EQUIPE TÉCNICA
Carlos Ilton Cleto Economista, doutor em Engenharia da Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina e professor da FAE.
Gilmar Mendes Lourenço Economista, mestre em Gestão de Negócios pela Universidade Federal de Santa Catarina, professor da FAE, eleito “O Economista Paranaense Acadêmico do Ano de 2011”, pelo Corecon/PR, e vencedor do Prêmio “Imprensa”, em 2011, 2012, 2013 e 2014, na categoria gestor de empresa pública, oferecidos pelo grupo Quality TV & Jornais.
Semi Cavalcante de Oliveira Historiador, Mestre em História Política pela Universidade Federal do Paraná e professor da FAE.
PIB E RECESSÃO MADURA NO BRASIL Gilmar Mendes Lourenço
Os dados de produto interno bruto (PIB) brasileiro, relativos ao primeiro trimestre de 2015, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atestam o aprofundamento do processo recessivo instalado na economia nacional a partir de abril de 2014. O agregado decresceu -1,6% nos primeiros três meses do ano, em comparação com idêntico período de 2014, caracterizando a quarta retração seguida nesta base de confronto e o 31° pior comportamento entre 33 países acompanhados pela Austing Rating, suplantando apenas da Ucrânia (-17,6%), prejudicada por guerras e pressões separatistas, e Rússia (-1,9%), abalada pela depreciação do petróleo e do rublo, subida dos juros, sanções econômicas do ocidente e conflitos políticos. De fato, considerando que o estado de recessão é identificado, tecnicamente, quando o PIB encolhe por dois trimestres consecutivos, o prolongado intervalo de tempo de contração dos níveis de produção e transações favorece o diagnóstico de acentuada anemia do aparelho econômico nacional. Em cotejo com outubro-dezembro de 2014, o tombo foi de -0,2%. É interessante assinalar que essa colheita ruim não constitui mero acidente de percurso da conjuntura, fruto da crise global - como tentam transmitir as autoridades de Brasília - que, por sinal, vem emitindo indiscutíveis sinais de moderada, porém generalizada, reversão, puxada pelos Estados Unidos (EUA), desde o segundo semestre de 2013. Ao contrário, a rota cadente é resultado de árduo esforço de destruição da política econômica vigente entre 1999 e 2008 – ancorada em adequado manejo das contas públicas, superávits fiscais primários, metas de inflação, câmbio flutuante e lei de responsabilidade fiscal (LRF) - e substituição por um experimento intervencionista populista, que beneficiou o consumo público e privado em detrimento das inversões em infraestrutura e ampliação e modernização da capacidade de oferta do sistema. A marcha ladeira abaixo assumiu contornos ainda mais agudos com o lançamento do arsenal de medidas de austeridade fiscal e monetária, pela pasta da Fazenda e o Banco Central (BC), neste começo de 2015, rotulado com o slogan “ajustar para vencer”, empregado pelo governo federal, e aprovado com louvor pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), empenhado em avalizar o ministro Levy na empreitada para a preservação do investment grade da dívida brasileira pelas agências internacionais de rating. Pela ótica da demanda agregada, enquanto as exportações subiram 3,2%, no primeiro trimestre, consumo das famílias, gastos da administração pública e formação bruta de capital fixo retrocederam -0,9%, -1,5% e -7,8%, respectivamente. Foi a primeira queda nos dispêndios dos consumidores desde 2003, decretando, na prática, o ciclo de demanda de consumo baseado em desinflação, valorização do salário mínimo, formalização do mercado de trabalho, crédito e iniciativas oficiais de transferência de renda.
O desempenho seria ainda pior não fosse a eterna “salvação da lavoura”, brotada do agronegócio.
A taxa de investimento (obras de infraestrutura, instalações e produção e aquisição de máquinas e equipamentos destinados a elevar o ativo fixo) baixou de 20,3% do PIB, nos primeiros três de meses de 2014, para 19,7% do PIB entre janeiro e março de 2015, também explicada pelo decréscimo de -4,7% nas importações.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 1
Pelo ângulo setorial, o desempenho seria ainda pior não fosse a eterna “salvação da lavoura”, brotada do agronegócio, estimulado pela recente desvalorização do real, a despeito da queda das cotações internacionais dos alimentos, dos insuficientes estímulos governamentais a um segmento de elevados riscos (climáticos e de mercado) e dos crescentes estrangulamentos logísticos e infraestruturais. Enquanto o PIB da agropecuária cresceu 4%, o industrial encolheu -3% e o de serviços caiu -1,2%, puxado por comércio (-6%). No setor de industrial, a única classe poupada foi extração de minerais (+12,8%), apoiada em petróleo, gás e minério de ferro. Constatou-se retração em transformação (-7%), construção civil (-2,9%) e produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana (-12%). A produção do segmento de transformação acusou decréscimo de -5,9%, afetada por bens de capital (-18%) e de consumo duráveis (-15,8%), em razão da contração dos investimentos, emprego, rendimentos, crédito (com explosão dos juros) e, sobretudo, da confiança. Enquanto isso, a fabricação de bens de consumo não duráveis e semiduráveis e intermediários caiu -5,9% e -2,8%, em resposta ao encurtamento do crédito e da demanda de insumos por parte das organizações estatais, em crise financeira e de gestão e impregnadas por corrupção. A performance de serviços, comércio e consumo refletiu o círculo vicioso, formado por encarecimento e diminuição da oferta de crédito, recuo da massa salarial (retomada da marcha de desemprego e de menores reajustes reais de rendimentos) e elevado endividamento e inadimplência dos consumidores. Essa última restrição provocou a precipitação de posturas defensivas das famílias, afastando-se das aquisições a prazo e de itens supérfluos e priorizando ações de compra de produtos essenciais e quitação (e não contratação) de débitos, notadamente aqueles que carregam maiores encargos financeiros (cartão, cheque especial e operações pessoais em financeiras). Para piorar, as expectativas para o restante do ano são absolutamente desanimadoras. O panorama de exacerbação da deterioração dos indicadores mais sensíveis e/ou explicativos do comportamento da economia real – consumo de energia, encomendas de embalagens e movimentação de veículos pesados -, ao lado das certezas quanto aos desdobramentos depressivos da atual orientação macroeconômica e das dúvidas em relação à sua eficácia na obtenção do ajuste fiscal, vem potencializando o delineamento de cenários mais sombrios, por parte dos agentes sociais. No fundo, a ocupação de posições de empresários, trabalhadores e consumidores tem sido influenciada decisivamente pela avaliação de que um governo politicamente frágil - em permanente atrito com o legislativo, pouco comprometido com as reformas institucionais e sem nenhum coelho na cartola - não é dotado de cacife para sustentar cortes abrangentes e encorpados nos dispêndios públicos, suficientes para eliminar tensões inflacionárias e ensejar redução estrutural dos juros, desvalorização competitiva do real, majoração dos gastos do setor privado e, por consequência, a tão esperada retomada do crescimento. Essa linha interpretativa é ilustrada pelas projeções dominantes na praça, apontando recuo de -1,2% do PIB e avanço de 8,4% da inflação, em 2015, corroborando a desconfortável condição de estagflação, em meio a uma atmosfera mundial marcada por reativação econômica, desprovida de pressões inflacionárias. Infelizmente, em menos cinco anos, o Brasil foi transformado de queridinho dos mercados em monstrinho da globalização. Só a título de ilustração, em 2015, o País ocupou a sua pior posição na classificação mundial de competitividade das nações, realizada pelo International Institute for Management Development (IMD), em parceria com a Fundação Dom Cabral, desde 1989, figurando em 56° lugar, em 2015 (depois de ocupar o 38° posto, em 2010), em um painel composto por 61 estados nacionais, em função primordialmente da diminuta eficiência do governo nos campos político, institucional e regulatório e a precariedade infraestrutural e educacional. No ranking do IMD, o Brasil suplanta apenas a Mongólia, Croácia, Argentina, Ucrânia e Venezuela.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 2
BLOQUEIO DO ORÇAMENTO E NATUREZA E DIMENSÃO DA CRISE Gilmar Mendes Lourenço
O corte de R$ 69,9 bilhões no orçamento de 2015 (equivalente a 6% da programação, o maior em treze anos), anunciado em 22 de maio, pelo Ministro do Planejamento Nelson Barbosa, e a elevação da alíquota da contribuição social sobre o lucro líquido dos bancos, de 15% para 20%, buscam apenas compensar as resistências e barreiras impostas à aprovação, e até a desfiguração, do ajuste fiscal, proposto pelo governo, no legislativo. A tesoura atingiu R$ 48,5 bilhões das despesas do executivo, R$ 25,7 bilhões somente do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e R$ 21,4 bilhões das emendas parlamentares. Por defender esforço fiscal de magnitude ainda maior, e divergir do esperneio do núcleo petista, instalado no Palácio do Planalto e vizinhanças, em relação a vários pontos do plano de estabilização, com ênfase para a desoneração da folha de salários e o fator previdenciário, o ministro Joaquim Levy não compareceu à cerimônia de exposição do montante do contingenciamento. Sintomaticamente, a explicitação das características da cirurgia orçamentária, junto com a estratégica de elevação dos juros, foi elogiada pela diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, sentenciando que o Brasil estaria “claramente no caminho certo”, em uma espécie de contaminação da entidade multilateral pelo slogan “ajustar para avançar”. Poucos sublinharam que a postura oficial simplesmente transfere o sacrifício do arrojo fiscal improvisado, e o pagamento de distorções crônicas do Estado e das irresponsabilidades do primeiro mandado da presidente Dilma, para a sociedade, abarcando a supressão de haveres predominantemente das rubricas sociais (saúde, educação, cidades, Minha Casa Minha Vida, entre outros) e dos investimentos públicos, que diminuirão 30% frente aos valores de 2014. Convém lembrar que se trata de uma readequação da peça orçamentária particularmente