Revista Expressão 2018

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Revista Cultural do UniBrasil Centro Universitรกrio

Ano 7

Nยบ 1

2018


Grizete Lautert Dezordi. 2017


EDITORIAL Cultura e Educação

As instituições de ensino superior têm como escopo de suas atividades a promoção do Ensino, da Pesquisa e da Extensão, e nesta última se situa a maior parte das atividades culturais, sendo o mecanismo através do qual as escolas se relacionam com diversos outros setores da sociedade, constituindo forma de, em programas e projetos, atender interesses e necessidades da população, e potencialmente promover desenvolvimento regional, e isso é um dos mais notáveis atributos de uma instituição de excelência. Embora historicamente tenhamos vivenciado certo distanciamento entre o que denominamos o “mundo real” e o “mundo acadêmico”, é justamente a atividade extensionista que pode produzir o espaço compartilhado entre esses dois, ou seja, um campo em que as práticas se estabelecem em comum e adquirem sentido comunitário. Adquirir conhecimento não é um processo fácil. É árduo, exige trabalho e disciplina. Exige convívio e aprendizagem constantes, exige um processo educativo, que é revolucionário por si mesmo, pelo seu potencial libertador. Seu transcurso é desconfortável e de certa forma agressivo, contra a suavidade de toda ignorância. O UniBrasil Centro Universitário valoriza o componente cultural como parte importante do processo educativo e como complemento indispensável de uma boa formação superior, e por isso, a capa deste número tem como

tema uma referência aos animais, como seres que dividem o planeta conosco e são tão merecedores da vida quanto nós, os humanos, e retrata a relação harmoniosa e respeitosa que se dá pela dimensão amorosa, da troca afetiva no contato diário com nossos bichos de estimação, que nos abastece emocionalmente e enriquece nossas vidas. Como declarou a criadora da capa desta edição, a arquiteta Grizete Lautert Dezordi: “O Amor está no centro da capa. Uma menina abraçada ao seu cãozinho, numa total entrega. A criança simboliza a pureza de expressão do humano, o lugar do feminino, e os quatro pontos cardeais relacionados aos quatro elementos – Terra, Água, Fogo e Ar.” Entende-se que o Ensino, parte essencial da educação, não é inovação; pode ser inovador nos métodos, porém sua essência é conservadora, pois trata, afinal, do já provado e comprovado, o cânone. Todo o estabelecido pode - e talvez deva - ser discutido e superado, porém primeiro deve ser conhecido. A partir do conhecimento pode haver a inovação, ensina-se o que se sabe e pesquisa-se para inovar o já sabido. A Cultura, ainda que vinculada a princípio semelhante, é transgressora por definição, pois baseada no passado e no conhecido cria novo universo, ou pelo menos nova forma de vê-lo, e viceja apenas em liberdade. Que este ensino nos permita viver em paz conosco e com todos os habitantes deste planeta. Wanda Camargo Conselho Editorial da Revista Expressão.


EXPEDIENTE

CONSELHO EDITORIAL

Alexandre da Silva Wolf Maria Paula Mansur Mäder Wanda Camargo

COORDENAÇÃO DO PROJETO UNIBRASIL FUTURO E ACADEMIA UNIBRASIL É responsável pelo encaminhamento de propostas culturais; coleta e divulgação de informações sobre órgãos, entidades, programas e projetos financiadores de atividades artísticas e culturais; viabilização de espaço físico e equipamentos necessários para a realização das atividades culturais. Profª Wanda Camargo E-mail: assessoria@unibrasil.com.br Telefones: +55(41) 3361-4202 I 3361-4234

UNIBRASIL CENTRO UNIVERSITÁRIO

Presidente: Clèmerson Merlin Clève Reitora: Lilian Pereira Ferrari Pró-reitor de Pós-graduação, Pesquisa, Extensão e Assuntos Comunitários: Valter Fernandes da Cunha Filho Pró-reitor de Planejamento e Administração: Antonio Aparecido Cardoso Ilustração da capa: Grizete Lautert Dezordi Fotografias: Tiago Machado da Silva e Natanny Carvalho (UniBrasil) e Lucas Lopes (Graciosa) Periodicidade: anual ISSN 2238-8710 (versão digital) ISSN 2446-4724 (versão impressa) CENTRAL DE RELACIONAMENTO Complexo de Ensino Superior do Brasil - UniBrasil Telefone.: +55 (41) 3361-4200 Rua Konrad Adenauer, 442 - Tarumã - CEP: 82820-540 www.unibrasil.com.br 4


SUMÁRIO UniBrasil Futuro | 06 JOSÉ ROBERTO FREGA - ARTE E CULTURA: parceiros são fundamentais? | 08 JORGE CALDEIRA: A Estatística Aplicada e o Desenvolvimento do Brasil | 11

Academia UniBrasil | 16

JOSÉ ROBERTO DE CASTRO NEVES - A cultura na formação profissional | 18 ORANE MARIA SAMPAIO GALLEAZZO - Dois juristas falam sobre a área criminal | 20 CARLOS DIPP - REFERÊNCIAS NA ÁREA JURÍDICA: mercado de trabalho e história do Direito | 24 ELISABETE FRANÇA: Construir a cidade do ponto de vista da Arquitetura Social | 28 MARCIA CARLA e a gestão na administraçâo pública | 32 DARCI PIANA / RENATO ADUR: O Comércio no Paraná | 36 MARCOS KRIEGER: Pesquisa e desenvolvimento em saúde | 40 PAULA SIBILIA: Conectados, visíveis, ansiosos e dispersos | 44 LARISSA TISSOT: Políticas Públicas e Assistência Social | 48

Eventos Especiais | 52

AULA MAGNA | 53 JOÃO PEDRO GEBRAN NETO | 55 EDSON CAMPAGNOLO: O futuro da indústria | 56 RICARDO WAINER: Avanços das Terapias Cognitivo-Comportamentais | 60

Gênero | 65

MULHERES PARANAENSES | 65 DENIZE ARAUJO - Cinema e Gênero | 66 MULHERES PARANAENSES 2017 | 70 CONCURSO DE CONTO | 76 CONTO: Peniel - Gabriela Ribeiro | 78 SIMPÓSIO: “Mulheres de TI em um Mundo Masculino” | 80

Sustentabilidade e Responsabilidade Social | 83

ATIVIDADES SOCIAIS: aulas práticas de responsabilidade | 83 CONCERTO DE NATAL AFECE 2017: Natal da Solidariedade | 84

Cultura UniBrasil | 88 Eventos em parceria | 90 MARY DEL PRIORE: um olhar por trás das cortinas do Brasil Império | 92 MARCOS VILLA: o Brasil não é para principiantes | 96 ALEXANDRE GARCIA: o Brasil hoje | 98 RABINO NILTON BONDER: A Cabala do dinheiro | 100 Atividades acadêmicas | 106 O NORMAL E O PATOLÓGICO: Normatividade Psíquica como Estratégia de Controle | 108 Educação e Direitos Humanos | 112 LEI MARIA DA PENHA, UM EXEMPLO: a advocacia em direitos humanos e sua importância para o Brasil | 114 10 ANOS DE GRUTUN!: Shakespeare no Campus | 120 TEATRO EMPRESA: Segurança no trabalho | 121 ROAD SHOW | 122

ACOLHIDA DOS CALOUROS | 123 UM DIA NO UNIBRASIL | 124 FESTA NA ROÇA | 125 TV CAMPUS | 126 FESTIVAL DE DANÇA | 127 EVINCI | 128 Dia mundial em memória às vítimas de trânsito | 130 JOGUN | 131 DIA DA CRIANÇA UNIBRASIL | 132

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O Projeto tem como objetivo a manutenção de um canal permanente de divulgação e discussão de ideias, ou seja, pensar o Brasil que queremos para nós, para nossos alunos, para nossos filhos, para a comunidade.

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ARTE E CULTURA: parceiros são fundamentais?

Parcerias são elementos fundamentais na vida, em todos os níveis, desde o pessoal até o social, passando pelo empresarial. Elas surgem com o propósito de gerar sinergias e capacidades que cada um dos parceiros não possui individualmente, permitindo que eles, como parceiros, possam alavancar seus empreendimentos a outros patamares de desempenho. Parcerias existem em todos os ramos de atividade e têm um papel fundamental para o desenvolvimento da cultura de uma nação. Desde tempos imemoriais, o homem descobriu que caminhar sozinho pelo mundo era uma tarefa muito mais difícil que viver em grupos. Viver como um indivíduo isolado exige o conhecimento e a prática de múltiplas habilidades, dado que o indivíduo precisa dar conta de todas as tarefas para sua sobrevivência e sua prosperidade. Ao viver em grupos, o homem constatou que era possível uma especialização de tarefas. Mesmo no cumprimento das mesmas atividades, era possível um revezamento entre eles, dando-lhes mais tempo livre para ocupar-se de outras coisas. Com a evolução das sociedades, a especialização das atividades levou ao surgimento das tribos que deixaram de ser nômades, caçadoras e coletoras, dando lugar àquelas que cultivavam o solo, comercializavam o excedente de produção, estabeleciam uma logística de produção, consumo e venda, dando origem a uma prosperidade social crescente. Esse, em sentido amplo, é o conceito da parceria, que se estendeu ao mundo dos negócios e hoje em dia é tão praticado mundo afora. Parceria é estabelecida por meio de contratos, por meio de convênios, assinaturas, garantias, reconhecimentos de firmas, cartórios e, sobretudo, com muita confiança. Parceria que é parceria é uma via de mão dupla, na qual a confiança circula livremente AUTOR:

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José Roberto Frega professor do Departamento de Administração Geral e Aplicada da Universidade Federal do Paraná (UFPR); mestre e doutor em Administração.

de um lado a outro. Claro, confiança cega é algo que não é recomendável, notadamente no mundo dos negócios, mas uma confiança pautada em balizadores concretos e muita determinação é o que se espera em uma parceria. Sob a ótica de uma análise de posicionamento estratégico, as parcerias surgem quando o mundo oferece oportunidades e duas ou mais organizações não possuem as


competências necessárias para aproveitar essas oportunidades.

philosophy, religion, language,

Cada qual possui um conjunto distinto de competências,

art, and custom.

insuficiente por si só para se estabelecer naquele novo negócio.

John Murray, 1920). Apesar

Com uma parceria, essas competências complementares podem

de

colaborar de forma sinérgica, aproveitando a oportunidade de

definição

negócio e estabelecendo uma relação ganha-ganha.

nossos propósitos. A cultura,

sofrer

London:

críticas, serve

aqui

essa aos

junto com a língua, a origem Vamos divagar um pouco pelo mundo da estratégia: os

e a religião, forma os esteios

professores Prahalad, C. K. e Hamel, G., em sua obra A

de uma nação. É impossível

Competência Essencial da Corporação (In: Montgomery, e Porter.

imaginar uma nação sem a

Estratégia: a busca da vantagem competitiva. Rio de Janeiro:

sua cultura, assim como é

Campus, p 293-316, 1998), discorreram sobre as competências

impossível

essenciais (ou, em inglês, core competencies) que eles definem

pessoa sem a sua história e o

como 1) deve prover acesso a uma variedade de mercados; 2)

seu aprendizado ao longo de

deve fazer uma contribuição significativa para a percepção

sua trajetória de vida. Assim

de valor do cliente; e 3) deve ser difícil de ser imitada pelos

sendo, pode-se compreender

competidores, o que normalmente se obtém combinando uma

a valor da cultura dentro de

variedade de tecnologias individuais e habilidades de produção.

uma sociedade, ainda que

E o que tem isso a ver com as parcerias? Bem, ao desenvolver

essa mesma sociedade não se

uma competência essencial, a organização também ficará com

dê conta disso. A valo r iz ação

um ativo valioso que pode alavancar seus negócios se usado em

da

sinergia com outros ativos valiosos. É aí que entram as parcerias.

fo r m as de pro m o ç ão d a

Na busca pela especialização, especialmente neste nosso

c idadania

mundo que é dirigido pelas inovações, as atividades costumam

da naç ão e da s o c ieda d e.

imaginar

c u l tu ra

é e

uma

uma

das

val o r iz a ç ã o

começar por nichos de mercado. À medida em que esses nichos vão sendo atendidos em maior número, e as tecnologias vão

E no mundo das W artes e da

se consolidando, isso passa a formar um regime majoritário

cultura, como são possíveis

naquela atividade. A especialização, como vimos anteriormente,

as parcerias? O que cada

é um saber fazer algo específico de forma bastante intensiva

parceiro,

e com qualidade superior aos demais. Isso é visto de forma

busca

distintiva pelos clientes, dando ao especialista uma percepção

cada

de valor aumentado. Todavia, a sua atividade se resume a um

uma

nicho específico nos negócios. A sua fatia daquele mercado

separadamente: de um lado,

será limitada por suas próprias competências. Para que possa

imaginemos uma entidade

alavancar a sua participação no mercado, é necessário constituir

que promova a cultura e, do

parcerias com alguém que tenha habilidades distintas das suas.

outro, alguma empresa que

nesse

obter? um

contexto, Analisemos

dos

lados

possível

de

parceira

deseje investir em cultura. Vejamos, agora, como se pode compreender a cultura. Na

A entidade promotora da

antropologia e na visão de Edward Tylor, a cultura é “todo aquele

cultura

complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral,

competências

a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades

conhecerá as belas artes, os

adquiridos pelo homem como membro da sociedade” (TYLOR,

textos clássicos, a sabedoria

E. Primitive Culture: researches into the development of mythology,

popular, e essa será a sua

certamente nessa

terá área;

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especialidade. Terá um notório e distintivo

empresa boa), o que não necessariamente é

saber nessa área, levando a população a

verdade, mas é como funciona a percepção.

perceber o valor ali presente. Por outro

Todavia, como diz a famosa frase atribuída a

lado, se a sua especialidade é a cultura, para

Abraham Lincoln, “Pode-se enganar a todos

que alavanque a sua atuação no mercado,

por algum tempo; pode-se enganar alguns

é necessário que faça uma parceria com

por todo o tempo; mas não se pode enganar

algum

assim,

a todos todo o tempo”, as parcerias de longo

em um primeiro momento) que tenha a

prazo só se sustentam quando existe uma

competência financeira. E o que leva esse

consonância de motivações e interesses de

investidor a buscar uma parceria na área

parte a parte, o que é reconhecido pelos

da cultura? Normalmente é uma motivação

clientes e gera valor agregado.

investidor

(chamemos-lo

pessoal do CEO da empresa ou uma ação de marketing que busca uma valorização da

Um benefício menos evidente é que, via de

marca de sua empresa ligando-a à cultura.

regra, os artistas são formadores de opinião,

Uma vantagem mais óbvia é a redução do

o que leva a uma alavancagem superior do

valor dos impostos devidos, mediante a

investimento na ação cultural. Agora, a coisa

utilização de um dos inúmeros benefícios

fica boa mesmo é quando a empresa que

fiscais hoje existentes (p. ex. Lei Rouanet de

patrocina, a mecenas, assume de corpo e alma

incentivo à cultura). O apoio de instituições a

o investimento. Tudo bem, as empresas não

projetos culturais possui legislação específica

possuem alma, mas seus avatares, que são o

nos níveis federal, estadual e municipal, e é

CEO e o conselho de administração, sim. Se eles

tão importante que recebe um nome próprio:

forem entusiasmados mecenas, como o velho

mecenato. O termo “mecenas” tem sua origem

Gaius na Roma antiga, colocarão a sua empresa

no nome de um conselheiro do Imperador

em um patamar diferenciado, farão com que a

romano Augusto chamado Gaius Cilnius

sua marca seja lembrada de forma distintiva e,

Maecenas, rico administrador dos bens de sua

sobretudo, estarão colaborando de forma ativa

própria família e que, quando se aposentou,

para que se construa uma sociedade melhor.

patrocinou e apoiou seu círculo literário, que incluía nomes como Horácio e Virgílio, grandes poetas romanos do seu tempo. Mas, à parte e ao par dessa vantagem tributária, é importante destacar que uma empresa que faça o patrocínio cultural terá sua imagem vinculada àquela que foi patrocinada, ou seja, ganha um benefício intangível que se traduz num reforço de sua própria marca e numa forma diferenciada dos clientes enxergarem a empresa. A percepção é de que se a cultura é uma coisa boa e se essa empresa patrocina a cultura, então essa empresa é uma coisa boa. Na verdade, esse é um silogismo, pois toma parte dos atos de um ser (patrocinar a cultura) como representativo do ser em si (ser uma

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JORGE CALDEIRA

A Estatística Aplicada e o Desenvolvimento do Brasil O objetivo deste artigo é apresentar a temática discorrida pelo palestrante Jorge Caldeira no “UniBrasil Futuro”, que abordou o tema “História Econômica do Brasil – Os novos conhecimentos trazidos pela Econometria”. Na apresentação foi relatado que o Brasil já viveu épocas de expressivo desenvolvimento econômico e que a aplicação de técnicas estatísticas trouxe algumas informações sobre o quadro da história econômica do Brasil, de forma a se fazer uma interpretação mais clara dos fatos históricos.

AUTORES: Anselmo Chaves Neto professor do Programa de Pós-Graduação em Métodos Numéricos Aplicados à Engenharia da Universidade Federal do Paraná (UFPR); mestre e doutor em Engenharia. Rogério Jesus Hultmann - estatístico na Pró-Reitoria de Orçamento, Planejamento e Finanças (PROPLAN) da Universidade Federal do Paraná (UFPR); mestre em Métodos Numéricos Aplicados à Engenharia.

Em 11 de setembro de 2017, o escritor Jorge Caldeira esteve presente no “UniBrasil Futuro”, apresentando o tema “História Econômica do Brasil – Os novos conhecimentos trazidos pela Econometria”. O pesquisador e escritor Jorge Caldeira tem os títulos de Doutor em Ciência Política e Mestre em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), foi editor da “Ilustrada” e da “Revista da Folha”, editor de Economia da Revista IstoÉ e editor exclusivo da revista Exame. Escreveu vários livros dentre os quais se destacam: “Mauá: empresário do Império”, “O Banqueiro do Sertão” e “Júlio Mesquita e Seu Tempo”, que relatam a história de empreendedores brasileiros. O palestrante abriu sua fala abordando as mudanças na História do Brasil ocorridas a partir da aplicação de técnicas estatísticas, que vão ao encontro das afirmações básicas sobre o comportamento da economia brasileira desde o descobrimento até 1930: que a pobreza do Brasil é consequência dos tempos coloniais, que o desenvolvimento econômico brasileiro se iniciou a partir do Império, que na República Velha a economia brasileira era dominada pelas atividades agrárias e de pouco progresso. Para Caldeira, tais afirmações “foram inteiramente demolidas quando se começou a usar estatística para fazer História Econômica”. 11


Jorge Caldeira, pesquisador e escritor.

Segundo o historiador, o uso de estatística aplicada à história econômica é uma técnica que se iniciou a partir da década de 70, pelo economista americano Robert Fogel, e deriva da possibilidade de usar bancos de dados e computadores pelos historiadores em suas análises. No caso da economia brasileira, o primeiro a aplicar a metodologia foi o historiador francês Frédéric Mauro sobre o relacionamento das economias brasileira e portuguesa na virada do século XVIII para IX. A partir do estudo desse historiador se obteve o conhecimento de que a economia brasileira, à época, estava se desenvolvendo - mesmo com o final do período de exploração do ouro - e que crescia enquanto a economia portuguesa diminuía, revelando a independência entre elas. Estudos feitos sobre balança comercial entre Brasil e Portugal, pelo professor Robson Arruda (USP), apontaram que a economia colonial brasileira era de tamanho comparável à dos Estados Unidos. Os historiadores econômicos

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João Fragoso e Manolo Tolentino, em um estudo sobre o mercado do Rio de Janeiro no período colonial, descobriram que o mercado interno brasileiro era maior que as exportações, revelando que a economia colonial não era o que se pensava tradicionalmente. A mesma metodologia, aplicada a dados da economia referentes ao Império, revelou que o crescimento da economia per capita durante todo o período foi nulo. Além disso, o tamanho da economia brasileira que era comparável à dos Estados Unidos em 1800 resultou reduzida a 1/15 da economia americana ao fim do Império, em 1889. A causa dessa redução foi a Guerra do Paraguai, que durou cinco anos e provocou o deslocamento de escravos e outros trabalhadores dos cafezais e canaviais para a frente de batalha e, evidentemente, o morticínio que não ocorreu só do lado paraguaio, mas também do brasileiro, que teve milhares de mortos, aleijados e doentes. Caldeira relatou que a República iniciou o rompimento deste atraso econômico. Em


menos de 15 anos a economia brasileira era a que mais crescia no mundo. O autor mencionou trabalhos através dos quais apurou um crescimento médio na indústria, de 8,5% ao ano, durante os 40 anos seguintes à Proclamação da República. No mesmo período, os bancos tiveram crescimento médio anual de 8%, as ferrovias cresceram 7% ao ano e a cultura do café teve crescimento anual de 2%. Para o palestrante, o retrato estatístico da Primeira República mostra o desenvolvimento acelerado da indústria, do transporte e dos serviços enquanto a agricultura cresce pouco, bem ao contrário do conhecimento histórico sobre o período.

em arquivos de difícil acesso aos pesquisadores. Há dados econômicos registrados em jornais, revistas e bancos, tais como o Banco do Brasil, que embora arquivados guardam uma certa organização que facilita a pesquisa. Esse problema poderia ser resolvido se toda essa documentação estivesse digitalizada. Hoje em dia, isto é feito com a maior facilidade e muitas empresas prestam esse tipo de serviço a terceiros, que ainda podem armazenar o material original na prestadora do serviço. Os bons cartórios, faculdades e colégios já têm toda sua documentação atual e antiga digitalizada, o que facilita em muito o trabalho de busca e o ganho de tempo é considerável.

Para Jorge Caldeira, a estratégia brasileira de isolamento da economia mundial, após a crise de 1929, contribuiu para que a economia do Brasil fosse a de maior crescimento no mundo, colocando o país entre as 10 maiores economias mundiais, situação que se verificou até meados dos anos 70. A partir de então, a economia brasileira passou a se retrair, primeiramente parando de crescer e na sequência passando a crescer em taxas inferiores às demais economias do mundo.

Internet veio facilitar ainda mais essas buscas por informações e, muitas vezes, o pesquisador não precisa deslocar-se de seu local de residência para fazer o seu trabalho. Um bom exemplo disso é a evolução dos preços do petróleo através do tempo. Acessando o buscador Google, ele direciona ao endereço: https:// jccavalcanti.wordpress.com/2008/04/23/seriehistorica-do-preco-do-barril-de-petroleo/, que contém a série histórica do preço do petróleo (o gráfico da série é mostrado adiante). E, com uma análise rápida, se conclui que no início da descoberta da primeira fonte de petróleo o preço por barril era muito alto, chegando a US$ 120,00 em valores atuais, uma vez que os derivados do petróleo eram muito utilizados na iluminação doméstica (querosene e gás).

O uso dos métodos estatísticos na verificação de hipóteses sobre algumas das características do desenvolvimento brasileiro nas décadas anteriores a 1950 é ainda incipiente, e isso ocorre em razão da documentação se encontrar

Gráfico: Série histórica do preço do petróleo

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Mas, o barateamento dessa commoditie veio com a descoberta de muitos poços de petróleo. A primeira grande crise surgida no setor petrolífero ocorreu em 1973, com a Guerra do Yom Kipur entre Israel e Nações Árabes. No que diz respeito ao Brasil, pode-se afirmar que este fato veio começar o travamento no desenvolvimento econômico brasileiro que vinha de um crescimento de 3,4% em 1964, após sair de 0,6% em 1963, seguindo até o crescimento de 14,0% em 1973.

Gráfico: Série histórica do preço do petróleo

A série histórica da variação percentual do PIB brasileiro pode ser encontrada no site: http:// www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/ imprensa/ppts/000000289701031320170100 07987277.xls. Os números da série seguem de forma moderada até 1986, com crescimento de 7,5%, sendo que em 1981 houve uma recessão com PIB em -4,3%, e em 1982 um crescimento ínfimo de 0,8%. Esses valores foram provocados por outra crise do petróleo, essa em 1979, quando os produtores árabes e a Venezuela se reuniram na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e elevaram os preços para US$ 101,43. Isso é mostrado claramente no gráfico da figura 1, que mostra a evolução do preço do petróleo desde 1861.

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O Brasil, que descobria poços de petróleo até 1973 e os lacrava (é o que dizia a crença popular da época) devido ao baixo preço do barril (US$ 13,81 em 1972), partiu para a exploração da Bacia de Campos em 1974. Evidentemente, a Petrobrás tinha conhecimento deste mar de petróleo na Plataforma Submarina, mas não o

explorava pelo fato já citado. Uma evidência desse conhecimento é a nacionalização da Plataforma Submarina em 1972, incorporando-a ao mar territorial, que veio resguardar para o país as riquezas dessa região numa distância de 200 milhas (370,4 km). Na época ocorreram muitos protestos das nações estrangeiras e muitos mapas coloridos criticando as 200 milhas e exigindo o retorno da soberania do Brasil a apenas 12 milhas (tiro de canhão do século XVI) foram apresentados ao governo brasileiro. Os números referentes ao PIB brasileiro, já referidos, fornecem a série histórica do PIB brasileiro desde 1947, quando os métodos da Macroeconomia, de John Maynard Keynes, passaram a ser aplicados no controle econômico brasileiro. A figura 2 mostra a evolução dessa série. Os dados e a sua transformação em informação com a confecção dos gráficos mostraram claramente problemas econômicos brasileiros e as suas causas. Outros problemas e causas podem ser observados. Isso mostra que a aplicação de técnicas estatísticas, até as mais simples como os gráficos, contribuem de forma decisiva para o entendimento de situações-problemas.

Ao lado: Jorge Caldeira na Palestra História Econômica do Brasil – Os novos conhecimentos trazidos pela Econometria”. »


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Concebido com dois objetivos: o geral, de convidar pessoas vitoriosas na vida pessoal e profissional para ministrar palestras, relatando suas carreiras e trajetรณrias; o especifico, de motivar os alunos aos estudos, mediante conhecimento dos exemplos positivos desses palestrantes.


A CULTURA NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL Isso é bom? Aquilo é bonito? Essa conduta está correta? Há uma resposta certa para tudo? Diz-se que gosto não se discute. Alega-se também que a ética possui gradações. Para alguns, Deus morreu – de sorte que tudo estaria permitido. A liberdade, hoje, tomou tal dimensão que o mundo não teria mais fronteiras, apenas desafios. Mas, se não há padrão, como a vida em sociedade se mantém? Será que dar um “bom dia” a alguém passou a ser cafona? Enviar uma carta escrita seria um sinal de fraqueza? O que é bom, bonito e correto? Comumente o ser humano, para se sentir útil, busca servir à sociedade. Um dentista é útil à sociedade. Um gari e um professor também. Da mesma forma, uma florista, um advogado, um motorista e um engenheiro. Ao trabalhar, ganha-se dignidade, não apenas pelo resultado econômico da atuação – pois muitas vezes essa será a consequência desse lavor – mas, acima de tudo, pelo sentimento de contribuição à coisa comum. Possivelmente, o profissional mais qualificado, mais talentoso e dedicado, oferecerá um bom serviço. Mas, muito além disso, o profissional que souber distinguir o que é bom, bonito e correto fatalmente servirá melhor à sociedade – e, com a mesma certeza, entregará um trabalho mais satisfatório e encontrará mais motivos para a sua felicidade. Voltemos, então, à questão fundamental – que, propositalmente, inicia este texto: como distinguir o joio do trigo? AUTOR: José Roberto de Castro Neves - professor de Direito Civil na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ); mestre e doutor em Direito.

