Revista Cultural do UniBrasil Centro Universitรกrio
Ano 5
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2016
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EDITORIAL Cultura e instituições escolares
Em 2015, as Faculdades Integradas do Brasil foram reconhecidas como Centro Universitário, mais um passo na consolidação de um processo seguro, refletido e cuidadoso de constituição de uma Universidade. O país tem pressa, está em construção, apenas 12% da população concluiu um curso superior, são grandes as necessidades de ensino, pesquisa e extensão; colaborar nesta empreitada é motivo de orgulho.
Ciente de que a cultura nasce dos povos, de que as crenças e tradições a originam, mas que esta apenas se perpetua nos processos que a organizam e estratificam, o UniBrasil presta também homenagem às Academias, Arcadas, Bibliotecas, Mosteiros, antecessores das instituições de ensino que cumpriram sua missão de preservar, desenvolver e propagar o conhecimento e a cultura, às vezes com grande risco e contra o status quo.
Este ano marcou também os 15 anos da instituição que, ainda jovem, já manifesta sua profunda vocação para a qualidade na formação de seus egressos, com a excelência de sua estrutura e o compromisso com o futuro e o longo prazo: instituições de ensino não são aventuras e não admitem voluntarismos. A gratidão a todos os que contribuíram e contribuem para atingir o objetivo de entregar ao mundo do trabalho cidadãos éticos e com boa formação profissional é manifesta pela homenagem a alguns deles, professores e funcionários, presentes desde o primeiro dia de aula, e com cuja lealdade e competência a instituição sempre pode contar.
No entanto, em países como o Brasil, costuma ser através da escola o acesso do estudante à cultura e à universalização de todo conhecimento, em parte pelas dificuldades estruturais de alfabetização em massa, que torna a família muitas vezes deficitária neste sentido, e também pelo exercício de autonomia e desenvolvimento pessoal propiciado pelo sistema educativo. O UniBrasil Centro Universitário reafirma o compromisso com a cultura que sempre caracterizou a instituição, e neste quinto número da Revista Expressão presta contas de algumas de suas muitas realizações durante este ano tão importante de sua existência.
Wanda Camargo – Conselho Editorial da Revista Expressão.
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EXPEDIENTE Conselho editorial
Alexandre Silva Wolf Maria Paula Mansur Mader Patrícia Russo de Paula e Silva Gibran Wanda Camargo
Unibrasil centro universitário Presidente: Clèmerson Merlin Clève Reitor: Sérgio Ferraz de Lima Pró-reitora de Graduação: Lilian Pereira Ferrari Pró-Reitor de Pós-graduação, Pesquisa, Extensão e Assuntos Comunitários: Valter Fernandes da Cunha Filho
Gestora da Área de Marketing: Patrícia Russo de Paula e Silva Gibran Projeto Gráfico: Wessley Oliveira Fotografias: Alex Wolf, Andressa da Rosa, Camila Nichetti, Joicy Negrello e Tiago Machado Ilustração da capa: Kleber Menezes sobre fotografia de Camila Nichetti Periodicidade: Anual ISSN versão digital: 2238-8710
Central de Relacionamento Complexo de Ensino Superior do Brasil - UniBrasil Tel.: +55 (41) 3361-4200 Rua Konrad Adenauer, 442 - Tarumã - CEP: 82820-540 www.unibrasil.com.br
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ÍNDICE
UniBrasil Futuro | 07
Cultura Unibrasil | 80
Apostando no afeto não tem erro | 08
UniBrasil Acordes | 82 Teatro Universitário | 84
Academia UniBrasil | 15 Mal-estar, sofrimento contemporaneidade | 16
e
sintoma
na
A cidade e a corrupção: sonho e distopia | 20
Comemoração dos 15 anos | 24 Ministro Ricardo Lewandowski profere Aula Magna do curso de Direito | 28 Gênero | 30 Universidade: substantivo democrático | 32
feminino,
gênero
Mulheres Paranaenses 2015 | 34 Concurso de Contos | 40 Num Canto de Jornal | 42
Sustentabilidade e Responsabilidade Social | 44 Educação e Gestão Responsável | 45 Experiência de responsabilidade social no curso de Jornalismo | 48 Cromossomo XXI: a discussão sobre a Síndrome de Down na sociedade brasileira e mundial | 52
Lobos nas Paredes da Vigor Mortis – Lei de Incentivo à cultura | 86 Parceria com a Regional Boa Vista - Vai e Vem do Bem e Vampirilda – uma escola de horrores | 88 Vai e vem do Bem e a Semana Nacional do Trânsito – Detran/PR | 89 VI Mostra de Responsabilidade Social da Escola Particular - SINEPE | 90 Vampirilda – uma escola de horrores no VII Congresso Brasileiro sobre Síndrome de Down | 91 Fundação Cultural em cartaz – mais de 40 nos de história | 92 Grutun! na Corrente Cultural | 93 Dia Internacional em homenagem as vítimas de acidentes de trânsito | 94 Concerto de natal AFECE | 95 Vampirilda – uma escola de horrores – uma escola de horrores no Hospital das Clínicas | 96 GRUTUN! Grupo de Teatro UniBrasil | 97 GRUTUN! Repertório | 97 Festival de Teatro de Curitiba 2015 – Mostra de Teatro Universitário Grutun! | 97 10º Fetaepi – Festival de Teatro Amador Estudantil de Pinhais , 3º Festival de Teatro de Pontal do Paraná e 6º Festival de Teatro de Paranaguá | 98 Dia da Criança UniBrasil | 99
Uma semana , todos os dias do ano! | 56
Grutun! Literatura | 100
ATIVIDADES ACADEMICAS | 60
Lucíola de José de Alencar e Fogo Morto de José Lins do Rego | 100
Mergulho livre de alto desempenho | 60
Grutun! Pesquisa | 101
EVINCI: difusão do conhecimento e inovação | 64
O tempo e o lugar, de Botho Strauss | 101
EVENTOS EM PARCERIA | 68
Grutun! Comunidade | 102
A liberdade de não ter medo - Prof. René Ariel Dotti | 68 Demétrio Magnoli: “Há futuro? Cenários políticos na hora da Lava Jato” | 72
Vampirilda – uma escola de horrores e Vai e Vem do Bem | 102 Grutun! Highlights Opera | 103 La Bohème | 103
Entre o colunista e o filósofo, encontramos Luiz Felipe Pondé | 78 5
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Apostando no afeto não tem erro
RESUMO: Andréa Pachá é juíza titular da 4ª Vara de Órfãos e Sucessões do Rio de Janeiro, formada em Direito pela UERJ nos anos 80. Seu talento para comunicar e compartilhar suas experiências foi demonstrado em crônicas publicadas em dois livros de grande sucesso editorial (A Vida não é Justa, Agir, 2012 e Segredo de Justiça, Agir, 2014) e em sua bem sucedida aventura como roteirista e produtora de cinema e teatro e como Diretora de Comunicação da Associação dos Magistrados do Rio de Janeiro. Na magistratura, sua profissão e paixão, Andréa trabalha há 17 anos e já participou de mais de 20 mil audiências. AUTORA: Roseli Rocha dos Santos – Professora aposentada da Universidade Federal do Paraná.
