Eu me pergunto Porquê?

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EU ME PERGUNTO PORQUÊ?

Marisa Martins Carvalho Portfólio


Este portfólio representa duas fases, momentos distintos de reflexões. Em 2020, com o isolamento devido a pandemia, foi o tempo de refletir sobre conexões com a família, sendo este extensão de outro projeto iniciado em 2019-18, sobre a minha pesquisa centrada em à procura do “eu”, minha forma de ver o mundo. São dois projetos que se completam e que terão continuidade : Entre paredes Territórios Imaginários


Minhas obras são elaboradas através de costuras, desenhos, sobreposições, escritas, em diferentes tipos de papéis e suportes diversos, criando pequenos objetos escultóricos, livros de artista e instalações. Com meus trabalhos quero provocar reflexões sobre o tema que me causa inquietude, a Solidão. Isto surge em meio a um cenário mundial, que está levando muitas pessoas à depressão, doença séria que pode ter um desfecho muito ruim. Através das minhas obras desejo sugerir a importância de cada indivíduo procurar o auto conhecimento, necessário para descobrir novos significados em suas vidas. Através de coisas simples que estão ao nosso lado, podemos criar algo com relevância. O objetivo da minha pesquisa é mostrar às pessoas como o fazer com as mãos, o movimento, a construção de algo novo revigora, revitaliza. A procura da Solitude, sentimento positivo, prazeroso, nos completa. Sair do estado letárgico, valorizar-se, sentir-se inserido em seu contexto social e ou familiar, cada pessoa consegue chegar a isso de diferentes formas, através das artes, música, canto, leituras...pode ser esse caminho. Acredito que tomada de consciência individual contribua para uma mudança comportamental expressiva.


Entre Paredes Obras realizadas em tempos de isolamento, como momentos de reflexão, à procura do “eu”. A busca de conexões entre passado, presente e futuro impulsionaram esta pesquisa, centrada em investigações sobre identidade e relações interpessoais. O resgate do fio condutor da linha do tempo é mediado pelos meus movimentos das mãos e do corpo, ora em forma de costura, bordados, ou pela escrita. Com fios de cobre, linhas, papéis e tecidos, materiais frágeis e maleáveis, construo em meu silêncio, entendo significados e sentimentos, ressignifico o passado em função do futuro. O silêncio acalma, me leva a outros lugares, aos sonhos, ao prazer em criar... sentimentos positivos que vivencio através da arte. Estas criações tão diferentes entre si, têm o mesmo contexto, a Solidão entre paredes. A construção do novo, através da linha, como desenho, como costura, é a forma de achar a minha identidade, entender o meu mundo.


A linha e a agulha delineiam uma narrativa da minha vida. Costuro documentos antigos de meu pai e os meus em papéis, tecendo conexões, entrelaçando a nossa história. O passado é aberto e o futuro ainda está em branco, colocado em cima de uma cama, a intimidade ali exposta. Hoje é outro tempo, já faz parte do futuro... Ponto de partida para a construção de novas memórias.

Aí vai meu coração, 2020 papel, linha, tecido, madeira, 60 x 158 x 196 cm


Detalhe: diferentes tipos de papéis recortados na medida 21 x 21 cm foram costurados manualmente. Papel superior com leve transparência sobre documentos ou papéis em branco. Depois da colcha pronta foram costurados sobre um tecido fino.

Simulação de projeto expositivo Aí vai meu coração espaço de 4 x 5 metros, cama de casal no centro (cama da foto é ilustrativa) , obra (2 x 2 metros) cobrindo a cama


Slides montados em fios de cobre

Imagens síntese de um contexto do meu passado profissional, dissimulados de seu uso original. Cada uma tem sua história, vistas de perto causam um incômodo, como fantasmas interiores.

Velados, 2020, instalação, slides, fios de cobre 120 x 80 x 13 cm

detalhe


da série Cartas expandidas, Pergaminho, 2020 papel japonês, caneta, 21 x 224 cm

Cartas escritas à mão, para “eu mesma”. Formas de conviver com imagens internas a partir dos meus eletrocardiogramas.

detalhe


da série Cartas expandidas, Reflexão I e II, 2020 escrita à mão, caneta, papel aquarela, 56,5 x 38,5 cm I 38,5 x 56,5 cm

Reflexão II

Reflexão I

Transcrições de meus eletrocardiogramas. Escrita como desenho, ou desenho como escrita...