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A resposta inicia com o reconhecimento de que existem padrões sociais, isto é, modelos construídos no tempo, que aderiram à história da civilização a ponto de se confundirem com ela. Esses modelos funcionam como a argamassa, uma liga que une, geração após geração, a raça humana, na medida em que oferece uma carga valorativa. Conhecendo


esses padrões, podemos afirmar, com mais chance de acerto, o que é bonito, bom e correto. O nome desses modelos é cultura. Na dramaturgia grega clássica, que sobreviveu mais de dois milênios, fala-se da importância do autoconhecimento. O homem deve conhecer a si próprio: seus limites e suas aptidões. Desrespeitar seus próprios limites e desconhecer sua história, como ocorreu com Édipo, acarreta no desastre, na tragédia. A humildade e o sentimento de que se deve atuar de forma ativa na sociedade, desafiando a tirania, como fez Antígona, devem conviver. Tome-se o Evangelho. Independentemente da religião que se siga, o Evangelho oferece um poderoso arsenal de valores, podendo servir, até mesmo, de código ético. No Evangelho de Lucas, por exemplo, ensina-se, na parábola do bom samaritano, que acima dos títulos que alguém pode ter ou de sua posição social, o mais importante é a conduta caridosa em relação ao outro. Veja-se Dante, que denunciou com humor as dificuldades de todos nós, ou Cervantes, que nos mostra o vazio da vida sem sonhos, sem aspirações. Com Shakespeare, encontramos a nós mesmos e a todos que nos rodeiam. Melville nos leva para dentro do mar, numa luta contra uma gigantesca baleia branca. Charles Dickens denuncia um mundo desigual, cujos protagonistas são órfãos e miseráveis. Proust nos lembra que Madeleine e chá têm o poder de resgatar reminiscências poderosas – quando todos nós temos as nossas Madeleines e chás – e que somos tão fortes ou frágeis quanto essas lembranças. George Orwell conta a nossa história como uma fábula: os porcos, antes oprimidos, ao assumirem o poder, passam a agir como opressores. Todas essas obras vêm carregadas de valores, que funcionam como uma bússola. Com elas e tantas outras, o ser humano se educa. A cultura está também na música: para dar sonoridade ao poema de Schiller, Ode à Alegria, Beethoven compôs praticamente surdo sua Nona Sinfonia – e emociona mesmo quem jamais teve acesso às composições clássicas. No cinema, encontra-se cultura, seja rindo da pureza de Carlitos, personagem icônico de Charles Chaplin, ou pela firmeza de propósito de Rick – um aparentemente bruto Humphrey Bogart, que deixa o amor de sua vida, a irresistível Ingrid Bergman escapar para proteger uma causa que ele considera maior. No seu caminho, o ser humano, em grande parte para se sentir útil, legou obras. O tempo tratou de filtrá-las, a fim de manter vivas aquelas

cravejadas de preciosos valores e, por vezes, outras com apenas uma pequena joia de sabedoria. Ao se inteirar delas, refletindo sobre a sabedoria que elas oferecem, o homem se educa. Assentado nesses padrões, nós nos conhecemos melhor e, a partir daí, podemos ser mais – genuinamente – generosos conosco e com as pessoas que nos cercam. Afinal, como na célebre frase de Aristóteles, “todos os homens têm, por natureza, desejo de conhecer”. Assim, o economista, a enfermeira, o carpinteiro, o agente de turismo, a registradora de um supermercado, um juiz de direito, todos nós, enfim, teremos mais condições de compreender e dimensionar a beleza da Capela Sistina e perceber a angústia do próximo se tivermos uma educação munida de valores. Com essas ferramentas, será uma tarefa mais fácil identificar o bom, o bonito e o correto. Embora o nosso mundo ofereça, como nunca antes, as mais variadas formas de escapar dessas informações valorativas, também nunca antes houve tanto acesso à cultura. A opção, portanto, é nossa. Cabe a nós decidir se teremos a capacidade de responder. Afinal: Isso é bom? Aquilo é bonito? Essa conduta está correta? Há uma resposta certa para tudo?

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DOIS JURISTAS FALAM SOBRE A ÁREA CRIMINAL A atividade jurídica é importante demais para ser conduzida de modo superficial; nunca poderá se tratar de “torcida” por uma ou outra visão de procedimentos ou jurisprudências. Por isso é essencial que estudantes de Direito tenham acesso a pensamentos diversos, forma de desenvolverem o seu próprio pensamento. No momento em que a Operação Lava Jato atrai atenções, críticas e apoios apaixonados quanto a objetivos e modus operandi, a Colaboração Premiada é uma de suas forças e objeto de condenações e elogios.

AUTORA:

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Orane Maria Sampaio Galleazzo – advogada trabalhista; sócia do escritório Molina Jazzar Advocacia.

O projeto Academia reuniu, numa única noite, dois importantes juristas: Marlus Arns de Oliveira, discorrendo sobre a Lei 12.850/2013 e sua aplicação na Operação Lava Jato; e José Carlos Cal Garcia, falando sobre as perspectivas atuais da advocacia criminal. A advocacia criminal assume grande relevância não apenas para a defesa dos cidadãos, mas também de toda a sociedade, por isso a relevância da proposta de ouvir dois advogados profundamente envolvidos com a área. Marlus Arns de Oliveira é curitibano, sócio do escritório Arns de Oliveira & Andreazza Advogados Associados, com doutorado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Estudou Direito Penal em Georg-August Universität Göttingen, na Alemanha, e também na Universidade de Coruña, na Espanha, tendo ainda realizado o curso internacional Business & Compliance na Barry University, em 2016. Foi também Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/PR) no período 2004-2006 e Associado da American Bar Association (ABA) e da Inter-American Bar Association (IABA). É membro do Instituto dos Advogados do Paraná; da Associação dos Advogados de São Paulo; do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) e Diretor Executivo do Instituto Brasileiro de Direito Penal Econômico (IBDPE). Segundo Dr. Marlus, “com a Lei 12.850/13 houve um grande avanço nas investigações de crimes econômicos. A Lei regulamentou, por exemplo, a figura do agente infiltrado e deixou claro o acesso a registros, dados cadastrais, documentos e informações, independente de autorização judicial”. Talvez seu ponto mais conhecido seja a colaboração premiada, que há muitos anos é usada no Brasil, mas a partir da operação Lava Jato tornou-se popular, alicerçando a nova forma de se fazer investigação no Brasil. Ainda segundo o palestrante, “no escritório temos nos dedicado a estudar a Lei e a colaboração premiada desde então. O assunto, inclusive, foi tema da minha tese de Doutorado defendida ano passado; e o objetivo da palestra é mostrar na prática, no dia a dia, a aplicação da


Marlus Arns de Oliveira.

Lei, sobretudo usando exemplos da operação Lava Jato”. A ideia foi falar com os alunos sobre a repercussão que essa modificação da Lei trouxe para o Direito, especialmente para o Direito Penal, Processual Penal e, especialmente as modificações que acabaram surgindo para a sociedade. O advogado criminal José Carlos Cal Garcia Filho é mestre em Direito Constitucional pela Universidade Federal do Paraná, e Presidente da Comissão da Advocacia Criminal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/PR). Cal Garcia falou sobre as perspectivas atuais da Advocacia Criminal no cenário atual e, segundo ele, quando o assunto é o futuro da atuação na área do Direito, é importante levar em consideração as mudanças dos últimos anos e, principalmente, as exigências na formação dos alunos para o atendimento de novas demandas, como por exemplo, o direito ambiental e os cyber crimes. “Essas novas demandas exigem uma formação um pouco diferenciada para o profissional da advocacia, ou seja, não basta apenas ter o conhecimento do direito penal, do direito constitucional, do processo penal, é necessário também que o profissional tenha uma formação que dê conta de atender essas novas demandas”.

De acordo com o palestrante, é necessário analisar, primeiro, a relação entre meios e fins. Fins não justificam meios; fins e meios precisam ser legítimos. No Brasil, a legitimidade da atuação da Polícia, do Ministério Público e do Judiciário decorre da conformidade com a Constituição e as leis. A legalidade dos atos do Poder Público é ponto de partida e chegada. Comportamentos fora dos limites constitucionais e legais são inadmissíveis, assim como são vedados procedimentos ou medidas não previstos na ordem jurídica. Assim, segundo seu ponto de vista, a regulamentação da delação se faz necessária 21


José Carlos Cal Garcia.

para garantir a legalidade dos procedimentos e, principalmente, atribuir segurança jurídica para delatores e delatados, diminuindo os questionamentos em torno da validade dos acordos. O problema reside no abuso das prisões preventivas, na decretação fora das hipóteses legais com o propósito (aberto ou disfarçado) de obter a delação. Não se trata de impossibilitar, pois proibir a colaboração premiada para presos é desconsiderar sua dupla funcionalidade, pois a colaboração não serve apenas aos propósitos do Estado, na ampliação do alcance dos resultados de investigação, mas serve, em igual medida, como instrumento que amplia a defesa dos réus. Para os estudantes, ouvir os palestrantes, de profundos conhecimentos na área, pode ser considerado extremamente produtivo, já que a criminalística, sendo quase tão antiga quanto a própria humanidade, constitui atualmente uma ciência independente que apoia a justiça, pois

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ultrapassamos a fase de busca da verdade por meio de métodos primitivos, muitas vezes envolvendo tortura, já que muitas vezes não se obtinha uma confissão do acusado de forma espontânea. Hoje se tenta estabelecer a verdade com metodologia racional, sendo a delação premiada um de seus instrumentos, desde que esta não distorça os fatos, zele pela integridade e persiga a evidência com o fim de promover a justiça. Se tal delação configura meio de obter os corretos argumentos decisórios para a prolação da sentença, então sua utilização pode ser considerada como eficiente e adequada.


Ana Carolina Clève, Marcos Berberi, Marlus Arns de Oliveira, Carlos Dipp.

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REFERÊNCIAS NA ÁREA JURÍDICA: mercado de trabalho e história do Direito

Presidente da OAB/PR, José Augusto Araújo de Noronha veio ao UniBrasil proferir palestra sobre um tema de grande interesse para estudantes de Direito e advogados: o atual mercado de trabalho. Na mesma noite, Daniel Ribeiro Surdi de Avelar, Diretor da Escola da Magistratura do Paraná (EMAP) - Núcleo Curitiba, falou sobre a construção do Trial By Jury na Inglaterra, historiando o estabelecimento das chamadas leis do costume, a partir das quais, no século XII, foi instituído o que se denominou Common Law, conjunto de leis comuns a toda a Inglaterra, parâmetro inicial e modelo para muitos outros países.

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O convite ao jurista José Augusto Araújo de Noronha para falar sobre o atual mercado de trabalho, cujo aceite muito honrou o UniBrasil Centro Universitário, deve-se ao fato de que este é amplo, incluindo áreas como direitos do consumidor, trabalho, divórcios, inventários, contratos e os novos biodireito, direito da internet, relações homoafetivas, e muitas outras. Abrem-se oportunidades na área pública, como assessoria jurídica, e exercício de cargos como defensor público, magistrado, promotor público, delegado. Por outro lado, a concorrência é grande, como atualmente em todas as profissões, e o preparo constante é mandatório. Um estudante de Direito provavelmente será advogado, um advogado será certamente um estudante; poucas profissões exigem tanta pesquisa, estudo e atualização. Do labor nos bancos escolares à preparação para uma sustentação oral no STF, o caminho passará sempre pelos livros, pela jurisprudência, pelas leis antigas e novas, pelos novíssimos preceitos reguladores da propriedade intelectual no fluído ciberespaço. Além de falar sobre o mercado, Dr. Noronha destacou também o papel da Ordem dos Advogados na vida de nossa sociedade, já que esta tem um papel fundamental na vida comunitária, ela é porto e farol, em defesa da liberdade e da democracia. O advogado hoje é fundamental no sistema de justiça, e sua participação efetiva nas entidades de classe torna a profissão forte e respeitada, principalmente na área de direitos humanos e das minorias.

AUTOR:

A qualificação do palestrante é das mais relevantes para o tema: pósgraduado pelo IBEJ – Instituto Brasileiro de Estudos Jurídicos, com título de Especialista em Direito Processual Civil. Suas áreas de atuação são: Contencioso Civil, Direito Bancário, Contratual, Direitos Reais, Família, Sucessão, Comercial e Meio Ambiente.

Carlos Dipp – coordenador adjunto do curso de Direito do UniBrasil Centro Universitário; mestre em Direito.

Dentro da OAB/PR ocupou os cargos de Tesoureiro e Presidente da Caixa de Assistência, Conselheiro Titular do Conselho Seccional, Membro das Comissões de Diagnóstico do Poder Judiciário, Orçamento e Contas,


José Augusto Araújo de Noronha - Presidente da OAB/PR

Estabelecimentos Prisionais, Fiscalização do Exercício Profissional, Candidatura de Curitiba para a Conferência Nacional dos Advogados, Obras, Defesa dos Honorários Advocatícios e atualmente é seu Presidente e membro do Fundo de Integração e Desenvolvimento Assistencial dos Advogados (FIDA). Uma parte da história da profissão, por outro lado, foi desenvolvida por Daniel Avelar, que discorreu sobre o estabelecimento e funcionamento dos juris ingleses. Desde o reinado de Alfredo, o Grande, que unificou os reinos anglo-saxões formando a Inglaterra, procurou-se definir um corpo de leis baseado em princípios cristãos e costumes germânicos; as chamadas leis do costume, a partir das quais, no século XII, foi instituído o que se denominou Common Law, conjunto de leis comuns a todo o país. No evento, Avelar discorreu sobre o nascimento de um sistema e métodos jurídicos dos mais duradouros e bem-sucedidos: o júri na Inglaterra, e a formação do grande e pequeno júri, a partir do fim do Império Romano.“O surgimento efetivo de grandes reis, como Henrique II, permitiu a edificação política e jurídica do grande e pequeno júri. A partir desse processo de construção histórica, acabam sendo atingidos séculos depois os Estados Unidos e o próprio sistema judicial brasileiro”.

O Trial by Jury, o júri criminal inglês, evoluiu dentro da Common Law, e adotava já então princípios claros para a escolha de jurados e sua inviolabilidade, o direito de defesa, a exigência de que o veredito fosse unânime e não passível de reforma. Por acreditar que o conhecimento histórico é parte integrante da cultura geral indispensável ao bom exercício do Direito, em todas as suas áreas, o juiz Daniel Avelar participa de atividades como “O Julgamento de Otelo”, comemorando os 80 anos do Centro Acadêmico Hugo Simas, dos estudantes de Direito da Universidade Federal do Paraná, para sentença do personagem de Shakespeare, acusado de assassinar sua esposa Desdêmona. 25


Reedição de um famoso julgamento de mais de 50 anos atrás, esta nova edição contou com Técio Lins e Silva, como advogado de acusação, e com o paranaense Jacinto Nelson de Miranda Coutinho, como defesa, e Daniel Ribeiro Surdi de Avelar foi o responsável pela sentença. Daniel Ribeiro Surdi de Avelar, que também honrou o UniBrasil com sua presença, é mestre em Direitos Humanos pelo UniBrasil Centro Universitário, Juiz de Direito, Presidente da 2ª Vara Privativa do Tribunal do Júri de Curitiba, Diretor da EMAP (Escola da Magistratura do PR) - Núcleo Curitiba, e professor universitário. O tema de sua palestra é fascinante e certamente interessou a todos os estudantes e estudiosos do Direito, já que o conhecimento histórico é parte integrante da cultura geral indispensável ao bom exercício do Direito, em todas as suas áreas. Afinal, desde o código de Hamurábi, reconhecemos os mais pobres e fracos como aptos a exercer seus direitos, mas apenas na Grécia foi estabelecida,

muitos anos mais tarde, a democracia como forma de governo que principia o acesso à justiça, imperfeito até os dias atuais. Aos estudantes presentes ficou a valiosa lição de que a graduação em Direito não é voltada simplesmente para a formação específica de advogados, delegados, magistrados, promotores, professores, e sim para a sedimentação do conhecimento jurídico socialmente produzido e para o estimulo à produção do conhecimento pessoal. É indispensável o foco naquilo que é o mais essencial na vida profissional: a capacidade de pensar por si mesmo, e nisso as atividades extracurriculares são essenciais, já que fornecem os instrumentos necessários ao desenvolvimento de um olhar crítico para o Direito, tomando-o objeto de um estudo científico. Auxiliam o aluno a desenvolver métodos para apreensão do conhecimento jurídico, e por meio de bons exemplos, como os dos palestrantes desta noite, ser consistente no seu futuro exercício profissional.

Alessandra Back, José Augusto A. de Noronha, Marcos Berberi, Marcelo Lebre. Na página ao lado o juiz Daniel R. Surdi de Avelar »

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ELISABETE FRANÇA:

Construir a cidade do ponto de vista da Arquitetura Social. As cidades do século XXI exigem, além dos arquitetos urbanistas, profissionais que apresentem soluções humanizadas e inovadoras para a construção das áreas urbanas. Segundo a ONU (2013), mais de 70% da população mundial viverá em cidades até 2050. A pauta é atender às demandas da população e às problemáticas crescentes desses espaços. A arquiteta e urbanista Elisabete França, com vasta experiência nesses projetos, foi convidada a falar sobre “Habitação e Cidade” aos alunos de Arquitetura e Urbanismo do UniBrasil, em março de 2017.

AUTORAS: Isabella Soares Nascimento - coordenadora e professora do curso de Arquitetura e Urbanismo do UniBrasil Centro Universitário; mestre e doutoranda em Arquitetura. Luciene Pazinato da Silva - professora de Ciências Sociais nas escolas de Comunicação, Design e Arquitetura e Urbanismo, Saúde, Humanidades do UniBrasil Centro Universitário; mestre e doutora em Ciências Sociais.

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Entender as cidades, construir as cidades e transformar as cidades é papel fundamental dos arquitetos urbanistas, em conjunto com sociólogos, assistentes sociais, geógrafos, advogados, profissionais da área da saúde, artistas e engenheiros, dentre outros. Isto é, de uma equipe multidisciplinar capaz de propor soluções adequadas p ara a melhoria da qualidade de vida das pessoas, a partir da habitação, da rua, do bairro e de uma região. Considerando o relatório da Organização das Nações Unidas – ONU de 2013, mais de 70% da população mundial viverá em cidades até 2050. Diante dessa realidade, é necessário discutir e colocar em pauta problemas pertinentes às cidades, como: mobilidade, transporte, equipamentos e espaços públicos, infraestrutura e habitação. Conhecer os desafios a serem enfrentados na cidade contemporânea no século XXI é importante para avançar no fortalecimento da sociedade, na direção de proposições mais humanas, justas e igualitárias. Diante desse cenário, a arquiteta Elisabete França, atualmente Diretora de Planejamento da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Estado de São Paulo – CDHU-SP e professora do curso de especialização em Planejamento e Gestão das Cidades da FAAP – Fundação Armando Alvares Penteado, de São Paulo, foi convidada a realizar Aula Magna intitulada Habitação e Cidade, para alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo do UniBrasil Centro Universitário, em março de 2017. Um dos atuais desafios para se viver nas grandes cidades é tornar os espaços urbanos mais humanizados. As diferentes formas de apropriação das populações das cidades, com suas características específicas de viver e de fazer uso da cidade, recolocam o debate sobre as melhorias das habitações de populações de baixa renda, no sentido de pertencimento do espaço urbano. Elisabete França é doutora pela Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo, desde 2008, e sua pesquisa apresentou propostas de desfavelamento das moradias localizadas nos arredores da represa de Guarapiranga, em São Paulo. Possui grande experiência em Programas de Habitação Popular, nacionais e estrangeiros, devido ao fato de ter sido também coordenadora (2004-2007) de projetos vinculados a financiamentos americanos da Organização das Nações Unidas – ONU, como Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento e


A arquiteta e urbanista Elisabete França.

o Programa para Assentamentos – UN–Habitat, em vários países em desenvolvimento, com destaque para o México, El Salvador, Honduras e Timor Leste. Foi Superintendente da Secretaria de Habitação da cidade de São Paulo durante 07 anos (2005 – 2012), onde coordenou a elaboração do Plano Municipal de Habitação e vários programas habitacionais, com destaque para Urbanização de Favelas, Recuperação Urbana e Ambiental nos Mananciais e Recuperação de Cortiços na região central da cidade. Desde 1991, vem se dedicando à divulgação da arquitetura e urbanismo, por meio da organização de vários eventos, como as exposições: A Cidade Informal no Século XXI (2010) e São Paulo: da cidade informal aos novos bairros (2012). Vale ressaltar o trabalho de coordenação da mostra itinerante, que durante os seis primeiros meses de 2012 compartilhou experiências entre seis assentamentos precários da cidade de São Paulo, bem como cidades de outros continentes como Roma, Nairóbi, Medellín, Mumbai, Moscou e Bagdá, as quais foram apresentadas no encarte especial da Revista Italiana Domus, em novembro de 2012. A arquiteta iniciou sua palestra ressaltando a importância do papel dos arquitetos e urbanitas no desenvolvimento de projetos para habitação de interesse social, urbanização de assentamentos precários e requalificação de áreas centrais das cidades.

Apresentou uma retrospectiva dos projetos voltados à Habitação de Interesse Social, destacando primeiramente o edifício Pedregulho, projetado pelo arquiteto modernista Afonso Reidy, em 1950, no bairro São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Na sequência, a arquiteta discorreu sobre a criação do Banco Nacional da Habitação (BNH) em 1966 e o modelo de habitação COHAB a partir de duas práticas: remoção de favelas e construção de novas unidades habitacionais. Apresentou exemplos de projetos como Cidade de Deus, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, e a Cidade Tiradentes, no município de São Paulo. 29


Maura Martins, Isabella S. Nascimento, Elisabete França e Lilian Pereira Ferrari.

O projeto Cidade de Deus foi planejado em 1964, resultado de um projeto urbanístico de habitação popular que pretendia ser em larga escala e de baixo custo, voltado para as camadas populares. Foram construídas 3.053 casas, cuja casa-modelo possuía a dimensão de 18 metros quadrados para uma família de quatro pessoas, e o terreno era de 60 metros, o que possibilitava ampliações do imóvel por iniciativa dos moradores.

de Habitação de São Paulo, com o último financiamento do BNH. Os dois projetos possuem semelhanças, pois foram planejados para abrigar famílias atingidas por grandes obras públicas, sendo o Estado o protagonista da produção do espaço. Por anos, essas comunidades viveram esquecidas, abandonadas, buscando suas próprias identidades e vivenciando as transformações ocorridas nas últimas décadas.

Ressaltou que modelos como a Cidade de Deus e outros implantados no Brasil, nesses anos, tornaramse lugares vulneráveis a desastres ambientais e violência social; esses lugares, construídos para proporcionar salubridade em moradia, tornaramse áreas insalubres em menos de cinco anos de uso. A realidade do local ficou conhecida com a produção reproduzida para o cinema, em 2002, a partir da obra de Paulo Lins (1997) “Cidade de Deus”, filme que retrata a vida dos moradores e a vulnerabilidade a todo tipo de violência.

Diante desses exemplos, a palestrante propôs uma reflexão sobre como enfrentar os desafios da habitação na cidade contemporânea do século XXI, visto que as periferias das grandes cidades ainda estão repletas de assentamentos precários e ainda possuímos um déficit habitacional no Brasil de 7,7 milhões (Fundação João Pinheiro, 2015).

Por outro lado, o Projeto Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, construído na década de 1980, concentra mais de 40 mil unidades habitacionais, do tipo apartamentos, a maioria delas construída pela Companhia Metropolitana

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A narrativa cronológica da palestrante mostrou a solução encontrada pelo Governo Federal em 2010, com a criação do Programa MCMV – Minha Casa Minha Vida, coordenado pelo Ministério das Cidades, prevendo a construção de 1 milhão de moradias populares. Segundo a arquiteta, o PMCMV apresentou de início uma estrutura que pretendia atender a


famílias de zero a dez salários mínimos, do grupo vulnerável da sociedade, e também permitiria auxílio àqueles que podem ser beneficiados pelas linhas de crédito oferecidas pelo mercado. As Cohabs construíram uma série de conjuntos habitacionais, ao longo dos últimos anos, a partir de modelos casa-padrão e os loteamentos foram implantados em áreas periféricas dos municípios e, novamente, os recursos destinados aos equipamentos públicos deram lugar a mais habitações. A quantidade de moradias foi o objetivo dos governantes brasileiros, que se mostrou efetivo para alterar, de fato, a política habitacional em termos de números de moradias construídas. Elisabete apresentou uma reportagem do jornal Estado de São Paulo, de 2017, na qual consta que 50% das unidades do Programa MCMV apresenta falhas de construção, bem como falhas no cadastro das famílias beneficiarias do Programa. Uma outra reflexão foi sugerida, do ponto de vista de como o Brasil está construindo suas cidades. Outros dados apresentados foram do Conselho de Arquitetura e Urbanismo - CAU BR/2015, com gráficos que mostram que 54% da população brasileira já construiu e/ou reformou seu imóvel, e que 85% dessa fatia não contratou um arquiteto e/ou engenheiro para projetar suas moradias. Diante desses dados, questionou: onde estão esses profissionais e por que não estão projetando as residências da população brasileira de classe média e baixa renda? Elisabete relatou sua experiência junto à Secretaria de Habitação do município de São Paulo (20052012), onde, primeiramente, foi necessário realizar diagnósticos de 800.000 moradias localizadas em assentamentos precários sujeitos a alagamentos. Foi preciso realizar um Plano Municipal de Habitação (2009-2024); desenvolver Planos Integrados a partir de territórios definidos por bacias de drenagem e fortalecer a participação das comunidades. Os Planos contemplaram:

saneamento, drenagem, resíduos sólidos, saúde pública, requalificação urbana e ambiental, redes sociais e equipamentos públicos. Os projetos respeitaram e consideraram as preexistências das comunidades e a cultura do local. Para ilustrar, apresentou os seguintes projetos: área de Heliópolis, com 1.000.000,00 metros quadrados e construção de 3.700 novas moradias, projetado por Andrade Moretin e Base 3 Arquitetos Associados; o Cantinho do Céu, junto à represa de Guarapiranga, projetado pelo arquiteto Marcos Boldarini; e o Projeto Água Espraiada – Faria Lima, 6.500 unidades habitacionais, projetado pelos arquitetos Ciro Pirondi, Una Arquitetos entre outros. Destacou também os Projetos do Real Parque e Jardim Edite, projetados por grandes grupos de arquitetos paulistanos, através de concursos promovidos pela Secretaria de Habitação. Segundo a arquiteta, os desafios atuais são: reconhecer as precariedades urbanas, mudar a cultura do programa único, como o MCMV, levar e manter os serviços públicos para áreas urbanizadas e incentivar as redes sociais existentes em cada bairro.

No propósito dos programas de habitação popular apresentados, constitui um dos desafios viver ou morar nas grandes metrópoles, buscando o aperfeiçoamento da cidade inclusiva. Dessa forma, está sendo desenvolvido no curso de Arquitetura e Urbanismo, desde 2016, o Projeto de Extensão e de Iniciação Científica para os alunos dos períodos iniciais, na linha de pesquisa das Condições de vida das comunidades de baixa renda do município de Curitiba, e também de Assistência Técnica para moradias precárias. Esses projetos têm como propósito a formação de um aluno com outro olhar sobre a cidade.

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MARCIA CARLA

e a gestão na Administração Pública

A professora Dra. Marcia Carla Pereira Ribeiro proferiu palestra sobre a gestão na Administração Pública. Chamada a proferir uma fala a respeito do funcionamento da administração e do ensino jurídico, a Procuradora do Estado e advogada, ex-Procuradora Geral do Estado e ex-Secretária de Estado da Administração e da Previdência afirmou que pensar a gestão da coisa pública pode assemelhar-se à gestão das nossas vidas.