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Na palestra proferida com grande brilho e simpatia no UniBrasil, em 12 de agosto, Andréa Pachá, que foi conselheira do Conselho Nacional de Justiça de 2007 a 2009, vice-presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, responsável pelo Cadastro Nacional de Adoção e pela implantação das Varas de Violência contra a Mulher no Brasil que, entre outras muitas realizações criou ainda a Comissão de Conciliação e Acesso à Justiça e participou das campanhas de eleições limpas e de simplificação da linguagem jurídica, encantou a plateia ao narrar sua experiência na Vara de Família do Rio de Janeiro evidenciando sua atenta e ponderada análise da família brasileira imersa na busca individual da felicidade a qualquer custo. As experiências vividas na Vara de Família comprovam as transformações familiares, sendo cada caso, no entanto, ao mesmo tempo único e emblemático. Com grande habilidade, Andréa Pachá relacionou exemplos de situações vividas com o panorama de mudanças e tendências sociais, colocando-se como ela mesma disse: “como a juíza que observa a vida a partir da sala de audiências”. A angústia do juiz nessa era de incertezas e de mudanças em que vivemos foi retratada, de forma simpática e incisiva, na palestra. No século passado, apesar de o mundo ter sido sempre violento e arbitrário, a família, ainda que patriarcal e autoritária, proporcionava uma sensação de segurança. Mas a era das certezas, das grandes convicções, dos grandes blocos políticos e econômicos acabou. Estamos hoje no olho do furacão, em plena era da demolição das ideologias e da transformação da família, em que as referências que tínhamos da autoridade e da representação política ruíram. Nesse mundo, nada é permanente, exceto a mudança. Vivemos em plena era dos direitos, na qual a busca da felicidade é uma imposição social.
A transformação das famílias teria muito a ver, segundo Andréa, com o enfraquecimento do papel do cidadão, que não teria mais nem o protagonismo nem muita importância na grande política. Suas lutas passaram a se concentrar na revolução cotidiana e na busca da felicidade individual. Assistimos aos movimentos políticos que reivindicam o direito ao afeto e ao pertencimento. Novas configurações familiares aparecem como objeto de revindicações, como a luta pelo casamento homoafetivo em vários lugares do planeta. Também aqui no Brasil o direito à felicidade privada apareceu nos movimentos sociais de 2013, como se fossem direitos políticos e obrigação do Estado. Nesses movimentos que aparentemente não tinham muita direção, a necessidade de aceitação desses direitos e das novas formas de ser feliz ficou evidente.
A própria justiça se transformou, acompanhando o contexto. A constituição brasileira de 1988 passou a reconhecer os filhos fora do casamento como legítimos e a companheira passou a ter direito aos bens obtidos em conjunto. Hoje a jurisprudência tende a reconhecer os laços familiares baseados no afeto e não na consanguinidade ou no vínculo do casamento. A própria atuação de Andréa na Vara de Família do Rio de Janeiro caminhou nesse sentido, como se pôde observar por seus relatos na palestra e pela leitura de seus dois livros. Nem sempre a justiça sabe por onde escolher, tantas são as situações, as razões pessoais, a história de cada um, os argumentos legais e a própria jurisprudência, mas o que deve prevalecer, além da divisão do patrimônio e da segurança material, é a afetividade. Justamente no lugar da frieza e neutralidade do tribunal, 9
não apenas o patrimônio é dividido, mas aí é que se consolida o fim do amor, a separação dos casais, define-se a guarda dos filhos, “se empacota a vida”, como disse Andréa. Se a busca por direitos reconfigura a família e a sociedade, ela também tem levado a uma busca sem limites pela felicidade individual. As lutas por sociedades mais justas, pelo fim das ditaduras foram deslocados por necessidades que possam demonstrar a felicidade, como o acúmulo de bens, as viagens e o culto à beleza. Vivemos num mundo onde a felicidade é obrigatória, numa intimação à euforia, como disse Bruckner (A Euforia Perpétua, Difel, 2002), citado por Andréa. Essa condição é exacerbada pela velocidade do mundo virtual, onde o espetáculo da felicidade alheia torna infelizes os que não aderiram à essa exibição. As famílias felizes parecem ser sempre as famílias dos outros. A Vara de Família é o lugar onde as grandes infelicidades individuais aparecem, mas também é onde o modelo de família patriarcal, baseada na autoridade vertical, revela sua decadência. Uma concepção de felicidade baseada na ética e na dignidade humana é a condição para definir o modelo de família adequado aos novos tempos. As novas configurações que contemplam o direito dos homossexuais casarem e adotarem filhos e dão aos filhos tanto consanguíneos como adotados os mesmos direitos tem construído famílias mais felizes. É no ambiente familiar, em que o afeto prevalece, que as divergências são respeitadas ou toleradas e se pode conviver com elas. Foi justamente nas novas famílias que se produziram as redes mais importantes de direitos na atualidade, porque a ética do modelo é o da ética da humanidade, e não o da sociedade.”
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Observando essas mudanças, Andréa refletiu também sobre as consequências dessa conscientização de novos direitos. A judicialização excessiva da sociedade é decorrente dessa busca, como se houvesse hoje uma delegação das responsabilidades pessoais. Tendemos para a terceirização dos conflitos, em que se busca atribuir à justiça a solução de conflitos que poderiam muito bem ser resolvidos no âmbito da família ou com a ajuda de amigos, substituindo uma mediação social por uma mediação judicial. O compromisso com o afeto e com os limites do processo civilizatório, daqueles que já compreenderam e vivenciam as novas famílias deve ser repassado aos jovens, que devem entender que a vida nem sempre é agradável e quase nunca é justa. “Trazer o afeto para o centro do debate, reunir saberes que não deveriam ser fragmentados e construir redes de ética e de cuidados construirão famílias mais felizes e sociedades melhores”, segundo Andréa. A afirmação do afeto é transformadora, revolucionária: apostando no afeto não tem erro!”. Nas disputas judiciais, ainda que esse sentimento seja complexo de ser tratado e pareça menor, a sensibilidade da justiça deve procurar encaminhar a solução dos impasses na sua direção. Ao final de sua palestra, Andréa quis exemplificar como a combinação do fim das certezas e das mudanças da família, com a busca desenfreada pelo prazer individual leva à liberdade no amor, ao pretenso direito de ser feliz e ao egoísmo em relação ao fardo da vida a dois. Isso pode acontecer pela doença da companheira, pela criação dos filhos ou pelo envelhecimento. Muitas vezes os casais se comportam como eternos adolescentes, em que a generosidade é muito rara. A partir da sala de audiência, a juíza
vivenciou a rotina das separações, a oficialização do fim do amor, nas suas mais variadas formas e razões, algumas tristes, outras engraçadas, outras ainda surpreendentes. Muitas vezes, o tribunal é a última esperança de recuperar o amor, mas na maioria é onde realmente o seu final se sacramenta. As duas histórias contadas por Andréa mostram o modelo de felicidade como satisfação e o modelo de um projeto de cuidado e de esperança. Na primeira situação, o casal muito jovem que foi ao tribunal para se separar por causa dos gastos no cartão de crédito. Depois de uma festa de casamento cheio de necessidades fabricadas e de lua de mel caríssima, ambos custeados pelos pais, o casal percebeu que a vida não era só prazeres e felicidade obrigatória e infinita. E o divórcio foi a solução inevitável, numa audiência marcada pelo comportamento infantil e arrogante dos jovens, com um acordo em que as dívidas seriam pagas pelos pais. Outra história emblemática foi a do casal, ele professor universitário, ela pesquisadora, que haviam se conhecido no movimento estudantil e que depois de quase trinta anos de união, se separam porque o marido, que já havia traído e sido perdoado, não suportou o câncer de sua mulher, e sem vontade de acompanhar o tratamento, pediu o divórcio. O silêncio constrangedor do final sacramentado, sem questionamentos, no tribunal foi quebrado pela mãe da mulher que fez o acerto de contas falando do abandono da mulher pelo marido no
pior momento da vida e recebendo a filha de volta para uma nova vida. A palestra da juíza Andréa Pachá foi inovadora, sensata e muito envolvente para todos os participantes. Para os estudantes de Direito, apresentou uma outra visão do papel do juiz, o que procura compreender a motivação que levou os litigiosos ao tribunal. Foi um interessante material sociológico, as constantes dos relatos, como o homem mais velho que abandona a mulher em busca da juventude numa companheira mais nova, ou dos jovens que não querem crescer, e que ao casar descobrem que a vida não é tão fácil e irresponsável como a que viviam na casa dos pais, ou ainda que os filhos não se criam sozinhos. Certamente contaremos com a presença de Andréa Pachá em ocasiões futuras e acompanharemos sua trajetória. O talento e a sensibilidade da juíza são reconhecidos por seus pares e pelos estudantes de Direito. Seguidamente ela é convidada para palestras e debates, até mesmo em programas de televisão de grande audiência. Sua capacidade de narrar e de comunicar já produziu dois livros de grande sucesso editorial e deverá ser desenvolvida numa produção da Ancine sobre o envelhecimento da população brasileira, chamada o Tribunal do Tempo. A parceria com o jornalista Paulo Markun irá produzir uma série de 13 episódios sobre o envelhecimento da população brasileira e a sua convivência com as gerações mais jovens.
