizer que não falamos de flores, destacamos e agradecemos o apoio financeiro do MPA, conseguido via licitação pública, para a realização de 2 (dois) importantes estudos: (1) Elaboração de Um Plano de Desenvolvimento para a Carcinicultura no estado do Maranhão; (2) Projeto de Desenvolvimento Tecnológico com Boas Práticas de Manejo e Biossegurança para a Carcinicultura no Nordeste, envolvendo 67 cursos teórico-práticos, cujo objetivo é a capacitação de micros, pequenos, e médios produtores e trabalhadores. Destacamos ainda, que através de uma Emenda Parlamentar do Deputado João Maia (PR-RN), a ABCC firmou um Convenio com o MAPA, para a capacitação de micro, pequenos e médios produtores do Rio Grande do Norte, cuja importância, está relacionada com o fato de que se trata de uma iniciativa pioneira em termos de Emenda Parlamentar, sem retorno, cujo exemplo esperamos seja seguido por Parlamentares de outros Estados, o que naturalmente, exigirá uma ação proativa das respectivas lideranças setorial. Por fim, queremos tecer um breve comentário sobre o retorno das exportações do nosso camarão para o mercado internacional, destacando que a demanda continua aquecida e seguramente, os preços ofertados, se manterão remunerativos no início de 2014, cujos principais termômetros serão as Feiras de Boston (Março/14) e Bruxelas (Maio/14). Inclusive, temos sido procurados por importadores interessados na compra de camarão do Brasil, para a França, Itália e, mais recentemente para o México, bem como, para a Tailândia e Vietnã, para onde já foram negociados 8 (oito) containers em 2014. As oportunidades estão postas, o desafio presente é manter o mercado interno abastecido e participar seletivamente do mercado internacional, priorizando a qualidade, a responsabilidade social e ambiental. Itamar Rocha, Presidente da ABCC (abccam@abccam.com.br) Revista ABCC | 3

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Sumário 5

Ações | Notícias ABCC

Camarão de cultivo excluído da isenção de PIS/PASEP e COFINS

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Artigo

Artigo

Nutrição de camarões marinhos: dos conceitos básicos às proteínas

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Artigo

Aquacultura mizu – Produção Intensiva de Camarões Marinhos em Águas Continentais da Paraíba

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Artigo

Conselho Editorial Itamar Rocha Eduardo Rodrigues Colaboradores Itamar Rocha Eduardo Rodrigues Alberto J.P. Nunes Guilherme Rodrigues Farias Josemar Rodrigues Akira Junior Diego Maia Rocha Marcelo Lima Thales Andrade Evandro Grilli Rodrigo Carvalho Noriaki Akazawa Mitsuru Eguchi Luiz Valle Larissa Mendonça Lisandra Meinerz Marcelo Borba Bruno Scopel Xico Graziano Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores DIRETORIA Presidente: Itamar de Paiva Rocha Vice – Presidente: Cristiano Maia Diretor Financeiro: José Bonifácio Diretor Comercial: Livino J. Sales Diretor Técnico: Enox Maia Diretor Secretário: Emerson Barbosa Diretor de Insumos: José W. R. Coutinho Conselho Fiscal Titulares: Álvaro Acácio Filho, Luiz Sólon Beltrão Suplentes: Hélio Holanda Filho, Orígenes Neto

Mergulhando na Aquicultura Asiática Inovações e Tecnologias da Ásia para a Carcinicultura Brasileira

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Rua Valdir Targino 3625 Candelária, Natal, RN 59064-670 Tel / Fax: 84-3231.9786 / 3231.6291 www.abccam.com.br abccam@abccam.com.br Redação

As perdas de oportunidades pelo setor pesqueiro brasileiro, com ênfase para a carcinicultura marinha: histórico, entraves e perspectivas de recuperação

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Expediente

Capa: Rodrigo N. Cavalcante Editoração Eletrônica: José Junior

BPMs

Procedimentos de boas práticas de manejo e medidas de biossegurança para serem adotados pelos produtores de camarão do Brasil Mais artigos - Notícia especial sobre a importação de camarão da Argentina, pág. 18 | Eficiência de bandejas na alimentação de juvenis do camarão branco, Litopenaeus vannamei, avaliado por meio de imagens subaquáticas, pág. 28 | O camarão cultivado e as florestas de mangue do nordeste do Brasil, pág. 34 | FENACAM 2013, pág. 36 | FENACAM 2014, pág. 38 | V Festival Internacional do Camarão da Costa Negra, pág. 39 | “Projeto de Desenvolvimento Tecnológico com Boas Práticas de Manejo e Biossegurança para a Carcinicultura no Nordeste”, pág. 41 | Projeto de capacitação em tecnologia de Carcinicultura Marinha, pág. 44 | O discurso da presidente e o silêncio dos peixes, pág. 46 | Cadastro Ambiental Rural, pág. 47 | Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) Ambientais, pág. 48 | Gatilhos ambientais identificados na manifestação da ems/ahpns Identificado em viveiros de produção da Fazenda Agrobest SdnBhd./Malásia, pág. 52 | Análise e Observações de Campo Sobre a Situação da Sanidade do Camarão Cultivado no Nordeste Brasileiro, pág. 55 | Procedimentos de boas práticas de manejo e medidas de biossegurança para serem adotados pelos produtores de camarão do Brasil, pág. 60 | 2014 de muitas batalhas, pág. 68 | Agenda de eventos, pág. 70 | Contribuição Permanente da Ração - CPR, pág. 71 | Estatísticas ABCC, pág. 72.

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PERFIL Sociedade de classe, a ABCC tem entre outros, os objetivos de promover o desenvolvimento da carcinicultura em todo o território nacional; amparar e defender os legítimos interesses de seus associados; promover o camarão de cultivo brasileiro nos mercados internacional e nacional; proporcionar treinamento setorial em gestão de qualidade e outros temas de interesse ao setor; promover estudos e pesquisas em áreas estratégicas para o setor; organizar e patrocinar encontros empresariais e conferências técnico-científicas; e editar publicações especializadas. Neste sentido, a ABCC é a entidade que mantém a união dos atores envolvidos na cadeia produtiva do setor, o intercâmbio de informações entre produtores e a comunicação destes via parceria formais. O desenvolvimento ordenado e sustentado do camarão cultivado no Brasil se deve, em grande parte, à sólida união dos produtores em torno da ABCC.

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AÇÕES | NOTÍCIAS ABCC

Camarão de cultivo excluído da isenção de PIS/PASEP e COFINS

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Revista da ABCC vem aqui esclarecer e colocar nossos leitores a par de todo o esforço da ABCC, liderada por seu Presidente, Itamar Rocha, de incluir o camarão cultivado no contexto da MP 609-13, que tratava da Isenção das contribuições de PIS/PASEP e COFINS nos produtos da cesta básica. A ABCC elaborou proposta de emenda parlamentar e conseguiu, graças ao Deputado João Maia (PR-RN), que adotou esta proposta e convenceu o Relator da MP 609/13, Dep. Edinho Araújo (PMDB-SP) sobre seus méritos, incluí-la no Projeto de Conversão, como Emenda do Relator, sendo aprovada por ampla maioria de votos pelos Plenários da Câmara e do Senado. No entanto, para surpresa do setor e como comprovação de que o MPA não trabalha a favor da carcinicultura, a Presidente Dilma vetou à letra c, do Parágrafo XX do Art. 1° : náuplios, pós-larvas, camarão cultivado e ração para camarões classificados nos códigos 03.06, 1605.21.00 e 2309.90.10. Assim, mais uma vez a carcinicultura, uma atividade primária que utiliza áreas improdutivas, água salobra e salgada, mão-de-obra sem exigência de qualificação profissional para o trabalhador do campo, foi dura e injustificadamente prejudicada. Isso, tratando-se de uma atividade que produziu 75.000 t de camarão, gerando 75.000 empregos e faturando R$ 1.120.000.000,00 (um bilhão, cento e vinte milhões de reais) em 2012, beneficiando diretamente cerca de 1.600 produtores primários, dentre os quais 75% são micros e pequenos. Não dá para aceitar pacificamente, que num ano de grande seca que afetou toda Região Nordeste, uma atividade primária, explorando apenas 2% (22.000 ha) da área potencialmente apta à sua utilização (1.000.000 ha), cuja viabilização poderia transformar a sócio economia rural de uma vasta extensão das Regiões Norte e Nordeste, seja ignorada por quem tem a obrigação de zelar pelo seu progresso. Além disso, o que causou uma maior indignação foi o fato de que, na contramão da justificativa do veto à emenda do camarão, a Presidente Dilma, de forma equivocada e injustificada, manteve os benefícios da isenção da PIS/PASEP e COFINS, para os seguintes tipos de pescado importados: Trutas, Salmão do Pacífico, Salmão do Atlântico, Salmão do Danúbio; várias espécies de Sardinhas, Arenques, Anchovas, Anchovetas, Cavalinhas; Merluza do Alasca, Merluza Negra, Merluza da Antarctica, Merluza Rosada; Bacalhau do Atlântico, Bacalhau da Groelândia, Bacalhau do Pacífico, Haddock; várias espécies de bagres, incluindo o Pangasius do Vietnã: todas as espécies de Tilápias, todas as espécies de Carpas, Percas do Nilo, Enguias, Peixes cabeça-de-serpente, Esturjões, ou seja, beneficiou produtos importados que não geram emprego e nem utilizam insumos produzidos no Brasil, mas no entanto, contribuem para um déficit de

US$ 1,2 bilhão na nossa balança comercial de pescado. As importações de pescado pelo Brasil em 2013 atingiram um valor recorde de US$ 1,45 bilhão, contra US$ 243,3 milhões de exportações. Isso, quando se associa com o alarmante e pernicioso dispêndio com o seguro defeso para pescadores artesanais que, em 2013 chegou a R$ 2,0bilhões de reais, associado ao fiasco do Plano Safra da Pesca e Aquicultura (R$ 4,3 bilhões), lançado com toda pompa e estardalhaço pela Presidência da República e pelo MPA em Outubro de 2012, sem nenhuma aplicação até o presente, resulta numa situação insustentável, que entristece a todos que trabalham em prol do nosso setor e deixa muito claro que o setor pesqueiro brasileiro está à deriva e, precisa de um novo rumo, onde o profissionalismo e a competência, sejam efetivamente priorizados. A derrubada do referido veto representava uma importante contribuição para o fortalecimento de uma atividade de suma importância para a economia pesqueira brasileira, em especial da Região Nordeste, cujo valor das importações mundiais de camarão foi US$ 15,0 bilhões em 2011, ou seja, superior ao valor das importações de frango (US$ 14,0 bilhões), sendo que no primeiro caso a participação brasileira ficou em ZERO e no segundo foi de 42%. É realmente lamentável que tal fato tenha ocorrido quando se tem presente que o camarão cultivado do Brasil já ocupou o 2º lugar das exportações do setor primário da Região Nordeste e o 1º lugar das exportações do setor pesqueiro brasileiro em 2003, se destacando ainda como 1º lugar das importações de camarão pequeno médio dos Estados Unidos em 2003 e o 1º lugar das importações de camarão tropical da União Europeia em 2004, tendo saído completamente desses importantes mercados em 2012, exatamente, pela perda de competitividade, decorrente da falta de apoios e compensações financeiras. Embora o potencial de exploração do camarão cultivado do Brasil seja muito superior ao do Equador (600 km de Costa), a produção brasileira de camarão cultivado (75.000 t) apresentou um desempenho muito aquém da produção equatoriana (300.000 t) em 2012, sendo que enquanto as exportações de camarão deste país foram de 203.000 toneladas/US$ 1,13 bilhão, as exportações brasileiras (2012) ficaram em ZERO. Infelizmente, a despeito do empenho e articulação dos Deputados: Sandra Rosado / PSB-RN, Antonio Balhmann / PSB-CE, João Maia / PR-RN, Aníbal Gomes / PMDB-CE, Raimundo Gomes de Matos / PSDB-CE, prevaleceu a decisão do Palácio do Planalto, cujo rolo compressor conseguiu manter todos os vetos apreciados pelo Congresso Nacional na noite de 20/08/2013. De qualquer forma, a ABCC continuará lutando e esperando outras oportunidades para voltar à carga sobre esse importante

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pleito para o fortalecimento da carcinicultura brasileira, tendo presente que, por seu contexto social e importância para o Nordeste rural, a atividade precisa de um olhar diferenciado em termos de incentivos e apoios específicos, que só se viabilizarão se continuarmos fortalecendo nossas representações de classe, tanto no âmbito Estadual, como Federal. Resumo da Ata da Assembleia Geral Extraordinária da ABCC Para que os leitores que não participam do dia a dia da ABCC possam acompanhar melhor algumas das ações e atividades desta Associação, publicamos abaixo um resumo dos temas abordados e decisões tomadas na Assembleia Geral Extraordinária da ABCC realizada no dia 3 de outubro de 2013, no Hotel Monza, Natal/RN. O Diretor Presidente da ABCC, Engenheiro de Pesca Itamar de Paiva Rocha, iniciou suas palavras dando boas-vindas aos presentes e agradecendo a participação de um significativo número de associados. O primeiro tema abordado foi a “Contratação de Escritórios de Advocacia para mover medidas judiciais de caráter declaratório perante a Justiça Estadual e/ou Federal, com a finalidade de definir a carcinicultura como atividade Agrosilvipastoril, conforme entendimento aprovado pela RESOLUÇÃO Nº 458/2013 do CONAMA”, tendo presente que vários OEMAS (Órgãos Estaduais de Meio Ambiente) continuam reticentes quanto ao enquadramento da carcinicultura como atividade Agrosilvipastoril. Após explanar a relevância do tema, o Presidente Itamar Rocha informou aos associados presentes que é recomendável que a contratação de advogados com esse propósito seja realizada por cada Associação Estadual. Na sequencia, o Sr. Orígenes Monte, Presidente da ANCC, esclareceu aos presentes que a presente Ata, após lida, lavrada e assinada, poderá ser utilizada por qualquer Associação Estadual de Carcinicultores, desde que, cada uma ao seu critério, contrate escritórios de advocacia para o mesmo fim. No caso do Rio Grande do Norte, a ANCC optou pelo Escritório Silveira Dias Advocacia, representado na presente Assembleia pela advogada Letícia von Sohsten, que apresentou sua proposta jurídica e comercial aos presentes, explicando a forma de atuação do escritório no presente caso e relatando experiências exitosas. A advogada Leticia von Sohsten falou a respeito do que se trata a ação judicial, o que será enfrentado e apresentou um panorama do atual cenário (em relação ao IBAMA, IDEMA, FEMURN e o Ministério Público Estadual e Federal). Adicionou ainda a advogada que se faz necessário fazer uma ação declaratória do direito dos empreendedores que, em julho de 2008 estivessem implantados em Áreas de Preservação Permanente – APP, de permanecer no local, uma vez que a carcinicultura foi considerada atividade agrosilvipastoril pelo CONAMA.

A advogada informou aos presentes que além da Presente Ata, deverá instruir a petição inicial a relação dos associados com os respectivos endereços, acrescentando ainda, que só serão beneficiados pelo resultado da ação, aqueles produtores que são sócios da ABCC, no Rio Grande do Norte, haja vista a jurisdição da Seção Judiciária do Estado. Caso haja produtores que ainda não são sócios, estes poderiam se associar até a data de abertura da ação. Para esclarecer essa controvérsia, o Presidente Itamar Rocha informou que conforme consta da Ata da Assembleia Geral Extraordinária da ABCC de Agosto de 2010, quando foi instituída a Contribuição Permanente de Ração – CPR, os produtores de camarão do país passaram a contribuir com 0,02 (dois centavos de Real) por quilo de ração adquirida e, em contrapartida, passaram automaticamente à condição de Sócio Efetivo da ABCC. A Advogada ressaltou que será requerida liminarmente uma medida cautelar pedindo que, enquanto não houver decisão de mérito, os empreendedores continuem explorando sua atividade em APP, com suspensão de termos para recuo e abstenção de autuação administrativa. Se, obtida a decisão liminar, algum órgão embaraçar a atividade, o escritório deverá ser informado para as providências processuais pelo descumprimento da ordem judicial. Colocada em votação, foi acolhida por unanimidade a autorização para que a ABCC contrate Escritórios de Advocacia para mover medidas judiciais perante a Justiça Estadual e/ou Federal, para a declaração do direito à continuidade da exploração das unidades de carcinicultura existentes em APP na data de 22/07/2008, nos termos do art. 61-A da Lei nº 12.651/12, tendo presente que a Resolução CONAMA nº 458/13 definiu a carcinicultura como atividade agrosilvopastoril, cabendo a cada Associação Estadual de Produtores de Camarão selecionar seu Escritório e arcar com as respectivas expensas contratuais. O segundo tema da Pauta da Assembleia foi a Apresentação do Cronograma e os locais de realização dos Cursos de Boas Práticas de Manejo e Medidas de Biossegurança a serem ministrados por intermédio da ABCC, em parceria com as Associações Estaduais de Criadores de Camarão, com recursos financeiros do MPA. Itamar Rocha, juntamente com Marcelo Borba, na época Coordenador do Projeto,explicou em que este consiste, destacando o que já foi realizado até o presente e as próximas metas para sua execução. Marcelo Borba complementou, informando a quantidade de cursos que serão ministrados em cada Estado, destacando o público alvo, enfatizando que o cronograma dos cursos será definido em concordância com as respectivas Associações Estaduais. Finalizando o tema, o Presidente da ABCC, Sr. Itamar Rocha, destacou a importância da participação dos estudantes dos cursos de Engenharia de Pesca e dos Cursos de Aquicultura dos Institutos Federais de Educação nos referidos Cursos (n.e. para maiores informações sobre estes cursos, vide artigo publicado nesta edição).

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O terceiro ponto da Pauta da Assembleia foi a justificativa para a realização da FENACAM’14 em Fortaleza/CE. O Presidente da ABCC justificou sua realização naquela cidade informando que o maior numero de participantes no Evento nos últimos anos tem origem do estado do Ceará, além do fato de que naquele Estado, a ABCC tem o apoio da ACCC e da ACCN, juntamente com os principais atores do setor, assim como também com os políticos estaduais. O Presidente da ABCC, Sr. Itamar Rocha acrescentou, ainda, que a FENACAM’14 será realizada juntamente com o V Shrimp Festival da Costa Negra, no período de 10 a 13 de novembro de 2014, no Centro de Convenções de Fortaleza. A mudança de data do Evento foi devido ao fato de que no mês de junho, quando tradicionalmente é realizada a FENACAM, em 2014 coincidirá com o mês de realização da Copa do Mundo e no segundo semestre, em Outubro, haverá o primeiros e segundo turno das eleições gerais do Brasil. Dando seguimento à Pauta da Assembleia, o Presidente abordou o tema referente à Mudança do Endereço da ABCC, explicando que a elevada marginalidade na vizinhança do atual endereço da ABCC, onde vários funcionários e colaboradores já foram assaltados, foi o principal motivo da decisão de mudança de endereço da ABCC. Na oportunidade, o Presidente da ABCC, ressaltou que a ABCC e a ANCC continuarão instaladas no mesmo prédio.

O Presidente da ABCC, Itamar Rocha, passou em seguida a tratar do quinto ponto da Pauta da Assembleia: “Avaliação sobre os atuais problemas de sanidade confrontados pela carcinicultura e apresentação de estudos de caso de superação e convivência com as doenças”. Para tanto, convidou o Biólogo Marinho Marcelo Lima, colaborador da ABCC, a tecer comentários acerca dos problemas que o setor vem enfrentando a respeito das doenças presentes nos camarões, citando a Mancha Branca e a IMNV como as doenças que estão mais presentes da Bahia ao Rio Grande do Norte. Acrescentou, ainda, que o melhor caminho para diminuir e até mesmo evitar essa doença seria a sistemática adoção de Boas Práticas de manejo (BPMs) e adoção de Medidas de Biossegurança. A Sra. Roseli Pimentel, da Empresa Potiporã, comentou que muitas vezes os produtores acham que os animais estão infectados com a Mancha Branca, quando na maioria dos casos estão acometidos, pelo vírus da IMNV. Para concluir a Pauta estabelecida para a Assembleia Extraordinária da ABCC, o Biólogo Marinho Marcelo Lima abordou o tema: Camarões Processados e Retidos em Plantas de Beneficiamento do Ceará e Camarões com Nitrofuranos no RN e CE. Iniciando sua fala fazendo um relato de uma visita que acompanhou em uma fazenda em cujo camarão produzido teria sido detectado a presença de Nitrofuranos. Nesta visita,

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os camarões amostrados foram devidamente coletados por um Fiscal do Ministério da Agricultura, que teria submetido os camarões às devidas análises comprobatórias e cujos resultados nunca foram divulgados. Marcelo Lima citou ainda que em uma planta de processamento do Ceará, havia sido detectado camarões com presença de tripolifosfato, os quais foram retidos. Foi então sugerido por Orígenes Monte Neto, Presidente da ANCC e por Enóx Maia, Diretor Técnico da ABCC, que fosse estabelecido um Grupo de Trabalho para melhor discutir o tema. Finalmente, o Presidente da ABCC, Sr. Itamar Rocha fez uma Análise da conjuntura atual dos preços praticados pelo mercado interno e externo e as perspectivas de médio e longo prazo, informando aos presentes que o camarão de classificação internacional 80-100 já se encontra com patamares de preços superiores a US$ 7,00/ kg (Sete Dólares Americanos por quilo). ANCC e ACCC na luta contra a importação de camarão Para informação dos leitores, reproduzimos abaixo carta enviada pela ANCC e ACCC ao MPA em defesa do setor, sequenciando uma Audiência concedida pelo Ministro Marcelo Crivella, quando havia sido aventada a possibilidade de revogação da autorização da importação do camarão Argentino, mas que em realidade não foi cumprido pelo MAPA, que nem se dignou a oferecer uma resposta a esta missiva: Ao Excelentíssimo Senhor Ministro Marcelo Crivella Ministério da Pesca e Aquicultura Brasília – DF C.c . Átila Maia da Rocha MD Secretário Executivo do MPA RE: Demandas da Carcinicultura Brasileira para o MPA Prezado Ministro, Ao passo que cumprimentamos Vossa Excelência, temos a grata satisfação de comunicar-lhe que em reunião realizada no dia 4 de Julho próximo passado, na cidade de Fortaleza (CE), com a participação das principais lideranças do setor de carcinicultura, foi decidido por unanimidade que o setor iria apoiar as negociações, pleitos e demandas advindas da nossa frutífera audiência, tendo como única condição, com base na recente constatação do temível advento da EMS detectado nas Américas, mais precisamente no México, que a ARI do Pleoticus muelleri seja revogada pelo MPA, conforme está previsto no seu texto, inclusive para ocorrências de menor gravidade. Em realidade, trata-se de seguir o exemplo de vários países, com destaque para México e Equador, neste último caso com apoio da própria CNA (Câmara Nacional de Aquicultura do Equador), que já emitiram Portarias e Alertas recomendando a

proibição da importação de crustáceos da Ásia e do próprio Brasil, como medidas de proteção contra a EMS e a IMNV, envolvendo até o cisto de Artemia salina oriundo do nosso país que, como um ovo encistado e eclodido na forma de náuplio, é utilizado na alimentação de myses e pós-larvas de camarão marinho. Toda essa preocupação resulta do fato de que a EMS já se constitui numa real e séria ameaça ao desabastecimento do mercado internacional de camarão, haja vista que está afetando de forma significativa a produção desse crustáceo em países como China, Tailândia, Vietnã e Malásia. As perdas projetadas já apontam para um déficit de 400.000 t na produção de camarão cultivado no Continente Asiático, o que representa uma redução da oferta mundial superior a toda a produção da carcinicultura das Américas. Como resultado desse advento negativo para a carcinicultura da Ásia, já se registrou uma significativa elevação dos preços do camarão no mercado internacional, cujos patamares, especialmente para as classificações pequenas (100-120 peças/kg) e médias (80-100 peças/kg), começam a conferir competitividade às exportações do camarão cultivado do Brasil, notadamente para o mercado Europeu e em especial para o mercado francês, onde o nosso produto sempre ocupou posição de destaque em relação ao asiático e equatoriano. Assim, considerando que a partir do mês de agosto próximo, o mercado de camarão da União Europeia passará a oferecer preços atrativos, vimos reiterar o apelo para que o MPA participe do esforço setorial com vistas a restabelecer a confiança dos investidores e ampliar a produção nacional de camarão cultivado, de tal forma que possamos continuar atendendo a crescente demanda do promissor mercado interno e voltar a participar do gigantesco mercado internacional, ainda que seja de forma seletiva. Nesse contexto, a primeira medida, conforme já tivemos a oportunidade de externar a Vossa Excelência e ao Secretário Executivo Atila Maia, passa pela revogação da ARI do P. muelleri, condição necessária para incentivar a realização dos aportes de capital dirigidos à ampliação, modernização e intensificação operacional das atuais unidades produtivas. Cabe aqui lembrar que medida semelhante foi tomada pelo então Ministro Luis Sergio que, diante do clamor dos carcinicultores, suspendeu a autorização dada pela então Ministra Ideli Salvatti (MPA) de importação do P. muelleri da Argentina sem a realização da ARI, conforme consta no Ofício nº 148/2011 – SEMOC/MPA (11 de julho de 2011), assinada pelo atual Secretário Américo Tunes (SEMOC/MPA). No contexto da nossa reivindicação incluímos ainda a revogação da Portaria nº 32/2013 da SEMOC/MPA, que de forma generalizada submete à Consulta Pública, a ARI, “Identificação de Perigos da Análise de Risco de Importação para camarões originários de aquicultura e/ou pesca extrativa, destinados ao consumo humano”, que inclui nada menos do que 10 gêneros de camarões.

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Sequencialmente a essa importante e decisiva medida, o nosso setor se compromete a atuar com os Governos da Região Nordeste para solucionar o grave problema da falta de licenciamento ambiental, ficando o MPA com a incumbência de interceder junto aos Agentes Financeiros Oficiais (BNDES, BB, BNB, BASA e CAIXA ECONOMICA FEDERAL) para viabilizar a aplicação dos recursos do Plano Safra da Aquicultura de tal forma que, de um lado, seria atendida a meta do Governo Federal de dobrar a produção brasileira de camarão cultivado e, de outro, seria ampliado num curto espaço de tempo a oferta de emprego e oportunidades de negócios no meio rural da Região Nordeste. Na oportunidade, destacamos ainda que, atendido esse justo e importante pleito, nossas representações setoriais, incluindo a ABCC, hipotecarão ao MPA todo o apoio político e empresarial que se fizer necessário. Sendo o que se nos apresenta para o momento e na certeza de contarmos com a compreensão e favorável decisão de Vossa Excelência, antecipadamente agradecemos pela oportuna abertura de diálogo, ao passo que reafirmamos os votos de elevada estima e alta consideração. Atenciosamente, Origenes Monte Neto Presidente da ANCC

Cristiano Maia Presidente da ACCC

O Plano de Desenvolvimento da Carcinicultura do Maranhão O Estado do Maranhão assumiu uma iniciativa pioneira e, portanto, inédita, no Nordeste: desenvolver a carcinicultura mediante a elaboração de um plano abrangente cujos termos de referência incluem um amplo diagnóstico do imenso potencial do estado, a identificação das áreas propícias para a atividade e a recomendação de que sejam feitas propostas de estratégias operacionais, mecanismo institucionais e sistemas tecnológicos que assegurem o ordenamento e a sustentabilidade ambiental, econômica e social da carcinicultura. A iniciativa governamental reconhece a força comercial que tem o camarão cultivado no mercado internacional como a commodity que gera o maior valor na esfera das transações financeiras globais do setor do pescado. E mais, ao tomar a iniciativa de preparar o Plano, o Governo do Maranhão afirma a posição de que o desenvolvimento da carcinicultura deve ser ordenado e sustentável em seu território. Por sua vez, o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), admitindo o impacto que pode vir a ter o cultivo do camarão maranhense na produção nacional, participa diretamente dessa iniciativa com aportes financeiros conveniados e destinados à contratação dos correspondentes serviços especializados de consultoria técnica. O desafio de realizar o planejamento para a concepção, estrutura e montagem do Plano Estadual ficou a cargo da ABCC que, mostrando o seu domínio sobre o setor, a sua incontestável experiência de mais de trinta anos com o cultivo do camarão no país e a sua visão atualizada da carcinicultura na esfera

internacional, venceu o Edital convocado pelo MPA, com o que mobilizou uma equipe de sete consultores especialistas cujas atividades já completam seis meses em solo maranhense. Atualmente, o Plano encontra-se em fase avançada de elaboração pela Consultoria Técnica da ABCC, para o que, justiça seja feita, conta com o constante, efetivo e valioso apoio institucional e logístico da nova Secretaria Estadual da Pesca e Aquicultura (SEPAQ). Os trabalhos de preparação do Plano partiram de uma abrangente abordagem analítica da situação local e do envolvimento das instituições maranhenses com vistas e chegar a um sólido diagnóstico dos recursos naturais, das potencialidades e das condições politico-institucionais vigentes, que permitisse desenvolver uma proposta de sistemas e mecanismos operacionais densamente articulados dentro de um modelo ambientalmente sustentável para desenvolver o cultivo do camarão. Nesse contexto, o processo de elaboração do Plano contou e segue contando com o extraordinário respaldo dos estudos que resultaram do Zoneamento Costeiro do Maranhão de 2003, os quais estão sendo ampliados com a realização de exercícios específicos de microzoneamento e de viabilidade técnica, financeira, econômica, institucional e mercadológica. Paralelamente, a equipe técnica da ABCC também trabalha na revisão de aspectos legais concernentes a questões ambientais, tributárias e fundiárias, para propor adequações em favor do desenvolvimento sustentável da atividade, com a instalação e operacionalização dos empreendimentos da cadeia produtiva do camarão cultivado: laboratórios de larvicultura, fazendas de engorda, centros de processamento e fábricas de ração. Do ponto de vista da conservação ambiental, com base nos resultados do Zoneamento Costeiro, o Plano prioriza áreas específicas da Região da Baixada Maranhense que, ademais de sua vocação natural para a aquicultura, detêm capacidade de absorção de impactos ambientais e mostra alto potencial para a carcinicultura. Sob o ângulo social, essa vasta região úmida com as diversificadas paisagens naturais que a identificam, é a que revela os índices econômicos e sociais mais baixos do Maranhão. O cultivo do camarão marinho é uma das poucas atividades do setor primário que pode exercer forte impacto na semiparalisada economia regional. O modelo proposto para implantar a carcinicultura é o do polo de desenvolvimento localizado em três municípios da Baixada (Anajatuba, Viana e São João Batista), cuja seleção obedeceu à aplicação das matrizes resultantes da identificação e classificação de conflitos ambientais, sociais e fundiários, da necessidade de medidas mitigadoras, da qualidade da água e solo para o cultivo de camarões e da capacidade de renovação hídrica, previstos no Zoneamento Costeiro, e, adicionalmente, da facilidade para a provisão dos serviços de infraestrutura em estradas de acesso e energia elétrica. O Plano está sendo concebido e estruturado com mecanismos descentralizados de ação e envolvimento das prefeituras e das populações locais, para que possam atuar como forças propulsoras do desenvolvimento regional dentro de um horizonte

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de tempo de dez anos para sua execução, divididos em duas grandes etapas de cinco anos, e com a recomendação de um processo de avaliação ao término da primeira etapa - Avaliação de Meio Termo - para a revisão de seu conteúdo programático e atualização de seus objetivos específicos e metas. Os aspectos de produção intensiva e semi-intensiva que caracterizam o cultivo do camarão, com boa rentabilidade, com expressiva geração de empregos no meio rural e com seu amplo mercado e facilidade de comercialização, estão sendo devidamente considerados para propor os dois modelos produtivos do Plano: (i) o projeto de investimento para fazendas de camarão e centros de processamento de portes médio e grande; e (ii) o projeto para o pequeno produtor, tipo integração, vinculado a uma empresa âncora, com estratégias e incentivos apropriados para a organização dos beneficiários, a obtenção do financiamento bancário, a prestação de assistência técnica, o fornecimento de insumos produtivos e a comercialização da produção. O plano identifica ainda os investimentos públicos em estrada, energia e canais de adução, para assegurar a habilitação das áreas priorizadas. No que concerne à operacionalidade das ações, o Plano foca três aspectos básicos: (i) cria ambiente para atrair investimentos destinados à instalação de empreendimentos da cadeia produtiva da carcinicultura; (ii) estabelece condições apropriadas para assegurar a inclusão social e produtiva no meio rural com a incorporação do pequeno produtor organizado; e (iii) aciona a complementação de esforços entre o setor público e privado com mecanismos para orientar a elaboração dos projetos e encaminhar seu enquadramento nos esquemas de incentivos fiscais, de licenças ambientais e de tramitação dos créditos de investimento dos bancos de fomento. A viabilidade do Plano de Desenvolvimento da Carcinicultura do Maranhão fica ainda reforçada por dois aspectos proeminentes do estado, principalmente para a produção destinada ao mercado externo, ou seja: (i) a ampla e diversificada infraestrutura de serviços do Porto de Itaqui, servida por uma rede multimodal de ferrovias, rodovias, portos integrados e aeroportos e da qual partem as rotas mais curtas da costa do Brasil para o mercado internacional; e (ii) a produção de grãos e oleaginosas proveniente do cerrado maranhense, que já gera uma produção anual da ordem de 2,0 milhões de toneladas de soja e de 1,3 milhão de toneladas de milho, volume que cria condições atrativas à realização de investimentos para a fabricação local de alimentos balanceados. Justiça Federal do Maranhão: “O desenvolvimento da carcinicultura de forma sustentável é possível.” Esta frase, que para os produtores de camarão do Brasil poderia refletir um assunto trivial, merece aqui este destaque todo especial por estar estampada no despacho do Juiz Federal da 8a Vara da Seção Judiciária do Maranhão, Dr. Caio Castagine Marinho, relativo ao Processo 2003.37.00.002785-0 resultante da Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público Federal