AUTOR: Carlos Eduardo Koller - professor do curso de Direito do UniBrasil Centro Universitário; mestre e doutor em Direito.

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Nas palavras de Marcia Carla, “se um determinado sujeito está em uma escolha binária entre comprar uma geladeira ou pagar a escola dos filhos, reformar a casa e arcar com demais cuidados pessoais ou viajar em férias, necessariamente possui um problema de gestão motivado pela escassez de recursos e que o levará a fazer escolhas. Muito embora a decisão possa acarretar efeitos no orçamento doméstico, ela também vai afetar a vida do sujeito que decidiu, em termos de responsabilidade e até mesmo de reputação. Por isso, toda a decisão que envolve um custo também envolve uma responsabilidade. E assumi-la pode ser positivo ou negativo em termos de reputação e imagem. A Administração Pública trabalha com a gestão de recursos, que influenciam na tomada de decisões do particular, mas que em sua vertente de recursos públicos afetam a vida de muito mais pessoas”. Assim, a palestrante argumentou que, como um particular, a Administração Pública tem de arcar com o custeio de seu funcionalismo, com materiais e com as suas instalações, tendo por dever investir em algumas agendas, notadamente em educação e em saúde, em razão de seu caráter emergencial. Porém, a proveniência de tais recursos, no caso do particular, pode vir tanto de uma herança que tenha legitimamente recebido, do suor de seu trabalho, mas também de sua aposentadoria; já a Administração Pública tem fontes de custeio e rentabilidade que lhe são próprias e definidas por lei. Derivam dos impostos, das rendas e também das sociedades estatais. “E aí está um problema: as empresas que pertencem ao Estado. Talvez elas não fossem ou formassem a melhor ferramenta de fornecimento de renda e de arrecadação de fundos para o Estado. Reparem que elas também apresentam suas necessidades e precisam sobreviver em meio à escassez de recursos e, em alguns casos, num ambiente de competição no mercado. Isso pode parecer um problema ainda maior ao se pensar que as estatais, para além da titularidade estatal, são também um braço do mesmo Estado, que demanda administração própria e gestão – na contemporaneidade, com muito mais transparência. Afinal de contas, operam com recursos públicos e o resultado de suas operações vão atender, em alguma medida, os interesses mais gerais, portanto, em benefício da sociedade. Por isso, no cotejo dessas imensas necessidades todas pautadas pela escassez, seja no caso do particular ou de uma


Prof.ª Dr.ª Marcia Carla Pereira Ribeiro

sociedade privada, também o Estado articula seus interesses que, invariavelmente, não podem deixar de considerar a Justiça como uma premissa: por isso a necessidade do Direito”. A palestrante observa ainda que escassez exige a alocação de recursos de uma forma mais eficiente, ao passo que o Direito auxiliaria, proporcionando a melhor forma de se fazer isso, partindo-se do mínimo de injustiças em uma sociedade já tão acostumada com escândalos de corrupção de seus gestores. Como gestora experiente, Marcia Carla sabe que, sem dúvidas, não é uma tarefa fácil a de administrar; daí que toda ação, seja ela voltada à gestão de nossas vidas, ou à administração da coisa pública, vai demandar estratégias. Essas ações planejadas devem diminuir os custos envolvidos nas operações, aumentando a arrecadação de recursos, especialmente aqueles de natureza pública e voltados para o bem comum.

Questiona ainda: “será que o sistema tributário brasileiro, da forma como se encontra concebido, atende à essas premissas de escassez em um mundo de recursos finitos? Ou então, será que fazemos o melhor com o que ganhamos para nossas vidas? Essa é uma seara como o futebol, em que todos são capazes de

opinar e podem, em alguma medida, demonstrar serem grandes técnicos, mas a verdade não é essa. Precisamos de muita transparência em nossas vidas e em nossas contas, assim também precisa a Administração Pública. E o Direito é a ferramenta que deveria viabilizar essa gestão, tornando-a cada vez mais pública, fácil e acessível ao seu principal interessado: o povo brasileiro. Temos vários exemplos nesse tocante, mas propõe-se um bastante atual e polêmico: o custo dos direitos pessoais. Recentemente deflagrou-se uma onda conhecida como “nenhum direito a menos”, no

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Prof. Cesar Augusto Gaertner, Prof. Josué Alexandre Sander, Prof.ª Dr.ª Marcia Carla, Prof. Claudio Skora

Estado do Paraná. O movimento conta com a simpatia imediata do povo e das autoridades públicas, afinal de contas a conquista de um direito pode ter ocorrido inclusive mediante um processo penoso no passado. Esse movimento conta também - e eu diria infelizmente - com o apoio constante da mídia. Se olharmos para a situação como nos é posta, a partir de uma única visão comunicada, não teremos a menor dúvida de que uma grande injustiça seria operada se alguns direitos fossem restringidos. Mas por que, quando da implantação do direito, ninguém se perguntou o quanto impactaria em termos de custo para a Administração no

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médio e longo prazo? Da mesma forma, por que ninguém pensou, ou poderia pensar, que uma hora esses direitos poderiam se tornar inviáveis se não fossem planejadas as fontes de arrecadação para a sua manutenção? Como as instituições afetam o desempenho econômico em nossas vidas? Durante sua exposição, a palestrante deixou claro que alguém pensou: Douglass North, em uma clássica obra que lhe rendeu o Nobel em Economia, advertiu que o maior erro dos economistas clássicos foi pensar como os mercados funcionam, esquecendo-se de como eles se desenvolvem através do tempo. Essa é uma das grandes conclusões do autor. Como os mercados se desenvolvem através do tempo? Do mesmo modo, como nossas


vidas se desenvolvem a partir das decisões constantes que somos levados a tomar sobre nossos recursos?

Daí a essencialidade da relação entre arrecadação do Estado e o desenvolvimento de empresas ao redor dele.

A clássica obra Economic Performance Trought Time ainda revela algo mais assustador: esquecemos da forte influência que nossas instituições provocam em nossas vidas, em nossas sociedades e na forma como se organiza o Estado. A isso o autor chama de path dependence. Ou seja, toda decisão tomada hoje afetará o amanhã como uma dependência de trajetória.

Todavia, Luigi Zingales já destacou que o excesso de aproximação de atividades privadas com o Poder Público pode tanto formar colusões políticas, como atrair pessoas interessadas em gerir a coisa pública com base em seu interesse particular em receber algum benefício pessoal abusivo. É natural do ser humano o espírito aventureiro, ambicioso e as vezes afastado da moral, e por que não seria assim também com um gestor público – ser humano que é?

“Pode parecer muito óbvio, mas agora tente relacionar tudo isso. Imagine a relação entre uma melhor gestão, em termos de racionalidade, unida com a ética e a premissa de Justiça. Apresento-lhes uma das correntes da Análise Econômica do Direito. Sem dúvidas estou sendo bastante simplista, mas um dos maiores objetivos da corrente que nasceu com outra clássica obra, do economista Ronald Coase intitulada, The problem of social costs, é a junção das premissas que levam qualquer pessoa a experimentar os mais variados resultados em suas vidas: a somatória da escassez, da justiça e da teoria da decisão. Na vida prática temos desafios a enfrentar. Muitos derivam da não alocação de ferramentas lógicas que estão ao nosso alcance. Vejase uma iniciativa como a de fechamento de escolas públicas subutilizadas (desde que os alunos possam ser atendidos em escolas próximas) ou o congelamento dos salários dos funcionários públicos em períodos de crise. São medidas que afastam o administrador público da simpatia popular, mas que podem ser absolutamente necessárias”. Didática, a professora solicitou de todos um olhar mais atento para o passado, levandose em consideração o elemento tempo, assim como propôs Douglass North, para indagação de quais seriam as respostas que teríamos, sabendo que ao gestor resta o óbvio mais de uma vez: dinheiro não dá em árvore!

Mas finaliza a Dra. Marcia Carla: “não podemos mais conviver com isso. Para nosso desenvolvimento é essencial que o ambiente econômico seja dotado de maior previsibilidade e planejamento. As ações de hoje vão impactar no mundo amanhã. Mais uma vez parece que o óbvio vem sendo esquecido. Em nossas vidas experimentamos efeitos mais diretos, aqueles que nos impedem de tirar férias, de comprar produtos que precisamos, ou simplesmente aquele efeito que sentimos toda vez que gastamos o que não possuímos para atender a uma necessidade que criamos. Mas com a patrimônio público isso não pode ocorrer. Uma ação não planejada do ponto de vista econômico afeta a vida que as pessoas podem levar, as histórias que elas vão viver e, sobretudo, a continuidade da própria nação e a qualidade de vida de seu povo”. Aplaudida pelo auditório, considerada por estudantes e professores da área como uma das mais brilhantes exposições feitas no histórico do curso, Marcia Carla com certeza ministrou uma grande aula sobre a gestão honesta, dedicada e eficiente.

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DARCI PIANA & RENATO ADUR: o comércio no Paraná.

A Escola de Negócios do UniBrasil realizou o painel, por meio do Projeto Academia UniBrasil, com o tema “Comércio no estado do Paraná”. Este painel reuniu Darci Piana, presidente da Federação do Comércio do Estado do Paraná (Fecomércio), economista, contador e sócio proprietário da Dasa Consultoria Ltda., e Renato Guimarães Adur, advogado, empresário, ex-deputado estadual e ex-secretário de Estado do Desenvolvimento Urbano.

AUTOR: Josué Alexandre Sander – professor do Mestrado Profissional em Governança e Sustentabilidade do Instituto Superior de Administração e Economia do Mercosul (ISAE/ FGV); mestre e doutor em Administração.

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Em sua fala, Darci Piana abordou a relevância do comércio para a economia e o impacto da tecnologia e das inovações no comércio. Uma evidência da relevância do setor comercial para o Paraná são as 700 mil empresas existentes, os mais de 3 milhões de empregos gerados, responsáveis, por mais da metade do PIB do Paraná. Darci Piana falou sobre inovação e futuro e provocou os alunos a refletirem sobre mudanças que podem ocorrer no comércio. Será que no futuro existirá a profissão de comerciante? Ou as transações de compra e venda serão todas em lojas virtuais? Relatou que muitos empresários de lojas físicas já estão desenvolvendo suas próprias lojas virtuais, procurando atender esta nova demanda do público. Conforme exposto por Piana, a tecnologia existe, cabe aos gestores utilizá-las nas mudanças. Nas suas palavras: “A tecnologia tem avançado de forma extraordinariamente rápida, o que vem mudando a forma como a sociedade vive, se relaciona, interage e consome”. Com a inovação constante em nosso mundo, qualquer gestor ou colaborador não poderá mais parar de aprender. As instituições de ensino desempenham um papel fundamental nesse processo de aprendizado e desenvolvimento de novas teorias e conceitos. E o SESC e o SENAC também são peças importantes na educação básica e profissional. Na sequência, Renato Adur relatou sua experiência como proprietário de um empreendimento pioneiro em São José dos Pinhais, a Vinícola Araucária, uma proposta inovadora de produzir vinhos finos fora das regiões tradicionais. Nas suas palavras, a vinícola é um “Projeto Ideológico”, pois é construído a partir de ideais de preservação ambiental, do reconhecimento da cultura local e do desafio de mostrar que é possível produzir vinho de qualidade no Paralelo 25 Sul, uma região com pouca tradição em vinhos. A escolha ideológica fica evidente na composição territorial do empreendimento, que mantém milhares de araucárias preservadas, e perpassa pelo nome nos rótulos da vinícola, que valorizam a cultura paranaense. O projeto foi desenvolvido em conjunto com especialistas de diferentes áreas: agrônomo, arquiteto,


Darci Piana - Presidente da Federação do Comércio do Estado do Paraná - Fecomércio.

enólogo e empresários. A conjugação das diferentes habilidades foi fundamental para o sucesso do empreendimento, enfatizando a importância do trabalho em equipe que soma competências de pessoas diversas. Na visão de mundo do Renato Adur, o empresário deve assumir a função protagonista para construir um Brasil melhor e mais justo, priorizando sempre relações de ganha-ganha com fornecedores, colaboradores, clientes e comunidade, cuidando da natureza e não apenas se contentando em reduzir impactos ambientais, mas também procurando ampliar áreas de preservação. As escolhas do empresário também devem priorizar o desenvolvimento local e o mesmo deve investir em capacitação e ensino para os colaboradores. Apesar do projeto ter uma ideologia clara e contar com a colaboração de diversos especialistas, ele teve dificuldades para alcançar a sustentabilidade financeira. O modelo de produção de vinhos, limitado a 40 mil garrafas por safra, impossibilitava o pagamento de todos os investimentos necessários. Foi preciso ampliar o modelo de negócio, buscando ampliar os clientes potenciais. A Vinícola Araucária iniciou então um processo de preparação para o enoturismo e a atração de turistas e moradores da Região Metropolitana de Curitiba, resgatando valores culturais com a festa da

vindima. Na sequência também optou por abrir um restaurante e agora expande os serviços com a construção de chalés para que os turistas tenham a opção de se hospedarem no local. Essas escolhas mostram a importância de criar novas propostas de valor, para novos clientes, com o objetivo de alcançar a sustentabilidade financeira do empreendimento. Com o relato do seu empreendimento, Renato Adur procurou demonstrar, com exemplos práticos, que “todos temos capacidade de realizar”, mas para isso é preciso ter persistência e determinação. Também é fundamental contar com uma boa equipe, e para 37


O advogado e empresário Renato Guimarães Adur.

isso o gestor deve saber escolher as pessoas que atuarão no seu empreendimento. Com vontade de realizar e atuando com um bom time, a organização será capaz de inovar e assim alcançar a sustentabilidade ambiental, social e econômica. Ao final do evento, o professor Josué Alexandre Sander fez o lançamento do Centro de Empreendedorismo UniBrasil (CEU), espaço criado pela Escola de Negócios. O CEU tem como principais objetivos possibilitar que os

alunos aprimorem suas habilidades profissionais e incentivar a criação de novas empresas por acadêmicos de diferentes cursos da instituição. Algumas das atividades desenvolvidas no espaço concentram a área de empreendedorismo e gestão: avaliação de oportunidade; plano de negócio; formalização da empresa; diagnóstico da situação atual; seleção de softwares de gestão; planejamento tributário; planejamento orçamentário; pesquisa de mercado; pesquisa de clima; descrição de cargos; análise do layout da empresa e organização de estoque.

Josué Sander, Darci Piana e Paulo Fernando Cherubin. Ao lado: Darci Piana, Renato G. Adur e Josué Sander. »

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MARCOS KRIEGER Pesquisa e desenvolvimento em saúde

A Escola de Saúde do UniBrasil Centro Universitário promoveu uma palestra no dia 15 de maio de 2017 com o Dr. Marco Aurélio Krieger, Vice-Presidente da Fiocruz. O tema abordado pelo convidado foi a Pesquisa, o Desenvolvimento Tecnológico e a Produção voltados para pesquisa no Brasil, bem como o Papel da Fundação Oswaldo Cruz na Cadeia de Inovação e na Política do Complexo Industrial da Saúde no Brasil, sua história desde a fundação até os dias de hoje.

Profundo conhecedor da área em que prestigiou o UniBrasil Centro Universitário com sua presença, o Dr. Marco Krieger é pesquisador Nível I CNPq, com área de atuação em genética molecular, principalmente nos temas: expressão gênica, genômica funcional, diferenciação celular e utilização de técnicas de biologia molecular para o desenvolvimento de insumos para testes de diagnósticos. Foi o pioneiro no Paraná, juntamente com o Prof. Samuel Goldenberg, na construção do IBMP, Instituto de Biologia Molecular do Paraná. Sua palestra foi oferecida aos cursos da Escola de Saúde, e nesta ocasião o professor falou sobre a história da fundação Oswaldo Cruz. Essa palestra teve como principal objetivo apresentar a interdisciplinaridade na área de pesquisa e a importância dos profissionais da área da saúde para a promoção da qualidade de vida da população brasileira, tendo como tema central da palestra a Fiocruz e suas diversas áreas de atuação. A Fiocruz teve sua origem como Instituto Soroterápico Federal, em 25 de maio de 1900. O Instituto Oswaldo Cruz, nome este dado em homenagem ao seu diretor e fundador, foi fundado independentemente de sua vontade, por um decreto em 12 de dezembro de 1907, após o Brasil ter alcançado o primeiro lugar entre as 123 nações concorrentes à Exposição Internacional de Higiene, em Berlim, neste mesmo ano. Permaneceu como Instituição Autônoma até 1970, quando foi criada a Fundação Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz, pelo decreto de Governo nº 66.624, permanecendo o Instituto como unidade de origem, mas com direção própria e com atividades de pesquisa, ensino e serviços de referência. A partir de 1980, o Instituto foi novamente reorganizado em departamentos, passando a oferecer cursos de mestrado e doutorado, e sendo recuperada a sua revista de periódicos, Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, a mais antiga revista biomédica da América Latina.

AUTORA:

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Maria Regina Tizzot – coordenadora do curso de Farmácia do UniBrasil Centro Universitário; mestre e doutoranda em Farmácia.

A Fiocruz tem como conceitos que pautam a sua atuação promover a saúde e o desenvolvimento social, gerar e difundir conhecimento científico e tecnológico, ser um agente da cidadania. Desde os tempos de Oswaldo Cruz, Carlos Chagas e tantos outros, tem como missão produzir, disseminar e compartilhar conhecimentos e tecnologias voltados para o fortalecimento e a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e


Jannaina Vasco, Lilian Pereira Ferrari, Maria Regina Tizzot, Marcos Krieger, Angelita Vicentin, Vanda Pereira.

que contribuam para a promoção da saúde e da qualidade de vida da população brasileira, para a redução das desigualdades sociais e para a dinâmica nacional de inovação, tendo a defesa do direito à saúde e da cidadania ampla como valores centrais. A Fundação está instalada em 10 estados e conta com um escritório em Maputo, capital de Moçambique, na África. Além dos institutos sediados no Rio de Janeiro, a Fiocruz tem unidades nas regiões Nordeste, Norte, Sudeste e Sul do Brasil, escritórios no Ceará, Mato Grosso do Sul, Piauí e Rondônia. Ao todo, são 16 unidades técnicocientíficas, voltadas para ensino, pesquisa, inovação, assistência, desenvolvimento tecnológico e extensão no âmbito da saúde. Há ainda uma unidade técnica de apoio, atuante na produção de animais de laboratório e derivados de animais, Unidade de Educação a Distância da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (EAD/ Ensp). Ainda conta com quatro unidades técnico-administrativas dedicadas ao gerenciamento físico da Fundação, às suas operações comerciais e à gestão econômico-financeira. A comunicação e a informação são áreas estratégicas da Fiocruz. Por meio de diversos canais, em formatos impressos, eletrônicos e digitais, a

instituição busca contribuir para a democratização de informações e conhecimentos na área da saúde, além de dar suporte à formulação e implantação de políticas, programas e intervenções no setor. Na pluralidade de sua composição, com profissionais de diferentes perfis na área da saúde e vindos de diferentes partes do Brasil, a Instituição promove desde a pesquisa básica e aplicada, ciência, desenvolvimento tecnológico, ensino, formação de recursos humanos, produção de vacinas e medicamentos até a vigilância e promoção da saúde, a agenda ambiental e do desenvolvimento sustentável, a

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educação e a divulgação cientifica, que beneficiam a população brasileira e fortalecem o Sistema Único de Saúde. A palestra teve duração de uma hora e meia, com a participação de alunos dos cursos de Biomedicina, Enfermagem, Farmácia e Nutrição e suas respectivas coordenadoras: Jannaina Vasco, Maria Regina Tizzot, Angelita Vicentin e Simone Biesek. Os acadêmicos participaram ativamente formulando perguntas que foram prontamente respondidas pelo palestrante. Certamente os estudantes tiveram sua formação em saúde bastante enriquecida pelo contato com informações sobre a Fiocruz e as pesquisas realizadas, pois afinal, um dos maiores responsáveis pelo aumento da vida média e da expectativa de vida da população mundial, e em particular a brasileira, a partir do início do século XX, foram as descobertas sobre os agentes infecciosos e o desenvolvimento das técnicas e modalidades de controle, em pesquisas conduzidas em institutos criados como as primeiras instituições públicas destinadas à pesquisa médica. O país possui atualmente outros institutos, privados ou públicos, voltados às mais específicas áreas de atuação: institutos de cardiologia, pediatria, geriatria, ginecologia, epidemiologia, cancerologia, e muitos outros, mas os institutos públicos de pesquisa sobre agentes infecciosos, mais antigos e com longa tradição na pesquisa, servem de referência para a profilaxia de erros, ou para iniciativas com maiores chances de sucesso.

Ao lado: o palestrante Dr. Marcos Krieger »

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PAULA SIBILIA

Conectados, visíveis, ansiosos e dispersos. A antropóloga e ensaísta Paula Sibilia, professora do Departamento de Estudos Culturais e Mídia, bem como do Programa de PósGraduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF), em fala proferida em agosto de 2017, chamou a atenção para a oposição intimidade x extimidade, que marca a passagem de uma modernidade clássica para a hipermodernidade característica dos tempos atuais em que, consonante com dispositivos de hiperconectividade, observase a constituição de uma intimidade forjada para ser publicizada nas redes sociais. AUTORES: Andréa Maria Carneiro Lobo - professora do curso de Direito do UniBrasil Centro Universitário e tutora do PET; mestre e doutora em História. Angela Machado Couto Fonseca - professora do curso de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR); mestre e doutora em Filosofia do Direito. Ricardo Marcelo Fonseca - reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), professor associado do curso de Direito; mestre e doutor em Direito.

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A antropóloga, filósofa e ensaísta argentina, Paula Sibilia, esteve no UniBrasil Centro Universitário proferindo a palestra intitulada “Conectados, visíveis, ansiosos e dispersos”. A autora de livros como “O Homem Pós-Orgânico” (2002) e “Redes ou Paredes: a Escola em Tempos de Dispersão” (2012) abordou na palestra um de seus mais recentes e interessantes livros: “O Show do Eu: a Intimidade como Espetáculo”, lançado em 2016. A partir da temática sugerida pelo livro, a autora chamou a atenção para a oposição entre intimidade, concepção burguesa, desenvolvida ao longo da modernidade; e extimidade, aspecto que caracteriza a exposição de si nas redes sociais contemporâneas. A intimidade foi uma conquista relacionada ao modo de vida burguês e do desenvolvimento da concepção de espaço privado. Foi da necessidade de se estar só, consigo mesmo, com seus próprios pensamentos é que o modo de vida burguês criou as casas divididas em cômodos, e os quartos individuais, separados do restante da casa por paredes que tornam possível a materialização dessa necessidade. Ao desenvolvimento dessa necessidade de estar só corresponderam determinados dispositivos físicos, tais como o quarto individual e as paredes; e também certos pudores que com esses dispositivos se desenvolveram, entre eles, a discrição, o decoro e a necessidade do ocultamento de algo conservado e cultivado como precioso: a intimidade. A intimidade foi uma dura e longa conquista. Através dela o homem moderno, o homem burguês, pôde voltar-se para dentro de si, sondar, escavar seus incônditos mistérios, vivenciar sua subjetividade e externa-la somente para si, por meio de diários e cadernos de confidências. Aliás, segundo Sibilia, diários e cadernos de confidências constituíram-se em dispositivos de externalização da intimidade, mas uma externalização acessível somente àquele que a externava. A finalidade dos diários era o registro dessa escrita de si, para si, com o intuito de melhor dar a conhecer a si mesmo para si mesmo. Uma fruição de si, um fluido ininterrupto de subjetividade, tão, tão secreto que era guardado em lugares escondidos e fechados à chaves com cadeados. Essa conquista tão cara, a intimidade,


A ensaísta e pesquisadora Paula Sibilia

que é parte da construção de algo ainda mais complexo, a subjetividade, vem sendo paulatinamente desconstruída, afirma Paula Sibilia, de forma vertiginosamente rápida nos últimos dez anos.

textos; publicizando, de forma ininterrupta e quase infinita, essa “vida” transformada em imagem.

Mas esse alerta já era dado em 1967 pelo escritor francês Guy Debord, em seu livro “A Sociedade do Espetáculo”. Uma das questões centrais colocadas por Debord em 1967 é a profunda mudança que se operava nas relações sociais: os relacionamentos sociais passariam a se dar pela ótica da imagem, ou seja, o modo de se relacionar passava, a partir de então, pela lógica da transformação das coisas mais banais da vida em imagens, e da exposição pública dessas imagens. Imagens mediando as relações sociais, publicizadas como espetáculo, fazendo da vida um espetáculo constante.

As paredes do quarto, dispositivos que permitiam ao homem moderno o luxo da intimidade, do contato consigo mesmo, estão cada vez menores, e mesmo quase inexistentes: o que constitui hoje nossa intimidade? Aquilo a que só nós mesmos temos acesso? Ainda existe algo nosso que não é exposto? E de que é feito o conteúdo que publicizamos sobre nós e damos a conhecer nas redes sociais? É mesmo a nossa intimidade ali exposta? Nossa subjetividade desnuda? Ou uma intimidade criada, forjada para ser mostrada – uma extimidade, portanto, nas palavras de Sibilia? Qual o sentido e o porquê da

Paula Sibilia destaca que as questões postas por Debord, nos já longínquos anos de 1960, hoje nos parecem não apenas assustadoramente atuais, como ampliadas: na era da hiperconectividade, propiciada por uma série de dispositivos com os quais nos tornamos cada vez mais compatíveis (smartphones, celulares, microcomputadores, notebooks) e que nos dão acesso à redes sociais diversas (como o Youtube, o Twitter, o Facebook, o Whatsapp, o Instagram e tantos outros) nos damos a ver, o tempo todo, transformando pequenos detalhes da nossa vida em imagens, sons e

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necessidade de nos expormos o tempo todo? Quais as implicações disso para as novas configurações sociais em curso? Segundo a ensaísta, nessa exposição éxtima de nós mesmos, o que mostramos e vemos nas telas (cada vez menores) de nossos dispositivos de conectividade remota, não é nossa intimidade de fato: mas um ser “melhorado”, incrementado, um ser forjado para ser visto pelo outro. Nos moldamos ao que o outro espera ver de nós e é isso que tentamos, insistentemente mostrar: um eu reconstituído continuamente pelas expectativas de um outro que também não é ele mesmo. E nesse aspecto, os dispositivos precisam ser problematizados: as tecnologias, embora não nos obriguem a utilizá-las de determinada forma, sugerem formas de sua utilização. Um exemplo é a função selfie dos celulares: para que existe? Qual a finalidade da selfie (dessa foto que se tira de si mesmo) se não mostrar-se para alguém? A selfie só se concretiza sob o olhar do outro. É um olhar de si, sobre si, pautado pela expectativa que o outro terá desse nosso olhar sobre nós mesmos. É o fim da intimidade, então? Na era da hiperconectividade e da espetacularização extrema de si, ainda existe espaço para o encontro de si consigo mesmo? É possível não ceder a essa exposição constante de um eu forjado para ser exposto e gratificado com curtidas e comentários dos outros, também forjados para serem igualmente curtidos e comentados? Como reencontrar-se em meio a isso tudo? Esses foram alguns dos questionamentos que se seguiram à fala da Dra. Paula Sibilia. Questionamentos que ecoam até hoje no interior daqueles que tiveram o privilégio de assistir a sua fala. E que se complementam com o questionamento do filósofo francês Michel Foucault, em aula proferida no Collège de France, no início da década de 1980: o que é isso que estamos fazendo da nossa vida?

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Ao lado a pesquisadora e ensaísta: Paula Sibilia »


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LARISSA TISSOT Políticas Públicas e Assistência Social.

