Caminhos de
Solidariedade
Marista
nas
Américas:
crianças e jovens com
direitos
Solidariedade Marista nas Américas Documento de Referência
DOCUMENTO “Integrar a Equipe que contribuiu na elaboração deste documento, significou, dentre outras experiências e vivências, a oportunidade de conhecer e compreender os passos de Champagnat nas Américas, o legado e o compromisso com os caminhos de fé e solidariedade, que materializam a Missão de nosso Fundador no Continente. As vozes de tantas crianças e jovens, as histórias tecidas por aqueles e aquelas que nos antecederam, são fontes inspiradoras e iluminadoras de novos itinerários, pautados na garantia de direitos dos ‘montagnés’ de nosso tempo e na construção de uma sociedade justa, igualitária e sustentável. Que o documento ‘Caminhos de Solidariedade Marista nas Américas: crianças e jovens com Direitos’ ultrapasse as fronteiras da sistematização e do registro, alcance corações, implique as atitudes e gestos, comprometa ações em testemunho, eduque o olhar e se comprometa com a busca por dignidade e justiça social para todas as crianças e jovens, sujeitos de direitos em sua essência.” Dilma Alves Rodrigues Subcomissão Interamericana de Solidariedade Exercício 2009/2011l
O Documento Interamericano de Solidariedade Marista, com o título “Caminhos de Solidariedade Marista nas Américas: crianças e jovens com direitos, é um documento que exprime o resultado de uma caminhada percorrida por Irmãos, Leigos e Leigas, comprometidos com a Missão Marista de Champagnat, a partir de referenciais bíblicos, das declarações Internacionais de Direitos Humanos e Universais; da leitura cenários dos países das Américas onde há presença marista (11 países); da escuta de crianças,
adolescentes e jovens dos mais variados contextos e realidades das Américas e do histórico da presença marista nas Américas, que sentiam a necessidade de construção de um documento marista de solidariedade nas Américas. É o resultado de um processo de diálogo sobre a importância da construção de um documento marista de solidariedade nas Américas, sob a coordenação da Subcomissão de Solidariedade.
DESENVOLVIMENTO “O Documento, construção coletiva sonhado, pensado e construído coletivamente reflete o sentir e o jeito marista de realizar o Ser Solidário e a Solidariedade no contexto do continente americano, em resposta aos desafios enunciados pelo XXI Capítulo Geral. A construção e garantia de direitos para crianças e jovens são fundamentais para uma sociedade inclusiva e para a própria concretização do Reino”. Ir. Valdícer Fachi Secretário Executivo da UMBRASIL e Coordenador da Comissão Interamericana de Missão
Para construí-lo, foram formados grupos de escrita, compostos por membros representantes das três regiões maristas do continente americano (Arco Norte, Brasil e Cone Sul). Os grupos realizaram, no período de 2009 e 2010, o trabalho coletivo de redação dos capítulos. Foram idas e vindas, diversas versões redigidas, cada qual aprimorando a produção dos textos, expressando o compromisso e o engajamento de todos os atores envolvidos.
Para garantir a palavra das crianças, adolescentes e jovens, foram desenvolvidas metodologias variadas e criativas destes nas Américas, incluindo os mais diversos contextos onde há a presença marista, no sentido de colher suas vozes, sonhos, denúncias, esperanças e situações de violação de seus direitos; bem como um amplo estudo das realidades e cenários socioeconômico-culturais dessas crianças, adolescentes e jovens nos países da região, com a colaboração das Províncias e dos Distritos.
Em junho de 2011, na Cidade do México, foi realizado o IV Encontro Interamericano Coração Solidário Marista, o qual se propôs a alcançar quatro objetivos: a) Dialogar, validar e criar estratégias para a apropriação do Documento Interamericano de Solidariedade Marista, segundo as regiões: Arco Norte, Brasil e Cone sul;
b) Compartilhar experiências significativas das Províncias e dos Distritos para propiciar iniciativas e projetos de solidariedade; c) Refletir e acordar a dinamização da Rede Coração Solidário Marista na América; d) Conhecer as realidades dos jovens, suas experiências e inquietações.