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Concebido com dois objetivos: o geral, convidar pessoas vitoriosas na vida pessoal e profissional para ministrar palestras relatando suas carreiras e trajetórias; o especifico, acrescentar motivação dos alunos aos estudos, mediante conhecimento dos exemplos positivos desses palestrantes.
MAL-ESTAR, SOFRIMENTO E SINTOMA NA CONTEMPORANEIDADE RESUMO: Christian Dunker, durante a palestra Por uma Psicopatologia Crítica, efetuou questionamentos sobre os modos de diagnóstico em saúde mental e argumentou que, por detrás dos sintomas, existe um sujeito singular, em sofrimento, necessitando encontrar maneiras de simbolizá-lo. Christian declara que a história brasileira seguiu o caminho de despolitizar o sofrimento, medicalizar o mal-estar e condominializar o sintoma. Sugere, portanto, a compreensão do sofrimento psíquico na interface com a experiência social. AUTORES: Dulce Mara Gaio – Professora do UniBrasil Centro Universitário Graciela Sanjutá Soares Faria – Professora e Coordenadora do curso de Psicologia do UniBrasil Centro Universitário
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Christian Ingo Lenz Dunker esteve no Unibrasil, no dia 12/8, como parte do Projeto Academia Unibrasil, e a convite do curso de Psicologia. O pesquisador é psicanalista e professor titular do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e coordena, ao lado de Vladimir Safatle e Nelson da Silva Jr., o Laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise da USP. Ficou muito marcada na sua passagem pela instituição a disponibilidade para o outro, o bom humor e a simplicidade com a qual consegue tratar temas tão abstratos e complexos, conforme relato dos próprios estudantes de Psicologia. Foi fácil observar o seu coração e raiz epistemológica fora do condomínio, conforme a metáfora criada por ele mesmo, concretizados no fato de conseguir congregar para escutá-lo pessoas de diversas Escolas da Psicanálise. Em sua palestra, Por uma Psicopatologia Crítica, Christian Dunker usou a metáfora da Vida em Condomínio, desenvolvida para o seu novo livro Mal-estar, Sofrimento e Sintoma: uma psicopatologia do Brasil entre muros, para retratar as relações sociais contemporâneas em suas nuances de insegurança, dificuldade de estar com o outro e solidão, assim como os significados que podem adquirir para o sujeito em termos de mal-estar, sofrimento e sintomas. O autor instiga a questionamentos sobre os modelos tradicionais para diagnósticos em Saúde Mental pautados no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) ou na Classificação Internacional de Doenças (CID), uma vez que, numa época pautada por uma racionalidade diagnóstica, essa psicopatologia pretende atender ao ideal de responder a tudo que não se adequa e onde toda forma de loucura deverá estar prescrita.
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“Apenas 5% da população ficaria fora do DSM V... e estes seriam meio chatos”, adverte zombeteiramente. É necessário renovar o entendimento do patológico e do diagnóstico, e assim Christian Dunker propõe a passagem de uma perspectiva de diagnóstico para a de diagnóstica, ou seja, “tomar o diagnóstico não apenas como o ato de nomeação clínica de uma condição de adoecimento, mas como uma diagnóstica reconstrução de uma forma de vida e como resposta ética ao mal estar”. Ele destaca que o sofrimento, além de necessário para que possamos nos desenvolver como pessoa, pode ser melhor compreendido a partir da reconstrução de seu vínculo com a experiência social, e que vai muito além do expresso na descrição das categorias de sintomas nas classificações diagnósticas ou, dito de outro modo e de forma mais certeira, diversos conflitos e sofrimentos são vividos justamente em razão dos enquadramentos e classificações sociais. Para apresentar a experiência brasileira com a conversão do mal-estar (“que resiste à vagueza de sua nomeação”) ao sofrimento (que “se partilha e é função direta dos atos de reconhecimento que o determinam como tal”), Christian Dunker se vale da metáfora da Vida em Condomínio porque, determinado pela narrativa, o sofrimento terá que se avir com sistemas discursivos nos quais se inclui ou dos quais se exclui. Os muros dos condomínios, fronteiras entre o dentro e o fora, o bom e o mau, entre nós e eles, retratam bem e resultam, eles também, dessas operações discursivas. Ele comenta que em um primeiro momento, ao entrar em um condomínio residencial de alto padrão, como o Alphaville, aparecem 18
sentimentos apaziguadores de segurança e ordem. Nele o espaço é homogêneo, as casas sem cerca, a lei está presente, representada pelo síndico, bem como a polícia, por meio dos seguranças. O condomínio retrata um sonho comum de consumo, ideal de felicidade, e supostamente é um lugar possível para uma convivência livre em comunidade somente com os iguais. Apesar da grande área coletiva de convivência nos condomínios, as áreas de espaço comum de fato utilizadas são as do playground, onde as babás circulam com as crianças. Estão estabelecidos lugares distintos para circulação e convivência de serviçais e moradores. Além disso, para o morador ter acesso aos serviços, é preciso sair dos muros do condomínio e, assim, algo escapa ao esperado. Essa forma de vida inventada é retratada reiteradamente, como: “de mau gosto, investida de artificialidade, superficialidade e esvaziamento”. O autor comenta sobre o surgimento dos crimes no condomínio em situações de infração de trânsito, uso de drogas e conflitos com vizinhos, e uma compulsão legislativa na gestão, o que restringe muito a liberdade dos sujeitos. O escritor chega a comparar a Vida em Condomínio com a vida nos grandes hospitais psiquiátricos com a marca da “pobreza, os sinais aparentes de loucura e um modo de vida perdido”. Sua proposição é de que a Vida em Condomínio “centraliza e caracteriza uma unidade contemporânea de inserção do nosso mal estar no capitalismo à brasileira.” Nela aparece o aprisionamento entre muros, o síndico como gestor, o reconhecimento do sofrimento e a experiência de determinação e de indeterminação que cerca o mal-estar. Christian
Dunker discute a Lógica do Condomínio, como o reducionismo dos problemas de saúde a apenas problemas de gestão e como um sintoma da modernidade brasileira, cujo impacto é repetir “de maneira atualizada o impasse entre a apreensão falsamente universal de um particular e uma apreensão falsamente particular de um universal”. Ao retratar a Psicopatologia do Social, o pesquisador apresenta exemplos de particularidades culturais na vivência da patologia mental, a destacar a Koro, entre a população do sudeste Asiático, que se caracteriza pela forte sensação de que o genital masculino está se retraindo para dentro do corpo. Esses transtornos culturais particulares, contudo, são cada vez menos observados. Christian Dunker menciona que as narrativas de queixa e os discursos de sofrimento estão ficando cada vez mais parecidos entre si. “Os diagnósticos se trivializam em escala de massa e se distribuem por atacado, do popular ao erudito: depressão, estresse, baixa autoestima, ansiedade, falta de limite”. Os sujeitos têm sido ensinados sobre como amar e até sobre como sofrer. Ele complementa que “o encurtamento ou a condensação das formas de linguagem que a pós-modernidade reserva ao sofrimento parece ter redundado também em redução da extensão e em mutação na qualidade da queixa, sob a qual opera o diagnóstico”. Nesse sentido, comenta sobre as novas patologias que partem do “déficit narrativo, na incapacidade de contar história de um sofrimento e na redução do mal-estar à dor sensorial”.
