Sampa Alternativa #1

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Distribuição

012 //Outubro_2

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to x i l a c _ o t i d //bene ção da A ssocia presidente eic v a m ta co lix to // Entr evis Benedito Ca s da Pr aça dos Amigo feir a e vozes da , o museu d // vozoteca ria! im?!..., a gale // COmo ass culinária o melhor da , da a m a inho da // Escondid a n ti es rd no

gratuita


SAMPA ALTERNATIVA arença. Depois de meses de gest hora de ser diferente, e fazer a dife ista Rev a , pastel com caldo de cana ção regados à muita pesquisa e trazendo o que há de melhor e você Sampa Alternativa chega até edito Calixto. mais interessante na Praça Ben esta de cultura até você? Não sab Nós viemos trazer a melhor revi um uzir trazer o melhor de nós, para prod mos ... mas sabemos que viemos con informativo e principalmente des material que seja importante, útil,

É

traído até suas mãos. seus fazer parte da sua história, ser Queremos entrar na sua casa, hissa nos Dessa forma, contar também amigos, se você assim permitir. a ness ndo leitores, que estão embarca tória, e saber o que vocês, nossos vae , arte re a vida, sobre cultura, sobre jornada conosco, pensam... sob riedades. ria adeiramente radiantes de aleg Blá blá blás à parte, estamos verd está você , er que neste exato momento de poder criar este material, e sab a. E r em nossas descobertas pela Praç lendo isso, e prestes a se aventura do -vin bem ento é... obrigado... e seja tudo que podemos dizer neste mom ao mundo Sampa Alternativa. Equipe Sampa Alternativa Caio Kato Angelo Mota – Bruna Mendes –


Nesta edição: Por dentro da

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Como assim?!... São Paulo galeria mais colorida da cidade de

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Da Bahia para a Benedito Calixto cidade, o Escondidinho Considerado um dos melhores da ão aos seus clientes da Amada garante amor e dedicaç

Para gato nenhum botar defeito bichanos e decorar a casa Uma invenção para refrescar os

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Nos bastidores da feira da Associação Entrevista com a vice presidente ixto dos Amigos da Praça Benedito Cal

O “Cristo Paulista” entos Garoto de 17 anos recria monum raft erC Pap mundiais com a tecnica do

23 Azulejos mo

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Chocolate com Pimenta A mistura mais deliciosa da feira

Negócio em família o na feira dernos e coloridos fazem sucess

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Colecionando vozes do por Luiz Ernesto Kawall, A Vozoteca, museu de vozes cria s de vozes do nundo todo em sua própria casa, reúne registro


ado #Retrato_Fal


leria mais co Por dentro da ga

lorida da cidade

de São Paulo

por Angelo Mot

a

Texto e fotos: Angelo

L

ocalizada no coração da Praça Benedito Calixto, que abriga uma das feiras de antiguidade mais famosas de São Paulo, a Galeria Como Assim?!... traz um ar moderno e alternativo à tradicional feirinha. Criado há 15 anos pelo visionário Tedd Albuquerque, o projeto Como Assim?!... teve seu início na Avenida Paulista, em um estacionamento alugado, onde era montada uma tenda de circo, para que os expositores pudessem exibir seus produtos. Mas a temática circense não se limitava apenas à lona. Pessoas com perna de pau, malabaristas e palhaços ajudavam a atrair a atenção das pessoas que passavam por ali, e é claro, o nome diferente aguçava a curiosidade. O título surgiu da própria curiosidade das pessoas. Ainda sem nome quando foi iniciado, o projeto despertava o interesse exatamente por não dizer exatamente a

Mota

que vinha. “As pessoas perguntavam: Como assim, é um circo ou uma feira? Como assim não tem nome? Aí surgiu a idéia do nome ser Como Assim?!...” – disse Tedd. A galeria desembarcou na Praça Benedito Calixto em 2004, disposta a trazer um movimento de vanguarda, pois estava se aventurando em um território muito tradicional. Não só deu certo como inspirou vários outros projetos, e hoje é possível ver, ao redor da praça, dezenas de galerias com essa temática mais moderna. “Hoje mudou o perfil, o pessoal vai muito mais pelas galerias do que pela feira de antiguidades” – contou Tedd. O projeto hoje tem dois espaços fixos. A Galeria da Praça Benedito aos sábados, e o Shopping Center 3 aos domingos. Mais de 300 expositores fazem parte do projeto, e existe uma seleção para poder


