EDITORIAL O Curso de Economia da FAE Centro Universitário apresenta a Vitrine da Conjuntura, periódico eletrônico mensal, correspondente a Maio de 2015. O presente número contém quatro textos, que abordam temas relacionados à dinâmica econômica brasileira, além da parte fixa do Panorama Econômico. O anexo que abrange o quadro de Indicadores permanece em fase de revisão e rearranjo de conteúdo. O primeiro artigo discorre a respeito das diminutas chances de restauração de um clima propício à multiplicação dos negócios no País, em curto e médio prazo. A segunda reflexão descreve o papel da terceirização, como passo inicial para a reversão da tendência descendente da produtividade no Brasil. A terceira incursão destaca o peso dos equívocos cometidos pela iniciativa privada na crise do segmento automotivo atuante no território nacional. Finalmente, o quarto texto aponta as raízes do reduzido nível de poupança do País e os requisitos à sua recuperação. A publicação permanece à espera de participações do corpo docente e discente da FAE, de ex‐alunos da Escola, de professores e pesquisadores de outras entidades dedicadas à educação de terceiro grau, de técnicos do governo e de membros de organizações sociais, como sindicatos, órgãos de classe, instâncias não governamentais, entre outras, na busca de permanente multiplicação e diversificação do debate de assuntos ligados ao ciclo de produção e transações mundial, nacional e regional. Ótima leitura. Gilmar Mendes Lourenço Editor
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EQUIPE TÉCNICA
Carlos Ilton Cleto Economista, doutor em Engenharia da Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina e professor da FAE.
Gilmar Mendes Lourenço Economista, mestre em Gestão de Negócios pela Universidade Federal de Santa Catarina, professor da FAE, eleito “O Economista Paranaense Acadêmico do Ano de 2011”, pelo Corecon/PR, e vencedor do Prêmio “Imprensa”, em 2011, 2012, 2013 e 2014, na categoria gestor de empresa pública, oferecidos pelo grupo Quality TV & Jornais.
Semi Cavalcante de Oliveira Historiador, Mestre em História Política pela Universidade Federal do Paraná e Professor da FAE.
O PERMANENTE ADIAMENTO DA RECUPERAÇÃO DOS NEGÓCIOS NO BRASIL Gilmar Mendes Lourenço
Ao manifestar crescente ceticismo com respeito à evolução da situação econômica e política brasileira, os mercados têm sido impiedosos na feitura de cenários de curto e médio prazo, sintetizados em variação negativa superior a ‐1% do produto interno bruto (PIB) e subida média de preços acima de 8%, em 2015, conformando um panorama perverso de estagflação: recessão com inflação elevada e ascendente. Em se confirmando tais previsões, o governo da Presidente Dilma passará a integrar o seleto grupo dos três piores desempenhos econômicos da história republicana, registrando acréscimo de 1,5% ao ano do PIB, entre 2011 e 2015, sendo melhor apenas que as performances de Floriano Peixoto (‐7,5% a.a.) e do período Collor (‐1,3% a.a.). O incremento dos níveis de atividade em Dilma será menos da metade que o experimentado na gestão Lula (4% a.a., entre 2003 e 2010) e menor, por exemplo, que o verificado no decênio perdido dos anos de 1980 (1,6% a.a.) e no intervalo 1999‐2002 (2,3% a.a.). Lembre‐se que este último correspondeu ao segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (FHC), fase da construção dos fundamentos macroeconômicos que vigoraram até 2008 – metas de inflação, superávits fiscais primários e câmbio flutuante ‐, e sugerido como desastroso pela retórica petista. O mais gritante, porém, é que a construção dos pilares para virada do jogo encontra‐se em estágio embrionário e emitindo sinais de insuficiência para a promoção do reequilíbrio das finanças públicas, a diminuição da vulnerabilidade externa e a articulação de uma agenda virtuosa na direção do crescimento duradouro. O que há é um esforço de austeridade fiscal e monetária, capitaneado pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central, baseado predominantemente na ampliação da transferência de recursos da órbita privada para o governo, através da elevação da carga de impostos e de juros, o que, por certo, aprofundará o processo recessivo, em curso desde o segundo trimestre de 2014, sem fazer sequer cócegas na inflação. Isso porque, a espiral de preços vem esboçando um comportamento cada vez
A inflação vem esboçando um comportamento cada vez mais afastado da dinâmica dos mercados.
mais dissociado da dinâmica de mercado ‐ caracterizada pelo desenho da matriz de custos e de demanda ‐, incorporando elementos ligados à multiplicação da fragilidade fiscal e financeira do setor público e à exacerbação dos elementos de perturbação, acoplados às pressuposições de que o pior estaria por vir. No tocante ao desajuste das contas com o resto do mundo nada vem sendo feito. Na verdade, alguma correção parcial, representada pela depreciação do real, advém de fatores externos, brotados da consistente valorização global do dólar, e dos
distúrbios domésticos provocados pela postura (ou ausência dela) de um governo que ainda não começou, depois de quase seis meses de vencida a batalha da reeleição. O que se vê é uma administração enfraquecida e acuada, com níveis de rejeição popular semelhantes aos do Presidente Collor, por ocasião da instauração do impeachment, em setembro de 1992, e refém de três correntes: a do ajuste fiscal, liderado pelo Ministro da Fazenda; a do PMDB rebelde, comandado por Cunha, Renan e Temer; e a do lulopetismo, e seus braços da Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Nacional dos Estudantes (UNE) e Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
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Por outra interpretação, o País estaria sob o comando de um parlamentarismo disfarçado, tendo o governo terceirizado a economia; a política, com a complicada articulação delegada ao vice‐presidente Michel Temer; e a defesa da gestão, capitaneada de forma confusa pelos movimentos sociais antes mencionados. Nessas circunstâncias, a tarefa de fixação das âncoras para a recuperação do ambiente saudável à realização de negócios, fruto da implantação das reformas estruturais, começando pela tributária, passando pela previdenciária e encerrando com o lançamento de um novo pacto federativo, fica definitivamente adiada.
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TERCEIRIZAÇÃO E PRODUTIVIDADE Gilmar Mendes Lourenço
Depois de onze anos de tramitação e do recente festival de mudanças de posições de parlamentares e partidos, de acordo com o sopro dos ventos oriundos da iniciativa privada e das representações dos trabalhadores, além das caneladas protagonizadas entre executivo e legislativo, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei (PL) 4.330/2004, que estipula as regras para a ampliação da terceirização. Se a essência original do PL for confirmada, em vez de desfigurada, pelo Senado da República, o dispositivo permitirá, a uma organização privada, a repartição da produção e do trabalho com empresas especializadas, em qualquer atividade desenvolvida, incluindo as secundárias ou acessórias, como vigilância e limpeza, e o foco dos negócios. O PL também propiciará o encurtamento do tempo de vinte e quatro para doze meses, transcorrido entre o desligamento de funcionários, regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e posterior contratação como pessoa jurídica, e tornará as empresas públicas solidárias em pendências trabalhistas, em caso de não quitação dos encargos pela prestadora dos serviços, o que soa exagerado. A instância contratante constituirá uma espécie de fundo de reserva, de 4% do valor pago pelos serviços para a terceirizada, garantidor do pagamento de eventuais passivos desta para com os empregados. O documento final também autoriza a subcontratação de serviços pelas companhias terceirizadas, e a contratação de associações, cooperativas, fundações e empresas individuais. As entidades da administração pública, autarquias e sociedades de economia mista permanecerão impossibilitadas de efetuar a terceirização da atividade‐ fim, conforme previsto pela Sumula Vinculante 331/1993, do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Reconhecidamente, trata‐se de um passo inicial na direção da modernização e descentralização das relações intercapitalistas e de trabalho no Brasil, ainda reguladas por expedientes fixados em épocas em que as unidades econômicas encarregavam‐se desde o abastecimento de insumos até a distribuição final dos produtos, e a abundância e o reduzido custo da mão de obra constituíam, ao lado da farta disponibilidade de recursos naturais, a principal vantagem competitiva da economia nacional. No presente, a escassez e o elevado preço do fator trabalho, em um cenário de gradativo fechamento da janela demográfica e de diminuta ou inadequada qualificação, tem ocasionado apreciável transformação da matriz de despesas das corporações, comprimindo margens de lucro e prejudicando decisões de investimentos. A precária qualificação da mão de obra deriva da insuficiência estrutural de
A precária qualificação
inversões em educação e capacitação, em absoluto descompasso com as rápidas
da mão de obra no Brasil
e abruptas alterações dos paradigmas tecnológicos. Sem contar a influência
decorre da insuficiência estrutural de inversões em educação e capacitação.