PARTICIPANTES O Documento Caminhos da Solidariedade nas Américas, mais do que um livro, é um símbolo da construção coletiva que acontece desde que os primeiros Irmãos desembarcaram nas Américas, especialmente o que envolveu o trabalho com os mais sofridos e esquecidos socialmente. A missão marista obrigatoriamente passa pelos “Montagnes”, podemos inclusive afirmar que se fosse possível fazer um exame de DNA nesta, os empobrecidos e os mais esquecidos formariam a base da cadeia hereditária. Em outras palavras, deixar escrito um Documento feito a tantas mãos e que fala da Solidariedade Marista é buscar a garantia de que não abrimos mão desta opção e queremos que tal herança seja deixada às próximas gerações, seja de Irmãos ou de Leigos. É posicionar-se frente a atual estrutura socio-economica-politica das Américas, como Cristãos e Profetas da Educação. Ir. Miguel Antonio Orlandi Subcomissão Interamericana de Solidariedade 2012/2015
A construção do documento Caminhos de Solidariedade Marista foi coordenada pela Subcomissão Interamericana de Solidariedade (2007-2011), composta por: Mércia Maria Silva Procópio (Coordenadora – Brasil), Dilma Alves (Brasil), Mónica Linares (Argentina), Angélica Alegría Formoso (México), Ir. Juan Carlos Robles (México), Ir. Vicente Falqueto (apoio – Brasil) e Ir. Jorge Gaio (apoio – Brasil). O processo final de publicação esteve a cargo da nova Subcomissão Interamericana de Solidariedade (2011-2014), composta por: Angélica Alegría Formoso (Coordenadora – México), María del Socorro Álvarez (México), Ir. Miguel Orlandi (Brasil) e Juan Carlos Pellón (Peru). Participaram da construção e do seu desenvolvimento, 12 Províncias e Distritos Americanos, com informações de
15 países do continente. Foram realizados dois encontros continentais de solidariedade, que contaram com a participação de dezenas de Irmãos e Leigos, sendo um em Belém (Brasil), em janeiro de 2009, acompanhado pelos irmãos Emili Turú e Juan M. Anaya, e o outro na Cidade do México, em junho de 2011. Com a constituição do Secretariado de Missão, Ir. João Carlos do Prado passou a acompanhar o processo de elaboração do texto até a sua finalização. A elaboração do Documento contou com o apoio da Conferência dos Provinciais da América (CIAP), que alentou seu processo de construção e aprovou suas linhas gerais na reunião de setembro de 2011, em Luján, Argentina.
ESTRUTURA O Documento Caminhos de Solidariedade Maristas nas Américas é um sinal de profecia e audácia do Instituto, nestes tempos em que os direitos das crianças, adolescentes e jovens, em especial dos empobrecidos, são extremante violados. Mobilizar a Rede Coração Solidário na construção de um posicionamento em defesa e garantia desses direitos alimenta nossa utopia de que “um outro mundo é possível” e nos compromete como maristas a contribuir de forma significativa e apaixonada na promoção de vida digna em abundância para estes sujeitos. Em Belém - início da nossa trajetória de construção - compartilhamos os cheiros, as cores, as paisagens e realidades da Amazônia e fomos interpelados pelos olhares e vozes das crianças, adolescentes e jovens pan-amazônicos. Aos pés de Guadalupe e provocados pelos jovens do México, reafirmamos nossos sonhos e compromisso com os povos das Américas e com as múltiplas infâncias e juventudes, firmados na escrita do Documento, que não é apenas escrituras, mas pura e intensa vida assumida como nosso maior compromisso pessoal e institucional. Fica em meu coração, uma profunda gratidão a cada um e cada uma pela generosa partilha de saberes, pela construção coletiva e em especial por ousarmos assumir, em rede, o compromisso pela luta, defesa e promoção dos direitos das crianças, adolescentes e jovens. Mércia Maria Silva Procópio Coordenadora da Subcomissão Interamericana de Solidariedade Exercício 2009/2011
A publicação Caminhos de Solidariedade Marista está estruturada em cinco capítulos: 1. Cenários de Infância, Adolescência e Juventude nas Américas 2. Referências Institucionais, Eclesiais e Internacionais de Solidariedade 3. Itinerários de Solidariedade nas Américas 4. Vozes e sonhos das crianças e jovens 5. Princípios orientadores O Documento tem como foco o tema da solidariedade na perspectiva da garantia, promoção e defesa dos direitos – tema de extrema relevância para todos os atores que compõem os espaços maristas (universidades, faculdades, colégios, escolas, centros sociais, espaços de missão, etc.) – e antecipa a necessidade de sinergias de esforços no sentido de definir estratégias de atuação articulada, especialmente nos seguintes espaços:
PROTAGONISMO DE CRIANÇAS, ADOLESCENTES E JOVENS Desenvolvimento de ações e criação de instâncias que deem efetivamente prioridade à inclusão e à promoção dos mais pobres nas comunidades que atendemos, evitando voltar a excluir os que já tinham sido excluídos.