E muito mais ouvimos de Christian Dunker. Inclusive sobre os muros invisíveis, tais como os dos shoppings centers, nos quais as desigualdades sociais operam do mesmo modo. Entretanto, Freud, no magistral Totem e Tabu, que narra a origem da civilização, revela a exogamia como sua condição necessária, pois é, no regime de trocas, que se consolidam as leis, a Lei, e onde “vou descobrindo quem sou a partir do que o outro me diz”. Assim, a Psicanálise que não é afeita a fazer propostas de modos de vida, mas a retirar os excessos “deveria ser”, pode, aos moldes dos araweté, se dispor ao encontro com o outro no que comporta de indefinição identitária e uma indeterminação que é experiência e não conjectura. Christian Dunker alertou que é imprescindível uma mudança no paradigma do sofrimento e que a diagnóstica exige direção ética de manter as perguntas ativas e a abertura da clareira onde o outro possa responder ao apelo da narrativa. Ele encantou docentes e estudantes com a óbvia novidade de que o sofrimento muda conforme o outro o reconhece ou não. Mais ainda se aprende com os araweté que por dias prestam atenção à onça capturada para saberem de si. Assim, é tempo, por exemplo, de revisitar os CAPS: Centro de Atenção Psicossocial que, diferentemente dos manicômios, aboliram os muros físicos e buscam, no dispensar atenção ao outro e no reconhecer e devidamente considerar a interface psicossocial, abolir também os muros invisíveis de nossos condomínios.
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A CIDADE E A CORRUPÇÃO: Sonho e Distopia RESUMO: Corrupção vem do latim “corruptus” que significa “ato de quebrar aos pedaços”, ou seja, obter vantagens em relação aos outros, rompendo regras, e a própria ética. Nos dias atuais vemos a corrupção assolando o país e deixando a sociedade desacreditada, em todos os setores políticos e econômicos. Há maior facilidade de enxergála através de uma imprensa livre e mais eficiente, mas este processo vem de uma época muitas vezes esquecida, a ditadura militar; durante 20 anos isso foi perpetuado no país com construções ”faraônicas” que nunca chegaram ao fim, como a Rodovia Transamazônica.
AUTORES: Clayton Van Haandel - Aluno do Curso de Administração do UniBrasil Centro Universitário, turma: 2ADAN. José Bruno Brigido - Aluno do Curso de Administração do UniBrasil Centro Universitário turma: 6ADAN. Karine Ferreira Siqueira - Aluna do Curso de Administração do UniBrasil Centro Universitário, turma: 7ADAN. Leandro Ribeiro de Oliveira Aluno do Curso de Administração do UniBrasil Centro Universitário turma: 2ADBN.
O Brasil está passando por transformações sociais e culturais que jamais foram vistas antes na história da nação. Podemos considerar a queda da ditadura militar e a ascensão da democracia como fatores básicos para que isso esteja ocorrendo. Isso porque depois de um longo período de hiperinflação e estagnação da economia, juntamente com a desigualdade acentuada na distribuição de renda, esse ciclo chegou ao seu fim após vários fracassados planos econômicos e períodos turbulentos na política nacional, com a implantação do Plano Real em 1994. Tais condições econômicas favoráveis trazidas com a estabilidade da moeda nacional, crescimento econômico contínuo durante 20 anos, e diminuição das desigualdades sociais, permitiram ao Brasil avanços sociais respeitáveis e reconhecidos por organizações mundiais. Programas de inclusão social e distribuição de renda, como por exemplo, Prouni e Bolsa Família, melhoram significativamente a vida de grande parte da população brasileira. Apesar disso, o que também vemos hoje no contexto nacional é: estagnação econômica, corrupção desenfreada, crise de representatividade, partidos políticos diversos cooptados por propinas e cargos, inflação, desemprego, falta de segurança, saúde pública aos frangalhos e educação ineficiente. O que a Operação Lava-Jato vem investigando e revelando sobre este mundo pobre e promiscuo da política brasileira, revela à população que hoje se sente extremamente enganada e desiludida, que vivemos uma “falsa República”.
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A corrupção acontece quando se retira de um montante, ou se manipula para benefício próprio, e esse problema já vem de tempos no País, de uma cultura de colonização que já roubava quieto dos nativos, e chegamos a um sistema que outros fatores também influenciam. Tudo se explica pelo motivo de vivermos em uma mentira imposta pelos donos da comunicação. Todos já somos desde pequenos condicionados a sermos melhores que nossos amigos, irmãos, vizinhos e temos que ganhar de todo mundo para um dia sermos o melhor na profissão, termos o carro mais bonito, a roupa mais cara e outros exemplos, passando por cima de tudo e de todos em uma competitividade desgastante. Não que isso seja o motivo da corrupção, mas é uma das causas, pois se todos são estimulados desde cedo para vencer e ser melhor a qualquer custo, juntamente com uma cultura colonizadora, daí vem a explicação do povo brasileiro dar o seu jeitinho, furar uma fila, um tentando ser mais esperto que o outro, gerando a chamada corrupção diária. Os políticos são o reflexo da sociedade que os elege, e partilham seus valores de certo modo, cresceram nesse ambiente e, assim como seus eleitores, querem sucesso, às vezes a qualquer custo; como têm muitas possibilidades de transgredir a lei impunemente, muitos cedem à corrupção. Temos no caso que mudar nossos comportamentos, fugir daquilo que nos condicionaria a ser meramente consumidores e buscadores de status, sair do comodismo e focar no que realmente importa e naquilo que 22
pode ser aceito como valores, não levar tudo que assistimos como verdade, e analisar como está funcionando realmente o país, pesquisar sobre nossos candidatos a governos, e principalmente não aceitar tudo de qualquer maneira e achar que está tudo bem. A corrupção sempre existiu no sistema capitalista e no Brasil. Contudo, a era petista no poder desde 2003, tratou de institucionalizar a corrupção como modelo de governo, dando a impressão de que se não for por meio desta, não há outra forma de manter uma base de apoio político. O que ocorreu foi a montagem de um grande balcão de negócios, para pagar propinas a políticos em troca de apoio ao governo federal. E pasme querido leitor: tudo isso ocorreu à custa da população que paga seus impostos e não tem retorno em serviços públicos de qualidade. A nomeação de afiliados políticos e divisão de diretorias das empresas estatais a partidos políticos permitiu um verdadeiro saque e assalto aos cofres públicos, através de empresas nacionais que eram até motivo de orgulho nacional. Financiar campanhas políticas através de propina e abuso de poder econômico, por meio de corrupção, roubo, lavagem de dinheiro são crimes, e os responsáveis tem que pagar por isso. É o momento da população realmente protestar, mostrar sua indignação, não se conformar e aceitar para sempre que bandidos e corruptos do colarinho branco usem o patrimônio público para benefícios pessoais. Como um expresidente diz: “Nunca antes na história desse país”, nunca antes na história desse país houve tanta corrupção. Viva a Operação Lava-Jato.
