Número 88 - 01 de abril de 2022
O Reencontro
A Emoção mariomarinho@uol.com.br
Emoção concreta Mário Marinho Nossos Encontros começaram em 2006, numa churrascaria na Granja Vianna. Na verdade, tudo começou em outubro de 2005, quando eu participei do Corpo de Jurados para o Prêmio Esso daquele ano. Após um dia de exaustivos trabalhos, o Bill Duncan, que já morava no Rio, me convidou para um chope amigo e um papo ainda mais num barzinho em Ipanema. Convite irrecusável. Lá pelas tantas, o Bill me disse: - Mario Lucio (era assim que ele me chamava) no ano que vem o JT vai completar 40 anos. Que tal fazer alguma coisa para comemorar? Ideia aceita com entusiasmo, passamos ao planejamento. A data de aniversário do JT era no dia 4 de janeiro, que caía numa quarta-feira. Decidimos por um churrasco no sábado seguinte, dia 7. Coube a mim fazer os contatos e encontrar o local adequado e fazer os convites. À época, a nossa turma se encontrava em diáspora: cada um num veículo diferente ou diferentes cantos do mundo. Não havia whatsapp. Consegui reunir um bom número de amigos. O Encontro foi carregado de emoção, surpresas e muita alegria pelo reencontro de pessoas que, algumas, não se viam há algumas décadas. Ao final de uma tarde magnífica, as despedidas afetuosas sempre seguidas de uma frase: precisamos nos encontrar mais! Mas, o novo encontro foi sendo
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postergado. Pouco tempo depois, o Bill foi apanhado por um galopante câncer que o levou no começo de 2009. Lembro-me que fomos à Missa de Sétimo Dia do Bill, lá no Rio, eu, o Zé Márcio e o Kleber. Pegamos um Cometa aqui em São Paulo pela manhã, à tarde estávamos na Igreja. Terminada a Missa, o filho do Bill, Zé Vicente, fez questão e nos levar em um bar para, junto com a família, comemorar. - Meu pai ia ficar muito puto se soubesse que Vocês vieram até aqui e eu não os levei para um chopinho. Do bar direto para a rodoviária e à noite inteira sacolejando num Cometão. Um mês depois, consegui reunir uma turma para Missa de Trigésimo Dia aqui em São Paulo, na Capela do Colégio São Luiz, onde os filhos do Bill estudaram. Naquele dia, decidi que precisávamos retomar aquele Encontro. Marquei para o mês de novembro na churrascaria Ponteio, no bairro do Jaguaré, Zona Oeste. Compareceu uma centena de amigos ávidos de abraços. Para evitar constrangimentos, providenciei crachás para todo mundo. Contei com a inestimável colaboração de minha caríssima metade, a Vera (ou Sofia, como a chamo) e de minha filha, a Verênia. Daí para frente, não parámos mais. Naquele Encontro, as pessoas,
2006 - Gina e Kleber de Almeida, Mário Marinho, Bill Duncan, Teresinha e Ivan Angelo
muitas delas, só conseguiam se identificar depois de ver o crachá. E aí eram abraços afetuosos e barulhentos, sempre seguidos de observações tipo: Você tá gordo! Você tá careca! E Dá-lhe abraços. As mulheres, claro, ficaram livres dessas insolências, mas, não dos abraços. Como bom observador, notei que nossos Encontros, que provocam emoções, se tornaram, a cada dia, mais alegres pelo reencontro. Pelos casos do JT que são contados e recontados sempre provocando boas gargalhadas. Mas, este de 20022, do meu ponto de vista, o que prevaleceu foi a emoção. Foi muita emoção. Os dois anos sem o Encontro que já fazia parte do nosso calendário emocional, a pandemia que nos levou amigos e conhecidos, além de virar o mundo de cabeça para baixo, as crises política,
econômica, social a cruel e sangrenta guerra que parece acontecer no nosso quintal, a despedida de amigos que insistem em partir com dolorosa frequência, tudo isso somado, fez que tivéssemos um Encontro onde a Emoção estava no ar, era palpável, concreta. Aliás, concretizada na foto bonita da capa desse nosso JT Sempre, cena captada pela sensibilidade e agilidade jornalística do Luiz Veludo. A homenagem, justíssima, ao Ivan Angelo, a bela saudação feita pela Marli Gonçalves e seu belo texto. O agradecimento do Ivan. Eu, ali na cerimônia ao seu lado, não sabia se estava ouvindo sua voz ou lendo uma de suas belas crônicas. É meus amigos, foi uma tarde e tanto. Obrigado a todos Vocês que fizeram o Jornal da Tarde.