ARTICULAÇÃO COM OUTROS ATORES, ORGANISMOS E REDES Colaboração e convênios com organizações da Igreja, da sociedade civil e do Estado, visando à promoção e defesa dos direitos das crianças, dos adolescentes e dos jovens, assegurando o financiamento das iniciativas, a provisão de recursos e a geração de conhecimentos.
“Participar deste projeto desenvolvido nas Américas, significou, diante de tantas bonitezas e aprendizagens, saberes e fazeres, possibilidade de mergulhar em águas mais profundas no campo da Solidariedade, Compromisso com a Vida e Testemunho do legado de Champagnat, neste campo de Missão. Os caminhos percorridos por aqueles que nos antecederam demonstram a presença Marista junto aos ‘montagnes’ de nosso tempo, o compromisso com o Reino de Deus e com a Justiça Social. Oxalá que as diretrizes apontadas no Documento ‘Caminhos de Solidariedade Marista nas Américas: crianças e jovens com Direitos’, possa fortalecer e fomentar a atuação e compromisso Marista com a Garantia de Direitos das Crianças e Adolescentes, renovar nossa fidelidade à escuta de suas vozes que se manifestam, permitindo-nos, nos territórios onde atuamos e em parceria, rede, criar ambiências promotoras da cultura da paz e da evangelização libertadora.” Cláudia Laureth Gerente Social da Província Marista Brasil Centro-Norte
ESTRUTURA E DINÂMICA DAS PROVÍNCIAS E DISTRITOS Garantia da solidariedade como parte fundamental e central da Missão Marista nas províncias e distritos, integrando-os nos processos da gestão administrativa, educativa e pastoral.
COLABORAÇÃO INTERPROVINCIAL E INTERNACIONAL Estabelecimento de acordos de cooperação com organismos nacionais e internacionais – maristas e
não maristas – para realizar projetos, captar recursos e desenvolver iniciativas de promoção e defesa dos direitos (advocacy), resguardando os princípios que fundamentam a solidariedade marista. Para tanto, estabelece princípios e horizontes de ação para reafirmar que devemos contribuir, optando pelos pobres, vivendo junto deles, comprometendo-nos a trabalhar para a superação das desigualdades sociais, a erradicação da pobreza e a construção da justiça e da paz.
PRINCÍPIOS ORIENTADORES A construção coletiva do documento “Caminhos de Solidariedade Marista nas Américas: crianças e jovens com direitos” foi um grande desafio para todos os participantes. Tarefa difícil, que exigiu de cada um, movimentos de desconstrução e construção de conceitos e certezas, exercício de olhar atento às diferentes realidades, estabelecimento de conexões e alinhamentos nem sempre fáceis, aproximações sucessivas e necessárias, que nessa trajetória transformou seus participantes e a Solidariedade Marista nas Américas. Marco Antonio Barbosa Assessor Social da Rede Marista de Solidariedade Grupo Marista
São sete os “princípios orientadores” que fundamentam as presenças, as opções e os itinerários de solidariedade marista nas Américas que, desenvolvidos ao final do Documento, se apresentam – em coerência com os capítulos anteriores – como uma bússola que orienta o caminho a seguir, ou seja, desdobram um programa de vida que necessita ser incorporado aos nossos projetos pessoais e institucionais, se quisermos ser fieis ao espírito de Deus e à realidade do mundo: 1. Em direção a uma Nova Terra!: princípios que favorecem a construção de itinerários inovadores de solidariedade, de novas utopias e presenças (abertura e atenção, diálogo com novas práticas, participação em experiências significativas, presenciais e proféticas junto aos pobres...). 2. Com os “Montagne” de hoje: princípios que fazem referência à concepção de crianças e jovens como sujeitos de direito: à escuta de suas palavras e ao compromisso e vulnerabilidade (aporte protagônico de crianças e jovens, fortalecimento da autoestima e vínculos, promoção do exercício dos seus direitos...). 3. Com os povos das Américas: princípios que valorizam a diversidade cultural, a pluralidade de contextos e que têm o desafio da superação das desigualdades sociais (valorização