No dia 24 de agosto de 2017, a professora Larissa Marsolik Tissot, assistente social e atualmente Assessora Técnica da Secretaria de Estado e Desenvolvimento Social (SEDS) para o Programa Paraná Seguro foi responsável pela palestra “Políticas Públicas e Assistência Social: Desafios Contemporâneos”, ministrada ao Curso de Serviço Social do UniBrasil Centro Universitário. Larissa já foi professora desse Centro Universitário e hoje tem uma vasta experiência e conhecimento na área da política de Assistência Social.

Larissa Tissot é graduada em Serviço Social, possui especialização em Família e Políticas Públicas e em Gestão Pública com ênfase em Planejamento e Avaliação de Políticas Sociais, sendo suas áreas de atuação mais expressivas a de Ciências Sociais Aplicadas, Políticas Públicas, Assistência Social e Direitos da Criança e do Adolescente. Em uma conversa inicial com os/as estudantes presentes foi possível conhecer quem atua, estagia ou conhece a Política da Assistência Social. Larissa destacou, então, que as políticas públicas são construídas, pensadas e implantadas para responder demandas da sociedade. Dessa maneira, podemos afirmar políticas públicas como instrumento ou conjunto de ações dos governos, elaboradas para enfrentar um problema público, ou seja, um problema da sociedade. Também são um conjunto de decisões e ações direcionadas a problemas políticos, entendidos como nossos, da sociedade, da comunidade. Dessa forma, segundo ela, pensar em política pública como solução, como a maneira em que o Estado tenta enfrentar ou entregar resposta a sociedade, como ações do Estado decorrentes de demandas sociais, deixa mais evidente seu propósito. Atualmente “Política Pública” é um termo muito utilizado no senso comum erroneamente. Como assistentes sociais, temos que entender o que é de fato o nosso papel na defesa intransigente desses direitos. Caso contrário, o rumo da trajetória profissional pode se perder, como alertou a palestrante.

AUTORA: Jussara Marques de Medeiros – professora do curso de Serviço Social do UniBrasil Centro Universitário; mestre em Tecnologia.

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Ao longo de sua carreira, Larissa trabalhou visando à prevenção de situações de risco e oferta de serviços que buscam a socialização e a convivência familiar e/ou comunitária, atuando diretamente em instâncias importantes do processo de controle social, como Conselheira Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente; membro da Comissão Interinstitucional de Enfrentamento à Violência contra a Criança e o Adolescente; Conselheira Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência; Conselheira Estadual de Assistência Social e como Secretária Executiva da Comissão Intergestora Bipartite. A partir de sua experiência com o controle social, ela pontua que o conceito de política pública tem relação com a esfera pública, ou seja, da “coisa pública”, pois a legislação, a partir da Constituição de 1988, prevê a


Larissa Tissot

participação da sociedade civil. Contudo, é preciso considerar que elas não são unilaterais do ponto de vista de sua execução - que pode ser realizada pelo Estado ou por uma instituição privada que preste serviço público. Por exemplo: o serviço de acolhimento pode compor a rede socioassistencial do SUAS e está executando também as políticas públicas. Porém é papel do Estado ofertar políticas públicas, embora as organizações não governamentais possam ser grandes parceiras desse processo. A legislação destaca a importância da primazia do público e que, efetivamente, a sociedade civil possa ser participante e fiscalizadora das ações que são realizadas em conjunto com o Estado. Larissa Tissot evidencia que as legislações não garantem que as pessoas entendam, incorporem e passem a atuar na política. Para ela, a legislação vem calçada de uma perspectiva histórica de construção de atores sociais: “Quando escrevemos um documento como uma Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, que hoje para nós é uma resolução, ele é pensado como uma resolução do CNAS - que vem a imprimir diretrizes para cada um dos programas, projetos e serviços e benefícios do SUAS – e dessa forma estamos colocando ali o que vai responder às expressões da questão social. É necessário pensar que esta legislação não está calçada apenas num processo de luta, mas no nosso dia a dia de trabalho. Temos que garantir um processo de

política pública com ética, com compromisso”, afirmou ela. Assim, a partir do controle social, os conselheiros não governamentais são agentes públicos inseridos no processo. Por isso é necessário conhecimento e formação em políticas públicas para que seus atores ajam com criticidade. A partir das políticas públicas, o Estado deve buscar atender às necessidades básicas da população, pois políticas públicas são ações do Estado decorrentes de demandas da sociedade e financiadas com recursos da própria sociedade Entre 2014 e 2016, a palestrante atuou como Chefe de Escritório Regional 49


Glacielli Thaiz Souza de Oliveira, Larissa Tissot e Wanda Camargo.

da Secretaria da Família e Desenvolvimento Social/SEDS, prestando assessoramento técnico às equipes e gestores municipais de Curitiba e aos 28 municípios que compõem a Região Metropolitana de Curitiba, fortalecendo e estimulando boas práticas. Em 2017 foi indicada para a presidência da Fundação de Ação Social (FAS) de Curitiba e atuou também como presidente do Colegiado de Gestores Municipais de Assistência Social do Estado Paraná (CogemasPR), órgão responsável pela articulação e fortalecimento da política de assistência social no Estado. A experiência em política pública lhe dá subsídios para afirmar que é importante que os profissionais que atuam na política conheçam seus processos, para que garantam os princípios da Política da Assistência Social. Este fato destacado é de suma importância, visto que vivemos um momento de cortes nos recursos das políticas públicas, incluindo o Sistema Único da Assistência Social. Mesmo sendo a política regulamentada pela Lei n°12435/2011, a partir da força coletiva de múltiplos sujeitos históricos,

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como bem ressalta Larissa, foram propostos cortes de orçamento para o próximo ano que inviabilizariam o atendimento de proteção social à população, conforme previsto na política. A política da Assistência Social foi um grande avanço na nossa sociedade e uma grande luta dos assistentes sociais, hoje inseridos nos vários espaços sócio ocupacionais desta política. Ela é hierarquizada em proteção social básica e em proteção social especial. A primeira consiste no trabalho preventivo nos territórios com famílias vulnerabilizadas, que mantém os vínculos familiares, e a segunda, na atenção direcionada a famílias e indivíduos com vínculos fragilizados e rompidos, em situação de risco social. Hoje, os serviços da política são tipificados, ou seja, com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais foi possível saber quais serviços devem ou não ser executados. Porém, conforme a palestrante exemplificou, existe um forte conservadorismo nesta política, considerando sua história de favor, de benesse, de clientelismo. O grande desafio


de natureza política hoje é escolher um gestor público por competência, visto que para operar a política é necessário ter conhecimento técnico.

Sociais, compõe o conjunto de forças que fomentaram a consolidação destas políticas, não apenas no nosso País”.

Em nosso cotidiano, o conceito de política pública não é tão evidente quando acompanhamos o processo de trabalho de nossos colegas, não só assistentes sociais, mas demais trabalhadores. As políticas emergem de um contexto social no qual há um jogo de forças. As políticas foram e são historicamente construídas a partir de um contexto socialmente crítico, em que os trabalhadores tiveram que lutar para que elas fossem de fato implementadas. A conjuntura de políticas públicas e sociais nem sempre foram assim e temos que lutar pela sua permanência, pois são ações financiadas com recursos de toda a sociedade: por isso é um problema nosso!

Os desafios contemporâneos para as políticas públicas são a violência e a falta de oferta de trabalho suficiente com o território. Temos o desafio de conhecer onde chegamos, se o número de profissionais é suficiente, se as ofertas de serviços atendem aos cidadãos. Hoje temos unidades de articulação ainda com territórios desprotegidos, com índices de desenvolvimento humano baixo e apenas um profissional. A universalização dos serviços é fundamental, o pacto entre os entes federados, Estado, Município e Governo Federal deve ser horizontal, para garantir o atendimento às necessidades dos cidadãos.

Para Larissa, “discutir a política pública não é um problema apenas do Serviço Social ou no âmbito apenas do espaço profissional, pois ela enfrenta as expressões da questão social e, assim sendo, discutir com familiares, comunidade, pessoas com as quais nos relacionamos, nos espaços diferentes, inclusive com a participação em Movimentos

Ao final, a palestrante encerra pontuando: “Como trabalhar perspectiva de consciência de classe e autonomia com pessoas com ‘barriga roncando de fome’, com dor no corpo, com uma casa destelhada? Não se deve confundir assistência e assistencialismo, entretanto, os mínimos sociais devem ser ofertados”. Marx também já afirmava que, para fazer história, é necessário comer, beber, vestir:

[...] o primeiro pressuposto de toda a existência humana e, portanto, de toda a história, é que os homens devem estar em condições de viver para poder “fazer história”. Mas, para viver, é preciso antes de tudo comer, beber, ter habitação, vestir-se e algumas coisas mais. Segundo Larissa Tissot, um dos maiores desafios hoje é a necessidade da qualificação dos trabalhadores do SUAS, para romper com os paradigmas conservadores na política pública e a luta para a expansão de direitos dos usuários dos programas, projetos, serviços e benefícios desta política, duramente conquistada. 51


EVENTOS ESPECIAIS


AULA MAGNA O UniBrasil é uma instituição ciosa da qualidade de seus cursos, reconhece a importância da educação de excelência para o desenvolvimento social e econômico brasileiro, e valoriza também as atividades extraclasse. Nesse propósito, costuma convidar para ministrar as Aulas Magnas de seus cursos pessoas de grande relevância e respeitabilidade em suas respectivas áreas, que venham efetivamente a colaborar no processo de formação de seus estudantes. Aula Magna inicialmente denominava a aula inaugural de um curso superior, a primeira de um período. O termo, superando este significado assume seu papel estrito; o adjetivo “magna” aplica-se a algo de grande importância. Essas aulas, ainda que não guardem necessariamente relação direta com o currículo formal do curso, expressam parte notável de sua essência e filosofia.

O Presidente do UniBrasil Centro Universitário, Prof. Dr. Clèmerson Merlin Clève e o Desembargador João Pedro Gebran Neto.


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JOÃO PEDRO GEBRAN NETO A Aula Magna do curso de Direito do primeiro semestre de 2017 foi ministrada pelo Desembargador João Pedro Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que falou sobre Desafios do Poder Judiciário para 2017. Trata-se de tema oportuno para estudantes e operadores do Direito, em tempos de sedimentação da ideia de autogestão do Poder Judiciário, decorrência natural da outorga pela Constituição de 1988 de independência e autonomia financeira e administrativa a este Poder. Cabendo a seus próprios integrantes administrá-lo. Evidentemente, maior autonomia implica responsabilidades maiores, e maiores desafios em todos os sentidos. João Pedro Gebran é Mestre em Direito Constitucional pela Universidade Federal do Paraná, Especialista em Ciências Penais e Processuais Penais pela mesma UFPR, membro do Fórum Nacional da Saúde do Conselho Nacional de Justiça, membro do Comitê Executivo da Saúde no Paraná; autor, entre outros, dos livros: Direito à Saúde: Análise à luz da Judicialização e Aplicação Imediata dos Direitos e Garantias Individuais, além de diversos artigos científicos e capítulos de livros. O palestrante centrou sua exposição em dois desafios principais: direito penal e política pública de saúde, auxiliando a percepção dos alunos sobre a necessidade de conhecimento geral e articulado da legislação fundamental do sistema de saúde, e dos conhecimentos jurídicos mais significativos no âmbito da prestação de cuidados de saúde. Considerando políticas públicas como um conjunto de medidas, disposições, e até procedimentos que manifestam a orientação política do Estado e regulam as atividades governamentais voltadas ao interesse público, estas estão sujeitas a modificações sociais e às diversificações

econômicas, na dependência da atuação política e comunitária dos diferentes atores sociais. Políticas públicas em saúde integram o campo de ação da melhoria das condições de saúde da população, e também dos ambientes naturais, sociais e trabalhistas; sua tarefa específica consiste em organizar as funções públicas governamentais para a promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos e da coletividade. No Brasil, desde a Constituição Federal promulgada em 1988, políticas públicas devem ser regidas pelos princípios de universalidade e equidade no acesso às ações e serviços e pelas diretrizes de descentralização da gestão, de integralidade do atendimento e de participação da comunidade, na organização de um sistema único de saúde no território nacional. Segundo Gebran, o Brasil vem passando por um momento muito sensível, pelo menos nos últimos dois anos, e em 2017 não é diferente. “O poder judiciário tem sido um dos locais aonde todas essas dificuldades e problemas tem desaguado. E a expectativa da sociedade é que as soluções venham pela via judicial”. Gebran ressaltou a importância deste assunto para os estudantes de Direito. “Eles precisam ter uma percepção sócio política do Brasil, precisam ser despertados. Uma conexão entre o direito e a realidade”. Para o convidado, foi uma honra muito grande poder ministrar a aula inaugural do curso de Direito, “Este é um Centro Universitário de excelência que nós temos em Curitiba, fiquei extremamente envaidecido e honrado. O professor Clèmerson foi o meu orientador no mestrado na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o que também tornou mais feliz essa minha vinda à Instituição”. 55


EDSON CAMPAGNOLO O futuro da indústria O Sr. Edson Campagnolo, empresário e presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Sistema FIEP), no dia 21 de agosto do corrente ano, ministrou a aula magna da Escola de Negócios do UniBrasil Centro Universitário. Nessa aula, tratou do tema “O perfil profissional para o futuro da Indústria”, altamente relevante para o momento em que vivemos. A comunidade acadêmica recebeu, com suas ideias e visão empreendedora, uma perspectiva que contribuirá nos planejamentos docentes e de colegiados e seguramente os acadêmicos receberam uma perspectiva para planejarem a sua formação. O palestrante contextualizou o Sistema FIEP, que é composto pelo SESI, SENAI e IEL, explicou o papel de cada uma das “casas” e de como contribuem com o trabalhador da indústria e com seus familiares. Percebe-se, desta forma, quanto a comunidade em geral se beneficia do Sistema FIEP, considerando que todos os setores estão interligados. Dando uma perspectiva da dimensão do FIEP no Paraná, citou que hoje são 52.000 industrias, 399 municípios, 875.000 empregos, 108 sindicatos patronais. Resgatou

as

atividades

predominantes

do

Paraná,

que

inicialmente foi o extrativismo, evoluiu para a agricultura e se desenvolveu no agronegócio. Quanto ao agronegócio, declarou: –“Salva a balança comercial do Brasil e da indústria. O Paraná é um estado agroindustrial, que está ajudando a recuperação do estado e do Brasil”. Deu destaque para a necessidade de implantação de políticas de desenvolvimento para a indústria, o comércio, o turismo e outros segmentos. AUTOR: Martin Morães – coordenador do curso de Sistemas de Informação do UniBrasil Centro Universitário; mestre em Informática.

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Quanto aos estudos, ressaltou que com a economia em crise, os postos de trabalho têm uma concorrência mais acirrada. Os trabalhadores que se atualizam, que se capacitam, que vão em busca do conhecimento tem mais oportunidades. Fez menção aos alunos presentes que estão buscando uma


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formação profissional como um diferencial

oportunidade de postos de trabalho que

para o mercado de trabalho. Dirigindo-

precisam de formação e quem as tiver terá um

se aos presentes, perguntou quem estava

diferencial competitivo.

desempregado.

Constatou-se

que

todos

estavam empregados, comprovando que uma

Sobre a indústria 4.0, falou dos impactos

boa formação melhora significativamente as

que sofrerão os postos de trabalho. Citou

oportunidades no mercado de trabalho.

os números previstos para a Alemanha que, até 2025, estima-se uma redução de

Quanto à reforma trabalhista, prefere

170.000 postos de trabalho. A indústria

chamar

leis

4.0 é altamente automatizada. Citou como

trabalhistas, pois vai facilitar as relações

exemplo o setor de montagem de cabines da

capital e trabalho. Começou falando da

Volvo, um setor no qual antes trabalhavam

indústria

40 pessoas e hoje é totalmente automatizado

de

da

modernização

reclamatória

das

trabalhista,

que hoje totaliza 17 milhões; a cada ano

e não tem pessoas no setor.

são 4 milhões de novas reclamatórias. O

microempreendedor

outros

Sobre a indústria 4.0, declarou: “Basicamente

seguimentos são impactados por essa

a indústria 4.0 é a internet das coisas”

indústria. O pequeno e o grande estão

– (IoT ). É a integração digital de toda a

sendo

A

cadeia de valores e produtos industriais, do

modernização das leis trabalhistas não

desenvolvimento ao uso e envolve a criação

vai tirar direitos do trabalhador.

de novos modelos de negócios, produtos

tratados

da

e

mesma

forma.

e serviços. É a quarta revolução industrial. Ainda falando da formação profissional,

A interação entre os sistemas, processos

declarou

de

e equipamentos vai reduzir custos, erros

trabalho ainda não estão na Classificação

e desenvolver produtos personalizados.

Brasileira de Ocupações (CBO). A FIEP do

Melhora a eficiência e a qualidade.

que

muitas

oportunidades

Paraná realizou um trabalho inédito, chamado

58

“Observatório da Industria”. É um trabalho

Quando se olha para o cenário da indústria

inovador e foi apresentado na ONU. Este

4.0 como um consumidor, é um cenário

trabalho consistiu em observar doze (12)

deslumbrante, um cenário com qualidade,

setores da economia paranaense e com

agilidade,

esta observação identificaram-se 227 perfis

contrapartida, se olharmos com a visão social,

profissionais que ainda não tem profissionais

há de se suspeitar um cenário de muito

qualificados para atender o mercado. Como

desemprego. Sobre isso o Sr. Campagnolo

exemplo, no setor de alimentos, citou o

disse: “Se não houver uma preparação nossa,

irradiador de alimentos.

estaremos criando um grave problema social.”

Os resultados destes estudos do Observatório

É uma realidade que já vivemos e ainda não

da Industria estão disponíveis em www.

chegou em seu ápice. Podemos observar nos

perfisprofissionais.org.br e é uma rica fonte

anúncios de empregos que as vagas existem,

de consulta para todos que estão envolvidos

mas requerem uma formação profissional a

na

ser obtida com capacitação contínua.

formação

profissional.

São

novas

onde

tudo

funciona.

Em


Martin José Fagonde Morães, Isabela Laginski Lippel, Renata Lima Ludovico, Mariana Coelho, Edson Campagnolo, Fabio Roberto Bonilha Sylvio e Marcelo Fermann Guimarães

Voltou

a

falar

do

Paraná.

Em

suas

Voltando-se

aos

presentes

declarou: “O

palavras, o Paraná é um berço de grandes

futuro de vocês só depende de vocês”,

oportunidades. A oportunidade de trabalho

referindo-se à necessidade de uma boa

pode estar no interior do estado com uma

capacitação

para

atender

melhor qualidade de vida. Citou Maringá,

profissionais

das

empresas.

que é a primeira cidade em qualidade de

que para ser um empreendedor de sucesso

vida do Brasil, onde 99% dos lares têm água

ou para ser enquadrado nos novos perfis

e saneamento básico. Citou também diversas

profissionais, tem que buscar cada vez mais

outras cidades do interior do estado que têm

a informação; seja em uma sala de aula ou

empresas de grande porte e abrangência

pesquisando nas redes. A pesquisa não pode

nacional e internacional.

parar; é contínua e em todos os ambientes. Concluímos

que

as

demandas

Falou

continuaremos

ainda

vendo

grandes mudanças em nosso meio, seja no mercado de trabalho, na sociedade, na formação profissional etc. É de esperarmos uma

maior

necessidade

de

qualificação

na formação profissional, uma formação baseada em competências.

59


RICARDO WAINER

Avanços das Terapias Cognitivo-Comportamentais.

A Terapia do Esquema representa uma inovação no modelo cognitivo comportamental. A relevância é salientada em Aula Magna de Ricardo Wainer. Ao oferecer a alunos e professores subsídios de conhecimento necessários à formação de novos profissionais na área da Psicologia, Wainer discorre sobre a evolução e o avanço desta nova abordagem. Abrange-se neste trabalho as indicações do professor convidado para aplicações da Terapia do Esquema, quanto aos pais, à escola e ao próprio indivíduo.

O interesse da comunidade científica pelos modelos mediacionais de intervenção, destacam de forma crescente o interesse pelas terapias cognitivo-comportamentais (TCC). O tratamento da depressão desenvolvido por Aaron Beck, na Universidade da Pensilvânia, no início da década de 60, impulsionou o avanço de diferentes modos de investigação cognitiva. A terapia breve, estruturada e focada no presente, ganhou impulso e a modificação de comportamentos disfuncionais para resolver problemas atuais expandiu-se para modelos de intervenção eclética e com estratégias passíveis de mensuração. Coube a um aluno de Aaron Beck interessar-se por pacientes com baixa responsividade à estruturação cognitiva observada nos primeiros estudos sobre a TCC. Young observou, em alguns pacientes, transtornos caracterológicos localizados numa perspectiva sistêmica em problemas da infância. Ao apostar nas experiências precoces como elementos influentes no comportamento psicopatológico, ele posicionou o modelo cognitivo na ênfase à dinâmica familiar e aos estilos parentais. O objetivo evidenciado na prática da Terapia do Esquema evidencia que o comportamento saudável ou patológico deve ser estudado sob a ótica de experiências na infância e na adolescência. Este propósito amplia o aprimoramento do modelo de Beck em Transtornos da Personalidade. No início dos anos 90, o referencial inovador de Young no campo clínico e teórico passou a oferecer aos terapeutas cognitivos um conjunto de técnicas de intervenção para aprimorar o tratamento de pacientes com estruturas cognitivas mais rígidas, responsáveis pelo sofrimento psicológico.

AUTOR: Reginaldo Daniel da Silveira – professor do curso de Psicologia do UniBrasil Centro Universitário; mestre e doutor em Psicologia.

60

A concepção singular de Young foi elaborar um fundamento capaz de compreender o que são as estruturas estáveis e duradouras que se cristalizam precocemente na personalidade e ao longo da vida das pessoas. Essas estruturas associadas a psicopatologias eliciam padrões emocionais e cognitivos


Ricardo Wainer

desadaptativos que acompanham o indivíduo por toda a sua vida, mediando a sua interação com a realidade. Chamados de Esquemas Iniciais Desadaptivos (EIDs), as estruturas cognitivas mais precoces do desenvolvimento acabam definindo padrões emocionais, comportamentais e de pensamentos utilizados de modo sistemático. Ao investigar os EIDs, o terapeuta dá atenção às necessidades emocionais precoces que correspondem ao vínculo seguro, carinho, atenção e empatia, entre outros. Uma conjunção entre o que marca o temperamento e o que determina as necessidades emocionais não satisfeitas faz com que a pessoa elabore processos mentais, cujas cognições centrais, arraigadas a respeito de si mesmo, culminam numa inadequação da realidade. Na terapia TCC clássica, pacientes motivados a reduzir sintomas, formar habilidade e resolver problemas atuais, encontram na reestruturação cognitiva técnicas estimuladoras e reforços positivos eficazes no tratamento. Em pacientes caracterológicos

de motivações mais escassas, exige-se ênfase na investigação da infância e da adolescência, uso de técnicas emotivas e foco na relação terapeuta-paciente aos estilos desadaptativos de enfrentamento. É sobre este modelo psicoterápico que o psicólogo e especialista em Terapia do Esquema, Ricardo Wainer, ministrou sua Aula Magna na Escola de Saúde do UniBrasil Centro Universitário, a partir de uma breve retrospectiva sobre a evolução das terapias cognitivas. Na segunda geração, o doutor e

professor

Ricardo

universitário

Wainer

ressaltou 61


o enfoque interacionista e o aumento do espectro de níveis de aprendizagem na busca de compatibilizações com a pesquisa básica. É nesta segunda onda que surgem Aaron Beck e Albert Ellis como protagonistas do surgimento das terapias cognitivas. Diante da dificuldade de tratar aspectos encobertos em pensamentos, crenças e sentimentos, a proposta foi um modelo que focava crenças e percepções do indivíduo sobre o mundo. Ao trabalhar estes fundamentos os terapeutas ampliaram sua compreensão sobre o entendimento dos quadros

psiquiátricos,

proporcionando

o

ecletismo técnico com o uso de técnicas de outras abordagens. Wainer inclui na terceira geração, chamada de Terapia Integrativa, a Terapia do Esquema

pela integração com a Psicologia Interpessoal, a Gestalterapia, a Psicanálise e o Construtivismo. Para Wainer, nessa perspectiva integrativa, a Terapia do Esquema se vale também das teorizações vindas da Psicologia Social, das Ciências Cognitivas e da Neurociência. “Algumas tarefas”, diz ele, “são básicas para o desenvolvimento da criança”. Aceitação e pertencimento são ligados a esquemas de rejeição e desconexão, autonomia e competência apresentam esquemas de fracasso, limites realistas referem-se a autocontrole e autodisciplina insuficiente, respeito a desejos e inclinações, relacionam-se à orientação ao outro e expressão emocional autêntica inclui esquemas de supervigilância e inibição. Na Repartenalização Limitada, Wainer ressalta a relevância de se investigar o preenchimento das necessidades emocionais não atendidas do paciente dentro dos limites da relação terapêutica.

junto a outras, como a Terapia da Aceitação e Compromisso (AC), a Terapia Comportamental

Na

concepção

de

Wainer, “somos

Dialética (TCD), a Terapia Analítica Funcional (FAP)

conscientes da natureza de nossas interações

e a Terapia Cognitivo-comportamental Baseada

interpessoais e de nossos comportamentos

em Mindfulness. Nesta geração, a TCC é sensível às

do que de nossas motivações e emoções

funções dos fenômenos psicológicos, tanto quanto

subjacentes”.

ao contexto, o que a leva a destacar estratégias de

podemos mudar nosso sistema cognitivo pela

mudanças contextuais e experimentais. A busca é

recuperação sistemática das experiências. Ao

por um repertório amplo, flexível e efetivo.

ativar espontaneamente situações emocionais,

Dentro

dessa

mais

perspectiva,

temos melhores condições de ressignificações. Outro aspecto destacado por Wainer como avanço é representado pelos Esquemas Iniciais Desadaptativos (EIDs), junto com as Necessidades Emocionais Básicas, os Modelos Esquemáticos, a Reparentalização Limitada e a Confrontação Empática. Ao falar sobre o tema, Wainer leva a plateia a refletir sobre os modos esquemáticos trazendo à fala o perfil do Transtorno de Personalidade Bordeline. Neste caso, os esquemas são marcados por modos de tipo, criança abandonada, criança zangada e impulsiva, pais punitivos ou protetores. A Terapia do Esquema é marcada em seu ecletismo

62

Podemos ainda considerar que a focalização da

atenção

aos

processos

inconscientes

aumentam o nível metacognitivo, o que permite a percepção de processos que já estavam automatizados

e

que

por

consequência

possibilitam a mudança terapêutica. Entre a validação de práticas, Wainer salienta a prevenção primária, pelo treinamento de pais nas necessidades iniciais e nos princípios da compaixão, além de programas de desenvolvimento da Resiliência e Treinamento de Habilidades Sociais. Nas escolas, Wainer comenta sobre trabalhar Resolução de Problemas e usar mindfulness e regulação de emoções.


Ricardo Wainer, Graciela Sanjuta Soares Faria e Ana Roseli Pedroso.

Em nível terciário, o professor Wainer estimula o atendimento

Young é sem dúvida uma

às necessidades centrais dos pacientes, incluindo a modificação

inovação para a TCC, pois

de valência de esquemas desadaptativos, o aumento da auto

trabalha na esfera dos limites

eficácia de habilidades e o trabalho com recursos da Terapia

fechados

Focada na Compaixão.

do comportamento. O tema

à

compreensão

no espaço institucional das A Aula Magna do professor Wainer é uma síntese dos fundamentos

aulas magnas do UniBrasil

da Terapia do Esquema. O modelo é complexo e não se esgota

comprova sua importância

apenas no ritmo de uma palestra. A Terapia do Esquema de

pelo

enfoque

cognitivo

transformador que focaliza o tratamento em intervenções cognitivas,

vivenciais

comportamentais

e para

tratamento de transtornos de personalidade e problemas crônicos, entre outros.