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@sampa_alternativa

“É uma coisa curiosa, uma mistura de um monte de coisa e até hoje a gente não sabe onde vai parar.” Tedd Albuquerque

entrar, pois não são permitidos produtos industrializados na galeria, apenas produtos artesanais ou de criação própria. A galeria da Praça tem três andares e foi se expandindo aos poucos, à medida que os expositores foram se estabelecendo no local, e hoje já conta com um agradável restaurante a céu aberto e está ampliando

seu espaço para futuras exibições de cinema e teatro. O objetivo é atrair todos os tipos de público, promovendo durante a semana cursos, oficinas e workshops temáticos de moda, literatura, teatro, cinema, e que no sábado todas essas culturas se encontrem no amplo espaço que a galeria porporciona


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#No_Prato


para ao Da BahoiaCali t x it d ene B

condidinho da s da cidade, o Es re ho el m s do us clientes Considerado um dedicação aos se e or am e nt ra ga Amada por Bruna Mende

P

rato típico do nordeste brasileiro, o escondidinho é uma boa opção para o seu sábado na Praça Benedito Calixto. Principalmente se for no restaurante Escondidinho da Amada. O lugar tem o nome do prato principal da casa e destaca-se por ser um ambiente agradável, com boa música, comida e muita alegria. Além do escondidinho, diversos outros pratos dão água na boca. A harmonia dos ingredientes com o toque baiano é o diferencial. O Escondidinho da Amada tem um clima especial porque é tratado como um evento pelas pessoas que o preparam. “Eu faço toda a preparação na semana e já durmo pensando como vai ser o meu sábado. O escondidinho pra mim é sagrado, é meu filho” – diz Amada Ramos, proprietária do restaurante. A ideia de vender escondidinho surgiu da necessidade de fazer algo diferen-

s

te. Amada trabalhava como secretária do seu marido, Fernando Lopes, mas não se sentia satisfeita. Um dia fez uma travessa de escondidinho que servia umas seis pessoas. Fernando só parou de comer quando realmente acabou. Como agradou

Amada Ramos

Proprietária do rest aura

nte


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tanto o marido, Amada decidiu que era isso que devia fazer: agradar as pessoas com a sua comida. E o escondidinho é sucesso tanto em casa como na praça.

@sampa_alternativa

Como é realizado somente aos sábados, Amada e Fernando explicam que há todo um planejamento antes do final de semana. Desde a preparação do escondidinho até a arrumação do local. “Aqui de sexta é uma balada, então já tem esse clima de festa. Quando chegamos no sábado de manhã temos que limpar e arrumar tudo para deixar do nosso jeito. Mas tudo é feito com muito amor” – diz Fernando. Todos os sábados são atendidos cerca de 180 pessoas que se deliciam com a variação do cardápio. Escondidinho, bacalhau da amada, tortas e o arrumadinho são os mais pedidos. O restaurante com cara de bar deixa os clientes muito à vontade e encanta com o atendimento diferenciado. É feito também um altar com flores na entrada do restaurante, dando as boas vindas aos clientes. “Eu faço questão de conhecer os meus clientes, para mim eles são as minhas celebridades” – declara Amada


#Coisas_e_O

utras_Coisas

ÃO R E V DO ÇÃO U L O S A PARA SEU gato ra refre Uma invenção pa

L

uiz Manse, 58 anos, ex-jornalista, encontrou na Praça Benedito Calixto a mudança que precisava em sua vida. Cansado da pressão que a profissão impunha, Luiz começou a confeccionar em sua casa pequenas fontes de água, que além de funcionar como terapia para seu stress, era extremamente relaxante quando estavam em funcionamento. Começou a presentear parentes e amigos com seu novo hobby, e quando viu a satisfação dos que ganhavam seus presentes, notou que ali existia uma oportunidade para uma mudança radical, e como ele mesmo

scar os bichanos

e decorar a casa por Angelo Mot

a

gosta de brincar, virou um jornalista que vende suas fontes em praça pública. A ideia da praça surgiu quando acompanhava a mulher, que já expunha seus apanhadores de sonhos em feiras livres, e Luiz percebeu que poderia expor suas fontes também. Mas ele precisava de um diferencial, foi quando percebeu que seus clientes cariocas sempre pediam para aumentar o tamanho das fontes, pois seus gatos estavam bebendo das fontes e não estava sobrando água para bombear. Pesquisando sobre o assunto, ele descobriu que os gatos gostam de água