exercida pelos enormes dispêndios arcados com os desligamentos de pessoal prevalecentes no Brasil, agravados em panoramas recessivos. Até porque, a combinação perversa entre contração econômica, subida do desemprego e declínio da produtividade integra a atmosfera brasileira há algum tempo. Apenas em caráter de ilustração, apurações do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) revelam que produção, contingente ocupado, horas trabalhadas, e folha de pagamento real (já descontada a inflação), do parque fabril nacional, decresceram ‐4,5%, ‐3,6%, ‐4,4% e ‐2,5%, respectivamente, em doze meses encerrados em fevereiro de 2015.
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Se for considerado também que, conforme a mesma fonte, e em idêntico intervalo, o salário real médio do trabalhador subiu 1,2%, e a produtividade da mão de obra manufatureira variou entre ‐0,9 (pessoal ocupado) e ‐0,01% (jornada de emprego efetivo), corrobora‐se a tendência desenhada entre 2011 e 2014, quando a eficiência industrial experimentou incremento de apenas 0,15% ao ano, contra acréscimo de 3,4% a.a. constatado para os rendimentos reais dos operários. Na mesma linha, estimativas da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam elevação de 9% a.a. do custo unitário do trabalho no Brasil, em uma década finda em 2012, versus aumento de somente 0,6% a.a. da eficiência produtiva. Tal desempenho colocou a nação na rabeira dos 12 países investigados pela entidade, com a mensuração de elevações de mais de 6% a.a., para Coreia do Sul e Taiwan, e superior a 2% a.a., para Estados Unidos (EUA) e União Europeia. Ademais, a produtividade do trabalhador brasileiro equivaleria a 1/5 da aferida para o americano. Nessa perspectiva, contrariando a defesa e argumentação de alguns movimentos sindicais, dominados por interesses corporativistas e avalizados pela dupla Lula e Dilma, de que a terceirização fragilizaria as relações de trabalho e dilapidaria direitos dos trabalhadores, o PL abre flanco para um princípio de flexibilização e modernização das articulações entre companhias no País, com reflexos positivos no palco da ocupação de trabalhadores terceirizados que, a rigor, cumprem jornadas maiores e irregulares e auferem remunerações em média 25% inferiores ao restante dos empregados. O aparentemente elemento nevrálgico da discussão, representado pela decisão de terceirização das atividades‐ fim, será avaliado e equacionado por critérios puramente microeconômicos, expressos no cotejo entre as planilhas de custos e o conjunto de benefícios oportunizados pela produção própria vis a vis a oferta no interior da firma via intermediação do mercado. Em outros termos, a segurança jurídica será determinante na busca da especialização de tarefas com eficiência que pode vir a multiplicar as oportunidades empreendedoras.
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CRISE DO SEGMENTO AUTOMOTIVO E ERROS MICROECONÔMICOS Gilmar Mendes Lourenço
Um dos elementos relevantes integrantes do exercício de análise da conjuntura econômica compreende a identificação das estratégias e táticas empregadas pelos agentes, visando à manutenção e intensificação dos cenários considerados desejáveis e a atenuação ou até eliminação dos pontos de perturbação à evolução do ciclo de negócios. Nessa perspectiva, parece interessante sublinhar a postura absolutamente equivocada adotada pelas empresas fabricantes de autoveículos atuantes no Brasil. Em vez de examinar a possibilidade de lançamento de medidas compatíveis com a nitidez do desenho de uma fase de prolongada estagnação da produção e da comercialização, as companhias começaram a optar pela saída fácil da promoção de reajustes dos preços finais dos produtos. Tal critério de recomposição de margens revela‐se bastante comum em estruturas de mercado oligopolizadas, nas quais um número reduzido de plantas domina as cadeias produtivas, sendo menos sensíveis ao uso de modelos de ajuste pela via da supressão de gorduras ou de ineficiências e mais inclinadas à transferência das patologias microeconômicas ao consumidor final, o que, no ambiente presente, deve agravar o distúrbio que se tenciona eliminar. A reprodução setorial da atual situação de fragilidade do aparelho de transações no País é evidenciada pela acentuada queda no volume de vendas domésticas, produção e exportações, no primeiro trimestre de 2015, em cotejo com o intervalo janeiro‐março de 2014, apurada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA). A comercialização interna e a produção do ramo encolheram 17% e 16,2%, respectivamente, enquanto as vendas internacionais subiram 6,3%, influenciadas pela depreciação do real, especialmente no item ônibus (12%). Para caminhões, constatou‐se retração nas vendas domésticas, produção e exportações de 36,6%, 49,3% e 6,7%, respectivamente. Em máquinas agrícolas e rodoviárias, a contração foi de 20,3%, 22,1% e 27,8%, respectivamente, e o comércio interno e a produção de ônibus acusaram descida de 24,8% e 12%, respectivamente. O enfraquecimento da fronteira externa está intimamente ligado à morosa
A depressão interna pode
recuperação das economias avançadas, depois da instabilidade de 2008,
ser imputada à
principalmente em um clima de saturação do mercado de veículos e de declínio
diminuição e o encarecimento dos
das cotações internacionais das commodities, motivado pela desaceleração da demanda chinesa. A depressão interna pode ser imputada à diminuição e o encarecimento dos
financiamentos e ao
financiamentos e ao colapso na confiança dos consumidores em relação à
colapso na confiança dos
economia e à preservação do emprego e dos níveis de rendimentos, em
consumidores.
circunstâncias de exaustão do poder de endividamento primário, ao lado da substancial diminuição do movimento de renovação do parque de caminhões e de máquinas e implementos agrícolas, diante do já mencionado decréscimo das
cotações globais das commodities. Daí a marcha de elevação dos estoques, que saltaram de 329 mil unidades, em fevereiro de 2015, para 360,3 mil, em março de 2015, sendo a situação mais dramática nas concessionárias. Como consequência, o contingente ocupado no segmento recuou de 155,5 mil para 140,9 mil, em um ano findo em março de 2015, e projeta‐se redução de 10% na produção de veículos em 2015, em confronto com 2014.