Nos dias atuais a humanidade já não pensa muito para se corromper ou tirar vantagem de alguma situação. Quando o cidadão tem poder e dinheiro nas mãos, pode vir a agir somente pela emoção, deixando de lado a razão e em algumas ocasiões até a ética e a moral são “esquecidas”. Em muitas ações cotidianas as pessoas mentem, enganam ou buscam sempre resolver seu lado pessoal, não analisando o coletivo. Estando bom para si, os outros não têm tanta importância. Autoridades e políticos estão buscando resolver essa situação, principalmente em grandes cidades, porém em alguns casos as pessoas que fazem parte destas corporações agem de forma imoral, dificultando o combate à corrupção. É preciso que, não só aqueles que têm cargos de destaque na sociedade, mas a população toda esteja engajada para evitar que o caos e a desordem tomem conta do mundo em que vivemos. Este combate deve ser diário e comprometido para que não se perca a essência do que se busca. A conscientização deve começar em casa, com as crianças aprendendo princípios e valores éticos que respeitem todos de maneira igualitária e humana. O sonho de um mundo melhor pode estar distante, porém pode ser alcançado se todos fizerem sua parte, em nome do be m com um.
Na palestra “A Cidade e a Corrupção”, o Deputado Ney Leprevost, autor de várias leis contra a corrupção, como a Lei da Ficha Limpa no Paraná e a Lei da Transparência, definiu bem o quanto esse dinheiro desviado faz falta para a sociedade na educação, na segurança, na saúde, afirmando que todos temos o dever de respeitar o dinheiro público. Respeito esse defendido por pessoas como o Dr. Carlos Fernando dos Santos Lima, membro da força tarefa do Ministério Público Federal na operação Lava Jato, que investiga desde 17 de março de 2014, um dos maiores sistemas de corrupção da história no Brasil. O Dr. Carlos e sua equipe combatem esses atos ilícitos que têm destruído por décadas o país, e muitas vezes são aceitos como parte da nossa cultura. Cultura essa que pode e deve ser mudada com ações responsáveis dos cidadãos brasileiros. Em pesquisa, o coordenador do curso de Administração, professor Claudio Marlus Skora constatou que quase a metade dos universitários pratica atos simples de corrupção cotidiana, e não veem nisso nada de muito errado. E, infelizmente, isso ocorre de modo geral na sociedade, distorcendo assim o verdadeiro conceito de vantagem (distopia). Claro que tanto o professor como nós temos a esperança de mudar essa situação. Quando nós cidadãos nos dermos conta que juntos temos maior poder que a caneta de um corrupto, mudaremos esse país; e isso só depende de nós. Essa limpeza se faz necessária, a operação Lava Jato vem ganhando força para chegar ao comando da corrupção que só traz atrasos para o país.
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COMEMORAÇÃO DOS 15 ANOS
O UniBrasil Centro Universitário celebrou, no dia 22 de abril, os 15 anos da Instituição com uma solenidade que contou com a presença da comunidade acadêmica e de convidados que fizeram parte de sua história e criação. Na oportunidade, foi realizada a entrega de título de professor emérito ao professor Sergio Ferraz de Lima. Sobre o projeto das então Faculdades Integradas do Brasil, o presidente do Complexo de Ensino Superior do Brasil, professor Clèmerson Merlin Clève, destacou os pontos motivadores: “Nós queríamos colocar as bases de um projeto acadêmico que seria depois construído por todos os integrantes dessa comunidade. Um projeto capaz de contribuir para a transformação do Brasil numa sociedade verdadeiramente civilizada, mais justa e mais igualitária que pudesse, de alguma maneira, realizar o valor mais importante da nossa ordem condicional, que é o valor da dignidade da pessoa humana”, explicou. Sobre a construção do campus, Clève esclareceu o desejo de campus horizontal. “Quando todos imaginavam que o futuro seria construir campi verticais no centro da cidade, nós queríamos um ambiente diferente, numa região mais periférica que pudesse sentir o pulsar da melhoria em função da fundação de uma instituição de ensino superior e, desta forma, 24
ter uma instituição que pudesse fazer verdadeiramente a diferença. E não foi por acaso que nós viemos para esse lugar. Qualquer análise econômica mais racional indicaria que esse não seria o local adequado para nós. Mas era exatamente aqui que nós queríamos inserir essa instituição, numa comunidade mais ampla, e formar quadros capazes de fazer a diferença. A ideia do campus horizontal era justamente para que as pessoas pudessem caminhar e estudar embaixo das árvores, sentir o calor do sol. E conseguimos. Portanto, acredito que esse projeto foi também vitorioso”, relembrou. Essa instituição é fundada por professores e, é também, gerida por docentes e agentes comprometidos com o ensino e suportada por seus próprios recursos. Somos uma Instituição privada, gerida privadamente, mas com compromissos públicos evidentes. Somos hoje um Centro Universitário, mercê do trabalho, da dedicação de todos os professores, gestores e diretores. Caminhamos para nos transformarmos em uma Universidade. Nós temos uma vocação acadêmica, somos uma Universidade adolescente mas que quer se transformar em uma Instituição adulta”, salientou.
Em uma noite tão especial, em que celebra 15 anos, o UniBrasil não poderia deixar de homenagear profissionais que foram determinantes com as causas da Instituição e elevaram seu nome dentro de todo o território brasileiro. Profissionais que tiveram o compromisso na formação de pessoas, preparando-as para assumir a plenitude da condição humana pela geração e experimentação de saberes, ideias e valores, comprometidos com a realidade brasileira.
Publicidade e Propaganda, Bruno Raff, recebeu uma câmara Canon T5.
O professor da Escola de Negócios, Wander José de Souza, conta que foi um dos primeiros professores do UniBrasil e fala da importância em participar desse momento, com emoção. “A Instituição pra mim é aquela filha que está completando 15 anos e está começando a debutar. É o que há de melhor pra mim. Quero ficar mais tempo, fazer história. Sou suspeito em falar, vi o UniBrasil nascer e crescer. Trabalhei em muitos projetos. Que venham muitos anos mais”, comemora.