preocupante, feita sobre uma base já bastante deprimida, e negligenciando o diagnóstico de que o Brasil atravessa uma das piores crises de sua história, confirmado, ao contrário da retórica das autoridades, a cada nova rodada de divulgação de estatísticas econômicas. Os indicadores revelam que a dimensão da instabilidade já estaria bastante próxima daquela registrada em 2009, quando o aparelho de produção e de negócios operante no País foi atingindo pelos efeitos do default externo, nascido da falência do segmento hipotecário de segunda linha nos Estados Unidos (EUA), conhecido como subprime. Entretanto, o ambiente de 2015 carrega doses adicionais de complexidade e perigos. Trata-se de um espetáculo exclusivamente made in Brasil, pois a economia internacional emite sucessivos sinais de recuperação generalizada, embora moderada, baseada em juros e inflação cadentes e amparada geograficamente no reerguimento norteamericano, na superação da recessão europeia e na expansão, em ritmo menor, dos mercados emergentes, liderados pela China. Por essa perspectiva, não é necessário ser um atento observador da conjuntura para perceber que o Brasil constitui o ponto fora da curva, ou o patinho feio, no palco da globalização. Mais que isso, considerando os desarranjos institucionais e políticos acoplados ao clima econômico, parece razoável o aceite do argumento acerca da existência de semelhanças entre o panorama presente e aquele prevalecente no princípio da década de 1990, que conduziu à instauração do impeachment do presidente Collor e à sua subsequente renúncia.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 1
Os números negativos repousam em raízes profundas e incorporam os impactos dos erros passados de política econômica e os supostos mecanismos de correção.
Até porque, os números negativos repousam em raízes profundas e incorporam os impactos dos erros pretéritos de política econômica e os supostos mecanismos de correção e superação do ambiente de turbulência, espelhados no ajuste fiscal e monetário, em implantação pelo Ministério da Fazenda, ladeados pelo colapso de confiança e exacerbação das incertezas dos agentes em relação ao futuro. Mais especificamente, na órbita dos preços, a prévia do indicador oficial de inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), subiu 8,24% em doze meses até a metade de maio de 2015, retratando a maior alta registrada desde janeiro de 2004 (8,46%).
Pelo ângulo real, em doze meses acumulados até março de 2015, produção, emprego e folha de pagamento real (descontada a inflação) da indústria registraram decréscimo de -4,7%, -3,9% e -2,8%, respectivamente. O estrago na fabricação atingiu a base e a ponta, com retração de -13,8% em bens de capital e -13,6% em bens de consumo duráveis. Em igual intervalo, o volume de vendas do comércio varejista e a receita real do setor serviços caíram -3,4% e 3,2%, respectivamente. As vendas externas e as importações brasileiras, em dólares, também contraíram -16,4% e 15,9%, respectivamente, entre janeiro e abril de 2015, quanto cotejadas com o mesmo período de 2014. A construção civil, abalada pela deterioração da atmosfera de credibilidade e o enfraquecimento do financiamento de longo prazo para a aquisição de imóveis, contabilizou diminuição de -57% nos lançamentos, no primeiro trimestre de 2015, priorizando a desova de estoques. A combinação entre subida da taxa Selic - de 7,25% ao ano para 13,25% a.a., em dois anos - e aperto orçamentário das famílias provocou evasão líquida de mais de R$ 30 bilhões, nos recursos depositados em cadernetas de poupança, fonte principal dos empréstimos habitacionais, entre janeiro e abril de 2015, contra ingressos líquidos de R$ 240 bilhões no intervalo 2011-2014, comprometendo os desembolsos para o crédito imobiliário. Em função dessa situação adversa, a Caixa Econômica Federal diminuiu em 20% a oferta de empréstimos para a casa própria e subiu os juros por duas vezes, neste ano. Igualmente, a agência pública vem sendo forçada à efetivação de operações de complementação dos haveres da poupança, com captações via emissão de letras de crédito imobiliário (LCI), remuneradas a 80% dos rendimentos dos certificados de depósito interfinanceiro (superiores a 13% a.a.). Ademais, o desemprego metropolitano chegou, em abril de 2015, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a 6,4% da população economicamente ativa (PEA), contra 6,2% da PEA, no mês anterior, e 4,9% da PEA, em abril de 2014. Já a remuneração média real do pessoal ocupado encolheu -0,5% e -2,9%, em abril de 2015, em confronto com março de 2015 e abril de 2014, respectivamente. Em linha análoga, a desocupação, calculada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, aplicada em famílias residentes em 3.500 municípios brasileiros, saltou de 6,8% da PEA, em 2014, para 7,9% da PEA, no primeiro trimestre de 2015, versus 7,2% da PEA, nos primeiros três meses de 2014. Quanto ao emprego como carteira assinada, houve fechamento líquido de -263,5 mil postos no ano encerrado em abril de 2015, puxado por saldos negativos da indústria de transformação (-308 mil) e da construção civil (-275 mil). A colheita de dados ruins ainda contém a diminuição de -2,7% Da arrecadação de tributos federais, no primeiro quadrimestre de 2015, e de -1,6% do produto interno bruto (PIB), no primeiro trimestre de 2015, quando confrontado com o desempenho dos primeiros três meses de 2014. Nesse contexto, apesar de conduzir a resultados pouco animadores, o exercício de descrição e interpretação do quadro corrente e de prospecção dos cenários de curto e médio prazo não apresenta maiores embaraços ou dificuldades. Partindo do pressuposto de que o arranjo político em permanente adequação, entre governo Dilma e Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 2
Congresso Nacional, não expressa qualquer compromisso relevante e/ou crível voltado à implantação das reformas estruturais – incorporando redução permanente de dispêndios públicos, elevação da eficiência da máquina limitações ao endividamento e combate rigoroso à sonegação e evasão fiscal - é lícito admitir que a restauração das condições para a virada do jogo, na direção do ingresso da nação em uma fase de reativação dos níveis de atividade, dependeria quase que exclusivamente da redução consistente das taxas de juros e, por extensão, da depreciação competitiva da taxa de câmbio. Se tal pressuposição estiver correta, o desenho do conserto macro e da recuperação econômica estaria borrado. De fato, o declínio dos juros requer firme convergência da inflação rumo ao centro da meta de 4,5% a.a., fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o que, de seu turno, impõe recuo substancial dos dispêndios públicos correntes, em montantes capazes de promover o restabelecimento da confiança e, por extensão, do preenchimento do vazio pelos gastos privados.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 3
A EXPLOSÃO DA BOMBA FISCAL E FINANCEIRA DOS ESTADOS Gilmar Mendes Lourenço
A recente onda de manifestações, protestos e paralisações de diferentes categorias de servidores públicos, capitaneadas por professores, verificada em várias unidades federativas, confirma a consolidação de uma trajetória de precarização do funcionamento do Estado brasileiro, construída gradativamente em duas décadas, a ponto de este não mais caber dentro de si próprio. A bomba explodiu. Na verdade, a fragilidade fiscal e financeira, que passou a interferir decisivamente na elaboração e execução dos orçamentos dos governos, reproduz a peculiaridade estruturalmente desfavorável da contabilidade fiscal das instâncias subnacionais, não solucionada com a renegociação de passivos junto à União, acontecida em meados do decênio de 1990, em troca da celebração de compromissos de privatização da infraestrutura e dos bancos regionais. O mais gritante é que, ao contrário do que se tencionava, houve pronunciada impulsão do endividamento, por conta da definição de correção dos débitos pela formula que agrega a variação do índice geral de preços – disponiblidade interna (IGP-DI) - calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e que apresenta elevada volatilidade em função de sua sensibilidade a choques de oferta –, a juros entre 6% e 9% ao ano. A situação de penúria foi agravada com o fim do imposto inflacionário, a partir da vigência do real, em julho de 1994 - expediente que desligou a corrente de vantagens auferidas, até então, pelos poderes executivos locais, com a utilização da indexação de receitas e atraso do pagamento de despesas -, prejudicando a cobertura de dispêndios fixos e inerciais, como folha salarial e previdenciária, e provocando retração da massa de recursos dirigida à cobertura de inversões em recuperação, modernização e aumento dos empreendimentos e serviços públicos. Igualmente nocivo foi o alargamento da concentração da carga tributária na esfera federal. O fardo de impostos cobrado no País subiu de 25,8% do produto interno bruto (PIB), em 1993, para 37% do PIB, em 2014, ancorado na criação ou ampliação da base de incidência de itens não partilháveis com estados e municípios, como Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), PIS/COFINS, entre outras. Tanto é assim que a União absorve 68,9% do fardo, os estados, 25,3%, e, os municípios, 5,8%. Sem contar o sacrifício designado aos estados com a implantação do Fundo Social de Emergência (FSE), em 1994, depois transformado em Fundo de Estabilização Fiscal (FEF) e, mais adiante, incluído na peça orçamentária como Desvinculações das Receitas da União (DRU), e a instituição da Lei Kandir, em novembro de 1996, que desonerou as exportações de produtos básicos e semielaborados, sem assegurar compensação adequada. Não bastasse isso, a preservação das práticas de gestão financeira dos tempos de hiperinflação indexada provocou uma autêntica pauperização da política fiscal subnacional, traduzida na disseminação do fenômeno de maior velocidade de crescimento das despesas com o funcionalismo vis a vis a da arrecadação, especialmente no
Cinco governos estaduais encerraram o exercício de 2014 furando o teto da Lei de Responsabilidade fiscal para as despesas com os funcionários públicos e outros três estouraram o limite prudencial.