(MPF) daquele Estado contra as empresas produtoras de camarão, contra o órgão ambiental do Maranhão e contra atos setoriais da própria União. A afirmação do Juiz Federal, aqui reproduzida, serve-lhe de apoio e de marco orientador para analisar juridicamente os exorbitantes pedidos do MPF que, caso fossem considerados favoravelmente, criariam barreiras intransponíveis para o desenvolvimento da aquicultura com o camarão marinho em território maranhense. A pedra angular da análise jurídica desenvolvida pelo Juiz Federal está respaldada no convencimento de Sua Excelência que a carcinicultura pode ser desenvolvida em harmonia com o meio ambiente e que os pedidos do MPF de: (i) declarar nulas as licenças ambientais concedidas pelo órgão competente do Maranhão; (ii) reconhecer o IBAMA como o único órgão competente para conceder o licenciamento ambiental da carcinicultura maranhense; (iii) conceder a licença ambiental somente com a apresentação do EIA/ RIMA; (iv) determinar a necessidade de apresentação do EIA/RIMA para instalação de laboratório de pós-larvas e pelo vendedor (transportador) e comprador de pós-larvas; (v) declarar inconstitucional a Resolução do CONAMA 312/2002 quanto à desnecessidade do EIA/RIMA; (vi) anular os aforamentos, as posses e as ocupações dados para projetos de carcinicultura; e (vii) obrigar as empresas a apresentarem ao IBAMA projetos de recuperação de áreas degradadas; não encontram respaldo nas normas legais vigentes e que, com o despacho, foram rejeitados de maneira categórica, com exceção de uma das quinze empresas envolvidas no Processo que, pelas evidências contidas, é condenada a reparar danos ambientais cometidos. Dada a importância do despacho da Justiça Federal do Maranhão e a repercussão que terá no desenvolvimento da carcinicultura marinha não apenas naquele Estado, mas em todo o Nordeste, a Revista da ABCC, em nome dos produtores de camarão, sente-se no dever setorial de enaltecer o posicionamento jurídico do Dr. Caio Castagine Marinho, cujo conteúdo servirá de apoio à luta do setor de demonstrar aos diferentes níveis de governo, ao próprio MPF e à sociedade brasileira em geral que é possível produzir camarões marinhos de maneira sustentável, com a geração de renda e empregos permanentes no campo e com a inclusão social e produtiva mediante a incorporação do pequeno produtor na atividade. Workshop de Extensão para transferência de informação em tecnologia de diagnostico molecular de campo Dando continuidade à ação promovida pelo Centro Multidisciplinar de Biopatologia de Organismos Aquáticos (BOAgUA) da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, em parceria com a Genereach Corporation (Taiwan), mediante reunião realizada em São Luis, em 11 de outubro de 2013, foi reproduzida em Fortaleza, no dia 9 de janeiro de 2014, uma segunda ação, para capacitação participativa de unidades de

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maturação e larvicultura em diagnóstico molecular de campo na própria empresa, tendo em vista a exclusão de patógenos específicos e a futura formação de reprodutores usando kits de diagnóstico comerciais. Organizada pela ABCC, Go Digital (representante no Brasil), UEMA, Genereach Corporation (Taiwan) e ADECE, a reunião foi levada a cabo no auditório da ADECE - Agência de Desenvolvimento do estado do Ceará , sob a coordenação do Dr. Enox de Paiva Maia (Diretor Técnico da ABCC) e Dr. Juan Ayala (Diretor Técnico da ACCC) com a assistência do Prof. Dr. Thales Passos de Andrade (Líder BOAgUA-UEMA). Estiveram presentes representantes da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), Associação Norteriograndense de Criadores de Camarão (ANCC), Associação Cearense de Criadores de Camarão (ACCC), ADECE e das empresas Potiporã, Camarati, Aquatec, Compescal, Aquamar, Aquasul e Aquafort. O Prof. Thales iniciou a reunião com uma abrangente explanação sobre a concepção científica e aplicação da plataforma de diagnóstico de campo (Pockit IQPlus, Genereach Corp/Go Digital) e com uma demonstração técnica para os presentes. A segunda parte da reunião constou de uma oficina de trabalho participativo, para análise das demandas e alternativas de introdução da tecnologia de apoio ao setor produtivo. Essa última etapa foi focada na análise da viabilidade técnico-financeira de cinco propostas de venda, genéricas, da Empresa Go Digital, de aplicação da plataforma de diagnostico móvel como ferramenta de auxilio nos seguintes casos: (1) Exclusão de patógenos específicos em Laboratórios existentes com maturação e produção de pós-larvas; (2) Formação continuada de reprodutores; (3) Qualidade em laboratórios (i.e sem maturação); (4) Aquisição pelas associações (ABCC, ANCC, ACCC etc.) para atender demandas de seus associados com treinamentos sobre boas práticas de manejo e medidas de biossegurança; e ( 5) aplicação da plataforma em fazendas de engorda individualizadas; O resultado desse esforço mostrou que os participantes que representavam: (a) as grandes unidades de maturações/ larviculturas, (três) expressaram que já dispõem de laboratórios de diagnostico molecular implantado, mas que visualizam adquirir a plataforma para assistência aos seus clientes, no campo; (b) as unidades de maturações/larviculturas médias e pequenas expressaram que devem aderir à tecnologia na linha de produção uma vez que o custo da aquisição do kits e a fácil aplicação da plataforma podem ser uma ferramenta valiosa de apoio efetivo; (c) as associações expressaram interesse em adquirir a plataforma de diagnósticos para a realização de cursos e para assistência sobre biosseguranca e BPM a seus membros; (d) todos os presentes expressaram a necessidade de negociarem com a empresa representante, Go Digital, sobre preços e pacotes em atenção à necessidade especifica das suas empresas. Segundo o Prof. Thales, “Esse momento é histórico para a indústria do camarão cultivado no Brasil, se considerarmos os

dez anos transcorridos desde que tentamos viabilizar a entrada de plataforma de diagnostico comercial (pronta para uso e de fácil aplicação, especifica e sensitiva) na nossa atividade. É importante que fique claro para o produtor que não estamos falando de diagnostico oficial, que é outra coisa. Porém, nos países líderes de produção o uso dessa tecnologia específica serve como alternativa de linha de frente no cultivo, funcionando como verdadeiros “canários das minas” na empresa. Isto é, os produtores brasileiros poderão, como nos países asiáticos, dispor de uma importante ferramenta de auxilio para a tomada de decisão, prevenção, controle e exclusão de patógenos na indústria, antes que o problema se torne incontrolável. Vale lembrar, de forma responsável, que essas tecnologias devem estar sempre associadas ao histórico de produção e a outras técnicas de diagnostico e, em casos pertinentes, à validação de resultados”. “Acho que agora o Brasil caminha na direção certa, uma vez que o MPA esta direcionando a RENAQUA para a realização de diagnósticos oficiais, bem como para o desenvolvimento contínuo de novas metodologias analíticas de diagnóstico de doenças de animais aquáticos e detecção de resíduos e contaminantes em perfeita consonância com as exigências internacionais, às quais o nosso país está vinculado. E a partir de agora, a indústria poderá viabilizar as plataformas de uso no campo para aplicação direta pelo próprio produtor. Obviamente, tudo isso associado às medidas de biossegurança e boas praticas de manejo, completam um rumo certo para essa nova fase” declarou o Professor Thales.

Kit de diagnóstico de campo

Participantes da reunião de Fortaleza

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Brasil presente no principal evento de frutos do mar do mundo Segue abaixo ofício recebido do MPA referente Promoção do Pavilhão Brasileiro na Seafood Expo Global 2014 (antigo European Seafood Exhibition). Empresas interessadas em participar devem entrar em contato com o MPA. “Senhor Presidente, 1. O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) organizará pelo terceiro ano consecutivo, em parceria com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Pavilhão Brasileiro na European Seafood Exposition, que a partir de 2014 se chamará pelo nome de Seafood Expo Global. 2. Como é de ciência de Vossa Senhoria, a Seafood Expo Global é a maior feira internacional destinada à promoção e comercialização de produtos derivados da pesca e aquicultura. Evento esse que ocorre anualmente na cidade de Bruxelas, Bélgica. Seguem abaixo os números oficiais da edição deste ano: • Visitantes: 25.840 (145 países), • Expositores: 1.697 (76 países), • Pavilhões Nacionais 68 (47 países), • Área de Exposições: 33.842 m2. 3. Na edição de 2013, o Pavilhão Brasileiro foi um dos destaques da feira oferecendo ao público a oportunidade de ver os principais produtos de nossas águas, bem como degustar alguns pratos típicos da culinária do Brasil, conforme a reportagem publicada no sítio do MPA em anexo. 4. Para a Seafood Expo Global 2014, que ocorrerá entre os dias 6 a 8 de maio, o MPA e o MRE já iniciaram os trabalhos para a organização do Pavilhão Brasileiro, o qual pretende ocupar uma área com cerca de 200 m2, mais que o dobro do pavilhão de 2013 (98 m2), a fi m de comportar um maior número de empresas brasileiras exportadoras de pescado. 5. Essas empresas serão escolhidas através de um Processo Seletivo por meio eletrônico a ser coordenado por este ministério. A fi m de que tenhamos o maior número de participantes neste processo, vimos a Vossa Senhoria solicitar o envio de uma lista para o e-mail cgcom@mpa.gov.br com as empresas fi liadas à ABCC- Associação Brasileira de Criadores de Camarão, nos moldes do quadro em anexo.”

Consumo de Frutos do Mar Diminui nos Estados Unidos O National Fisheries Institute (Instituto Nacional da Pesca) dos Estados Unidos divulgou sua lista anual dos dez frutos do mar mais consumidos nos EUA. No geral, os americanos consumiram menos 0,4 libras (180g) de frutos do mar per capita em 2012 comparado a 2011. “O crescimento populacional certamente tem que ser considerado, mas queremos ver os números indo na outra direção”, disse Jennifer McGuire gerente de comunicações de nutrição do National Fisheries Institute . “Há uma mensagem importante sobre as tendências de consumo de frutos do mar para os profissionais de saúde pública; quando a quantidade de frutos do mar que as pessoas consomem aumenta, doenças, despesas médicas e mortes evitáveis diminuem” A principal notícia da listagem foi que a categoria peixes brancos (whitefish) superou o camarão como a principal categoria consumida de frutos do mar. Peixes brancos consistem de bacalhau, escamudo, tilápia, pangasius, e bagre doméstico. O consumo combinado destes itens aumentou 6,2 por cento, enquanto que o consumo de camarão caiu 9,5 por cento. Como resultado, peixe branco como categoria agora é maior do que camarão em termos de consumo per capita nos EUA. O crescimento no consumo de peixe branco é impulsionado principalmente por tilápia e pangasius. O consumo de bacalhau teve um pequeno aumento, enquanto que o consumo de escamudo e bagre doméstico diminuiu. O aumento no consumo de bacalhau deve continuar em 2013 , já que os preços serão atraentes se comparado a outros frutos do mar. O consumo de salmão aumentou 3,5 por cento e está na faixa de 2 libras per capita, quase igual ao consumo per capita de 2001. Em 2012, foi um ano de baixa para o salmão rosa, e as capturas no Alasca caíram. O fato de que o consumo aumentou um pouco foi devido a forte demanda por salmão de cultivo do Atlântico. A categoria de mariscos inclui moluscos e caranguejos. Não existem dados separados sobre vieiras, mexilhões e ostras. Uma mudança notável é que, pela primeira vez em cinco anos, o consumo de caranguejo começou a aumentar novamente. Estava em um declínio constante desde 2007. “Os dez frutos do mar mais populares compõem um pouco mais de noventa por cento de todos os frutos do mar consumidos pelos americanos”, comentou John Connelly, Presidente do National Fisheries Institute. “É uma lista bastante estável, mas vemos um ligeiro aumento no consumo de salmão e um aumento de cerca de 15 por cento, combinado, no consumo de pangasius e tilápia o que significa que existe crescimento em determinadas áreas.”

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OS 10 PRINCIPAIS FRUTOS DO MAR CONSUMIDOS NOS EUA (2012 - libras per capita - fonte: NFI) 2011

2012

Camarão

4,200

3,800

Atum em lata

2,600

2,400

Salmão

1,952

2,020

Escamudo

1,312

1,167

Tilápia

1,287

1,476

Bagre

0,559

0,500

Caranguejo

0,518

0,523

Bacalhau

0,501

0,521

Mexilhões

0,331

0,347

Pangasius

0,628

0,726

EMS (Síndrome da Mortalidade Precoce) propensa a se propagar Em um longo artigo no jornal Bangkok Post sobre o aumento de preços do camarão nos Estados Unidos e na Europa, causado pela epidemia da Síndrome da Mortalidade Precoce (EMS) na China, Tailândia, Malásia e Vietnã, Matthew Briggs, um consultor de aquicultura para a Ridley Aquafeed, declarou que: “a escassez de camarão vai durar pelo menos um par de anos, talvez mais.” os quatro países atingidos pela EMS foram responsáveis por cerca de 70% das exportações de camarão do mundo em 2011, segundo dados da Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO). “Minha fazenda foi afetada em agosto de 2012, quando perdemos cerca de 80% do nosso camarão”, afirmou Prayoon Hongrat, presidente da Fazenda Sureerath na Província de Chantaburi, no leste da Tailândia. “Precisamos trazer o nosso abastecimento de água de fora da fazenda, e achamos que isso é o que espalhou a doença em nossos viveiros.” A produção total de camarão da China foi de mais de 1,5 milhão de toneladas por ano antes da EMS, dos quais cerca de 200 mil toneladas foram exportadas, disse Cui He, vice-presidente da Aliança Chinesa de Processamento e Marketing de Produtos Aquáticos (China Aquatic Products Processing and Marketing Alliance). Desde a epidemia da EMS, a China tem importado camarão da Índia e Equador, apenas para atender a enorme demanda doméstica. “Nós costumávamos ser um país exportador, mas agora somos um país importador”, disse Cui. O Vietnã, outro grande exportador, também tem importado camarão para manter sua indústria de processamento operando. Em maio de 2013, a EMS apareceu no México. “É quase inevitável que vai chegar em outros países”, disse Briggs. “Se a EMS chegar a outros países, e é muito provável que irá, então vai haver uma queda de produção muito grave.”

Equador adota medidas contra a Síndrome da Mortalidade Precoce (EMS) A Câmara Nacional de Aquicultura (CNA) do Equador, considerando as informações referente a existência da EMS no México e do risco potencial que esta doença representa para a indústria do camarão na região e para o país, fez as seguintes recomendações para seus afiliados: 1. Lembrar que de acordo com o Plano Nacional de Controle, todos os produtos utilizados durante o cultivo aquícola (alimentos, suplementos alimentares, vitaminas, probióticos, artémia, agentes terapêuticos, desinfetantes, fertilizantes, etc.) devem ter o respectivo Certificado de Registro Sanitário emitido pelo Instituto Nacional de Pesca. 2. Em caso de identificação de vendas de produtos sem o devido registro sanitário, denunciar os pontos de venda junto a Direção de Controle da Subsecretaria de Aquicultura ou a Inspetoria de Aquicultura mais próxima. 3. Lembrar que a presença de fatores de estresse no sistema de cultivo são gatilhos para qualquer surto ou doença, tais como: a. Mudanças repentinas ou mudanças marcantes entre dia e noite , na temperatura da água; b. Baixos níveis de oxigênio dissolvido na água ( menos de 4 mg / L ); c. Acúmulo de matéria orgânica nos viveiros ou tanques de cultivo; d. Súbito colapso das populações de microalgas; e. Alterações nos níveis de salinidade; f. Problemas na qualidade da água ( acúmulo de nitrogênio amoniacal por exemplo) . Adicionalmente, em dezembro de 2013, o Instituto Nacional da Pesca (INP) no Equador introduziu uma série de medidas no seu plano de contingência para evitar a entrada da síndrome da mortalidade precoce (EMS), também conhecida como Síndrome da Necrose Aguda do Hepatopancreas, no país. A medida mais importante do plano é a manutenção e execução do Acordo Ministerial 043, que proíbe a importação de camarão vivo (em qualquer fase) e produtos de aquicultura de países afetados pela EMS. A Secretaria Equatoriana de Aqüicultura e INP disseram que ofereceriam programas de treinamento para os importadores para evitar a entrada de EMS no país. O Equador inclusive proibiu a importação de biomassa e cistos de artémia do Brasil.

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A Carcinicultura na Índia vai parar temporariamente até o final de fevereiro 2014 devido a Síndrome da Mortalidade Precoce (EMS) Em novembro de 2013, a fim de prevenir e controlar a propagação da Síndrome da Mortalidade Precoce (EMS) em fazendas de camarão e larviculturas na Índia, a Autoridade de Desenvolvimento de Exportação de Produtos Marinhos (MPEDA) em Panampilly Nagar, Kochi, Índia, após discussões aprofundadas com consultores científicos e todas as partes interessadas, chegou a conclusão de que era essencial tomar as seguintes medidas imediatamente. 1. Inspecionar e testar todas as rações, reprodutores, náuplios, pós-larvas e probióticos em larviculturas . 2. Inspecionar e testar camarões em fazendas de engorda e unidades de processamento. 3. Inspecionar compras, vendas, transporte e documentos de importações de camarão em fazendas, larviculturas e unidades de processamento. 4. Confiscar e destruir camarão quando exigido em larviculturas, fazendas e unidades de processamento. 5. Fechar larviculturas que utilizam reprodutores Penaeus vannamei de fontes não aprovadas e destruir seus reprodutores. 6. Fechar instalações que não foram aprovadas para a produção de reprodutores e destruir seus reprodutores. 7. Desinfetar água contaminada em larviculturas e fazendas. 8. Impor “férias de cultivo” para todas as partes interessadas. Nenhum viveiro será povoado e nenhuma larva será produzida após Novembro de 2013. 9. Inspecionar zonas especificadas, de tempos em tempos. A MPEDA tem poderes para tomar as medidas acima nos termos da Lei MPEDA 1972. Leena Nair, Presidente da MEPDA declarou “Portanto, no exercício dos poderes conferidos ao presidente ... eu autorizar a prática de todos os itens acima . “ Tailândia: Recuperação da EMS vai demorar mais do que o esperado Informações provenientes da Tailândia através da empresa KGI Securities relatam que a principal empresa produtora de camarão do país, Charoen Pokphand Foods

(CPF), aceitou o fato de que a recuperação da síndrome da mortalidade precoce (EMS), está levando mais tempo do que o esperado. “Uma solução clara ainda não foi descoberta, apesar de utilizar várias técnicas tais como a adoção de berçários separados para pós-larvas e melhorias nos ambientes dos viveiros. Pequenos agricultores ainda estão relutantes e só as grandes fazendas estão assumindo o risco”, afirmou a KGI. “No entanto, a CPF revelou que algumas semanas atrás, um cientista dos EUA descobriu uma ferramenta que pode medir com precisão a localização das bactérias na lagoa”, acrescentou KGI. KGI já havia previsto que o negócio camarão da CPF podia ter alguma recuperação no 1 º trimestre de 2014. Agora espera-se que a recuperação deve ficar mais clara a partir do 2º semestre de 2014. Estados Unidos preocupado com inspeções de frutos do mar importado O portal MSN News informou que piscicultores na China e Sudeste da Ásia, por motivos diversos tais como um grande número de pequenas propriedades, uma alta demanda e supervisão frouxa, estão alimentando seus peixes, especialmente tilápias, com fezes de animais. O portal informa que em muitos casos, os peixes cultivados na Ásia e importados para os EUA têm sido cultivado com dietas de fezes de frango e de porco. A tilápia é um peixe liso, de carne branca com quase uma centena de espécies diferentes, é barato para criar, fácil de cozinhar e, recentemente, tornou-se o quarto peixe mais consumido nos Estados Unidos, atrás do camarão, atum e salmão. Cerca de 82 por cento da tilápia consumida nos Estados Unidos vem da China, de acordo com documentos da FDA - Food and Drug Administration – órgão governamental americano responsável, entre outras coisas, pelo controle de alimentos (tanto humano como animal) e medicamentos (humano e animal). Uma simples pesquisa online sobre o assunto revela inúmeras denúncias alarmantes envolvendo peixes asiáticos - particularmente tilápia – sendo cultivadas com dietas de esterco animal, e transformando-se assim em ímãs para doenças de origem alimentar. O Portal MSN News conversou com um importante cientista de segurança alimentar, que disse que a reputação da tilápia chinesa de ser imprópria para o consumo é bem merecida. “Embora existam alguns bons viveiros de aquicultura na Ásia, em muitos desses viveiros - ou realmente na maioria desses viveiros - é típico usar esterco não tratado de galinha como nutrição primária”, declarou Michael Doyle, Diretor do Centro de Segurança Alimentar da Universidade da Geórgia. “Em alguns lugares, como a Tailândia, por exemplo, eles colocam as galinhas sobre os viveiros e elas defecam diretamente nos viveiros.”

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Quando foi solicitado a estimar qual a percentagem de tilápia chinesa cultivada usando fezes de animais como alimento, Doyle disse: “Eu diria que cerca de 50 por cento. Alimentar peixes com fezes de animais os torna altamente suscetíveis a infecções bacterianas, como salmonela e E. coli”. Além disso, ele comentou que a grande quantidade de antibióticos que são administrados durante o cultivo dos peixes para evitar infecções faz com que as cepas de salmonela e E. coli que infectam os peixes sejam muito difíceis de eliminar. “É incrível ver o quanto desses antibióticos são aplicados, e eles deixam grandes resíduos de antibióticos nos viveiros”, disse Doyle. “Temos várias cepas de salmonela resistentes aos antibióticos que entram com esses peixes.” Adicionalmente, uma reportagem explosiva publicada pela Bloomberg News intitulada “Frutos do Mar Asiáticos cultivados com fezes suína aprovados para os consumidores dos Estados Unidos”, revelou em detalhes gráficos, as fazendas de peixes e plantas de processamento na China e no Vietnã, que estão repletos de sujeira e doenças, e inspetores americanos fazendo o que parecia ser um mau trabalho de impedir o peixe contaminado de entrar na oferta de alimentos nos Estados Unidos. De acordo com a reportagem, 27 por cento dos frutos do mar consumidos nos Estados Unidos vem da China, e a FDA só inspeciona 2,7 por cento do peixe importado. Dos peixes inspecionados, a FDA já teria rejeitado 820 carregamentos de frutos do mar da China desde 2007, incluindo 187 que continham tilápia. Em resposta a perguntas por parte da MSN News sobre frutos do mar importados da Ásia, a FDA defendeu suas práticas em um comunicado enviado por e-mail, com o seguinte teor: “A prioridade da FDA é assegurar que frutos do mar nacionais e importados vendidos nos Estados Unidos são inócuos. A agência utiliza um programa de segurança de frutos do mar multifacetada e com informações sobre riscos que depende de várias medidas de cumprimento. Para frutos do mar importados, essas medidas incluem inspeção de instalações estrangeiras de processamento, amostragem de produtos oferecidos para importação pelos Estados Unidos, amostragem para vigilância doméstica de produtos importados, inspeções dos importadores de frutos do mar, avaliações de programas de país estrangeiros e compartilhamento de informações com nossos parceiros internacionais e escritórios no exterior da FDA.” “Os processadores de frutos do mar e aquicultores são obrigados a ter controles implementados para eliminar os riscos dos frutos do mar. A FDA realiza testes de risco direcionados, agindo quando identifica violações.” Apesar das garantias da FDA , Doyle disse que recomenda que consumidores prestem atenção para o país de origem dos frutos do mar, que supermercados são obrigados por lei a informar.

“Pessoalmente, eu sempre escolho frutos do mar pescado no Golfo do México”, disse Doyle. Nota do Editor: Se nos Estados Unidos, com sua conhecida infraestrutura e elevados recursos, o nível de inspeção de frutos do mar importado é baixíssimo em termos percentuais e preocupa, imaginem como são as condições no Brasil, um país que importa cada vez mais frutos do mar de países asiáticos como China e Vietnam e que cogita liberar importações de camarão de países afetados por doenças endêmicas que pode colocar em risco o setor nacional de carcinicultura. Exportação de camarão no Vietnã Publicamos abaixo algumas informações sobre o Vietnã, um país que conta com o total apoio do governo para o desenvolvimento do setor de aquicultura, com grande ênfase na carcinicultura, ao ponto de que mesmo com a presença de inúmeras doenças que afetam os principais produtores de camarão da Ásia, o Vietnã continua produzindo e exportando camarão em níveis recorde. O Vietnã, apesar de dispor de apenas 331.000 km2 de área total, tem uma costa com de mais de 3.200 km, com muitos grandes estuários e zonas úmidas costeiras favoráveis para o cultivo de várias espécies aquáticas. Por isso, o país apresenta um grande potencial para o desenvolvimento da aquicultura . O setor de pesca do Vietnã fez grandes avanços desde a implementação da estratégia nacional de desenvolvimento da aquicultura para 2020. O setor cresceu exponencialmente e reestruturou-se de uma forma sustentável mudando da exploração dos recursos naturais para cultivá-las na superfície da água existente com a força de trabalho disponível para o bem de expansão da produção e proteção de recursos. O camarão marinho L. vannamei e P. monodon são as principais espécies cultivadas nas águas salobra e marinha que ocupam uma grande área com valor de produção significativo. Junto com uma reestruturação econômica no sector de pesca, criadores de camarão têm sido capazes de desenvolver processos de produção de pós-larvas, conviver com várias doenças e dominar várias técnicas de produção tais como intensiva, extensiva cultivo orgânico. Com a evolução do setor aquícola, o antigo Ministério da Pesca rapidamente instruiu autoridades nas principais províncias produtoras de camarão para ajudar as empresas a construir uma série de plantas de processamento de exportação de frutos do mar nas províncias costeiras e outras províncias com forte produção aquícola. Vietnã se tornou um dos dez maiores exportadores de frutos do mar do mundo em pouco mais de dez anos. As exportações de frutos do mar do país atingiu mais de US$ 6 bilhões em 2011 com uma forte contribuição do camarão.

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A principal entidade representativa do setor de frutos do mar do país, VASEP (Associação Vietnamita de Exportadores e Produtores de Frutos do Mar), informou no início de 2014 que as exportações de camarão do Vietnã poderia atingir a cifra de US$ 3,5 bilhões em 2014 se a Síndrome da Mortalidade Precoce (ESM) permanecer sob controle e as condições dos principais mercados consumidores se mostrarem favoráveis. A VASEP informou que em 2013, as exportações de camarão tinham aumentado e contribuído para compensar as perdas de exportações de outros frutos do mar. Até Novembro de 2013, as exportações de camarão já tinham gerado receitas de US$ 2,8 bilhões, um aumento de 35,9% em relação ao mesmo período de 2012 e deve ultrapassar US$3,0 bilhões no ano inteiro. As vendas de camarão foram responsáveis por 44% das exportações de frutos do mar do país. Nota do Editor: A título de reflexão, destacamos aqui que no ano de 1987, conforme dados da FAO, a produção brasileira de pescados foi de 947.992 ton comparada com 869.000 ton do Vietnã. A mesma FAO informa que em 2011, a produção total de pescado do Vietnã foi de 5.554.000 ton enquanto que a do Brasil para o mesmo ano foi de 1.433.306 ton. O baixo consumo de frutos do mar é um grave problema de saúde pública O leitor assíduo da nossa revista está ciente que já publicamos uma série de artigos destacando os benefícios para a saúde decorrentes do consumo regular de frutos do mar. Para reforçar ainda mais o tema, reproduzimos abaixo uma versão traduzida de matéria publicada por Linda Cornish, Diretora Executiva da Seafood Nutrition Partnership (Parceria de Nutrição de Frutos do Mar): A mídia muitas vezes cobre os riscos e benefícios de consumir frutos do mar, mas, infelizmente, os “riscos” tendem a ofuscar os “benefícios”. Esta é provavelmente uma das razões que os americanos estão consumindo menos frutos do mar, como evidenciado pelas 14,4 libras (6,53kg) de consumo de pescado per capita em 2012,conforme reportado pela NFI (Instituto Nacional de Pesca). Se todos nós seguíssemos as diretrizes nutricionais do USDA (Ministério da Agricultura) para os americanos, então deveríamos estar consumindo 26 libras (11,80kg) per capita de pescado por ano. O fato é que não consumir frutos do mar suficiente é uma questão de saúde pública que precisa urgentemente de uma maior conscientização. Precisamos colocar os riscos em perspectiva. De acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), o assassino número 1 nos Estados Unidos é a doença cardíaca, levando cerca de 600 mil vidas a cada ano. Em comparação, o CDC

analisou o número de mortes por doenças transmitidas por alimentos no período de 1998 a 2008, resultando em cerca de 1.451 mortes por ano. As categorias de alimentos nesse número incluem: 278 de aves, 240 de vegetais, 140 de carne vermelha, 140 de laticínios, 93 de frutas e nozes, 71 de peixes e 23 de mariscos. O corpo de provas da ciência sobre os benefícios do consumo de alimentos ricos em ácidos graxos Omega-3, ácidos eicosapentaenóico (EPA) e ácido docosahexaenóico (DHA) para a saúde, tem crescido substancialmente, e a melhor fonte de EPA e DHA é frutos do mar. A Organização Global de EPA e DHA Omega-3 (GOED) afirma que desde a década de 1970 houve mais de 20.000 estudos de pesquisas sobre os benefícios essenciais da EPA e DHA para a saúde humana. Em termos simples, o EPA é benéfico para a saúde do coração e o DHA é benéfico para a saúde do cérebro e saúde ocular. Em trabalhos de pesquisa, tem sido observado em testes em humanos de que consumir frutos do mar duas vezes por semana pode reduzir os riscos de morrer de doença cardíaca em 36%. Se fossemos capazes de reduzir o número de mortes por doenças cardíacas em 1/3, então isso significaria salvar cerca de 200.000 vidas nos EUA a cada ano. A AHA - American Heart Association (Sociedade Americana do Coração) – tem como Meta de Impacto até 2020 “melhorar a saúde cardiovascular de todos os americanos em 20 por cento, e reduzir mortes por doenças cardiovasculares e AVCs em 20 por cento.” Para ajudar a alcançar este objetivo, a AHA desenvolveu uma sugestão de hábitos chamada “Os simples 7 da vida.” Um dos sete hábitos simples é a alimentação saudável, o que inclui peixe duas vezes por semana. Um relatório de atualização da AHA de 2012 constatou que apenas 1 em cada 5 adultos americanos e 1 em cada 10 crianças americanas consomem peixe duas vezes por semana. Estes dados de consumo são da Pesquisa Nacional de Exame de Saúde e Nutrição (NHANES). Outra forma de avaliar um baixo consumo de frutos do mar é a nossa ingestão de EPA e DHA. Proeminentes organizações de saúde recomendam 250-500mg de ômega-3 EPA + DHA por dia. NHANES mostra que a ingestão média dos americanos é 90 mg de ômega-3 EPA + DHA por dia, e é ainda mais baixa para crianças. O ponto principal é que nossas dietas impactam nossa saúde mais do que qualquer outra ação em nossas vidas diárias. Todos nós sabemos o quão difícil é desenvolver um novo hábito, mas às vezes só é necessário fazer uma coisa para começar no caminho certo. Algo fácil que podemos fazer para alavancar uma vida saudável é consumir frutos do mar duas vezes por semana.