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sempre fresca, limpa e com alto teor de oxigênio, o que uma fonte que mantêm a água em constante movimento pode fornecer. Daí surgiu a ideia da fonte dos gatinhos. Luiz queria que a fonte dos gatinhos fosse um objeto para expor em qualquer lugar da casa, sem perder a beleza – e principalmente – a funcionalidade, que é fornecer água potável o dia todo para o animal de estimação. “Eu resolvi fazer um bebedouro que a dona do gato pudesse instalar na sala

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de visitas sem incomodar ninguém, sem espantar” - contou. A fonte dos gatinhos faz muito sucesso na feira, pois é um produto inovador, criado por ele e que não é encontrado com esse nível de personalização em nenhum pet shop. E apesar de expor apenas uma vez por semana na feira, Luiz recebe encomendas praticamente todos os dias de clientes da cidade, outros estados e até de outros países, devido à grande quantidade de turistas estrangeiros que visitam a feira semanalmente


#outubro_2012

Luiz Manse Expositor

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a_ #Acontece_n

Feira


A FEIRA ACONTECE Um rela

pre esteve à fre to de quem sem

M

aria Emília Ciavaglia, vice-presidente da Associação dos Amigos da Praça Benedito Calixto, conta um pouco da história de um dos redutos culturais mais tradicionais da cidade de São Paulo e explica que o sucesso da Benedito é o “boca a boca”.

O processo político Com intuito de defender e cuidar de um espaço físico, além de um engajamento político da época da prefeitura de Janio Quadros, alguns grupos do partido comunista, que se encontravam na Praça Benedito Calixto, resolveram fazer um

çã nte da administra

o da Praça.

por Caio Kato

abaixo assinado defendendo uma proposta de manutenção do local como um ambiente de cultura, além da possibilidade de comercializar objetos de antiguidade, basicamente para manter - entre outras coisas - o próprio partido. A partir desse movimento, iniciou-se a Associação dos Amigos da Praça. Criada há 25 anos, a principio como um projeto de revitalização e manutenção, a feira que hoje ocupa a praça Benedito Calixto, evoluiu e se tornou um verdadeiro reduto artístico, cultural, de moda, lazer e gastronômico; atende a um público de quase 15 mil pessoas por sábado e já faz parte do circuito turístico da cidade de São Paulo.


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“No boca a boca, a gente garante o sucesso da nossa praça.” Maria Emília Com divulgação principalmente baseada em mídia espontânea, a feira atrai pessoas dos mais diversos lugares. “Com gente de todos os bairros, cidades e ate outros países, nossa feira conseguiu uma mídia muito positiva, não sendo fechada para o bairro de pinheiros”, afirma Maria Emilia Ciavaglia. Acontecendo sempre aos sábados, o dia ficou registrado na agenda da subprefeitura como um evento de arte, cultura e lazer da região e pode ser considerado responsável por todo comercio de design, restaurantes e galerias diversas, num raio de, aproximadamente, um quilometro em seu entorno.

O diferencial Ainda dentro da feira, segundo Emilia, “o comercio em geral possui uma boa saída”, e explica: “a gente faz uma seleção muito seria para colocar expositores que trabalham com qualidade e que agreguem diversidade ao nosso espaço”. Afora isso, as pessoas que ali expõem seus trabalhos e sua cultura, não são simples vendedores, e sim entendedores daquilo que trazem. “A exemplo, o

@sampa_alternativa

projeto Autor na Praça, apadrinhado por Plínio Marcos - o movimento constitui, basicamente, em aproximar os autores de seus públicos”, cita Ciavaglia. Outros diferenciais da Benedito Calixto são os espaços do chorinho - um mini palco situado no coração da feira, junto com a quadra das comidas típicas, onde os músicos têm a possibilidade de mostrar seu trabalho para um publico diversificado, e a vozoteca - museu da voz mantido pelo jornalista Luis Ernesto Kawall em sua própria casa, que fica de frente à praça.