período 2010-2014, mesmo com a vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), editada em maio de 2000. Só a título de ilustração, cinco governos estaduais (Alagoas, Paraíba, Piauí, Sergipe e Tocantins) encerraram o exercício de 2014 furando o teto da LRF para as despesas com os funcionários públicos, fixado em 49% da receita corrente líquida (RCL), e outros três (Paraná, Santa Catarina e Rio Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 1
Grande do Sul) estouraram o limite prudencial, estipulado em 46,55% da RCL. Um esforço de cotejo de tal cenário com aquele desenhado em 2010, quando somente a Paraíba extrapolou o teto e apenas Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Tocantins ultrapassaram a barreira prudencial, permite constatar o indiscutível definhamento das finanças dos estados no último quadriênio. Lembre-se aqui que, uma vez alcançado o limite prudencial, o ente federado torna-se rigorosamente represado no que se refere a acréscimos das cifras da folha de servidores e obrigado a eliminar os excedentes nos dois quadrimestres subsequentes. Em não sendo isso feito, a unidade pode vir a sofrer o corte das transferências voluntárias da União e não poder efetuar contratações de operações de crédito. No entanto, o panorama fiscal desolador também repousa em raízes conjunturais, explicativas do menor incremento do potencial de receita tributária, especialmente em 2013 e 2014, em face dos efeitos do populismo tarifário e tributário, implícito na orientação macroeconômica intervencionista da administração Dilma Rousseff. Mais precisamente, os tesouros estaduais acusaram apreciáveis prejuízos ocasionados pela redução dos encargos federais incidentes sobre as tarifas de energia elétrica (principal fonte de ICMS nestes espaços geográficos), a extinção da contribuição de intervenção sobre o domínio econômico (Cide), recolhida sobre comercialização de combustíveis, e a queda dos repasses do fundo de participação (FPE), provocada pelo declínio da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados (IPI), consequência da diminuição das alíquotas para uma cesta de bens de consumo duráveis e de materiais de construção. Daí a incapacidade de obtenção do equilíbrio das contas, prestação de serviços correntes, suprimento das demandas por inversões em infraestrutura econômica e social e satisfação dos pleitos, em sua maioria complexos e legítimos, dos servidores. O pior é que não se vislumbra qualquer luz no fim do túnel para o imbróglio fiscal. Isso porque, ao priorizar as pressões em favor do ajuste, provenientes do Ministério da Fazenda, o Senado da República, aprovou, em fins de abril de 2015, projeto que posterga para 31 de janeiro de 2016, o começo da aplicação dos novos parâmetros de atualização das dívidas, baseados no índice de preços ao consumidor amplo (IPCA) mais juros de 4% a.a., ou na taxa Selic, valendo o menor índice. Frise-se que a adoção imediata das novas regras ocasionaria perda de R$ 3 bilhões à União. Ademais, a intensificação da recessão - instalada na nação desde o segundo trimestre de 2014 - produzida com o pleno emprego das medidas de austeridade fiscal e monetária, deve aprofundar a queda de arrecadação e seus efeitos nocivos no ciclo de negócios. A confirmação da hipótese de que a queda perene dos gastos públicos venha abrir caminhos para o decréscimo dos juros e, por consequência, a ampliação dos dispêndios privados, depende da convergência da inflação para o centro da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para desanimar, a resolução definitiva da equação fiscal, assentada na montagem de um novo pacto federativo, capaz de promover a redefinição de receitas e encargos, entre as três esferas da federação (União, Estados e Municípios) e a montagem de um contemporâneo arcabouço tributário, representa uma miragem no deserto do desarranjo político prevalecente no País.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 2
Panorama Econômico – Maio/2015 Carlos Ilton Cleto
Comércio Internacional Balança Comercial Semanal (Maio/2015) – MDIC
Fato Em maio a Balança Comercial fechou com superávit de US$ 2,76 milhões, resultado de exportações de US$ 16,77 bilhões e importações de US$ 14,01 bilhões. No ano o déficit é de US$ 2,31 bilhões, resultado de exportações de US$ 74,70 bilhões, e importações de US$ 77,00 bilhões. No mês, a corrente do comércio foi de US$ 30,78 bilhões, e no ano US$ 151,71 bilhões.
25.000
18.103 20.468
18.330
19.297 20.465
17.491 19.507
17.198 14.934
20.000
15.156 14.665
12.092
16.769 14.008
15.000 10.000 5.000 0 jun/14
jul/14
ago/14
set/14
out/14
nov/14
dez/14
jan/15
fev/15
mar/15
abr/15
mai/15
-5.000 Exportações
Importações
Saldo da BC em US$ milhões
FONTE: MDIC
Causa Utilizando o critério da média diária, com relação ao mesmo mês do ano anterior, as exportações apresentaram queda de 15,2%, e as importações de 26,6%. Pelo mesmo critério, na comparação com o mês imediatamente anterior, houve crescimento de 10,6% nas exportações, e queda de 4,5% nas importações. A corrente do comércio registrou recuo de 20,8% com relação ao mesmo mês do ano anterior, e crescimento de 3,2% na comparação com abril de 2015. Em maio, na comparação com igual mês do ano anterior, houve queda nas exportações de produtos básicos, 20,8%, manufaturados, 8,6% e semimanufaturados, 4,7%. Em termos de países, os cinco principais compradores foram: China, Estados Unidos, Argentina, Países Baixos e Alemanha. Pelo mesmo critério de comparação, houve recuo de 44,3% nas importações de combustíveis e lubrificantes, 25,3%, nas matérias-primas e intermediários, 24,3%, nos bens de capital e 16,1% nos bens de consumo. Os cinco principais fornecedores para o Brasil foram: China, Estados Unidos, Alemanha, Argentina e Japão. No acumulado do ano, frente a igual período do ano anterior o recuo nas exportações foi de 16,2% determinada por queda nos produtos básicos, 23,1%, manufaturados, 10,8% e semimanufaturados, 2,9%. Nesta comparação as importações recuaram 18,1%, devido à queda em combustíveis e lubrificantes, 34,6%, matérias-primas e intermediários 15,3%, bens de capital, 14,7%, e bens de consumo, 13,6%. Ainda no acumulado do ano, os principais destinos das exportações brasileiras
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 1
foram China, Estados Unidos, Argentina, Países Baixos e Alemanha, e os nossos principais fornecedores foram, China, Estados Unidos, Alemanha, Argentina e Coréia do Sul. Consequências O comércio exterior vem sofrendo os efeitos da crise financeira internacional, e do desaquecimento da atividade interna. A recuperação esperada para o segundo semestre não deverá ser tão intensa, devendo o superávit comercial deste ano ficar abaixo de R$ 5 bilhões. Atividade PIB – Indicadores de Volume e Valores Correntes (1o Trimestre 2015) – IBGE Fato
O Produto Interno Bruto - PIB a preços de mercado caiu 0,2% no primeiro trimestre de 2015, frente ao último trimestre de 2014, chegando a R$ 1.408 bilhões. Com relação ao primeiro trimestre de 2014, houve recuo de 1,6%, e no acumulado dos últimos quatro trimestres a retração foi de 0,9%.
