um segundo banho para Heráclito

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um segundo banho para Herรกclito

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Através de uma janela ampla, abrangente, panorâmica. O extremo da abrangência é todo o perímetro, 360°. O espectador está imerso no eixo dos acontecimentos. Tudo vê. Um segundo banho para Heráclito acontece na fração mínima que vai além do círculo completo. No momento em que o círculo torna-se ciclo, neste átimo, no retorno ao ponto de partida, ultrapassando a extensão de 360° do horizonte panóptico, a paisagem é o desejo de tornar-se. Devir. Na espiral planificada do tempo coexistem dois instantes simultâneos e distintos, antes e depois, Deus ex-machina.




o mesmo homem não pode atravessar o mesmo rio, porque o homem de ontem não é o mesmo homem, nem o rio de ontem é o mesmo de hoje.

Heráclito de Éfeso



Devir é um conceito filosófico que qualifica a mudança constante, a perenidade de algo ou alguém. Surgiu primeiro em Heráclito e em seus seguidores; o devir é exemplificado pelas águas de um rio, «que continua o mesmo, a despeito de suas águas continuamente mudarem.» Devir é o desejo de tornar-se. Recebe também a acepção Nietzcheriana do «torna-te quem tu és»

Segundo Foucault a visibilidade é uma armadilha. Não pretendo aprisionar Heráclito com a panóptica. Ao contrário, que sua filosofia seja poesia.








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pan贸pticas














www.grisolli.net mgrisolli@gmail.com 55 21 7861.4223

uma versão digital de um segundo banho para Heraclito fez corpo na contribuição do Canal Contemporâneo ao segundo tópico ("What's bare life?") do projeto documenta 12 magazines, em Kassel - 2006


MARIO GRISOLLI




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