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A propósito da compressão do rendimento real e do emprego e da impulsão dos passivos das famílias, os saques líquidos das cadernetas de poupança totalizaram R$ 18,5 bilhões nos primeiros três meses de 2015, o que corresponde a 3,5% do saldo de 31 de dezembro de 2014, configurando a maior retirada em duas décadas. Na verdade, um ramo empresarial da relevância da indústria automobilística, por conta de seus enormes efeitos multiplicadores para frente e para trás no sistema econômico, deveria priorizar a busca de soluções estruturais para os embaraços denotados, centrada essencialmente na adequação da curva de produtividade, focada na supremacia da eficiência incremental do capital sobre a preferência pela liquidez. É razoável supor que as organizações estariam compensando as perdas operacionais, por meio de transações de tesouraria, propiciadas por polpudos ganhos obtidos na aplicação dos excedentes em papéis de dívida emitidos pelo governo e sustentados pela ciranda financeira. Sem contar a disponibilidade de capital de giro, traduzida na dilação do prazo de recolhimento do imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS), concedida por todos os governos estaduais. Até porque, parece não pairar qualquer dúvida quanto ao erro crasso cometido pelas companhias, confortavelmente acomodadas sob o manto protetor das benesses oficiais, ao exagerarem no dimensionamento do potencial de absorção da demanda interna, caracterizada por enorme concentração de renda e ausência de mecanismos adequados para o financiamento de longo prazo do consumo de bens duráveis. A falta do cobertor de inverno, representado pelos favores dos incentivos fiscais baseados nos cortes das alíquotas do imposto sobre produtos industrializados (IPI), vigentes entre 2009 e 2014, exigirá a convivência do ramo, por razoável período de tempo, com um grau de capacidade ociosa não planejada acima de 50% do capital fixo.
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POUPANÇA E CRESCIMENTO ECONÔMICO Gilmar Mendes Lourenço
Dentre as várias estatísticas econômicas desfavoráveis contabilizadas pelo Brasil, ao longo do ano de 2014, uma delas, a taxa interna de poupança, merece atenção redobrada por conta da sua direta e pronunciada correlação com a expansão de longo prazo do sistema produtivo. Mais precisamente, a poupança endógena (expressa pela parcela da renda agregada não consumida ou exportada pelos agentes públicos e privados residentes ou atuantes no território nacional, em um intervalo de tempo), situou‐se em menos de 16% do produto interno bruto (PIB) no ano passado, atingindo o menor nível registrado neste século e corroborando a marcha cadente observada desde 2005, quando correspondia a 18,5% do PIB. Com tal comportamento o Brasil representa um autêntico ponto fora da curva da economia global, correspondendo à metade da média mundial e a 1/3 do padrão observado nos mercados emergentes, sendo 35% PIB, na Ásia, 55%, na China, e 22%, na América Latina. Como se sabe, a insuficiência de crescentes e robustos montantes de poupança interna torna a dinâmica do investimento (atualmente em menos de 20% do PIB, já incorporando a revisão metodológica promovida pelo IBGE) e, por consequência, a ampliação da capacidade oferta desprovida de maiores pressões inflacionárias, dependente de captações de volumes adicionais de recursos externos. É desnecessário sublinhar que esse expediente tem se revelado bastante complicado para nações com substanciais déficits em transações correntes, como a brasileira (4,2% do PIB, contra superávit de 1,8% do PIB, em 2004), mais suscetíveis a bruscas depreciações da moeda e a choques de oferta. No Brasil, a fragilização do circuito virtuoso, formado pelo empuxe das variáveis investimentos, emprego, salários e lucros, e as evidências de desindustrialização, em contraste com as ocorrências e processos manifestados na experiência internacional recente, tem como raiz a diminuta e decrescente taxa de poupança do País que, por seu turno, pode ser imputada à combinação de três fatores de instabilidade. O primeiro deles abarca a exacerbação da propensão consumista das famílias, ensejada pela apreciável mobilidade social verificada entre 2003 e 2010, determinada pelos efeitos combinados da queda estrutural da inflação, desde o lançamento do real, em 1994; da valorização do salário mínimo, da criação e disseminação do crédito consignado; da acentuação da formalização do mercado de trabalho; e das iniciativas oficiais de transferência de renda. Em parte expressiva das operações de compras, notadamente daquelas feitas a
O consumo deixou de
prazo, o ato de consumo deixou de representar o atendimento e a satisfação de uma
representar o
demanda reprimida, por décadas de exacerbação da concentração da renda, para
atendimento e a satisfação de uma
assumir o papel de objeto de desejo das pessoas, ocasionando, em momentos subsequentes, subida do endividamento e da inadimplência e perda de capacidade de consumo.
demanda reprimida
O segundo elemento, levantado a partir de simulações realizadas pelo mercado,
para assumir o papel
diz respeito à contração dos lucros retidos pelas organizações empresariais, devido à
de objeto de desejo.
necessidade de enorme transferência de haveres para sustentar o apetite tributário governamental superior a 36% do PIB, contra 25% dos emergentes.
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O terceiro eixo explicativo compreende a significativa gastança do setor público, 6,7% do PIB acima da arrecadação, concentrada no custeio da máquina, nas transferências monetárias ‐ que englobam o salário‐família, o abono salarial, o seguro‐desemprego, os benefícios para idosos, as aposentadorias e pensões e o bolsa família ‐ e nos encorpados juros pagos aos intermediários financeiros para a rolagem diária dos déficits e da dívida mobiliária oficial. No intervalo de tempo compreendido entre 1991 e 2014, o dispêndio do governo federal (excetuando os juros) subiu de 13,7% para 23% do PIB, financiado pelo imposto inflacionário até o começo de 1994, pelo empuxe da dívida até janeiro de 1999, e pelo salto da carga tributária, desde então, sem qualquer contrapartida relevante na oferta de serviços públicos. Nesse contexto, a rápida e consistente recuperação do esforço de poupança interna no Brasil requer a adoção de providências que contemplem uma radical alteração dos sinais dos parâmetros macroeconômicos, na direção do declínio da absorção interna em favor do investimento e do equilíbrio no balanço de pagamentos. No caso do consumo urge ajustes na órbita privada, com a revisão das políticas sociais mais exigentes de haveres orçamentários e da indexação do salário mínimo, na busca de aderência entre a marcha dos rendimentos médios e da produtividade dos trabalhadores, em um estágio descendente da janela demográfica, caracterizado pela diminuição da população economicamente ativa. No que tange aos dispêndios governamentais, é crucial a instituição de condições para a sua retração relevante e duradoura, orientada pela concretização das reformas de base, incluindo a fiscal, a tributária, a administrativa, a previdenciária, a patrimonial, a financeira, a trabalhista e a revisão, aprimoramento e desaparelhamento do arcabouço regulatório. É prudente reconhecer a natureza progressiva das ações via bolsa família, que absorve apenas 0,5% do PIB e beneficia a população mais pobre, e concentradora do dispêndio governamental destinado a aposentadorias e pensões, que abocanha 13% do PIB, favorecendo as classes de renda média e alta. Tanto é assim que, em uma década, mais de 2/3 da diminuição da desigualdade de renda no Brasil é explicada por fatores de mercado, como a apreciação do salário mínimo e a intensificação da formalização das relações de trabalho. Quanto aos investimentos, as modificações estruturais, conduzidas pelo setor público, abrigarão espaços tributários e financeiros para a impulsão das inversões na desobstrução dos gargalos infraestuturais (para cerca de 4% do PIB, experimentados nos anos 1970, versus os 2% do PIB atuais), por meio do abrandamento do ativismo estatal, e do destravamento das concessões e parcerias público‐privadas (PPs). Ao mesmo tempo, oportunizarão a restauração do setor industrial, debilitado nos últimos anos pelos elevados dispêndios derivados da carga financeira e de tributos e do câmbio apreciado e pela absoluta ausência de previsibilidade. Nesse particular, convém lembrar que a indústria reúne os maiores atributos para a produção de efeitos multiplicadores dinâmicos para frente e para trás e a realização da integração competitiva do País no cenário mundial, além de ser portadora e difusora de progresso técnico e ostentar poder de abertura de vagas de trabalho com maior qualificação, alargando os ganhos de eficiência da matriz econômica.