PIB pm - Volume Trim. (1995=100) 220 200 180 160 140 120 100
1º T 1 4º 99 T 6 1 3º 99 T 6 1 2º 99 T 7 1 1º 99 T 8 1 4º 99 T 9 1 3º 99 T 9 2 2º 00 T 0 2 1º 00 T 1 2 4º 00 T 2 2 3º 00 T 2 2 2º 00 T 3 2 1º 00 T 4 2 4º 00 T 5 2 3º 00 T 5 2 2º 00 T 6 2 1º 00 T 7 2 4º 00 T 8 2 3º 00 T 8 2 2º 00 T 9 2 1º 01 T 0 2 4º 01 T 1 2 3º 01 T 1 2 2º 01 T 2 2 1º 01 T 3 2 4º 01 T 4 20 14
80
FONTE: IBGE - Índice Série encadeada do índice de volume trimestral com ajuste sazonal (Base: média 1995 = 100) (Número índice)
Causa Dentre os componentes da oferta, no primeiro trimestre, frente ao trimestre imediatamente anterior, as quedas ocorreram na Indústria, 0,3% e nos Serviços 0,7% por outro lado a Agropecuária cresceu 4,7%. A retração na Indústria foi puxada pela Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, com recuo de 4,3% e pela Indústria de Transformação e a Construção Civil, com queda de 1,6%. Nos Serviços os destaques negativos foram o Transporte, Armazenagem e Correio, com variação negativa de 2,1%, Administração, Saúde e Educação Pública, -1,4%, Outros serviços, -1,4%, Intermediação Financeira e Seguros, -0,8%, e Comércio, -0,4%. Pelo lado da demanda, todos os componentes da demanda interna tiveram recuo, Despesa de Consumo das Famílias 1,5%, Formação Bruta de Capital Fixo 1,3% e Consumo da Administração Pública, 1,3%. No setor externo as Importações registraram aumento, 1,2% e as Exportações de 5,7%.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 2
No confronto com o primeiro trimestre de 2014, a Agropecuária apresentou crescimento de 4,0%, devido ao bom desempenho de alguns produtos que possuem safra significativa no trimestre: soja, arroz, mandioca e fumo. A Indústria apresentou retração de 3,0%, decorrente principalmente do recuo em Indústria de Transformação, 7,0%, Eletricidade, e Gás, Água, Esgoto e Limpeza Urbana, 12,0% e na Construção Civil 2,9%. Os Serviços tiveram retração de 1,2%, com destaque para a queda em Comércio, 6,0% e Transporte, Armazenagem e Correio, 3,6%. Na demanda, também na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, o Consumo das Famílias recuou 0,9%, a Formação Bruta de Capital Fixo, 7,8% e o Consumo da Administração Pública 1,5%. As Exportações registraram aumento de 3,2%, e as Importações caíram 4,7%. No acumulado dos quatro trimestres, houve desempenho positivo na Agropecuária, 0,6%, e negativo, na Indústria, -2,5% e Serviços, -0,2%. Pelo lado da demanda, a Formação Bruta de Capital Fixo, caiu 6,9%, a Despesa de Consumo das Famílias cresceu 0,2%, e a Despesa de Consumo da Administração Pública, aumentou 0,4%. No setor externo, as Exportações caíram 1,0%, e as Importações, 2,5%. A taxa de investimento no primeiro trimestre de 2015 foi de 19,7% do PIB, abaixo do observado no mesmo trimestre do ano anterior, 20,3%. A taxa de poupança foi de 16,0%, ante 17,0% no mesmo período de 2014. Consequências A queda do PIB ficou dentro do esperado apontando que a atividade econômica permanece em lento processo de recuperação. Para os próximos períodos a expectativa é de retomada do crescimento a taxas módicas, espelhando a baixa intensidade no crescimento econômico. Atividade Produção Industrial Mensal (Março/2015) – IBGE Fato Em março, a produção industrial caiu 0,8% com relação ao mês anterior. Frente a março de 2013 o recuo foi de 3,5% e no acumulado dos últimos doze meses houve expansão de 4,7%. Causa Na comparação com o mês anterior, os bens de capital e os bens de consumo duráveis registraram as quedas mais intensas, 4,4% e 3,1%, respectivamente, influenciados pela menor produção de caminhões e automóveis. Os bens de consumo semi e não-duráveis e de bens intermediários também recuaram, por ordem, 0,3% e 0,2%. Com relação a março de 2014, a produção industrial apresentou a maior retração em bens de capital, 12,4%, seguido pelos bens de consumo duráveis, 6,6% Os segmentos de bens de consumo semi e não-duráveis e de bens intermediários também apontaram taxas negativas 3,1%, o primeiro e 2,1% o segundo, mas com intensidade menor do que a média nacional, 3,5%.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 3
Produção Indus trial BRASIL
150 140 130 120 110 100 90 80 f ev
jan 2009
mar
abr
2010
mai
jun
2011
jul
ago
2012
set
2013
nov
out 2014
dez
2015
FONTE: IBGE - Índice de base fixa sem ajuste sazonal (Base: média de 2012 = 100) (Número índice)
Consequência A produção industrial, que ameaçou alguma recuperação em janeiro, voltou a apresentar recuo em fevereiro e março. Para o ano, apesar de ainda existir a expectativa de crescimento, não são esperadas variações muito intensas. Atividade Pesquisa Industrial-Regional – Brasil (Março/2015) – IBGE Fato Entre fevereiro e março, a produção industrial caiu em cinco dos quatorze locais pesquisados e na comparação com março de 2014, onze das quinze regiões pesquisadas registraram variação negativa. No Paraná a produção industrial apresentou queda de 2,3%, frente ao mês anterior. Na comparação com março de 2014 houve retração de 5,2%, em doze meses o recuo foi de 8,4% e no acumulado do ano, 10,5%. Produção Industrial BRASIL
150 140 130 120 110 100 90 80 jan 2009
f ev
mar 2010
abr
mai 2011
jun 2012
jul
ago
set
2013
out 2014
nov
dez
2015
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 4
Produção Industrial PARANÁ
130 120 110 100 90 80 70 60 50 jan
fev
mar 2009
abr 2010
mai
jun 2011
jul 2012
ago
set 2013
out 2014
nov
dez 2015
FONTE: IBGE - Índice de base fixa sem ajuste sazonal (Base: média de 2012 = 100) (Número índice)
Causa Na comparação com o mês anterior os locais que registraram recuo foram: Ceará, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco e São Paulo. Por outro lado os maiores avanços ocorreram na Bahia, Região Nordeste, Rio de Janeiro e Pará. Na comparação com março de 2014, as maiores quedas foram: Amazonas, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Os crescimentos mais intensos foram registrados no Espírito Santo e Pará. No Estado do Paraná, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, das treze atividades pesquisadas, cinco registraram queda. Os maiores impactos negativos vieram de veículos automotores, reboques e carrocerias, coque, derivados de petróleo e bicombustíveis, produtos de minerais não-metálicos, produtos de madeira e de produtos de borracha e de material plástico. Por outro lado, as maiores variações positivas foram em máquinas e equipamentos, outros produtos químicos, máquinas, aparelhos e materiais elétricos, e de celulose, papel e produtos de papel. Consequência De forma semelhante ao que ocorreu nacionalmente a indústria paranaense recuou em abril, frente ao mês anterior, após registrar crescimento. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior a queda foi a terceira taxa negativa consecutiva. Para os próximos meses a indústria paranaense deve apresentar recuperação, todavia, de forma semelhante ao resultado nacional, não devem ser esperados avanços muito contundentes. Atividade Pesquisa Mensal de Emprego (Abril/2015) – IBGE Fato Em abril, a taxa de desocupação foi de 6,4%, aumentando 0,2 p.p. em relação ao mês anterior e 1,5 p.p. com relação a abril de 2014. O rendimento médio real habitual dos trabalhadores foi calculado em R$ 2.138,50, recuando 0,5% frente a março e 2,9% no confronto com o mesmo mês do ano anterior. A massa de rendimentos recebida pela população ocupada foi estimada em R$ 49,7 bilhões em março, caindo 1,5% na comparação com fevereiro e 3,9% na comparação com março de 2014. O contingente de pessoas ocupadas, 22,8 milhões, permaneceu relativamente estável nas duas comparações.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 5
8,5 8,0 7,5 7,0 6,5 6,0 5,5 5,0 4,5 4,0 Janeiro
Fevereiro
Março 2010
Abril
Maio 2011
Junho 2012
Julho
Agosto 2013
Setembro 2014
Outubro
Novembro Dezembro
2015
FONTE: IBGE
Causa Na análise de pessoas ocupadas, comparativamente a abril de 2014, regionalmente, houve queda em duas regiões: Belo Horizonte e Rio de Janeiro, na comparação com o mês anterior não ocorreu nenhuma variação significativa. Com relação ao rendimento médio real habitualmente recebido, tanto na comparação mensal, 4,0%, quanto na comparação anual, 7,5%, a maior queda foi na Construção, porém em ambas as comparações, houve queda na maior parte dos grupamentos investigados. Consequência Decorrente da queda na atividade econômica o desemprego vem se elevando e a expectativa para os próximos meses é de continuidade nesta tendência. A retomada deve ocorrer somente com um ritmo mais favorável de produção. Atividade PNAD Contínua – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Primeiro Trimestre de 2015) – IBGE Fato A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio apontou, para o primeiro trimestre 2015, taxa de desocupação de 7,9%, com crescimento de 0,7 p.p. frente ao mesmo trimestre do ano anterior e expansão de 1,4 p.p. na comparação com o quarto trimestre do ano anterior. O rendimento médio real habitualmente recebido foi de R$ 1.840,00, permanecendo estável frente ao primeiro trimestre de 2014 e crescendo 0,8% na comparação com o último trimestre de 2014. O nível de ocupação está em 56,2%, recuando 0,6 p.p., na comparação com o primeiro trimestre de 2014 e 0,7 p.p. na comparação com o quarto trimestre do ano anterior.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 6
Causa No trimestre a região Nordeste apresentou a maior taxa de desocupação, 9,6% e a região Sul a menor, 5,1%, nas demais regiões as taxas foram de: Norte, 8,7%, Sudeste, 8,0% e Centro-Oeste, 7,3%. Entre homens e mulheres a distribuição foi de desocupação de 6,6% para homens e 9,6% para mulheres. Nos grupos com níveis de instrução mais altos, o nível da ocupação foi mais elevado, com 30,9% das pessoas sem nenhuma instrução trabalhando e 78,6% das pessoas com nível superior completo, ocupadas. No primeiro trimestre de 2015, 78,2% dos empregados no setor privado tinham carteira de trabalho assinada, apresentando avanço de 0,5 p.p. em relação ao mesmo trimestre em 2014.