Objetivos Dentre os objetivos da associação, uma das preocupações dos responsáveis pela feira era a geração de empregos diretos e indiretos. “Com cerca de duas mil pessoas beneficiadas com o comercio da praça, nós temos 300 expositores, além de todos os serviços que são prestados aqui. Em um antiquário, por exemplo, eles usam vários serviços, como restauração de diversas áreas para poder vender peças em bom estado, transporte, sem contar nos serviços que a própria feira contrata, como e o caso dos nossos jardineiros, coisas


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que acabam gerando renda e inclusão social”, afirma a vice-presidente. Com cerca de 30 funcionários diretos, a associação já se considera autossustentável, sem a necessidade de verba pública ou patrocínio de qualquer gabinete. Restringindo ao poder público apenas o cadastramento e a autorização do trabalho feito por todos os envolvidos. Para manter a segurança, limpeza e organização, é cobrada pela associação uma taxa de 20 reais por sábado de cada expositor, totalizando 80 reais por mês.

Por trás das cortinas Com todo esse movimento, o consumo na praça exige uma mão de obra igual-

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mente singular, principalmente quando o assunto é limpeza. Para garantir a higiene nos meandros da praça, foi construído um deposito nos fundos de um terreno, na rua lateral, onde é armazenado todo o contingente de resíduos provenientes da feira. Com uma média de 700 sacos de 100 litros de lixo por mês, Maria Emilia viu a necessidade da criação desse espaço para o deposito. E ela afirma: “Ganhamos os azulejos e a obra do prédio aqui do lado, eles estavam em reforma e o que sobrou eles doaram para a associação.” Com uma copia da chave, o rapaz da limpeza passa toda a noite para recolher o lixo. “Dessa forma, estamos economizando o dinheiro do contribuinte porque o seu imposto não paga pra recolher o nosso lixo”, comemora


a_ #Acontece_n

Maria Emília

Feira

ociação Vice -presidente da Ass dos Amigos da Praça.


m Maria Em bateu um papo co a iv at rn lte A pa Sam Confira: Amigos da Praça. Associação dos

Sampa Alternativa - Como foi consolidado o publico alvo, foi feito uma pesquisa prévia do lugar para ter esse comércio aqui ou não? Maria Emília - há 25 anos atrás, nós tínhamos muito poucas feiras de antiguidades e de artesanato em São Paulo. Como Pinheiros é um lugar bem frequentado, um lugar que tem muito intelectual, muito artista, acabou que esse público começou a vir para cá quando a feira se tornou regular. Dessa forma, consolidou-se o perfil dos frequentadores que temos hoje. Sampa Alternativa – Porque a feira só funcionando aos sábados? Maria Emília - Embora tenhamos feito pedidos pra que fosse sábados e domingos, entendemos que o sucesso dela é justamente por ser uma vez por semana e ser no sábado. A questão do sábado é muito importante porque se você pensar, na sua vida mesmo, no sábado você estica, porque não tem a preocupação de ir trabalhar no dia seguinte, diferente do domingo, que começa a escurecer você já começa a pensar na segunda feira. Sampa Alternativa – O que é mais consumido na feira? Maria Emília - Em geral, tudo que te-

e da ília, vice-president

mos aqui tem uma boa saída. O que nós temos bem claro é o como os produtos são distribuídos. É bem interessante porque de manhã, até a hora do almoço, o antiquário tem um bom comércio por ser voltado ao publico mais velho. Embora boa parte da moçada que frequenta tem interesse em desbravar um pouquinho do universo da antiguidade. Depois, um pouco mais tarde, o artesanato é o foco do comércio. Tanto que percebe-se que a feira começa a desmontar das pontas para o centro. Sendo o artesanato um dos últimos a sair. Sem contar comida, claro. A quadra de alimentação está sempre cheia graças à variedade que conquistamos. Temos bastante diversidade e nenhuma barraca repetida. Sampa Alternativa – Existe uma faixa etária do público? Maria Emília - É bastante diversificado, podemos dizer assim: tirando as crianças, todos. Porque tem pra todos. Como é uma feira de arte, cultura e lazer, a praça possui um comércio muito bom para os designers, os restaurantes, enfim, trazendo um público mais adulto. Atividade para criança não tem aqui, mas sempre vemos uma ou outra passeando com os pais


ado #Retrato_Fal


O JOVEAMBTEANLEEDNITTOO D mundiais ia monumentos cr re os an 17 de Garoto PaperCraft com a tecnica do por Angelo Mot