O primeiro lugar na categoria vídeo foi conquistado pela acadêmica de Biomedicina, Jenifer Kogim Primon, que recebeu uma GoPro Hero3. Segundo ela o vídeo foi feito para eternizar os bons momentos que ela, assim como todos os estudantes, vive durante a graduação. “São inúmeras felicidades durante todos os anos de curso, e terá um momento que isso chegará ao fim, o vídeo veio para registrar essas boas lembranças. Eu tive o retorno de alguns egressos dizendo que ao assistirem meu vídeo sentiram saudade, e é exatamente essa a ideia: registrar um pouco da nossa rotina e eternizar essas boas lembranças”, conta.
Em continuidade às comemorações, a Instituição realizou com a comunidade acadêmica um concurso de foto e vídeo. Intitulado “Qual o seu olhar?”, o concurso passou pela avaliação de um júri popular, que selecionou dez vídeos e dez fotos. Após esta seleção, um júri técnico avaliou o melhor trabalho de cada categoria. Como primeiro lugar na categoria foto, o estudante de
Segundo Bruno, a inspiração para registrar a foto foi a importância de se propagar o conhecimento. “O titulo que coloquei na foto foi ´o conhecimento une´, e eu acho exatamente isso, pois desta forma você consegue unir as pessoas e compartilhar a sabedoria de cada um, isso é fundamental para nossa vida”.
Na ocasião, aconteceu também o lançamento do livro “UniBrasil: aos 15 anos”, uma obra sobre a história da Instituição. Finalizando a solenidade, um coquetel ao som do Quarteto de Cordas da EMBAP. 25
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MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI PROFERE AULA MAGNA DO CURSO DE DIREITO Na manhã do dia 31 de julho, o UniBrasil Centro Universitário recebeu o Ministro e Presidente do Supremo Tribunal Federal (STJ) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Ricardo Lewandowski. O convidado proferiu a Aula Magna do curso de Direito com o tema: “O Conselho Nacional de Justiça e seu papel de transformação do Poder Judiciário”. Na ocasião, o ministro Lewandowski recebeu do presidente do Complexo de Ensino Superior do Brasil, professor Clèmerson Merlin Clève, a Comenda UniBrasil dos Direitos Humanos, honraria que a Instituição concede “a personalidades que pratiquem importantes gestos de solidariedade humana, atos de bravura, generosidade e heroísmo”.
Esta homenagem foi prestada em reconhecimento ao grande saber jurídico do ministro, à sua brilhante carreira acadêmica e destacada atuação à frente do STF e CNJ. O UniBrasil orgulha-se de somar seu reconhecimento ao ministro Lewandowski pela implantação dos projetos Cidadania nos Presídios e Audiência de Custódia ao de inúmeras instituições que já o fizeram, como Associação dos Magistrados Brasileiros, Associação dos Juízes Federais do Brasil, Human Rights Watch e muitas outras. Durante fala em homenagem ao ministro, o coordenador do curso de Direito do UniBrasil, professor Marco Antonio Lima Berberi, destacou que a presença de Lewandowski na Instituição
Presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, Paulo Roberto Vasconcelos; presidente do Complexo de Ensino Superior do Brasil, professor Clèmerson Merlin Clève; reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Zaki Akel Sobrinho; Ministro e Presidente do Supremo Tribunal Federal (STJ) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Ricardo Lewandowski e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luis Edson Fachin; 28
é motivo de satisfação. “Seu desempenho nas funções de ministro do STF é motivo de orgulho para nós brasileiros. Sua inteligência, serenidade e sabedoria, dentre tantos outros predicados que moldam a sua personalidade, nos dão a tranquilidade da travessia presente de ver com esperança o futuro do nosso país.”
Houve, ainda, descerramento de placa como registro da Aula Magna proferida pelo convidado, assim como a entrega do certificado que reconhece as excelsas qualidades do homem público, grande saber jurídico e destaca a atuação em deseja da dignidade da pessoa humana. 29
GĂŞnero
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UNIVERSIDADE: substantivo feminino, gênero democrático. Todos os dias, quando organizamos nossa configuração corporal e escolhemos a roupa que iremos vestir para realizar nossas atividades – trabalhar, estudar, consumir, passear, namorar –, procuramos respeitar uma das regras mais fortes que pautam a vida em sociedade: a que nos identifica como pertencentes ao gênero feminino ou masculino. Por extensão, a que nos define como mulheres ou como homens. Desconsiderar esta regra é um ato de subversão. Durante muito tempo, os critérios para decidir quem teria ou não acesso a determinados direitos, à cidadania, à justiça e à liberdade foram baseados no gênero das pessoas. Ainda que hoje a desigualdade destes critérios tenha diminuído, ela permanece e provoca impactos importantes em nosso cotidiano, inclusive na universidade. Antes de explorar a questão de gênero no ambiente universitário, vale fazer algumas distinções. A primeira delas é que as ideias que temos do que é ser “mulher” ou “homem” são fruto de construções culturais, ou seja, produtos humanos. A genitália e os cromossomos que apresentamos ao nascer nos classificam simplesmente: “fêmeas”, ou “machos”, ou como híbridos sexualmente; exatamente como no mundo animal. A partir da convivência com outros seres sociais somos expostos a pessoas categorizadas como “mulheres” e pessoas categorizadas como “homens” e nos identificaremos com estas categorias. No entanto, nem sempre esta identificação acontece entre macho-homem ou fêmea-mulher. E quando não ocorre desta forma, a sociedade tende a não aceitar a pessoa na sua singularidade, recusando a ela desde o respeito básico que se deve ter pelo outro até direitos civis e cidadania. Além da identificação de gênero e do sexo biológico, outro aspecto que regula nossa 32
vida em sociedade é a orientação sexual, que direciona as escolhas dos parceiros afetivosexuais que desejamos ter. Surgem, daí, as denominações heterossexual, homossexual, bissexual. Apesar do senso comum e dos estereótipos profusamente difundidos na mídia e nos demais produtos culturais, a homossexualidade não tem a ver com a relação entre sexo biológico e identidade de gênero. E mais: tais orientações, como o próprio nome diz, não indicam comportamentos fixos. A mobilidade entre os polos deste eixo só não acontece mais pelas severas constrições sociais que nos obrigam a adotar um deles – especialmente a heterossexualidade – e a deixar bem claro a qual dos polos “pertencemos”. Para entender melhor as possíveis “relações” ou “combinações” entre estas três categorias, sugiro que se assista o filme “Elvis e Madona” (2010), brasileiro, e o francês “Une nouvelle amie” (“Uma nova amiga”, de 2014). Dou esta dica não para que se possa acrescentar mais categorias àquelas já tradicionais de “homem” e “mulher”, no intuito de oferecer outras possibilidades de classificação. A intenção é, justamente, mostrar que existem formas muito diversificadas e singulares de parecer e de se relacionar, assim como são diversificados e singulares os seres humanos. E que, portanto, nossa ânsia de “classificar” os outros é improdutiva e desnecessária. A não ser, é claro, que se viva em uma sociedade em que algumas “categorias” de pessoas têm mais direitos do que outras. As questões expostas até aqui têm sido objeto de discussão de diferentes movimentos e instituições, incluindo a universidade. Na academia, os estudos de gênero procuram dar conta de um tipo de relação social que não estava prevista quando Marx criou a categoria
“classe social” no século XIX, “trazendo à luz uma multidão de oprimidos”, como esclarece Rose Marie Muraro no texto de introdução à coletânea de artigos publicada pela FAPERJ e Relume Dumará, em 2001, sob o título “Mulher, gênero e sociedade”. Havia outro tipo de relação de poder que prejudicava tanto pessoas da classe burguesa quanto do proletariado, e ela estava baseada no gênero dos indivíduos.
saúde, do direito, da comunicação, da economia e em muitas outras, com consequências diretas para o estabelecimento de leis, políticas públicas, educação e tudo mais. O mesmo acontece com outros grupos sociais “subalternos”, que por não terem tanto acesso ou representatividade nestas instituições, têm desconsiderada a sua perspectiva teórica, científica e política acerca das coisas do mundo.