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Ivan, a Homenagem. Marli Gonçalves
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Amigas, amigos, jornalistas incríveis, meus companheiros de tempos inesquecíveis no jornal da tarde. JT Sempre. Ivan. Esse nosso sempre tão esperado encontro, que se repete – acreditem como o tempo passa lépido - desde 2009 – e talvez poucos tenham se dado conta que já há 13 anos nos juntamos para celebrar essa amizade, o jornalismo, atualizar nossos passos. Tudo começou mesmo lá em 2006 com a comemoração dos 40 anos do JT quando um grupo organizou um almoço na Granja Vianna. A ideia depois foi crescendo, e se transformou nessa nossa tão esperada data anual. Ficamos dois anos separados, mas cá estamos. E agora também com esse grupo bem animado no Whatsapp, que vocês já sabem. Mas nada como o encontro pessoal. E o bom deste ano é que temos aqui conosco nossas comadres distantes, a Bia, a Milai. E aqui estou eu, com vocês, E muito orgulhosa por ter sido escolhida como porta-voz dessa homenagem merecida e maravilhosa ao nosso Ivan Ângelo, o belo homem dos cabelos de neve, da fala gentil, do olhar atento, com quem tivemos a honra de trabalhar e sermos dirigidos no jornal da tarde. Me escolheram como representante da “ala feminina”, mas creio mesmo que represento a todos nessa unanimidade de admiração ao Ivan.
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A tudo que representou e representa. Ao grande e amável companheiro da redação - de lá do fundão, de sua super mesa, sempre tinha um sorriso para nós todos. Ivan prima pelo conhecimento do universo humano. Feminino, masculino, que com ele não há distinção, preconceito, seus escritos são da vida e sempre atuais. Não lembro nunca de vê-lo alterado, levantando a voz com quem quer que seja. Sequer conheci quem dele não goste. Da minha memória de convivência, pouco tempo perto de tantos de vocês, só lembro de sua dedicação, e do impulso, confiança e crédito que dava a nós, especialmente, na época, os ainda jovens repórteres. Ele sempre acreditou nas pessoas. Já falou sobre isso ao dissertar sobre suas premiadas obras: “Basicamente me preocupo com pessoas” E nos levou a esse caminho, no jornal. Focávamos nas pessoas, suas vidas, angústias, histórias. Nos incentivou sempre ao mesmo amor que ele tem pelas palavras, em nossas matérias. As palavras que tão bem usa em suas crônicas deliciosas... Para Ivan, a boa crônica é a que é feita como se fosse escrita só para esse leitor. Ou seja, como ele mesmo explica, onde há uma relação pessoal entre emissor e receptor. Ivan: acredito nisso fielmente em cada texto que escrevo. O outro está lá do outro lado me
Ivan recebe da Marli a lembrança “JT Mais”
sua literatura espalhada por aqui e pelo mundo. Nessa vida, além do bom jornalismo, das crônicas saborosas, produziu contos, romances, livros infantis, traduções, roteiros para televisão, críticas de cinema, resenhas de livros, ensaios sobre costumes e muito mais. Continua! A última obra foi Sex Shop, que ainda não li, mas não perde por esperar. A minha leitura e, claro, você, aquele prêmio que sempre vem. Por enquanto, Ivan, amigo, fique aqui com essa nossa homenagem, nosso carinho. Nossa lembrança amorosa.