8,5
8,0
7,5
7,0
6,5
6,0
5,5
2013
2014
ez em br o
ov em N
D
br o
br o ut u O
br o Se te m
go st o A
Ju lh o
ho Ju n
M ai o
br il A
M ar ço
Fe ve re iro
Ja ne iro
5,0
2015
Consequência O desemprego ainda segue em patamar moderado, porém, o cenário para 2015, aponta para forte crescimento na taxa de desocupação. Atividade Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (Abril/2015) – IBGE Previsão da Safra de Grãos Fato Em abril, a estimativa da safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas chegou a uma produção de 201,0 milhões de toneladas, 4,2% superior à safra de 2014 e 0,6 %, acima da previsão de março. A área a ser colhida, 57,7 milhões de hectares, está 2,0% acima da registrada no ano passado e 0,4% superior à estimativa do mês anterior. Causa Com relação à produção de 2014, as três principais culturas, o arroz, o milho e a soja que juntos representam 91,6% do total da produção nacional, registraram avanço na produção de 0,7% e 10,6% para arroz e soja, respectivamente. O milho apresentou redução de 3,1%. Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 7
O levantamento sistemático da produção agrícola registrou variação positiva para onze dos vinte e seis produtos analisados: amendoim em casca 1ª e 2ª safras, arroz em casca, aveia em grão, cevada em grão, feijão em grão 1ª safra, mamona em baga, mandioca, milho em grão, 1ª safra, soja em grão, e trigo em grão. Em sentido contrário, deverão apresentar redução na quantidade produzida: algodão herbáceo em caroço, batata-inglesa 1ª, 2ª e 3ª safras, cacau em amêndoa, café em grão – arábica, café em grão – canéphora, cana-de-açúcar, cebola, feijão em grão 2ª e 3ª safra, laranja, milho em grão 2ª safra sorgo em grão, e triticale em grão. Regionalmente, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas está assim distribuída: Centro-Oeste, 81,4 milhões de toneladas, Sul, 76,3 milhões, Nordeste, 18,9 milhões, Sudeste, 18,3 milhões e Norte, 6,0 milhões. O Estado do Mato Grosso do Sul, mantém a posição de liderança na produção nacional de grãos, com participação de 23,4%, seguido pelo Estado do Paraná, com 18,5%. Consequência De acordo com prognóstico das áreas plantadas, realizado pelo IBGE em abril, a safra de grãos em 2014 será superior a do ano anterior e este prognóstico deverá apresentar resultados superiores ao longo do ano, estando condicionado, ao regime de chuvas em áreas importantes para a produção nacional. Atividade Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário – PIMES (Março/2015) – IBGE Fato A Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário do mês de março apresentou as seguintes informações: MAR-15 / FEV-15
BRASIL
MAR-15 / MAR-14
Acumulado em 12 meses
Acumulado no Ano
Pessoal Ocupado Assalariado -0,6%
-5,1%
-4,6%
-3,9%
Nº. de Horas Pagas
-0,3%
-5,1%
-5,2%
-4,6%
Folha de Pagamento Real
0,1%
-4,3%
-4,9%
-2,8%
Pessoal ocupado assalariado 108 106 104 102 100 98 96 94 92 90 Jan
Fev
Mar 2009
Abr 2010
Mai
Jun
2011
Jul 2012
Ago 2013
Set
Out 2014
Nov
Dez
2015
FONTE: IBGE - Índice de base fixa mensal sem ajuste sazonal (Base: janeiro de 2001 = 100)
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 8
Causa Por ramo de atividade, todos os dezoito segmentos reduziram o pessoal ocupado, as principais variações negativas foram em meios de transporte, máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações, produtos de metal, máquinas e equipamentos, alimentos e bebidas, outros produtos da indústria de transformação, calçados e couro, vestuário, metalurgia básica, papel e gráfica, refino de petróleo e produção de álcool, produtos têxteis, indústrias extrativas e minerais nãometálicos. Quanto ao Número de Horas Pagas, também na comparação com o mesmo mês do ano anterior, no corte setorial, dezesseis dos dezoito segmentos tiveram retração, as maiores reduções vieram de meios de transporte, produtos de metal, máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações, alimentos e bebidas, máquinas e equipamentos, calçados e couro, outros produtos da indústria de transformação, vestuário, metalurgia básica, minerais não-metálicos, papel e gráfica e refino de petróleo e produção de álcool. O único impacto positivo foi em têxteis. Comparativamente a março de 2014, a Folha de Pagamento Real, registrou queda em dezessete dos dezoito setores investigados, com destaque para: meios de transporte, produtos de metal, metalurgia básica, máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações, máquinas e equipamentos, calçados e couro, borracha e plásticos, outros produtos da indústria de transformação, papel e gráfica, fumo, indústrias extrativas, refino de petróleo e produção de álcool e produtos têxteis. O setor que apresentou expansão foi madeira. Consequência No confronto com igual mês do ano anterior, o emprego industrial apresentou recuo pela quadragésima segunda vez consecutiva. Para os próximos períodos, tendo em vista que a atividade industrial e as expectativas dos empresários estão em baixa, são esperados mais resultados negativos. Atividade Sondagem da Indústria (Maio/2015) – FGV Fato Na passagem de abril para maio, o Índice de Confiança da Indústria de Transformação ICI, recuou 1,6%, passando de 72,8 para 71,6 pontos, o menor nível da série mensal, iniciada em outubro de 2005. A verificação apresentou queda de 2,0% no Índice da Situação Atual – ISA e de 1,3% no Índice de Expectativas – IE. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada – NUCI atingiu 79,0%, caindo 0,9 p.p., o menor nível desde maio de 2009.