Ricardo Wainer- auditório Edla Van Steen

63


64


Gênero

O Projeto Mulheres Paranaenses é realizado pelo UniBrasil em março, mês no qual se comemora o Dia Internacional da Mulher. O Projeto tem entre seus objetivos registrar e reconhecer exemplos de vida e de trabalho e a extraordinária importância da presença feminina para o estado, homenageando mulheres que, com sua atuação e competência, destacaram-se e contribuíram decisivamente para o desenvolvimento científico, cultural, artístico e empresarial do Paraná. Cada Escola do UniBrasil faz uma indicação, considerando também a afinidade entre seu foco acadêmico e as realizações da indicada. Essas homenageadas são escolhidas dentre mulheres que não fazem parte da instituição, embora possam já ter pertencido a ela como professoras ou alunas. Também são prestadas homenagens a mulheres que fazem parte da instituição, escolhidas por seus colegas dentre alunas, professoras e funcionárias, e que representam neste evento todas as mulheres do UniBrasil. Todo ano são destacadas as atividades delas em suas horas de cultura e lazer. Já foram escolhidas mulheres que praticam literatura, poesia, crônicas; antes as artesãs foram lembradas; e aquelas que iluminam a vida e o trabalho com alegria e solidariedade.

65


Cinema e Gênero A questão do gênero tem sido bastante discutida pela sua relevância e atualidade. No Brasil, muitas mulheres cineastas se destacam pelos seus filmes que provocam reflexões importantes, especialmente em termos de memória coletiva e de interações com a literatura e com a arte. Este texto enfoca diretoras que tem como tema fatos históricos que marcaram a identidade brasileira e momentos em que o país questionou sua democracia. Identidade e democracia são dois temas explorados por mulheres cineastas que devem ser reconhecidas pela sua audácia e sua visão crítica, nos deixando como legado a reconfiguração de fatos importantes que fazem parte da trajetória do país. Se a função da memória é “fundar um presente em relação com o passado”, como sugere Beatriz Sarlo (2006: 97), podemos destacar, entre outras, cinco produções brasileiras que revisitam o período ditatorial, com enfoques diversos, mas com o mesmo intuito de retornar, compreender melhor, entender o contexto daquele momento e construir um novo presente, sabendo das amarras de um passado autoritário e evitando os mesmos caminhos já percorridos. Entender o passado é tarefa necessária para a identidade de um país, para que a democracia seja respeitada, para que a história seja rememorada e para que o futuro seja melhor.

Hoje, 2011

AUTORA: Denize Araujo – coordenadora e professora do curso de especialização lato sensu em Cinema da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP); mestre, doutora e pós-doutora em Cinema.

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O filme de Tata Amaral, Hoje (2011), trata do passado no presente, com lembranças e reminiscências, tentando colocar o presente como urgente, como início de um novo ciclo. A protagonista decide que deve considerar que seu marido não voltará e que sua vida deve continuar, mas o processo é complexo pela volta do companheiro em sua imaginação, reagindo contra sua decisão. O passado, metonimicamente representado pelo casal, volta à cena e questiona seu lugar na História e na Memória da Ditadura Brasileira. A seguinte citação de Sarlo pode ser adaptada para essa situação, quando a pesquisadora argentina sugere:

As “visões do passado (segundo fórmula de Benveniste) são construções.


Justamente porque o tempo do passado não pode ser eliminado, e é um perseguidor que escraviza ou liberta, sua irrupção no presente é compreensível na medida em que seja organizada por procedimentos da narrativa e, através deles, por uma ideologia que evidencie um continuum significativo e interpretável do tempo. Fala-se do passado sem suspender o presente e, muitas vezes, implicando também o futuro. (2007: 12) A citação também é adequada para o documentário Repare Bem (2012) de Maria de Medeiros, cujo título implicita dupla conotação, seja no sentido de alertar para que todos reparem o que aconteceu durante a ditadura, seja para designar a reparação que os perseguidos políticos devem receber. Seguindo a trajetória de três gerações de mulheres brasileiras que lutaram contra a ditadura, a cineasta, embora sendo portuguesa, registra depoimentos de Denise Crispim, companheira de Bacuri, de sua filha Eduarda, e de sua mãe Encarnación. A volta ao Brasil, depois do exílio, é recompensada pela retratação do país. Outro documentário sobre a ditadura é Retratos de Identificação (2014), de Anita Leandro, que especifica que o filme procura resgatar uma história esquecida, sobre tortura a estudantes, enfatizando como a violência cometida teve grande impacto sobre suas trajetórias de vida. O filme foi apresentado na Mostra Arquivos da Ditadura, no Centro Cultural Justiça Federal, em setembro de 2014, assim como Que bom te ver viva (1989), da cineasta Lucia Murat, que sofreu torturas no período ditatorial e narra as ações de guerrilheiras que pegaram em armas contra o regime militar. Seu filme expõe o posicionamento de mulheres fortes que questionam o que consideram uma afronta à democracia. Mais tarde, Lucia Murat continua sua luta com o filme A Memória que me contam (2013), uma homenagem à ex-guerrilheira Vera Silvia Magalhães, que teve um papel marcante na resistência à ditadura.

Repare Bem, 2012

Retratos de Identificação, 2014

67


Elena, 2014.

Outro filme relevante, documentáriohomenagem, que deve ter seu devido reconhecimento, é Elena (2014). Além de ser uma homenagem à sua irmã morta, a cineasta brasileira Petra Costa cria elementos interativos de arte e intertextos significativos com quadros famosos em suas imagens de corpos flutuantes na água, remetendo à Ophelia de Shakespeare e sua representação na obra de John Everett Millais (1851), entre outras. O documentário faz alusão à ditadura e ao convívio de três mulheres, mãe e duas filhas, tendo a memória como resgate desse contexto político representado artisticamente. Em relação aos colonizadores, há filmes que são representativos e reavivam a memória coletiva, como Carlota Joaquina, Princesa do Brasil (1995), no qual a diretora Carla Camurati nos oferece seu ponto de vista paródico e inovador. O filme inaugura o período denominado de Retomada do cinema brasileiro e mostra a chegada da família real ao Brasil, para escapar das tropas de Napoleão, em 1808. A cineasta Tizuka Yamasaki relata a saga dos imigrantes japoneses em fazendas de café no Brasil, em dois de seus filmes: Gaijin – Os Caminhos da Liberdade (1980) e Gaijin- Ama-me como sou (2005). No momento, a cineasta está produzindo o docudrama 1817: A Revolução Esquecida, que vai inaugurar a série “História” da TV Escola. A diretora pretende trazer uma versão feminina da revolução.

Gaijin, 1980.

68

Em 2014, a cineasta Ana Carolina Teixeira Soares lançou o metafilme A Primeira Missa ou Tristes Tropeços, Enganos e Urucum (2013) que, em tom satírico e crítico, incentiva a


reflexão sobre as dificuldades de se fazer cinema no Brasil, processo este que tem tido, desde o início, uma trajetória repleta de problemas na viabilização de projetos culturais. A cineasta, já reconhecida por seus filmes anteriores que revelam episódios da História do Brasil, como Getulio Vargas (1974), que recria a vida política do protagonista a partir de arquivos da Agência Nacional, e Gregório de Mattos (2002), sobre o poeta que, no século XVII, traça um perfil do povo brasileiro, em seu mais recente filme explicita sua visão crítica.

Primeira Missa, ou Tristes Tropeços, Enganos e Urucum, 2014.

Anita Malfatti e Tarsila Amaral devem ser também referenciadas. Ambas participaram da Semana de Arte Moderna de 1922, que revolucionou o olhar para obras de arte nacionais. Em sua obra Tropical (1917), Anita representou a mulher brasileira, assim como a vegetação, com as cores da bandeira. Tarsila, em Abaporu (1928), representou o Movimento Antropofágico, cujos ecos podem ser ouvidos até nossos dias. Com A Negra (1923), obra pintada em Paris, Tarsila declarou: “Sinto-me cada vez mais brasileira: quero ser a pintora da minha terra” (carta de Tarsila à família, Paris, 19/04/1923). Em termos socioculturais, se considerarmos que nossa identidade é híbrida, tendo assimilado hábitos de culturas que vieram ao país por razões diversas, podemos assumir que o questionamento por traços característicos continua e a memória que cineastas e artistas nos trazem, em relação ao tema cinema e gênero, é de fundamental importância para um repensar de nossa história, uma reafirmação de nossos valores essenciais e, especialmente, nos dias atuais, uma visão crítica sobre o que devemos refletir e o que realmente importa ao país

Tropical, 1917

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O Mulheres Paranaenses 2017 foi realizado na noite de 15 de março, e já está entre os principais eventos que compõem a agenda do estado em homenagem ao mês da mulher; teve o apoio do Grupo Boticário, da B’nai B’rith, da Associação das Amigas da Mama e Soroptimista Internacional Curitiba Glória. O discurso de abertura foi proferido pela Dr.ª Luciane Merlin Clève Kravetz, juíza federal, que foi Procuradora do Estado do Paraná e optou pela magistratura quando percebeu que sua maior vocação não era defender causas, e sim ponderar, analisar argumentos e tomar decisões. Atualmente compõe a 4ª Turma Recursal do Paraná, que tem competência previdenciária. É extremamente agregadora, tanto no ambiente familiar quanto no profissional, respeitada pelo seu profissionalismo, competência e respeito no trato com as pessoas. Em sua fala, Luciane discorreu sobre a posição da mulher no cenário atual e o quanto é importante a discussão sobre a igualdade de gênero. “Quantas representações distorcidas da mulher, quantas imagens degradantes consumimos na mídia. O mundo ainda é carregado de estereótipos de gênero e, apesar dos avanços, o espaço público ainda não foi ocupado satisfatoriamente pela mulher. A violência doméstica ainda ocorre largamente e muitas vezes não é punida e sim socialmente tolerada. O valor não é dado da mesma forma entre homens e mulheres. Por isso, só podemos agradecer a oportunidade deste evento, de celebrar mulheres inspiradoras e valorosas em suas áreas”.

graduação, professora Lilian Pereira Ferrari. A palestrante do evento foi Isabel Liviski, fotógrafa e professora, doutora em Sociologia pela UFPR. Foi a primeira mulher a ser admitida como fotógrafa no Jornal Gazeta do Povo, onde trabalhou durante 12 anos. Atualmente pesquisa questões da imagem ligadas a temas sociais, como presídios, comunidades socialmente vulneráveis, direitos humanos e inclusão visual. É articulista permanente e coeditora da Revista ContemporArtes, na qual escreve sobre Fotografia e Artes Visuais. Izabel discorreu sobre a presença feminina desde os primórdios da fotografia, e as dificuldades das mulheres em passar de meras assistentes para fotógrafas de fato. “A mulher é o sexo frágil e belo para ser mostrado na fotografia, visto quase como um troféu; até meados do século XX teve seu comportamento rigidamente normatizado, desde a postura, como

Izabel Liviski.

Na ocasião, a juíza recebeu uma lembrança simbólica das mãos da pró-reitora de 70

Ao lado: a juíza federal Dr.ª Luciane Merlin Clève Kravetz »


71


andar, sentar-se, falar e, principalmente, na forma de olhar. Esta é, para além do mero comportamento, uma questão política, de relações de poder, já que a mulher existia apenas para ser vista, admirada, e não para olhar ou ‘narrar’ sua visão de mundo através da imagem. Nos cânones das artes visuais - e a fotografia inicialmente seguiu os cânones da pintura - o homem, quando representado, quase sempre olhava frontalmente, enquanto a mulher olhava de forma oblíqua, seu olhar era esmaecido, quase apagado”.

Homenageadas: Mulher Paranaense 2017: Pós-Doutora em Educação a Distância, Doutora em Engenharia Florestal, Professora Titular de Tecnologia Florestal da UFPR, Pesquisadora do CNPq, Coordenadora de Pesquisas Nacionais e Internacionais, Vice-reitora da UFPR. Atua como dirigente institucional da UFPR junto ao CNPq e é consultora da Fundação Araucária, FINEP, CAPES e outras instituições nacionais e internacionais. Homenageada e Paraninfa nos cursos de Engenharia Florestal e Industrial Madeireira, Professora “Extraordinária e Honorária” da Universidad Nacional.

Mesa composta com as homenageadas.

GRACIELA INÊS BOLZON DE MUNIZ Indicada pela Escola de Direito: Doutora e Mestre em Direito pela UFPR, Mestre em Derecho Humano pela Universidad Internacional de Andalucía, Tuttora de Diritto na Universitá di Pisa, Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Direito da UFPR, Professora de Direito Civil e de Direitos Humanos, advogada com ênfase em Direito das Famílias e Sucessões, Diretora da Região Sul do IBDFAM e Vice-Presidente do IBDCivil, autora de livros e artigos acadêmicos.

ANA CARLA HARMATIUK MATOS indicada pela Escola de Direito: professora de Direito Civil e de Direitos Humanos, advogada com ênfase em Direito das Famílias e Sucessões, diretora da Região Sul do IBDFAM e vicepresidente do IBDCivil, autora de livros e artigos acadêmicos; mestre em Direito pela Universidade Federal do Paraná e mestre em Derecho Humano pela Universidad Internacional de Andalucía, é ainda Tuttora Diritto na Universitá di Pisa, e doutora pela Universidade Federal do Paraná, onde é vice coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Direito. 72


ELISABETE FRANÇA Indicada pela Escola de Comunicação, Design e Arquitetura: Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Mackenzie, Mestre em Estruturas Ambientais Urbanas pela USP, é professora da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), no curso de especialização em Planejamento e Gestão de Cidades, do núcleo de estudos USP Cidades e, no curso de especialização em Habitação e Cidade, da Escola da Cidade. Trabalhou como consultora em programas de desenvolvimento urbano e habitacional, financiados por organismos internacionais (WB, BID e UN-Habitat), em vários países (México, Bolívia, Honduras, El Salvador, Uruguai, Argentina, Paraguai e Timor Leste). Em 2015 assumiu a Diretoria de Planejamento da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Estado de São Paulo.

IVETE CARIBÉ ROCHA Indicada pela Escola de Educação e Humanidades: Advogada com pósgraduação em Relações Internacionais, além de exercer a advocacia particular para sua subsistência, ainda presta trabalho voluntário para ONG’s, como a Casa Latino Americana, onde trabalha com migrantes e refugiados, dando assessoria jurídica e visitando os que estão em prisões, para fazer suas defesas. Atende também em Mandirituba, no Paraná, na ONG Vida para Todos ABAI, fazendo a parte jurídica, além das atividades da Comissão da Verdade.

LEDA DE OLIVEIRA PINHO Indicada pela Comunidade Acadêmica: Mestre em Direito Civil, pesquisadora das questões sobre as mulheres, autora da obra “Princípio da Igualdade: investigação na perspectiva de gênero” e Juíza Federal aposentada. Começou a carreira na Delegacia da Receita Federal em Ponta Grossa, e como professora de Economia na Universidade Estadual de Ponta Grossa (EPG), mas a necessidade de estudar a prática jurídica na atividade fiscal a levou ao Direito. Sempre direcionou seu estudo para o concurso ao cargo de Juiz Federal.

MÁRCIA REGINA MUNARO PEPINO Indicada pela Escola de Negócios: Administradora formada pelo UniBrasil; é fundadora e presidente da Lume Serviços de Tecnologia Ltda., empresa de Tecnologia da Informação, instalada em Pinhais-PR, com destacada atuação nacional na oferta de soluções de negócios que viabilizam as empresas a potencializar resultados, minimizar custos e gerenciar informações, transformando-as em conhecimento e inteligência de mercado, e que inclusive oferece orientação no uso de TI para adolescentes, contribuindo para seu crescimento profissional. 73


REGINA MARIA HARTOG POMBO RODRIGUES Indicada pela Escola de Engenharias: Doutora em Programa Interdisciplinar de Pós Graduação em Engenharia, Mestre em Tecnologia de Alimentos e Engenheira Química pela Universidade Federal do Paraná, onde é professora do curso de Engenharia Mecânica. Ocupou na UFPR os cargos de Coordenadora de Engenharia Mecânica, Chefe de Departamento, representante no Conselho de Ensino e Pesquisa, Coordenadora de Mobilidade Acadêmica na Assessoria de Relações Internacionais e atualmente é Vice-Diretora do Setor de Tecnologia.

VERÔNICA STASIAK BEDNARCZUK DE OLIVEIRA Indicada pela Escola de Saúde: Psicóloga Clínica, especialista em Abordagem Comportamental e Cognitiva, Gestora de Projetos Sociais certificada pela APMG Internacional; fundadora e atual presidente do Instituto Unidos pela Vida, coordenando nacionalmente projetos ligados à atividade física na fibrose cística no Brasil; membro do Grupo Brasileiro de Estudos em Fibrose Cística; palestrante nas temáticas Psicologia e Fibrose Cística, abordando Gestão da Oportunidade, com cunho motivacional, científico e didático.

Em 2017 o tema das homenageadas da casa foi o olhar por meio da fotografia, nossas fotógrafas amadoras, aquelas que gostam de registrar sua visão pessoal do mundo através das fotos:

ANNE CAROLINE RIBEIRO DA SILVA

A homenageada Anne Caroline Ribeiro da Silva e a profª. Maura Martins.

Indicada pela Escola de Comunicação: tem 20 anos, mora em Piraquara e trabalha no UniBrasil há dois anos, no atendimento das Coordenações do Bloco 2. É filha da Rosangela, que também trabalha na instituição e é admirada pela Anne e por sua irmã como exemplo de honestidade e amor, uma guerreira que criou as filhas sozinha. Anne gosta de ir à igreja, de estar mais próxima de Deus; também gosta de ler, apreciar a natureza e fotografar a beleza natural das coisas, como rios, parques, paisagens e registrar os momentos especiais com a família e os amigos.

ANA ROSELI PEDROSO

A homenageada Ana Roseli Pedroso e a profª. Maria Paula Mansur Mäder

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Indicada pelo Instituto VEZ: uma das mais recentes funcionárias do UniBrasil, adora seu trabalho, sente-se extremamente realizada por trabalhar na instituição, pela qual passaram seus três filhos, todos já formados e muito bem sucedidos. Gosta de cuidar de sua casa, do jardim, é uma excelente cozinheira e realiza trabalhos voluntários, como organizar Natal e encaminhar atendimentos na área de saúde, tanto de pessoas de Curitiba e Região Metropolitana, quanto aquelas que vem do interior, carentes e necessitadas de orientação. Orgulha-se de ser soroptimista.


NATHALIA POPPER BOEVING Indicada pela Secretaria Geral: tem 26 anos, trabalha no Unibrasil desde 2014. É mãe de um menino de 5 anos, e gosta de fotografá-lo como forma de mostrar a parceria e a lealdade da relação; também gosta de fotografar paisagens, mais precisamente céus e suas cores. Fotografar tornou-se um de seus hobbies, sempre está a observar o que há ao seu redor e vê a fotografia como uma forma de eternizar o momento, tornando-o de um algo simples a uma lembrança bonita. Seus outros hobbies são escrever poemas, textos, poesias e também tem paixão por filmes, em especial a categoria drama.

A homenageada Nathalia P. Boeving e Silmara Portulhak.

RENATA KLOSTER DEZONET DA SILVA Indicada pela Escola de Saúde: formanda em Psicologia, pretende seguir carreira em Psicanálise. Boa colega, apreciada pelos professores, é considerada como alguém que terá sucesso na vida profissional. Ama chá de hortelã, café e livros. É leitora voraz de vários tipos de Literatura, mas livros de Psicologia ocupam lugar de destaque em sua preferência. Sua caminhada se completa com as viagens e a companhia do esposo Alysson. Gosta de se aventurar na fotografia urbana.

TATIANE GRASIELE FERREIRA SANTOS Indicada pela Escola de Saúde: curitibana, sempre buscou conquistar e realizar seus sonhos.Tem como principais hobbies cozinhar, fazer artesanato, viajar e agradar as pessoas com seus deliciosos brigadeiros. Através de suas lentes gosta de registrar os momentos felizes com a família amada e as amigas, viagens, a beleza natural das coisas e os momentos mais simples, porém, inesquecíveis. Acredita que através da fotografia as lembranças permanecem sempre vivas na memória e no coração, por mais que o tempo passe.

Tatiane Grasiele Ferreira Santos e a Profª Graciela Sanjutá Soares Faria.

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CONCURSO DE CONTOS O UniBrasil integrou ao Projeto Mulheres Paranaenses um desafio a jovens escritoras interessadas em apresentar contos inéditos, exclusivamente em língua portuguesa, com tema livre. O evento foi denominado Concurso de Contos Dirce Doroti Merlin Clève, em homenagem à professora, escritora e benemérita soroptimista. E é a professora Dirce quem tradicionalmente entrega as premiações e menções honrosas às vencedoras, sempre acompanhada por suas confreiras soroptimistas em uniforme de gala. Segundo ela: “O Mulheres Paranaenses tem um significado especial, pois as mulheres merecem todo esse apoio, infelizmente a mulher ainda é muito desvalorizada na sociedade. Eventos como esse valorizam o trabalho e a dedicação das mulheres. Por isso hoje, elas, as mulheres, merecem toda essa glória”. O concurso tem como objetivos: valorizar a produção literária feminina; divulgar trabalhos de jovens escritoras; abrir a possibilidade de novas atividades; chamar a atenção de jovens para a elaboração atual de contos, que é atemporal.

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A Comissão Julgadora, presidida pelo professor Jefferson Franco, e composta pelos professores Dário Ferreira Sousa Neto, Maura Oliveira Martins, Rosana Franco e Wanda Camargo, em reunião colegiada analisou 30 trabalhos pré-selecionados e considerados de alta qualidade com relação aos critérios de: Criatividade, Originalidade, Concisão, Precisão, Densidade e Unidade de Efeito, e após ampla discussão e análise das respectivas listas, deliberou pelos dez vencedores. Autora

Pseudônimo

Conto

1º lugar 2º lugar 3º lugar 4º lugar

Gabriela Ribeiro Natasha Fernanda dos Santos Zanetti Andressa Barrichello Suelen Ariane Campiolo Trevizan

Kate Gomperpt Zemina Coralina Geórgia Kor

“Peniel” “Pupillomancia” “Do lado de lá” “O chiqueiro” “Dar à luz e então sondar num

5º lugar

Gabriela Ribeiro

Kate Gomperpt

átimo de abismo [...] a própria

6º lugar 7º lugar 8º lugar 9º lugar 10º lugar

Alanna Ajzental e Camargo Éris D. K. Natasha Fernanda dos Santos Eva Zanetti Fernanda Ribeiro de Almeida Ana Rebiir Karen Vaz Siqueira Alvares Terê Alves Camila Pereira Lisboa Lápis no papel

escuridão” Vinte e Nove de Março “Uma Serpente de

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Outonos” “Revisão” “Que bom seria” “História de alguém”

Alanna Ajzental e Camargo, Suelen Ariane Campiolo Trevizan, Andressa Barrichello, Dirce Doroti Merlin Clève, Natasha Fernanda dos Santos Zanetti e Gabriela Ribeiro.

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conto

Peniel

Gabriela Ribeiro

Ai, mai tá uó esse cabelinho hoje, hein? Vô nem passar a mão que é capaz do sebo secar embaixo dazunha e depois eu vou meter o dedo na boca e ai que nojo. Tudo os dedo comido olha pra isso. E você, quéque cê tá olhano, moça, nunca viu não. Ai, parece que não sei. Demora da bixiga. Cheguei seis hora e a senha já tava no duzentos vamo começar 2024 e não vai ser a minha vez. Inferno. Aquela quenga me larga, morre a desgraçada e nem pra me deixar um plano de saúde, viu. Vaca. Queria ver ela aqui nessa fila, esse povo de chinela, duvido que passa sabonete no pé. E daí queu não tomo banho faz três dia, quéque cê tem com isso. Quando eu tomo, fico mais limpo que privada desinfetada, cê tá entendeno. Mai também, como é queu vô tomar banho quesse frio, co gás do alojamento ruim daquele jeito, fora os homi olhando tudo pra ter certeza queu tenho piroca. Jeito de homi eu sei que não tenho, mai como é que ia nascer sem o troço. Num ia, né. Povo besta. Ai, moça, quéque cê tá olhano. Tem, tem um buraco gigante na minha cara, mai ainda prefiro a boca grudada no nariz com meu dentinho de leite torto do que ser gorda igual você, eu hein. E não me olha mais muito não que se não te mordo todinha, sua loca. E se vier fazer cara feia eu finjo que tô olhando pra cima e você

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consegue ver até o meu cérebro pela fenda no céu da minha boca. E não é bonito, não, viu, eu mesmo nunca olhei, só sei o que me dizem. Eita, e o dia que o menino pôs o peru goela acima, saiu porra pelo meu nariz. Doeu que só a pega e o menino ria. Filha da puta. Homi não pode ver um buraquinho que né. Mai também eu deixo. Nunca ninguém quer nada comigo então quando quer tem que aceitar né. Ai, Deus é mais. Já me disseram que de costas eu sou até que bonitinho, bundinha bem ajeitada, muito magro, talvez, mai como é que vou come as coisas direito se as vezes os troço sobe e as vezes os troço desce. Desgraça. Aí é vir toda semana no posto, ficar perto dessa gente com dengue, pra tomar um sorinho e rezar pra não caí duro até depois de amanhã, pelo menos. Senha 197 ainda, só por jesus. Vontade lascada de fumar unzinho. Mai se a moça já tá assustada assim imagina se ela me vê enrolar o cigarro com a língua e soltar a fumaça pelo buraquinho, acho que ela vomita na minha cara. Eu sei que não é bonito, mai quéque cê quéqueu faça. Foi por causa do fumo da lazarenta queu nasci filhotinho de cruz-credo, então no mínimo, no mínimo, cê tem que suportar olhar pra mim fumando meu mentolado.


Nossa, tô passando a língua no minchinho sem perceber, isso dá um problema. Eu chamo o buraco de minchinho porque se eu não gostar dele quem é que vai gostar né. Mai então, uma vez tava com a língua no minchinho e uma mulher achou queu tava intimando ela pro tchaca. Ai, arrepiei só de pensar. O ruim é que ela falou pro marido dela e o homi veio querer acertar, e vish maria, que homi lindo, vô te contar, só queu não sei o que acontece, ninguém consegue entender o quéqueu falo. A fono disse que o ar entra pelos lugar torto e na minha cabeça tá tudo certinho, mai quando eu vou tentar a língua sai pelo minchinho e aí foi aquilo, né, o homi achou que era ele queu queria pro tchaca. E é claro queu mandava descer, se fosse o caso, mai o tapão veio dois segundos antes deu tentar dizer de novo e, olha, das coisas ruins dessa minha cara oca é que tudo que entra pelo nariz sai pela boca, e as vezes pelo minchinho. Só que o homi não sabia, como é que ele ia saber, e quando ele viu meu nariz já tava quebrado e o sangue jorrou tudo de uma vez na cara dele. Eu ri, os dente vermelho, mai ele que não era doido de encostar em mim de volta né. Nossa, lembrei do tapa fiquei até ton Eita, quéca conteceu, acho queu apaguei aqui rapidinho porque num lembro de ter dado a senha pra Joice, acho que era a Joice que tava lá na frente hoje e agora já tô aqui sentado, Ai, o sorinho já tá na metade, tão gostoso dar uma desmaiada e acordar no sorinho, renova as energias, recomendo muito. Ai, que soninho, será que dá pra dormir aqui Avião, que susto, não tinha percebido aquela moça aqui do meu lado, eu hein, quéque é essa bacia aqui, credo. Se você pergunstasse pra

alguém quem é que seguia quem nessa sala não tinha um que não respondia queu não era o doido. Se essa moça não parar com isso eu juro que levanto e volá dá na cara dela. Ai, sim, enfermeira, tira ela daqui. Vai, willy. Levantou, cadê o gindaste, eita, passa perto de mim não, o que é que foi que você disse? Como é que cê tem a corage de me chamar de monstro, gorda, sim, você que precisou de um balde pra fazer um exame de urina. Ai que ódio. Antes eu queria morrer por causa dessas coisa e uma vez até cheguei a colocar uma tesoura no minchinho pra ficar tudo cubista de uma vez, e eu só sei o que é cubista porque a professora sempre me usava de exemplo pra explicar um tal de Picasso e é aquilo né, de pica eu sempre gostei e de cu eu sempre entendi. Já hoje não me abalo não. Quando acontece, é fazer o queu sempre faço, jogar o cabelin pro lado, sem enconstar muito por causa do sebinho, mandar uma beijoca pro reflexo no vidro da enfermaria e falar bem alto, qué pra todo mundo saber que cê tá bem: _Pixa, chora tão, fofê é finta.