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NOTÍCIA ESPECIAL

Notícia especial sobre a importação de camarão da Argentina

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Evidentemente, que se por parte do MPA houve comeo intuito de manter nossos leitores atualizados sobre a batalha que ABCC vem travando contra moração pela não concessão da liminar pelo juízo de a importação de camarão da Argentina, temos a primeiro grau, não podemos deixar de comemorar o fato grata satisfação de comunicar a todos que o Relator do de que a antecipação da presente tutela recursal por um Agravo de Instrumento interposto contra a decisão da Desembargador Federal, é um reconhecimento de que Justiça Federal de primeiro grau, no julgamento da Ação houve açodamento por parte do MPA nas conclusões da contra o Ministério da Pesca e Aquicultura, referente a ARI favoráveis a importação do camarão Pleoticus muelleri. importação do camarão selvagem da Argentina (Pleoticus Notadamente, por não considerar os graves, reais e irrevermuelleri), o Desembargador Jirair Aram Meguerian, do síveis riscos que essa desastrada operação poderá trazer Tribunal Regional Federal da Primeira Região (BSB), aca- para a biodiversidade natural de crustáceos e para a cartando a argumentação da ABCC, determinou a suspensão cinicultura brasileira, haja vista que a Argentina, que usa e da autorização de importação do referido camarão, até o abusa da triangulação de produtos asiáticos, que adentram julgamento final da ação. O desembargador considerou, em ao Brasil, sob a bandeira do MERCOSUL, tem como seus sua decisão, que, ante a fundada suspeita de que o ingresso principais fornecedores de pescado, o Equador (13.430 t) de crustáceos vivos e congelados no país poderá colocar e a Tailândia (13.175 t), que juntos possuem 20 doenças e em risco a saúde humana e da fauna, deve-se aplicar ao cepas virais de notificação obrigatória pela OIE, incluído caso o princípio da precaução. Com isso, determinou a a EMS, que já chegou ao México e vai contribuir para a suspensão da Autorização do MPA até o julgamento final redução de 400.000 t na produção de camarão cultivado do processo. da Ásia, causando um verdadeiro pânico na carcinicultura Na oportunidade esclarecemos que o processo contra o mundial (Figura 01). Portanto, o que causa um verdadeiro MPA continua correndo no Juízo de Primeiro Grau. Por- espanto é o fato de que a ARI elaborada ás pressas pela tanto, esta decisão proferida pelo Desembargador Jirair SEMOC/MPA, não considerou e não fez nenhuma alusão A. Meguerian,é uma antecipação dos efeitos da tutela no às importações de pescado da Argentina, passando por agravo de instrumento interposto contra a decisão do Juízo cima do sagrado princípio da precaução, mostrando clade Primeiro Grau que indeferiu a liminar. Resta, ainda, o ramente, o açodamento ou mesmo a irresponsabilidade julgamento final do agravo pela Turma, e o prosseguimento de autorizar a importação de um camarão, com tantas do processo no Juízo de Primeiro Grau, ocasião em que evidencias de riscos epidemiológicos. haverá a produção probatória e, consequentemente, a oportunidade de demonstrarmos cabalmente os perigos que essa equivocada autorização do MPA, pode trazer para a sanidade das populações naturais de crustáceos e para o camarão cultivado do Brasil, bem como, para a economia primária das populações rurais do Nordeste Brasileiro. Portanto, como essa decisão ainda não foi de mérito e nem definitiva, embora tenhamos motivos para comemorar, vamos nos manter atentos e a postos para municiar nossos competentes advogados, na fase de Figura 01: Principais Países Fornecedores de Pescado para a Argentina em 2011 e as principais doenças do camarão produção probatória. de cultivo nesses países 18 | Revista ABCC

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ARTIGO

As perdas de oportunidades pelo setor pesqueiro brasileiro, com ênfase para a carcinicultura marinha: histórico, entraves e perspectivas de recuperação Itamar de Paiva Rocha Engº de Pesca CREA 7226-D/PE

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mbora no cômputo das importações globais de proteínas de origem animal (US$ 46,4 bilhões), o Brasil tenha se destacado de forma expressiva em 2011, com uma participação de US$ 15,8 bilhões (34%), o mesmo não aconteceu no tocante ao setor pesqueiro, que pela falta de uma política pública consistente, as exportações brasileiras de pescado (US$ 245,0 milhões) em 2011, corresponderam a pouco mais de 0,17% das importações mundiais desse setor (US$ 145,0 bilhões) no referido ano. Esse pífio desempenho, além de estar na contramão do importante fato de que a tecnologia que revolucionou e contribuiu para o expressivo desenvolvimento da aqüicultura mundial, a hipofisação, foi descoberta por pesquisadores brasileiros, em meados dos anos 20 do século passado, não condiz com as reconhecidas potencialidades e excepcionais condições edafo-climáticas para a exploração aquícola, que o Brasil dispõe em todas suas macro-regiões. Da mesma forma, o crescimento das importações de pescado pelo Brasil, que em 2013, atingiram o expressivo volume de 418.637 toneladas e, um valor de US$ 1,45 bilhão de dólares, correspondendo a um incremento de 18,02% em relação ao valor das importações de 2012 (US$ 1.23 bilhão de dólares), veio de encontro aos objetivos do festejado Plano Safra da Pesca e Aquicultura, lançado pomposamente pelo Governo Federal/MPA em Outubro de 2012, cujo valor anunciado (R$ 4,3 bilhões), tinha como meta, dobrar a produção aquícola brasileira até 2014. Ocorre, que passados 17 (dezessete) meses, as liberações de financiamentos para a aqüicultura, continuam a passos de tartaruga e, na verdade, o que cresceram mesmo foram as fictícias estatísticas, que por um passe de mágica, aliás uma verdadeira alquimia, estão sendo engendradas nos gabinetes Ministeriais de Brasília, afora a dura realidade das expressivas importações de pescado no ano de 2013. Além disso, a crescente decadência das exportações brasileiras de pescado vai de encontro a todas as expectativas setoriais geradas com a eleição do Presidente Lula, uma vez que esse declínio começou exatamente á partir de 2004, já sob a égide da SEAP-PR (2003/08), tendo continuado de forma mais acentuada com a criação e atuação do MPA (2009/13), cuja amadora e temerária política, levou a um déficit comercial da balança de pescado brasileira, no ano de 2013, para valores nunca dantes imaginados (US$ 1,21 bilhão de dólares), notadamente para um país que se ufana das privilegiadas condições naturais e

ambientais, para a produção de pescado via aquicultura, como o Brasil. (Figura 01).

Figura 01. Desempenho da balança comercial de pescado do Brasil, em valor, de 1997 – 2012.

Em realidade, a atual situação do setor pesqueiro e aquícola brasileiro, é muito preocupante, o que merece a atenção e o alerta de todos os atores envolvidos com esses setores, para uma tomada de posição política, inclusive aproveitando as próximas eleições, no sentido de firmar compromissos que assegurem a superação dos entraves que vem interferindo negativamente no desenvolvimento da aquicultura e da carcinicultura brasileira. Notadamente, por tratar-se de duas atividades estratégicas, que contam com um extraordinário potencial natural para seu desenvolvimento no Brasil (Figura 02), cuja exploração pode transformar as condições sociais e econômicas do setor rural litorâneo e interiorano do Nordeste, de forma especial e, do Brasil, de uma maneira geral. Nesse contexto, se apresenta como exemplo, a contribuição do camarão cultivado para a sócio-economia da Região Nordeste, cujas exportações já chegaram a ocupar o 2º lugar (US$ 226,0 milhões) das exportações do seu setor primário e participaram com 55% das exportações de pescado do Brasil (US$ 427,92 milhões) no ano de 2003. Além disso, se ressalta o fato de que no referido ano, o camarão cultivado do Brasil ocupou o primeiro lugar das importações de camarão pequeno/médio dos Estados Unidos, seguido pela China, Tailândia e Equador (Figura 03). Da mesma forma, no ano de 2004, ocupou o primeiro lugar das importações de camarão de águas quentes da União Européia (Figura 04), tendo como destaques, as importações da França, o mercado mais exigente da Europa, onde participou com 28%, seguido Revista ABCC | 19

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por Madagascar com 12% e Equador com 8% (Figura 05) e, da Espanha, com uma participação de 12%, suplantada apenas pelo camarão da Argentina com 14% e sequenciado pelo do Equador com 7% (Figura 06)

Figura 02. Potencialidades do Brasil para a exploração da aquicultura e da carcinícultura.

Figura 03. EUA - Origem das Importações de camarão pequeno/médio porte (2003).

Para se compreender melhor a dimensão das perdas de oportunidades que o setor carcinicultor tem sido submetido, exatamente pela falta de apoios específicos, se apresenta a seguir uma comparação do desempenho da carcinicultura brasileira com o da carcinicultura tailandesa, onde a Tailândia possui a mesma linha de costa da Região Nordeste e que, em 2002, antes da criação da SEAP-PR, produziu um volume (60.000 t) do camarão L. vannamei, menor do que o produzido (60.253 t) pelo Brasil, sendo que em 2011, sua produção subiu para 511.443 t, enquanto a do Brasil foi de apenas 65.571 t (Figura 07). No mesmo sentido, quando se analisa o desempenho da carcinicultura do Equador, um país que possui apenas 600 km de costa, igual a do estado do Ceará, mas explora 180.000 ha de viveiros, cuja produção de 300.000 t de camarão marinho, contribuiu para as exportações de 204.621,8 t e captação de US$ 1,13 bilhão de dólares de divisas em 2012 e, se comparada com a carcinicultura brasileira, cuja produção foi reduzida de 90.190 t (2003) para 75.000 t (2012), enquanto as exportações despencaram de 58.455 t / US$ 226,0 milhões (2003) para 0,0 (zero) em 2012 (Figura 08), fica muito clara a falta de apoio dispensada aos produtores brasileiros. Especialmente, quando se leva em conta que o Brasil criou uma Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (2003), posteriormente transformada em Ministério da Pesca e Aquicultura (2009), mas explora pouco mais de 21.000 ha de viveiros de camarão, mesmo dispondo de áreas apropriadas ao cultivo de camarão marinho, superiores a 1.000.000 de hectares. De forma que, se considerarmos as vantagens comparativas que as excepcionais potencialidades naturais e as imensas áreas que o Brasil dispõe em todas suas macro regiões para a exploração da carcinicultura, em relação ao Equador e a Tailândia, associadas ao importante e significativo mercado interno, que em 2012 absorveu 100% da produção nacional de camarão cultivado e extrativo, bem como, a razoável rede de infraestrutura básica e a privilegiada localização geográfica em relação aos mercados norte americano e europeu, tendo ainda presente, que tanto o camarão brasileiro como o equatoriano, tailandês, chinês e vietnamita foram afetados pela mesma ação anti-dumping (USA) e pela generalizada crise cambial, fica patente o diferencial dos apoios concedidos por um e outro país aos seus segmentos de carcinicultura.

Figura 04. UE - Origem das Importações de Camarão de Águas Quentes em 2004.

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Figura 05. França: Origem das Importações de Camarão em 2004 Figura 08. Evolução comparativa das exportações de camarão: Brasil X Equador (2003 – 2012)

Figura 06. Espanha: Origem das Importações de Camarão em 2004

Figura 07. Comparação da Evolução da Produção do L. vannamei: Brasil e Tailândia (2002 e 2011)

Notadamente, quando se leva em conta que ambos os países exploram a mesma espécie, o Litopenaeus vannamei, que embora seja originário do Oceano Pacífico, vem sendo cultivado com sucesso nas águas oligohalinas do interior mais remoto do Nordeste brasileiro, inclusive nas áreas salitradas do baixo e médio São Francisco, uma nova fronteira que deverá se constituir no novo eldorado da carcinicultura brasileira. As perspectivas de geração de exitosas oportunidades de negócios, envolvendo micros, pequenos, médios e grandes empreendimentos, que além de gerar emprego e renda, criará uma nova ordem econômica, promovendo a verdadeira inclusão social no meio rural da Região Nordeste, estão na dependência de ações governamentais, proativas, principalmente no tocante ao licenciamento ambiental e aos financiamentos para investimentos e custeios operacionais. Especialmente, quando se tem presente, que de acordo com o último censo da carcinicultura brasileira, a despeito da expressiva participação de micros e pequenos produtores (74,5%) em 2011, o que embora tenha confirmado sua importância para a inclusão social no meio rural da Região Nordeste, ficou claro o descaso e a falta de apoio governamental, com relação ao licenciamento ambiental por parte dos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente, onde apenas 21,0% dos produtores contavam com esse importante instrumento legal e, de financiamentos bancários, por parte dos Agentes Financeiros, que contemplaram com financiamentos, um percentual ínfimo, de apenas 5,4% (84) dos produtores de camarão (Tabela 01). Tabela 01. Porte e número de produtores, área, situação de Licenciamentos e Financiamentos em 2011

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Para uma melhor avaliação das perdas de oportunidades e receitas por parte da carcinicultura, especialmente para a Região Nordeste, se apresenta a seguir, o perfil das exportações de camarão cultivado do Equador (203.452 t / US$ 1,133 bilhão) e da Tailândia (323.102 t / US$ 2,9 bilhões) em 2012 (Figura 09), comparado com 0,0 (zero) do Brasil. Evidentemente que pela importância do mercado internacional de camarão em 2011 (1.958.760 t e US$ 14,93 bilhões), aliado ao atual momento de dificuldades confrontadas pela carcinicultura Asiática, em decorrência da EMS (Síndrome da Mortalidade Precoce), a nova doença que está afetando a produção de camarão cultivado da China, Tailândia, Vietnã e Malásia, contribuindo para a redução de 400.000 t na produção nessa região em 2013, se ampliam e se renovam as oportunidades para que o camarão cultivado do Brasil retorne ao vantajoso mercado Internacional, de forma especial ao mercado Europeu. Inclusive, em decorrência do referido problema, os preços do camarão cultivado, especialmente para as classificações pequenas (100-120 pcs/kg) e médias (80-100 pcs/kg), apresentaram em 2013, valores competitivos em relação aos praticados pelo mercado brasileiro, o que permitiu o retorno das suas exportações para o mercado da União Européia, especialmente o mercado Francês, com um volume de 612 toneladas/US$ 4,1 milhões de dólares, o que certamente contribuiu para fortalecer o setor, mantendo os preços internos remunerativos e competitivos, atraindo e viabilizando novos investimentos, gerando empregos, renda e oportunidades de novos negócios.

Figura 09. Perfil das exportações (vol. e Val.) camarão cultivado: Equador e Tailândia, em 2012.

Em realidade, vários outros países já manifestaram interesse em comprar camarão cultivado do Brasil, inclusive, os Estados Unidos, a Itália, a China, a Tailândia, o Vietnã e a Coréia do Sul. Portanto, o desafio e as oportunidades

para a carcinicultura brasileira estão lançados, cabendo às lideranças do setor, aos Governos: Federal e Estaduais e aos Agentes Financeiros, a tomada de decisões para a realização dos investimentos e, a definição das estratégias e ações para ampliar as bases produtivas e viabilizar o requerido e necessário crescimento da sua produção, tanto para atender a pujante demanda interna, como as oportunidades que continuamente se apresentam no mercado internacional. Adicionalmente, se ressalta o importante fato de que a China, embora seja incontestavelmente o maior produtor mundial de pescado, já está se apresenta como grande importador desse setor, cujo volume importado em 2011 correspondeu a 3 vezes a produção brasileira de pescado no referido ano. Nesse contexto, a China, já se destaca como o terceiro maior importador mundial de pescado, com alentadoras previsões de crescimento, conforme se deduz da análise da evolução do seu consumo per capita de 1980: 10 kg; 2000: 20 kg e, 2010: 28 kg, sendo que, o sonho de consumo de pescado dos chineses é de 50/60 kg/ per capita/ano. Por isso, diante desses números, como responder a pergunta que o mundo todo faz: quem vai alimentar a China com pescado?! As oportunidades estão postas, quais os potenciais candidatos para atendê-las?? O Brasil, se resolver seus equivocados entraves ambientais e sua incipiente política de incentivos e apoios setorial?? Ou a África, se superar seus graves conflitos sociais e os reais problemas sanitários e políticos?? Naturalmente que esse feito não será alcançado com a fabricação de estatísticas, escavadeiras hidráulicas ociosas e terminais pesqueiros inoperantes, muito menos com fisiologismos, como vem ocorrendo com o seguro defeso no Brasil, que deixou de ser um instrumento de apoio aos verdadeiros pescadores artesanais, para se constituir numa moeda de troca, que além de estimular a ociosidade, vem gerando corrupção e fraudes eleitoreiras, como bem demonstram as ações do MPF e, a injustificada evolução do seu desembolso entre os anos 2002 (88.570 pescadores beneficiados e R$ 62 milhões de reais) e 2013 (1.071.801 pescadores beneficiadas e R$ 2,0 bilhões de reais), como mostra a Figura 10. Ora, como o PIB do setor pesqueiro brasileiro (R$ 5,0 bilhões de reais), não pode custear nem um universo de 200.000 pescadores, fica claro que o seguro defeso para 1.071.811 beneficiados, está sendo utilizado indevidamente, com fins eleitoreiros escusos, incluindo pessoas alheias ao setor e em verdade, com riscos de prejudicar os verdadeiros necessitados (pescadores), caso não sejam adotadas imediatas medidas saneadoras. A prova de que se mudarmos o rumo da atual política pesqueira e especialmente aquícola, poderemos reverter, num curto espaço de tempo, a vexatória situação do setor pesqueiro brasileiro, pode ser confirmada, quando se

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analisa o gráfico apresentado na Figura 11, onde se compara a evolução de pescado do Brasil e do Vietnã, tomando como referencia os anos de 1987, 2002 e 2011, cujo destaque foi o fato de que em 1987 a produção de pescado do Brasil (947.922 t) foi superior à do Vietnã (868.000 t), enquanto em 2011, o Vietnã produziu 5.554.000 t e, o Brasil 1.433.306 t, sem falar que em 2011 o Brasil exportou apenas US$ 245,0 milhões, enquanto o Vietnã exportou US$ 5,5 bilhões de dólares de pescado.

Figura 12. Consumo anual per capita de carnes e pescado do Brasil em 2012.

Figura 10. Brasil – Evolução do desembolso com seguro defeso – 2002 a 2013

Figura 11. Evolução da Produção de Pescado: Brasil e Vietnã, de 1987 a 2011

Além disso, se destaca que as amplas e favoráveis perspectivas e oportunidades que o mercado brasileiro oferece para o aumento do consumo de camarão, da tilápia e demais peixes nativos cultivados, podem ser confirmadas com a análise do consumo per capita de carnes vermelha (55,5 kg) e aves (45,0 kg), em relação ao consumo de pescado (8,5 kg) e de camarão (0,6 kg) pelos brasileiros em 2012 (Figura 12), notadamente quando se considera que os preços do camarão e dos peixes de cultivo são muito competitivos em relação aos das carnes vermelhas.

Em face ao exposto e, quando se analisa as projeções da FAO para o crescimento da demanda, do consumo e do déficit mundial de pescado para os próximos 10 anos e, se associa com as potencialidades naturais e as vantagens comparativas do Brasil em relação a seus competidores, fica claro que a posição vexatória da aquicultura brasileira no tocante a produção mundial desse setor, é fruto da falta de uma política consistente de apoio e incentivo às iniciativas empresariais, no sentido de viabilizar a exploração do vasto potencial que o Brasil detém em todas suas macro regiões, transformando-as em oportunidades de negócios, emprego e renda. Nesse contexto, como pioneiro da Engenharia de Pesca, detentor de um razoável conhecimento da realidade brasileira e mundial sobre a produção de pescado via aquicultura, somos compelidos a alertar e chamar a atenção do Governo Federal, dos Governos Estaduais, da Classe Política, das Universidades patronas dos Cursos de Engenharia de Pesca e, da sociedade brasileira como um todo, sobre a relevante importância da aquicultura para a sócio economia rural e, a premente necessidade de se criar mecanismos de incentivos e apoios específicos para a promoção do seu desenvolvimento no Brasil. Em realidade, o cultivo de organismos aquáticos, tanto marinho como de água doce, se constitui a alternativa de maior viabilidade para inserir o Brasil, de forma especial a Região Nordeste, no gigantesco trading mundial de pescado - US$ 390,0 bilhões – em 2011, cuja participação brasileira foi muito insignificante, apenas US$ 1,5 bilhão (0,5%), sem qualquer contribuição da Região Nordeste.(FAO,2011) 1

Presidente da ABCC; Diretor do DEAGRO/FIESP; Conselheiro do CONSAG/FIESP. abccam@abccam.com.br / www.abccam.com.br / 84-3231 6291/3231 9786.

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ARTIGO

Nutrição de camarões marinhos: dos conceitos básicos às proteínas Rodrigo A.P.L.F. de Carvalho, Dr. Tecnologia do Pescado e Nutrição Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias, Escola Agrícola de Jundiaí - EAJ Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN rodrigoplfc@ufrnet.br

O

s sistemas de cultivo de camarões marinhos evoluíram bastante nas últimas décadas e o produtor dispõe de alternativas de tecnologias que permitem atingir produtividades que variam de 500 kg a cerca de 100.000 kg por hectare/ciclo em viveiros extensivos e tanques intensivos experimentais, respectivamente (Tabela 1). Maior o grau de intensificação, maior o domínio da tecnologia e a necessidade de mais recursos para a aquisição de rações de qualidade, aeradores, geradores, entre outros. Tabela 1. Características de diferentes sistemas de cultivo para camarões marinhos em termos de tipo de alimentação empregada, tipos de tanques, densidade e produtividade.

Fonte: adaptado de Otoshi (2012), Rocha (2013), Samocha et al. (2013)

O amadurecimento da carcinicultura trouxe de carona um maior conhecimento sobre o manejo da qualidade da água, o controle de doenças e o manejo alimentar. Contudo, apesar de executar as rotinas de alimentação de forma satisfatória, um número considerável de técnicos e produtores ainda conhece pouco do seu principal insumo, a ração, que consome a maior fatia dos custos de produção em uma fazenda, cerca de 50%, dependendo do sistema de cultivo. A nutrição é a ciência de alimentar o corpo para garantir a sua manutenção, o seu ótimo desenvolvimento e saúde. Na produção animal se busca atingir o melhor crescimento e eficiência produtiva assegurando o máximo retorno. Para isto deve-se oferecer um balanço adequado de nutrientes, o que demanda conhecimentos sobre aspectos fundamentais como: o hábito alimentar e exigências nutricionais da espécie cultivada, os processos de digestão, os alimentos ou ingredientes que podem ser utilizados, a formulação e a fabricação das rações. A exigência nutricional significa a porcentagem mínima de um componente, como a proteína, necessária para um

desenvolvimento satisfatório do animal. Alguns componentes não são essenciais porque os animais conseguem produzir, ou sintetizar, em seu próprio organismo, outros são essenciais e precisam estar presentes na ração porque os animais não conseguem sintetizar. Isto ocorre com os aminoácidos, pois alguns são essenciais e outros não. Os conhecimentos necessários para fazer o grão de ração, ou pelete, chegar até a boca do camarão demandam muita pesquisa e muito foi realizado até os dias atuais, mas boa parte destas informações precisa ser atualizada ou não corresponde à realidade do campo, porque foram realizadas em condições muito distantes daquelas existentes na prática. Ainda há muito a avançar na nutrição dos camarões marinhos e o desempenho obtido atualmente, após uma análise aprofundada, mostra a necessidade da realização de muitos estudos sobre a nutrição do camarão marinho. Por exemplo, um fator de conversão alimentar aparente (FCA) igual a 1,2 apesar de estar na faixa considerada ideal se torna elevado quando comparamos a quantidade de ração gasta por kg de camarão produzido em peso seco, ou seja, não considerando a umidade da ração e dos camarões, que são bem distintas. Para ficar mais claro vamos calcular o fator de conversão alimentar descontando a umidade dos camarões e da ração. A partir de um valor médio de 75% de umidade para os camarões e 10% de umidade para a ração podemos calcular o fator de conversão alimentar em base seca. No exemplo apresentado na tabela 2 equivale a 4,32 enquanto que o fator de conversão alimentar na base úmida foi igual a 1,2. Ou seja, transformando tudo em base seca, observamos que são necessários 4,3 vezes ração em relação ao peso seco do camarão produzido. Este cálculo permite enxergar com mais precisão o quanto de nutrientes são necessários para produzir uma determinada biomassa, sem considerar a água, que embora seja considerada um nutriente não tem custo e também não polui, ao contrário do nitrogênio e do fósforo, que poluem e são os principais fatores em termos de impacto ambiental da aquicultura.

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Tabela 2. Pesos, umidade e fatores de conversão alimentar na base úmida e na base seca calculados para camarões marinhos.

Ração

Camarão

FCA

Peso bruto em kg

1.200

1.000

1200:1000 = 1,2

Umidade em %

10

75

Peso seco em %

90

25

Peso seco em kg

1080

250

1080:250 = 4,32

Em uma situação ideal, bastariam apenas 277,8 kg de ração para produzir 1.000 kg de peixe na base natural já que em peso seco teríamos 250 kg de ração para 250 kg de peixe secos. Contudo a ração não é 100% consumida e da fração consumida nem tudo é aproveitado ou digerido. Daí o nome conversão alimentar aparente porque não foi quantificado o consumo e sim a oferta. Já no que diz respeito à digestão, cerca de 30% a 40% da ração não é digerida. O camarão marinho Litopenaeus vannamei, possui hábito alimentar onívoro, o que significa que o mesmo ingere alimentos de origem vegetal e animal, seja artificial ou natural. Por esta característica, as suas exigências nutricionais conhecidas são atendidas com certa facilidade, especialmente quando há disponibilidade de alimento natural. A ração possui diversos componentes com papeis específicos (Figura 1), entre estes a água, em um percentual máximo 14%. A água é oriunda dos ingredientes e do vapor utilizado no tratamento térmico durante a sua fabricação e por este motivo as rações passam por uma etapa de secagem para prevenir a proliferação de fungos. Os componentes mais importantes da ração são os nutrientes que são substâncias químicas encontradas nos alimentos e utilizadas para a manutenção, crescimento e energia. Os nutrientes são as proteínas, carboidratos, gorduras (também chamada de lipídeo ou extrato etéreo), e seus constituintes, além de vitaminas e minerais. Os macro-nutrientes, proteínas, carboidratos, gorduras, macro-minerais e água são os principais componentes das dietas. O papel dos nutrientes é formar tecidos, ou músculos, principalmente a proteína. As proteínas, gorduras e carboidratos são utilizados como fontes de energia, ou combustível para o trabalho, que são as atividades basais (respiração), além da natação, reprodução, entre outras.

As proteínas são os componentes mais caros da dieta e aqueles presentes em maior quantidade nos tecidos dos camarões depois da água. As principais funções das proteínas são: formar tecidos (músculos, nervos), enzimas e hormônios e fornecer energia. As proteínas são compostos orgânicos formados por cerca de 100 aminoácidos dos quais 20 (10 essenciais + 10 não essenciais) são os mais encontrados. Os principais aminoácidos essenciais são: Arginina, Fenilalanina, Histidina, Isoleucina, Leucina, Lisina, Metionina, Treonina, Triptofano, Valina e os não essenciais são: Alanina, Ácido aspártico, Cistina, Glicina, Ácido glutâmico, Prolina, Serina e Tirosina. A soma destes aminoácidos equivale ao total de proteína do alimento. Todos os aminoácidos essenciais são importantes, mas de forma geral, os aminoácidos arginina, lisina e metionina são os mais limitantes nas formulações das rações para camarões marinhos, uma vez que nem todos os ingredientes os possuem nas quantidades necessárias. O máximo desempenho dos camarões cultivado depende da quantidade e da proporção dos aminoácidos essenciais da proteína que é chamada de proteína ideal quando suprem estas necessidades adequadamente. Um esquema de uma proteína e os seus aminoácidos é apresentado na figura 2. Neste caso, supondo que os aminoácidos mais importantes nutricionalmente sejam aqueles representados pelas bolinhas azuis e laranja, quanto mais deste aminoácidos estiverem presentes no ingrediente, melhor o seu valor nutricional.

Figura 2. Esquema de uma estrutura primária de uma proteína formada po0r diferentes aminoácidos com a alanina em destaque

Os camarões não exigem um determinado nível de proteína na dieta e sim quantidades e proporção de aminoácidos, portanto a fixação dos níveis de proteína bruta nas dietas não é a melhor estratégia para produzir uma dieta de alto desempenho. Níveis elevados de proteína não é sinônimo de níveis elevados de aminoácidos. A análise de proteína consiste na determinação da quantidade de nitrogênio que multiplicado por um fator Figura 1. Principais componentes de um pelete de ração para camarões

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(6,25) é considerado como proteína bruta. A proteína bruta em muitos casos é uma super-estimativa do teor de proteína verdadeiro do alimento, porque compreende além dos aminoácidos o nitrogênio não-protéico, que não tem origem dos aminoácidos ligados à proteína e, portanto não resultam em formação de músculos diretamente. Por este motivo, a proteína bruta não nos diz muito sobre a qualidade da ração, o que importa mesmo são os seus aminoácidos. De acordo com a lei do mínimo (Lei de Liebig, 1830), o crescimento da planta (ou do animal) representado pela quantidade de água no barril é limitado pela sua menor tábua, que representa os nutrientes ou os aminoácidos. Por exemplo, uma tábua pequena (metionina) resulta no acúmulo de pouca água no barril (baixo crescimento). Se aumentarmos a tábua (metionina), acumula-se mais água (alto desempenho) (Figura 3).

Figura 3. Barris com água representando a Lei do mínimo de Sprengel-Liebig

Neste sentido, uma dieta com níveis elevados de proteína não necessariamente resultará em melhor desempenho uma vez que o balanço de aminoácidos é mais difícil à medida que o nível de proteína na dieta aumenta. A farinha hidrolisada de penas, por exemplo, possui um elevado teor de proteína porém o seu perfil de aminoácidos é inferior ao de outros ingredientes com níveis menores de proteína, como a farinha de peixe. O desempenho de animais alimentados com rações contendo apenas ingredientes de origem vegetal pode ser inferior ao de animais alimentados com ingredientes de origem animal. Para obter o melhor balanço de nutrientes a indústria formula as rações com uma mistura de diferentes origens. Também se encontram no mercado os aminoácidos metionina, lisina e treonina para adição nas rações com o objetivo de “aumentar o tamanho das tábuas” ao suprir as deficiências destes aminoácidos na ração. A metionina sintética de segunda geração combina duas metioninas formando um dipeptídeo e resulta em ganhos de desempenho adicionais em comparação ao monopeptídeo. A utilização de aminoácidos sintéticos

em formulações com diferentes ingredientes permitiu reduzir praticamente pela metade a quantidade de farinha de peixe em dietas de salmão, que é algo ao redor de 40%. Estudos têm demonstrado que as rações de engorda do L. vannamei, dependendo da formulação e da presença de alimento natural, pode ser reduzida facilmente para níveis entre 25 e 35% sem prejuízos ao seu desempenho nos cultivos. A produção de rações com níveis menores de proteína facilita a obtenção de um perfil melhor de aminoácidos, contudo a crença errônea dos produtores de que quanto mais proteína melhor em muitas situações força a indústria a elevar os níveis de proteína das rações em detrimento do seu balanceamento e da qualidade da água, uma vez que níveis elevados de proteína de baixa qualidade resultam em rações menos digestíveis e consequentemente níveis maiores de nitrogênio oriundo da proteína na água. Na era dos bioflocos os níveis de proteína tendem a serem reduzidos uma vez que a biomassa bacteriana tem demonstrado ser uma fonte complementar de aminoácidos que combinada a ingredientes à base de soja pode substituir totalmente a farinha de peixe nas dietas para o L. vannamei. Independente do sistema de produção, a nutrição dos camarões marinhos precisa avançar bastante no levantamento das exigências nutricionais em condições de produção para proporcionar desempenhos cada vez melhores, combinados com baixo custo de produção e mínimo impacto ambiental. Os técnicos e produtores por sua vez precisam conhecer melhor a sua produtividade primária e o seu principal insumo,que deve ser utilizado com mais propriedade. Quanto mais intensivo for o cultivo melhor deve ser a qualidade da ração em termos de nutrientes disponíveis (ou maior o tamanho das tábuas, tomando por base o comentário acima) e os nutrientes devem ser fornecidos por diferentes ingredientes em uma formulação balanceada para atender as exigências nutricionais do animal. No passado, a farinha de peixe era um ingrediente imprescindível. Hoje, em função do seu alto custo e dos avanços nas pesquisas, a substituição da farinha de peixe por outros ingredientes complementados por aminoácidos sintéticos, permite obter alto desempenho dos cultivos com custos mais baixos. Diante desta realidade, o produtor precisa ter em mente de que mais do que o cheiro intenso de peixe o importante é que a ração possua um alto valor nutricional para atender as exigências nutricionais dos camarões nos diferentes sistemas de produção. Num próximo artigo, será abordado o papel dos carboidratos e dos lipídeos e a importância da energia na nutrição dos camarões marinhos de cultivo.