115,0 105,0 95,0
Índice de Confiança
Índice da Situação Atual
mai/15
abr/15
mar/15
fev/15
jan/15
dez/14
nov/14
out/14
set/14
ago/14
jul/14
jun/14
mai/14
abr/14
mar/14
fev/14
jan/14
dez/13
nov/13
out/13
set/13
ago/13
jul/13
jun/13
mai/13
85,0 75,0 65,0
Índice de Expectativas
FONTE: FGV
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 9
90,0 84,4
85,0
84,2
84,6
84,3
84,1
84,1
83,5
83,2
82,0
79,9
81,6
81,3
79,0
80,0 75,0
mai/15
abr/15
mar/15
fev/15
jan/15
dez/14
nov/14
out/14
set/14
ago/14
jul/14
jun/14
mai/14
abr/14
mar/14
fev/14
jan/14
dez/13
nov/13
out/13
set/13
ago/13
jul/13
jun/13
mai/13
70,0
Nível de Utilização da Capacidade Instalada - NUCI
FONTE: FGV
Causa Em maio, o ISA passou de 72,8 para 71,6 pontos. O quesito que mede a situação atual dos negócios apontou que a proporção das empresas que o consideram como boa aumentou 0,3 p.p., chegando a 8,4%, e a dos que o consideram com fraco cresceu em maior magnitude 3,0 p.p., atingindo 41,0%. O IE diminuiu de 76,1 para 74,6 pontos, com a contribuição mais expressiva advinda da expectativa com relação à produção prevista, com redução de 0,2 p.p., nas empresas que preveem produzir mais, chegando a 13,2% de respostas e avanço de 5,0 p.p nas que esperam produzir menos, atingindo 27,7%. Consequências O Índice de Confiança da Indústria de Transformação segue tendência de queda da atividade industrial e não há indicação de recuperação do setor nos próximos meses. Atividade Sondagem de Serviços (Junho/2013) – FGV
Fato O Índice de Confiança de Serviços - ICS recuou 1,6% na comparação com o mês anterior atingindo 84,5 pontos. Na mesma comparação, o Índice da Situação Atual – ISA caiu 6,8%, passando de 66,1 para 61,6 pontos. O Índice de Expectativas - IE avançou 1,6%, atingindo 107,4 pontos. 160,0 140,0 120,0 100,0 80,0 60,0
mai/15
abr/15
mar/15
fev/15
jan/15
dez/14
nov/14
out/14
set/14
Índice da Situação Atual
ago/14
jul/14
jun/14
mai/14
abr/14
mar/14
fev/14
jan/14
dez/13
nov/13
out/13
set/13
ago/13
jul/13
jun/13
mai/13
Índice de Confiança
Índice de Expectativas
FONTE: FGV Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 10
Causa No ISA, destacou-se a avaliação negativa sobre a situação atual dos negócios, com a parcela das empresas que a avaliam como boa passando de 13,0% para 10,4%, e a das que o avaliam como ruim passando de 42,4% para 46,1%. Nas expectativas, houve crescimento de 2,8% no percentual das empresas que prevêem melhora na tendência dos negócios, e de 0,4%, nas que esperam uma demanda maior. Consequência O setor de serviços segue pessimista, apesar de que a avaliação com relação ao futuro apresenta resultados menos desfavoráveis do que a apreciação do momento presente. A expectativa é de lenta recuperação no segundo semestre. Atividade ICC – Índice de Confiança do Consumidor (Maio/2015) – FGV Fato Entre os meses de abril e maio, o ICC recuou 0,6% passando de 85,6 para 85,1 pontos. O índice da Situação Atual caiu 1,5%, de 80,3 para 79,1 pontos, e o Índice das Expectativas avançou 0,3%, de 88,1 para 88,4 pontos. 135,0
125,0
115,0
105,0
95,0
85,0
75,0
mai/15
abr/15
mar/15
fev/15
jan/15
dez/14
nov/14
out/14
set/14
ago/14
Índice da Situação Atual
jul/14
jun/14
mai/14
abr/14
mar/14
fev/14
jan/14
dez/13
nov/13
out/13
set/13
ago/13
jul/13
jun/13
mai/13
Índice de Confiança
Índice de Expectativas
FONTE: FGV
Causa Com referência a situação presente, a proporção de consumidores que avaliam a situação financeira atual como boa diminuiu 0,6 p.p. e a dos que a consideram ruim aumentou 1,5 p.p. No que tange a intenção de compra de bens duráveis próximos seis meses, a proporção dos consumidores que prevêem comprar mais caiu 0,5 p.p. e a dos que esperam comprar menos aumentou 1,3 p.p. Consequência Após o breve aumento de abril, a confiança do consumidor retoma a trajetória descendente demonstrando o baixo otimismo do consumidor brasileiro e a dificuldade em encontrar sinalizadores de melhora no futuro próximo.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 11
Atividade Sondagem do Comércio (Maio/2015) – FGV
Fato O Índice de Confiança do Comércio - ICom reduziu-se 0,3% entre abril e maio, passando de 92,3 para 92,0 pontos. O Índice da Situação Atual – ISA teve queda de 7,9%, chegando a 61,8 pontos, e o Índice de Expectativas - IE cresceu 4,5% atingindo 122,2 pontos.
160,0 140,0 120,0 100,0 80,0 60,0
mai/15
abr/15
mar/15
fev/15
jan/15
dez/14
nov/14
out/14
set/14
Índice da Situação Atual
ago/14
jul/14
jun/14
mai/14
abr/14
mar/14
fev/14
jan/14
dez/13
nov/13
out/13
set/13
ago/13
jul/13
jun/13
mai/13
Índice de Confiança
Índice de Expectativas
FONTE: FGV
Causa Na comparação com o mês anterior, as expectativas foram influenciadas pela evolução da percepção da situação dos negócios nos seis meses seguintes que avançou 4,5% em relação ao mês anterior. Consequência A queda no índice aponta que a atividade do comércio vem apresentando arrefecimento, não existindo sinalizadores consistentes de melhora em um futuro próximo. Atividade Pesquisa Mensal do Comércio (Março/2015) – IBGE Fato No mês de março, o volume de vendas do comércio varejista, com ajuste sazonal, frente ao mês anterior, caiu 0,9%, e a receita nominal 0,4%. Nas demais comparações, sem ajustamento, as taxas para o volume de vendas foram de positivos 0,4% sobre março de 2014, e 1,0% no acumulado dos últimos doze meses. A receita nominal obteve taxas de 6,5% com relação a igual mês de 2014 e 7,3% no acumulado em doze meses. No acumulado do trimestre o volume de vendas, atingiu variação negativa de 0,8%, e a receita nominal, positiva de 5,5%. No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de Construção, as variações para o volume de vendas foram: negativos 1,6% em relação ao mês anterior, negativos 0,7%, frente a março de 2014, negativos 5,3%, no acumulado do trimestre, e negativos 3,4% nos últimos doze meses. Para a receita nominal as
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 12
variações foram: queda de 1,5% em relação ao mês anterior, variação positiva de 5,1%, frente a março de 2014, crescimento de 0,5% no acumulado do trimestre, e aumento de 2,3% nos últimos doze meses. 170 150 130
110 90 70 50
jan 2009
fev
mar 2011
abr
mai 2012
jun
jul 2013
ago
set
2010
out 2014
nov
dez 2015
FONTE: IBGE - Índices de volume de vendas no comércio varejista por tipos de índice (2003 = 100)
Causa Na série ajustada do comércio varejista, calculada com relação ao mês anterior, sete das dez atividades pesquisadas tiveram queda no volume de vendas: Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, 0,2%, Material de Construção, 0,3%, Tecidos, vestuário e calçados, 1,4%, Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, 2,2%, Livros, jornais, revistas e papelaria, 2,3%, Móveis e eletrodomésticos, 3,0%, e Veículos e motos, partes e peças, 4,6%. Os avanços ocorreram em Combustíveis e lubrificantes, 2,8%, Outros artigos de uso pessoal e doméstico, 1,2% e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, 1,2%. Comparativamente a março de 2014, seis das atividades do varejo registraram queda: Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, 2,4%, Móveis e eletrodomésticos, 6,8%, Combustíveis e lubrificantes, 2,1%, Tecidos, vestuário e calçados, 1,2% e Livros, jornais, revistas e papelaria, 5,9% e Veículos e motos, partes e peças, 3,7%. Os crescimentos foram: Outros artigos de uso pessoal e doméstico, 17,4%, Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, 10,2%, Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, 21,8%, e Material de Construção, 2,8%. Consequência Seguindo o exemplo de outros setores o comércio varejista apresenta os resultados do desaquecimento econômico. Alguma recuperação deverá ser vista nos próximos meses, porém sem registrar grande intensidade.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 13
Atividade Pesquisa Mensal de Serviços (Março/2015) – IBGE
Fato No mês de março frente a igual mês do ano anterior, a receita nominal dos serviços cresceu 6,1%. No acumulado do ano a taxa ficou em 2,9% e no acumulado em doze meses, 4,6%. 170
150
130
110 90
70
50 jan
fev 2012
m ar
abr
m ai 2013
jun
jul
ago
set
2014
out
nov
dez
2015
FONTE: IBGE Índices de volume e de receita nominal de vendas no comércio varejista por tipos de índice (2003 = 100)
Causa No confronto com março de 2014, o maior crescimento veio de Serviços Profissionais, Administrativos e Complementares, Transportes, Serviços Auxiliares, dos Transportes e Correio, Outros Serviços. Serviços de Informação e Comunicação e Serviços Prestados às Famílias. Na composição da taxa a maior contribuição veio de Transportes, Serviços Auxiliares, dos Transportes e Correio com 2,8 p.p. Consequência Apesar do crescimento a receita nominal dos serviços, em termos reais o resultado é negativo. O desempenho vinha sendo condicionado principalmente pelo crescimento da massa salarial, que vem perdendo intensidade ao longo dos meses.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 14