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SIMPÓSIO:

“Mulheres de TI em um Mundo Masculino”

No dia 19 de outubro, o curso de Sistemas de Informação do UniBrasil Centro Universitário promoveu o Simpósio “Mulheres de TI em um Mundo Masculino”. O evento teve como foco principal identificar, pelo olhar das discentes e docentes do curso, a discriminação no tratamento recebido pelas mulheres no ambiente da Tecnologia da Informação (TI). O evento foi uma atividade conjunta do Curso de Sistemas de Informação e do Curso de Psicologia do UniBrasil Centro Universitário, tendo como objetivos reforçar o aspecto da interdisciplinaridade, assim como permitir que de forma muito rápida e espontânea as alunas compartilhassem as suas experiências no curso e no mercado de trabalho em relação à questão de gênero na área de Tecnologia da Informação. O Prof. Martin Morães, coordenador do curso de Sistemas de Informação, na fala de abertura, fez um resgate dos eventos ocorridos que levaram à ideia e à realização do simpósio e apresentou os números que ressaltam a significativa diminuição da presença das mulheres no universo de TI. Os relatos foram ricos em mostrar as situações com que se deparam por serem mulheres; e que é indispensável pensar sobre isso nos cursos universitários, tanto na ótica da formação de consciência dos futuros gestores, colegas e usuários dos serviços, quanto nas mudanças de atitudes em sala de aula nas formações de equipe, nos comentários que distinguem os gêneros, na aceitação da presença feminina com maior naturalidade. AUTORA: Adriana Tozzi – Coordenadora do Curso de Engenharia Civil, mestre em Engenharia.

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Como encaminhamentos, ficaram a sugestão deste evento continuar acontecendo, para que as meninas encontrem suas colegas guerreiras para ganharem forças neste processo; e que a presença masculina seja reforçada, aumentando o conhecimento sobre o assunto.


Alunos, Prof.ª Graciela Sanjutá S. Faria, coord. do curso de Psicologia e o Prof. Martin Morães, coord. do curso, de Sist. Informação

A coordenadora do curso de Psicologia do UniBrasil Centro Universitário, professora Graciela Sunjutá Soares Faria foi a mediadora do debate, e durante suas colocações e provocações propiciou um ambiente em que as acadêmicas puderam contar suas experiências no curso e no mercado de trabalho. Segundo ela, “com os relatos, fica claro que é comum a diferença de tratamento dispensadov aos homens e às mulheres, e que essa prática parte tanto de homens quanto de mulheres”. Graciela ainda destacou que a discriminação é uma questão cultural, e que, na maioria das vezes, a distinção não é percebida por quem pratica: “este evento, idealizado por estudantes e a coordenação do curso de Sistemas de Informação, com a participação do curso de Psicologia, foi de extrema importância por abrir um espaço para diálogo sobre as dificuldades, como se sentem e as expectativas das mulheres durante sua passagem pelo ensino superior e inserção nesta área no mercado de trabalho. O grupo permitiu o compartilhamento de seus sofrimentos e a troca de experiências de modo a ampliarem as suas possibilidades de enfrentamento das várias formas de violência, muitas vezes veladas, no mercado de trabalho. Valeria tornar esta prática contínua de modo a consolidar um espaço de troca de experiências e de apoio social entre as mulheres que podem se traduzir em fortalecimento e, por conseguinte, contribuir para a sua saúde mental.”

O Simpósio foi organizado pelas alunas do oitavo período do curso de Sistemas de Informação, Jacqueline Barbieri Pino e Liana Mara Rutyna, que ofereceram coffee break e lembrancinhas, além do convite feito por scrapbook (convite com recortes). As organizadoras ficaram satisfeitas com os resultados, principalmente por trazer às “meninas” do curso um senso de pertencimento e de apoio mútuo.

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Sustentabilidade e

Os alunos de Relações Públicas.

Ao lado: Mathisa Stachuk, representante do IGRPCom e a Profª Maria Paula Mansur Mäder. »

Os alunos organizados em pequenos grupos de trabalho.

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Responsabilidade Social ATIVIDADES SOCIAIS: aulas práticas de responsabilidade.

Durante os dois últimos semestres do curso de Relações Públicas, os alunos devem cumprir um total de 200 horas de Estágio Supervisionado, desenvolvendo atividades profissionais, como exigência para a conclusão do curso de graduação. Com o objetivo de proporcionar essa prática profissional e ao mesmo tempo despertar a responsabilidade social nos alunos, a professora Maria Paula Mansur Mäder, responsável pela disciplina, buscou por meio de uma parceria com o Instituto GRPCom, oportunizar aos alunos a experiência de prestar serviços de assessoria de comunicação para OSC (Organizações da Sociedade Civil), de Curitiba e região. Por meio do programa Impulso, do IGRPCom, que tem como proposta oferecer ferramentas, capacitações e incentivar o voluntariado para o fortalecimento do terceiro setor, foi possível aos futuros Relações Públicas terem contato com os responsáveis de seis diferentes organizações, sendo 5 delas de Curitiba e 1 sediada em Paranaguá, que em reunião realizada no UniBrasil no início do ano de 2017, apresentaram seu trabalho, seus projetos e suas demandas de comunicação. A partir daí foi possível aos alunos, organizados em pequenos grupos, desenvolverem durante um ano, diversas soluções criativas de comunicação, enfrentando desafios e restrições de verba, inerentes a esse segmento de clientes, e dessa forma puderam aplicar

seus conhecimentos adquiridos durante sua formação, e ainda desenvolveram um belíssimo trabalho social voluntário, altamente valorizado para o currículo do mercado atual. Muitas vezes, responsabilidade social é confundida com solidariedade, filantropia, benemerência; com o que pode ser conceituado como assistencialismo. Porém, esses conceitos são diferentes, pois, responsabilidade social implica em ações de médio e longo prazo, capazes de interferir numa realidade adversa para efetivamente transformá-la, e não apenas maquiá-la ou minorá-la provisoriamente. O projeto desenvolvido representa responsabilidade social em seu sentido pleno, trabalho social bem feito, produzindo resultados efetivos de desenvolvimento regional, de minoração das dificuldades enfrentadas por organizações sem grande potencial financeiro, e que estariam, portanto, excluídas da possibilidade de ampliarem-se; é realizado por alunos sob supervisão docente, como prática na formação, que estará no cerne das mudanças necessárias; todo processo educacional efetivo representa por si responsabilidade social. Ao final do ano, a fim de formalizar a entrega dos projetos desenvolvidos e dos resultados obtidos, foi realizado um fórum de apresentação, nas dependências do UniBrasil, contando com a presença da Mathisa Stachuk, representando o IGRPCom, dos responsáveis pelas organizações participantes e dos alunos de Relações Públicas, marcando o encerramento das atividades. 83


CONCERTO DE NATAL AFECE 2017 Natal da Solidariedade

O UniBrasil Centro Universitário e a Associação Franciscana de Educação ao Cidadão Especial (AFECE), com o apoio da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), promoveram na noite de 29 de novembro o Concerto de Natal, realizado na Capela Santa Maria, com o objetivo de arrecadar, como entrada, presentes para crianças carentes que são atendidas pela Associação. Aberto ao público, diversas apresentações com o tema Natal aconteceram, e na plateia, amigos, diretores, familiares e alunos da AFECE prestigiaram o Concerto. Dois integrantes do Grupo de Teatro do UniBrasil Grutun!, Otávio Tucunduva Mattana e Ana Paula Godoy, deram as boas-vindas e realizaram a apresentação do Concerto, além de declamar várias poesias de autores brasileiros consagrados: Manuel Bandeira, Helena Kolody, Machado de Assis, Mario Quintana, tendo como tema o Natal. A AFECE é uma organização não governamental, sem finalidade econômica e apolítica, que desde 1967 oferece atendimento especializado a cidadãos especiais e suas famílias. Mantenedora da Escola São Francisco de Assis, presta atendimento gratuito a 225 cidadãos a partir dos três anos até a idade adulta, com deficiência intelectual de alta especificidade, associada ou não a outras patologias. Hoje a instituição é referência em

qualidade de atendimento ao cidadão especial, nas áreas de Educação, Saúde a Assistência Social, sendo a única instituição que atende este público na região Sul. A sede da AFECE tem uma área de mais de 10 mil m² no bairro Tarumã. Esta sede conta com várias salas de ensino, parquinho, circuito pedagógico, refeitório, cozinha, salas de fisioterapia, escritório do setor administrativo, salas de reunião, biblioteca, sala do voluntariado, setor de bazares, recepção, entre outras estruturas para melhor atender seus alunos e as suas famílias. A entidade realiza um trabalho que estimula o educando a conquistar a maior independência possível na realização das suas atividades diárias. A AFECE trabalha para inserir o deficiente no contexto familiar e em toda a sociedade. Para manter os programas da Escola São Francisco e de Responsabilidade Social da instituição, a AFECE busca incessantemente parcerias com empresas públicas e privadas através de projetos, além de desenvolver uma intensa programação de campanhas, promoções e eventos para cumprir seus objetivos estratégicos e prestar o atendimento necessário, prezando sempre pela excelência no atendimento. A missão da AFECE é atender com excelência os cidadãos especiais e suas famílias e promover a Responsabilidade Social. Ao lado: Ana Paula Godoy e Otávio Tucunda Mattana, membros do GRUTUN e mestres de cerimônia no evento. »

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Três grupos se apresentaram nesta noite festiva: Coral APP, Coral Afece e Coral Copel. O Coral APP Sindicato, formado por aposentados dos trabalhadores da educação paranaense, regido pela maestrina Larissa Lourenço, apresentou:

• • • • •

Noite Santa – Adolphe Adam Vem, o rei Messias – Randy Vader Jingle Bells rock – Bobby Helms Sing halellujah to the Lord – Linda Stassen Natal verde-amarelo – Wilma Camargo

Coral da AFECE Coral APP Sindicato.

O Coral da AFECE, formado por funcionários da entidade, apresentou as seguintes músicas: • Maria Maria - Milton Nascimento e Fernando Brant. • Tocando em frente - Almir Sater e Renato Teixeira • Tente outra vez - Raul Seixas

Maestrina Larissa Lourenço.

• • • •

Natal Menino – Amaury Vieira. Bem-vindo – Lydio Roberto e Mara Fontoura Noite Azul – Klecius e Armando Cavalcante Sinfonia de Paz – Mara Fontoura

A assessora da presidência do UniBrasil, professora Wanda Camargo, ressaltou o compromisso e a responsabilidade do UniBrasil Centro Universitário com o fomento à cultura. “Acreditamos na cultura, ela é fundamental para a formação do profissional e ao cidadão”, e ressaltou ser a AFECE uma entidade que realiza trabalho dedicado, competente e eficiente.

Luiz do Nascimento Lima, presidente do AFECE. Coral Copel

O Coral Copel, criado como forma de incentivar o desenvolvimento cultural, disponibiliza a todos os funcionários da empresa a possibilidade de cantar; é regido pelo maestro Rodrigo Lara e apresentou as seguintes músicas:

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O presidente do AFECE, Luiz do Nascimento Lima, destacou o apoio do UniBrasil. “Quero agradecer ao UniBrasil, pois é de uma forma carinhosa que o UniBrasil apoia e incentiva o nosso trabalho”. Ambos agradeceram à Fundação Cultural de Curitiba a cessão do espaço que viabiliza o evento.


Coral Copel

Com a palavra “Esperança”, terminou mais um concerto de natal AFECE-UniBrasil.

Coral APP Sindicato

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CULTURA UNIBRASIL


O incentivo à cultura é marca do UniBrasil Centro Universitário. As experiências compartilhadas pela vivência cultural enriquecem o conhecimento, ampliam os horizontes e fortalecem o pensamento crítico. Projetos como o Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil e diversas parcerias no âmbito cultural, desenvolvidos dentro e fora da comunidade UniBrasil, promovem o diálogo necessário à formação ética e cidadã.


EVENTOS EM PARCERIA Vamos precisar de todo mundo, um mais um é sempre mais que dois. Beto Guedes & Ronaldo Bastos

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O UniBrasil conhece e exerce suas potencialidades dentro da missão de oferecer ensino de qualidade e formação ética para a vida, mas entende que parcerias corroboram geralmente o adágio de que o todo é maior do que a soma das partes; nesse sentido, compôs-se com várias outras instituições para a realização de muitos eventos culturais e educacionais. A união de energias, vocações, aspirações, capacidades e recursos para a consecução de objetivos comuns produziu excelentes resultados. As instituições parceiras nas atividades registradas em 2017: •

Graciosa Country Club, através de seu programa cultural Pensando o Brasil, idealizado e coordenado pela professora Liana Leão, com o objetivo de seguir de perto as preocupações e os temas mais prementes da sociedade, os caminhos da economia, da política e da cultura, através do contato com intelectuais de todas as vertentes.

B’nai Brith, organização judaica com 170 anos, no Brasil desde 1932, que desenvolve programas de acordo com o conceito judaico de Justiça Social, Direitos Humanos e inclusão social, representada por sua presidente regional Ester Proveller.

Solar do Rosário, complexo cultural e casa de arte brasileira e especialmente paranaense, promove várias atividades tais como cursos, oficinas, ateliers, lançamento de livros e eventos ligados à arte e cultura, por sua diretora Regina Casillo.

Casillo Advogados, instituição com tradição em Direito Empresarial, atuando nas mais diversas áreas do Direito, no Brasil e no exterior, por seu diretor João Casillo.

Fundação Cultural de Curitiba, responsável por muito das ações de planejamento e política de preservação da cultura e da história de Curitiba, realiza ou apoia os principais eventos culturais da cidade.


Auditรณrio do Graciosa Country Clube

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MARY DEL PRIORE Um olhar por trás das cortinas do Brasil Império

Sob a perspectiva de que não são as grandes figuras que fazem a história de um país, mas os milhares de anônimos, homens e mulheres que constroem caminhos e jeitos de viver e se relacionar, bem como destacando que a história da nossa pátria é escrita no dia a dia, pela totalidade de sua gente, Mary Del Priore abordou o período do Brasil Império, um dos momentos mais interessantes da nossa trajetória, a partir de um ângulo que transcende o convencional.

AUTORAS: Angela dos Prazeres – professora universitária e membro do Grupo de Pesquisa Modernas Tendências do Sistema Criminal. Anna Stegh Camati – professora do Mestrado e da Graduação em Letras na Uniandrade, editora regional do Brasil no arquivo digital Global Shakespeares (MIT); mestre e doutora em Letras.

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Mary Del Priore é historiadora, pós-graduada pela École des Hautes Études de Paris; atuou como docente nos Departamentos de História da USP e da PUC/RJ; autora prolífica e detentora de mais de 20 prêmios nacionais e internacionais, entre eles três Jabutis, dois Casa Grande & Senzala, o Prêmio do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Governo da França e da Organização dos Estados Americanos (OEA) para as Américas (1992) e o Ars Latina (2008) por ensaísmo em História. A produção bibliográfica de Mary del Priore é fruto de reflexões e pesquisas aprofundadas. Além de cronista do jornal Estado de São Paulo e de sua contribuição em inúmeras publicações, a historiadora destacou-se como autora ou organizadora de mais de 40 livros que são sucesso de público e crítica por abordarem temas de interesse para especialistas e leigos. Seu reconhecimento no campo de estudos historiográficos teve início com a publicação em forma de livro de sua tese de doutorado intitulada História da criança no Brasil (1991). Doravante, seguiram-se inúmeros sucessos editoriais, entre eles História das mulheres no Brasil (1997); História do amor no Brasil (2005); Histórias íntimas: sexualidade e erotismo na história do Brasil (2011); e História da gente brasileira (2016) em dois volumes, nos quais oferece ao público leitor relatos abrangentes e apaixonados que esmiúçam a vida cotidiana e os costumes vigentes no Brasil Colônia e Brasil Império. No evento organizado em parceria com diversos grupos, entre eles o UniBrasil Centro Universitário, realizado em 27 de abril de 2017, no salão principal da Sede do Graciosa Country Club, Mary Del Priore dedicou sua fala para retratar o dia a dia de homens e mulheres comuns, anônimos que ajudaram a construir nossa nação. Encantou assim a plateia, pois eis que, diferentemente das abordagens mais tradicionais, focadas em heróis, líderes e grandes figuras, Priore direcionou seu interesse para os detalhes, hábitos, costumes, modos de vestir, moradias, formas de diversão, inclusive traçou um panorama acerca do papel da mulher, entre outros pormenores da sociedade brasileira nos idos dos séculos XVIII e XIX. Nessa toada, a palestrante demonstrou estar menos preocupada


A historiadora Mary Del Priore.

com os grandes fatos, feitos e nomes, vitórias e fracassos que marcaram a nossa sociedade. Então, na contramão do convencional, buscou sensibilizar o espectador com aspectos esquecidos da vida cotidiana dos brasileiros, destacando assim, os códigos da vida de personagens anônimos e relegados. Discorreu, com a sagacidade que lhe é peculiar, sobre eventos do cotidiano da época que são pouco conhecidos, tais como: a mobilidade social e espacial dos negros ao longo do século XVIII, destacando os pintores negros que enriquecem na Itália, ou em Portugal, e as mulheres negras que enriquecem às custas do ouro por meio do comércio de peças e adornos femininos vindos da Europa, que não obstante, lá fossem considerados já ultrapassados, aqui eram comercializados a preços nada módicos, mas que todavia, esses exemplos eram raros, assim advertiu Priori, lembrando os registros da escravidão, quando um animal com seus arreios poderia valer o equivalente a quatorze homens escravos; o episódio que resultou na falta de mandioca na Bahia, o que deixou pobres e ricos sem ter o que comer, sendo que a solução encontrada à época, pelos então chamados de governadores-gerais foi o estabelecimento de um decreto que obrigava cada proprietário de sesmaria a plantar mil covas de mandioca para cada escravo que tivesse; as curiosidades

relacionadas a culinária, em que se tinha por exemplo, no desjejum de um colono ingredientes pouco nobres, como fígado de peixe e farinha; e, ainda, a história indígena, na qual coube destacar que os índios, em que pese ignorados por completo, tinham uma agricultura bastante desenvolvida, sabiam de caminhos invisíveis nas matas, podiam reconhecer a propriedade medicinal de uma planta pelo simples mordiscar de uma folha, ademais tinham noções de tempo e espaço, utilizando-se das estrelas para orientar-se. A palestra da historiadora foi de tal modo envolvente ao ponto de conduzir o público

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presente a uma viagem imaginária que lhes propiciou entender, ver e sentir como viviam e se relacionavam nobres e plebeus no passado remoto do Brasil Império. Para todos os presentes, o período iniciado em 1822, com a proclamação da Independência, e que teve sua duração até 1889, com a Proclamação da República, ficou claramente delineado: a grave crise econômica, as lavouras de cana de açúcar, algodão e tabaco entrando em decadência, e o princípio da importação de manufaturas, a Revolução Liberal de 1830, e as lutas de rua entre brasileiros e portugueses, arrafadas. Entre os fatores arrolados para o fim do império, a palestrante discorreu sobre as mudanças econômicas e sociais a partir da metade do século XIX, a Guerra do Paraguai e a ânsia por liberdade dos estudantes, liberais, funcionários públicos, e a abolição da escravatura. A partida, sob forte esquema de segurança, de Dom Pedro II e toda a família para a Europa encerra esta etapa de vida brasileira. A plateia, encantada com Mary Del Priore, aplaudiu em pé.

A historiadora Mary Del Priore palestra à plateia atenta no auditório do Gr

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raciosa Country Clube.

Mary Del Priore, Regina Casillo (Solar do Rosário) e Ester Proveller (B’nai B’rith).

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MARCOS VILLA O Brasil não é para principiantes

Em parceria do UniBrasil Centro Universitário com o Graciosa Country Club, a UFPR, o Solar do Rosário e Casillo Advogados, em 25 de maio, o jornalista Marco Antonio Villa proferiu palestra com o tema “O Brasil não é para principiantes: dilemas da conjuntura políticoeconômica”. E talvez esta conjuntura nunca tenha sido tão complexa e ameaçadora, motivo por que é indispensável pensar, debater, ouvir pessoas que possam contribuir para a formação do pensamento, o que é um dos objetivos do Projeto Pensando o Brasil e também do UniBrasil Centro Universitário em todas as suas atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Em nosso tempo, as opiniões são muitas e variadas, cada acontecimento é avaliado exaustivamente, a informática democratizou a “voz”. O que parece estar em falta são as opiniões firmes, aquelas que se mantem à parte da simpatia ou antipatia que possam gerar, as que valem a pena ouvir e discordar ou concordar.

Marco Villa é uma das pessoas que têm esse tipo de opinião. Sendo o que se pode chamar conservador, defende seus pontos de vista sem fugir de polêmicas ou entrar no “bom mocismo” comum a muitos colunistas de todas as cores ideológicas. Marco Antonio Villa é bacharel e licenciado em História (USP), mestre em Sociologia (USP) e doutor em História (USP), jornalista e escritor. Publica comentários e análises em seu blog, chamado “Blog do Villa”. Faz parte da bancada do Jornal da Manhã, na Rádio Jovem Pan. Participa semanalmente do Jornal da Cultura, integrando a bancada como comentarista. Atuou como colunista n’O Globo e na ISTOÉ com artigos publicados na Folha de São Paulo, Estadão, La Nación dentre outros. Foi professor da Universidade Federal de São Carlos e da Universidade Federal de Ouro Preto.

Auditório do Graciosa Country Clube.

AUTORA: Vera Santos – organizadora de eventos IAPO – Interamerican Association of Pediatric Otorhinolaryngology.

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É autor dos livros: “A queda do império”, “O nascimento da República no Brasil”, “Vida e morte no sertão”, “Jango, um perfil (1945 – 1964)”, “1932 – Imagens de uma revolução”, “Partido dos Trabalhadores e a política brasileira”, “Revolução de 1932”. Numa referência involuntária à atual pós-verdade, Villa afirmou “O Brasil é um país fantástico. Mais ainda, é um país do realismo fantástico, onde ficção se mistura com história e produz


releituras ao sabor dos acontecimentos.” Sua palestra, concorrida e apreciada, versou sobre o atual momento brasileiro, em que o palestrante observou que “a desmoralização das instituições chegou ao ponto máximo, não há paralelo com qualquer momento da nossa história. O Brasil, ao longo da sua história, não teve uma cultura política democrática. 1889 não passou de uma solução de força”. Caótico e desgovernado, o país já atravessou períodos em que o vocábulo ditadura era utilizado de forma absolutamente positiva pelas principais lideranças políticas, e durante o período em que esta foi mais acirrada, a defesa de uma saída militar para graves crises políticas estava presente em todo o espectro político. Raros apostaram na resposta democrática, e assim a construção de um estado democrático de direito se transformou numa panaceia, com nossa atual constituição sistematicamente invocada por aqueles que mais solapam a democracia. “No Brasil, a corrupção acabou se transformando em um sistema. Deixou de ser um simples negócio entre corruptor e corrupto. Foi construída uma ampla teia de relações sociais, políticas e jurídicas permitindo e legalizando a reprodução, numa escala nunca vista na história da humanidade, da corrupção” afirma o palestrante, com a evidência de que a crise econômica e a falência dos estados são manifestações explícitas dos limites deste sistema. É indispensável enfrentar a corrupção, que serve à elite dirigente como verdadeiro instrumento de gestão da coisa pública, como se esta constituísse parte intrínseca do funcionamento de uma república carcomida. Ficamos assim presos a um sistema imune à transformação, petrificado, e que reage a qualquer tentativa de moralização, como se nossos dirigentes já não pudessem sobreviver sem se locupletar com o saque do Estado, são totalmente dependentes da corrupção. “A ladainha dos rábulas transformou a defesa da corrupção em segurança jurídica. Propalam aos quatro ventos que o combate aos desvios dos recursos públicos coloca em risco a ordem democrática. Contam com apoio entusiástico das instituições corporativas. Recebem honorários fabulosos sem questionar a origem. Defendem corruptos como se fossem verdadeiros heróis nacionais. Usam e abusam das relações nada republicanas com os tribunais superiores de Brasília. A Constituição e todo arcabouço jurídico são utilizados na defesa dos malandros federais, estaduais e municipais. E os causídicos exibem orgulhosos seus feitos. Sem

nenhum pudor, apresentam nas revistas consumidas em consultórios de médicos e dentistas suas casas, viagens, toda uma vida de luxo e riqueza”. E o problema mais grave é que empresas, ao lado de políticos, são parte deste sistema, todos estão de tal forma integrados à corrupção que não conseguem produzir ou viver sem participar do saque da coisa pública, veem o Estado como fonte de riqueza; em particular de suas próprias. Usando a estrutura governamental para fomentar seus negócios aqui e no exterior, exportam seus métodos para o mundo como se fossem novos modelos de gestão, uma contribuição brasileira à administração de empresas. “Não causa estranheza a fúria do sistema contra as ações da Lava Jato. É até natural, absolutamente compreensível. Afinal, o conjunto das operações, as investigações, os processos e as condenações atingem interesses consolidados há décadas na estrutura estatal. O modus vivendi da corrupção está sendo ameaçado. E a ameaça vem da periferia do poder, e não do centro. É inimaginável supor que as condenações da Lava Jato ocorreriam no ritmo e na severidade das penas se os processos corressem nas cortes superiores de Brasília: todos sabem como a Justiça é por lá operada”. O palestrante considera ainda que definitivamente não será fácil vencer o sistema; muito mais observável tem sido a manutenção de reformas cosméticas, sinalizando hipocritamente que o clamor popular está sendo ouvido pelos donos do poder, mas que a história pode percorrer caminhos inesperados, desconhecidos, e que o momento clama por reestruturações profundas em nossa maneira de vivenciar a questão política. Com certeza Marcos Villa não esconde suas opiniões, e estas são fortes. O púbico vibrou com sua disposição de responder perguntas com profundidade.

Marcos Villa com Monica Milani e Luiz Otávio Leão, sócios do Graciosa Country Club.

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ALEXANDRE GARCIA O Brasil hoje Fala-se que algumas tribos primitivas contavam com oráculos, feiticeiros, morubixabas; e que atribuíam a esses personagens poderes mágicos, divinatórios ou de cura. Provavelmente isso deve ter ocorrido até pela necessidade humana de empatia com o sobrenatural, na verdade ocorre até nossos dias em tribos muito menos primitivas. Todas as sociedades precisam daqueles “que sabem”, dos que por uma conjunção de conhecimento, experiência, inteligência e poder de observação podem iluminar caminhos, e Alexandre Garcia é sem nenhuma dúvida uma dessas pessoas.

Auditório do Graciosa Country Clube.

AUTORA: Wanda Camargo – assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil; mestre em Ciências Geodésicas.