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“ouvindo”. E esse agora é para você. Que me ouve. Que nos ouve. Muita sorte a nossa. Ter a chefia desse mineiro adorável, brilhante e premiado escritor. Homem sensível. Como jornalista e chefe: coordenador de uma equipe de grandes talentos e grandes egos, aguerrida e voluntariosa, nos melhores anos da vida de um jornal que fez história no jornalismo brasileiro. Ivan, premiado sempre, já desde seu comecinho ainda lá em Belzonte... Depois, Jabuti, com “A Festa”; outro Prêmio Jabuti com “Amor ?” Alguns anos depois. E APCA, e muitos outros, com a
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Abraços guardados Ivan Angelo Emergimos desses dois anos de pandemia, de abraços guardados, de vozes abafadas pelas máscaras, de encontros adiados, de conversas digitadas, de toques reprimidos, diretamente para as emoções do reencontro, em um almoço memorável. Foi com o coração sambando que nós, encanecidos, abraçamos aqueles jovens que fomos, aqueles lépidos e talentosos repórteres, cópis, editores, fotógrafos que fizemos um dia o melhor jornal do país. Estávamos precisados de carinho. E tivemos o que buscávamos. Quis a gentileza e a generosidade dos colegas de tantos anos que eu fosse homenageado nesse almoço do reencontro. Não tenho por certo mais méritos do que todos, pois jornal é trabalho de todos, e bom jornal é doação de cada um. Retribuo a homenagem, estendendo-a a todos. Cheguei de Minas Gerais faz pouco mais de 55 anos, atraído por um projeto de jornal que estava sendo ensaiado no quinto andar da Rua Major Quedinho, 28,
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sede do Estadão: Jornal da Tarde. Atração: chefiado por dois puta jornalistas, Mino Carta e Murilo Felisberto. Atração a mais: queriam algo novo. Outra: liberdade de criação. Mais uma atração: pagavam bem. Eu ensaiava paralelamente uma carreira literária; já havia publicado um livro de contos em Belo Horizonte, premiado; começava um romance. Mas aquele jornal que aprendemos todos a fazer enquanto se fazia preencheu tanto as minhas necessidades estéticas, de trabalhar com as linguagens da época, de buscar um jeito novo e assuntos novos para apresentar a cidade e o país ao leitor, que por mais de dez anos não senti necessidade de voltar à literatura. O que se sentia na redação, na atuação de todos, por anos e anos, era quase um combinado: vamos fazer uma coisa bacana? Fizemos. O nosso Jornal da Tarde foi uma coisa extraordinária, das coisas extraordinárias que se faziam naqueles anos 60, 70, 80...
Ivan Angelo foi homenageado com o título “JT mais” por seu trabalho, sua criatividade, sua liderança e sua amizade de tantos anos e tantos corações ao longo da extraordiária vida do JT. A lembrança (ao lado) foi entregue pela Marli Gonçalves. Em seu discurso de agradecimento, Ivan disse que o JT - que ele chamou de obra de arte diária - durante muitos anos satisfez sua vontade e seu ímpeto de escritor. Foi a primeira vez que o Encontro anual do JT fez uma homenagem desse tipo. Foi muito emocionante.
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As fotos que se seguem são de Reginaldo Manente e Luiz Veludo
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Foto: Luiz Carlos Ramos
Cenas explícitas de muita emoção
Quem chegava era saudado pelo casal Vera e Mário Marinho e já se emocionava com pôster oficial do Encontro
Emoção que aumentava na medida em que a Espírito de Minas, cachaça oficial do Encontro, era consumida (presente de todos os anos do Gilberto Mansur)
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Acima: o pessoal se espalha pelo salão. Abaixo, Mariana Battaglia, Milai de Almeida e Vital Battaglia
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Acima: Guido Fre, Mauro Marcelo, Gilberto Mansur e Luiz Henrique Fruet
Abaixo: Evelyn Schulke, Lucita Briza, Kassia Caldeira, Cláudia Bozzo, Sílvia Toricachvli e Valéria Wally.
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Lena e Sérgio Rondino
Reginaldo Manente e Mário Lima
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Sandra Abdalla e César Giobbi
Neusa Manente
Ivan Angelo
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Ailton Fernandes, Luiz Carlos Ramos Tim Teixeira, Guido Fré
Armando Salem, Miguel Jorge
Tereza Montero, Teresa Ribeiro
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Armando Salem, Miguel Jorge
Gabriel Manzano, Luiz Carlos Secco, Evelyn Schulke
Vera Marinho, Pedro Autran, Tim Teixeira, Mário Marinho
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Evelyn, Lucita, Kássia, Cláudia, Silvinha, Valéria
Marli Gonçalves
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Lucrécio Jr.