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Feira de Arte e Antiguidade da Praça Benedito Calixto é conhecida por muitos como um lugar conservador, principalmente por essa tradição de antiguidade, que confere certo peso. O que muita gente nao sabe é que a Benedito é um lugar de muita gente nova, tanto dos frequentadores quando dos expositores. Um dos mais novos talentos desse lugar tão versátil é Leonardo Pestana Collalto Toni, 17 anos, um jovem que chamou a atenção de todos ao exibir na praça suas miniaturas em papel de monumentos do mundo. Esse dom pela dobradura vem desde os sete anos, quando começou a se interessar pelo origami atraves de uma

a

revista que ganhou de seu avô em um aniversário. Durante uma pesquisa para aperfeiçoar sua técnica, acabou descobrindo o Papercraft, que são pequenas esculturas feitas em papel. A identificação foi imediata, e Léo percebeu que era um desafio que precisava ser explorado. “Me apaixonei de cara pelos edifícios e monumentos, que eu sempre quis visitar, feitos de papel” - contou. Assim como o origami, o papercraft era apenas um hobbie, mas Léo nunca levou apenas como uma brincadeira. Dedicação, paciencia e muito trabalho eram necessarios para que seus pequenos projetos em papel pudessem refletir a beleza daqueles monumentos que


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sempre viu pela TV e ainda não tinha tido oportunidade de conhecer pessolmente. “Cheguei a passar as minhas férias de julho inteiras apenas fazendo essas réplicas, do horário em que eu acordava até ir dormir.” - afirmou Leo. Hoje, após 3 anos de dedicação ao Papercraft, consegue recriar qualquer monumento com a mais rica precisão de detalhes. É um trabalho complexo, e algumas miniaturas chegam a demorar cerca de dois meses para ficarem prontas. Outras, ele consegue fazer em menos de um dia, por possuírem uma arquitetura e composição mais simples. Léo afirmou que consegue reproduzir o arco do triunfo em menos de um dia, enquanto a Catedral Sagrada Familia de Barcelona, devido à sua quantidade imensa de detalhes, é uma das obras que demora no mínimo dois meses para ficar pronta. Tempo este que tem que ser dividido com as atividades curriculares de sua escola. O espaço conquistado para exposição na Praça veio do esforço do próprio artista, que sentiu essa necessidade de mostrar seu trabalho ao mundo e decidiu ir atrás de lugares que pudessem aceitar sua proposta de exposição. Quando chegou à Galeria Como Assim?!... na praca benedito calixto e mostrou suas miniaturas, foi recebido de braços abertos e ainda convidado a criar o que seria seu trabalho de maior destaque, uma réplica do Cristo Redentor, com 2 metros de altura, que ele batizou de Cristo Paulista. Feita totalmente em jornal, Léo disse que escolheu a dedo apenas noticias boas para compor esta obra, uma vez que os jornais de hoje em dia estao repletos de tragédia; ele quis representar apenas o lado bom disso.

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O sucesso de suas exposiões na Praça Benedito Calixto foi tamanho que recebeu encomendas de suas obras e já conseguiu expor miniaturas no XXX SAPLARC (Trigésimo Salão de Artes Plásticas de Rio Claro) no Centro Cultural de Rio Claro, interior de São Paulo. Sendo uma delas outro Cristo Paulista. O dom é de familia. seus tios são pintores e sua mãe ganhou diversos premios tambem com pintura. Mas Léo sabe que o Papercraft nao será sua fonte principal de renda, pois tem um custo elevado. “Não é algo que a pessoa sai para comprar pão e volta com uma réplica de R$200,00 nos braços.” - disse. Não pretende desistir da carreira de artista, mas quer se dedicar à outros projetos e estudar arquitetura, para que um dia possa não mais ver apenas miniaturas, mas edifícios e monumentos reais criados por ele ao redor do mundo

Leonardo Pestana Expositor.


#No_Prato

paixão nacional zem produtos de tra a aç Pr da s re eia de sabor. Exposito dos visitantes ch para deixar a vida por Angelo Mot

A

Feira Benedito Calixto não é composta apenas por barraquinhas de antiguidades. Parte de sua identidade é composta pelas galerias que se instalaram ao seu redor. Dentro de uma delas (a galeria Qualquer Coisa), escondidos lá no fundo, em um cantinho estrategicamente posicionado, estão guardadas duas relíquias da culinária: o chocolate; e a pimenta.