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Panorama Econômico – Abril/2015 Carlos Ilton Cleto Comércio Internacional. Balança Comercial Mensal (Abril/2015) – MDIC Fato Em abril de 2015, a Balança Comercial fechou com superávit de US$ 491 milhões, resultado de exportações de US$ 15,16 bilhões e importações de US$ 14,67 bilhões. A corrente do comércio atingiu US$ 29,82 bilhões, no mês e US$ 120,93 bilhões, no ano. O déficit comercial acumulado no ano é de US$ 5,07 bilhões.
25.000
19.218 20.752
23.025
19.617
18.103
19.507 19.297
17.198
15.646
20.000
16.979
13.704
16.521 15.156
14.934
15.000 10.000 5.000 0 mai/14
jun/14
jul/14
ago/14
set/14
out/14
nov/14
dez/14
jan/15
fev/15
mar/15
abr/15
-5.000 Exp o r t açõ es
I mp o r t açõ es
Sald o d a B C em U S$ milhõ es
FONTE: MDIC
Causa Utilizando o critério da média diária, com relação ao mês anterior, as exportações apresentaram retração de 1,8%, e as importações caíram 2,4%. Pelo mesmo critério, na comparação com abril de 2014, houve recuo nas exportações de 23,2% e nas importações, 23,7%. No acumulado no ano, às exportações diminuíram 16,4% sobre igual período de 2014, e as importações, recuaram 15,9%. A corrente do comércio encolheu 16,1%. Em abril de 2015, na comparação com igual mês do ano anterior, as exportações de produtos básicos, caíram 28,9%, a de produtos semimanufaturados, 20,0% e a de manufaturados 14,9%. Em termos de países, os cinco principais compradores foram: China, Estados Unidos, Argentina, Países Baixos, e Alemanha. Pelo lado das importações, houve queda de 48,3% em combustíveis e lubrificantes, 19,8% em matérias primas e intermediários, 17,9% em bens de consumo, e 16,4% em bens de capital. Os cinco principais fornecedores para o Brasil foram: China, Estados Unidos, Argentina, Alemanha e Coréia do Sul. Na comparação dos valores acumulados no ano, frente a igual período do ano anterior, houve retração de 23,6%, nas exportações de produtos básicos, 11,3%, nos manufaturados e 2,5% nos semimanufaturados. Pelo lado das importações ocorreu retração de 32,3%, nas compras de combustíveis e lubrificantes, e 13,0% em bens de consumo, de 12,5% nas matérias primas e intermediários e 12,3%, nos bens de capital. Consequências O comércio exterior brasileiro vem refletindo o cenário da desaceleração interna e mundial. Lentamente o saldo comercial vem apresentando recuperação, porém mais em decorrência da queda mais acentuada das importações do que pelo crescimento das exportações.
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Atividade Produção Industrial Mensal (Fevereiro/2015) – IBGE Fato Em fevereiro, a produção industrial diminuiu 0,9% com relação ao mês anterior. Frente a fevereiro de 2014, houve queda de 9,1% e no acumulado dos últimos doze meses a retração foi de 4,5%. Causa Na comparação com o mês anterior, os bens de capital registraram o recuo mais intenso, 4,1%, principalmente devido a menor produção de caminhões. As demais categorias de uso também tiveram queda: bens de consumo semi e não‐ duráveis, 0,5%, bens de consumo duráveis, 0,4% e bens intermediários, 0,1%. Com relação a fevereiro de 2014, a produção industrial apresentou a maior queda em bens de consumo duráveis, 25,8%, seguido dos bens de capital, 25,7%. No primeiro destacou‐se a menor produção de automóveis, eletrodomésticos da linha marrom, eletrodomésticos da linha branca, motocicletas e móveis. No setor de bens de capital, o destaque negativo foi em bens de capital para equipamentos de transporte. Os segmentos de bens de consumo semi e não‐duráveis e de bens intermediários também apontaram taxas negativas neste mês, 8,9% e 4,0%, respectivamente. Produção Indus trial BRASIL
150 140 130 120 110 100 90 80 jan 2009
f ev
mar 2010
abr
mai 2011
jun 2012
jul
ago 2013
set
out 2014
nov
dez
2015
FONTE: IBGE ‐ Índice de base fixa mensal sem ajuste sazonal (Base: média de 2002 = 100)
Consequência A produção industrial, que ameaçou recuperação em janeiro, volta a apresentar taxas negativas fevereiro. Para o ano, também como consequência do ajuste fiscal e da elevação dos juros, não é esperada recuperação.
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Atividade Pesquisa Industrial ‐ Regional – Brasil (Fevereiro/2015) ‐ IBGE Fato Entre janeiro e fevereiro, a produção industrial caiu em seis dos quatorze locais pesquisados e na comparação com fevereiro de 2014, doze das quinze regiões pesquisadas registraram variação negativa. No acumulado dos últimos doze meses, onze locais apresentaram recuo. No Paraná a produção industrial apresentou avanço de 2,4%, frente ao mês anterior. Na comparação com fevereiro de 2014, ocorreu queda de 15,0% e no acumulado em doze meses, 8,3%. Produção Indus trial BRASIL
150 140 130 120 110 100 90 80 jan
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2011
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2014
dez
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Produção Industrial PARANÁ 130 120 110 100 90 80 70 60 50 jan
f ev
mar 2009
abr 2010
mai
jun 2011
jul 2012
ago
set 2013
out 2014
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dez 2015
FONTE: IBGE ‐ Índice de base fixa mensal sem ajuste sazonal (Base: média de 2002 = 100)
Causa Na comparação com o mês anterior os locais que registraram queda foram: Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Região Nordeste e Espírito Santo. Por outro lado os avanços ocorreram no Pará, Goiás, Paraná e Amazonas. Na comparação com fevereiro de 2014, os maiores recuos foram na Bahia, Amazonas, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Região Nordeste e Minas Gerais. Os avanços foram registrados no Espírito Santo, Pará e Pernambuco. No Estado do Paraná, na comparação com o mês anterior, o crescimento de 2,4%, recuperou parte da perda acumulada nos dois últimos meses 6,9%. Na comparação com o mesmo mês no ano anterior, das treze atividades pesquisadas, dez registraram retração. Os maiores impactos negativos vieram de veículos automotores, reboques e carrocerias, alimentícios, coque, produtos derivados do petróleo e bicombustíveis, produtos de minerais não‐metálicos, móveis, e outros produtos químicos. Por outro lado, a maior variação positiva foi em celulose, papel e produtos de papel.
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Atividade Pesquisa Mensal de Emprego (Março/2015) – IBGE Fato Em março, a taxa de desocupação foi de 6,2%, aumentando 0,3 p.p., em relação a fevereiro de 2015, e 1,2 p.p., frente ao mesmo mês do ano anterior. O rendimento médio real habitual da população ocupada foi calculado em R$ 2.134,60 diminuindo 2,8% no confronto com fevereiro, e 3,0% frente ao mesmo mês do ano anterior. A massa de rendimento médio real habitual recebida pela população ocupada foi estimada em R$ 49,3 bilhões, diminuindo 3,0% em relação a fevereiro e 3,8% frente ao mesmo mês do ano passado. O contingente de pessoas ocupadas, 22,8 milhões, manteve‐se estável frente em ambas as comparações. 12,0 11,0 10,0 9,0 8,0 7,0 6,0 5,0 4,0 Janeiro
Fevereiro
Março 2008
Abril 2009
Maio 2010
Junho 2011
Julho 2012
Agosto 2013
Setembro 2014
Outubro
Novembro Dezembro
2015
FONTE: IBGE
Causa Regionalmente, frente ao mês anterior, a taxa de desocupação aumentou no Rio de Janeiro e ficou estável nas demais regiões. Frente ao mesmo mês do ano anterior a taxa de desocupação subiu nas Regiões Metropolitanas de Salvador, Recife, Porto Alegre, Rio de Janeiro, e Belo Horizonte e Porto Alegre. Em São Paulo não apresentou variação significativa. Com relação ao Rendimento Médio Real Habitualmente Recebido, por Grupamentos de Atividade, com relação ao no mês a maior queda foi em Construção, 5,6%. Na comparação anual foi observado o maior recuo em Comércio, reparação de veículos automotores e de objetos pessoais e domésticos e comércio a varejo de combustíveis, 5,2%. Consequência O crescimento do desemprego no mês não pode ser atribuído exclusivamente a fatores sazonais. Ao longo de 2012 deverá, em decorrência do desaquecimento da atividade econômica, ocorrer aumento na taxa de desocupação. Atividade PNAD Contínua – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Trimestre encerrado em Fevereiro/2015) – IBGE Fato A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio apontou, para o trimestre encerrado em fevereiro de 2015, taxa de desocupação de 7,4%, com crescimento de 0,6 p.p. frente ao mesmo trimestre do ano anterior e expansão de 0,9 p.p. na comparação com o trimestre encerrado em novembro do ano anterior. O rendimento médio real habitualmente recebido foi de R$ 1.817, crescendo 1,1% acima do trimestre encerrado em fevereiro de 2014 e 1,3% frente ao trimestre encerrado em novembro último.