De lá para cá, o gênero enquanto direcionamento teórico tem ocupado cada vez mais espaço no ambiente universitário, ainda que se veja um caráter específico neste aporte, e não geral. Com base neste pensamento, tais estudos interessariam apenas aqueles que são afetados pela desigualdade das relações de poder baseadas no gênero, como mulheres, homo e bissexuais, pessoas trans. Um grande equívoco, pois o termo relação indica justamente a reciprocidade entre os elementos que se colocam em interação. Se o gênero é uma das categorias que organizam as práticas de vida e de produção de sentido dos seres sociais, ela deveria permear todas as reflexões sobre a sociedade – ao menos enquanto os polos desta categoria forem valorados de maneiras diferentes, resultando em diversas situações de desigualdade.
No ambiente universitário, hoje as mulheres são maioria entre os estudantes. Ainda assim, ganham menos que os homens na mesma função quando vão para o mercado de trabalho. Nos “trotes”, são objeto de brincadeiras e agressões sexuais. A discriminação, para não falar da violência, afeta também pessoas LGBTs. A questão do gênero na universidade, portanto, deve pautar também a promoção de um ambiente democrático e de respeito a toda sua comunidade.
Um bom exemplo sobre a relevância de se considerar a transversalidade do gênero no campo do conhecimento é, justamente, o direcionamento das produções realizadas neste campo. Se lembrarmos que alguma representatividade feminina na universidade e nas artes é recente – coisa de 100 anos ou menos –, teremos uma ideia de como faltou (e ainda falta) esta perspectiva na maneira de se fazer ciência e de se pensar sobre os problemas do mundo. Esta ausência impacta o direcionamento de pesquisas nas áreas da
A boa notícia é que tais esforços vêm transparecendo em recentes manifestações da cultura e do discurso universitário brasileiros: nos grupos de pesquisa; nos eventos e publicações abordando o tema, a exemplo desta seção da Revista Expressão; nas campanhas de conscientização promovidas por docentes e discentes; na organização de coletivos; na inclusão do tema gênero nas atividades de classe e extraclasse. Neste sentido, a universidade que se constitui nesta relação com o “gênero” é uma instituição mais alinhada aos seus princípios de formação, de promoção e difusão do conhecimento, de centro de inovação, de compromisso social e comunitário. Se o gênero transita por todos os espaços do ambiente universitário, o respeito à diversidade de sua manifestação deve ser, também, democrático: do “trote” à formatura, da cantina ao auditório, do pátio à reitoria.
AUTORA: Adriana Tulio Baggio - Professora dos cursos de Comunicação Social do Centro Universitário Internacional Uninter e da Universidade Federal do Paraná, pesquisadora do Centro de Pesquisas Sociossemióticas da PUC-SP.
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Mulheres Paranaenses 2015 O Projeto Mulheres Paranaenses é realizado pelo UniBrasil em março, mês no qual se comemora o Dia Internacional da Mulher. Em 2015 a celebração ocorreu no dia 18, sendo homenageadas mulheres que, com sua atuação e competência, se destacaram no cenário estadual e contribuíram decisivamente para o desenvolvimento científico, cultural, artístico e empresarial do Paraná. O Projeto tem entre seus objetivos registrar e reconhecer exemplos de vida e de trabalho e a extraordinária importância da presença feminina para o estado. A mulher sempre foi um alicerce social muito importante e tem assumido, em expressivo número, o papel de chefe de família. A maior escolaridade e os novos espaços laborais comprovam o destaque feminino nas transformações econômicas, culturais, políticas e sociais brasileiras.
O evento foi aberto pela Tenente-Coronel Márcia de Carvalho Saliba, que proferiu um discurso sobre o papel fundamental da mulher, e sua participação nas atividades do Exército Brasileiro. “É muito importante que as mulheres se reúnam e reflitam sobre as conquistas do dia a dia. E esse processo de reconhecimento das grandes figuras femininas acontece hoje graças a uma mudança de mentalidade e isso propicia mais oportunidades às mulheres. Na minha instituição, por exemplo, a entrada das mulheres foi um marco, pois o Exército é centenário e não recebia mulheres, mas posso dizer que a adaptação ocorreu com o tempo e hoje os homens sabem lidar com isso e reconhecer a importância das figuras femininas”, declarou.
Maria José Justino – Palestrante Professora, ensaísta, curadora e crítica de arte. Foi Coordenadora de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura e do Esporte e Pró-Reitora de Extensão e Cultura da UFPR. Hoje é Diretora da Escola de Música e Belas Artes do Paraná – UNESPAR. Ministrou a palestra: A presença da mulher na Arte do Paraná Cada Escola do UniBrasil faz uma indicação, considerando também a afinidade entre seu foco acadêmico e as realizações da indicada. Estas homenageadas são escolhidas dentre mulheres que não fazem parte do UniBrasil, embora possam já ter pertencido à instituição como professoras ou alunas. 34
Em 2015, foram homenageadas:
Thereza Elizabeth Paranaense 2015
Bettega
Castor
–
Mulher
Educadora familiar e empresária, uma das fundadoras do Centro de Educação João Paulo II, que atende cerca de 300 crianças carentes na Região Metropolitana de Curitiba.
Mônica Rischbieter – Comunidade Acadêmica Diretora do Centro Cultural Teatro Guaíra entre 1997 e 2000, cargo que reassumiu em 2011; Secretária de Estado da Cultura entre 2000 e 2002; Roteirista, Diretora Artística e Coprodutora em vários filmes. Foi coordenadora do Projeto “Fábrica de Brinquedos de Lixo que não é lixo”.
Simone Peruzzo – Escola de Saúde. Diretora de Enfermagem do Hospital de Clínicas e Pró-Reitora de Recursos Humanos e Assuntos Estudantis da Universidade Federal do Paraná. Presidente da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) Seção Paraná.
Suely Terezinha Taniguchi – Escola de Engenharias. Engenheira Eletricista, empresaria do setor eletroeletrônica, exerceu a função de Conselheira em várias gestões do Instituto de Engenharia do Paraná, do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná – CREA.
Terezinha Vareschi – Escola de Negócios Empreendedora da Conservação no Programa E-CONS da SPVS. Presidente da APAVE – Associação dos Protetores de Áreas Verdes de Curitiba e Região Metropolitana. Empreendedora Social na microempresa Ariumã Estação Ambiental.
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Katya Kozicki – Escola de Direito. Professora da Universidade Federal do Paraná, atuante em Direitos Humanos, principalmente em constitucionalismo e democracia, justiça de transição, filosofia do direito, filosofia política e hermenêutica jurídica. Integrou o Comitê de Avaliação da área de Direito da CAPES.
Letícia Saltori – Escola de Educação e Humanidades Professora de Educação Física formada pelo UniBrasil, é atleta profissional de Corrida de Rua, de Montanha e Corrida de Orientação da Marinha do Brasil; tem títulos nacionais e internacionais, tendo experiência em correr no deserto e na neve.