Mario Lima, Luiz Calos Secco, Miriam Paglia Costa, Teresa Montero
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Rodrigo Mesquita, Tereza Montero, Bia Bansen, Ivan Angelo
Evelyn Schulke, Kássia Caldeira
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Celso Ming
Marco Antonio de Rezende
Luiz Henrique Fruet, Júlio Moreno, Miguel Jorge, Luiz Carlos Secco.
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Ivan Angelo, Milai de Almeida
Mario Marinho, Marcio Canuto, Luiz Carlos Secco
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Acima: Tereza Montero, Valéria Wally, Gabriel Manzano, Evelyn Schulke, Kássia Caldeira, Maiá Mendonça
Ao lado, Melchiades Cunha Jr e Olga Vasone
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Neuza Manente, Gilberto Mansur
Miguel Jorge, Luiz Carlos Secco
Ivan Angelo, Armando Salem, Mariana e Vital Battaglia, Milai, Odir Cunha, Marco Antonio de Rezende
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Evelyn, Lena, Lucita, Teresa, Bia, Miriam, Lucia.
Miriam Paglia, Tereza Montero
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Eliana Haberli, Bia Bansen
Rodrigo Mesquita, Lúcia Carneiro, Maiá Mendonça
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Regina Helena Teixeira
Sentidas ausências É claro que gostaríamos que todos comparecessem ao Encntro. E é claro que todos gostariam de ter comparecido. Alguns que são presença constante, casos de Carlinhos Brickmann e Heloisa Moreira entre outros, não compareceram devido, ainda, à pandemia. Decinho Pedroso, que sempre comparece, encontrava-se hospitalizado. Outros tiveram tempo de mandar seus recados que seguem abaixo. ESTELA BAGNIS
PERCIVAL DE SOUZA
Bom dia Marinho, está fazendo 2 anos que moro em São Lourenço, MG. Aqui fiz uma réplica do restaurante argentino Caminito. E muito difícil me ausentar agora, desejo uma linda confraternização e envia minhas saudades pra turma. Carinhos para toda a família do Jornal da Tarde. Abraços, Estela Bagnis
Queridos: não poderei ir ao almoço amanhã. A Yeda fez uma cirurgia delicada. Deu tudo certo mas ela ainda está na UTI. Continuará no hospital. Abraços a todos. Perci. PS - A Yeda, esposa do Percival, fez a cirurgia, correu tudo bem,e ela já está em casa.
FERNANDO MITRE Marinho, uma agenda de última hora, me escalando para uma gravação inoportuna - mas inadiável - está boicotando minha presença e da Eloisa no nosso almoço. Não vai dar. Já começava a curtir, desde que abrimos a lista de adesões, essa oportunidade de encontrar os amigos e colegas do nosso Jornal da Tarde. Frustração grande. Mando o meu abraço - da Eloisa também - a cada um. Dê um especial no Ivan, nosso homenageado. Nossa unanimidade, como você resumiu bem. Ele merece.
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Onde está Você?
Reginaldo Manente faz acrobacias para tentar colocar todo mundo na foto. Você já se encontrou?
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Agradecimentos O restaurante Via Castelli foi fundamental para o sucesso desse nosso Encontro. Nossos agradecimetnos ao Leonel, que é um dos proprietários, à toda equipe e em especial à Carmen Perroni que foi a nossa hostess. Ela cuidou de tudo, desde os manobristas, ao pessoal de cozinha e ao excelente atendimento que tivemos nas salas. A Carmen cuidou até mesmo da liberação de alguns itens que não estavam no pacote. Não tem preço. Só mesmo um muito obrigado e até breve.
Agradecimento especial também da Vera Marinho à Mariana Battaglia que lhe presenteou com a belíssima orquídea chocolate ao lado. Mais imagens do Encontro no video da Marli Gonçalves: https://youtu.be/t8qsaEv9kh8
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