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Causa O aumento da taxa de desemprego vem crescendo decorrente do desaquecimento da atividade econômica. 8,5
8,0
7,5
7,0
6,5
6,0
5,5
2 0 13
2 0 14
ez em br o D
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br o ut u O
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go st o A
Ju lh o
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M ar ço
Fe ve re iro
Ja ne iro
5,0
2 0 15
Consequência A taxa de desemprego ainda segue em patamar moderado, porém, o cenário para 2015, aponta para forte crescimento na taxa de desocupação. Atividade Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (Março/2015) – IBGE Previsão da Safra de Grãos Fato Em março, a estimativa da safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas, estimou uma produção de 199,7 milhões de toneladas, 3,6% superior à safra de 2014 e 0,1 %, acima da previsão de fevereiro. A área a ser colhida, 57,3 milhões de hectares, está 1,7% acima da registrada no ano passado e 0,2% superior à estimativa do mês anterior. Causa Com relação à produção de 2014, as três principais culturas, arroz, milho e soja que juntos representam 91,6% do total da produção nacional, registraram avanço na produção de 0,9% e 9,7% para arroz e soja, respectivamente. Para o milho houve redução de 3,7%. O levantamento sistemático da produção agrícola registrou variação positiva para doze dos vinte e seis produtos analisados: amendoim em casca 1ª e 2ª safra, arroz em casca, aveia em grão, cevada em grão, feijão em grão 1ª e 2ª safras, mamona em baga, mandioca, milho em grão 1ª safra, soja em grão, e trigo em grão. Em sentido contrário, deverão apresentar redução na quantidade produzida: algodão herbáceo em caroço, batata‐inglesa 1ª, 2ª e 3ª safras, cacau em amêndoa, café em grão – arábica, café em grão – canephora, cana‐de‐açúcar, cebola, feijão em grão 3ª safra, laranja, milho de grão 2ª safra, sorgo em grão e triticale em grão. Regionalmente, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas está assim distribuída: Centro‐Oeste, 80,6 milhões de toneladas, Sul, 76,1 milhões, Sudeste, 18,4 milhões, Nordeste, 18,8 milhões e Norte, 5,9 milhões. O Estado do Mato Grosso do Sul, mantém a posição de liderança na produção nacional de grãos, com participação de 23,6%, seguido pelo Estado do Paraná, com 18,5%.
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Consequência De acordo com prognóstico das áreas plantadas, realizado pelo IBGE em março, a safra de grãos em 2015 será superior a do ano anterior e este prognóstico deverá apresentar resultados superiores ao longo do ano, estando condicionado, ao regime de chuvas em áreas importantes para a produção nacional, que pode perturbar este cenário. Atividade Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário ‐ PIMES (Fevereiro/2015) – IBGE Fato A Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário do mês de fevereiro apresentou as seguintes informações: FEV‐15 / JAN‐15
FEV‐15 / FEV‐14
Acumulado no Ano
Acumulado em 12 meses
Pessoal Ocupado Assalariado
‐0,5%
‐4,5%
‐4,3%
‐3,6%
Nº. de Horas Pagas
‐0,1%
‐5,2%
‐5,2%
‐4,4%
Folha de Pagamento Real
‐0,9%
‐6,1%
‐5,2%
‐2,5%
BRASIL
Pessoal ocupado assalariado 108 106 104 102 100 98 96 94 92 90 Jan
Fe v
Mar 2009
Abr 2 0 10
M ai
Jun
2 0 11
Jul 2 0 12
Ago 2 0 13
Set
Out 2 0 14
Nov
De z
2 0 15
FONTE: IBGE ‐ Índice de base fixa mensal sem ajuste sazonal (Base: janeiro de 2001 = 100)
Causa Na comparação com igual mês do ano passado, por ramo de atividade, todos os dezoito segmentos reduziram o pessoal ocupado, as principais variações negativas foram em meios de transporte, máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações, produtos de metal, outros produtos da indústria de transformação, máquinas e equipamentos, calçados e couro, alimentos e bebidas, vestuário, metalurgia básica e papel e gráfica. Quanto ao Número de Horas Pagas, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, também todos os dezoito segmentos tiveram retração, as maiores reduções vieram de meios de transporte, máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações, produtos de metal, outros produtos da indústria de transformação, calçados e couro, máquinas e equipamentos, alimentos e bebidas, vestuário, metalurgia básica, papel e gráfica, minerais não‐metálicos e refino de petróleo e produção de álcool. No que se refere à Folha de Pagamento Real, comparativamente a fevereiro de 2014, novamente todos os segmentos registraram recuo, com as principais quedas em meios de transporte, indústrias extrativas, máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações, máquinas e equipamentos, produtos de metal, metalurgia básica, outros produtos da indústria de transformação, minerais não metálicos, borracha e plástico e papel e gráfica.
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Consequência No confronto com igual mês do ano anterior, o emprego industrial apresentou recuo, mostrando o baixo ritmo de desempenho da atividade industrial. Para os próximos períodos, dado o aprofundamento da crise econômica, não são esperados avanços muito intensos. Atividade ICI – Índice de Confiança da Indústria ‐ Sondagem da Indústria (Abril/2015) – FGV Fato Na passagem de março para abril, o Índice de Confiança da Indústria de Transformação ‐ ICI registrou recuo de 3,4%, passando de 75,4 para 72,8 pontos. Com aumento de 1,1% no Índice da Situação Atual – ISA, e recuo de 7,8% no Índice das Expectativas – IE. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada – NUCI diminuiu 0,5 p.p., atingindo 79,9%. 115,0 105,0 95,0
Índic e de Confianç a
Índic e da Situaç ão Atual
abr/15
mar/15
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dez/13
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set/13
ago/13
jul/13
jun/13
mai/13
abr/13
85,0 75,0 65,0
Índic e de Expec tativas
FONTE: FGV
80,4
abr/15
mar/15
79,9
fev/15
jan/15
82,0
dez/14
nov/14
82,7
out/14
set/14
83,0
ago/14
jul/14
83,2
jun/14
mai/14
84,3
abr/14
mar/14
84,4
fev/14
jan/14
dez/13
out/13
set/13
ago/13
84,6
84,3
84,2
nov/13
84,4
jun/13
mai/13
abr/13
84,5
jul/13
90,0 88,0 86,0 84,0 82,0 80,0 78,0 76,0 74,0
Ní ve l d e Utiliz a ç ã o da Ca p a c ida d e In sta la da - NUCI
FONTE: FGV
Causa No ISA, o principal quesito que contribuiu para o avanço foi a situação atual dos negócios, no qual a parcela dos que a avaliam como boa aumentou 4,4 n.p., chegando a 8,1%, e a dos que a consideram como fraca caiu 1,8 n.p., atingindo 38,1%. No IE, os empresários estão menos otimistas no que tange as expectativas com a produção, com diminuição nos que esperam produzir mais nos três meses seguintes, 13,5 p.p., e aumento de 0,8 p.p., nos que preveem produzir menos, atingindo 22,7%. Consequências Os resultados sinalizam que o setor industrial segue em desaceleração e que ainda não existem perspectivas de melhora no momento atual.