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Serviço: * Consultoria e treinamento para criação intensiva de camarão * Visitas técnicas a fazendas de camarão na Tailândia e China Equipamentos: * Alimentador automá co para CAMARÃO, PEIXE e LARVICULTURA * Alimentador automá co de energia solar para CAMARÃO e PEIXE * Aeradores Caracterís cas: * Um controlador pode controlar até 8 alimentadores automá cos * Intervalos de alimentação precisos e consistentes e menos quan dade * Economize até 30% de ração * Mantém a ração sempre fresca e em boa qualidade * Reduz o risco de doenças * Economize mais de 30% de mão de obra

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ARTIGO

Eficiência de bandejas na alimentação de juvenis do camarão branco, Litopenaeus vannamei, avaliado por meio de imagens subaquáticas Alberto J. P. Nunes*, Guilherme Rodrigues Farias LABOMAR - Instituto de Ciências do Mar Universidade Federal do Ceará – Fortaleza, Ceará *alberto.nunes@ufc.br

O

cultivo de camarões marinhos é realizado em quase sua totalidade utilizando rações balanceadas. A ração representa um dos insumos de maior impacto na produção de camarões. Os métodos empregados para oferta de rações em viveiros de engorda de camarões tem o potencial de reduzir as perdas econômicas, com o alimento e os nutrientes, minimizando também possíveis alterações na qualidade da água e solo dos viveiros de produção. Em fazendas de cultivo, os camarões são alimentados mediante dois métodos, voleio e (ou) bandejas. Na alimentação através de voleio, a ração é distribuída por lanços manuais ou mecânicos, de forma homogênea, ao longo de toda a área de cultivo. Na alimentação com bandejas de alimentação, também conhecidos como comedouros, a ração é concentrada exclusivamente em bandejas ou combinada com voleios (NUNES, 2003). As primeiras bandejas surgiram nos anos 1980 em Taiwan com o intuito de melhor subsidiar ajustes nas refeições fornecidas por meio de voleios. O uso de bandejas foi rapidamente disseminado em países da Ásia e trazido para a América Latina, onde inúmeros tipos tomaram forma (NUNES, 2003). Embora trabalhos indiquem que o método de voleio permite um maior acesso e consumo de ração pelos camarões (NUNES & PARSONS, 1999), nas fazendas do Brasil, as bandejas são usadas como o método preferencial ou exclusivo de alimentação de camarões. Tradicionalmente, as bandejas usadas em fazendas de camarão no país são fabricadas de forma artesanal. Pneus velhos são reciclados, removendo-se a virola, parte central do pneu constituída de aço e borracha. Na base da virola é fi xada uma tela para retenção de ração, enquanto as laterais recebem cordões para possibilitar a imersão e recuperação da bandeja após a imersão em água (NUNES, 2000). Com o crescimento da atividade no país, sugiram as bandejas produzidas industrialmente com o uso de resinas termoplásticas, moldadas por injeção. Outros acessórios alimentares, como canos de PVC transportáveis em caiaques e “truques” (dispositivos em PVC para contenção de ração) foram desenvolvidas nas próprias fazendas, visando minimizar as perdas durante a soltura da bandeja em água. O presente estudo teve como objetivo avaliar a eficiência de dois diferentes tipos de bandeja, sendo uma com e sem o acessório alimentar “truque”, na retenção de ração durante sua soltura em água e acesso a ração por juvenis do camarão Litopenaeus vannamei.

Materiais e Métodos Local do Estudo e Bandejas O estudo foi realizado no LABOMAR, nas instalações do Laboratório de Nutrição de Organismos Aquáticos, localizado no Eusébio, Ceará. Dois tipos de bandejas foram avaliados no presente estudo, uma produzida de forma artesanal e a outra industrialmente (Fig. 1). A bandeja alimentar artesanal foi obtida na fazenda de cultivo de camarões marinhos Le Crevette (Eusébio, CE) e fabricada utilizando uma virola de pneu como moldura. A bandeja media 51 cm de diâmetro interno (área interna de fundo de 0,82 cm2) com altura das bordas de 4,6 cm, pesando 3.534,9 g, tendo na sua base uma tela com 1.000 micras. A bandeja industrial foi fabricada pela empresa Plastsan Plásticos do Nordeste Ltda. (Caucaia, CE) mediante o uso de materiais termoplásticos reciclados e moldagem por injeção. Esta bandeja apresentava 39,7 cm de diâmetro interno (área de fundo com 0,50 m2), bordas com altura de 9,4 cm e peso de 1.213,5 g. A bandeja continha pequenos orifícios laterais em sua borda, fundo plano e um lastro de cimento fixado na parte inferior. O “truque” foi confeccionado em laboratório utilizando um cano de PVC de esgoto medindo 150 mm por 10 cm de altura. Um lastro de chumbo em fita foi aderido em sua parte inferior para permitir afundamento em água. Para conter a ração, uma tela de 500 micras foi fixada na sua superfície por meio de uma fita de PVC, moldada em fogo. O “truque” apresentou peso total de 413,1 g. Todas as estruturas foram amarradas com cabos de polipropileno para lançamento e resgate das mesmas em água.

Figura 1. Vista superior da bandeja artesanal (esquerda) com o “truque” e bandeja industrial (direita), avaliados no estudo.

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61,2 cm (L) 100,6 cm (A)

70,2 cm (P)

Figura 3. Câmara para filmagem fixada à bandeja de alimentação. Figura 2. Desenho esquemático do tanque de acrílico para observação das perdas de ração.

Análise das Perdas de Ração A avaliação das perdas de ração em cada bandeja foi realizada utilizando um tanque de acrílico com volume total de 487,6 L e altura de 100,6 cm, preenchido com água salgada previamente filtrada em filtro de areia (Figura 2). As avaliações foram realizadas na ausência de camarões no tanque. Para identificar a perda percentual de ração, as bandejas foram individualmente mergulhadas a 4 cm abaixo da superfície da água, sendo neste momento, depositado 50 g de ração comercial peletizada para engorda de camarão marinho. Para cada bandeja de alimentação, foram realizadas 15 filmagens subaquáticas com duração inferior a 60 seg. Para o cálculo da perda de ração, foi determinado previamente, em 10 repetições, o número de pellets por grama de ração (32 pellets/grama). Após a soltura e posterior coleta da bandeja, os pellets residuais no fundo do tanque foram sifonados para contagem individual. A quantidade de ração perdida durante o lançamento da bandeja foi determinado pela equação: 50 g - (número de pellets sifonados ÷ 32 pellets/g). Os dados foram apresentados em percentual perdido de ração relativo à quantidade ofertada. Análise do Tempo de Queda das Bandejas em Água O tempo percorrido por cada bandeja, contendo ração, até o fundo do tanque foi determinado utilizando uma filmadora acoplada na bandeja. Para a captura de imagens em água, foi utilizada uma câmera GoPro Hero3 Black Edition, equipada com caixa estanque impermeável. A câmara foi fi xada nas bandejas por meio de um arame e cano de PVC (Figura 3). Após as filmagens, as imagens foram transferidas para um disco rígido para análise. O tempo de queda da bandeja até sua chegada ao fundo do tanque foi determinado em segundos por metro linear (seg./m).

Determinação do Acesso dos Camarões as Bandejas O acesso dos camarões a cada bandeja foi avaliado por meio de captura de imagens subaquáticas, usando uma câmara acoplada à bandeja. Foram empregadas três caixas d’águas de polietileno de 3 m3 (diâmetro e área de fundo de 1,71 m e 2,30 m2, respectivamente) sendo duas destinadas a alimentação e manutenção de camarões juvenis da espécie L. vannamei com peso corporal entre 4 e 6 g. Os camarões foram mantidos em água verde, sendo alimentados com ração comercial, uma única vez ao dia, sempre às 17:00 h. As observações foram conduzidas transferindo-se 50 camarões (21 camarões/m2) para um tanque de 3 m3 com água clara, sem oxigenação. As observações tiveram início com a oferta de 15 g de ração na bandeja avaliada, durante 30 min. Um total de 15 filmagens foi realizada para cada tipo de bandeja (i.e., virola e industrial) ao longo de 14 dias consecutivos. Após cada filmagem, os camarões foram retirados do tanque de observação, transferidos para um tanque de manutenção, sendo um novo lote coletado para a filmagem seguinte. As filmagens sempre ocorreram com animais em jejum alimentar. Foi determinado o número total de camarões que tiveram acesso a cada tipo de bandeja durante um intervalo de 30 min. Foi contabilizado o número máximo de camarões que acessaram simultaneamente cada bandeja e o número máximo de camarões que permaneceram em cada bandeja por 1, 3 e 5 min. de forma ininterrupta. Cada imagem foi também avaliada quanto ao tempo médio percorrido para cada camarão estocado no tanque para adentrar a bandeja, além do tempo máximo de permanência do camarão no interior da mesma. Resultados e Discussão o tempo de queda em água variou estatisticamente entre as bandejas avaliadas (P < 0,05; ANOVA). A bandeja industrial demorou mais tempo para alcançar o fundo do tanque (11,0 ± 1,19 seg./m; média ± desvio padrão), comparado com a bandeja Revista ABCC | 29

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feita da virola de pneu sem o “truque” (7,6 ± 0,94 seg./m) e com o “truque” (7,1 ± 0,59 seg./m). Dado ao fato da bandeja industrial ser mais leve e possuir bordas com orifícios que permitem a entrada lateral de água, sua velocidade de queda foi mais lenta comparada a bandeja de virola de pneu. A perda percentual de ração foi estaticamente mais elevada ao se empregar a bandeja de virola de pneu (P < 0,05, Tukey HSD; Fig. 4). Contudo, ao se comparar a bandeja industrial com a bandeja de virola de pneu com “truque” percebeu-se que foi possível reduzir as perdas de ração de forma significativa. Isto indica que a bandeja de virola apresentou perdas maiores do que a bandeja industrial, devido a sua maior velocidade de queda em água, impossibilitando que a ração ofertada acompanhasse sua trajetória. Ao se utilizar do “truque”, a ração ficou aprisionada neste receptáculo, evitando a saída da mesma durante o afundamento da bandeja.

Figura 4. Percentual de perda de ração em água após oferta para os dois diferentes tipos de bandeja, sendo uma com e sem o “truque”. Colunas com a mesma letra indicam diferença estatística não significativa ao nível de 0,05, segundo o teste de Tukey HSD.

Por outro lado, foi observado que a bandeja feita da virola de pneus proporcionou um maior acesso da ração aos camarões (P < 0,05, Tukey HSD; Fig. 5). Dentro de um intervalo de 30 min., o número de camarões que tiveram um acesso ao interior da bandeja feita com virola de pneu foi quase duas vezes superior comparado à bandeja industrial. Também foi detectado que o número máximo de camarões que acessaram simultaneamente a bandeja alimentar foi maior para aquela feita de virola. Embora um pequeno número de camarões permanecesse simultaneamente na bandeja, em intervalos de 1, 3 e 5 min. (Fig. 6), a quantidade sempre foi mais elevada com a bandeja feita de virola. Tanto a maior altura da borda da bandeja industrial (9,4 versus 4,6 cm) como sua menor área de fundo (0,50 versus 0,82 cm2) pode ter limitado o acesso dos camarões a ração. As observações comportamentais dos camarões revelaram que a grande maioria dos animais deixava a área da bandeja ao capturarem a ração. No entanto, se observou que a princípio, a bandeja com borda mais elevada de fato restringe

o acesso dos animais a ração. Não se sabe, no entanto, se esta condição perdura quando os camarões se habituam às características físicas da bandeja.

Figura 5. Número de camarões (± erro padrão) que acessaram individualmente e número máximo de animais com acesso simultâneo a cada bandeja dentro de um intervalo de 30 min. A presença do asterisco nas colunas indica diferença estatística significativa segundo o teste t.

Figura 6. Número de camarões (± erro padrão) que permaneceram em cada bandeja dentro de um intervalo de 1, 3 e 5 min. A presença do asterisco nas colunas indica diferença estatística significativa segundo o teste t.

CONCLUSÃO Através do presente estudo pode ser concluído que: • a bandeja de virola de pneu levou a uma maior perda de ração devido ao seu maior peso e maior velocidade de queda na coluna d’água em relação aos demais dispositivos de alimentação; • a bandeja industrial apresentou menores perda de ração comparado com a bandeja com virola de pneu como resultado do seu maior tempo de queda na coluna d’água. Contudo, esta bandeja tornou-se menos acessível aos camarões como resultado de suas bordas mais elevadas; • a bandeja de virola equipada com “truque” contornou as perdas de ração da bandeja feita com virola de pneu levando a uma maior eficiência entre todos os dispositivos avaliados.

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ARTIGO

Aquacultura mizu – Produção Intensiva de Camarões Marinhos em Águas Continentais da Paraíba Josemar Rodrigues* e Akira Junior** *Engenheiro Agrônomo - Experiência no desenvolvimento da carcinicultura brasileira www.josemarfr@ig.com.br. ** Engenheiro de Pesca - Amplo domínio da produção intensiva de camarões em pequenas fazendas. akirajunior@hotmail.com

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o autorizar o uso limitado dos apicuns e salgados da costa brasileira para produção de sal e cultivo de camarões, atividades típicas da Região Nordeste, o novo Código Florestal limitou seu uso a 35%, condicionando essa autorização, a realização pelas Unidades Federativas de um ZEOZEC (zoneamento de suas zonas costeiras) na escala de 1:10.000. Entendem os especialistas que, pelo elevado custo desse zoneamento, o mesmo dificilmente será realizado pelos estados do Nordeste. Permanecendo a exigência legal, isso significa que a expansão horizontal da carcinicultura nos estuários do Nordeste poderá estar condenada ou ficará limitada às poucas e denominadas terras altas da costa servidas por água salobra. O fato é que, desde a promulgação da nova lei, a instalaçao de novas fazendas de camarão está praticamente paralizada na zona costeira da Região, na qual a atividade encontra condições ideais para desenvolver-se, notadamente nos apicuns e salgados. A saída, talvez a única no momento, para a expansão da carcinicultura no Nordeste é tirar proveito da efetiva adaptação do L. vannamei às águas continentais ou interioranas, não só do Brasil, mas também de todas as zonas tropicais produtoras de camarão, e partir para um programa pró-ativo de interiorização de seu cultivo com os requerimentos exegíveis de sustentabilidade ambiental e social e com os cuidados de biossegurança. O cultivo interiorizado dessa espécie na China, apenas com 13 anos de sua introdução no páis, já gera 40% (600 mil toneledas) da produção total chinesa. Em relação ao Nordeste, contam-nos os profissionais do setor que mais conhecem a geografia da região, que apenas a zona do eixo Petrolina-Juazeiro, o maior polo irrigado da Região, dispõe de extensão suficiente de terras e água para fazendas de porte médio e talvez grande. No resto, a expansão interiorana do vannamei deverá ficar restrita a pequenas fazendas, usando idealmente o modelo intensivo de produção e a denominada água pesada que é encontrada em muitos açudes, lagoas e poços artesianos do Nordeste e que não se presta para o consumo humano nem para a irrigação. A utilização dessa água para produzir camarões marinhos em escala comercial é uma forma adequada,

eficaz e efetiva de atribuir valor econômico e social a um recurso natural disponível, porém até então imprestável, numa região onde ainda estão presentes condições de extrema pobreza, principalmente no meio rural. Se a apreciação que antecede é correta em relação ao uso racional desse recurso disponível, a interiorização do vannamei se apresenta como uma valiosa contribuição para a promoção e encaminhamento de dois modelos de desenvolvimento da carcinicultura em águas continentais da nossa região: (i) o da inclusão social e produtiva com a incorporação do pequeno produtor e do pescador artesanal em empresas tipo familiar, idealmente organizados, onde as ações programáticas e executivas dependem de iniciativas governamentais devidamente planejadas para este fim; e (ii) o do modelo de promover o pequeno cultivo intensivo empresarial do camarão marinho em áreas do interior com condições propícias, de criar incentivos e de atrair para o seu desenvolvimento produtores rurais ou pequenos empreendedores ou ainda profissionais do ramo que desejam ter seu próprio negócio. A criação da pequena empresa Aquacultura Mizu (palavra que em japonês significa água), recentemente instalada no interior da Paraíba, resulta de uma parceria de dois tipos de investidores do segundo modelo de interiorização, ou seja, pequeno empreendedor e profissional do ramo. A infraestrutura da fazenda, no conjunto de seus detalhes ou examinada com essa visão, pode ser considerada rara ou única no Brasil, pelo menos até onde os autores deste artigo têm notícias. Trata-se de um modelo intensivo de produção, com características próprias, que poderia servir de espelho para a interiorização do vannamei em termos de criar unidades produtivas no estilo de pequenas empresas modernas (tamanho máximo de 5,0 ha de lâmina d´água), de alta produtividade e geradora de empregos no setor primário da economia nordestina, no qual são escassas as oportunidades de investimento de menor dimensão com boa rentabilidade. A fazenda Mizu usa água de açude que não serve para consumo humano, e seu desenho resulta de uma engenhosa combinação de experiências asiáticas, de adaptação de aspectos da carcinicultura brasileira e de ideias inovadoras dos responsáveis pelo projeto.

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Foto 1. Vista da estrada principal que separa os dois grupos de viveiros e serve como dique.

Foto 2. Fazenda Mizu em fase de construção

O layout da fazenda, pela disposição e declividade do terreno, foi concebido com dois conjuntos paralelos de sete viveiros quadrados (50,0m x 50,0m), com esquinas recortadas para facilitar a circulação interna da água e que estão separados por uma estrada central que ao mesmo tempo serve de diques (Fotos 1 e 2). O tamanho reduzido dos viveiros e sua disposição também facilitam quaisquer medidas de biossegurança, realização de testes de qualquer natureza, ou mesmo adaptações futuras como, por exemplo, a introdução de cobertura (estufas). Ainda sobre a disposição dos viveiros, um pequeno pátio na entrada permite que veículos maiores façam a manobra e sejam descarregados, com o que se evita sua circulação na área de produção.

A bacia de sedimentação (Foto 3), que circunda toda a área dos viveiros possui uma boa área e sua água pode ser tratada antes de ser reutilizada, caso seja necessário. A área total de lâmina d´água chega a 3,5 hectares. Cada viveiro, com profundidade que varia de 1,60 a 2,00m, tem entre 2.200 e 2.500m 2 - cerca de 1/4 de hectare -, com o abastecimento feito por meio de tubulação em que a agua é pressionada diretamente da bomba central, e, o que é importante, com o ideal sistema de drenagem central (Foto 4). De uma caixa de alvenaria, montada sobre uma base de concreto no meio do viveiro, parte o tubo que drena a água do cultivo na bacia de sedimentação, cuja área contorna todos os viveiros. Com encaixes apropriados, uma tela montada em madeira é fixada sobre essa caixa a fim de evitar a fuga de

Foto 3. Canaleta e bacia de sedimentação ao lado dos viveiros pares

Foto 4. Preparação do viveiro para colocação do sistema de drenagem por gravidade

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camarões no processo de drenagem para limpeza da caixa e para despesca. Uma segunda bomba de menor capacidade está instalada na bacia de sedimentação para manter a recirculação da água. Não existem, portanto, comportas nem canal de abastecimento para o manejo dos viveiros. O berçário da fazenda para a aclimatação das pós-larvas sim conta com uma comporta clássica de alvenaria. Registros presos nas extremidades dos tubos controlam e regulam o abastecimento e a drenagem de cada viveiro. A relação área produtiva /área total da Mizu é de 0,35/1,00, ou seja, 3,5 ha de lâmina d´água numa área total de 10 hectares. É bem provável que em terreno com topografia regular essa relação possa crescer. Cada viveiro em produção, com sua forma quadrada, contará com dois aeradores de paleta (aeração intensiva) posicionados para provocar a circulação interna da água num só sentido, cujo movimento carreará toda a matéria orgânica suspensa em direção ao centro e fundo do viveiro, onde está instalada a caixa de alvenaria com sua tubulação de drenagem. Os canos de abastecimento serão posicionados de forma a promover o movimento circular da água no viveiro. Outra grande vantagem do sistema de drenagem no centro do viveiro é a eficiência com que se faz a renovação

de água, ou seja, utiliza-se um volume bem menor de água para melhoria do ambiente, além de que a porção a ser drenada é exatamente aquela na qual se encontra o excesso de matéria orgânica no fundo do viveiro. Com a infraestrutura antes descrita, com seus sistemas de abastecimento e drenagem e ciclo de produção com uma densidade intensiva de 100 camarões/m 2 , pretende-se, segundo os resultados que venham a ser obtidos, chegar a 200 camarões/m 2 , ou seja, a um sistema superintensivo de produção. Qualquer referência à produtividade deve ser tomada como especulativa. Assim, considerando a qualidade da água e do solo e os resultados que vêm sendo obtidos numa fazenda vizinha, que usa a mesma água, pode-se projetar para a Mizu uma produtividade em torno de 30 ton./hectare/ano no sistema intensivo, com metas de atingir 50 ton. no sistema superintensivo, com quatro despescas anuais. A empresa Aquacultura Mizu, além de criar e comercializar camarões marinhos, oferecerá serviços de consultoria para estudos de viabilidade, elaboração de pequenos projetos, construção e instalação de pequenas fazendas e capacitação de mão de obra para produção intensiva e superintensiva de camarões cultivados.

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ARTIGO

O camarão cultivado e as florestas de mangue do Nordeste do Brasil Itamar Rocha Ipr1150@gmail.com Marcelo Borba mgborba@hotmail.com

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s trabalhos e teses de cientistas de Universidades Brasileiras e da Universidade de Duke, dos Estados Unidos (Assessment of the Impact of Shrimp Aquaculture in Northeast Brazil: A Remote Sensing Approach to Coastal Habitat Change Detection ou sua tradução livre: “Avaliação do Impacto da Aquicultura do Camarão no Nordeste do Brasil: Uma Abordagem de Sensoriamento Remoto para Detectar Mudanças de Habitats Costeiros”, publicados e circulados nos últimos tempos, convergem para a conclusão comum em relação a um fato que, por sua relevância social e econômica, merece ser divulgado para conhecimento da sociedade nordestina e brasileira. O cultivo do camarão marinho, que encontra boas condições para o seu desenvolvimento, também, em estuários da Região Nordeste, não é responsável pela redução de suas florestas de mangue que, contrariamente ao que afirmam certos setores da esquerda ambientalista, apresentaram expressivos aumentos de suas coberturas vegetais (34%) entre os anos de 1978 e 2004 (26 anos), período de desenvolvimento e consolidação da atividade no país, conforme ficou demonstrado no “Estudo das Áreas de Manguezais do Nordeste do Brasil - Avaliação das áreas de manguezais dos Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco” realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará/Instituto de Ciências do Mar - LABOMAR/UFC - e da Sociedade Internacional para Ecossistemas de Manguezal - ISME/BR. Se o fato tem o respaldo da ciência, não devemos duvidar da importância e da necessidade de divulgá-lo para que a verdade prevaleça na mente das pessoas e no seio da sociedade. O estudo acadêmico, pelo instrumental analítico que usa, pelo rigor científico e pela responsabilidade social e ética nele embutida, é o método clássico que mais aproxima o ser humano da luz que ilumina o caminho e o conduz à realidade. É a via sólida e confiável para que prevaleça a verdade e, portanto, para que sejam destruídos os mitos criados pelas ideologias, pelos preconceitos, ou ainda, por interesses estranhos que muitas vezes permeiam os temas e assim tentam confundir a sociedade. As premissas e hipóteses que justificam as citadas teses universitárias convergem também para outro aspecto, isto é, tendem a atribuir ou citam literatura atribuindo à carcinicultura marinha, a principal responsabilidade pela destruição dos manguezais em vários países, principalmente do Continente Asiático. Esse destaque negativo, que à primeira vista poderia ser interpretado como certo viés dos autores em relação ao camarão cultivado, o que de fato não é verdade, nas considerações finais dos estudos acadêmicos torna-se um fator altamente positivo para o caso da atividade no Brasil. Ou seja, desfaz ou deixa sem efeito a premissa básica assumida, com a conclusão de que a carcinicultura no nosso país não se inclui entre as causas da destruição das florestas de mangue no Nordeste brasileiro. A tese do norte americano da Universidade de Duke diz textual-

mente: “A perda de florestas de mangue devido à expansão de cultivos do camarão tem sido amplamente reconhecida como um importante aspecto crítico em todo o mundo. Ao contrário para as florestas de mangue do Nordeste do Brasil que exibem uma estabilidade sem precedentes, numa região em que crescem os viveiros de camarão”. E se lembrarmos que esta Região detém 85% das áreas de manguezais do Brasil e, responde por 99% da produção do camarão cultivado do país, a conclusão dos trabalhos científicos permite afirmar que esta atividade se desenvolveu e se desenvolve sem afetar ou utilizar os manguezais do Nordeste. Se as citações de outros trabalhos acadêmicos acerca do tema, no que se refere a outros países produtores são efetivamente corretas, como devem ser, o Brasil, tão criticado mundo a fora pelo desmatamento da floresta amazônica, talvez seja o único país tropical do globo que desenvolve o cultivo do camarão marinho, iniciado há três décadas, sem afetar a integridade de suas florestas de mangues. Notícia que, pelo potencial da atividade para a geração de emprego e renda e para a inclusão social na faixa rural costeira do Nordeste, deve ser comemorada e divulgada com o destaque que merece, para que os diversos grupos que compõem a nossa sociedade, os consumidores de camarão e os agentes do desenvolvimento econômico e social da Região e do Brasil fiquem sabendo que mais um mito foi desfeito pela investigação científica e que, portanto, podem assumir uma posição pró-ativa no que se refere à promoção e fomento da aquicultura com o camarão marinho. Sendo assim, cabe a pergunta: como não usar um recurso natural da Região Nordeste, que detém um dos índices mais baixos de desenvolvimento humano do país, para a expansão da carcinicultura? E, principalmente, se com o seu nível de lucratividade em espaços relativamente pequenos, a atividade pode ser usada para constituir a pequena unidade de produção contribuindo assim para a inclusão e social no campo? No âmbito do empreendimento de tamanho médio e grande, outro trabalho, intitulado “Geração de Empregos Diretos e Indiretos na Cadeia Produtiva do Camarão Marinho Cultivado”, levado a cabo pelos pesquisadores Ecio Costa e Yoni Sampaio, do Departamento de Economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), revela ser o cultivo do camarão a atividade do setor primário da Região Nordeste que mais gera emprego por unidade de área cultivada. Diante das evidências científicas emanadas das referidas Universidades, os responsáveis pela adoção, adaptação e uso da tecnologia aquícola no Brasil, pelas medidas de preservação do meio ambiente nos seus sistemas de produção e pela geração de renda e bem-estar social no campo - técnicos, produtores e trabalhadores envolvidos na carcinicultura marinha -, merecem o reconhecimento da sociedade pela contribuição que estão dando ao almejado e necessário desenvolvimento sustentável da faixa costeira rural da Região Nordeste

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EVENTOS

FENACAM 2013

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ABCC – Associação Brasileira de Criadores de Camarão coordenou um amplo esforço de articulação e mobilização da comunidade acadêmica e empresarial ligada à aquicultura brasileira, tendo em vista a realização no Brasil do mais importante evento desse estratégico setor, a FENACAM (Feira Nacional do Camarão) que em 2013 comemorou sua 10ª edição e, mais uma vez foi realizada no Centro de Convenções da cidade do Natal/RN, no período de 10 a 13 de Junho. Com o tema: Um diferencial na promoção da aquicultura brasileira, o evento envolveu simultaneamente: (1) X Simpósio Internacional de Carcinicultura; (2) VII Simpósio Internacional de Aquicultura; (3) X Feira Internacional de Serviços e Produtos para Aquicultura; (4) Sessões Técnicas (Oral e Pôster), (5) Minicursos, (6) Visitas Técnicas e (7) X Festival Gastronômico de Frutos do Mar. No total, a FENACAM’13 contou com 1.500 congressistas, entre professores, empresários, pesquisadores e estudantes, mais um público de 5.000 visitantes da X Feira Internacional de Produtos e Serviços para Aqüicultura. A solenidade de abertura foi realizada com a participação do Presidente da ABCC, Itamar Rocha, do Vice Governador Robson Faria, do Secretário da Agricultura/RN, Júnior Teixeira, do Secretário de Pesca e Aquicultura do Ceará, Ricardo Campos, do Secretário de Pesca e Aquicultura do Maranhão, Davyson Franklin de Souza, do Deputado Federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE), do Deputado Estadual Arlindo Dantas, representando o Presidente da Assembléia Legislativa do RN, do Presidente da ANCC, Orígenes Monte, do Presidente da ACCC, Cristiano Maia, do representante do SEBRAE do RN, do Superintendente do Banco do Nordeste, João Nilton Castro Martins, do Presidente do Sistema FECOMÉRCIO-SESC/SENAC, Marcelo Queiroz, do Presidente da FIERN, Amaro Sales, além de diversas outras autoridades de todo o Brasil.

Itamar Rocha, Presidente da ABCC, discursando durante cerimônia de abertura

Os Simpósios Setoriais (carcinicultura e aquicultura) foram realizados em auditórios independentes com 39 (trinta e nove) palestras, bem como, com 175 trabalhos técnicos, que foram apresentados na forma oral (70) ou de pôster (105) contemplando 5 (cinco) grandes temas, relacionados tanto aos aspectos técnicos como comerciais: (i) Como aumentar a produção de camarões e peixes cultivados, via intensificação da produção e a sistemática adoção de Boas Práticas de Manejo e Biossegurança; (ii) As estratégias de marketing e comercialização para a ampliação do mercado interno para o camarão e peixes cultivados; (iii) A interiorização da espécie L. vannamei, com destaque para os critérios técnicos e seus benefícios para a inclusão social no meio rural do Nordeste; (iv) Os desafios e as oportunidades para a aquicultura brasileira, em termos de pesquisas e desenvolvimento tecnológico, tanto para a piscicultura de água doce e marinha, como para a maricultura de moluscos, crustáceos e plantas aquáticas. (v) As estratégias para contrapor-se, do ponto de vista político e jurídico, a saga importadora brasileira, notadamente no tocante aos peixes asiáticos e aos camarões, da Argentina, do Equador, do Vietnã ou de qualquer outro país. Estas Sessões Técnicas se realizaram nos dias 11, 12 e 13, sempre das 14:30 às 18:30, com a abertura

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em todos os dias por uma PALESTRA MAGNA, abordando os principais assuntos relacionados ás inovações técnicas da carcinicultura e da aquicultura brasileira, com destaque para: (i) A Importância da Adoção das Boas Praticas de Manejo e Medidas de Biosseguranca para a Sustentabilidade dos Cultivos Aquícolas; (ii) Projeto RECARCINA: Contribuições para a Carcinicultura Brasileira, e (iii) Lições da Carcinicultura Asiática e Adequações para a Realidade Brasileira Das 39 palestras acima mencionadas, 23 foram proferidas por autoridades e especialistas brasileiros e 16 por palestrantes internacionais, representando ao todo 09 países. A palestra de abertura foi proferida pela Doutora Shirlene Maria representante da INFOFISH/Malásia e a palestra de encerramento foi proferida pelo Engenheiro de Pesca Itamar Rocha, Presidente da ABCC.

