Inclusão

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UC GESTÃO EDUCACIONAL E POLÍTICAS PÚBLICAS Professoras: Gleice Emerick e Renata Frederico

é a l o c s A E ra todos! pa Orientações e Ações para a inclusão representativa de crianças negras na escola


Orientações e Ações para a inclusão representativa de crianças negras na escola CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Curso: Pedagogia

Alunas: Helena Maria Santos Ferreira | RA 320142797 Isadora Fernandes Silveira Lima | RA 321211964 Lhara Lais Fonseca Ferreira | RA 321110933 Mariana Tavares Marques | RA 320142853 Talita Eulália | RA 320144064 Thays Passos da Silva | RA 321215779


Introdução A história do Brasil é marcada por 328 anos de escravidão, desde a chegada da população Africana que foi escravizada até a abolição da escravatura em 1988, nós temos um período caracterizado por movimentos de lutas e resistência da população afro-brasileira em todas as instancias da sociedade inclusive na educação. No nosso país, predomina um imaginário étnico-racial que valoriza raízes europeias dentro da nossa cultura em detrimento das outras: africana, indígena e asiática. Em razão dessa hipervalorização, a cultura negra, africana, indígena convivem com um padrão estético europeu de maneira tensa. A desigualdade sobre a população negra existe há séculos, devido a influência da própria história, desigualdades graves e múltiplas, afetando a capacidade de inserção da população negra na sociedade brasileira, em diferentes áreas, como na educação, podemos perceber que vários indicadores como: reprovação, evasão e desempenho dos estudantes, mostram como essa desigualdade tem afetado o sistema educacional.


O papel do educador é atuar como um verdadeiro agente de promoção da diversidade.


Capacitar os professores a uma linguagem antirracista nas escolas É preciso entender que a linguagem é um sistema que é utilizado para indicar, por meio da comunicação, ideias, valores e sentimentos. A nossa cultura é marcada por ter uma linguagem com diversas expressões racistas e a educação básica pode mudar essa estrutura. A construção de uma sociedade com igualdade e sem discriminação pode começar pelo que você fala, por isto, é necessário que os professores reflitam sobre o preconceito existente na forma de se expressar, definidas há muito tempo por uma visão europeia. Depois que os professores se capacitarem e entenderem o preconceito por trás das palavras, será mais eficiente à implementação de uma educação básica inclusiva e representativa, uma vez que a linguagem contribui para o processo de desqualificação das crianças negras e reforçam uma negatividade no inconsciente.


Desigualdade Racial De caráter estrutural e sistêmico, a desigualdade entre brancos e negros na sociedade brasileira é inquestionável e persiste com a fragilidade de políticas públicas para o seu enfrentamento. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo, os negros representam 75,2% do grupo formado pelos 10% mais pobres do país. Se realmente queremos construir uma sociedade igualitária, é necessário compreender qual o papel que cada estrutura socioeconômica desempenha na reprodução do racismo, a fim de desenhar estratégias eficazes para o seu enfrentamento. Nesse cenário, o combate à desigualdade racial na educação é essencial, enquanto elemento indispensável para qualquer mudança, de modo que sem uma educação efetivamente antirracista não é possível pensar em uma sociedade igualitária.


AS LEIS 10.639/03 E 11.645/08 DETERMINAM QUE NO CURRICULO DO ENSINO BASICO DEVE SER ENSINADO A HISTORIA E CULTURA DA AFRICANA, AFROBRASILEIRA E DOS POVOS INDIGENAS. Essas leis vieram como uma forma de combater o racismo e o preconceito através do conhecimento! Além de trazer representatividade para as crianças negras dentro da escola, fazendo com que se sintam parte da sociedade e combata a exclusão. Elas proporcionam para nós cidadãos brasileiros, o direito de obtermos o conhecimento das nossas verdadeiras raízes da nossa origem. Entretanto muitas escolas não implantaram esses conteúdos, mesmo determinados por esta lei que tem quase 20 anos de vigência! Essa implantação precária se da por diversos motivos, um deles é a falta de professores capacitados em combater o racismo.


Expressões racistas

As expressões racistas são arraigadas no nosso vocabulário e a escola vem desempanhar o papel transformador para a reparação, e elminação desses vícios de linguagem tão truculentos e presentes nos lares brasileiros. Portanto se faz cada vez mais necessários conhecer algumas dessas expressões e suas origens.