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Atividade ICS – Índice de Confiança de Serviços ‐ Sondagem de Serviços (Abril/2015) – FGV Fato Em abril, o Índice de Confiança de Serviços ‐ ICS aumentou 4,2% na comparação com o mês anterior, passando 82,4 para 85,9 pontos, primeira alta no ano. O Índice da Situação Atual – ISA cresceu 0,2%, passando de 66,0 para 66,1 pontos. O Índice de Expectativas ‐ IE teve elevação de 7,0%, atingindo 105,7 pontos. 160,0 140,0 120,0 100,0 80,0 60,0 abr/15
mar/15
fev/15
jan/15
dez/14
nov/14
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Índice da Situação A tual
set/14
ago/14
jul/14
jun/14
mai/14
abr/14
mar/14
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jan/14
dez/13
nov/13
out/13
set/13
ago/13
jul/13
jun/13
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Índice de Co nfiança
Índice de Expectativas
FONTE: FGV
Causa No ISA, destacaram‐se a avaliação mais otimista sobre o a situação atual dos negócios, que aumentou 4,4%, embora a percepção sobre a demanda atual tenha recuado 4,5%. Nas expectativas, houve aumento de 10,1%, o índice que mede a demanda prevista apresentou percentual de empresas que preveem aumento crescendo 4,2 p.p., chegando a 24,4% de respostas, e recuo de 5,6 p.p., nas que esperam redução, fechando com 17,3%. Consequência Apesar da elevação no mês, o setor de serviços permanece com percepção desfavorável, sugerindo ainda um cenário de arrefecimento no ritmo de crescimento econômico. Atividade ICC – Índice de Confiança do Consumidor (Abril/2015) – FGV Fato Entre os meses de março e abril, o ICC avançou 3,3%, chegando a 85,6 pontos, configurando a primeira alta do ano. O índice da Situação Atual cresceu 3,3%, passando de 77,7 para 80,3 pontos e o Índice das Expectativas teve elevação de 2,7%, variando de 85,8 pontos para 88,1 pontos. 135,0 125,0 115,0 105,0 95,0 85,0 75,0 abr/15
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nov/14
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Í ndic e da S itua ç ã o Atua l
jun/14
mai/14
abr/14
mar/14
fev/14
jan/14
dez/13
nov/13
out/13
FONTE: FGV
set/13
ago/13
jul/13
jun/13
mai/13
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Í ndic e de Confia nç a
Í ndic e de Expe c ta tiva s
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Causa Com referência a situação presente, a avaliação do consumidor com relação à situação econômica atual, avançou 1,2 p.p., para os que a consideram como boa, atingindo 5,7%, e redução de 1,5 p.p., nos que a julgam ruim, chegando a 76,1%. No que tange ao futuro, houve crescimento de 2,8 p.p. na proporção de informantes que prevêem melhora na situação econômica futura nos próximos seis meses, e redução de 4,0 p.p. na parcela dos que projetam piora. Consequência A alta no mês é uma boa notícia, porém ainda é cedo para acreditar em uma mudança na tendência. A expectativa para os próximos meses é de alternância entre melhora e piora, todavia, sem grande intensidade. Atividade Sondagem do Comércio (Abril/2015) – FGV Fato O Índice de Confiança do Comércio ‐ ICom cresceu 0,4% entre março e abril, passando de 92,0 para 92,4 pontos. O Índice da Situação Atual – ISA recuou 2,0%, chegando a 67,5 pontos, e o Índice de Expectativas ‐ IE aumentou 1,9%, atingindo 117,3 pontos. 160,0 140,0 120,0 100,0 80,0 60,0 abr/15
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Í n d ic e d a S itu a ç ã o Atu a l
jun/14
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dez/13
nov/13
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ago/13
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jun/13
mai/13
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Í n d ic e d e Con fia nç a
Í nd ic e de Exp e c ta tiva s
FONTE: FGV
Causa A evolução do ICOM foi influenciada principalmente pela melhora no IE‐COM em decorrência do otimismo com relação às vendas nos três meses seguintes, que avançou 2,6% em relação ao mês anterior. Apesar desta melhora o indicador que mede o ímpeto de contratações pelo setor recuou pelo quinto mês consecutivo, atingindo o menor valor da série histórica. Consequência Apesar da elevação frente ao mês anterior, o discreto avanço é insuficiente para apontar uma alteração na tendência do setor. Para os próximos meses, a expectativa é de variações com pouca intensidade.
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Atividade Pesquisa Mensal do Comércio (Fevereiro/2015) – IBGE Fato No mês de fevereiro, o volume de vendas do comércio varejista teve redução de 0,1% e a receita nominal avanço de 0,7%. Nas demais comparações, sem ajustamento, as taxas para o volume de vendas foram de recuo de 3,1% sobre fevereiro de 2014 e crescimento 0,9% no acumulado em doze meses. A receita nominal obteve taxas de 3,6% com relação à igual mês de 2014 e 7,2% no acumulado em doze meses. 170 150 130 110 90 70 50
jan 2009
fev
mar 2011
abr
mai 2012
jun
jul 2013
ago 2010
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FONTE: IBGE Índices de volume e de receita nominal de vendas no comércio varejista por tipos de índice (2003 = 100)
Causa No confronto com fevereiro de 2014, apenas três das dez atividades do varejo teve aumento no volume de vendas, Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, 8,4%, Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, 3,2% e Outros artigos de uso pessoal e doméstico, 3,0%. Para as demais atividades os decréscimos foram Veículos, motos, partes e peças, 23,7%, Material de construção 13,0%, Combustíveis e Lubrificantes, 10,4%, Móveis e eletrodomésticos, 10,4%, Tecidos, vestuário e calçados, 7,3%, Livros, jornais, revistas e papelaria, 5,3% e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, 1,8%. Consequência A queda no comércio varejista é decorrente do desaquecimento da economia, aquecimento nos preços e piores condições de acesso ao crédito. Para os próximos meses não são esperadas variações positivas intensas. Atividade Pesquisa Mensal de Serviços (Fevereiro/2015) – IBGE Fato No mês de fevereiro frente a igual mês do ano anterior, a receita nominal dos serviços cresceu 0,8%. No acumulado do ano a taxa ficou em 1,3% e no acumulado em doze meses, 4,7%.