Itamar Rocha, Presidente da ABCC, proferindo palestra de encerramento

Adicionalmente, um dos mais importantes e atrativos eventos da FENACAM”13 foi, sem dúvida, a X Feira Internacional de Equipamentos, Produtos e Serviços para a Aquicultura, que contou com 50 (cinquenta) Empresas Expositoras, nacionais e internacionais, apresentando os mais recentes avanços tecnológicos e os principais serviços para aquicultura. Dessa forma, a FENACAM 13 assegurou a participação dos principais atores, detentores de tecnologias e serviços de apoio à estrutura operacional da cadeia produtiva da Aquicultura Brasileira, contribuindo para uma concreta interação dos detentores de conhecimentos e tecnologias com os micro, pequenos, médios e grandes produtores no tocante a equipamentos, produtos e informações técnicas e comerciais. Complementando a rica programação técnica da FENACAM’13, aproveitando a presença de renomados especialistas internacionais, foram oferecidos aos congressistas, 05 (cinco) cursos temáticos, relacionados às principais demandas técnicas da carcinicultura brasileira, tendo presente aumentar a produção de camarão, via intensificação dos cultivos. Isso, diante das atuais dificuldades para ampliação das áreas de cultivo, a adoção das BOAS PRÁTICAS DE MANEJO E BIOSSEGURANÇA, ferramentas indispensáveis para a sustentabilidade dos cultivos, se constituem as alternativas de maior viabilidade para o aumento da produção de peixes

e camarões. Desse modo, foram disponibilizados aos congressistas da FENACAM’13, os seguintes cursos: 01 – Curso Avançado Sobre Enfermidades do Camarão Cultivado. Instrutores: Dr. Thales Andrade - UEMA/Brasil/ Dr. Grant D Stentiford – CEFAS - Inglaterra. 02 – Curso sobre Monitoramento da Saúde do Camarão na Fazenda com Uso das Análises Presuntivas e Confirmativas. Instrutor: Dr. Jose Cuhaltemoc Ibarra Gamez – Instituto Tecnológico de Sonora / Biol. Cecilia Luna Badillo e MVZ. Martha Elena Quiroz Macías – ITSON / México. 03 – Curso Intensivo sobre Cultivo de Camarão L. vannamei com Adoção do Sistema Mixotrófico – Modelo Asiático. Instrutor: Dr. Txomin Badiola - Blue Aqua - Tailândia. 04 – Curso sobre Sistema Intensivo de Produção do camarão L. Vannamei com Adoção do Sistema de Bioflocos. Instrutor: Dr. Tzachi Samocha – Texas ARML/USA. 05 – Curso sobre Qualidade da Água com ênfase no Balanço Iônico para o Cultivo Sustentável do camarão L. vannamei. Instrutor: Dr. Jorge Chavez Rigail – SLA/Equador. Em complemento a sua intensa programação técnica, a X FENACAM, ofereceu uma excepcional oportunidade para que os seus atendentes pudessem participar de uma eclética e variada programação de visitas técnicas, que aconteceram no dia 14 de Junho, envolvendo: Larvicultura de Tilápia, o Policultivo: Camarão e Tilápia, o Cultivo de Camarão Marinho em Ambientes Estuarinos/Industria de Processamento de Camarão. A realização de todos esses acontecimentos técnicos, científicos e empresariais foi coroada com o X Festival Gastronômico de Frutos do Mar (diariamente das 12:00 as 15:00 hs e 19:00 as 24:00 hs), um evento que já se consolidou como importante fator de promoção dos produtos da aqüicultura brasileira e, num ponto de encontro e confraternização dos congressistas, já fazendo parte, inclusive, da agenda turística da cidade de Natal. Pelo testemunho unânime dos congressistas, expositores, palestrantes e painelistas, a FENACAM’13 foi um grande sucesso. Evidentemente, que esse fato só foi possível, graças às parcerias e ao apoio institucional e financeiro dispensados à ABCC pelos seus colaboradores/patrocinadores, com especial destaque para o: Governo do RN, SEBRAE, BNB, CNC, FIERN, ADECE, MARIS, COOPECON, ACCC, SEAFARM/CAMARATI, Queiroz Galvão Alimentos, bem como, do excepcional trabalho realizado pela Comissão Organizadora e Científica aos quais a ABCC dedica sinceros e efusivos agradecimentos, atribuindo e creditando a todos, o sucesso e os méritos desse memorável evento. Desde já fica o convite para toda a cadeia produtiva da carcinicultura e da aquicultura brasileira, em especial, aos leitores da Revista da ABCC, para participarem e prestigiarem a FENACAM 2014, que na sua décima primeira edição, será realizada pela primeira fora do RN, desta feita, no novo Centro de Eventos da Cidade de Fortaleza-Ceará, observando que, devido a Copa do Mundo de Futebol e as Eleições, a data da sua realização foi postergada para 10 a 13 de Novembro de 2014. Revista ABCC | 37

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EVENTOS

FENACAM 2014 Feira Nacional do Camarão, 10 a 13 de novembro de 2014 ABCC – Associação Brasileira de Criadores de Camarão está coordenando um amplo esforço de articulação e mobilização da comunidade acadêmica e empresarial ligada a aquicultura brasileira, tendo em vista a realização no Brasil, do mais importante evento desse estratégico setor, de forma que a FENACAM (Feira Nacional do Camarão) que no presente ano de 2014, estará comemorando sua 11ª edição, e pela primeira vez se realizará fora do Rio Grande do Norte, mais precisamente, no estado do Ceará, no moderno Centro de Eventos da Cidade de Fortaleza, sendo que em razão da Copa do Mundo (Junho) e das Eleições (Outubro), a FENACAM, que tradicionalmente se realiza no mês de Junho, foi postergada para o período de 10 a 13 de Novembro de 2014. Os eventos FENACAM, desde 2004 vêm sendo realizados anualmente, pela ABCC e envolvem os segmentos: (1) carcinicultura, com enfoque principal para o camarão marinho e, (2) piscicultura de água doce (tilápia, tambaqui e surubim), sendo que sempre vem procurando ressaltar e destacar os avanços da piscicultura e da aquicultura marinha, notadamente, em termos mundial, já tendo se consolidado como o mais importante “Fórum de Discussão e Promoção do Setor Aquícola Brasileiro”. Para incentivar e motivar a participação dos produtores de peixes e camarões cultivados, especialmente dos micro e pequenos, que constituem parte significativa da cadeia produtiva desses segmentos, a FENACAM’14 oferecerá atrações e incentivos voltados para atender suas demandas, incluindo uma ampla e diversificada programação técnica e comercial, apresentadas de tal forma didática, que funcionarão como importante ferramenta para atualização e capacitação desses produtores. Nesse contexto, a FENACAM’14 incluirá a realização simultânea e independente de 2 (dois) importantes eventos técnicos: XI Simpósio Internacional de Carcinicultura e VIII Simpósio Internacional de Aqüicultura, disponibilizando tradução simultânea para as palestras proferidas em Inglês, de forma que todos terão a mesma oportunidade de acesso as informações apresentadas nos referidos eventos, que ao final incluirá um CD com todas as palestras, em Power Point, proferidas pelos conferencistas. Adicionalmente, se destaca que um dos mais importantes e atrativos eventos da FENACAM”14 será, sem dúvida, a XI Feira Internacional de Equipamentos, Produtos e Serviços para a Aquicultura, que contará com dezenas de Empresas, nacionais e internacionais, expondo equipamentos, produtos e serviços para aquicultura. Dessa forma, a participação dos principais atores, detentores de tecnologia e serviços para apoiar a estrutura operacional da cadeia produtiva da Aquicultura Brasileira, será conduzida de modo a facilitar uma concreta interação dos detentores de conhecimentos e tecnologias, com os micros, pequenos, médios e grandes produtores, no tocante a equipamentos, produtos e informações técnicas e comerciais. Por fim, a realização de todos esses acontecimentos técnicos empresariais, será coroada com o XI Festival Gastronômico de Frutos do Mar. Além disso, logo em seguida a FENACAM’14 será realizado, nos dias 14 a 16/11/14, o VI FESTIVAL INTERNACIONAL DE CAMARÃO DA COSTA NEGRA, inclusive, no mesmo Centro de Eventos (Fortaleza-Ceará), o qual contará com todas suas atrações gastronômicas, com a participação de renomados chefes/maitres, nacionais e internacionais, que pela primeira vez também se realizará fora da COSTA NEGRA, coroando com sucesso uma semana dedicada às discussões técnicas, à promoção e a degustação dos produtos originados da aquicultura e da carcinicultura marinha.

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EVENTOS

V Festival Internacional do Camarão da Costa Negra

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V Festival Internacional do Camarão da Costa Negra foi mais uma vez, realizado, na cidade de Acaraú, CE durante o período de 14 a 16 de Novembro de 2013. Nesta sua 5ª edição, o evento repetiu sua fórmula de sucesso, conduzindo workshops, palestras, seminários, shows musicais e recebendo chefs para a realização do seu famoso Festival Gastronômico. O Grand Shrimp Festival, realizado pelo 5º ano consecutivo, aconteceu nas dependências da Fazenda Cacimbas, devidamente preparada para o evento, com concurso de pratos, shows, cantores e bandas renomadas durante a noite. Seguindo a tradição contou com um grande sucesso de publico e de organização. O V Encontro do Arranjo Produtivo Local (APL) da Carcinicultura do Litoral Oeste realizou-se nas instalações da Escola Estadual de Educação Profissional Marta Maria Giffoni de Souza, nos períodos da manhã e da tarde. O Encontro foi desenvolvido e dividido em 10 (dez) temas e 6 (seis) diferentes tipos de eventos. 414 pessoas participaram das salas de aulas e oficinas. As oficinas se realizaram na Fazenda Cacimbas que dispõe do que há de mais moderno em tecnologias de Rotina Operacional na Carcinicultura, Rotina Operacional na Engorda do Camarão Marinho e Análise Presuntiva em Camarões Marinhos. As oficinas mostraram aos participantes Boas Praticas de Manejo (BPM) na Carcinicultura Cearense. Um dos temas debatido através de um painel foi: Desenvolvimento Sustentável da Carcinicultura da Costa Negra, onde abordou-se questões relativas ao APL; a Indicação Geográfica (IG) da Costa Negra - Desafios e Resultados; a Indicação de Procedência (IP), e os resultados para o Desenvolvimento Regional e Microzoneamento Econômico Ecológico. Um outro tema debatido foi o Painel: – Nova Legislação Ambiental, onde se discutiu à luz do Novo Código Florestal, Conceitos, Princípios e sua Aplicação no contexto do Licenciamento Ambiental. No Tema Carcinicultura Comunitária, debatido em uma Mesa Redonda, discutiu-se as questões ligadas a gestão, central de compras, licenciamento ambiental, crédito e associativismo.

Mesa Redonda: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA COSTA NEGRA – O profº Odorico Eloy falando sobre a importancia do APL da Carcinicultura do Litoral Oeste no desenvolvimento sustentável.

Mesa que presidiu os trabalhos do PAINEL – NOVA LESGISLAÇÃO AMBIENTAL. Maria Dias, Coordenadora de Desenvolvimento Sustentável do CONPAM; Antonio Peixoto, Coordenador da Comissão Tecnica Cientifica do V Festival e o mediador dos trabalhos e Marcio Bezerra, Proº do IFCE-Campus de Acaraú.

Os temas Aplicações e Perspectivas de Reprodução Assistida; Cultivo do Camarão em Regime Superintensivo sem Troca de Água; Importância dos Procedimentos de BPM e Medidas de Biossegurança para a Sustentabilidade da Produção do Camarão Marinho do Ceará e Sanidade Pesqueira e Aquícola do Estado do Ceará, foram amplamente

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debatidos em palestras proferidas por eméritos professores, doutores e cientistas que convivem no dia a dia com a carcinicultura. Realizou-se ainda uma Mesa Redonda sobre APL da Carcinicultura do Litoral Oeste – Realidades e Desafios, onde se identificou a fragilidade do apoio governamental a este importante instrumento de Política Econômica, aliado ao baixo nível de associativismo. Fechando o encontro houve a Mesa Redonda: Carcinicultura – Desafios e Oportunidades. O palestrante principal foi o Dr. Itamar de Paiva Rocha que com a sua vasta experiência de Engenheiro de Pesca e Presidente da ABCC, com amplo conhecimento da Carcinicultura mundial, deu aos presentes uma verdadeira aula e clamou a todos, particularmente os jovens estudantes e profissionais que lutassem pela carcinicultura, dado o seu elevado potencial de crescimento, geração de emprego e renda. Os debates ocorreram em torno da sanidade, gestão e apoio governamental às demandas dos produtores, com destaque para licenciamento, credito e zoneamento econômico ecológico. A Mesa Redonda teve a duração de três horas de debates com muita participação de estudantes, professores, e representantes da Cadeia Produtiva do Camarão, pois realizou-se conjuntamente com uma reunião da Câmara Setorial do Camarão, Associação dos Criadores de Camarão do Ceará – ACCC, e Associação dos Carcinicultores da Costa Negra – ACCN.

Costa Negra. Este evento ocorreu nas instalações do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Campus de Acaraú. A programação foi desenvolvida nos períodos da manhã e da tarde e constou de palestra, conferencia, mesa redonda, mini-cursos, exposição e apresentação de pôsteres e encontro de negócios, com um total de 411 participantes em sala de aulas. A realização do primeiro seminário de Indicação Geográfica na Costa Negra foi fruto do esforço continuado da Associação dos Carcinicultores da Costa Negra – ACCN na busca da conquista e da implantação da IG por Denominação de Origem (DO) do Camarão da Costa Negra. Neste evento, a ACCN trouxe a público os resultados da caminhada realizada neste período. Em 2007 iniciaram-se os trabalhos para solicitação da Indicação Geográfica por Denominação de Origem. Em 2009 foi encaminhado ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI, solicitação do registro da indicação geográfica. Em 2011 foi conseguido o registro da Indicação Geográfica (IG) por Denominação de Origem (DO), do camarão da Costa Negra. Registro Nº 200907 do INPI, Revista da Propriedade Industrial (RPI) Nº 2119 de 16 de Agosto de 2011.

Livino Sales, Presidente da ACCN; Ciro Gomes, Sec. de Saúdo do Estado do Ceará; Manuel Duca, Dep. Estadual; Cristiano Maia, Presidente da ACCC e José Albuquerque, Presidente da Assembleia Legislativa do Ceará. Itamar Rocha, Presidente da ABCC, junto com o Presidente da ACCN Livino Sales.

Paralelamente ao V Encontro do Arranjo Produtivo Local (APL) da Carcinicultura do Litoral Oeste, realizou o 1º Seminario Internacional de Indicações Geográficas (IG) na

A avaliação do V Festival Internacional do Camarão da Costa Negra mostrou que o sucesso seguido de cinco anos e o aumento de visitantes e participantes, está a exigir espaços onde existam melhor infraestrutura e logística para sua realização. O Festival Gastronômico teve uma média de 5.000 visitantes por noite em 2013.

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CONVÊNIOS

“Projeto de Desenvolvimento Tecnológico com Boas Práticas de Manejo e Biossegurança para a Carcinicultura no Nordeste”

O

leitor da Revista da ABCC há de lembrar que desde a edição de Janeiro 2013 temos publicado informações sobre como a Diretoria e Setor Técnico da ABCC elaboraram em 2012 “um amplo e vigoroso Plano Regional de Capacitação intitulado ‘Projeto de Desenvolvimento Tecnológico com Boas Práticas de Manejo e Biossegurança para a Carcinicultura no Nordeste’ dirigido a todos os atores envolvidos nos segmentos da cadeia produtiva do camarão cultivado: laboratórios de pós-larvas, fazendas de engorda, centros de processamento e fábricas de ração.” O Plano, apresentado ao Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) na forma de um projeto de desenvolvimento setorial, após uma série de percalços e falhas de comunicação, e com uma série de prerrogativas dadas como finalizadas, principalmente com o repasse das verbas entre as partes conveniadas (MPA e ABCC) e ajuste do plano de trabalho, finalmente deu início às atividades de execução física em Agosto/2013, sendo amplamente divulgado e, portanto, galgando espaço e corpo ao longo destes meses. O trabalho intensivo e esforço coletivo da Diretoria/Setor Técnico da ABCC e representações regionais dos Estados incluídos no Plano de Capacitação, atualmente direcionou-se na elaboração geral de toda a abrangência regional dos cursos, com a escolha das cidades-polo onde os cursos serão ministrados a fim de efetivar e aplicar todo o processo do Plano de Capacitação do Projeto. Frente a isso, publicamos abaixo mais uma vez os principais componentes deste projeto de abrangência nacional bem como divulgamos no final desta matéria as cidades-polo onde serão sediados os diversos cursos, em cada Estado. O cronograma geral dos cursos em cada Estado, ainda está em construção e será divulgado ao longo dos próximos meses. O objetivo principal do Projeto é de disseminar em todos os Estados onde a carcinicultura se faz presente, inclusive com a ABCC financiando cursos fora da região Nordeste (Pará e Santa Catarina) que não estão contemplados no Convênio, o uso das Boas Práticas de Manejo (BPMs) com Biossegurança, por ser a ferramenta indispensável para o êxito da carcinicultura regional, tal como está ocorrendo nos países produtores de camarão do Continente Asiático. O desafio de reduzir o uso dos recursos naturais para expansão da carcinicultura mediante aumento da produtividade e de evitar ou minimizar os prejuízos ocasionados pelas enfermidades de importância econômica para o camarão cultivado, principalmente as infecciosas de origem viral, levaram países como China, Tailândia, Indonésia e Equador a aperfeiçoar procedimentos, métodos e práticas de cultivo, cujo conjunto, além de ter impacto na produtividade, assegura a produção normal do setor frente à presença de inúmeras viroses de significância epidemiológica. Essa situação foi, em grande parte, responsável pela elaboração das BPMs por parte da ABCC, as quais, combinadas com medidas de Biossegurança se apresentam na atualidade da carcinicultura mundial como a ferramenta de maior eficácia para proteção da atividade, mantendo os seus níveis de produção comercial e de oferta de camarão aos mercados consumidores.

As BPMs consistem num conjunto de métodos e procedimentos que asseguram bons níveis de produtividade com o uso responsável dos recursos naturais e evita ou minimiza impactos sociais e ambientais negativos. O conceito das BPMs, que vem sendo aprimorado e adotado na aquicultura mundial do camarão, refere-se, portanto, à forma mais eficiente ou a que gera a melhor relação custo x benefício para garantir o desempenho produtivo, a expansão vertical e o desenvolvimento sustentável da atividade. A Biossegurança, que para efeitos do Plano se junta às Boas Práticas de Manejo, é o termo aplicado na indústria animal para descrever os procedimentos e cuidados especiais, cientificamente comprovados, para a prevenção e controle da disseminação das enfermidades virais, o que significa o uso de práticas que previnem e/ou contêm a difusão das enfermidades que afetam o camarão cultivado. Para assegurar o uso eficiente das BPMs com Biossegurança e desenvolver a habilidade dos beneficiários para o uso sistemático dessas práticas, o Plano de Capacitação prevê a partir de Março/2014, a realização de cursos descentralizados e reforçados por um componente de Unidades Móveis de Treinamento que permitirá enfatizar os aspectos práticos da transferência de conhecimentos com a realização de análises de água e solo e análises presuntivas do camarão como parte da capacitação, e que assegurará, posteriormente, um processo permanente de reciclagem, principalmente de micro e pequenos produtores, no manejo tecnológico e seguro da produção de camarão cultivado. O Plano consiste, portanto, na realização de dois componentes operacionais que se complementam para a disseminação e consolidação do uso das BPMs com Biossegurança na carcinicultura nacional: • O primeiro componente consiste na programação, execução e avaliação de um conjunto de cursos dirigido especificamente aos diversos atores que compõem a cadeia produtiva da carcinicultura brasileira, para atender a efetiva demanda dos produtores nacionais que, ante o objetivo de aumento da produtividade e a ameaça de enfermidades virais, necessitam de orientação de como proceder para atuar preventivamente e manter a regularidade de sua produção com crescimento horizontal e vertical. • O segundo componente está representado pela aquisição, montagem e operacionalização de duas Unidades Móveis de Treinamento que serão usadas para levar a cabo o Plano de Capacitação, especificamente para desenvolver a parte prática dos cursos relativas às análises de qualidade da água e solo e análises presuntivas do camarão, cuja realização é necessária para permitir uma maior compreensão da funcionalidade e importância da adoção das BPMs com medidas de Biossegurança, e dessa maneira melhorar a habilidade dos produtores quanto a sua adoção.

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A capacitação será levada a todas as regiões produtoras de camarão marinho com o enfoque básico de transmitir não apenas os conhecimentos e habilidades para o uso eficiente das BPMs associada às medidas de Biossegurança, mas, também, para desenvolver a reflexão e conscientização dos produtores sobre sua importância, de tal maneira que, conscientemente, assumam o compromisso de adotá-las regularmente para a segurança de seus próprios empreendimentos e da produção local, regional e nacional. Trata-se, portanto, de uma proposta de alcance ou abrangência nacional. É fato notório que as unidades de produção que integram a cadeia produtiva do camarão cultivado estão, basicamente, localizadas nos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará. Piauí e Sul do Maranhão. As ações do Projeto chegarão, portanto, ao território de cada uma dessas Unidades Federativas. Adicionalmente, por iniciativa da ABCC, cursos fora do Convênio serão programados para os Estados de Santa Catarina e Pará, onde a carcinicultura, embora tenha uma pequena presença no contexto nacional, enfrenta problemas de doenças (SC) e apresenta um grande potencial (PA). A dimensão das ações de capacitação e treinamento do Projeto pode ser medida pelos seguintes números que mostram a quantidade das estruturas produtivas no segmento da carcinicultura instaladas no Nordeste (Censo 2011 ABCC): • Cerca de 1.5441 Unidades Produtivas de Camarão, das quais 74% são micro e pequenas, 20% são médias e 6% são grandes. • 31 Laboratórios Comerciais de Pós-larvas. • 32 Centros de Processamento. • 9 Fábricas de Ração. Considerando aceitável para a capacitação prevista no Projeto o parâmetro de 30 participantes em média por evento, o atendimento da meta global de 2.000 pessoas demandará a realização de 67 cursos cobertos pelo Convênio, distribuídos regionalmente entre os estados da Bahia ao Sul do Maranhão na região Nordeste e concentrados em locais de maior densidade de fazendas de camarão. Esses cursos serão distribuídos de acordo com a dimensão de cada um dos segmentos da cadeia produtiva da carcinicultura, ou seja: • 60 cursos para produtores, trabalhadores e administradores de fazendas de camarão. • 03 cursos para pessoal dos centros de processamento do camarão. • 03 cursos para pessoal dos laboratórios de pós-larvas . • 01 seminário com representantes da indústria de ração. Estes números não incluem os cursos de Santa Catarina e Pará onde o número de participantes ainda vai ser defi nido. A elaboração deste Plano, liderada pela Diretoria/Setor Técnico da ABCC, contou com a participação de toda a cadeia produtiva do setor carcinicultor, com intervenção de vários grupos de trabalho e uma intensa discussão levada a efeito pela ABCC e suas afi liadas, desde Novembro/2011. O documento final, inclusive, foi aprovado

pela Assembleia Geral da ABCC de Março de 2012, tendo passado por uma última revisão aproveitando as informações provenientes de um Painel Especial da FENACAM 2012 onde as informações e recomendações contidas nas palestras apresentadas por especialistas de 4 países latino-americanos e 4 países asiáticos que discorreram sobre o tema “Estratégia de Manejo na Produção Comercial do L. vannamei Ante a Presença do Vírus da Mancha Branca” foram devidamente analisadas e incorporadas.

Realização de Cursos de Boas Práticas de Manejo com Biossegurança ao longo de 2014 e 2015: § 60 Cursos para Fazendas de Engorda (Micro, Pequenos, Médios e Grandes Produtores, Técnicos de Nível Superior e Administradores de Fazendas de Camarão), para um público previsto de 1.850 beneficiários. • Duração dos Cursos – 24 horas de Treinamento (03 dias x 08 horas) – Intercalando conceitos técnico-teóricos com inserções práticas. • Número de Participantes / Curso – 30/31 pessoas em média (produtores, técnicos, funcionários etc.) § 03 Cursos para Plantas de Processamento de Camarão, para um público previsto de 60 beneficiários. • Duração dos Cursos – 24 horas de Treinamento (03 dias x 08 horas) – Intercalando conceitos técnico-teóricos com inserções práticas. • Número de Participantes / Curso – 20 pessoas (proprietários, técnicos, funcionários etc.) § 03 Cursos para Laboratórios de Maturação, Reprodução e Larvicultura de Camarão, para um público previsto de 60 beneficiários. • Duração dos Cursos – 24 horas de Treinamento (03 dias x 08 horas) – Intercalando conceitos técnico-teóricos com inserções práticas. • Número de Participantes / Curso – 20 pessoas (proprietários, técnicos, funcionários etc.) § 01 Seminário para Representantes da Indústria de Ração, para um público de 30 beneficiários. • Duração do Curso – 24 horas de Treinamento (03 dias x 08 horas) – Intercalando conceitos técnico-teóricos com inserções práticas. • Número de Participantes / Curso – 30 pessoas (proprietários, representantes, vendedores, técnicos, funcionários etc.) § 02 Cursos Especiais financiados pela ABCC. 1 em Santa Catarina e 1 no Pará, para Fazendas de Engorda com número de 30 participantes. Cada curso terá duração de 24 horas (03 dias x 08 horas). Intercalando conceitos técnico-teóricos com inserções práticas. Início previsto dos cursos: Março/2014 (calendário em construção – divulgação futura) Informações: 84 3231-6291/ 3231-9786 abccam@abccam.com.br Associação Brasileira de Criadores de Camarão – ABCC (Convênio Ministério da Pesca e Aquicultura nº 775291/2012)

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FAZENDAS DE ENGORDA

PLANTAS PROCESSAMENTO CAMARÃO Nº CURSOS

ESTADO

CIDADE

Nº CURSOS

Canavieiras

1

Santo Amaro

1

RIO GRANDE DO NORTE

Natal

1

Acaraú

1

Aracati

1

ESTADO

CIDADE

BAHIA

Valença

1

Aracaju

1

Nossa Senhora do Socorro

2

SERGIPE

PERNAMBUCO

PARAÍBA

RIO GRANDE DO NORTE

Pacatuba

2

Propriá

1

São Cristovão

2

Goiana - Carne de Vaca

1

Itamaracá

1

Itapissuma

1

Recife

2

Rio Formoso

1

Joao Pessoa

1

Lucena

1

Mogeiro

1

Rio Tinto

1

Salgado de São Felix

1

Arês

1

Canguaretama

1

Goianinha

1

Guamaré

1

Macaíba Macau

1

Mossoró

1

Natal

1

Nizia Floresta

2

Pendências

CEARÁ

PIAUÍ MARANHÃO

1

1

São Bento do Norte

1

São Gonçalo do Amarante

1

Senador Georgino Avelino

1

Tibau do Sul

1

Acaraú

1

Aracati

3

Beberibe

2

Camocim

1

Fortim

4

Icapuí

1

Itaiçaba

1

Itarema

1

Jaguaruana

4

Paraipaba

1

+ 1 Cidade a Escolher

1

Fortaleza

-

Cajueiro da Praia

1

Luis Correia

1

Bacabeira

1

CEARÁ

LABORATÓRIOS: MATURAÇÃO, REPRODUÇÃO E LARVICULTURA ESTADO RIO GRANDE DO NORTE CEARÁ

CIDADE

Nº CURSOS

Natal

1

Acaraú Aracati

1 1

SEMINÁRIO REPRESENTANTES INDÚSTRIA DE RAÇÃO

ESTADO

CIDADE

Nº CURSOS

CEARÁ

Fortaleza

1

CURSOS BPM CONTEMPLADOS FORA DA ÁREA DA ABRANGÊNCIA DO NORDESTE BRASILEIRO SUBSIDIADOS PELA ABCC

ESTADO

CIDADE

Nº CURSOS

SANTA CATARINA

Florianópolis

1

PARÁ

Belém

1

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CONVÊNIOS

Projeto de capacitação em tecnologia de Carcinicultura Marinha Ministério da Agricultura, Pecuaria e Abastecimento

E

m dezembro de 2013, a ABCC, dando cumprimento aos termos de uma emenda do Dep. Federal João Maia (PR-RN), assinou Convênio com o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) referente o “Projeto de Capacitação Técnica em Tecnologia de Carcinicultura Marinha” a ser executado no Estado do Rio Grande do Norte. Para conhecimento dos nossos leitores em geral e dos leitores e participantes da cadeia produtiva da carcinicultura Brasileira e Potiguar, publicamos aqui as principais informações sobre o objeto e destino dos recursos deste Convênio.

Projeto de Capacitação Técnica O uso combinado das Boas Práticas de Manejo (BPMs) com Biossegurança na carcinicultura tornou-se uma ferramenta indispensável para o êxito comercial da atividade em todos os países produtores, tanto no Continente Asiático que concentra 85% da produção mundial, quanto nas três Américas. A susceptibilidade do camarão cultivado a enfermidades virais de difícil erradicação gerou o desenvolvimento de métodos e procedimentos de manejo que, devidamente utilizados pela cadeia produtiva, podem contribuir de maneira eficaz para prevenir tais enfermidades, evitar sua disseminação e, o que é mais importante, estabelecer as condições necessárias para a convivência da sua produção regular com a presença de agentes patógenos no meio ambiente adjacente a suas explorações. De acordo com os dados do Censo Setorial realizado pela ABCC, a carcinicultura nacional está concentrada basicamente (99%) na Região Nordeste. O Estado do Rio Grande do Norte, por sua vez, tradicional produtor de camarão, liderou por anos (até 2009) a produção desse crustáceo no Brasil. Em 2011, com 361 unidades de produção, área em operação de 6.540 hectares e produção anual de 17.825 toneladas, ocupou o segundo lugar no ranking dos estados produtores, participando com 25% da produção nacional. A carcinicultura Potiguar se caracteriza pela acentuada participação do micro e do pequeno produtor (até 5 e até 10 hectares respectivamente) que compõem 67,6% dos produtores do Estado e geram uma produção anual equivalente a 15,1% do total produzido no Estado. O Censo de 2011 revelou que a produção total do Estado do Rio Grande do Norte despencou de 30.807 toneladas em 2004 para 17.825 toneladas em 2011, cujas causas estiveram relacionadas, essencialmente, com as enchentes em 2008 e 2009, e com a presença e o acometimento de enfermidades virais, o que naturalmente, pela falta de apoio financeiro levou

a redução do uso das tecnologias produtivas mais básicas pelos carcinicultores Potiguares. Essa constatação eleva a importância do cultivo do camarão L. vannamei como ferramenta valiosa para a geração de renda e emprego nas áreas interioranas do Nordeste, fato este que exige uma atenção especial dos órgãos de planejamento dos Governos Estaduais da Região, na medida em que pretendam dar prioridade à aceleração da economia rural e litorânea de seus territórios. O Projeto de Capacitação Técnica com ênfase nas Boas Práticas de Manejo e Biossegurança para Micro e Pequenos Carcinicultores do Rio Grande do Norte foi elaborado baseado em exemplos de cases de sucesso na adoção e implementação de medidas eficazes para micro e pequenos produtores de camarão que carecem de efetivos meios para o incremento de seus níveis de produtividade e para uma salutar convivência com os principais agentes etiológicos de relevância econômica da atividade em áreas litorâneas e interioranas. Objetivo Geral e Público Alvo O Objetivo Geral do Projeto é o de capacitar a indústria nacional, especificamente a carcinicultura Potiguar, contra os efeitos nocivos das enfermidades virais que afetam negativamente os seus níveis de produtividade e produção, e que vem ocasionando perdas financeiras consideráveis para os produtores. Esse objetivo geral será alcançado mediante a disseminação, no âmbito da transmissão e difusão de conhecimentos e tecnologias, ao público alvo ao qual se destina o presente Projeto, qual seja, os micro e pequenos produtores das unidades de engorda do Estado do Rio Grande do Norte, de métodos e procedimentos capazes de prevenir, controlar e, sempre que possível, conviver com as enfermidades que afetam o camarão marinho cultivado.

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Objetivos Específicos Os objetivos específicos do Projeto consistem em transmitir, elevar, aprimorar e manter atualizado o nível de conhecimento e a habilidade dos atores envolvidos na cadeia produtiva da carcinicultura Potiguar no que concerne ao uso das BPMs associadas às Medidas de Biossegurança, de tal forma que fique assegurada a sua efetiva aplicação como procedimento regular e consistente no cultivo do camarão em suas unidades de produção. Componentes Operacionais O presente Projeto está concebido e estruturado para desenvolver e disseminar junto às fazendas de engorda, informações e habilidades voltadas para o conhecimento das BPMs associadas às medidas de Biossegurança e o seu uso eficiente e regular no cultivo do camarão marinho no Estado do Rio Grande do Norte, como condição essencial para o seu normal desenvolvimento no país, e que consiste na realização de dois componentes operacionais que se complementam para a disseminação e consolidação do uso das BPMs com Biossegurança na carcinicultura nacional:

1. O primeiro componente consiste na realização do I Seminário Norte-Rio-Grandense de Carcinicultura, dirigido especificamente aos diversos atores da cadeia produtiva da carcinicultura Potiguar, para atender a demanda dos micro e pequenos produtores do Estado que, ante a ameaça de enfermidades virais, necessitam de orientação de como proceder não apenas preventivamente para manter a regularidade de sua produção, mas, também, de como confrontar os surtos que podem se apresentar e se disseminar no raio de influência de seus empreendimentos. 2. O segundo componente está representado pela realização de 04 (quatro) Cursos sobre Boas Práticas de Manejo e Biossegurança (com aulas teóricas e dias de campo), de modo que se permita aos beneficiários do Projeto conhecer as bases teóricas que corroboram para resultados zootécnicos mais eficientes, bem como para mostrar a aplicação prática e os resultados advindos da implementação de tais técnicas e procedimentos.