O DOCE DO CHOCOLATE Talita Giardini Panhanhos, 27 anos, é uma Chef de Cozinha, formada em Gastronomia, apaixonada pelo choco-

a

late. Sonhadora, sempre quis ter o próprio negócio, e encontrou no chocolate um companheiro ideal para a realização deste sonho. Convidada à expor na feira Benedito Calixto, Talita não hesitou em atender prontamente e montou sua barraquinha “Groselhas – Ateliê de Doces”. Porém, a feira é um lugar de diversidade, onde as pessoas são atraídas por novidades, e ela precisava se destacar para que seu produto fizesse a diferença no mercado. Após uma intensa pesquisa, Talita começou a desenvolver produtos diferenciados que chamaram a atenção do público, entre eles estão o bolo de marmita (iguaria que dificilmente é encontrada


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em outro lugar da cidade) e o brigadeiro de bisnaga, que além de extremamente saboroso, é um tanto quanto divertido. O Ateliê Groselhas se orgulha de ser uma marca própria, e todos os produtos são embalados com carinho, individualmente e se destacam entre os produtos de supermercado por estarem sempre frescos e personalizados. “É uma pesquisa constante, a cada 2, 3 meses tento trazer produtos novos, para atrair a clientela” – contou Talita, que não poupa esforços para inovar e tentar fazer de sua marca uma referência no ramo de doces da praça. Talita ainda contou que busca inspiração em livros, revistas, confeitarias, sempre buscando aprimorar estas ideias e adaptá-las aos seus produtos, sem transformá-los em simples cópias, mas sim buscando adequar as melhores características de cada um, criando seu próprio material.

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A escolha pelo chocolate como matéria prima veio naturalmente. “O chocolate traz energia, te deixa bem, é versátil de trabalhar, você fazer de um brigadeiro, a cobertura de um bolo, por exemplo. O chocolate é meu amigo, 95% das pessoas gostam. Os que não gostam, pelo menos comem um pedacinho” – disse. Talita sabe que o empreendedorismo não é uma tarefa fácil, e tem que se dedicar às suas receitas 24 horas por dia. Muita pesquisa, dedicação e imaginação são necessários para que seu projeto não caia na mesmice e seja deixado de lado pela clientela que já conquistou. Sonha abrir a própria loja, e fazer do Ateliê Groselhas uma marca forte no segmento de doces. O caminho é longo, mas ela sabe que tem que manter a cabeça focada e os pés no chão para conseguir.

O ARDOR DA PIMENTA Fernando Azevedo Junior, 41 anos, formado em Publicidade e Propaganda, é “o cara da pimenta” na feira. Amante in-


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condicional da especiaria. Começou seu trabalho através de sua avó, que também era uma grande apreciadora, e acabou influenciando o neto a seguir o caminho empreendedor, e mostrar ao mundo que pimenta não é apenas ardida, que essa aversão inicial que muita gente têm quando ouve falar em pimenta, muitas vezes é falta de um conhecimento mais profundo do que ela realmente pode oferecer. Formado em Tecnologia da Informação, e empregado na área, Fernando começou seu trabalho com pimenta em casa, experimentando receitas, misturas, curtindo o produto, criando assim suas próprias geleias, molhos, entre outras coisas. O sucesso foi grande entre os amigos, e o convite para expor na Benedito Calixto não demorou. A ideia era ficar um mês, Fernando aceitou o desafio, e quando esse mês terminou, foi reconvidado e se estabelecer permanentemente, devido à grande quantidade de pessoas que iam sema-

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nalmente conferir seus produtos. Começou assim uma história de sucesso dos “Molhos de Pimenta Dona Benê”. O jovem empreendedor viu a oportunidade surgir por perceber a ausência de um mercado especializado para a pimenta no Brasil. “Vislumbrei que aqui no Brasil não havia um trabalho desses, vendo que todo brasileiro gosta de pimenta, e quem fala que não gosta, tenho experiências de pessoas que experimentaram e


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gostaram, só não havia achado o produto certo” – contou. Hoje, com quase 10 anos de trabalho e pesquisa, ele desenvolve produtos elaborados, baseados em modelos internacionais, como os tradicionais molhos mexicanos e norte-americanos. E muitas vezes tem que segurar a ansiedade, para não expor todos os seus produtos de uma só vez. Os lançamentos têm que vir gradualmente, mês a mês, para manter a clientela sempre interessada, e se perguntando que outra novidade ele poderá oferecer, para quem já está habituado a consumir seus produtos, e também para quem acabou de conhecer, e quer experimentar algo diferente. Fernando quer expandir, e sabe o caminho a trilhar, sua marca está ganhando força e a dedicação com que cria cada rótulo, cada lacre personalizado e principalmente o cuidado que tem com os clientes coloca seu projeto no caminho certo do sucesso.