Inflação IGP-10 (Maio/2015) – FGV Fato O IGP-10 registrou variação de 0,52% em maio, diminuindo 0,75 p.p. com relação a abril. No acumulado em doze meses à variação é de 3,86%. 1,5%
1,29% 1,27%
1,11%
1,0%
0,98%
0,72% 0,5%
0,43%
0,30% 0,0% -0,5%
mai/15
abr/15
mar/15
fev/15
jan/15
dez/14
nov/14
out/14
set/14
ago/14
jul/14
mai/14
abr/14
mar/14
fev/14
jan/14
dez/13
nov/13
out/13
set/13
ago/13
jul/13
jun/13
mai/13
jun/14
-0,67%
-1,0%
FONTE: FGV
Causa No mês de maio, dentre os componentes do IGP, a variação do IPA, caiu 0,92 p.p., apresentando variação de 0,53%. Neste, a maior desaceleração foi proveniente das Matérias-Primas Brutas, com variação 2,58 p.p. abaixo do registrado em abril, chegando ao percentual de negativos 0,27%. Contribuiu para este decréscimo soja, milho e aves. Os Bens Intermediários tiveram variação de 1,06 %, 0,45 p.p. menor do que a variação de abril, com destaque para suprimentos. Os Bens Finais tiveram recuo de 0,09 p.p., com variação de 0,63%. A maior desaceleração foi originada em alimentos in natura. O IPC teve desaceleração de 0,44 p.p. com o grupo Habitação sendo o principal responsável pela menor variação do índice, neste grupo sobressaiu-se a tarifa de eletricidade residencial. Os grupos Transportes, Alimentação, Educação, Leitura e Recreação, e Despesas Diversas também apresentaram variações menores nos preços. O INCC apresentou recuo de, 0,32 p.p., com menor variação em todos os seus componentes. Consequência O IGP-10 apresentou forte recuo no mês, principalmente em decorrência da menor variação da tarifa de eletricidade que passou de 13,83% em abril para 0,95% em maio. Para os próximos meses, a expectativa é de continuidade da trajetória de recuo dos índices de inflação.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 15
Inflação IGP-M (Maio/2015) – FGV Fato O IGP-M registrou variação de 0,41% em maio, caindo 0,76 p.p. com relação a abril. Em doze meses o acumulado é 4,11%. Causa Dos índices que compõe o IGP-M, o IPA, que tem a maior participação na composição do IGP-M (60%), apresentou desaceleração de 1,11%, com variação de 0,30%, a menor variação foi consequência principalmente do desaquecimento nas Matérias-Primas Brutas, 2,08 p.p., com destaque para soja, milho e café. Os Bens Intermediários recuaram 0,84 p.p., decorrente do subgrupo materiais e componentes para a manufatura. Os Bens Finais tiveram variação 0,61 p.p. menor, em decorrência da menor variação em alimentos in natura. O IPC variou 0,68% em maio, recuando 0,17 p.p., com menor variação em Habitação, dado desaquecimento em tarifa de eletricidade residencial. Também foram computados decréscimos em Alimentação e Comunicação. No INCC a variação foi 0,20 p.p. inferior à registrada no mês anterior, com desaquecimento em todos os componentes.
2,00 1,67
1,50
1,50 1,00 0,50
1,17
0,98
0,75
0,00 -0,50
mai/15
abr/15
mar/15
fev/15
jan/15
dez/14
nov/14
out/14
set/14
ago/14
jun/14
mai/14
abr/14
mar/14
fev/14
jan/14
dez/13
nov/13
out/13
set/13
ago/13
jul/13
jun/13
mai/13
jul/14
-0,74
-1,00
FONTE: FGV
Consequência Após o forte aumento dos dois últimos meses, o índice volta a recuar, mostrando que a inflação vem perdendo o fôlego. O quadro de desaquecimento econômico deverá auxiliar na manutenção da trajetória de queda.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 16
Inflação IGP-DI (Abril/2015) – FGV Fato O Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna - IGP-DI registrou variação de 0,92% em abril, desacelerando-se 0,29 p.p. frente ao mês anterior. Nos últimos doze meses, o índice acumula alta de 3,94%. Causa Na composição do IGP-DI, o IPA reduziu sua taxa de variação em 0,13 p.p., atingindo 1,11%. As Matérias-Primas Brutas foram as responsáveis pelo recuo, registrando variação 1,80 p.p. menor do que no mês anterior, com destaque descendente para soja, milho e aves. Os Bens Finais tiveram aceleração de 0,53 p.p., sendo o principal responsável por este movimento subgrupo bens de consumo não duráveis exceto alimentação e combustíveis. Os Bens Intermediários aumentaram a taxa de variação em 0,55 p.p., por conta de combustíveis e lubrificantes. No IPC houve desaquecimento de 0,80 p.p., decorrente da desaceleração nos preços do grupo Habitação, em decorrência da menor variação do item tarifa de eletricidade residencial. Também apresentaram menor variação: Transportes, Alimentação e Educação, Leitura e Recreação. O INCC registrou desaceleração de 0,16 p.p., com avanço em Equipamentos e Serviços e recuo em Mão de Obra.
2,0% 1,5%
1,48%
1,36%
1,21%
1,14%
1,0% 0,76% 0,5%
0,38%
0,28% 0,0% -0,06%
-0,5%
-0,63%
-1,0%
abr/15
mar/15
fev/15
jan/15
dez/14
nov/14
out/14
set/14
ago/14
jul/14
jun/14
mai/14
abr/14
mar/14
fev/14
jan/14
dez/13
nov/13
out/13
set/13
ago/13
jul/13
jun/13
mai/13
abr/13
FONTE: FGV
Consequência O IGP-DI voltou a apresentar desaceleração no mês, principalmente decorrente do recuo do preço das Matérias-Primas Brutas. Como o índice aponta principalmente a variação dos preços no varejo, a expectativas para os próximos períodos é de recuo, também, para os preços ao consumidor.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 17
Inflação IPCA (Abril/2015) – IBGE Fato O IPCA variou 0,71% em abril, 0,61 p.p. abaixo da variação de março. O índice acumulado em doze meses é de 8,17%, 0,04 p.p. maior do registrado nos doze meses imediatamente anteriores. No ano, o acumulado ficou em 4,56%, acima do acumulado no mesmo período do ano passado, 2,86%. Em Curitiba o índice diminuiu 0,23 p.p., registrando variação de 1,46% em abril, 5,59% no ano e 9,28% em doze meses. Causa O principal motivo para a menor variação em abril, veio do grupo Habitação, como consequência da menor variação das tarifas de energia elétrica, que em março tinham apresentado variação de 22,08%, recuando para 1,31% em abril. No mês, a maior variação foi do grupo Saúde e Cuidados Pessoais, detendo 0,11 p.p. do índice. Os preços dos remédios subiram 3,27%, os serviços médicos e dentários, 0,93%, produtos óticos, 0,91%, e plano de saúde, 0,77%.
9,00
1,40
8,00
1,20
7,00 1,00 6,00 5,00
0,80
4,00
0,60
3,00 0,40 2,00 0,20
1,00 0,00
0,00
0,71
1,32
1,22
1,24
0,78
0,51
0,42
0,57
0,25
0,01
0,40
0,46
0,67
0,92
0,69
0,55
0,92
0,54
0,57
0,35
0,24
0,03
0,26
0,37
0,55
IPCA acumulado em 12 meses
IPCA variação mensal
FONTE: IBGE
Consequência Mesmo com o recuo de abril a inflação segue em patamar elevado. Para os próximos períodos é esperada continuidade na trajetória de queda, porém em ritmo moderado.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 18
Inflação IPCA - 15 (Maio/2015) – IBGE Fato O IPCA – 15 registrou variação de 0,60% em maio, 0,47 p.p. abaixo do registrado em abril. Nos últimos doze meses o acumulado é de 8,24%, e no ano, 5,23%. Em Curitiba a variação foi de 0,71%, 1,08 p.p. inferior ao registrado em abril, acumulando 6,15% no ano e 9,13% em doze meses. Causa A desaceleração do índice foi influenciada principalmente pelo grupo Habitação, que teve variação de 0,85% em maio, frente a 3,66% em abril. Esta menor variação deve-se principalmente ao desaquecimento na energia elétrica que em abril teve alta de 13,02% e em maio, 1,41%. O grupo que apresentou a maior alta no mês foi o de Saúde e Cuidados Pessoais, influenciado pelos produtos farmacêuticos e a menor variação foi em Transportes, negativos 0,45%, decorrente de passagens aéreas e combustíveis. Consequência Os índices inflacionários seguem apresentando desaceleração, principalmente pela influencia da energia elétrica, que vem apresentando variações menores do que em meses anteriores. Para os próximos meses as expectativas são de continuidade no arrefecimento, embora de forma pouco intensa. Inflação Custos e Índices da Construção Civil (Abril/2015) – IBGE – Caixa Econômica Federal Fato O Índice Nacional da Construção Civil variou 0,50% em abril, 0,23 p.p. acima do resultado de março. Em doze meses, o acumulado é de 5,30%, maior do que o registrado nos doze meses imediatamente anteriores, 5,26%. No ano a variação é de 1,12%. O custo nacional por metro quadrado passou de R$ 918,95, em março, para R$ 923,58 em abril sendo R$ 502,33 relativos aos materiais e R$ 421,25 à mão-de-obra. No Estado do Paraná, as variações foram de 0,43% no mês, 0,50% no ano e 3,94% em doze meses, e o custo médio atingiu R$ 938,03.