“PROJETO DE CAPACITAÇÃO EM TECNOLOGIA DE CARCINICULTURA MARINHA” Início do Convênio: 02/12/2013

Término do Convênio:02/12/2014

Realização do I Seminário Norte-Riograndense de Carcinicultura O I Seminário de Carcinicultura com Enfoque nas Boas Práticas de Manejo e nas Medidas de Biossegurança será apresentado na forma de palestras com temáticas que vão desde a conjuntura mundial da carcinicultura até as efetivas e imprescindíveis medidas de biossegurança. O programa proposto prevê a realização de 06 (seis) palestras, conforme a seguir: PALESTRA 1- Panorama atual da Carcinicultura Brasileira, Desafios e Perspectivas para o Futuro; PALESTRA 2- Seleção de Pós-Larvas, Utilização de Berçários Intensivos e Raceway na Carcinicultura Atual; PALESTRA 3- Preparação de Viveiros de Camarão: Tratamento prévio de Água e Solo para Povoamento; PALESTRA 4- Nutrição e Manejo Alimentar em Carcinicultura - Quebra de Paradigmas e Intensificação Sustentável; PALESTRA 5- Probióticos – Ferramenta Indispensável à Intensificação e Sustentabilidade da Aquicultura; PALESTRA 6- Importância da Adoção e Implementação das Principais Medidas de Biossegurança Aplicada. Participantes: 350 Local: Natal / RN Realização de Cursos sobre Boas Práticas de Manejo e Biossegurança Aplicada CURSO 1 – Utilização e Manejo de Berçários Intensivos e Raceway com Ênfase no Aumento do Número de Ciclos de Cultivo por Ano e Controle e/ou Exclusão de Enfermidades. (CIDADE – CANGUARETAMA); CURSO 2 – Importância da avaliação e controle dos parâmetros físicos e químicos da água e do solo no cultivo do camarão L. vannamei. (CIDADE – TIBAU DO SUL); CURSO 3 – Importância dos Probióticos na Dinâmica Físico-Química e Microbiológica no Cultivo do Camarão L. vannamei. (CIDADE - PENDENCIAS); CURSO 4 – Análises Presuntivas e sua Importância para a Prevenção e Controle de Enfermidades no cultivo do L. vannamei. (CIDADE – GUAMARÉ). Participantes: 80 por curso Datas: Curso 1 – Inicio: 17/04/2014 – Termino: 18/04/2014 - Local: Canguaretama, RN Curso 2 - Inicio: 17/07/2014 – Término: 18/07/2014 - Local: Tibau do Sul, RN Curso 3 - Inicio: 18/09/2014 – Termino: 19/09/2014 - Local: Pendências, RN Curso 4 - Inicio: 20/11/2014 – Termino: 21/11/2014 - Local: Guamaré, RN OBS: Datas sujeitas à alteração. Mais informações: (084) 3231-6291 / 3231-9786 / abccam@abccam.com.br

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ARTIGO

O discurso da presidente e o silêncio dos peixes Luiz Valle - Cavalo Marinho - Grupo Leardini.

E

m seu recente discurso pela tevê, a presidente Dilma reconheceu a falta de qualidade do serviço público e defendeu o direito da população de reivindicar melhorias. Essa população somos nós também, produtores de pescados do Brasil! Estamos esperando o quê? Pintados, dourados, tucunarés, pirarucus e matrinxãs não saltarão dos rios para ir à imprensa reclamar do que funciona mal ou do que não funciona no serviço público nacional e que por isso atravanca o desenvolvimento da produção de pescados em nosso país. A sardinha, a castanha, o camarão-rosa e o sete-barbas não se alevantarão do mar para ir aos Ministérios, à Câmara Federal e ao Congresso Nacional falar por nós, pedir por nós. Se entendemos, por exemplo, que a fiscalização que recebemos do Ministério da Agricultura deve ser mais solidária e construtiva e menos autoritária e imperativa, menos focada em caçar bruxas e mais voltada ao trabalho cooperativo, pró-formação de um setor produtivo formalizado, sólido e competitivo, somos nós que temos de bater às suas portas e dizer isso.

Se concluímos que o Governo Federal precisa criar uma espécie de fundo-segurador que permita ao BNDES fi nanciar a aquicultura e a pesca sem exigir 130% de garantia real dos produtores, por que não nos ajuntamos para reivindicar isso à própria presidente Dilma? Nosso mexilhão é outro exemplo: o saboroso molusco não tem voz para dizer que é um absurdo continuarmos importando marisco do Chile só porque a burocracia do país não consegue liberar mais área de cultivo no mar para quintuplicar nossa produção, como é preciso. Cabe a nós a iniciativa de democraticamente provocar os governos estaduais a irem conosco à Marinha do Brasil para mostrar o enorme impacto positivo que a ampliação das áreas (marinhas e continentais) destinadas à aquicultura irá promover na balança comercial do pescado, possibilitando-nos importar menos e exportar mais. A Marinha não está fechada para nós. Ao contrário: nós é que estamos fechados para a Marinha, cujas portas, reconheçamos, jamais estiveram tão abertas ao diálogo – inclusive com os produtores de peixe – quanto agora. Assim se dá também com o IBAMA, a Secretaria de Patrimônio da União, o Instituto Chico Mendes. A produção nacional de camarão em cativeiro retroagiu nos últimos anos. As áreas de cultivo foram diminuídas e a exportação veio a zero. Não podemos deixar que somente o Itamar Rocha (presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão - ABCC) se mate de reclamar e de reivindicar celeridade na liberação de novas licenças ambientais e de políticas de apoio ao setor, nem esperar que os próprios camarões gritem dos tanques, em lugar dos carcinicultores. O brasileiro que come mal somos nós! O consumidor que ainda paga muito pelo peixe brasileiro somos nós! Os sertanejos que, em vez de migrar para as metrópoles, poderiam estar trabalhando na aquicultura em sua terra somos nós! A imensa massa de água de rio, de represa e de mar por ser cultivada é nossa! Mas é nosso também o dever de nos organizar, de eleger lideranças, de exigir a implementação de políticas públicas estruturantes. E é nosso sobretudo o dever de protestar contra a corrupção que come parte tão significativa dos impostos que pagamos. Não fosse ela, produziríamos mais peixe do que imaginariam Netuno e Iemanjá juntos Artigo publicado originalmente na edição de 10/09/2013 da publicação Brasil Econômico

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ARTIGO

Cadastro Ambiental Rural Xico Graziano Aagrônomo, ex-secretário de Agricultura e ex-secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo

Nota do Editor: Reproduzimos abaixo artigo de interesse para o setor de carcinicultura uma vez que aborda o tema do Cadastro Ambiental Rural (CAR) que todos os produtores de camarão cultivado terão que preencher. Os agricultores do Brasil receberam um presentão de ano-novo: o Cadastro Ambiental Rural (CAR). Terão, doravante, de desembrulhar o pacote completo do Código Florestal, regularizando suas propriedades rurais no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Dureza ecológica. Instituído pela nova legislação, o CAR promete inaugurar uma fase alvissareira no campo. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, julga tal cadastro uma “mudança na história ambiental do Brasil”. Concordo que há razões, positivas, para pensar assim. Hoje em dia o produtor rural só leva bordoada nesse assunto. Acusado de carregar um passivo ambiental trazido de seus avós, confundem-no com os bandidos da floresta, sem separar o joio do trigo. Típico da legislação ambiental brasileira, o mecanismo de “comando e controle” utiliza apenas a multa como arma pedagógica. Agora, pela primeira vez, surgiram regras propositivas, capazes de promover a recuperação ambiental de áreas degradadas. A mudança é notável. Antes, só existia a política do “não”. Mas a ação proibitiva nem sempre funciona. Agora, vale também o “sim”. Propostas inovadoras surgem para ajudar a transformação do produtor rural, induzi-lo ao caminho da sustentabilidade. Começa, dessa forma, uma verdadeira pedagogia ambiental no campo, com procedimentos que aplaudem o certo, e não apenas xingam o errado. Como funcionará o novidadeiro CAR? Preenchido diretamente pelo agricultor via internet, de modo relativamente simples, assemelhado à Declaração do Imposto de Renda, o cadastramento fará um registro digital sobre a ocupação da propriedade. Nele se informará quais são e onde se localizam as reservas legais e os remanescentes de vegetação natural, nas beiradas dos rios, nas encostas, tudo conforme estabelece a lei do Código Florestal. A plataforma tecnológica, inovadora, mundialmente falando, contou com a ajuda decisiva da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para ser desenvolvida. Baseado em imagens de satélite, o sistema realiza automaticamente o georreferenciamento da propriedade, facilitando a visualização gráfica de seu comportamento ambiental. O recibo da entrega eletrônica ao Ibama gera um mapa, demarcando as áreas protegidas. Há outras vantagens no preenchimento do CAR. Em situação ideal, quem estiver com tudo regularizado, protegido, fica tranquilo. Vale como um atestado de boa conduta. Mas se, porventura, as áreas ambientais estiverem aquém do legalmente estabelecido, deve o produtor elaborar seu Programa de Regularização Ambiental (PRA), ganhando cinco anos para executá-lo. Aqui reside o maior avanço da recente legislação florestal brasileira: abre-se a chance da recuperação ambiental no espaço agrícola. Ao aderir ao PRA, o produtor rural assume a tarefa de compensar seu eventual passivo ambiental. E cabe ao Estado, especialmente aos governos estaduais, auxiliar no cumprimento desse encargo.

Tendo declarado o CAR e aderido ao PRA, os agricultores habilitam-se junto aos órgãos financiadores a receber crédito rural. Nem o Ibama nem as Polícias Ambientais podem o admoestar. Apenas verificam o cumprimento de suas obrigações. Os órgãos ambientais passarão a dar mais valor à educação agroambiental. Trocarão o chicote pela conversa e a caneta pelo convencimento. Essa nova pedagogia já começa pelos treinamentos que têm sido realizados nos sindicatos, associações e cooperativas, todos querendo ajudar seus filiados, em especial os pequenos agricultores, preparando-os para bem realizarem seu cadastramento. Gente simples, que nunca viu um computador, poderá preencher “off line” o CAR, nas repartições públicas e privadas que estão sendo credenciadas para tanto. Nada será fácil: arredondando os números, existem 5 milhões de estabelecimentos rurais no País, sendo 84% deles de pequenos sitiantes, incluindo 1,5 milhão de roças de subsistência apenas no Nordeste. Vai dar “corre-corre” muito bochicho, reclamação, resistência à mudança. Mas, utilizando a linguagem do campo, o clima está favorável. Ninguém mais aguenta essa briga entre o ruralismo e o ambientalismo. Chega de discórdia. Hora de sair do problema, buscar solução, virar a página, compatibilizar a preservação com a produção. E se a declaração das áreas ambientais for enganosa? Ora, assim como no Leão, a malha fina do Ibama pode detectar a fraude. Malandro a ser desmascarado existe em qualquer lugar. Sob o ponto de vista burocrático, 2014 não será um ano fácil para a turma da roça. Mas o novo ano poderá representar um momento da virada, a criação de uma onda virtuosa, na qual surfarão os agentes públicos e privados interessados em construir uma nova fase no relacionamento entre o meio ambiente e a agricultura. Todos concordam em zerar o desmatamento irregular. Todos aceitam a recuperação ecológica das áreas mais sensíveis. Na maioria dos lugares, aliás, como nas margens ribeirinhas, nem carece replantar árvores, mas tão somente impedir o uso, cercar espaços, deixando que a natureza se regenere naturalmente. As fazendas se embelezarão. A partir de 2014, vigendo o CAR e o PRA, os homens do campo terão argumentos para cobrar o pessoal da cidade. Afinal, se eles mudaram de atitude, assumiram compromissos, educam-se ambientalmente, por que razão os citadinos continuariam a emporcalhar a natureza com os lixões a céu aberto, com habitações construídas nas áreas de mananciais ou naquelas encostas íngremes que rodam com a enxurrada, com esgotos jogados sem tratamento nos rios que cortam as cidades? Até quando a poluição será permitida na zona urbana, sem que as autoridades, useiras em maltratar o agricultor, tomem firme providência? Com a palavra os ambientalistas. Artigo publicado originalmente em Janeiro – 2014 - Meio Rural – Espaço Aberto - CAR - Regularização Ambiental do Produtor Rural Revista ABCC | 47

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Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) Ambientais Evandro Grili, advogado e diretor ambiental do Brasil Salomão e Matthes Advocacia Sancionado o Novo Código Florestal no final de 2012, os advogados envolvidos com questões ambientais já começaram a ouvir os reclamos de seus clientes por conta de TACs – Termos de Ajustamentos de Condutas – assinados ainda na vigência da legislação antiga. O maior reclamo se dá pelo fato de que a lei nova permite que as reservas legais sejam constituídas levando-se em conta o percentual das APPs – Áreas de Preservação Permanente. Na prática, quem assinou TACs na vigência da lei antiga, e já os cumpriu, deixou 20% da propriedade rural a título de reserva legal e ainda teve que reconstituir as APPs de acordo com as regras antigas. De outro lado, aqueles que não se curvaram às exigências dos órgãos ambientais e do Ministério Público, sabedores de que a legislação florestal estava sendo reformada, vão poder, agora, se valer da restrição mais leve prevista pelo Novo Código Florestal. Mesmo aqueles que estão sofrendo processos na Justiça vão ter esse benefício porque a legislação processual brasileira obriga o juiz a aplicar a lei nova no processo em andamento sobre estas questões. É uma situação que incomoda aqueles que resolveram espontaneamente se ajustar à legislação anterior. E, como se sabe, não se pode afrontar o princípio constitucional da irretroatividade da lei nova para atingir atos jurídicos perfeitos. Esse é um dos pilares do Estado Democrático de Direito. Mas há algumas circunstâncias que precisam ser analisadas, especialmente do ponto de vista prático da aplicação e cumprimento de TACs assinados ainda sob a vigência do antigo Código Florestal. Os TACs firmados junto ao Ministério Público são instrumentos que obrigam os proprietários rurais a adequar suas propriedades à legislação florestal brasileira. Contudo, isolados, os TACs não são capazes de gerar todos os documentos e procedimentos necessários para a regularização da propriedade. Eles, sem exceção, conduzem os proprietários para os órgãos ambientais, como condição necessária ao seu próprio cumprimento. Esta segunda etapa vai ser finalizada no órgão ambiental dos Estados. Algumas exigências nem mesmo são mais passíveis de cumprimento. Por exemplo, a nova lei aboliu o dever de averbar nos Cartórios de Imóveis a reserva legal na matrícula do imóvel. É possível que algum proprietário rural, já na vigência da nova lei, tenha sua pretensão de averbar a reserva legal negada pelo Oficial do Cartório de Registro de Imóveis com base no Novo Código Florestal. Muito embora o CNJ – Conselho Nacional de Justiça tenha liberado os Cartórios de Registro de Imóveis para continuar realizando as averbações, ainda assim, uma vez consolidado o CAR – Cadastro Ambiental Rural, o proprietário rural vai poder exercer a faculdade de realizar as averbações todas no novo órgão cadastral. Na prática nos deparamos com três situações diferentes: 1. TACs firmados na vigência do antigo Código Florestal, já cumpridos integralmente pelos proprietários de imóveis rurais; 2. TACs firmados na vigência do antigo Código Florestal, em fase de cumprimento administrativo, sem a emissão dos atos finais pelos órgãos ambientais; e, 3. TACs firmados na vigência do antigo Código Florestal, que ainda não tiveram seus prazos de cumprimento vencidos, junto aos órgãos ambientais. Para o primeiro caso, dos TACs firmados na vigência do antigo Código, já cumpridos, inclusive com emissão dos Termos de

Reserva Legal e averbação nas matrículas dos imóveis, nos parece que se consolidou a situação do ato jurídico perfeito. Nessa linha de entendimento, por força de disposição específica do art. 5o, LV, da Carta Magna, a lei nova não pode retroagir para modificar situações prontas e acabadas, devidamente consolidadas. Já no segundo e terceiro casos, em que os TACs foram assinados na vigência do Código antigo, encontram-se (ou não) em fase de cumprimento junto aos órgãos ambientais, sem que tenham sido expedidos os atos administrativo finais por estes órgãos, o nosso entendimento é que vai se aplicar a legislação atual, com todos os benefícios trazido pelo Novo Código Florestal. Estando estes TACs ainda pendentes de cumprimento junto ao órgão ambiental, serão necessários que novos atos jurídicos sejam editados e firmados. Estes novos atos normalmente vão ser representados pelos TCRAs – Termos de Compromisso e Recuperação Ambiental que são assinados perante as autoridades ambientais com o fito de dar cumprimento a TACs anteriormente assinados. Ora, estes novos atos jurídicos têm caráter eminentemente administrativo, ou seja, têm que obedecer à legislação vigente, sob pena de nulidade e ilegalidade da autoridade pública responsável pela sua emissão. Assim, ao dar cumprimento a um TAC assinado ainda na vigência da lei antiga, o proprietário rural vai poder se beneficiar do que diz a lei nova. Até porque as autoridades ambientais não vão poder emitir atos administrativos com base em lei revogada. No caso da reserva legal, por exemplo, o órgão ambiental deverá se ater ao que diz a nova lei florestal, ou seja, deverá considerar os percentuais de APPs existentes na propriedade, a fim de se atingir os 20% exigidos pela nova lei, em se tratando de propriedades situadas na região Sudeste. O mesmo se diga em relação às APPs daquelas propriedades que têm áreas entre um e quatro módulos fiscais, em que o legislador fez concessões que permitem a redução dos limites normais fi xados para estas áreas em propriedades maiores. Certamente que ainda haverá muita discussão em torno deste assunto e, mais uma vez, o Judiciário será chamado a intervir a solucionar os conflitos, ajudando a comunidade jurídica a interpretar a nova legislação florestal brasileira. Vai ser uma árdua missão. A propósito do envolvimento do Judiciário nesta questão do Novo Código Florestal, vale um aparte sobre este tema. O Ministério Público Federal ajuizou ações diretas de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal. As ADINs ainda não foram julgadas, nem mesmo foram apreciadas suas liminares. De outro lado, as instâncias inferiores do Poder Judiciário brasileiro, em todos os Estados da Federação, na sua esmagadora maioria de membros, está aplicando normalmente o Novo Código Florestal. Acórdãos do Tribunal de Justiça de São Paulo e de Minas Gerais, por exemplo, já tem reconhecido a vigência e aplicação da nova lei. Em se tratando de juízes de primeira instância isso é mais evidente ainda. O magistrado das Comarcas, da maioria das cidades do Brasil, tem reconhecido e aplicado a nova lei florestal, num forte indício de que o Código veio para ficar. E mesmo em se tratando de processos que foram ajuizados na vigência do Código antigo (revogado), o juiz da causa, por força do que dispõe a legislação processual, é obrigado a aplicar o Novo Código para resolver o processo. Enfim, muito ainda vamos discutir a respeito do assunto, mas o fato é que o Novo Código Florestal vai sendo, a todo vapor, aplicado e implementado, inclusive atingindo em cheio TACs antigos e processos que foram ajuizados antes mesmo de sua vigência.

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Mergulhando na Aquicultura Asiática Inovações e Tecnologias da Ásia para a Carcinicultura Brasileira Bruno R. Scopel MCR Aquacultura ltda

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o início de Novembro de 2013 fui enviado pela empresa MCR Aquacultura para uma viagem de estudos e atualização técnica no continente asiático. A missão era mergulhar a fundo nas tecnologias adotadas pelos principais produtores mundiais de camarão marinho cultivado, notadamente nas fazendas que empregam alta tecnologia de produção, a fi m de se inteirar das atualizações sobre os avanços tecnológicos na produção intensiva do camarão marinho L. vannamei, com fins de aplicação no Brasil. Além disso, fui incumbido de dispensar uma atenção especial sobre como os asiáticos estão enfrentando e superando os problemas de doenças dos camarões, principalmente o WSSV (White Spot Sindrome Virus) e a EMS (Early Mortality Sindrome) ou AHPND (Acute Hepatopancreatic Necrosis Disease), a mais nova doença que vem causando severos prejuízos aos produtores daquele continente.

O artigo a seguir tem como objetivo dar um panorama geral dos métodos de produção utilizados no sudeste asiático, destacando as tecnologias mais recentes e as tendências para a produção intensiva e super-intensiva de camarões marinhos. O aprofundamento sobre as questões mais específicas, como detalhes de manejo, serão apresentados numa próxima oportunidade. China A primeira parada desse programa de treinamentos e atualização foi na China, o maior produtor mundial de camarão cultivado, atendendo o convite e a hospitalidade da Nan Rong Co., empresa pioneira e líder na fabricação de aeradores e diversos outros equipamentos para o segmento aquícola. A fábrica da Nan Rong é excepcional, pois além de produzir diferentes tipos de equipamentos de excelente qualidade, conta com uma estrutura de produção de peixes e camarões anexada à fábrica, onde são realizados testes dos seus equi-

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pamentos, dentro da própria empresa, em condições reais de cultivo. Os equipamentos da Nan Rong são muito conhecidos e utilizados em todo continente asiático. Apesar da sede da empresa ser em Xangai, a origem é de Taiwan, o que segundo os chineses, significa qualidade e confiabilidade. Após alguns dias acompanhando o processo de fabricação dos equipamentos, juntamente com um diretor da Nan Rong, nos dirigimos mais ao sul da China, para a cidade de Fuzhou, na província de Fujian, a fim de visitar as fazendas de carcinicultura mais modernas da região. No caminho à província de Fujian, já é possível perceber a grandiosidade da aquicultura chinesa. A quantidade de viveiros de peixes e camarões ao longo da estrada é impressionante. Em diversas províncias chinesas a aquicultura faz parte do cotidiano de toda a população, pois os viveiros estão localizados ao lado das casas e das estradas. É algo realmente impactante e importante para a economia local, pois muito mais que um meio de sobrevivência e geração de renda, a aquicultura na China já é uma atividade cultural. As fazendas de camarão chinesas são encontradas nos mais variados estilos, tamanhos e níveis de tecnologia. Procuramos visitar as mais avançadas, chamadas também de “high-level ponds” (viveiros de alta tecnologia). Nas visitas sempre éramos recebidos pelos produtores com um chá verde chinês, uma tradição local. Estas fazendas “high-level” são caracterizadas basicamente por tanques pequenos (0,1-0,5ha) forrados com geomembranas PEAD (Polietileno de Alta Densidade) ou em concreto, na maioria quadrados. Além disso, utilizam estufas (devido às baixas temperaturas), altas densidades (120-300cam/ m2), alta aeração 24h/dia, sistema de remoção dos sólidos através de sifão central, máximo controle dos parâmetros físicos, baixa ou zero renovação de água, probióticos, imuno-estimulantes e tratamento da água de abastecimento (normalmente com cloro e “crustacidas”). Estas características resultam em altas produtividades (15-50T/ha) e uma maior biossegurança, evitando a contaminação pelas doenças, inclusive a EMS em alguns casos. Este modelo de fazendas “high-level” é uma tendência tanto na China como na Tailândia, Indonésia e Vietnã, evidentemente com diferentes enfoques, dependendo das condições específicas de cada local, principalmente devido a alta biossegurança e alta produtividade destes tipos de fazendas. Diversas novas fazendas estão sendo construídas neste modelo, pois a alta produtividade é o desafio para os chineses, mesmo só realizando 2 ciclos anuais devido as baixas temperaturas, ainda que os produtores contam sempre com apoio e subsídios governamental, que investe continuamente na produção aquícola do país. Tailândia após ficarmos 15 dias na China, nos dirigimos à Tailândia,segundo maior produtor e maior exportador mundial de camarão, cuja carcinicultura é caracterizada por empregar alto nível tecnológico nas fazendas. Entretanto, a Tailândia assim como a China, no presente momento, enfrenta grandes problemas com a doença EMS, a qual atinge de 80%

a 90% das áreas produtivas do país. As fazendas visitadas não estavam enfrentando problemas com a EMS, naturalmente, devido ao alto nível de biossegurança adotado. Na Tailândia fui recepcionado pelo Dr. Farshad Shishehchian, CEO da empresa Blue Aqua International e Presidente da World Aquaculture Society,- Capítulo Asia-Pacific. A empresa Blue Aqua é especializada na produção e comercialização de sais minerais e probióticos para sistemas intensivos de cultivo de camarões, os quais auxiliam no controle e na estabilidade dos parâmetros físicos e químicos da água. Os produtos da Blue Aqua vêm sendo utilizados cada vez mais por produtores de peixes e camarões ao redor do mundo, devido aos excelentes resultados obtidos, os quais mantêm o equilíbrio iônico ideal para um ótimo crescimento dos camarões em sistemas de alta densidade, incluindo os diferentes microrganismos benéficos presentes na água. As fazendas visitadas na Tailândia são caracterizadas pelo alto grau de biossegurança, incluindo proteções anti-caranguejos ao redor dos viveiros, telas de proteção anti-pássaros, tanques semi-lonados (lonas geomembranas apenas nos taludes), tratamento prévio da água com cloro e crustacidas, tratamento do solo (revolvimento e adição de cal hidratada), baixa renovação de água, remoção dos sólidos através de sifão central, altas densidades (100-150 cam/m2). Algumas fazendas vão mais além na biossegurança, utilizando rodolúvios, pedilúvios, pias localizadas ao lado dos viveiros para sanitização dos funcionários, telas ao redor da fazenda para evitar a contaminação através de gotículas de água transportadas pelo vento vindo de fazendas vizinhas. São sistemas chamados semi-bioflocos ou sistemas mixotróficos, os quais apresentam uma fase mais autotrófica dominada pelo fitoplâncton (início do cultivo) e depois mais heterotrófica dominada por bactérias (final do cultivo), onde os bioflocos estão presentes na coluna da água e desempenham importantes funções no sistema, porém são encontrados em menor quantidade (2-10mg/L de sólidos sedimentáveis) que os cultivos de bioflocos tradicionais (>10mg/L de sólidos sedimentáveis), devido a remoção frequente dos sólidos através de sifão central. Em alguns casos os sólidos são acumulados no centro dos viveiros durante todo o cultivo e só são removidos após a despesca. O uso de melaço e de probióticos para estímulo das bactérias heterotróficas é comum, entretanto as bactérias quimio-autotróficas (nitrificantes) é que realizam a maior parte da remoção dos compostos nitrogenados tóxicos, a qual acarreta um menor consumo de oxigênio, menor acúmulo de sólidos e conseqüentemente exige menor gasto energético. A cal hidratada só é utilizada no tratamento do solo pré-povoamento, não sendo utilizada durante o cultivo. O controle de alcalinidade é feito somente através do equilíbrio da microbiologia presente na água, entre fitoplâncton e bactérias. As fazendas que adotam esses procedimentos de manejo estão resistindo à EMS e continuam produzindo muito bem, obtendo excelentes lucratividades aproveitando o momento de altos preços do camarão. Inclusive, as doenças como a Mancha Branca são problemas superados e pouco preocupam os produtores da Tailândia.

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Vietnã A ida ao Vietnã teve como objetivo principal a participação no Congresso Asian Pacific Aquaculture (APA 2013), na cidade de Ho Chi Minh, que se constituiu um dos maiores eventos de aquicultura da Ásia e do mundo, o qual foi organizado pela World Aquaculture Society (WAS). Previamente ao APA 2013 aconteceu o “Workshop Biofloc and Shrimp Diseases”, um evento que reuniu os maiores especialistas mundiais na parte de doenças de camarão e sistemas bioflocos. O evento teve como pauta principal a doença EMS e como os sistemas bioflocos de produção podem ajudar na prevenção e combate às doenças nos cultivos. Este evento foi organizado pelo Dr. Yoram Avnimelech (Israel) e contou com a participação de pesquisadores de renome internacional como Dr. Craig Browdy (EUA), Dr. Donald Lightner (EUA), Dr. Robins McIntosh (Tailândia), Dr. Nyan Taw (Malásia), Dr. Shaun Moss (Havaí), Dr. Wilson Wasielesky (Brasil), Dr. Oliver Decamp (Bélgica), Dr. Jonh Hargreaves (USA), entre tantos outros. O Dr. Lightner apresentou atualizações sobre a EMS, confirmando sua presença no México e dando um panorama geral das causas e consequências desta doença que também está presente fortemente no sudeste asiático (China, Tailândia, Malásia e Vietnã). Alguns pesquisadores afirmaram também, que em salinidades abaixo de 20ppt a incidência de contaminação pela EMS é bem menor, sendo quase nula em salinidades abaixo de 10ppt. Algumas discussões focaram os diferentes sistemas de produção e os diferentes tipos de bioflocos utilizados como meio de controle de compostos nitrogenados tóxicos e suplementação alimentar aos camarões (semi-biofloc, green biofloc, mixotrofic system), que na realidade todos tem seu conceito básico baseado no equilíbrio entre bactérias heterotróficas, bactérias quimio-autotróficas e microalgas, onde o predomínio de um grupo microbiológico ou de outro, dependerá principalmente da evolução do cultivo, das necessidades do sistema e das preferências do produtor, pois cada tipo de sistema (mais autotrófico ou mais heterotrófico) apresenta vantagens e desvantagens. Há uma concordância geral entre os especialistas que para os produtores adotarem sistemas super intensivos, com baixa renovação de água e sistemas bioflocos, deve haver um conhecimento mais aprofundado de qualidade de água e microbiologia, evitando catástrofes e perdas econômicas. Também foram apresentados trabalhos mostrando o papel imuno-estimulante dos bioflocos para os camarões e seu potencial como ingrediente substituto à farinha de peixe. As apresentações dos trabalhos sobre bioflocos, doenças e sistemas de produção apresentados no Workshop podem ser baixadas no link http://www.aesweb.org/presentations.php. Indonésia o último destino da nossa programação de visitas técnicas foi à Indonésia, um grande produtor mundial de camarão

cultivado e, o único dos países visitados que além de não apresentar problemas com a EMS, já superou os problemas com a Mancha Branca (WSSV), exatamente, através da adoção de procedimentos de biossegurança e de boas práticas de manejo. As empresas visitadas fazem parte do “Shrimp Club Indonesia”, um grupo exclusivo de produtores que investem em tecnologia de ponta e são referência para os demais produtores daquele país. As fazendas na Indonésia seguem os padrões asiáticos e são muito parecidas com as da Tailândia: tanques pequenos (0,3 a 1ha), na maioria quadrados, lonados, semi-lonados ou de concreto, com estruturas de biossegurança (telas anticaranguejos, telas anti-pássaros, rodolúvios), tratamento prévio da água (cloro e crustacidas), aeração 24h/dia, filtros (200 - 500μm) nas tubulações de abastecimento, baixa renovação de água, remoção dos sólidos através de sifão central, densidades entre 100 e 200 camarões/m2, utilização de probióticos e imuno-estimulantes. Muitas dessas fazendas estão utilizando sais minerais (Blue Aqua©) adicionados diariamente na água, apresentando excelentes resultados de crescimento com sobrevivências entre 80-90% e produtividades de até 20T/ha/ciclo de cultivo, em sistemas de baixa renovação de água e alta densidade. Grande parte das fazendas da Indonésia pertencem a pequenas comunidades, onde moram funcionários com suas famílias, com todos os membros da família ocupando cargos nas fazendas ou participando com pequenas cotas como sócios das fazendas, representando um grande legado social no país. Conclusão A cultura asiática milenar, de produzir as mais variadas formas de organismos em pequenos espaços, juntamente com uma rigorosa disciplina no trabalho, auxilia muito no desenvolvimento de novas tecnologias e no sucesso dos resultados. Há uma dedicação tremenda para que a produção não pare e os problemas com doenças sejam rapidamente superados. A aquicultura faz parte da cultura e do cotidiano de grande parte da população asiática, sendo algo extremamente comum para todos, pois boa parte da alimentação oriental, composta basicamente por pescado, provém da aquicultura. Há muito o que se aprender com os métodos de produção da Ásia, eles estão há alguns anos na frente em relação a tecnologias de produção, entretanto, o Brasil, tem condições bioecológicas para produzir peixes e camarões, mais ou tanto quanto os países asiáticos, o que dependerá de investimentos por parte do Governo Federal e Estaduais e evidentemente por parte dos produtores, especialmente no tocante as mudanças nas formas de manejo, pois a alta densidade de produção depende de um rigoroso conhecimento e controle de qualidade de água. Afinal, não existe receita de bolo para os cultivos super intensivos e utilização de bioflocos, as estruturas podem ser copiadas, entretanto e manejo de qualidade da água deve ser adaptado conforme as condições do cultivo de cada propriedade. Revista ABCC | 51

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Gatilhos ambientais identificados na manifestação da EMS/AHPNS Identificado em viveiros de produção da Fazenda Agrobest SdnBhd./Malásia Matéria extraída da Revista The Advocate Global Aquaculture, Julho/Agosto de 2012 – pág. 16 a 17. Traduzida pelo Biólogo Marcelo Lima – Consultor da ABCC (Associação Brasileira de Criadores de Camarão)

Noriaki Akazawa Agrobest Malaysia Sdn. Bhd. Batu 20, Jalan Pekan-Nenasi 26680 Pekan, Pahang, Malaysia agbna@yahoo.co.jp Mitsuru Eguchi Kinki University Naru, Japan’ Figura 1. Aquários utilizados nos experimentos de pH

E

m pesquisas conduzidas para melhor entender a dinâmica biológica da EMS (Síndrome da Mortalidade Precoce), ou AHPNS (Síndrome da Necrose Aguda do Hepatopancreas), numa fazenda de grande porte com sistema produtivo integrado da Malásia peninsular, os resultados indicaram que a doença era oriunda de pós-larvas infectadas e espalhou-se rapidamente por toda a fazenda. Análises de dados subsequentes e pesquisas conduzidas em aquários indicaram que a enfermidade se manifestou apenas quando um determinado parâmetro ambiental, o pH, estava dentro de uma específica facha de leitura. A taxa de sobrevivência melhorou com o manejo deste parâmetro alvo para evitar a zona de susceptibilidade à EMS/AHPNS.