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CHOCOLATE COM PIMENTA Fernando e Talita se tornaram amigos trabalhando lado a lado dentro da Galeria Qualquer Coisa, na Feira da Praça Benedito Calixto, e o contraste de suas exposições cria uma combinação interessante. Talita já está adaptando a pimenta às suas receitas - influenciada pelo amigo e criou um brownie com pimenta. A variedade de produtos a serem criadas, para ambos os lados, é infinita, são produtos diferentes, mas que representam dois extremos da culinária, e abrem um leque de diversidade muito grande. É impossível passar pela feira sem conferir o cantinho da comida, dentro da galeria, onde Fernando e Talita estão expondo seus produtos todos os sábados. Milhares de pessoas passam por ali semanalmente e eles não têm um minuto de sossego, e isso é algo que eles realmente não podem reclamar


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Fernando & Talita

Benê & Empresários da Dona Doces. da Groselhas Ateliê de


#Coisas_e_O

utras_Coisas


E T R A E D S HO N I C A D PE rsonalidade à feira s trazem cor e pe do ra co de s jo le Azu Mota por Angelo

V

ariedade de produtos, variedade de gente, assim é a Feira da Praça Benedito Calixto. Pra se destacar e fazer sucesso, você tem que ser diferente, apresentar algo diferente, e foi isso que Edival Reis, 49 anos, fez. Desempregado, precisava de uma ideia que fosse interessante o suficiente para poder dar outro rumo à sua vida, e durante uma viagem aos Estados Unidos, viu uma peça em azulejo e acabou comprando, utilizando-a posteriormente como aparador de panelas, para que não

queimasse a mesa quando fosse servir. Ali estava sua ideia, mas queria algo mais gracioso, mais bonito, e começou a pesquisar o conceito de azulejos decorados. Mas era uma técnica muito cara, e através de muito trabalho e consulta, acabou descobrindo formas de baratear custos, com ajuda de amigos, e começou a desenvolver seus próprios azulejos decorados e emoldurados, para que as pessoas pudessem expor em suas casas. “Precisei fazer uma pesquisa se tivesse que trabalhar com isso, porque pra trabalhar em feirinha


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você tem que ter um produto de feirinha com preço de feirinha.” – contou. Hoje, seus azulejos são um sucesso na Praça, e conta com a ajuda da mulher e da cunhada, para dar conta de toda a clientela. Existe uma galeria imensa de fotos pré-escolhidas por Edival, mas os azulejos podem ser personalizados, desde que a pessoa traga a foto escolhida. A produção do material ocorre durante a semana toda, para que no sábado possa ter muitos azulejos prontos, pois a saída é grande. E apesar de ser um sonho entre a maioria dos expositores, ele não

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pensa em abrir uma loja, pois disse que, apesar dos impostos e aluguel altos, seu produto é muito artesanal, e se exposto no lugar errado, as pessoas compram uma vez e não voltam mais. A feira oferece uma rotatividade maior de público, fazendo com que o negócio naquele local seja mais rentável. A aceitação foi tanta que ele recebe encomendas de fora do estado, muitas vezes até de outros países. “Um senhor veio da Inglaterra, e comprou um azulejo, contou que iria decorar o escritório dele em Londres.” – disse Edival, orgulhoso


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Edival Reis Expositor.

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ado #Retrato_Fal


R O COLEMCIEOMNÓARDO IAS DE leciona isas autênticas co co de te an am emórias. Um homem o de preser var m tiv je ob o m co s voze por Bruna Mende

A

paixonado pela ideia de guardar memórias, o jornalista aposentado e escritor, Luiz Ernesto Kawall, 84 anos, valoriza a importância da preservação da voz de grandes protagonistas na história brasileira e mundial. Fundador do Museu da Imagem e do Som, localizado no bairro de Pinheiros, SP, Kawall criou em sua própria casa o Museu da Voz: a Vozoteca. O jornalista se dedica há mais de vinte anos

s

em colecionar vozes. Hoje, seu acervo contém cerca de seis mil registros sonoros. Há gravações de vozes importantes, discursos políticos, músicas, poesias, narrações radiofônicas, entre outros. Memórias de pessoas que marcaram época. “A voz é um estado da alma. Porque é o que realmente fica quando a pessoa morre” - diz Ernesto, explicando o que a voz significa para si.


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LuĂ­s Esnesto Kawall Colecionador e criador da Vozoteca.