Macumba/Macumbeiro

Expressão que discrimina as(os) praticantes de religiões de matriz africana. Macumbeiro: Macumbeiro é a pessoa que toca um instrumento musical chamado macumba, portanto, a macumba (instrumento musical) existe para executar música. Termo usado incorretamente para fazer referência à pessoa que pratica atos religiosos espíritas. (Fonte: Dicionário Informal).


Cor do Pecado

Utilizada como elogio, se associa ao imaginário da mulher negra hipersexualizada, reiterando a visão do corpo da mulher negra como mercadoria. Além disso, a Igreja Católica justificava a escravização por ser um castigo divino, pois considerava que ser negro era pecado.

Lista Negra/Ovelha Negra/Humor Negro Magia Negra

Utilização da palavra “negra” como algo pejorativo, prejudicial, ilegal.

Denegrir

Possui raiz no significado de “tornar negro”, como algo maldoso e ofensivo, “manchando” uma reputação antes “limpa”.

Domésticas

O termo possui origem nas mulheres negras que trabalhavam dentro da casa das famílias brancas e eram consideradas domesticadas, porque eram vistas como animais.

Nhaca

É usada para referir-se ao mal cheiro, forte odor, no entanto Inhaca é uma Ilha de Maputo, em Moçambique, onde vivem até hoje os povos Nhacas.

Criado Mudo

Era o escravizado que ficava em pé, ao lado da cama a noite inteira em silêncio, normalmente segurando água e objetos para servir os “senhores”.


Meia Tigela

A expressão vem da época da escravidão. Quando os escravos faziam o serviço ao agrado do dono, recebiam uma tigela cheia de comida e, aqueles que não faziam, recebiam a tigela pela metade, significando que o trabalho estava mal feito.

“Quando há amor na forma de ensinar, o aluno aprende mais facilmente qualquer conteúdo”

Claudio Naranjo


Os números do mercado de trabalho Há um abismo social quando falamos de educação e oportunidades entre negros e brancos. Esse resultado é refletido na formação e ascensão profissional de pessoas negras, que são incluídas em grupos de trabalhos aptos para serviços braçais e sem necessidade de qualificação profissional e educacional. Esse impacto é visto em números, como o de que apenas 4,7% do quadro de executivos do Brasil é composto por pessoas negras, sendo que esse recorte é ainda mais complexo quando trata-se de mulheres negras, representando apenas 0,4% desse número. É importante, ainda, ressaltar que mais de 80% das empresas afirmam que não possuem medidas para incentivar a inclusão de pessoas negras em seu quadro de colaboradores.


O Papel da Gestão Escolar no Combate à Desigualdade Racial. Conforme abordado neste artigo da seção Em Debate do Observatório de Educação, a educação antirracista é um conjunto de ações que não se limitam a resolver os conflitos cotidianos motivados por questões raciais. Assim, construir essa educação implica necessariamente a revisão do currículo, garantindo sua pluriversalidade, bem como a composição de um corpo docente etnicamente diverso e formado em competências curriculares que abranjam a cultura e a história de povos africanos e ameríndios. Nessa perspectiva, o gestor tem papel fundamental para desenvolver meios que possibilitem a construção dessa representatividade e a redução do preconceito de forma mais ampla, estabelecendo uma educação antirracista mais efetiva do que a simples inserção de conteúdos nos currículos.


MANDELA “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele ou por sua origem ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta”

Nelson Mandela

Algumas sugestões de soluções de gestão para o combate à desigualdade racial na educação, são: 1. Diálogo e valorização da cultura negra. 2. Oficinas e exposições extraclasse para o combate ao preconceito. 3. Participação estudantil como ferramenta de motivação. 4. Representações negras na literatura e nos desenhos animados.


Proposta atividade para trabalhar “Diversidade étnico-racial” Cabe, portanto, ao educador estar preparado para responder a questionamentos, acolher sofrimentos, promover a reflexão e a empatia, fazendo da escola um lugar onde as diferenças são respeitadas e valorizadas. Vale destacar que este aprendizado está alinhado às competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), com destaque para:


6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. Público-alvo: Estudantes do segundo ciclo do ensino fundamental (do 5º ao 9º ano) Disciplinas trabalhadas: O tema pode ser trabalhado de forma interdisciplinar e transversal nas disciplinas de Geografia, História, Língua Portuguesa e Artes. Objetivos: Capacitar os estudantes a questionar ideias preconcebidas relacionadas a cor e raça; estimular o respeito e a valorização da diversidade étnico-racial. Atividades propostas Propomos cinco encontros de 40 minutos, cada.