A Agrobest Sdn. Bhd. é um grande sistema de produção integrada de camarão localizado no Estado de Pahang, na Malásia. A fazenda consiste de 461 viveiros revestidos com lonas plásticas com tamanho médio de 0,75 hectares (7.500m2). No ano de 2010 a Unidade de Engorda produziu aproximadamente 11.000 toneladas métricas do camarão branco do pacífico Litopenaeus vannamei, e 500 toneladas métricas do camarão tigre asiático Penaeus monodon. A Síndrome da Mortalidade Precoce, também conhecida como Síndrome da Necrose Aguda do Hepatopâncras (AHPNS), surgiu na Agrobest no inicio do mês de janeiro de 2011 em cinco viveiros que foram povoados com pós-larvas do mesmo laboratório cerca de um mês antes. Enquanto a doença aparentava ter origem nas pós-larvas do referido laboratório, nem todos os viveiros povoados com larvas deste laboratório foram afetados. O “Bloom” de plâncton nestes 5 viveiros afetados, apresentava-se com uma cor incomum, verde escuro, quase negro, cor esta mais comumente observada em viveiros no estágio final de produção. Fatores

ambientais pareciam desempenhar um papel na manifestação da enfermidade. Disseminação horizontal No espaço de uma semana, depois do surgimento do brote nos primeiros cinco viveiros, muitos viveiros vizinhos foram afetados com a doença. No espaço de dois meses a enfermidade já tinha se disseminado por toda a fazenda. A mortalidade típica observada nos viveiros afetados foi de 70 a 80%, envolvendo camarões de todas as idades e tamanhos. Baseado na expansão horizontal a partir do epicentro inicial, a enfermidade parecia ter sido causada por um patógeno virulento, mas os repetidos testes realizados para todas as viroses conhecidas se apresentaram negativos. A produção de camarão na Agrobest declinou dramaticamente, como aconteceu por toda a Malásia. Pesquisas para entender melhor o comportamento da AHPNS foi rapidamente incrementada.

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Interação ambiental Num experimento inicial, alguns camarões estressados de um viveiro afetado foram transferidos para um aquário com água limpa de um viveiro. Durante o período da manhã do dia da transferência os camarões estavam severamente estressados, exibindo coloração opaca do tecido da musculatura e ficaram imóveis no fundo do aquário. Uma alta mortalidade era esperada. Entretanto, pela parte da tarde os camarões deste aquário haviam recuperado a atividade e a coloração havia voltado ao normal. Eles continuaram a se comportar normalmente na semana seguinte, quando o experimento foi então finalizado. No segundo experimento, alguns camarões não infectados foram transferidos para um aquário com água de um viveiro que apresentava mortalidade decorrente da AHPNS. Os camarões colocados neste aquário permaneceram inafetados, indicando que a água do viveiro em si não foi necessariamente capaz de fazer brotar a enfermidade. No terceiro experimento, alguns camarões mortos recentemente (frescos) coletados em um viveiro infectado foram colocados em um aquário com camarões não infectados. Em alguns destes aquários os camarões mortos contaminados foram colocados dentro de caixas imersas nos aquários, as

quais mantinham os camarões mortos fora do alcance dos camarões vivos. Nenhuma mortalidade foi verificada neste ultimo experimento, mas a mortalidade iniciou em um ou dois dias nos aquários que receberam camarões mortos sem a proteção da caixa. Isto indicou que o patógeno poderia ser transmitido por meio da exposição direta a camarões mortos infectados.

Figura 2. Testes confirmaram que canibalismos é um importante mecanismo de transferência da doença

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Apesar do surto generalizado na Agrobest, alguns viveiros permaneceram inafetados, o que apoiou a hipótese da interação ambiental com o surgimento da enfermidade. Para melhor entender e manejar a AHPNS, a equipe técnica da Agrobest intensificou as coletas de dados ambientais de cada viveiro e uniram-se nas pesquisas com cientistas da Universidade de Kinki/Japão, para isolar, purificar e sequenciar o DNA do patógeno. Uma revisão de dados de qualidade da água de aproximadamente 80 viveiros afetados e não afetados dentro de um mesmo mês indicou muitas diferenças na qualidade da água, as quais foram correlacionadas com os brotes da enfermidade. Para determinar se algumas destas condições correlacionadas podem influenciar na expressão da AHPNS, experimentos adicionais com aquários foram realizados. Gatilho ambiental A suspeita de gatilhos relacionados com a qualidade da água dentro dos viveiros afetados foi investigada mantendo parâmetros de qualidade de água nos aquários dentro de faixas específicas. Estes experimentos foram bem sucedidos na identificação do pH como um gatilho ambiental chave. Em pH mais baixo (ao redor de 7), a enfermidade repetidamente regredia, enquanto que em faixas mais altas (8.5 a 8.8), a enfermidade repetidamente se manifestava.

Figura 3. Camarões mortos e moribundos num viveiro infectado com AHPNS

Para validar ainda mais este achado, camarões infectados foram colocados em aquários preenchidos com água de viveiros com excelentes despescas. Neste experimento assumimos que a qualidade da água destes viveiros era considerada adequada para evitar a expressão da AHPNS. Nos aquários onde o pH foi manipulado na zona suspeita de vulnerabilidade à AHPNS, a mortalidade foi induzida. Entretanto, nos aquários onde a qualidade da água foi mantida fora da zona de vulnerabilidade, os sintomas da enfermidade não foram observados. Histopatologia, microbiologia e transmissão. A capacidade da equipe da Agrobest de controlar a expressão da AHPNS permitiu pesquisas colaborativas adicionais na histopatologia, sequenciamento do DNA e formas de transmissão

da enfermidade. A histopatologia de camarões infectados, feita pelo Instituto Nacional de Pesquisa em Aquacultura (NRIA), no Japão, indicou uma disfunção do hepatopancreas e descamação das células epiteliais dos túbulos. Microsporídios (protozoa) também se multiplicavam no hepatopâncreas dos camarões infectados. Os tecidos dos hepatopâncreas de camarões não infectados, e àqueles mantidos dentro da zona de tolerância durante os testes em aquários, permaneceram normais e sem a multiplicação de bactérias e microsporídios. Para determinar a sequência do DNA de patógenos bacterianos, a equipe da Agrobest isolou bactérias do tecido do hepatopâncreas de camarões infectados e enviou as colônias isoladas para o Japão, onde pesquisadores da Universidade de Kinki, e do Instituto de Pesquisa em Aquicultura, amplificaram e sequenciaram o DNA usando a Cadeia de Reação da Polimerasa (PCR) que tiveram como alvo a sequência 16S do rDNA das bactérias alvos da pesquisa. Em caminho paralelo, pesquisadores da Universidade de Kinki e NRIA examinaram a qualidade da água e do sedimento de viveiros infectados e não infectados pela amplificação do DNA com primers 16S rDNA seguido por diferenciação usando eletroforese em gel com gradiente de desnaturação. Vários tipos de bactérias foram identificados nos camarões, na água e no sedimento dos viveiros infectados e não infectados. O gênero Vibrio foi o mais comum, e uma das espécies parecia corresponder ao Vibrio parahaemolyticus, mas esta identificação ainda não foi finalizada. Nenhuma diferença significativa na prevalência ou distribuição de bactérias foi encontrada entre os viveiros infectados e não infectados. Isto reforçou a hipótese de que a bactéria da AHPNS estava presente por toda a fazenda, mas somente os camarões presentes nos viveiros expostos a condições ambientais suscetíveis a AHPNS manifestaram a enfermidade. Em pesquisas conduzidas em aquários, observou-se que os camarões infectados exibiam um comportamento anormal o que levou ao canibalismo por camarões não infectados mesmo diante da oferta de ração peletizada. Uma vez que o canibalismo foi iniciado a mortalidade de camarões não infectados rapidamente aumentou. Desta forma o canibalismo foi considerado um dos principais mecanismos de transmissão da AHPNS em viveiros de cultivo. Uma vez estabelecida na fazenda, a AHPNS reapareceu nos subsequentes ciclos de produção, mesmo considerando o uso de vários fornecedores de pós-larvas, redução da densidade de povoamento de 120 para 85cam/m2, tratamento químico da água por meio da cloração, e zero de renovação de água. Em 2012, os esforços no manejo de viveiros foram direcionados visando manter a qualidade da água fora da zona de suscetibilidade à AHPNS. Resultados encorajadores foram alcançados, e as mortalidades típicas da enfermidade, que antes era de 70 a 80%, declinou para 20 a 30%. Entretanto, durante o outono de 2012, ocorreu uma recaída na taxa de sobrevivência conjuntamente com um lote de ração com baixa estabilidade de água. Depois das devidas correções do mencionado problema a melhoria de produtividade foi retomada.

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ARTIGO

Análise e Observações de Campo Sobre a Situação da Sanidade do Camarão Cultivado no Nordeste Brasileiro Marcelo Lima Santos – Consultor Técnico Associação Brasileira de Criadores de Camarão

INTRODUÇÃO Para ter uma melhor compreensão do status atual das enfermidades do camarão cultivado presentes no Nordeste do Brasil, a Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC) mandou realizar no mês de dezembro/13 um apanhado, através de visitas a campo, da situação da sanidade da carcinicultura, nos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, quando tivemos a oportunidade de fazer uma avaliação preliminar da presente situação das principais enfermidades nos referidos Estados, cujos resultados se apresentam a seguir. Situação Atual da Carcinicultura no estado da Bahia 1. Município de Canavieiras: O estado da Bahia foi o primeiro da região nordeste a registrar brote da Enfermidade da Mancha Branca, sendo o Município de Canavieiras, localizado na região sul do Estado, a primeira região a apresentar os primeiros sintomas da enfermidade. Canavieiras apresenta temperatura instável com os menores índices observados entre os meses de maio a agosto onde a temperatura local pode baixar para 21°C. Este talvez tenha sido o principal gatilho para a manifestação da enfermidade naquela região.

dos cultivos em regime de convivência com a enfermidade. As principais medidas tomadas foram:

Bons resultados em cultivos desafiados pela WSSV diante de temperaturas favoráveis e períodos de estiagens.

a. Realização dos cultivos no período compreendido entre os meses de setembro a maio; b. Diminuição da densidade para 5 a 15 camarões/m2, dependendo da situação das unidades produtivas; c. Uso de aeradores para incrementar o oxigênio dissolvido; d. Uso de probióticos. Foi comentado pelos produtores locais que as sobrevivências observadas no período compreendido entre os meses de maio a agosto pode declinar para uma média de 20 a 25%. Todavia é possível conduzir cultivos com sobrevivências compensadoras e camarões com peso médio de 17gr entre os meses de Setembro a Maio.

Reunião com produtores de Canavieiras/BA

Após o surgimento da Enfermidade da Mancha Branca, a partir do ano de 2008, praticamente todos os produtores paralisaram suas atividades devido à agressividade inicial do vírus nos sistemas produtivos. Durante a visita técnica, realizada em dezembro de 2013, foi observado que com o tempo decorrido os produtores locais passaram a ter uma melhor compreensão sobre a biologia da WSSV e aos poucos foram desenvolvendo protocolos de manejo com vistas à realização

Camarões com sintomatologia de WSSV

Apesar do otimismo dos produtores locais foi possível verificar sintomas da presença da WSSV em algumas unidades produtivas visitadas. Foi observado que a enfermidade estava

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se manifestando em estágios avançados do cultivo onde estava sendo possível a realização de despescas de camarões em tamanho comercial e com sobrevivência dentro de um padrão aceitável. Na visita realizada em Canavieiras, além da presença da WSSV, foi possível observar sintomatologia macroscópica da Infecção Hipodermal e Necrose Hematopoiética (IHHNV) e da Hepatopancreatite Necrosante (NHP). A primeira tem causado problemas com a perda da biomassa dada ao crescimento desuniforme dos camarões confinados, conforme observado pela foto ao lado, e a segunda tem provocado problemas relacionados com a sobrevivência final e potencializado o surgimento da WSSV.

Camarões com sintomatologia de IHHNV

2. Município de Valença: Os produtores de camarão do Município de Valença ainda estão em fase de ajustes dos cultivos na presença da WSSV. Segundo informações de um dos produtores locais, os resultados de cultivo alcançados foram conduzidos com sobrevivências médias de 70% em viveiros povoados com 12 a 18 camarões/ m2 no período compreendido entre novembro 2012 e maio de 2013. Após este período as fazendas foram submetidas ao vazio sanitário por 3 meses (julho a setembro) onde foram novamente repovoadas. Após esta nova tentativa as sobrevivências registradas foram de 50% em viveiros povoados com densidades de 12 a 18 camarões/m2 e o peso médio verificado nas despescas variaram entre 8,5 e 15gr.

Camarões com sintomatologia de NHP e Vibriose

Nas Fazendas de criação de camarões visitadas ao norte do Estado da Bahia, mas precisamente nos Municípios de Aratuípe e Jaguaripe, a sobrevivência média informada na fazenda visitada na região de Jaguaripe estava na razão de 60% e peso médio despescado entre 10 a 14gr. Em Aratuípe a sobrevivência média informada foi de 55 a 60% com despesca de camarões com peso médio de 15gr. Situação Atual da Carcinicultura no estado de Sergipe Em termos de quantidade de pequenos e microprodutores, o estado de Sergipe possui uma dos maiores índices registrado pelo levantamento realizado pela ABCC no ano de 2011, fato comprovado durante a visita técnica realizada no mês de dezembro de 2013. Os principais polos de produção encontram-se nas regiões de São Cristovão e Socorro (centro do Estado), Pacatuba (norte do Estado), Instancia e Indiaroba (Sul do Estado). Dado ao grande número de micro e pequenos produtores nestas citadas regiões, cada uma possui uma associação local. De uma forma geral os micros produtores de Sergipe não possuem um manejo satisfatório em suas unidades produtivas e o abastecimento dos viveiros é realizado pela força das marés como também não usam aeradores nem equipamentos de monitoramento da qualidade da água. Dado a esta situação as enfermidades tem provocado danos na produção local, sendo a Enfermidade da Mancha Branca o maior problema registrado. O povoamento dos viveiros é feito na razão de 4 a 8 camarões/m2 e a sobrevivência registrada situava-se na média de 35 a 40% à época da visita técnica.

3. Municípios de Encarnação e Salinas das Margaridas: No Município de Encarnação a situação é semelhante àquela observada em Valença, mas no Município de Salinas da Margarida, não há registro de brotes da WSSV até a presente data. É provável que esta região esteja sendo beneficiada pela boa qualidade da água captada pelas fazendas. Em uma das fazendas da região foi observada a manifestação macroscópica da Hepatopancreatite Necrosante e de Vibriose (fotos abaixo). Nesta fazenda a sobrevivência média varia entre 50 a 80%.

Camarões com sintomatologia IMNV, NHP, WSSV e Epibiontes e viveiros de microprodutores do Estado de Sergipe.

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Dentre as fazendas de médio porte visitadas em Sergipe, uma delas, localizada na Região de Itaporanga, estava enfrentando problemas com WSSV, onde a sobrevivência média declinou de 70% para 20% em decorrência da presença de surtos da WSSV. Atualmente esta fazenda encontra-se em fase de ajustes de manejo e novos viveiros estão sendo povoados em um programa projetado para o ano de 2014. Outro empreendimento visitado localizado ao sul do Estado, está paralisado em decorrência dos problemas enfrentados com a WSSV. Fato interessante registrado no estado de Sergipe é que no Município de Diarosa, situado no norte do Estado, existe uma fazenda que opera em sistema intensivo com uso de 50, 80 e 100 camarões/m2. A sobrevivência atual está na razão de 60 a 70% de camarões com peso médio de 10gr. O responsável técnico por esta fazenda comentou que teve problemas com a WSSV e IMNV no ano de 2012.

Cultivo intensivo no Município de Diarosa – ótimos resultados na presença da WSSV.

Situação Atual da Carcinicultura em Pernambuco Ao sul do estado de Pernambuco, algumas unidades de produção de médio porte foram visitadas. Uma delas sempre operou com alta densidade e uso das Boas Práticas de Manejo e observação das práticas de biossegurança. Nesta fazenda, a taxa de sobrevivência média é de 60 a 70% com despesca de camarões de 9 a 11gr. Durante a visita técnica não foi possível observar sintomatologias macroscópica da WSSV, mas há histórico da presença da IMNV, NHP-B, e Vibriose. Todavia, segundo comentário técnico, não tem sido verificada pesadas mortalidades com relação a brotes de enfermidades. Nas visitas realizadas em duas fazendas localizadas no Município de Rio Formoso, houve o comentário técnico sobre a presença de mortalidades provocadas pela enfermidade da Mancha Branca. O proprietário de uma das fazendas comentou que a sobrevivência média encontra-se prejudicada pela WSSV, mas que é possível obter sobrevivências, em tempo atuais, de 65 a 75%. Na região central do estado de Pernambuco, visitamos o polo de produção da Ilha de Deus, situado na zona metropolitana da cidade de Recife. Esta região está ocupada por microprodutores que abastecem seus viveiros por gravidade com uso das marés. A região é poluída e sem controle técnico, todavia os produtores locais ainda alcançam bons resultados com uso de baixa densidade (abaixo de 5 camarões/m2) sem uso de ração. Segundo comentário feito por produtores locais, nesta

área as sobrevivências podem variar de 20 a 100%, onde os piores resultados são observados durante os meses de junho a Agosto. A presença macroscópica da WSSV, IMNV e NHP foram observadas durante a visita técnica ao local.

Microprodutor da Ilha de Deus/Recife

Na região norte do estado de Pernambuco, visitamos três unidades produtivas. Na primeira delas, o responsável pela fazenda me recebeu e fez um breve comentário sobre a produção local. Esta fazenda possui viveiros pequenos, revestidos com lonas simples, equipados com sistema de aeração e com profundidade média acima de 1,5 metros. Foi desenhada para o cultivo intensivo, mas a tecnologia empregada não estava permitindo sobrevivências acima de 20% no momento de nossa visita técnica, dado aos problemas com surtos da WSSV. Foi comentado que as sobrevivências anteriores ao surto da WSSV se verificavam acima de 70% com densidades de até 70 camarões/m2.

Cultivo intensivo em Ponta de Pedras/PE – problemas com a WSSV.

A segunda visita foi uma fazenda onde o proprietário fez um breve comentário frisando que em 2011 a sobrevivência declinou para 40% face ao surto da WSSV mesmo após 3 meses de vazio sanitário. Em 2012 a média de sobrevivência se manteve em 50%, e no segundo semestre de 2013 subiu para 70%. Durante as observações realizadas in loco não foi verificado a presença de sintomatologia macroscópica de enfermidades em camarões juvenis recentemente povoados com densidade média de 10 camarões/m2. A terceira visita foi a uma unidade produtiva onde o povoamento está sendo realizado com 10 camarões/m2. Segundo o proprietário, a sobrevivência média da fazenda está estimada em apenas 25% com camarões despescados com peso médio de 8gr. Adicionalmente, estas altas mortalidades estariam sendo provocada pela presença de surtos de WSSV e há também o registro histórico da IMNV e da NHP na região. Revista ABCC | 57

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Situação Atual da carcinicultura na Paraíba O Estado da Paraíba possui duas regiões distintas, a saber: O polo de produção na região de água doce, localizada no alto do Rio Paraíba, e o polo de produção na região estuarina costeira. 1. Visita à região do Alto do Rio Paraíba: Nesta região encontram-se várias fazendas de camarão nos Municípios de Mogeiro, Salgado São Felix, Pilar e Itabaiana, utilizando água oligohalina do Rio Paraíba, águas de reservatórios e água de poço. Na região do Alto do Rio Paraíba existe uma considerável quantidade de micro e pequenos produtores. O modelo de cultivo praticado é o semi-intensivo com uso de aeradores e monitoramento da qualidade da água para correção da alcalinidade. De forma geral, os produtores trabalham com densidades acima de 50 camarões/m2, podendo chegar ao máximo de 80 camarões/m2. Durante a visita técnica foi possível verificar que a Enfermidade da Mancha Branca está presente na região, mas precisamente em fazendas de produtores da região do Município de Mogeiro e alguns viveiros em Salgado de São Félix. Nas regiões de Itatuba, Itabaiana e Pilar não foi verificada a sintomatologia da presença desta enfermidade. Na oportunidade realizamos visitas em algumas fazendas da região. Uma delas trabalha no modelo semi-intensivo com uso de 50 a 60 camarões/m2. A sobrevivência alcançada nos cultivos em média é superior a 80%. Segundo o técnico da fazenda, existe um projeto para incremento do povoamento com utilização de 100 camarões/m2. Durante a visita técnica não observamos manifestação da WSSV, todavia foi verificada manifestações macroscópica de enfermidades de origem bacterianas, a qual necessita ser identificada. Para o manejo sanitário, os produtos Cal hidratada (sanitizante e corretivo alcalinidade), Citrofav (imunestimulante) e Epicin (Probiótico) são utilizados. Os parâmetros de oxigênio dissolvido são mantidos sempre acima de 4mg/L com uso de aeradores.

Cultivo intensivo em Salgado de São Félix/PB – excelentes resultados em cultivo na água doce.

Uma segunda fazenda também opera no modelo semi-intensivo com utilização de 40 camarões/m2 e uso de aeradores. Os camarões estão sendo despescados com peso médio de 8 a 10gr. Nas amostragens locais foi possível observar a sintomatologia da WSSV. Em decorrência disto as sobrevivências alcançadas encontravam-se na média de 40%. A terceira unidade de produção visitada opera com densidades de 60 camarões/m2. Por decorrência da presença da WSSV na região de Mogeiro, as sobrevivências alcançadas nesta fazenda

encontram-se em torno de 30%. Nas observações locais foi possível observar sintomatologia macroscópica da IMNV e infestações branquiais causadas por protozoários.

Cultivo intensivo em Mogeiro/PB – problemas com WSSV em cultivo na água doce.

A quarta fazenda visitada foi a de um microprodutor. O proprietário comentou que houve perda total na ultima tentativa de cultivo em decorrência de mortandade provocada pela WSSV. 2. Comentários sobre a situação dos produtores da região costeira do Estado da Paraíba. Nesta região os produtores enfrentam problemas com a presença da WSSV, IMNV, Vibriose, NHP e IHHNV. No Município de Marcação, os produtores da cooperativa local estão enfrentando problemas de mortalidades com a presença da WSSV e NHP. Os cultivos estão sendo conduzidos com baixa densidade (5 camarões/m2) mas os surtos da WSSV induzem as despescas de emergência. As sobrevivências médias registradas nas últimas despescas de emergência foram de 85% (7gr), 72% (5,5gr), 66% (8gr) e 66% (6,5gr). Os produtores da cooperativa comentaram que as sobrevivências médias observadas nos meses de setembro a dezembro de 2012 foram normais. Neste mesmo período do ano de 2013 a situação se agravou com surgimentos dos surtos da WSSV. Na comunidade de Coqueirinho e Camurupim, no também Município de Marcação, os produtores locais comemoram as excelentes sobrevivências de camarões com peso médio entre 8 a 10gr. Animados com os resultados os produtores estão investindo na ampliação das unidades produtivas. Situação Atual da Carcinicultura no estado do Rio Grande do Norte O estado do Rio Grande do Norte tem duas regiões produtoras distintas. A primeira, denominada de Litoral Sul, inicia-se na região de Baia Formosa, nos limites fronteiriços com o estado da Paraíba, e finaliza as margens do Rio Potengí. A segunda, denominada de Litoral Norte, se situa entre as margens do Rio Potengi até os limites com o Estado do Ceará. 1. Situação no Litoral Sul: Atualmente o Litoral Sul, composto pelos Municípios produtores de Baia Formosa, Canguaretama, Vila Flor, Arêz, Georgino Avelino, Carnaúba, Nizia Floresta e São José de Mipibu, bem como pelos produtores do Estuário do Rio Potengí (Natal, Regomoleiro, Santo Antonio, São Gon-

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çalo do Amarante, Pajuçara e Pitangui), possui problemas na produção devido à presença de surtos da Enfermidade da Mancha Branca. O período em que há uma maior incidência de mortalidades está compreendido entre os meses de maio a agosto, quando há uma maior incidência de chuvas e quedas da temperatura ambiental. As medidas adotadas pelos produtores do Litoral Sul para conviver com a WSSV são as mais variadas possíveis. Há o exemplo de um a fazenda localizada no Município de Arêz, que preferiu adotar nos últimos 3 anos, um sistema de produção cíclico com a adoção do vazio sanitário nos períodos críticos (junho e julho) em que são dadas férias coletivas para seus funcionários. No retorno ao trabalho os funcionários trabalham na manutenção e preparação da fazenda para inicio do novo ciclo enquanto as pós-larvas são mantidas nos tanques berçários aguardando período favorável para o povoamento. O proprietário desta fazenda comentou que está redirecionando o manejo para ciclos de produção com uso de reservatórios decantadores de sólidos suspensos e sistema de recirculação da água. Segundo ele o objetivo é trabalhar com água de melhor qualidade em períodos de chuvas. Em Pitangui, uma fazenda está investindo em sistema de cultivo bifásico com adoção de tanques berçários protegidos com estufa para aplicação de tratamento térmico nas larvas antes do povoamento dos tanques de engorda. Apesar dos excelentes resultados conseguidos na safra de dezembro/2013 a janeiro/2014 (100% sobrevivência, 10gr e 42 dias de cultivo) este produtor comenta que pretende investir em sistema trifásico com o uso intermediário de raceways. A ideia é encurtar o tempo de permanência dos camarões nos viveiros de engorda e aumentar os ciclos anuais de cultivo evitando assim as perdas com mortalidades provocadas pelos surtos da WSSV sem prejuízo à produção anual.

Em outra fazenda, o proprietário está investindo em pesquisa de cultivos em viveiros com uso da tecnologia asiática, onde é dada ênfase na questão do tratamento da água para a exclusão de vetores e patógenos em sistema controlado pelas Boas Práticas de Manejo e Medidas de Biossegurança com uso de pós-larvas livres de enfermidades de importância epidemiológica. Comentários Finais Durante as visitas técnicas nas regiões mencionadas foram realizadas coletas de camarões nas fazendas visitadas para rastreamento confirmativo das enfermidades presentes por região. Os viveiros amostrados foram escolhidos por avaliação inicial do desempenho dos cultivos, levando em conta os viveiros de menor desempenho zootécnico. Ao chegar aos viveiros selecionados os camarões foram escolhidos sob a forma dirigida e em seguida foram dissecados para retirar amostras de brânquias, pleópodos e hepatopancreas em pools de 6 a 10 animais, de acordo com a gramatura. As amostras coletadas estão armazenadas em vasilhames com álcool 96° e estocadas em freezer para análise posterior de PCR para identificação das enfermidades WSSV, IMNV, IHHNV, e NHP.

Cultivo em raceway com estufa p/ inativação do vírus da WSSV.

Em Sto Antonio dos Barreiros, o proprietário da uma fazenda local está investindo em sistema bifásico de produção com a construção de raceways protegidos por estufa para tratamento térmico das pós-larvas. Segundo ele, a intenção é povoar os viveiros com juvenis em estágio mais avançado e mais resistente com a consequente diminuição dos riscos advindos de ciclos de cultivo mais extensos. A época da visita técnica, este proprietário estava animado com os primeiros resultados e não foi observada sintomatologia macroscópica de WSSV nos animais avaliados.

Sequencia de coletas dirigidas de amostras de camarões para análise confirmativa de PCR para rastreamento de enfermidades de importância econômica no Nordeste do Brasil.

Em momento oportuno este trabalho se estenderá ao litoral norte do Estado do Rio Grande do Norte e ao Ceará para uma melhor compreensão da existência de enfermidades de importância econômica no Nordeste do Brasil. Revista ABCC | 59

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BPMs

Procedimentos de boas práticas de manejo e medidas de biossegurança para serem adotados pelos produtores de camarão do Brasil Associação Brasileira de Criadores de Camarão – ABCC Material extraído dos Procedimentos de Boas Práticas de Manejo e Medidas de Biossegurança da ABCC, condensado e ilustrado pelo Biólogo Marcelo Lima, do Departamento Técnico da ABCC.

positivo se a qualidade das larvas estiver em conformidade com os requisitos da biossegurança inseridos neste texto. Larvas positivas para a Doença da Mancha Branca poderão deixar sem efeito as boas práticas que serão adotadas pelos produtores.

1. INTRODUÇÃO As sugestões técnicas operacionais aqui apresentadas foram preparadas com base nos Procedimentos de Boas Práticas de Manejo e Medidas de Biossegurança elaborados e aprovados pela Assembleia Geral da ABCC, tendo em vista orientar os produtores de camarão de todo o Brasil. Com a Doença da Mancha Branca (WSSV) presente em algumas áreas de produção de camarão e com o surgimento de novas enfermidades em outras regiões do globo, a operacionalização das unidades de produção de pós-larvas e de engorda do L. vannamei, de cada Unidade da Federação passa, necessariamente, a exigir maior rigor no seu manejo técnico, requerendo a adoção do sugerido protocolo operacional, que visa acima de tudo, à exclusão de patógenos e a desejável sustentabilidade dos cultivos. Em realidade, as sugestões de manejo adiante apresentadas, envolve um sólido e consistente sistema operacional, que foi amplamente discutido com todos os setores e, aprovado por unanimidade pela Assembleia Geral da ABCC, o qual se recomenda a adoção por todos os produtores. Como ação paralela, a ABCC, está promovendo a realização de cursos de capacitação para solidificar o uso destas práticas. Maiores informações sobre os cursos podem ser encontradas nesta edição.

3. PREPARAÇÃO DOS VIVEIROS DE PRODUÇÃO

2. AQUISIÇÃO DE PÓS-LARVAS Por questões de biossegurança, se sugere que as pós-larvas que serão utilizadas nos povoamentos dos viveiros de áreas afetadas pela Doença da Mancha Branca (WSSV) sejam adquiridas de laboratório da inteira confiança do produtor. De preferência com certificado de Larvas Livres da Doença da Mancha Branca. Certamente que essa medida somente surtirá efeito

3.1. Desinfecção do solo: É recomendada a aplicação de cal na razão de 1.500kg por hectare por toda a superfície do fundo do viveiro, nas paredes laterais dos taludes e também sobre os enrocamentos. A cal deve ser do tipo micronizada. A cal do tipo “cal queimada em forno” é a melhor que se apresenta para este procedimento, todavia a cal micronizada ou a cal hidratada também podem ser utilizadas. IMPORTANTE: A desinfecção com cal é recomendada logo depois da despesca e enquanto o solo está úmido. Assim, o produto deve ser comprado antes das despescas para estar à disposição no momento certo. Se a aplicação for manual deve-se utilizar equipamentos de proteção individual pois a cal é um produto corrosivo e pode causar lesões na pele. 3.2 Desinfecção de apetrechos: Recomenda-se a pulverização com solução de cloro na seguinte concentração: • 200gr de cloro para cada 1.000 litros de água doce, ou; •

20 gramas de cloro em 100 litros de água doce, ou;

• 2 gramas de cloro em 10 litros de água doce.

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OBSERVAÇÕES: • As bandejas, tábuas e telas podem ser mergulhadas na solução de cloro na razão de 200gr de cloro para 1000 litros de água e deixadas submersas por 1 hora. Também podem ser raspadas e pulverizadas no próprio local onde se encontram. Neste caso, o operário deverá usar pulverizador costal com a solução de cloro na concentração anteriormente recomendada; • Os caiaques, remos, tarrafas e outros equipamentos devem também ser desinfetados com pulverizador no local onde se encontram; • Após a desinfecção os apetrechos devem ser colocados no sol para secar.