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170 150 130 110 90 70 50 jan
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2 0 12
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FONTE: IBGE Índice de receita nominal de serviços (Base: Média de 2011 = 100) (Número índice)
Causa No confronto com fevereiro de 2014, o maior crescimento veio de Serviços Prestados às Famílias, 6,8% Serviços profissionais, administrativos e complementares, 3,6%, e Serviços de Informação e Comunicação, 0,6%. As quedas ocorreram em Transportes, Serviços Auxiliares, dos Transportes e Correio, 1,9% e Outros Serviços, 0,2%. Consequência De maneira semelhante a outros setores da economia o setor de serviços segue desaquecido, apresentando o menor resultado da série histórica iniciada em 2012. Inflação IGP‐10 (Abril/2015) – FGV Fato O IGP‐10 registrou variação de 1,27% em abril, crescendo 0,44 p.p. com relação a março. No acumulado em doze meses a variação é de 3,46%. 1,5%
1,29%
1,0%
0,98% 0,72%
0,5%
0,43%
0,44% 0,0% -0,5%
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-1,0%
FONTE: FGV
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Causa No mês de abril, dentre os componentes do IGP, o IPA, aumentou a taxa de variação em 0,70 p.p., apresentando variação de 1,45%, neste, o maior avanço foi proveniente das Matérias‐Primas Brutas, 1,43 p.p., com variação de 2,31 %, contribuíram para a maior variação do grupo: soja, bovinos e minério de ferro. Os Bens Intermediários tiveram acréscimo de 1,29 p.p., com destaque para materiais e componentes para a manufatura. Os Bens Finais recuaram 0,45 p.p., conseqüência respectivamente da menor variação nos subgrupos e alimentos in natura. O IPC teve desaceleração de 0,28 p.p., com o grupo Transportes sendo o principal responsável pelo desaquecimento do índice, neste grupo destacou‐se o item gasolina. Os grupos Alimentação, Educação, Leitura e Recreação, Vestuário, Despesas Diversas e Comunicação também apresentaram redução no índice de preços. O INCC teve aquecimento de 0,45 p.p., com maior variação em todos os componentes. Consequência O índice volta a apresentar avanço no mês, principalmente influenciado pela maior variação em algumas commodities, como soja e minério de ferro. Para os próximos meses a expectativa é de arrefecimento, porém, sem grande intensidade. Inflação IGP‐M (Abril/2015) – FGV Fato O IGP‐M variou 1,17% em abril, 0,19 p.p. acima da variação de março. Em doze meses o acumulado é de 3,55%. Causa Dos índices que compõe o IGP‐M, o IPA, que responde por 60% na composição do índice, registrou aceleração de 0,49 p.p., com destaque para Bens Intermediários, que avançaram 1,31 p.p., principalmente em decorrência da maior variação dos materiais e componentes para manufatura. Os Bens Finais tiveram variação 0,46 p.p. maior, como conseqüência do acréscimo no preço dos alimentos in natura. As Matérias‐Primas Brutas tiveram desaceleração de 0,54 p.p., decorrente principalmente da menor variação dos preços da soja, milho e aves. O IPC apresentou desaceleração de 0,67 p.p., principalmente devido a menor variação em Habitação, como consequência do impacto da tarifa de eletricidade residencial ocorrida em março. Outros quatro grupos apresentaram menor variação no mês: Transportes, Alimentação, Educação, Leitura e Recreação e Despesas Diversas. O INCC apresentou aceleração de 0,39 p.p., com avanços em todos os componentes.
2,00 1,50
1,67
1,50
1,00
1,17 0,98
0,75
0,50 0,00 -0,50
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-0,74
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FONTE: FGV
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Consequência De forma similar a outros índices inflacionários o IGP‐M segue em alta o que deverá ter influencia nos preços ao consumidor nos próximos períodos. Inflação IGP‐DI (Março/2015) – FGV Fato O Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna ‐ IGP‐DI registrou variação de 1,21% em março, acelerando‐se 0,68 p.p. frente ao mês anterior. Nos últimos doze meses, o índice acumula alta de 3,46%. Causa Na composição do IGP‐DI, o IPA aumentou sua taxa de variação em 0,83 p.p., atingindo 1,24%. As Matérias‐Primas tiveram o maior avanço 2,73 p.p., com destaque para a variação em soja, minério de ferro e suínos. Os Bens Intermediários tiveram aceleração de 0,89 p.p., sendo o principal responsável pelo avanço o subgrupo materiais e componentes para a manufatura. Os Bens Finais diminuíram a taxa de variação em 0,74 p.p., por conta de alimentos in natura. No IPC houve aquecimento de 0,44 p.p., decorrente da aceleração nos preços do grupo Habitação com forte aumento em tarifa de eletricidade residencial. Também apresentaram maior variação: Alimentação, Educação, Leitura e Recreação e Saúde e Cuidados Pessoais. O INCC registrou aceleração de 0,31 p.p., com aumentos em Materiais, Equipamentos e Serviços, 0,31 p.p. e Mão de Obra, 0,32 p.p. 2,0% 1,5%
1,48%
1,36%
1,21%
1,14%
1,0%
0,53%
0,5%
0,31%
0,0% -0,5% -0,63%
-1,0%
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ago/13
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FONTE: FGV
Consequência O IGP‐DI apresentou a segunda aceleração consecutiva, principalmente em decorrência dos preços no atacado, devendo estes aumentos causarem repasses para os consumidores ao longo do ano.
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Inflação IPCA (Março/2015) – IBGE Fato O IPCA variou 1,32% em março, 0,10 p.p. acima da variação de fevereiro, sendo este o maior índice mensal desde fevereiro de 2003. O índice acumulado em doze meses é de 8,13%, o maior desde dezembro de 2003. No ano, o acumulado ficou em 3,83%, a maior taxa para um primeiro trimestre desde 2003. Em Curitiba o índice acelerou‐se 0,31 p.p., registrando variação de 1,69% em março, 4,07% no ano e 8,66% em doze meses. Causa No mês o principal responsável pelo avanço foi o grupo Habitação, que atingiu alta de 5,29%, principalmente decorrente da tarifa de energia elétrica, que com elevação de 22,08% gerou impacto de 0,71 p.p. e representou 53,79% do IPCA. Ainda no grupo Habitação destacam‐se: mão de obra para pequenos reparos e condomínio. Nos demais grupos também merecem destaque: Transportes e Saúde e Cuidados Pessoais. 1,40
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IPCA acumulado em 12 meses
IPCA variaç ão mensal
FONTE: IBGE
Consequência O resultado do IPCA reflete principalmente a elevação da energia elétrica, que com a revisão das tarifas aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL ocorreram aumentos extras, fora do reajuste anual, para cobrir custos das concessionárias com a compra de energia. O forte aquecimento inflacionário do início do ano deve implicar condução mais austera por parte da Política Econômica. Inflação IPCA ‐ 15 (Abril/2015) – IBGE Fato O IPCA – 15 registrou variação de 1,07% em abril, 0,17 p.p. abaixo do registrado em março. No ano o acumulado é de 4,61%, e em doze meses 8,22%. Em Curitiba a variação foi de 1,79%, 0,07 p.p., superior a de março, acumulando 5,41% no ano e 9,03% em doze meses. Causa O grupo que exerceu o principal impacto na composição do índice foi Habitação, decorrente principalmente da variação nos preços da energia elétrica. O grupo Alimentação e Bebidas foi a segunda maior variação do IPCA‐15, refletindo a
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maior variação de cebola, alho, ovos, leite tomate e óleo de soja. Também tiveram aceleração no mês: Artigos de Residência, Vestuário, Despesas Pessoais e Comunicação, embora este último ainda com variação negativa de 0,03%. Consequência A inflação segue em patamar elevado. No mês principalmente como conseqüência da tarifa de energia elétrica, que impactou severamente o grupo Habitação. Inflação Custos e Índices da Construção Civil (Março/2015) – IBGE ‐ Caixa Econômica Federal Fato O Índice Nacional da Construção Civil variou 0,23% em março, 0,05 p.p. acima do resultado de fevereiro. Em doze meses, o acumulado é de 5,26%, menor do que o registrado nos doze meses imediatamente anteriores, 5,67%. No ano a variação é de 0,62%. O custo nacional por metro quadrado passou de R$ 916,85, em fevereiro, para R$ 918,95 em março sendo R$ 500,16 relativos aos materiais e R$ 418,79 à mão‐de‐obra. No Estado do Paraná, as variações foram de 0,27% no mês e 4,10% em doze meses, e o custo médio atingiu R$ 933,97.