Paisagem interna gráficos cardíacos,

Ruído, 2020 imagem cardiográfica, isopor preto,moldura de madeira 61 x 43 x 3 cm


Territórios imaginários Construo em minha mente territórios imaginários, paisagens vazias, tecendo conexões entre passado e o presente. Isto nasceu após experiência pessoal em duas viagens, as quais tive a sensação de pertencimento ao local que estava admirando. Meu sentimento era de integração, como se fizesse parte daquelas paisagens. Não havia ninguém, eu estava ali, me sentindo solitária, sentimentos de outra época, de magnetismo, empatia, paixão... desta sensação resultou a série de trabalhos Territórios imaginários. Entre eles fiz o mapa Terra de Ninguém. Contrapondo-se a esta sensação de territórios sem limites precisos, crio Paisagem I , II, III cadeias de montanhas, vazios. Visualizar um território imaginário, integrar vários mundos, depende do observador. Pode resultar em um retorno ao passado, com um caráter emotivo e afetivo através de sensações imediatas, dor, sofrimento... cada indivíduo tem dentro de si a sua própria paisagem.


Para o filósofo Friedrich Nietzsche, o isolamento deve ser encarado como restaurador. É como um momento que temos para sermos quem somos em essência, sem nos adaptar à sociedade.

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Como se fosse possível decifrar seus símbolos através dos recortes, sobreposições de camadas, fronteiras sem limites precisos.

Mapa Terra de ninguém, 2018 papel vegetal, desenhos , costura manual, linha 66 x 96 x 0,04 cm


Paisagem I, 2019, Objeto escultórico, papel aquarela (7), encaixados em fendas na caixa madeira, cúpula acrílico 27 x 33,5 x 12,5 cm


Paisagem II, 2019, desenho com lápis de cor, dobradura do papel, alfinetes, caixa de espuma prensada, cúpula de acrílico 25,5 x 25,5 x 8,5 cm


Paisagem III, 2019 Instalação, 60 cartões de papel Canson, colagem, fita crepe 8,8 x 13,5 cm (cada), total: 20 metros (2000 cm)


Marisa Martins Carvalho (1957- Itapetininga), artista visual, mora e trabalha em Campinas, São Paulo. Especialização em Artes Visuais e intermeios na Unicamp (Extecamp) em 2011-2012. Selecionada no Edital Meios e Processos FAMA 2020 (Fábrica de Arte Marcos Amaro- Itu). Participação no grupo de Mentoria Sistêmica com Katia Salvany, 2020. Selecionada no Edital Transgressões Cerâmicas, em 2020. Transita nas modalidades bi e tridimensionais como a pintura, colagem, livros de artista e pequenas esculturas, criando relações entre materiais diversos como o aço, cobre, cerâmica e outros. Suas obras têm centrado em questões sobre memórias de família, como preservar; ressignificar o passado, são narrativas que se materializam, em função do presente e o futuro. Algumas obras tem o peso da materialidade, outras o peso da memória. Tem participado em exposições individuais, dentre as quais se destacam, em 2015- Mulheres- Livraria Pontes, Campinas, SP; Em busca do caminho- Ateliê Lisa França, Sousas, Campinas-SP; 2014- Encontro – Café e Arte, Campinas – SP; e coletivas, com destaques, em 2019-Livro de artista- Casa Arte Contemporânea- São Paulo, SP; Imersões – Inversões- Galeria Quarta Parede- São Paulo, SP; 2015- Metanóia- Galeria AIREZ- Curitiba, Paraná; (In)congruências expandidas- Galeria Luz y Oficios, Habana- Cuba; 2014- 1º. Salão de Artes Plásticas Solar dos Andradas, São Paulo; 2012- 1º. Salão de Artes Plásticas Fortaleza de São João- Museu do Desporto do Exército-Urca- Rio de Janeiro- RJ. Recebeu medalha menção honrosa no 1º. Salão Nacional de Artes Plásticas, em Campinas, em 2012. Obras em Acervo, Palavra; da série Fantasias, Embaixada do Brasil, em Cuba; da Série Corpos e Jardim I, Galeria Luz y Oficios- Centro Provincial de Artes Plásticas y Diseño de La Habana- Cuba, e acervos particulares, em São Paulo, Rio de janeiro, Munique e Palma de Maiorca. Obra em livro, Obras comentadas AVANTI CAMPINAS Subsolo- Laboratório de arte – Andrés I.M. Hernández- São Paulo: Edição do autor, 2019.

www.marisamartinscarvalho.com @marisamartinscarvalho


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