Encontro 1: “Identificação” O professor fala aos estudantes sobre a formação do povo brasileiro – as raças/etnias que o compõem (indígenas, brancos, negros e amarelos). Em seguida, pede aos estudantes que se auto-identifiquem com uma ou mais raças/etnias, anotando sua resposta em uma folha de papel, sem revelar aos demais. No momento seguinte, a turma tenta adivinhar com qual(is) raça(s)/etnia(s) cada colega se identificou (após os palpites de todos, o estudante revela a sua resposta e explica as características que o levaram a se encaixar naquela raça/etnia). Ao final, o professor auto-identificação de reflexão: quantos são amarelos? Esta é uma que não)?

divide a turma de acordo com a cada estudante e promove uma brancos? E negros? E indígenas? E turma diversa? Por que sim (ou por

Encontro 2: “Radar ligado” Os estudantes serão divididos em quatro grupos. Cada grupo terá como objeto de discussão uma raça/etnia: negros/pardos, brancos, amarelos, indígenas. Os estudantes devem refletir sobre estereótipos. O que se costuma falar sobre as pessoas dessa raça/etnia? De que forma elas são retratadas no cinema, na televisão, nas séries, nos desenhos animados, na publicidade? Há brinquedos que a representem?


Para o próximo encontro, os estudantes devem pesquisar na internet casos de discriminação, buscando identificar a que raça/etnia estão relacionados.

Encontro 3: “Desconstrução” No quadro negro, os estudantes devem relacionar os casos de racismo que pesquisaram de acordo com a raça/etnia das vítimas. Em seguida, devem analisar: qual raça/etnia apresenta mais casos de discriminação? Qual apresenta menos casos? Os estudantes devem eleger cinco casos de racismo que considerem mais marcantes. Cinco estudantes devem apresentá-los à turma. A cada apresentação, o professor atua como provocador, questionando a turma: como imaginam que se sente quem é visto/tratado assim pelas outras pessoas? Que oportunidades essa pessoa perde/ganha por conta dessa imagem? Essa imagem a expõe a algum risco? Ao final do encontro, o professor dá aos estudantes a missão de escolher um dos casos e escrever um texto sobre ele em primeira pessoa, colocando-se no lugar da vítima do racismo: “como é sentir o preconceito na pele”. Quem quiser poderá expor seu texto aos colegas na aula seguinte.


Encontro 4: “Ressignificação”

Os estudantes que desejarem poderão apresentar seu texto aos colegas lendo-o em voz alta. Toda apresentação deve ser acolhida e valorizada pela turma. Terminadas as apresentações, os estudantes devem dividir-se em três grupos. Cada grupo cuidará de um tema de pesquisa: Contribuições que as raças/etnias trouxeram às artes, cultura e costumes; Cientistas, intelectuais e personagens históricos que não receberam destaque por conta da cor de sua pele; Personalidades atuais que têm se destacado positivamente na criação de uma cultura de valorização da diversidade étnico-racial.

Encontro 5: “Consolidação”

Neste último encontro, os estudantes transformarão em cartazes o resultado de suas pesquisas. Ao final, os cartazes comporão uma exposição que poderá ser visitada por toda a comunidade escolar. Critérios de avaliação: Convidar os estudantes para avaliarem as atividades – se as viram como uma oportunidade de refletir criticamente e rever conceitos. Material necessário: Computadores ou celulares (caso a escola permita) com acesso à internet para realização de pesquisa.


Referências Trabalhando o tema “diversidade étnico-racial”. Disponível em: https://plenarinho.leg.br/index.php/2020/07/trabalhandocom-o-tema-diversidade-etnico-racial/. Brasília, 2020. Acesso em: 16/11/2021 *Desigualdade racial na educação brasileira: um Guia completo para entender e combater essa realidade*. Disponível em: https://observatoriodeeducacao.institutounibanco.org.br/e m-debate/desigualdade-racial-na-educacao. 2020 Acesso em: 16/11/2021 Observatório de Educação. Desigualdade racial na educação brasileira: um Guia completo para entender e combater essa realidade. Disponível em: https://www.geledes.org.br/desigualdade-racial-na-educac ao-brasileira-um-guia-completo-para-entender-e-combat er-essa-realidade/. 2020. Acesso em: 15/11/2021 Garcia, Karla. O que o Brasil precisa aprender sobre inclusão de pessoas negras no mercado Disponível em: https://rockcontent.com/br/blog/inclusao-pessoas-negras/ Novembro 2019 Acesso em: 15/11/2021



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