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Mostrando-se um entusiasta da Lava Jato, embora reconhecendo suas limitações e alcance, e com grande conhecimento dos fatos acontecidos nas últimas décadas no país, Alexandre Garcia conquistou a plateia que lotou o Graciosa Country Club para ouvi-lo. Segundo o palestrante, o próprio Emílio Odebrecht havia garantido que as operações que propiciaram o esquema de desvio generalizado de recursos públicos já haviam começado em 1987, e que nestes 30 anos a rotina foi de comprar e vender de tudo; e que hoje “não resta dúvida que os resultados estão aí, mostrando reação à administração desastrada do PT, que deixou 14 milhões de desempregados”. Por outro lado, Garcia reconhece que atualmente “o desemprego diminui há meses, o crescimento, embora discreto, persiste, inclusive na indústria, o juro básico desaba, a inflação está abaixo da meta, a balança comercial e o agronegócio dão resultados excepcionais”. De acordo com ele, a impopularidade do atual presidente pode representar uma vantagem, pois não se pode perder o que não se possui, e isso é o ideal para, por exemplo, proceder a uma reforma da Previdência, entre outras medidas que julga indispensáveis para o país garantir sua viabilidade econômica e voltar a crescer. Sem estabilidade nos números ligados à Economia, com contas públicas mostrando deficits gigantes, o mandatário poderia efetivar o“enxugamento da máquina pública, as privatizações necessárias, pois o Estado não é tutor, é prestador de serviços públicos à Nação. Serviços como justiça, segurança, saúde, ensino e saneamento”. Assim, o Estado brasileiro, além de não prestar bons serviços públicos, ainda atrapalha o cidadão na sua tentativa de melhorar de vida pelo trabalho, e passamos todos a sentir-nos vítimas e, perigosamente, quando somos vítimas deixamos de nos sentir responsáveis pelo que quer que seja.


No entanto, não é apenas a Economia que tem mobilizado o povo brasileiro, pois este não está alheio ao problema ético e à corrupção institucionalizada. O povo certamente está marcado pela imoralidade da maioria dos políticos e seus partidos, descoberta pela Lava Jato e outras operações da Polícia Federal e do Ministério Público. Temos hoje três presidentes denunciados, um deles já enfrentando processos: Lula, Dilma e Temer, o Brasil sofreu os estádios da Copa superfaturados, BNDES inflado, Eike e Joesley, envolvimentos escusos entre Petrobrás, partidos políticos e empreiteiras, prisões de algumas personalidades aparentemente intocáveis, como tesoureiros de partidos, ex-presidentes da Câmara, expresidentes do Senado. Ainda em suas palavras, tais tragédias populistas cobraram caro dos mais pobres, pois estímulo ao consumo e crédito facilitados os levaram ao endividamento irresponsável e irrealista; enquanto nas camadas mais favorecidas o crédito subsidiado levou ao endividamento do Tesouro, a desoneração de folhas de pagamentos destruiu o INSS, e o corte demagógico de tarifas quase levou o setor elétrico à falência. Estamosnarealidadenumpaísemqueosagentespúblicos são privilegiados, ganhando mais que o trabalhador comum, tendo emprego estável e aposentadoria integral; estão cheios de direitos e escassos em deveres. O sistema judiciário funciona precariamente, encontramo-nos num estágio de insegurança e violência difíceis de encontrar em países civilizados. Alexandre Garcia considera, por outro lado, que “a mania brasileira de deixar como está, não resolve. Empurrar com a barriga, só vai agravar. A reforma da Previdência é urgente como um tratamento contra câncer. Também é preciso, com urgência, reformar o estado, para que ele se livre das gorduras e tenha músculos para prestar serviços. Presidente sem popularidade já nada tem a perder, a não ser ganhar nome na História. Reformar a Previdência, o Estado, os tributos, é apenas o mínimo para a sobrevivência no presente. Para que o país tenha futuro - e não apenas

João Casillo e Alexandre Garcia.

repita o passado -, é preciso preparar os brasileiros para ordem e progresso, como está escrito na bandeira”. Quanto às delações premiadas, a afirmação é de que, embora tenhamos importado dos Estados Unidos e da Itália o modelo de colaboração premiada à Justiça, a inventividade brasileira adaptou a novidade estrangeira às condições tropicais: um delator omite informações e é chamado para complementá-las quando se descobre a omissão, no entanto, ele não incorre em falso testemunho nem perde o prêmio, que pode ser uma redução de pena, uma prisão domiciliar, ou uma imunidade penal em Nova Iorque. Para os estudantes e professores, a oportunidade de ouvir este importante jornalista representou o contato direto com alguém que está mais próximo das notícias, onde e como estas acontecem, e auxilia sobremaneira a entender o complicado momento brasileiro. Alexandre Eggers Garcia é jornalista, apresentador e colunista político. Começou a carreira aos quinze anos como locutor de rádio em Lajeado, no Rio Grande do Sul, atuou no Jornal do Brasil, na TV Manchete. Na TV Globo, onde está até hoje, participou no Fantástico, Jornal Nacional, Jornal Hoje e Jornal da Globo, e de coberturas importantes como a da promulgação da Constituição de 1988 e as eleições presidenciais de 1989, quando entrevistou todos os candidatos à Presidência. Foi diretor de jornalismo da TV Globo Brasília, cobrindo a posse de Fernando Collor, a ECO-92, o Riocentro, o processo de impeachment de Fernando Collor, a implantação do Plano Real e as duas eleições de Fernando Henrique Cardoso. Foi porta-voz da Presidência da República entre 1979 e 1980, no governo João Batista Figueiredo. Atualmente é comentarista de política e segurança pública no Bom Dia Brasil, atua como colunista político na coluna “Bastidores” do Jornal da Cidade e também da Rádio Metrópole, de Salvador. Polêmico, controvertido, respeitado por muitos, detestado por alguns, é sempre importante ouvir Alexandre Garcia.

José Hilani, Liana Leão, Alexandre Garcia e Gustavo Milani.

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RABINO NILTON BONDER A Cabala do dinheiro.

A presente resenha retrata a palestra proferida pelo Rabino Nilton Bonder, em Curitiba, sobre o tema: “A Cabala do Dinheiro: reflexões sobre sustento e prosperidade”. Buscou-se através dela apresentar os principais pontos de reflexão trazidos pelo palestrante, para ao final operar uma análise crítica das ideias a partir de mediações com outras culturas e outras formas de relação com o dinheiro e a abundância, demonstrando a riqueza como algo bom e almejável, nos quatro “mundos” expostos pelo palestrante.

AUTORES: Roland Hasson - advogado fundador de Hasson Advogados; mestre e doutor em Direito. Szyja Lorber – jornalista, professor de Geografia, História e Estudos Sociais; especialista em conflitos do Oriente Médio.

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“A Cabala do dinheiro: reflexões sobre sustento e prosperidade”, foi o tema da palestra do rabino Nilton Bonder em Curitiba, no Graciosa Country Club, no dia 29/6/17. O evento fez parte do programa “Pensando o Brasil”, daquele clube, em parceria com o Unibrasil Centro Universitário, a B’nai Brith do Paraná, a Universidade Federal do Paraná, o Solar do Rosário, Casillo Advogados e a Cultura Inglesa. A palestra em questão foi também uma aula sobre ética, sabedoria e bom humor judaicos. O rabino Nilton Bonder é líder espiritual da Congregação Judaica do Brasil, no Rio de Janeiro, doutor em Literatura hebraica pelo Jewish Theological Seminary, conferencista e escritor com quase duas dezenas de livros publicados, destacando-se entre eles a famosa trilogia “A Cabala da comida”, “A Cabala do dinheiro” e “A Cabala da inveja”. O rabino iniciou dizendo que “é bem mais longa que um braço a distância que vai do coração ao bolso. Os antigos rabinos sabiam disso. Os novos também”. Em torno desse velho ditado judaico, o rabino Bonder discorreu sobre alguns dos capítulos de seu livro “A cabala do dinheiro”, lançado pela editora Imago em 1991 e sucesso de vendas no mercado livreiro. É o segundo livro de uma trilogia que começou com “A dieta do rabino - A cabala da comida”, e completado com “A cabala da inveja”. Outro ditado citado por Bonder, também da tradição judaica, diz tudo: “Uma pessoa se faz conhecida através de seu copo, bolso e ódio”. A palavra cabala, presente nos três títulos, em hebraico, significa receber. Diz respeito a fluxos e coisas que não devem ser retidos. “O bolso, o copo e a raiva são meios de retenção. E a retenção é problemática, porque, se excede, transborda”, expôs o rabino. Com “A dieta do rabino”, o primeiro livro da trilogia bem sucedida de Bonder, que chegou ao segundo lugar nas listas dos mais vendidos, na época, ocorreu algo muito interessante. O livro, embora não tratasse de uma receita de dieta, despertou o interesse de quem queria emagrecer (chegou a ser adotado pelos Vigilantes do Peso), e dos mais esotéricos que, assim como o autor, também acreditam que do corpo se chega à alma e por nenhum outro caminho. Curiosamente, fenômeno semelhante ocorreu com “A Cabala do dinheiro”, com as pessoas comprando o livro para aprender como ganhar dinheiro. “Quem não sabe lidar com o dinheiro, a comida e o ódio, retém o que não é para ser retido”, declarou ele. Para Bonder, o mau uso dessas três formas de trocas pode levar à obesidade dos sentimentos. Em sua palestra, esclareceu saber que está lidando com assunto complicado. Dinheiro é tema problemático para os homens, de modo


Rabino Nilton Bonder

geral. - “falam de dinheiro com o mesmo pudor com que tratam dos assuntos sexuais”-, e para os judeus, particularmente. Afinal, desde a Idade Média, quando foram proibidos pela Igreja de serem donos de terras, os judeus convivem com o estereótipo que associa sua figura ao dinheiro e à avareza. “Esta não é a razão que me levou a escrever o livro. Mas, obviamente, a questão me ocorreu e até me motivou, porque a tradição judaica é extremamente ética e cuidadosa com a questão do dinheiro”, explicou ele. O desenvolvimento da palestra apoiou-se no livro que escreveu e este na estrutura da Cabala, o conhecimento místico da tradição judaica. E a partir disso evidenciou os conceitos como o da acumulação de riquezas em ‘outros mundos’. “Muitas vezes, as pessoas passam a vida inteira acumulando riquezas no mundo material, com altos custos para o mundo emocional e espiritual”, ressaltou Nilton Bonder. Na tradição dos rabinos, a lenda da formiga e da cigarra deveria ser contada pelo avesso. “A formiga excede. É um animal que precisa de pouco e trabalha demais. Esse é um problema muito atual. As pessoas lidam com o dinheiro como lidam com a geladeira: para preencher vazios que não querem encarar”.

Bonder sintetizou também a visão dos rabinos de que a natureza é mais violenta e cruel do que o mercado. E fez também uma associação moderna entre ecologia e economia: “Temos a sensação de que a grande questão humana do momento é lidar com a natureza de maneira não predatória. Os rabinos diziam que a grande questão é lidar com o mercado”. A ecologia seria um equilíbrio de mercado e não da natureza. “Os bons negócios, aqueles que trazem ganhos para os dois lados, geram abundância sem criar escassez”, resumiu ele, para acrescentar que “só assim se construiria um mundo menos consumista, onde o trabalho seria menos explorado e a riqueza mais bem distribuída. Na ética judaica há um forte componente de fé e crença de que na troca justa com o dinheiro há retomo de riqueza material, emocional e espiritual para todo mundo”, observou. Segundo a tradição rabínica calcada na Cabala, cooperação e solidariedade são aspectos vistos como necessários nas boas transações econômicas, podem ser também elementos de transcendência e espiritualidade, que tornam o Mercado e as trocas efetuadas no dia a dia um cenário para a expressão religiosa e mística. O vocábulo “Gesheft”, em ídiche, representa 101


Auditório do Graciosa Country Clube.

justamente esta forma de se negociar com cooperação e ganhos mútuos. Segundo o rabino, o “Gesheft” seria uma obrigação espiritual; sempre que se puder gerar abundancia ao outro sem que se gere escassez para si, deve-se fazê-lo. A ética dos antigos rabinos passa ao largo da realidade brasileira: “A situação é aguda. Se as pessoas não perceberem que a relação justa com o dinheiro é que vai trazer riqueza, nunca iremos conseguir uma qualidade de vida que seja boa tanto para os que têm quanto para os que não têm dinheiro. Essa é a verdadeira ecologia de mercado”, defende Nilton Bonder com a mesma ênfase com que trata do assunto em seu livro. Refletindo sobre os limites da riqueza, Bonder observou que“enriquecer é mais do que um direito, é um dever”, acrescentando que “o ser humano tem por missão combater a escassez, tanto aquela que ameaça o seu lar, quanto a que causa sofrimentos no mundo. A Cabala do dinheiro nos ensina, entre outras coisas, a importância dos negócios que geram uma relação de ganhos para todos e não provoquem destruição ao ambiente”, disse. “Por negócios” – explanou – “entenda-se também ajudar o próximo, fazer o bem”. Para o Rabino, o

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lugar do mercado permite tais interações. “Vivemos ao mesmo tempo em quatro ‘mundos’”, explicou o Rabino em sua palestra, enumerandoos: o físico (ou material), o emocional, o intelectual e o existencial (ou espiritual). Por isso, o Rabino não falou apenas do ponto de vista financeiro. Economizar recursos emocionais, não perder tempo nem esbanjar o tempo alheio, evitar criar falsas expectativas, deixar a fofoca de lado e até compartilhar conhecimento são conselhos que ele ofereceu. “Combater os maus impulsos também é fundamental para manter o equilíbrio dos universos material, emocional e espiritual”. De acordo com o Rabino, estes quatro planos existenciais funcionariam como vasos comunicantes de riqueza e pobreza, de modo que a riqueza e a abundancia devem ser buscadas nos quatro planos, sob pena de um ou mais deles esvaziarem os demais. A riqueza meramente material, o dinheiro, não é suficiente se houver pobreza emocional, intelectual ou espiritual, e sendo a riqueza e a abundancia obrigações da vida (Ishuv Olam – obrigação de aumentar a abundancia do cosmos), as pessoas devem buscar a abundancia em todos os quatro planos.


A palestra se mostrou muito interessante por retratar um pouco da cultura judaica e a forma com que essa cultura se relaciona com a riqueza e a abundância. Além disso, trouxe pontos importantes de reflexão sobre a vida, sobre os planos existenciais, e sobre a relação de dinheiro e sustento. De acordo com o Rabino, o sustento é uma riqueza muito maior do que o dinheiro, e o sustento com abundância depende de um esforço físico, emocional, intelectual e existencial, mas também decorre da atitude das pessoas em relação a estes pontos. O Rabino concluiu lembrando que a vida quer nos dar abundância mais do que nós queremos ter, da mesma forma que “a vaca quer dar mais leite do que o bezerro quer mamar”; basta que nossa atitude se foque na produção desta abundância máxima sem que se gere escassez. Ademais, a palestra também teve valia para demonstrar como diferentes culturas e religiões tratam de maneiras diferentes a relação do homem com o dinheiro e a riqueza. Enquanto que na Igreja Católica é comum ouvir que “é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos céus” (Mateus 19:24), outras culturas, como a judaica, veem a riqueza e a abundancia como uma obrigação das pessoas de viver bem, e de aumentar a abundância de todos,

como retratam os vocábulos “gesheft” e “ishuv olam”. Em tempos de pluralismo e de aumento da pobreza, reflexões como estas são essenciais para a melhora da qualidade de vida da população. Em conclusão, a fala do Rabino ilumina um ponto que costuma ser deixado fora da equação na teoria da Economia, - inobstante sua importância já ter sido citada há muito, por Max Weber, - e que, como observado por Robert J. Barro e Rachel McCleary em um artigo publicado em 2003 intitulado Religion and Economic Growth, tem de fato influência no desenvolvimento econômico, que é a religião. Ao mesmo tempo que o sistema de “crenças” é essencial para a economia (como é a crença no valor do dinheiro), a forma com que cada religião aborda a relação do homem com o dinheiro acaba por permear a cultura de um determinado povo, e desempenhar papel importante em seu desenvolvimento econômico. “A religião é uma dimensão importante da cultura”, afirmam acertadamente Barro e McCleary, e sendo assim, o diálogo entre as religiões como o ocorrido na palestra do Rabino enriquece a todos intelectualmente e abrem novas perspectivas de desenvolvimento e responsabilidade social.

Gustavo Bergman, Isac Baril, Rabino Nilton Bonder, Pablo Berman, Charles London, Alexandre Disfano, João Casillo, Rolland Hasson, e o presidente do Graciosa: Glaucio Fernando Bley Filho. Ao fundo: Alexandre Distefano e Leon Knopholz.

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ATIVIDADES ACADÊMICAS


A educação se operacionaliza através das Escolas, que contam com programas acadêmicos modernos, voltados ao conhecimento técnico específico de cada área, ao desenvolvimento de raciocínio lógico e crítico e à formação humana. Os professores, mestres e doutores, são qualificados acadêmica e pedagogicamente para os desafios que enfrentam; e têm na infraestrutura o apoio indispensável: uma das mais completas bibliotecas universitárias do país, laboratórios bem equipados, salas de aula confortáveis, centro poliesportivo de ponta, espaços de lazer e convívio.


ATIVIDADES ACADÊMICAS O UniBrasil Centro Universitário tem a missão ambiciosa de “Formar, por meio de processos sustentáveis, pessoas que possam assumir a plenitude da condição humana, pela geração e experimentação de saberes, ideias e valores comprometidos com a realidade brasileira”. Tal propósito tem sido cumprido ao longo dos anos, já são milhares os graduados pelos cursos ofertados, e levam a marca da formação e dos exemplos recebidos. São certamente bons profissionais, bons cidadãos, pessoas íntegras.

Escola de Comunicação, Arquitetura e Design Estimula a criatividade, incentiva a capacidade empreendedora e amplia a visão das oportunidades profissionais, trazendo à tona o talento de cada aluno. Essa proposta é colocada em prática por grandes professores e os mais reconhecidos profissionais do mercado. • • • •

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Arquitetura e Urbanismo Design Jornalismo Publicidade e Propaganda


Escola de Direito

Escola de Negócios

Iniciou um novo conceito de qualidade no ensino superior em Curitiba. Além de possuir um corpo docente com os melhores mestres e doutores e uma das mais qualificadas bibliotecas do país, a Escola de Direito conta ainda com um Núcleo de Prática Jurídica que propicia aos alunos contato com a realidade da profissão.

Conta com modernos laboratórios de Informática e cursos ministrados por grandes mestres; mantém convênio com importantes empresas onde os alunos podem fazer o paralelo entre a teoria e a prática, contribuindo para sua formação e visando a vida real da profissão.

Escola de Educação e Humanidades Trabalha com uma proposta de ensino em que os alunos são estimulados à busca incansável do conhecimento. A Escola conta com um completo Programa de Docência inspirado em projetos arrojados, formando cidadãos preparados para o enfrentamento de sua profissão. • Licenciatura em Educação Física • Pedagogia • Serviço Social

• • • •

Administração Ciências Contábeis Secretariado Executivo Sistemas de Informação

Escola de Saúde Forma profissionais com visão crítica e capacidade propositiva frente à necessidade de realizar trabalhos de conscientização e preservação ambiental e de prevenção e manutenção da saúde dos cidadãos; valorizando o desenvolvimento urbano com respeito à fauna e flora, assim como às práticas culturais interligadas à qualidade de vida.

Escola de Engenharias

• Bacharelado em Educação Física

A área é responsável pela melhoria de sistemas produtivos integrados de bens e serviços, envolvendo pessoas, recursos financeiros e materiais, tecnologia, informação e energia. Compete-lhe ainda especificar, prever e avaliar os resultados obtidos desses sistemas para a sociedade e o meio ambiente, recorrendo a conhecimentos especializados de acordo com os princípios e métodos de análise e projeto da engenharia.

• Enfermagem

• • • •

• Biomedicina • Farmácia • Fisioterapia • Medicina Veterinária • Nutrição • Psicologia

Engenharia Civil Engenharia Elétrica Engenharia Mecânica Engenharia Produção 107


O NORMAL E O PATOLÓGICO

Normatividade Psíquica como Estratégia de Controle O grupo PET de Direito estudou, ao longo de 2017, a obra de Georges Canguilhem, considerada um marco na história do pensamento epistemológico do século XX, e que abre precedentes para novas formas de se pensar a relação entre as ciências e a filosofia. Também fundamenta, sobre novas bases, a investigação do desenvolvimento epistemológico das ciências humanas, trajetória que seria aprimorada por Michel Foucault, especialmente na primeira fase do seu pensamento, em que se volta à investigação arqueológica acerca do advento da psiquiatria e a da psicologia.

AUTORES: Andréa Maria Carneiro Lobo - professora do curso de Direito do UniBrasil Centro Universitário e tutora do PET; mestre e doutora em História. Eduardo Rehbein Rodrigues – aluno do curso de Direito do UniBrasil Centro Universitário e participante do PET.

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O artigo aborda a obra do filósofo e médico francês Georges Canguilhem, intitulada “O Normal e o Patológico”, e sua relação com os estudos do PET do Curso de Direito ao longo do primeiro semestre de 2017, intitulados: “Direito e Loucura”. Publicado em 1943, o livro problematiza o discurso médico e sua tentativa de definir o patológico como anormal e este, como anomalia, como disfunção quantitativa em relação à uma norma imposta arbitrariamente por esse mesmo discurso e pautada em critérios quantitativos, matemáticos e homogeneizantes. Questiona o conceito de patológico como anormal bem como os critérios a partir dos quais o saber médico define os parâmetros de normalidade, destacando que os parâmetros a partir dos quais um indivíduo pode ser considerado doente em relação a um estado anterior de saúde partem do próprio indivíduo, e não de sua comparação com outros: ele é seu próprio parâmetro. Enfatiza ainda a importância do contexto para se entender as alterações que levam um organismo ou um psiquismo a sofrer alterações em sua fisiologia, em sua estrutura. Partindo de tais pressupostos, o Programa de Educação Tutorial (PET) do Curso de Direito aborda as limitações do discurso médico-jurídico e psiquiátrico contemporâneo em diagnosticar e medicar, indiscriminadamente, corpos tidos como anormais em seu psiquismo, denunciando tais estratégias como formas de controle e sujeição, e não de cura. Ao longo do primeiro semestre de 2017, os alunos pesquisadores do Programa de Educação Tutorial – PET – do Curso de Direito do Unibrasil estudaram e debateram, publicamente, o livro “O Normal e o Patológico”, do filósofo e médico francês Georges Canguilhem (19041995). O estudo da obra se inseriu em temática mais ampla abordada pelo programa de pesquisa e intitulada “Direito e Loucura”, visando problematizar de que maneira os discursos psiquiátrico e jurídico se coadunam na constituição da categoria dos “anormais”, notadamente empregada para designar pessoas diagnosticadas como portadoras de transtornos psíquicos, visando seu controle e disciplinarização. Publicado como resultado da tese de doutorado defendida por Canguilhem em 1943, o livro discute as estruturas discursivas a partir das quais as ciências – em especial a medicina – definem o


Grupo PET do UniBrasil Centro Universitário.

que são organismos, indivíduos e psiquismos considerados sadios, problematizando os critérios a partir dos quais o saber médico e, no interior dele, o saber psiquiátrico, define os limites entre o que é normal e o que é patológico, justificando, assim, sua intervenção sobre o que é considerado patológico, este quase sempre entendido como anormal. Ao longo do semestre, o estudo do livro pautouse pela tentativa de entender quais os critérios a partir dos quais a medicina, a partir do século XVIII, passou a se diversificar em diferentes especialidades, e estas, ao agrimensurar o sujeito em diferentes partes e objetos de intervenção de diferentes saberes clínico-médico-biológicos, reduziram-no à condição de suporte de processos biológicos, priorizando, no interior desses processos, aquilo que legitima a constituição mesma desses saberes, ou seja, as patologias.

Mas o que são patologias? De que forma sua definição pelo saber médico em suas diferentes ramificações e especialidades, dentre elas a psiquiatria (que se apropriou do território das patologias psíquicas) legitima e justifica a intervenção desse mesmo saber

sobre os corpos? Essa é uma questão central levantada pelo livro. Analisando o discurso de médicos, filósofos, sociólogos, epistemólogos e fisiologistas, sobretudo franceses, da segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX, Canguilhem destaca o quanto está presente na fala e na prática médica a concepção de que o patológico é uma anomalia frente a um estado considerado normal, o estado de saúde. Sendo a saúde a norma, o esperado, o constante, o comportamento adequado dos órgãos e tecidos, o comportamento adequado dos psiquismos; patológico seria o comportamento que se desviasse quantitativamente dessa norma (que é estabelecida mediante critérios estatísticos) tanto pelo excesso quanto pela falta. Ou seja, o normal seria definido, pelo saber médico, como um comportamento padrão, e patológico como o que se desviasse quantitativamente desse padrão. Mas, e como são construídos esses padrões? Segundo Canguilhem, em suas origens, a palavra normal vem de norma, a qual, por sua vez, tem origem no vocábulo latino normalis (de acordo com a regra). Originalmente, normal era o que era “feito de acordo com o esquadro do

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carpinteiro”, em seu esforço para manter todos os ângulos retos. Nas ciências médicas, normal é o que se mantém reto, constante, de acordo com um padrão esperado. E esse constante, esse padrão, é definido mediante médias estatísticas, comparações feitas entre vários organismos, de vários indivíduos diferentes. O comportamento de órgãos, tecidos e psiquismos que se mostre constante e prevalecente na maioria desses indivíduos, e nas mesmas condições, é considerado normal. Anormal é tudo que foge a esse padrão, a essa normatividade definida a partir de critérios estatísticos, que visam padronizar, homogeneizar organismos, indivíduos e psiquismos diferentes. Já a palavra anomalia vem do vocábulo grego ômalos (o que é liso, regular, uniforme). Acrescido de a (negação, ausência) o vocábulo a-nômalos designa o que é irregular, o que é estriado, o que não é uniforme. Dessa forma, instituiu-se no interior do saber médico, em suas diferentes especialidades, a

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concepção de que o que legitima sua intervenção sobre os corpos humanos é o fato desses corpos se encontrarem, por algum motivo, forma de uma normalidade imposta, de forma arbitrária, mediante critérios quantitativos e estatísticos, estabelecidos em laboratório, por esse mesmo saber. Patologizados pelo olhar das diferentes especialidades médicas, tidos como anormais em seu funcionamento, diferentes territórios desses corpos, e até mesmo o território por onde transitam e se formam os afetos – o território psíquico – são passíveis de intervenção, sob a justificativa de devolvê-los à normalidade. No entanto, frente a esse quadro, o autor traz alguns questionamentos: não são arbitrários os critérios a partir dos quais se define o que são padrões normais de funcionamento dos órgãos, tecidos, psiquismos? Pode um indivíduo ser considerado saudável ou patológico, normal ou anormal, tendo-se como parâmetro outro ou outros indivíduos? Não deveria tão somente ele mesmo ser o critério para se pensar as alterações


que se processam em sua própria estrutura (psíquica, biológica)? E o contexto, em que medida ele também atua sobre as alterações psíquicas e biológicas que têm lugar nos corpos e nas subjetividades dos indivíduos? Não seriam essas alterações reações a um determinado contexto? Tentativas de se rearranjar, se adequar a esse contexto? Dessa forma, em matéria de normas biológicas, é o indivíduo em relação a si mesmo que deve ser tomado como parâmetro e não em relação aos demais. Pode ser que o indivíduo encontrese em sua condição, ainda que anômala, à altura das circunstâncias do meio que lhe é próprio. As condições orgânicas que, para um indivíduo, seriam inadequadas, para outro são possíveis. Pode-se estender a mesma observação para o normal psíquico: o normal, nesse caso, também é relativo ao indivíduo e ao meio em que está inserido. O normal não tem a rigidez de um mesmo determinado para todos os indivíduos da mesma espécie, é a forma individual pela

qual se relaciona com um determinado contexto, respondendo a ele, se adequando a ele. Por exemplo: o grande número de diagnósticos de crianças consideradas, na atualidade, pelo saber psiquiátrico, portadoras de síndromes psíquicas e comportamentais (déficit de atenção, hiperatividade, autismo...) significa que todas essas crianças são anormais? Estão doentes? Significa uma maior precisão dos diagnósticos? Ou é um indício de que os conceitos que se tem sobre “crianças normais” precisam ser revistos? Pensando a partir de tais questionamentos, os estudos do PET ao longo do primeiro semestre de 2017 buscaram problematizar os critérios a partir dos quais os saberes médico-psiquiátricojurídicos definem os ditos “anormais”, entre eles, os criminosos doentes mentais para, mediante estratégias de sujeição e controle (internamentos, prisões, medicalização) mantê-los à margem da sociedade e sob controle.