(capa rosa) que normalmente aparecem nos solos ácidos. Durante a aplicação da cal, deve-se usar equipamento de proteção individual. 4.1.2 Matéria orgânica: Deve estar na porcentagem inferior a 4%. Caso esteja superior, aplicar probiótico no solo, conforme recomendação do fabricante, e esperar o tempo suficiente para que a matéria orgânica fique abaixo de 4%. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Utilizar probiótico específico para o solo e sua aplicação deverá ser feita sempre 5 dias depois da aplicação da cal, no caso desta ter sido usada na esterilização ou na correção da acidez do solo. 5. ELIMINAÇÃO DE ANIMAIS VETORES DE ENFERMIDADES

3.3 Desinfecção de comportas: Antes da desinfecção das comportas, recomenda-se fazer a limpeza geral raspando todas as incrustações de cracas, mexilhões, algas e ostras. Este material da raspagem deve ser retirado do viveiro e descartado em vala escavada fora da fazenda. Após a raspagem a comporta deve ser pulverizada com a mesma solução de cloro recomendada acima, ou seja: 2gr de cloro em 10 litros de água. 4. TRATAMENTO DA MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO A coleta de amostras do solo deve ser realizada logo depois da despesca, adotando-se uma profundidade não inferior a 5 centímetros da superfície em vários pontos do fundo do viveiro, colocando-se em um balde, e depois de bem misturado, retira-se uma subamostra de aproximadamente 500gr para envio ao laboratório no mesmo dia da coleta. Ao laboratório devem ser solicitados: Percentual de matéria orgânica e pH. 4.1 Leitura da amostra do solo: 4.1.1 pH: O ideal deve se situar entre 6.5 e 7.5. Caso o pH esteja abaixo de 6.5 fazer aplicação de 1.500kg de cal micronizada (ou hidratada) por hectare e, posteriormente, fazer nova leitura para verificar se o pH foi corrigido. Se necessário, é importante fazer nova aplicação de cal até conseguir o resultado desejado. Recomenda-se intensificar a aplicação da cal nas manchas ferruginosas

• Todos os animais presentes nos viveiros são possíveis vetores do vírus da Enfermidade da Mancha Branca e devem ser eliminados. As seguintes recomendações devem ser seguidas: • Logo depois da despesca (em algumas fazendas as despesca dependem da dinâmica das marés), a comporta de drenagem deve ser fechada para evitar que a água da maré entre no viveiro trazendo larvas de crustáceos, moluscos, vermes e peixes; • Em seguida, colocar cloro nas poças de água para eliminação de todos os organismos vivos (siri, caranguejo-uçá, chama-maré, goiamum, peixes, camarões, etc.). Neste caso não existe a dosagem recomendada. Somente suspender a aplicação do cloro depois da completa eliminação dos animais presentes nas poças de água. Todos os animais mortos pela aplicação do cloro devem ser removidos e descartados em vala escavada, fora da área de produção;

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• Procurar eliminar todos os caranguejos dispersos no viveiro (chama-maré, caranguejo-uçá, goiamum, etc.). Estes animais são prováveis portadores da Enfermidade da Mancha Branca e podem fazer com que esta doença se manifeste nos camarões de cultivo, mesmo que todos os procedimentos aqui recomendados tenham sido rigorosamente aplicados; • Colocar defensas nos taludes dos viveiros para evitar que caranguejos passem por cima dos mesmos e entrem nos viveiros. As defensas devem ser estaqueadas pela parte de dentro do escoramento para evitar que os caranguejos escalem as estacas e passem para o viveiro. Recomenda-se que as defensas sejam feitas com lonas plásticas lisas. O uso de telas pode facilitar a escalada dos animais; • Colocar fios de nylon esticados sobre o viveiro com espaçamento de um e dois metros para afugentar pássaros. Ver maiores sugestões em trabalho no site da ABCC – FADU, Paulo et all - Compartilhando Soluções/2013.

6.2 Fazer a filtragem da água conforme sugestão abaixo: DIREÇÃO DO FLUXO DA ÁGUA. 1000 micras (ou 1 mm)

→ 500 micras (ou meio milímetro) → 250 micras

OBSERVAÇÕES: • A sedimentação da água em reservatório apropriado facilitará a filtragem em malhas de 250 micras, evitando o entupimento da malha por excesso de sólidos presentes na água de captação; • O saco de tela de 250 micras pode ser confeccionado nas dimensões de 80 cm de largura por 8 a 10 metros de comprimento, e deve ser colocado dentro de outro saco de tela de 1,5mm, de igual dimensão, para reforçar e não estourar durante o abastecimento; • O saco deverá ser confeccionado com aplicação de viés para reforçar a costura; • Após o enchimento, o viveiro deve ficar em repouso durante 8 dias antes de ser povoado.

6. ABASTECIMENTO DO VIVEIRO Fazer o abastecimento do viveiro sempre depois de ter a segurança de que a matéria orgânica e o pH foram corrigidos e de que não existem organismos portadores da Enfermidade da Mancha Branca dentro do viveiro. Seguir os seguintes procedimentos: 6.1 Durante o processo de abastecimento, se possível, usar sempre água nas maiores marés, que é de melhor qualidade. Evitar o uso de água nas marés pequenas e depois de fortes chuvas, ou quando tiver conhecimento de que outros produtores da região estejam despescando ou descartando água de viveiro contaminado, o que ocorre quando é maré vazante;

7. DESINFECÇÃO DA ÁGUA Para áreas afetadas pela Doença da Mancha Branca, recomenda-se a desinfecção da água após o enchimento do viveiro. A finalidade da desinfecção é a eliminação de partículas virais

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e de microorganismos vetores da doença. A desinfecção poderá ser feita com aplicação dos seguintes produtos:

OBSERVAÇÕES: • O sulfato de cobre poderá ser adquirido em lojas que vendem material para tratamento de piscinas residenciais; • Depois de pesado, o produto deverá ser diluído em água e depois aspergido em toda a área do viveiro. Os aeradores, se existirem, deverão ser ligados durante a aplicação para a perfeita mistura do produto na água; • Usar sempre equipamento de proteção individual (luvas e mascara de proteção de olhos e nariz).

7.1 Desinfecção com uso de Cloro: para a eliminação de partículas virais presente na água: O cloro comercial na concentração de 65% deve ser aplicado na razão de 46gr do produto por metro cúbico de água do viveiro (30ppm). O cálculo para a desinfecção de um viveiros de 1 hectare com lâmina d’água de 1 metro, pode ser o seguinte: • Pesar 460 kg de cloro com 65% de produto ativo; • Diluir o produto e aspergir por toda a área do viveiro; • Os aeradores, se existirem, deverão ser acionados no momento da aplicação para a perfeita mistura. Desligar aeradores 20 minutos após a aplicação; • Utilizar equipamentos de proteção individual; • Funcionários com histórico de alergia ao produto não deverão se envolverem nesta operação. 7.2 Desinfecção com uso de Sulfato de Cobre: elimina larvas de moluscos. *Cálculo do SULFATO DE COBRE: Para tratamento de um viveiro de 3 hectare com profundidade média de 1 metro. O cálculo da quantidade do SULFATO DE COBRE a ser aplicado no viveiro será baseado no valor da Leitura da Alcalinidade dividido por 100.

8. POVOAMENTO DO VIVEIRO: Decorridos 3 dias após o tratamento químico o viveiro deverá ser fertilizado para a indução do desenvolvimento do alimento natural com uso de Nitrato de sódio, Superfosfato Triplo e Silicato de Sódio. O povoamento do viveiro deverá ser feito sempre nas primeiras horas da manhã para minimizar o estresse das pós-larvas. Antes do povoamento recomenda-se fazer o bioensaio para se assegurar de que os produtos utilizados na desinfecção foram neutralizados. O bioensaio é feito com o uso de 100 pós-larvas colocadas dentro de uma caixa telada, a qual é fi xada no viveiro perto da comporta de drenagem. Após 24 horas se faz a verificação da sobrevivência. Caso haja mortalidades no bioensaio o povoamento deverá ser adiado e novo bioensaio deverá ser realizado. Seguir as seguintes recomendações: • Comprar pós-larvas de laboratório de inteira confiança do produtor e com certificação de Pós-Larvas Livre da Enfermidade da Mancha Branca; • Mandar a leitura da salinidade da água do viveiro que será povoado ao laboratório com antecedência, para que este envie as pós-larvas com a mesma salinidade; • Visitar o laboratório no ato da compra para acompanhar o Teste do Estresse, o qual deve ser feito da seguinte forma:

EXEMPLO: • Leitura da alcalinidade: 160mg/Litro de CaCO3; • Cálculo da aplicação do sulfato de cobre: 160 : 100 = 1.6gr/metro cúbico; • 1.6 gr x 30.000 metros cúbicos = 48.000gr; • 48.000gr : 1000 = 48Kg de Sulfato de Cobre.

§ Retirar 100 pós-larvas do tanque do laboratório e colocar diretamente na água doce resfriada para 180C e esperar por 30 minutos corridos; § Retirar as pós-larvas da água doce e colocar diretamente na água salgada resfriada a 180C e esperar por mais 30 minutos; § Contar as pós-larvas mortas. Se as pós-larvas estiverem com boa qualidade, a mortalidade não deverá ser Revista ABCC | 63

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superior a 15 pós-larvas das 100 que foram inicialmente submetidos ao Teste de Estresse; § Não comprar pós-larvas com mortalidade acima de 15 animais no Teste de Estresse. • Evitar manusear exageradamente as pós-larvas durante o povoamento; • Equilibrar a temperatura da água do berçário ou viveiro com a água de transporte das pós-larvas colocando os sacos dentro do berçário, ou do viveiro, e esperar por meia hora. No caso de caixa de transporte, ir colocando água do berçário, ou do viveiro, dentro da caixa vagarosamente até que a temperatura esteja equilibrada. • Soltar as pós-larvas com cuidado no Tanque Berçário, ou no ponto mais fundo do viveiro; 9. USO DE BERÇÁRIOS INTENSIVOS E RACEWAYS O uso de berçários intensivos, e raceways, em áreas com a presença da Enfermidade da Mancha Branca é recomendado pelas seguintes razões: 9.1 É uma excelente oportunidade para fazer a aclimatação das pós-larvas de forma mais segura baixando a salinidade em 1‰/dia, procedimento indispensável para quem trabalha com água oligohalinas. Nesta circunstancia as pós-larvas poderão ser compradas com salinidade de 10‰ o que certamente é mais seguro do que transportar pós-larvas em salinidade muito baixa. 9.2 Manter as pós-larvas no berçário, e posteriormente nos raceways, proporciona o povoamento do viveiro de engorda com pós-larvas mais desenvolvidas e mais resistentes às enfermidades; 9.3 Ajuda a diminuir o ciclo de cultivo. Em 40 a 60 dias no viveiro de engorda é possível produzir camarão com peso médio de 7 a 8 gramas, se considerado um crescimento de 0,8 a 1 grama por semana; 9.4 É nos berçários onde existe a possibilidade de fazer um tratamento térmico nas pós-larvas. Neste caso é necessário a construção de estufa cobrindo os berçários para manter a temperatura em aproximadamente 320C por 7 dias consecutivos. Isso ajuda a desativar o vírus da Enfermidade da Mancha Branca nas pós-larvas antes da transferência para o viveiro de engorda; 9.5 Proporciona um melhor aproveitamento da alimentação ofertada.

PARÂMETRO

SALINIDADE (Baixar)

SALINIDADE (Elevar)

FAIXA

PROCEDIMENTO

35 para 15‰

1‰ a cada 20 minutos

15 para 10‰

1‰ a cada 1 hora

10 para 6‰

1‰ a cada 3 horas

6 para 3‰

1‰ a cada 4 horas

3 a 0‰

1‰ a cada 6 horas

30 para 40‰

1‰ a cada 15 minutos

40 para 50‰

1‰ a cada hora 0,5 unidades por hora

pH AUMENTAR A TEMPERATURA

-

1°c a cada 30 minutos

BAIXAR TEMPERATURA

-

1°c a cada 15 minutos

IMPORTANTE: Para produtores que não possuam Tanques Berçários nem Raceways em suas instalações produtivas, a aclimatação poderá ser realizada com uso da tabela abaixo recomendada, a saber: Neste caso seria muito importante que o produtor fizesse contacto antecipado com o laboratório fornecedor das suas pós-larvas para que este envie as mesmas com a menor salinidade possível. Isto impedirá manuseio prolongado na fazenda na hora do recebimento destas. 10. CONTROLE DOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS PARA ÁREAS AFETADAS PELA MANCHA BRANCA: 10.1 Temperatura: Deverá estar sempre superior a 280C. Povoar um viveiro com temperatura abaixo de 280C poderá resultar em surto da Enfermidade da Mancha Branca. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Viveiros rasos têm a tendência de fazer a água ficar muito fria durante a noite, e muito quente durante o dia, o que prejudica a saúde do camarão. Neste caso, viveiros mais profundos são recomendados para que a temperatura se mantenha estabilizada durante o período noturno; 10.2 Oxigênio dissolvido: Deverá estar sempre acima de 4mg/ Litro nas primeiras horas da manhã. Trabalhar com oxigênio sempre baixo resultará na manifestação da Enfermidade da Mancha Branca em áreas nas quais a doença esteja presente. Caso o oxigênio dissolvido, ao amanhecer do dia, esteja abaixo de 4mg/Litro, os aeradores deverão ser instalados e acionados no viveiro para equilibrar o oxigênio;

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OBSERVAÇÃO: Recomenda-se que para cada 1.000kg de biomassa de camarão estocado no viveiro seja usado um aerador de 2HP. O número de aeradores deve ser aumentado no caso de não se conseguir manter o oxigênio dissolvido no nível mínimo desejado de 4mg/Litro nas primeiras horas da manhã; 10.3 pH da água: a melhor situação é que não oscile mais que 0,5 por dia entre os horários da manhã e final da tarde. Caso a oscilação do pH da água esteja acima de 0,5 por dia, a recomendação é que seja aplicado imediatamente calcário na água na razão de 150 a 200Kg por hectare, duas vezes na semana para o aumento da alcalinidade e a estabilização do pH. O bicarbonato de Sódio é também excelente para a elevação da alcalinidade. 10.4 Alcalinidade: Deverá estar sempre acima de 80mg/litro. Alcalinidade baixa estressará o camarão, diminuirá o crescimento e a sobrevivência, e poderá fazer surgir a Doença da Mancha Branca ou outras viroses. 10.5 Renovação da água: Renovar o mínimo possível, pois a água nova, especialmente sem tratamento químico, implicará sempre no risco de introduzir zooplâncton/ vetor do vírus da Enfermidade da Mancha Branca dentro do viveiro, os quais poderão contaminar os camarões. Caso seja necessário, somente colocar água tratada ou no mínimo filtrada em 250 micras para recompor o nível de água do viveiro de engorda nas seguintes ocasiões: • Nível perdido por evaporação, ou; • Nível perdido por infiltração, ou;

10.7 Biometrias: Sempre desinfetar a tarrafa quando da troca de viveiro. A desinfecção será em solução de formol, ou iodo, a 100ppt (100 ml para 1 litro). No caso da falta destes produtos, pode-se colocar a tarrafa dentro de um balde com detergente. 10.8 Probióticos: Usar probióticos de forma sistemática na água, no solo e na ração. Consultar o fornecedor sobre metodologia de aplicação. Somente com o uso sistemático de probiótico é que o produtor terá condições de fazer todo o ciclo de cultivo com renovação mínima da água; 10.9 Alimentação: Usar a ração adequada para a idade do camarão e a salinidade em que se está trabalhando. Nunca triturar a ração destinada para engorda nos estágios iniciais do cultivo. Evitar sobras, mas não deixar de alimentar adequadamente os camarões. Camarões famintos se estressam, o que pode ser a causa da manifestação da Doença da Mancha Branca, ou outras doenças virais. 11. RECIRCULAÇÃO DA ÁGUA A adoção do processo de recirculação é de suma importância quando se trata de implantação de programa de biossegurança, pois é uma ferramenta importantíssima no caso da presença de fortes chuvas ou acidentes ecológicos. Captar água do ambiente natural nestes períodos é perigoso para o cultivo do camarão pelo fato de existir a possibilidade da presença de muitos sólidos em suspensão e de pesticidas no ambiente natural carreado pelas chuvas.

• Para diminuir a salinidade, caso esteja acima de 50‰. 10.6 OUTROS PARAMÊTROS IMPORTANTES: PARÂMETRO

NIVEL DESEJADO

Amônia – NH3

< 0,4 mg/Litro

Nitrito

< 0,01 mg/Litro

Nitrato Gás Sulfuroso

Transparência

< 10mg/Litro < 0,001 mg/Litro

Entre 30 e 45 cm

MEDIDA A SER TOMADA

Suspender alimentação por um dia. Ligar aeradores. Aplicar melaço na razão de 8 litros por hectare. Suspender fertilização. Revisar alimentação. Suspender alimentação por um dia. Ligar aeradores. Suspender fertilização. Revisar alimentação. Se tiver abaixo de 30 cm, suspender alimentação. Suspender fertilização. Fazer renovação de superfície durante o dia. Esperar recuperar a transparência para o nível desejado. Se tiver acima de 45 cm fazer fertilização com uso de Nitrato, Superfosfato Triplo e Silicato na razão de 30kg de Nitrato de Sódio, 3kg de SFT e 8kg de Silicato por hectare. Esperar desenvolvimento do plâncton para a transparência desejada.

12. USO DE ÁGUA DE POÇO O produtor que utiliza água de poço em condições ideais para o cultivo do camarão será privilegiado pelo fato deste manancial dispensar filtração e tratamento químico para eliminação de vetores de enfermidades. A água de poço necessita apenas de correção do balanço iônico e da alcalinidade quando se fizerem necessários. No entanto, deve-se ter cuidado com a presença de ferro na água de poço porque poderá ser um problema pela possibilidade do efeito cumulativo no solo e na água, podendo levar a acidificação do solo e a consequente queda da produtividade do alimento natural.

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• Mês de agosto – povoamento dos viveiros de engorda com pós-larvas maiores oriundas dos berçários, e/ou dos raceways, com adoção dos Procedimentos das Boas Práticas de Manejo e Medidas de Biossegurança. • Agosto a abril – Realização de engorda com utilização dos Procedimentos de Boas Práticas de Manejo e Medidas de Biossegurança recomendados neste documento.

É bom lembrar que a diminuição dos ciclos de cultivo para 60 /70 dias, possibilitará a realização de até 3 ciclos de cultivo com produção de camarões pequenos (8-10gr) nos 9 meses de operação da fazenda. IMPORTANTE: Os produtores que não desejarem iniciar o vazio sanitário, acima sugerido, poderão realizar os cultivos nos períodos críticos com a adoção dos seguintes recomendações: • Utilizar pós-larvas oriundas de tratamento térmico em tanques berçários para a desativação da Enfermidade da Mancha Branca e melhorar a estratégia de povoamento com a utilização de pós-larvas maiores e mais resistentes; • Respeitar a capacidade de suporte dos viveiros para não sobrecarregar o ecossistema durante o período de chuvas; 13. PROGRAMAÇÃO DOS CICLOS DE CULTIVO A presença da Enfermidade da Mancha Branca é potencializada por fatores adversos tais como: temperaturas inferiores a 28ºC; presença de chuvas torrenciais; presença de pesticidas na água de cultivo advindo de abastecimentos com água contaminada durante as chuvas; e desequilíbrio nos parâmetros físico-químico da água resultante de manejos inadequados. Tendo em vista os efeitos adversos provocados pelas chuvas e pelas baixas temperaturas, utilizando o estado do Rio Grande do Norte como exemplo, recomenda-se que os produtores evitem conduzir cultivos ou então dispensem uma atenção redobrada nos meses de maio, junho e julho. Durante o período de secado os produtores poderão adotar o planejamento sugestivo a seguir: • Mês de maio: iniciar vazio sanitário das fazendas e decretar férias coletivas para todos os funcionários; • Mês de Junho: retorno dos funcionários. Neste período os produtores poderão fazer a limpeza da fazenda, recomposição dos taludes e edificações, desinfecção dos viveiros e o planejamento para reinicialização dos cultivos; • Mês de Julho: povoamento dos berçários e, posteriormente, dos raceways. Recomenda-se cultivo nos berçários com estufa para tratamento térmico das pós-larvas e inativação do vírus da Doença da Mancha Branca;

• Recircular a água da fazenda com vistas a impedir que água contaminada por pesticidas, e excesso de sólidos suspensos, sejam introduzidos no sistema produtivo; • Redobrar a atenção com relação aos Procedimentos de Boas Práticas de Manejo e Medidas de Biossegurança. 14. OUTROS CONTROLES IMPORTANTES: • Cada viveiro deverá ter seus próprios apetrechos (caiaques, remos, tábuas, telas, bandejas, vassourões, aeradores, etc.) os quais nunca deverão ser usados em outro viveiro, a não ser que sejam previamente desinfetados; • A presença de animais domésticos na fazenda (gatos, patos, cachorros, gado, etc.) poderá prejudicar a biossegurança por se apresentarem como potenciais transmissores de enfermidades. Animais de grande porte poderão destruir as defensas e suas fezes poderão aumentar o índice de coliformes fecais nos camarões despescados. • Os funcionários da fazenda deverão estar sempre higienizados e não devem entrar na água do viveiro sem antes fazer uma desinfecção das pernas (ou botas) e dos braços e mãos. Pode ser com água em abundancia e sabão; • Nunca usar alimento fresco nos viveiros. Eles podem estar contaminados com a Doença da Mancha Branca;

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• Sempre que possível usar sistema de canaletas para abastecer os viveiros. É mais seguro e mais fácil de desinfetar que o popular canal de abastecimento; • Após o processo de abastecimento dos viveiros, é recomendado que a canaleta seja esvaziada e que fique exposta ao sol para desinfecção natural. Cobrir a canaleta de abastecimento para impedir o acesso de animais é um excelente procedimento de biossegurança; • Evitar que pessoas estranhas entrem nos seus viveiros. Elas também podem estar infectadas ao terem passado por outra fazenda contaminada; • Nunca descartar pós-larvas nem camarões contaminados no ambiente natural. Isso aumentará a prevalência do vírus no ambiente e poderá prejudicar outros produtores, e ao próprio produtor que descarta, quando precisar bombear água para os viveiros; • Sempre que for fazer despesca, avisar aos vizinhos para que não captem água neste dia; • Descartar camarões, e outros animais oriundos de mortalidades por enfermidades, em vala escavada fora da área de produção;

• Nunca tomar decisões sobre assunto que desconheça. Consultar sempre um profissional especializado. 15. MONITORAMENTO DE ENFERMIDADES NA FAZENDA Analisar os camarões duas vezes por semana nos viveiros de sua fazenda é a recomendação a ser seguida. A diminuição do consumo de ração fora dos períodos de mudas e de rodadas é sinal da manifestação da Enfermidade da Mancha Branca. Após a diminuição do consumo, a doença começará a matar os camarões em apenas 3 dias. Camarões com a Enfermidade da Mancha Branca apresentam coloração cor de rosa, intestino vazio e a carapaça se desprende facilmente. Pontos brancos podem ser observados na carapaça, mas pode não ser possível a visualização. 16. DESPESCA Em locais onde a Enfermidade da Mancha Branca esteja presente, assim que o camarão atingir gramatura que possibilite a comercialização com rentabilidade, recomenda-se fazer a despesca imediatamente. Não esperar que o camarão cresça mais porque estará correndo risco da manifestação da Enfermidade da Mancha Branca no viveiro. Diminuir os dias de cultivo sempre que for possível, ajuda a melhorar o controle sobre a doença.

BIOMAR AQUICULTURA

Excelência na produção e no manejo ambiental

D

estaque na produção de Litopenaeus vannamei, a Biomar Aquicultura é uma das principais empresas do Brasil quando o assunto é pós-larva de camarão marinho. Posição comprovada a partir dos resultados obtidos pelos clientes, que contam com assistência técnica personalizada, garantindo a qualidade do camarão produzido. (VVH WUDEDOKR Vy p SRVVtYHO JUDoDV j HTXLSH FRPSRVWD SRU SURÀVVLRQDLV DOWDPHQWH TXDOLÀFDGRV FRP H[SHULrQFLD QDFLRQDO H LQWHUQDFLRQDO $ Biomar Aquicultura oferece sempre novos caminhos ao desenvolvimento da carcinicultura, aliando sua produção a um Programa de Monitoramento Ambiental, que adota padrões internacionais de manejo no gerenciamento racional da área utilizada e de seus recursos naturais.

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INFORME PUBLICITÁRIO

2014 de muitas batalhas

O

ano está apenas começando, mas a ANCC - Associação Norte-Riograndense

de Criadores de Camarão - tem muitas batalhas pela frente para defender os produtores do Rio Grande do Norte. Muitas lutas foram iniciadas no último ano e elas não tem prazo para encerrar. Construir um setor produtivo forte e unido é a nossa principal meta. Apenas assim conseguiremos sucesso nos diversos pleitos pelo qual estamos lutando. “Temos uma série de atividades para concretizar. Algumas para dar andamento e outras apenas iniciando. Fortalecer a categoria é o ponto chave para os objetivos da associação sejam cumpridos e o apoio Solon Beltrão – Presidente da ANCC de todos é fundamental”, afi rma Solon Beltrão, que assumiu a presidência da ANCC após a saída de Orígenes Monte. A inclusão da Carcinicultura como atividade agrossilvipastoril é apenas uma delas. A ANCC junto com a ABCC – Associação Brasileira dos Criadores de Camarão - estão promovendo ação judicial declaratória para que o IBAMA e IDEMA reconheçam nossa atividade como Agrossilvipastoril. A nossa batalha judicial continua mesmo com a resistência enfrentada junto aos mais diversos órgãos. O escritório de advocacia Silveira & Dias é o responsável em defender os interesses dos carcinicultores. O que não perderá força é a nossa constante atenção e envolvimento para impedir a importação do camarão argentino, rico apenas em doenças que ainda não existem em nossa produção. Em diversos momentos saímos vitoriosos nessa questão e até hoje a produção do camarão brasileiro está livre de sofrer a interferência sanitária negativa do pescado importado. Vamos intensificar nossos esforços para impedir que a Argentina seja apenas uma ponte para a chegada no Brasil do camarão asiático. Nossa parceria com a ABCC também é motivo de orgulho e rende frutos importantes para o nosso setor. Diversos cursos ministrados pela ABCC são oferecidos aos produtores e a implementação tecnológica na produção tem sempre o nosso acompanhamento. Os carcinicultores tem portas abertas em nossa casa para que juntos possamos encontrar sempre os melhores caminhos. “Em 2014 o nosso objetivo é aumentar a produção, fomentar o emprego e a renda do trabalhador rural, incrementar o processo tecnológico no cultivo e fazer com que o produtor e o trabalhador possam crescer e se atualizar junto ao mercado”, completa Solon Beltrão. A ANCC também está com novo endereço. A sede agora funciona na Rua Valdir Targino, 3625 - Candelária. Natal - RN - CEP: 59.064-670. E atende pelos telefones: (084) 3231-6291/3231-9786 ou via E-mail: anccrn@gmail.com

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AGENDA DE EVENTOS

SEAFOOD EXPO NORTH AMERICA (ANTIGO BOSTON SEAFOOD SHOW) MARÇO 16-18 BOSTON, EUA www.seafoodexpo.com/north-america SEAFOOD EXPO GLOBAL (ANTIGO EUROPEAN SEAFOOD EXHIBITION)

MAIO 6-8 BRUXELAS, BÉLGICA www.seafoodexpo.com/global WORLD AQUACULTURE 2014 JUNHO 07-11 ADELAIDE, AUSTRÁLIA www.was.org SEAFOOD EXPO ASIA SEPTEMBER 2-4 KONG KONG, CHINA www.asianseafoodexpo.com SEAFOOD EXPO SOUTHERN EUROPE SETEMBRO 22-24 BARCELONA, ESPANHA www.seafoodexpo.com CONXEMAR OUTUBRO 7-9 VIGO, ESPANHA www.conxemar.com FENACAM’14 NOVEMBRO 10-13 CENTRO DE EVENTOS DO CEARÁ FORTALEZA, CEARÁ www.fenacam.com.br VI FESTIVAL INTERNACIONAL DO CAMARÃO DA COSTA NEGRA NOVEMBRO 14-16 CENTRO DE EVENTOS DO CEARÁ FORTALEZA, CEARÁ accnacarau@gmail.com

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CPR

Contribuição Permanente da Ração - CPR Itamar de Paiva Rocha Presidente da ABCC

A

contribuição fi nanceira dos produtores de camarão, sobre a compra de ração, foi aprovada por unanimidade pela Assembleia Geral da ABCC, no dia 03 de Agosto de 2010, sendo correspondente a 2 centavos por kg (R$ 20,00/tonelada) de ração comprada pelo produtor, cujo valor arrecadado, é dividido em partes iguais (50%) entre a ABCC e a respectiva Associação Estadual. Com essa contribuição, os produtores passam automaticamente a condição de sócios efetivos da ABCC e de sua Representante Estadual, sem precisar fazer pagamentos associativos adicionais. Com o compartilhamento dos recursos advindos da CPR, ficou estabelecido que as Associações Estaduais ficam encarregadas da defesa dos interesses setoriais e custeio das demandas nos respectivos Estados, cabendo a ABCC, a elaboração e encaminhamento dos pleitos do setor carcinicultor, na esfera federal, notadamente no Congresso Nacional e Ministérios em Brasília, incluindo ainda a defesa dos interesses de toda a cadeia produtiva, no tocante a manutenção da proibição das importações de camarão, a promoção do camarão cultivado no mercado interno e externo, a capacitação técnica de toda a cadeia produtiva e, a realização dos eventos FENACAM. A Arrecadação da CPR – Contribuição dos produtores de camarão marinho cultivado, sobre a compra de ração balanceada no período de Janeiro a Novembro de 2013, correspondeu a um valor total de R$ 1.194.664,41 (Hum milhão, cento e noventa e quatro mil reais e quarenta e um centavos), dos quais, 50% ficaram com a ABCC e 50% com as respectivas Associações Estaduais. Um dado que merece destaque é o fato de que a ACCC (CE), pela sua organização e comprometimento com o fortalecimento da CPR, contribuiu com 66% do total arrecadado pela ABCC, numa prova de que as demais associações precisam exercer um maior controle sobre a CPR arrecadada pelos fabricantes de ração, demonstrando que essa contribuição foi uma importante decisão, aprovada de forma unânime e responsável pela Assembleia Geral da ABCC, convocada para este fim, evitando que os vendedores de ração apresentem a opção com ou sem os 2 centavos/kg da CPR. Valores Arrecadados por Associação

Meses

Total Geral (R$) ABCC

ANCC

ACCC

ACP-PB

SINDEPIPCAP

Demais Estados

Jan-13

R$ 89.116,10

R$ 44.558,05

R$ 12.879,20

R$ 24.810,60

R$ 1.353,84

R$ 2.410,20

R$ 3.104,21

Feb-13

R$ 116.311,88

R$ 58.155,94

R$ 8.552,58

R$ 44.043,34

R$ 1.243,04

R$ 1.310,90

R$ 3.006,08

Mar-13

R$ 86.876,00

R$ 43.438,00

R$ 9.040,59

R$ 27.875,20

R$ 706,74

R$ 2.213,25

R$ 3.602,22

Apr-13

R$ 119.284,98

R$ 59.642,49

R$ 11.518,57

R$ 42.240,87

R$ 704,02

R$ 1.597,00

R$ 3.582,03

May-13

R$ 104.726,00

R$ 52.363,00

R$ 11.391,59

R$ 35.113,20

R$ 998,96

R$ 2.154,00

R$ 2.705,25

Jun-13

R$ 67.443,80

R$ 33.721,90

R$ 12.174,24

R$ 17.710,40

R$ 745,72

R$ 1.824,00

R$ 1.267,54

Jul-13

R$ 146.065,73

R$ 73.032,87

R$ 19.372,33

R$ 47.949,74

R$ 941,47

R$ 1.508,00

R$ 3.261,32

Aug-13

R$ 88.596,38

R$ 44.298,19

R$ 15.097,51

R$ 23.911,40

R$ 895,60

R$ 1.786,00

R$ 2.607,68

Sep-13

R$ 141.887,15

R$ 70.943,58

R$ 13.205,51

R$ 51.828,80

R$ 661,00

R$ 2.310,40

R$ 2.937,86

Oct-13

R$ 113.196,88

R$ 56.598,44

R$ 11.274,58

R$ 38.602,16

R$ 1.139,20

R$ 2.170,50

R$ 3.412,00

Nov-13

R$ 121.159,51

R$ 60.579,76

R$ 13.888,09

R$ 40.135,50

R$ 392,00

R$ 2.040,00

R$ 4.124,16

R$ 1.194.664,41

R$ 597.332,21

R$ 138.394,79

R$ 394.221,21

R$ 9.781,59

R$ 21.324,25

R$ 33.610,35

Dec-13 Total (R$)

Não há dúvidas de que a CPR é a formula mais justa e eficiente para o financiamento das representações de classe dos produtores, onde cada associado contribui de acordo com seu porte e desempenho produtivo, por isso, aqueles que combatem ou se recusam em colaborar com esse sistema de arrecadação, prestam um desserviço ao setor carcinicultor e esquecem os benefícios: proibição das importações, energia elétrica, isenção de ICMS, Novo Código Florestal, Capacitação dos Produtores em BPM’s e Biossegurança, etc, que graças aos referidos recursos, a ABCC conseguiu viabilizar para todos os produtores.

Revista ABCC | 71

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ESTATĂ?STICAS ABCC

Fonte : Aliceweb , Janeiro, 2014

Fonte : Aliceweb , Janeiro, 2014

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Fonte : Aliceweb , Janeiro, 2014

Fonte : Aliceweb , Janeiro, 2014

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Fonte : Aliceweb , Janeiro, 2014

Fonte : Aliceweb , Janeiro, 2014

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Fonte : Aliceweb , Janeiro, 2014

Fonte : Aliceweb , Janeiro, 2014

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Fonte : Aliceweb , Janeiro, 2014

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