de diferentes identidades, diálogo com as culturas atuais, compromisso com a luta dos povos indígenas e outros excluídos, além da erradicação da pobreza...). 4. Promovemos “a Vida em abundância” (Jo 10, 10): princípios que defendem a centralidade de Jesus na missão, a solidariedade como compromisso evangélico, a vida em todas as suas formas (profunda experiência espiritual, trabalhar pela felicidade de todos, denúncia de estruturas que ameaçam a vida, procura por novos estilos de educação e evangelização...). 5. Com Maria, cantamos o Magnificat: princípios que sublimam a dimensão profética e mariana da solidariedade (escuta da Palavra, disponibilidade à vontade de Deus, crer em Deus da vida e da misericórdia, ser o rosto de Maria…). 6. Nas redes da solidariedade: princípios que remetem à atualização da atuação na rede e à incidência em políticas públicas para a promoção e defesa dos direitos das crianças e jovens (cooperação entre Unidades Administrativas, colaboração recíproca com o FMSI, participação nas redes da Igreja e da sociedade civil...). 7. Somos Champagnat nas Américas: princípios que levam a vivenciar um estilo solidário, que sintoniza com aquele de São Marcelino (priorização das necessidades e urgências das
crianças e jovens pobres, desenvolvimento de metodologias adequadas, incorporação da solidariedade nos projetos educativos das unidades administrativas, defesa do direito da educação integral e de qualidade, harmonização coerente do ideário marista e gestão administrativa...). Mais consciência de que “somos Champagnat” para as crianças e jovens nos dá a capacidade para trabalhar mais decisivamente a favor da dignidade humana, especialmente daqueles social e historicamente vulneráveis. Nosso coração
marista se move ao ritmo do “coração de Champagnat”, para quem nenhum esforço resultava impossível quando se tratava dos pobres e postergados. Como ele, acreditamos em nossa capacidade de transcender e transformar a realidade, tendo como objetivo o esforço consciente e tenaz de “comprometernos a olhar o mundo com os olhos das crianças pobres, para assim mudar nossos corações e atitudes como fez Maria” (XXI Capítulo Geral). É o espírito que tem levado os maristas inequivocamente a aprofundar o valor da solidariedade, particularmente enfatizado nos Capítulos Gerais XX e XXI.
FORTALECIMENTO DO CARISMA MARISTA NAS AMÉRICAS E GARANTIA DOS DIREITOS DE CRIANÇAS, ADOLESCENTES E JOVENS A escrita do documento “Caminhos de Solidariedade Marista nas Américas” foi realizada a muitas mãos e reflete: a presença significativa e de qualidade junto às infâncias e juventudes das Américas há mais de 100 anos; o posicionamento aderente à defesa e à garantia dos direitos das crianças e jovens; a atuação em rede, com diversos atores da sociedade civil, do governo e eclesial; o reconhecimento das vozes e sonhos das crianças e jovens; os princípios orientadores que visam redirecionar nossa prática e reflexão. Ir. Jorge Gaio Articulador da Rede Marista de Solidariedade Grupo Marista
“Caminhos da solidariedade Marista nas Américas: Crianças e Jovens com direitos” surge como fruto da reflexão e do compromisso assumido pelas Províncias e Distritos da América em trabalhar de maneira decidida e articulada em prol dos direitos das crianças e dos jovens do Continente. O documento tem a missão de apresentar os cenários da infância, adolescência e juventude nas Américas e as
referências Institucionais, Eclesiais e Internacionais de Solidariedade; resgatar os itinerários de solidariedade marista nas Américas; escutar as vozes das crianças, adolescentes e jovens; e oferecer alguns princípios orientadores para a defesa dos direitos da infância e da juventude nas Américas.
CHAMADA PARA AÇÃO Participar do Encontro Interamericano foi uma experiência maravilhosa de partilha e construção coletiva, num processo que respeitou as diversidades e especificidades de cada Província e, principalmente, fortaleceu a unidade da Missão Marista! O documento nos desafia a “semear a solidariedade” em todos os nossos espaços de atuação e, por meio da ação de todos os sujeitos, contribuir efetivamente para a construção de uma sociedade com justiça social. Neuzita de Paula Soares Assessora Educacional da Rede Marista de Solidariedade Grupo Marista
Espera-se que o Documento contribua para uma reflexão pessoal e comunitária; para o crescimento na vocação solidária daqueles que sentem a alegria de se tornar parte da grande missão marista; para o discernimento sobre as opções solidárias; para que outras pessoas e instituições possam tecer uma rede que sustente a dignidade completa aos mais vulneráveis da nossa sociedade; para o movimento efetivo para os sonhos que nos convocam e, como síntese, para superação de todos eles, o Reino de Deus crescendo entre nós; e, por último, para que ajude
os que querem permanecer abertos e disponíveis a novos caminhos, a “terra nova,” aos novos nascimentos que ainda não distinguimos, mas que Deus nos tem preparado. Que seja um valioso instrumento que proponha caminhos, orientações, direções; um olhar compartilhado para as práticas e marcos de referência no que queremos nos movimentar, trabalhar, refletir, rezar e viver como comunidades maristas que evangelizam educando.