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EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS No dia 22 de março de 2017, o curso de Pedagogia recebeu o procurador do Ministério Público do Paraná, Doutor Olympio de Sá Sotto Maior Neto, que ministrou a palestra intitulada “Educação e Direitos Humanos”. Dr.Olympio, apesar das inúmeras atribuições profissionais, gentilmente aceitou disponibilizar um momento para o diálogo e a troca de experiência com os alunos e alunas dos cursos de Pedagogia e Serviço Social sobre o tema Direitos Humanos.

AUTOR:

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Fátima Branco Godinho de Castro – coordenadora do curso de Pedagogia do UniBrasil Centro Universitário, professora da Secretaria de Estado da Educação do Paraná; mestre em Educação.

Em 2012, o Conselho Nacional de Educação publicou a Resolução CNE/CP nº 02 de 15 de junho, que estabelece as Diretrizes Nacionais de Educação em Direitos Humanos, destinada à organização curricular da Educação Básica (ed. infantil, ensino fundamental e médio) e do Ensino Superior. Pouco foi alterado nos currículos escolares do sistema educacional com vistas a inserção da temática sobre a educação em direitos humanos. O tema normalmente é tratado como um “adorno”. Na tentativa de superar essa visão sobre o tema, a palestra do Dr. Olympio buscou despertar o papel da educação na construção de uma sociedade democrática e de respeito à cidadania. Inicialmente destacou que é fundamental compreender a origem histórica dos Diretos Humanos. A concepção de Direitos Humanos está expressa na Constituição Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/1996). A ideia de Direitos Humanos compreende um conjunto de direitos internacionalmente reconhecidos, como os direitos civis, políticos, sociais, econômicos, culturais e ambientais, sejam individuais ou coletivos, que se referem a necessidade de igualdade e de defesa da dignidade humana. Ações e práticas educativas desenvolvidas no interior da escola são fundamentais para a superação da indignidade, da tortura, do castigo degradante, da criança que passa fome e não tem escola, do trabalho escravo, da prostituição, das várias situações de discriminação e do racismo. Infelizmente a lista é longa... Nesse sentido, o palestrante retomou a importância do conhecimento e reconhecimento da “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, que afirmou a concepção contemporânea de Direitos Humanos, ancorada no tripé: universalidade, indivisibilidade e interdependência. Em seu art. 1º, estabelece que “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”; art. 2º “1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio,


Olympio de Sá Sotto Maior Neto

quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania”. A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada e proclamada em 1948, na Assembleia Geral das Nações Unidas. Nas últimas décadas, sobretudo após a ditadura civil-militar de 1964, mais especificamente com a redemocratização do país, temse assistido um crescente processo de fortalecimento da construção da Educação em Direitos Humanos. Para tanto, o Conselho Nacional de Educação tem adotado um conjunto de dispositivos legais com vistas a promover reformulações curriculares na educação básica que propõem a proteção e a promoção de direitos de crianças e adolescentes, a educação das relações étnico-raciais, a educação escolar quilombola, a educação escolar indígena, a educação ambiental, a educação do campo, a educação para jovens e adultos em situação de privação de liberdade em estabelecimentos penais, as temáticas de gênero e orientação sexual na educação e a inclusão educacional das pessoas com deficiência. É necessário um amplo debate para o desenvolvimento de práticas educativas para a superação de violações de direitos humanos. A escola de qualidade social deve considerar as diversidades e o respeito aos Diretos Humanos individuais e coletivos, com vistas

à formação de cidadãos e cidadãs pleno/as. A escola desempenha papel fundamental na formação humana, para desenvolver o respeito e o reconhecimento dos princípios que regem os Direitos Humanos. O palestrante destacou os fundamentos epistemológicos do educador Paulo Freire, que menciona que a primeira possibilidade de ensinar alguma coisa a alguém decorre da disposição para o diálogo. Diálogo entre professor e aluno. Ouvir o outro e fazerse ouvir é necessário para o convívio social. Compreender que somos iguais e diferentes ao mesmo tempo.

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LEI MARIA DA PENHA A advocacia em direitos humanos e sua importância para o Brasil Aos 21 de novembro de 2017, o UniBrasil Centro Universitário realizou atividade de sensível importância, seja para a comunidade acadêmica, seja para a comunidade externa à Instituição. Trata-se de conferência proferida por Flávia Cristina Piovesan, ex-Secretária de Direitos Humanos do Governo Michel Temer e atual membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, além de professora universitária e advogada militante na área de direitos humanos. Flávia Piovesan, entusiasta de um discurso acadêmico que há mais de duas décadas impulsiona e ajuda a construir, mais do que advogada militante, é uma ativista no campo.

AUTORAS: Ana Lucia Pretto Pereira - professora do Mestrado em Direito no UniBrasil Centro Universitário; mestre e doutora em Direito Constitucional e pós-doutora em Processo Constitucional. Anna Paula Drehmer – advogada; especialista em Direito Internacional e Econômico; mestranda em Direitos Fundamentais e Democracia no UniBrasil Centro Universitário.

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Em certa ocasião, o Prof. Roberto Mangabeira Unger, ao proferir palestra em colóquio sobre o tema “Ensino jurídico e mudança social”, na prestigiada Universidade de Harvard, fez a seguinte observação: “The most important role of [law] schools in a democracy is to be the voice of the future”, o que poderia ser traduzido para algo como “Em uma democracia, o papel mais importante das escolas de direito é ser a voz do futuro”. É o caso da Profa. Flávia Piovesan. Há mais de duas décadas, quando defendia sua tese de doutorado, a professora advogava um discurso de interlocução entre o direito constitucional e o direito internacional. Interlocução essa, àquele tempo, ainda incipiente, tímida, quase inexistente, em nosso universo de preocupações, e hoje assunto da ordem do dia. O diálogo, então postulado por Flávia Piovesan, tinha um objetivo: realizar as promessas constitucionais no que se referia à implementação de políticas dirigidas à efetividade de direitos humanos fundamentais. A realização das promessas constitucionais, no que diz respeito aos direitos humanos fundamentais, é uma tarefa de todos, juristas e não juristas, afirma Flávia Piovesan. Em relação aos instrumentos hábeis ao cumprimento dessa tarefa, a Profa. Flávia traz o exemplo da advocacia estratégica no âmbito do sistema interamericano de proteção de direitos humanos, tendo esse sido o tema da palestra proferida no UniBrasil Centro Universitário. A exposição de Flavia Piovesan no Curso de Direito do UniBrasil integrou um circuito de diferentes atividades em homenagem à professora, organizado pelo Programa de Mestrado em Direitos Fundamentais e Democracia do UniBrasil em parceria com


Flรกvia Piovesan, Eduardo Gomes e Bruno Lorenzetto

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a PUC/PR e o IAP, e que culminou na publicação de uma coletânea de artigos em homenagem à jurista. O objetivo da exposição, de acordo com Flávia, era apresentar aos estudantes de Direito, como a advocacia em direitos humanos no sistema interamericano de proteção pode promover mudanças estruturais em favor da realização de direitos humanos fundamentais. O sistema interamericano de proteção de direitos humanos corresponde a um conjunto de órgãos e mecanismos organizado, dentre outros objetivos, com vistas a assegurar o cumprimento da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (também conhecida como Pacto de São José da Costa Rica), de que o Brasil é signatário. Um dos órgãos que integram esse sistema é a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, para a qual Flávia foi recentemente eleita. A advocacia em direitos humanos busca levar, à Comissão (e também à Corte Interamericana, no âmbito do mesmo sistema regional de proteção), demandas relacionadas a violações de direitos humanos ocorridas no âmbito dos países signatários da Convenção. O Brasil já foi acionado e responsabilizado perante os órgãos desse sistema por diferentes razões. Uma delas denunciava a situação de mulher que sofrera grave violência doméstica durante 23 anos de casamento, chamada Maria da Penha Maia Fernandes.

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O caso n.º 12.051/OEA, de Maria da Penha Maia Fernandes, chegou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos em muito devido à militância da Profª Flávia Piovesan. Flávia explica que o caso lhe chegou às mãos por meio de contato feito, à época, por uma representante do CEJIL – Centro por la Justicia y el Derecho Internacional –, tendo a professora participado do encaminhamento da questão à Comissão. Como resultado, o Brasil foi declarado omisso e negligente quanto à adoção de medidas institucionais capazes de reprimir ou evitar condutas criminosas em núcleos familiares, sobretudo contra mulheres, tendo sido responsabilizado e condenado a cumprir diferentes determinações, dentre as quais o pagamento de indenização à demandante Maria da Penha. A decisão da Corte Interamericana no caso de Maria da Penha produziu inúmeros efeitos no âmbito doméstico, sendo de especial relevo a aprovação, pelo Congresso Nacional, da Lei n.º 11.340, de 7 de agosto de 2006, simbolicamente batizada como Lei Maria da Penha.

A Lei Maria da Penha, de acordo com Flávia Piovesan, é um dos exemplos de como a advocacia em direitos humanos no âmbito do sistema interamericano de proteção pode resultar em efeitos práticos importantes na ordem política interna de países que venham a ser responsabilizados perante a Corte. Trata-se de impulsionar a adoção de medidas estruturantes, seja mediante atividade legislativa, seja por meio da implementação de políticas públicas, pelos Estados respectivos, no que concerne à proteção de direitos humanos. Por essa razão, Flávia Piovesan explica que a advocacia em matéria de direitos humanos é não apenas client-oriented, mas também policy-oriented. Em sua exposição, Flávia enumerou pelo menos três efeitos produzidos pela advocacia estratégica em direitos humanos no âmbito interno: a) Difusão de parâmetros a partir da voz da Corte. Cuida-se, nas palavras de Flávia, de uma “construção, pavimentação de parâmetros”, em matéria de proteção de direitos humanos, operada pela Corte e que pode (deve) ser seguida pelos países signatários do Pacto, sob pena de serem acionados, e possivelmente responsabilizados, perante a comunidade política internacional (e também doméstica); b) Compensação de déficits nacionais. De acordo com Flávia Piovesan, decisões de cortes internacionais que sinalizem a responsabilização de Estados soberanos podem (devem) resultar na realização de ações e implementação de medidas que deveriam ter sido tempestivamente providenciadas pelas autoridades políticas locais, mas não o foram. Há, com as decisões da Corte, uma espécie de impulso para que ações sejam tomadas no sentido de fazer cessar violações e/ou dar efetividade a direitos humanos fundamentais, como foi o caso da Lei Maria da Penha; c) Empoderamento de atores sociais em uma nova dinâmica de poder. As decisões da Corte que reconhecem a responsabilidade estatal no que diz respeito a violações de direitos humanos de grupos vulneráveis resulta em um crescente empoderamento e, por consequência, inclusão social desses mesmos grupos.


Mestrado em Direito do UniBrasil Centro universitário.

A provocação das cortes internacionais – e, precisamente, da Corte Interamericana de Direitos Humanos – mediante o exercício da advocacia em matéria de direitos humanos produz um verdadeiro arsenal de decisões que ilustram a natureza das violações perpetradas pelos Estados que integram o sistema, tornando explícitas práticas institucionais ideologizadas e antidemocráticas. Uma revisão sobre as opiniões consultivas e decisões proferidas pela Corte levou Flávia a concluir que as demandas apresentadas até então têm girado em torno de seis grandes temas. Flávia nomeou essa conclusão como “tipologia das violações”, as quais podem ser enumeradas conforme segue: 1. Violações de direitos humanos em regimes ditatoriais; 2. Justiça de transição e invalidade de leis de anistia; 3. Preocupações com independência judicial e julgamento de civis por tribunais militares;

O despertar das comunidades políticas interna e internacional para problemas relacionados a violações de direitos humanos, bem como a necessidade de que sejam cobradas atitudes dos poderes constituídos quanto à efetiva garantia e proteção desses direitos, de acordo com Flávia, em muito tem sido possível graças ao litígio estratégico a que se referiu, e eis a grande contribuição de sua palestra para os alunos da Faculdade de Direito, e para a comunidade externa. Para encerrar, a professora fez um apelo: “[é preciso] abraçar a causa dos direitos humanos, como diria Habermas, enquanto uma utopia realista que nos convida à construção de uma sociedade justa e igualitária”. E, com Hannah Arendt, concluiu: “há de se mudar pacientemente o deserto, com paixão, e com agir”.

4. Proteção a direitos de grupos vulneráveis (ex.: povos indígenas, mulheres, propriedade coletiva); 5. Violações a direitos sociais; 6. Violações a novos direitos (ex.: fertilização in vitro). 117


CULTURA UNIBRASIL


O incentivo à cultura é marca do UniBrasil Centro Universitário. As experiências compartilhadas pela vivência cultural enriquecem o conhecimento, ampliam os horizontes e fortalecem o pensamento crítico. Projetos como o Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil e diversas parcerias no âmbito cultural, desenvolvidos dentro e fora da comunidade UniBrasil, promovem o diálogo necessário à formação ética e cidadã.


10 ANOS DE GRUTUN! Shakespeare no Campus

Em comemoração aos 10 anos de atuação, o Grutun! Grupo de Teatro do UniBrasil produziu o projeto “Shakespeare no Campus”, uma sequência de leituras dramáticas, em diversos espaços da instituição, durante o primeiro semestre deste ano. Dirigido pelo diretor de teatro Alex Wolf, o grupo completou uma década em trajetória de sucesso nos palcos paranaenses e entre a comunidade acadêmica. Por meio da Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Assuntos Comunitários (PROPPEx) do UniBrasil, o Grutun! promove peças educativas e o debate de assuntos atuais, a fim de completar a formação dos alunos por meio da cultura e do entretenimento. Nesses 10 anos, foram apresentadas mais de 20 peças e passaram pelo grupo aproximadamente 90 integrantes, entre alunos, funcionários e comunidade externa. O Grutun! participou de diversos festivais e organizou a primeira Mostra de Teatro Universitário dentro do Festival de Teatro de Curitiba, o maior festival desse gênero artístico dentro de nosso país.

Alex Wolf e alunos do Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil.

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TEATRO EMPRESA: Segurança no trabalho O Grutun! Grupo de Teatro do UniBrasil Centro Universitário realizou uma oficina de “Teatro Empresa” com o curso de Administração da instituição. A atividade proporcionou uma nova perspectiva dos projetos do Grutun! junto aos alunos da instituição, e foi desenvolvida para os alunos do quarto período do curso de Administração como parte das atividades da disciplina de Administração de Pessoas II, tratando sobre o tema da segurança no trabalho. Parte da oficina foi voltada para a compreensão da construção de um texto teatral focado no tema da segurança no trabalho. Os integrantes do Grutun! desenvolveram, em conjunto com os alunos, conteúdos relacionados ao teatro, como cenografia, posicionamento de palco, figuro e maquiagem, facilitando a compreensão deles sobre as diversas possibilidades dessa linguagem aplicada ao cotidiano de uma empresa. O resultado da oficina foi apresentado em sala de aula como finalização da disciplina do currículo do curso de Administração do UniBrasil Centro Universitário. 121


ROAD SHOW O UniBrasil Centro Universitário participou da terceira edição do projeto “Road Show”. O evento foi idealizado pela International Road Safety Academy da Espanha e realizado em Curitiba por intermédio do CIFAL – Centro Internacional de Formação de Atores Locais para a América Latina, sediado na FIEPE – Federação das Indústrias do Estado do Paraná, e com o patrocínio do Instituto Renault. A iniciativa teve como objetivo, a partir de depoimentos de médicos, bombeiros, policiais, familiares e vítimas de acidentes, alertar sobre os riscos de um comportamento irresponsável entre os jovens no trânsito. O Road Show já foi realizado em diversos países, inclusive no Brasil, e é reconhecido como uma ferramenta de sucesso para estimular a reflexão sobre o tema da segurança viária. A ação busca trazer consciência sobre a segurança no trânsito e transmitir a mensagem sobre os riscos e as consequências de dirigir de forma imprudente. Os integrantes do Grutun! Grupo de Teatro do UniBrasil participaram do evento, que possui um trecho em forma de representação teatral. Foram realizadas 5 apresentações em diversas instituições de ensino, atingindo público de estudantes do ensino médio e superior.

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ACOLHIDA DOS CALOUROS O UniBrasil Centro Universitário realizou, no início de cada um dos semestres, o evento de Acolhida aos Calouros. Essa atividade contou com uma programação de diversas atividades e convidados. Organizado pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Assuntos Comunitários (PROPPEx) em parceria com a Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD), apresenta aos novos alunos a instituição, sua infraestrutura, seu corpo diretivo e administrativo. Entre os convidados do primeiro semestre, apresentaramse dois egressos: uma de Nutrição, Aiane Sereno, e outro de Educação Física, Rafael Sentoni. Eles contaram um pouco sobre suas trajetórias e experiências durante os anos de formação, suas inserções no mercado e sobre suas carreiras.

Presença constante na vida dos acadêmicos, os líderes das Atléticas e dos Centros Acadêmicos da instituição explicaram sobre o trabalho e a função de seus grupos. Nesses eventos de início de semestre, a Associação Atlética Acadêmica de Comunicação Social do UniBrasil (AAACSU) e a Máfia Etílica do curso de Direito realizaram apresentação com suas baterias formadas por integrantes das atléticas como forma de acolher e recepcionar os alunos ingressantes. Os calouros também puderam conferir os food trucks, posicionados no estacionamento em frente ao auditório. Na acolhida do primeiro semestre, os novos alunos do UniBrasil Centro Universitário assistiram uma apresentação de capoeira orientada por um ex-aluno do curso de Educação Física. No evento do segundo semestre, os calouros acompanharam a apresentação do Coral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Caixa de Assistência dos Advogados, sob regência da professora Ana Caroline de Paula, que cantou diversas músicas clássicas do cantor brasileiro Tom Jobim. « Prof. Dr. Valter Fernandes da Cunha Filho

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UM DIA NO UNIBRASIL O projeto “Um Dia no UniBrasil” tem por objetivo auxiliar alunos do ensino médio na escolha de uma carreira, a partir de uma experiência direta com as diferentes áreas de conhecimento. Durante o evento, os estudantes concluintes de diversas escolas de ensino médio, a partir de vinte e duas oficinas, têm a oportunidade de vivenciar de perto a realidade de uma instituição de ensino referência em qualidade. O evento deste ano também lançou o novo curso de Medicina Veterinária. Os estudantes tiraram dúvidas e puderam receber informações sobre a profissão. Além disso, puderam ter contato com animais do Instituto Cão Amigo & Cia, uma organização que presta trabalhos voluntários de atividades assistidas por animais, levando os animais de terapia em visitas a asilos, hospitais, lares e escolas de crianças com necessidades especiais. A comunidade UniBrasil, formada por alunos monitores, coordenadores, professores e colaboradores proporcionaram aos estudantes uma experiência de contato com a realidade das diferentes profissões, auxiliando no processo de escolha da carreira e da futura profissão.

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FESTA NA ROÇA O curso de Psicologia do UniBrasil Centro Universitário promoveu o segundo “Arraiá do curso de Psicologia”. A festa foi organizada pela coordenação do curso em parceria com os acadêmicos e professores e com o Centro Acadêmico de Psicologia. O local escolhido foram as quadras cobertas do complexo esportivo da instituição. Não faltaram os pratos típicos das festas do mês de junho: muito pinhão, pipoca, bolo de milho e pé de moleque. E a música, é claro, com muitas canções tradicionais das festas de São João. Essa confraternização promovida para encerrar o primeiro semestre letivo proporcionou uma união entre os acadêmicos do curso.

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TV CAMPUS A TV Campus UniBrasil é um projeto da Escola de Comunicação do UniBrasil Centro Universitário que busca o compartilhamento de conhecimento entre a instituição e sua comunidade interna. O projeto é exibido em televisores espalhados pelo campus e também pode ser acessado via internet na página do UniBrasil ou num canal na plataforma Youtube. Em funcionamento desde 2005, a TV Campus UniBrasil passou por uma reformulação completa em sua grade de programação, que hoje é composta por diversos programas produzidos pelos alunos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Design do UniBrasil Centro Universitário. Atualmente são mais de 70 profissionais envolvidos na produção de conteúdo, técnica e operacional.

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FESTIVAL DE DANÇA O curso de Educação Física Bacharelado, do UniBrasil Centro Universitário, promove todos os semestres o Festival de Dança do UniBrasil com os alunos do segundo período do curso. O evento busca proporcionar aos alunos a prática dos conhecimentos incorporados na disciplina de Ritmo e Dança do currículo do curso. Aberto para comunidade interna e externa, o evento sempre acontece no Auditório Cordeiro Clève, que recebe os acadêmicos do curso, familiares e toda a comunidade acadêmica que lotam o auditório. Além das apresentações dos alunos, o evento traz sempre um grupo externo para desempenhar a função de convidado especial do evento. No segundo semestre deste ano foi a vez do grupo “Guerreiros da Dança”, que realizou a abertura do evento. Divididos em grupos, de diferentes ritmos e estilos musicais, os alunos têm a oportunidade de colocar em prática seus conhecimentos de sala de aula e se divertem muito.

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EVINCI No mês de outubro deste ano, o UniBrasil Centro Universitário realizou o “XII Evento de Iniciação Científica do UniBrasil” (Evinci). O evento é organizado pela PROPPEx, Pró – Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Assuntos Comunitários, contando com conferências, mesas-redondas, palestras, cursos, minicursos, apresentações de artigos e banners, oficinas, workshops, competições, rodas de conversas e comunicações científicas. O Evinci deste ano teve dois dias de programação, contou com 3.738 inscritos, 519 trabalhos submetidos e 265 atividades cadastradas. Foi um evento que envolveu as seis escolas do Centro Universitário (Direito, Engenharias, Educação e Humanidades, Negócios, Saúde e Comunicação, Arquitetura e Design) promovendo encontros, debates, palestras e discussões em prol do saber científico e profissional.

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DIA MUNDIAL EM MEMÓRIA ÀS VÍTIMAS DE TRÂNSITO O Dia Mundial em Memória às Vítimas do Trânsito foi criado em 1993, no Reino Unido, pela Road Peace, e é celebrado internacionalmente no terceiro domingo do mês de novembro. Esta homenagem não é direcionada apenas às pessoas que morreram em decorrência das fatalidades do trânsito, mas também familiares, amigos, equipes de emergência, policiais e profissionais médicos que lidam diariamente com as consequências traumáticas das mortes e lesões no trânsito. Várias instituições ligadas ao trânsito se uniram para marcar este dia em Curitiba. Atores do Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil circularam pelo parque Barigui realizando performances com temática voltada ao desrespeito com as leis de trânsito, como o motorista que dirige enquanto fala ou troca mensagens pelo celular, ou o condutor que insiste em dirigir após ingerir bebida alcoólica. Foram distribuídas mudas de árvores e voluntários davam informações aos frequentadores do parque sobre os perigos da falta de responsabilidade no trânsito. O encerramento do evento contou com um ato no Memorial das Vítimas de Acidentes de Trânsito, localizado dentro do parque, e uma apresentação da Orquestra Sinfônica do Paraná.

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JOGUN No mês de novembro deste ano aconteceram os Jogos UniBrasil (Jogun). Promovido pelo curso de Educação Física, os jogos fazem parte do projeto interdisciplinar do curso de bacharelado, realizado pelos alunos do oitavo período, na disciplina de Organização de Eventos Esportivos e Marketing Esportivo. O evento teve a participação de várias equipes dos diversos cursos do UniBrasil, que disputaram as modalidades de futsal masculino e feminino, vôlei, basquete, futebol e truco. Diferente dos anos anteriores, o evento recente aconteceu apenas em um dia e os jogos ocuparam quase todo o complexo esportivo do UniBrasil. As quadras cobertas e o campo de futebol de grama ficaram o dia todo em atividades, enquanto o ginásio de esportes do UniBrasil recebeu a 3ª Etapa do Campeonato Paranaense de jiu-jitsu.

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DIA DA CRIANÇA UNIBRASIL O Dia das Crianças é comemorado em muitos países em várias datas, no Brasil em 12 de outubro desde os anos 1920, quando a efeméride foi instituída. O UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância, convencionou o dia 20 de novembro, que marca a oficialização da Declaração dos Direitos da Criança, documento que estabelece direitos para todas as crianças, tais como alimentação, amor e educação. Independente de datas, o importante é que esses direitos sejam respeitados, que as crianças sejam alimentadas, amadas, educadas, e que brinquem. No campo da Psicologia, o estudo sobre o valor do brincar no desenvolvimento infantil abrange teorias clássicas, como as de Piaget e Vygostsky, porém muitos outros autores também reconheceram a importância das brincadeiras para o pleno desenvolvimento de crianças e mesmo de jovens. Experimentos parecem comprovar a relação entre brinquedos e brincadeiras com a aprendizagem humana, pois capacitam e aperfeiçoam o desenvolvimento cognitivo, as habilidades da linguagem, assim como a influência do faz-de-conta no raciocínio dedutivo de crianças em idade pré-escolar. A interação social, representada de maneira simbólica nos jogos e nas histórias infantis, auxiliam a compreensão das diferenças culturais, das representações sociais, e facilitam inclusive as interações de mães e crianças, assim como os relacionamentos entre elas mesmas. Por acreditar no valor pedagógico das brincadeiras, no último dia 07/10, aconteceu o Dia da Criança UniBrasil, uma realização do Curso de Pedagogia que ocorreu no Ginásio de Esportes e contou com a participação de mais de 150 crianças, pertencentes à comunidade das escolas no entorno da instituição, e contou também com a presença dos filhos de funcionários, alunos e convidados. As atividades estiveram sob a organização dos professores do curso, que em consonância com os conteúdos das disciplinas de Arte e Educação, Educação Física: conteúdos e metodologia e Literatura e Ludicidade, ministradas no 6° período do curso, prepararam atividades educativas e alegres para serem desenvolvidas. Foi uma manhã especial e muito divertida, não só para as crianças, mas

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para todos os participantes que se sentiram crianças também ao brincar, cantar, dançar, pular, enfim, sorrir espontaneamente. Canções infantis, temas folclóricos, cirandas, brincadeiras de roda, atividades esportivas recreativas, pinturas de rosto, doces, fantasias, foram algumas das atividades que deram o tom a este encontro. A realização foi um sucesso, não apenas pela interação com a comunidade e pelo aspecto acadêmico, mas sobretudo pelo empenho das alunas que colaboraram na organização e participaram ativamente e, especialmente, pelo brilho nos olhos das crianças, que puderam vivenciar atividades que lhe permitiram expressar a alegria de brincar, de forma espontânea, lúdica e criativa. Foi uma manhã mágica e cheia de encanto, que certamente marcou o dia das crianças presentes, bem como o de todos que se doaram para que tudo acontecesse numa atmosfera muito agradável. Valeu mesmo!! 133


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Rua Konrad Adenauer, 442 - TarumĂŁ - Curitiba - PR - 41 3361-4200 - www.unibrasil.com.br


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