1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 jan
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FONTE: IBGE e CAIXA
Causa Na composição do índice a parcela dos materiais variou 0,19%, 0,01 p.p. acima do índice de fevereiro, e a componente mão‐de‐obra, cresceu 0,10 p.p., passando de 0,18% em fevereiro para 0,28% em março. Nos três primeiros meses, os acumulados foram: 57% para materiais e 0,68% para mão‐de‐obra. No mês as variações regionais foram: 0,23% na Região Norte, 0,36% na Região Nordeste, 0,01% no Sudeste, 0,08% no Centro‐Oeste, e 0,72% no Sul. Ainda na verificação regional, os custos foram os seguintes: Sudeste, R$ 957, Sul, R$ 937,07, Norte, R$ 932,72, Centro‐Oeste, R$ 931,75 e Nordeste R$ 858,03. Consequência Os índices da construção civil voltaram a apresentar aceleração, principalmente como conseqüência do reajuste salarial ocorrido no Maranhão e do adiantamento salarial no Rio Grande do Norte. Inflação IPP ‐ Índices de Preço ao Produtor (Fevereiro/2015) – IBGE Fato O IPP apresentou variação de 0,26% em fevereiro, ficando, portanto superior à variação do mês anterior, 0,02%. No acumulado em 12 meses, houve aceleração de 0,27 p.p. frente ao apurado no mês anterior, atingindo 2,74%. No acumulado do ano a variação foi de 0,28%.
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Causa No mês, dezessete das vinte e três atividades apresentaram variações positivas, as maiores variações provenientes de fumo, outros equipamentos de transporte, confecção de artigos do vestuário e acessórios, e calçados e artigos de couro. No indicador acumulado do ano, sobressaíram‐se as variações positivas em fumo, outros equipamentos de transporte, outros produtos químicos, refino de petróleo e produtos de álcool, veículos automotores e alimentos. Consequência A aceleração dos preços ao produtor em fevereiro deve se configurar em maiores pressões inflacionárias, sendo inevitável o repasse para os preços no varejo. Operações de Crédito Nota à Imprensa (Março/2015) ‐ BACEN Fato O estoque das operações de crédito do sistema financeiro atingiu R$ 3.060 bilhões em março. A relação entre o crédito total e o PIB cresceu 0,4 p.p. frente ao mês anterior e 2,6 p.p. na comparação com março de 2014. A taxa média geral de juros das operações de crédito do sistema financeiro, computadas as operações com recursos livres e direcionados atingiu 25,8% a.a., e a taxa de inadimplência manteve‐se em 2,8%. Causa O volume total das operações de crédito em abril apresentou crescimento de 1,2% no mês e 11,2% em doze meses. Os empréstimos contratados com recursos livres, que representam 51,6% do total, atingiram R$ 1.578 bilhões, aumentando 0,8% no mês e 5,2% com relação a março de 2014. No segmento de pessoa jurídica, houve aumento de 1,3% no mês chegando a R$ 792 bilhões. Os empréstimos realizados às pessoas físicas cresceram 0,4%, chegando a R$ 787 bilhões. No crédito direcionado houve avanço de 1,6% no mês e 18,4% em doze meses, chegando a R$ 1.482 bilhões. Esse desempenho resultou de acréscimos mensais respectivos de 1,3% e 1,8% nos financiamentos a pessoas físicas e jurídicas. No segmento de pessoas físicas destacou‐se o crédito imobiliário e no segmento a pessoas jurídicas a retomada dos financiamentos para investimentos com recursos do BNDES. As taxas médias geral de juros apresentaram elevação de 0,2 p.p. no mês e 1,7 p.p. em doze meses. Considerando apenas o crédito livre, o custo médio situou‐se e, 40,9%, com altas de 0,3 p.p. no mês e 4,4 p.p. em doze meses. Para pessoa física a taxa média de juros no crédito livre atingiu 54,4% a.a., com alta de 0,3 no mês. Nas pessoas jurídicas, ainda no crédito livre a taxa situou‐se em 26,5%, com avanço de 0,4 p.p. no mês. A taxa de inadimplência do sistema financeiro permaneceu em 2,8%. A taxa de inadimplência relativa a pessoas físicas situou‐se em 3,7% com recuou de 0,1 p.p. no mês. Para pessoas jurídicas foi registrada elevação de 0,1 p.p. situando‐se em 2,1%. Consequência No mês houve expansão uma pouco mais acentuada do que em fevereiro, ao longo do ano o indicador deverá seguir em expansão que deverá intensificar‐se caso confirme‐se a recuperação econômica. Setor Externo Nota à Imprensa (Março/2015) ‐ BACEN Fato Em março as reservas internacionais diminuíram US$ 1,1 bilhão frente ao mês anterior, totalizando US$ 371 bilhões e a dívida externa somou US$ 347,8 bilhões.
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Causa No que tange ao Balanço de Pagamentos, o saldo da conta de transações correntes foi negativo em US$ 5,7 bilhões, acumulando nos últimos doze meses, déficit de US$ 101,6 bilhões, equivalente a 4,54% do PIB, decorrente principalmente da conta de serviços, com déficit de US$ 3,9 bilhões. A conta capital e financeira registrou entrada líquida de US$ 5,2 bilhões. Destacaram‐se no mês, os investimentos estrangeiros diretos US$ 4,3 bilhões. As reservas durante o mês de abril tiveram redução de US$ 1,1 bilhão, em decorrência da variação por paridades. A dívida externa registrou redução de US$ 728 milhões, frente a dezembro de 2014. A composição ficou da seguinte forma: US$ 286 bilhões de longo prazo e US$ 61,7 bilhões de curto prazo. Consequência Nos indicadores externos da economia brasileira é bastante preocupante o excessivo déficit em transações correntes, causado principalmente pela balança de serviços. Política Fiscal Nota à Imprensa (Março/2015) ‐ BACEN Fato Em março, o setor público não financeiro registrou superávit de R$ 239 milhões. Considerando o fluxo de doze meses o acumulado atingiu déficit de R$ 39,2 bilhões (0,7% do PIB). A dívida líquida do setor público alcançou R$ 1.847,70 bilhões (33,1% do PIB), diminuindo 0,7 p.p. como proporção do PIB em relação ao mês anterior. No ano a relação recuou 1,0 p.p. O montante dos juros apropriados atingiu R$ 69,5 bilhões no mês, e R$ 396,6 bilhões (7,11% do PIB) em doze meses. O resultado nominal registrou déficit de R$ 69,2 bilhões no mês e no acumulado em doze meses o déficit atingiu R$ 435,7 bilhões (7,81% do PIB). Causa Na composição do superávit primário, o superávit do Governo Central atingiu R$ 1,5 bilhão. Por outro lado dos governos regionais e as empresas estatais tiveram déficit de R$ 1,1 bilhão e R$ 97 milhões, respectivamente. Com relação aos juros apropriados em março, R$ 69,2 bilhões, houve elevação de R$ 13,2 bilhões em relação ao total apropriado em fevereiro, decorrente das operações de SWAP cambial realizadas no período. Com relação à Dívida Líquida do Setor Público como percentual do PIB, no ano, a redução foi conseqüência da desvalorização cambial, do crescimento do PIB nominal e do superávit primário. Em sentido contrário, contribuiu os juros incorporados. Consequência As contas públicas seguem apresentando relativa deterioração e a recuperação apresentada no primeiro trimestre de 2015 ainda é muito incipiente. A expectativa é para os próximos meses o Governo consiga apresentar resultados fiscais mais expressivos.
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