1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 jan
fev
m ar
abr
m ai
jun 2014
jul
ago
set
out
nov
dez
2015
FONTE: IBGE e CAIXA Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 19
Causa Na composição do índice a parcela dos materiais variou 0,43%, 0,24 p.p. acima do índice de março, e a componente mão-deobra, avançou 0,31 p.p., passando de 0,28% em março para 0,59% em abril. Nos últimos doze meses, os acumulados foram: 3,05% para materiais e 8,08% para mão-de-obra. No mês as variações regionais foram: 0,14% na Região Norte, 1,05% na Região Nordeste, 0,33% no Sudeste, 0,01% no Centro-Oeste, e 0,40% no Sul. Ainda na verificação regional, os custos foram os seguintes: Sudeste, R$ 960,19, Sul, R$ 940,83, Norte, R$ 934,02, Centro-Oeste, R$ 931,83 e Nordeste R$ 867,05. Consequência No mês a maior pressão foi decorrente do reajuste salarial do acordo coletivo no Estado da Bahia. Para maio deverá ocorrer aquecimento sazonal decorrente do dissídio coletivo da categoria em São Paulo, para o restante do ano não deverão ocorrer grandes sobressaltos. Inflação IPP - Índices de Preço ao Produtor (Abril/2015) – IBGE Fato O IPP apresentou variação de 0,31% em abril, ficando, portanto 1,55 p.p. inferior à variação do mês anterior, e 0,72 p.p. maior do que a do mesmo mês do ano anterior. No acumulado em doze meses à variação é de 5,63%, e a variação acumulada no ano 2,47%. Causa No acumulado em doze meses, sobressaíram-se as variações positivas em equipamentos de transporte, fumo, madeira, e papel e celulose. Nesta comparação as principais influências vieram de refino de petróleo e produção de álcool, outros produtos químicos, veículos automotores e alimentos. Consequência O recuo nos preços ao produtor poderá implicar em repasses aos preços ao consumidor nos próximos períodos, podendo fazer com que a inflação intensifique a tendência de queda. Operações de Crédito Nota à Imprensa (Abril/2015) – BACEN Fato O estoque das operações de crédito do sistema financeiro atingiu R$ 3.061 bilhões em abril. A relação entre o crédito total e o PIB caiu 0,3 p.p. frente ao mês anterior e cresceu 2,2 p.p. na comparação com abril de 2014. A taxa média geral de juros das operações de crédito do sistema financeiro, computadas as operações com recursos livres e direcionados alcançou 26,4% a.a, e a taxa de inadimplência, 3%.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 20
Causa O volume total das operações de crédito em abril apresentou crescimento de 0,1% no mês e 10,5% em doze meses. Os empréstimos contratados com recursos livres, que representam 51,5% do total, atingiram R$ 1.575 bilhões, diminuindo 0,2% no mês e aumento de 4,9% com relação a abril de 2014. No segmento de pessoa jurídica, houve queda de 0,3% no mês chegando à R$ 789 bilhões. Os empréstimos realizados às pessoas físicas apresentaram estabilidade no mês, R$ 786 bilhões. No crédito direcionado houve avanço de 0,3% no mês e 17,1% em doze meses, chegando a R$ 1.486 bilhões. Esse desempenho resultou de acréscimos de 1,4% para pessoas físicas e declínio de 0,6% nos financiamentos a pessoas jurídicas. No segmento de pessoas físicas destacou-se o crédito imobiliário e no segmento a pessoas jurídicas a redução reflete a queda dos desembolsos e o impacto da apreciação cambial nos financiamentos para investimentos com recursos do BNDES. As taxas médias geral de juros 0,5 p.p no mês e 2,5 p.p. nos últimos doze meses. Para pessoa física a taxa média de juros atingiu 33,9% a.a., com avanço de 2,8 p.p. em doze meses. Nas pessoas jurídicas, foi registrada expansão de 1,9 p.p. em relação a abril de 2014, chegando a 18,5%. A taxa de inadimplência do sistema financeiro chegou em 3%, com avanço de 0,2 p.p. no mês e 0,6 p.p. no confronto com abril de 2014. A taxa de inadimplência relativa às pessoas físicas manteve-se estável no mês e para pessoas físicas houve aumento de 0,2p.p, situando-se respectivamente em 3,7% e 2,3%, respectivamente. Consequência Ao longo do ano o indicador deverá seguir em expansão, porém sem grande intensidade, refletindo a desaceleração da atividade econômica. Setor Externo Nota à Imprensa (Abril/2015) – BACEN Fato Em abril, o Saldo de Transações Correntes registrou déficit de US$ 6,9 bilhões. As reservas internacionais no conceito de liquidez cresceram US$ 1,9 bilhão, totalizando US$ 373 bilhões e a dívida externa somou US$ 351 bilhões, aumentando US$ 3,9 bilhões, em relação à posição apurada no mês anterior. Causa No que tange ao Balanço de Pagamentos, o saldo da conta de transações correntes foi negativo em US$ 6,9 bilhões, e a conta capital e financeira registrou entrada líquida de US$ 6,8 bilhões, destacando-se no mês, o ingresso líquido de US$ 5,8 bilhões em investimentos estrangeiros diretos e em carteira US$ 6,6 bilhões. A movimentação das reservas, durante o mês de abril foi conseqüência, principalmente, de operações de recompra, receitas de remuneração de reservas e variações por paridades e por preços. A dívida externa de médio e longo prazo cresceu US$ 2,1 bilhões, atingindo US$ 288,1 bilhões e a de curto prazo manteve-se chegou em US$ 63 bilhões, com elevação de US$ 1,9 bilhão.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 21
Consequência Segue a preocupação como o excessivo déficit em transações correntes, que monta US$ 100,2 bilhões em doze meses, equivalente a 4,53% como proporção do PIB. Política Fiscal Nota à Imprensa (Abril/2015) – BACEN Fato Em abril, o setor público não financeiro registrou superávit de R$ 13,4 bilhões. No acumulado do ano o superávit é de R$ 32,4 bilhões, e em doze meses o resultado registrou déficit de R$ 42,6 bilhões (0,76% do PIB). O montante dos juros apropriados atingiu R$ 2,2 bilhões, no mês, R$ 146,1 bilhões no ano e R$ 377,3 bilhões em doze meses (6,71% do PIB). O resultado nominal registrou superávit de R$ 11,6 bilhões em abril. No acumulado do ano o resultado é deficitário em R$ 113,6 bilhões e em doze meses déficit de R$ 419,9 bilhões (7,47% do PIB). A dívida líquida do setor público alcançou R$ 1.897,7 bilhões (33,8% do PIB), crescendo 0,7 p.p na comparação com o mês anterior. Causa Na composição do resultado do mês, o Governo Central registrou superávit de R$ 10,6 bilhões, os governos regionais R$ 2,6 bilhões, e as empresas estatais R$ 208 milhões. A apropriação dos juros diminuiu frente ao mês anterior, R$ 69,5 bilhões, tendo contribuído para este resultado o menor número de dias úteis e o resultado favorável das operações de swap cambial. Com relação à Dívida Líquida do Setor Público como percentual do PIB, no ano, houve recuo de 0,3 p.p., vindo às maiores contribuições da desvalorização cambial, do crescimento do PIB nominal e pelo superávit primário. Em sentido contrário a incorporação dos juros e o ajuste de paridade da cesta de moedas contribuíram para a elevação da relação. Consequência Os resultados ainda apontam o início de esforços fiscais com o objetivo de recuperação do orçamento, e deverão contribuir para a redução na relação DLSP/PIB.
Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 8, n. 4, junho 2015 | 22