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Ernesto Kawall e a Vozoteca Localizada na Praça Benedito Calixto, 86, 6º andar – Pinheiros, a Vozoteca surgiu com o objetivo de fazer algo diferente, algo que não existia. Registrar vozes e declarações de personagens da história de todo o mundo. Formado em jornalismo pela faculdade Cásper Libero, em 1951, e folclore na Escola de Sociologia e Política, Kawall sempre trabalhou no ramo político. Esteve ligado à personagens que tiveram grande influência no Brasil como Carlos Lacerda, proprietário do Jornal Tribuna da Imprensa de São Paulo e ex-governador da cidade de Guanabara (1960 a 1965),

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atual Rio de Janeiro. E também com Abreu Sodré, advogado e ex-governador de São Paulo (1967 a 1971). Kawall passou por veículos como Gazeta, Folha de S.Paulo e Tribuna da Imprensa, em especial como repórter. Entrevistou pessoas importantes, entre eles Janio Quadros, Ademar Pereira de Barros e Titillo Matarazzo. “Durante o período da ditadura foi difícil viver em uma época em que você acordava e não sabia o que estava acontecendo”, conta Luiz, “mesmo trabalhando dentro do cenário político”, completou. Como sempre trabalhou com artes, cultura e política em geral, Kawall ficou conhecido e foi o fundador do Museu da


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Imagem e do Som (MIS) em São Paulo. Contou com a ajuda de pessoas que já trabalhavam para o MIS do Rio de Janeiro e com os da Cinemateca, para concluir esse sonho que alimentava há tempos. Mas, antes o que tratava como um hobby acabou virando um museu. Amante de tudo que é autêntico, Kawall começou a colecionar grandes vozes em sua própria casa. Algumas ele gravou, outras ganhou ou comprou e assim foi constituindo um acervo de quase seis mil áudios. O nome Vozoteca surgiu do seguinte pensamento: Livros, biblioteca. Cinema, cinemateca. Voz, vozoteca. “Eu adoro vinil, acho que vinil ainda não chegou à técnica da internet, da tecnologia. Então o vinil ainda tem a voz mais pura” – conta Kawall.

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Sua coleção chama atenção de pessoas que se interessam e necessitam em conhecer um material cultural diferenciado. Na Vozoteca encontram-se coisas extraordinárias, como o primeiro registro sonoro do mundo, a voz de Thomas Edison, em 1887. A locução do gol de bicicleta de Leônidas, o diamante negro, na Copa do Mundo de 1938. Debates de grandes políticos, contos, narrações esportivas, serenatas, falas. Kawall tem arquivado alguns discursos dos ditadores da Alemanha como Hitler e Bismark. “As vozes que mais me emocionam, por exemplo, a da Marlene Dietrich cantando Luar do Sertão, você sente o que ela fala, o falar em português, o cantar em português, cantar refinado. Até tem outras


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coisas maravilhosas como Elis cantando Gracias a La Vida, Ima Sumá que é uma cantora mexicana .Maria Calas, Frank Sinatra, Silvio Caldas.”, contou emocionado. Da raiz brasileira, a vozoteca tem valiosos registros que representam a história nacional. Vozes como de Jânio Quadros, Juscelino Kubitschek, Manuel Bandeira, Rui Barbosa, Monteiro Lobato, Pelé. Hinos dos clubes de futebol, narrações de todas as Copas do Mundo e todos os jogos da seleção brasileira. Serenatas da cidade de Diamantina, Carmem Miranda, Elis Regina, Adoniran Barbosa e outros grandes representantes da cultura

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brasileira. E lamenta ainda não ter conseguido registros como de Tiradentes, Padre Cícero, Santos Dumont e outras personalidades mais recentes. “Pelo menos da minha parte a memória fica resguardada”, disse Kawall que deseja eternizar a Vozoteca. Por causa da idade, pretende disponibilizar os registros em algum lugar publico, para que todos tenham acesso ao acervo. “A vozoteca pra mim é sinônimo de memória e prazer. Eu gosto de descobrir coisas, sou meio remitente. Tenho descoberto vozes assim, que não tem geralmente” - declara o colecionador


Ano 1, #1, Outubro 2012 va www.facebook .com /sampalternati Distribuição gratuita Tiragem: 1.000 exemplares

Edição / redação / fotos Kato Angelo Mota, Bruna Jamille, Caio Revisão Angelo Mota Projeto Gráfico / Diagramação Mário César Impressão Adex Soluções Gráficas


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