Miriam Zanini – Escola de Comunicação Designer especialista em Gestão Empresarial, é diretora e pesquisadora do DIA Design Inovação e Arte -, e sócia-diretora da Blu Design e Comunicação. É sócia-fundadora e atual Diretora Executiva da ProDesign>PR.
A comunidade interna indica homenageadas dentre professoras, alunas e funcionárias do UniBrasil. Como neste ano o tema principal do evento foi “Mulheres que iluminam a vida e o trabalho”, a comunidade indicou mulheres que, por suas qualidades, simpatia, solidariedade, alegria, iluminam a instituição. Um reconhecimento a algumas colegas que nos fazem melhores, dão vontade de sorrir, tornam o lugar de trabalho mais feliz, simplesmente sendo o que são, grandes seres humanos: A Escola de Comunicação indicou Adriane de Fátima Oliveira, Coordenadora de Atendimento, 36
no Unibrasil desde fevereiro de 2001. Adriane gosta de animais e de caminhadas, e faz disso um hobby saudável levando seus cachorros para passear. No final do ano, junta-se a um grupo de amigos para arrecadar brinquedos e roupas, tornando mais feliz o Natal de muitas crianças. A indicada da Escola de Direito foi a professora Andréa Roloff, no UniBrasil desde agosto de 2001. Andréa é muito bem humorada, querida por alunos e colegas e ótima professora. Gosta das pessoas e diz ter como hobby observar seu comportamento e atitudes (inclusive as suas).
Aprendeu pelo exemplo de sua avó materna, uma mulher pode ser forte, independente e generosa. E ela é tudo isso. A professora Renata Lima Ludovico foi indicada pela Escola de Negócios. Dedicada e preocupada com a aprendizagem da Matemática. Participou na elaboração de livros do Programa Alfabetizando com Saúde que consiste na alfabetização de adultos, usuários do SUS. Participa também do Projeto Informática Cidadã, ofertado pelo Unibrasil, e que tem como objetivo a Inclusão Digital. Os alunos indicaram Rosana Fernandes Amorim, aluna do 8º período do curso de Administração. Rosana está sempre sorrindo, segundo seus colegas e amigos. Ela mesma diz por quê: Sorrio porque amo a vida e tudo que nela está! Amo os meus filhos, amigos, e sempre desejo o melhor para todos. Gosto de ser gentil, útil, educada, atenciosa com todos. O Marketing indicou Silvana Eugênio Rosa, no UniBrasil desde março de 2005, atualmente na função de Vigia de Portaria. Silvana é alegre, gentil e atenciosa. Gosta de fazer caminhadas e praticar esportes, gosta também de leitura e de música. Seu sorriso recebe aqueles que chegam ao UniBrasil, dando a melhor referência sobre a instituição. A Escola de Saúde indicou Silvia de Jesus Souza, que trabalha na Secretaria Geral do UniBrasil desde maio de 2008. Todos os seus colegas a estimam e dizem que o dia começa melhor quando Silvia os cumprimenta. Silvia, em seu lazer, faz aulas de spinning. Gosta de cinema e de viajar. Com ajuda de amigos e colegas de trabalho, reúne roupas e brinquedos usados para doação.
A escolhida pela Inspetoria foi Terezinha A. Silva de Oliveira Martins que está no UniBrasil desde março de 2001, atualmente é Inspetora, e já ocupou outras funções. Tere, como é chamada por todos, é uma pessoa alegre, bem disposta e sempre pronta a ajudar. Boa mãe, boa avó, é defensora dos animais e tem um ótimo caráter. Como parte das atividades, foi feito o lançamento da obra “Carmela”, de autoria da soroptimista Rita Caldas. Após as homenagens, Chloris Justen, presidente da Academia Paranaense de Letras, entregou as premiações e menções honrosas às vencedoras do Concurso de Contos Dirce Doroti Merlin Clève. Para Chloris, o concurso buscou restaurar um caminho que não foi feito, de levar avante a leitura e a escrita da juventude. “Enquanto fazemos isso, estamos preparando um mundo muito melhor. Antigamente, você formava o caráter com leituras, provérbios e histórias. Hoje, tudo é tão afastado. É preciso voltar a pensar nesses valores e acho que esse seja o caminho para uma nova época no ensino da literatura”, considerou. Estiveram presentes e foram premiadas as três primeiras colocadas: Alanna Ajzental e Camargo, com o conto “Messias (ou o cão)” (3º lugar), Carol Sakura, com o conto “A batida dos dias” (2º lugar) e Suzan Cristina dos Anjos, autora do conto “Num canto de jornal” (1ª colocada). Também presentes, receberam menções honrosas: Andressa Barichello, com o conto “Conexões Possíveis” (8º lugar), Julia Raiz do Nascimento, com o conto “Dizem que os orientais” (5º lugar) e Kenya Sato, com o conto “Ninho” (4º lugar).
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O UniBrasil integrou ao Pro jeto Mulheres Paranaenses um desafio a jovens escrito em apresentar contos inédit ras, interessadas os exclusivamente em líng ua por tug ues a com tema livre. O evento denominado Concurso de Co foi ntos Dirce Doroti Merlin Clè ve, em hom enagem à professora, escrito benemérita soroptimista, ra e O concurso tem como objeti vos: valorizar a produção lite rária feminina; divulgar trabal escritoras; abrir a possibilid hos de jovens ade de novas atividades; cha ma r a ate nçã o de jovens para a elaboraçã atual de contos, que é atemp o oral.
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CONCURSO DE CONTOS DIRCE DOROTI MERLIN CLÈVE 2015 A grande homenageada do concurso, professora Dirce Doroti Merlin Clève, falou sobre a iniciativa do UniBrasil. “Foi grandiosa, uma ótima oportunidade para nossas jovens escritoras, um incentivo a essas novas figuras da literatura. Todas as histórias eram boas e os títulos vencedores mexem com nossa imaginação. Isso é valoroso. O concurso, de modo geral, foi muito elogiado”, comentou. Nesse primeiro ano, o concurso recebeu quase cem textos, de seis estados brasileiros. Textos sérios, comoventes, engraçados, criativos, críticos, jocosos, irônicos, pungentes, gozadores, pessoais, assustadores. Em muitos se destacou o domínio da boa escrita, essa filha dileta da boa leitura. Outros partiram de ideias criativas, mas seu desenvolvimento não apresentou a fluidez que se adquire com
1º lugar
a prática. Houve os que balançaram o coração dos jurados pela excelente qualidade, mas não cumpriram requisitos do concurso. A Comissão Julgadora, presidida pela professora Ivone Ceccato, e formada pelos professores Jefferson Franco, Maura Martins, Rosana Franco e Wanda Camargo, selecionou e reavaliou 29 trabalhos previamente considerados excelentes, com alta qualidade com relação aos critérios de: Criatividade; Originalidade; Concisão; Precisão; Densidade; Unidade de Efeito. Após ampla discussão e análise das respectivas listas, deliberou pelos dez vencedores. Numa prova do elevado nível dos contos recebidos, ocorreu “empate” na pontuação dos sétimo, oitavo e décimo lugares; a Comissão optou por premiá-los em duplicidade, havendo então treze concorrentes que receberam certificados.
Autora
Pseudônimo
Conto
Suzan Cristina dos Anjos
Maria Gedalva
“Num canto de jornal.”
2º lugar Caroline Aparecida dos Santos Fernandes Batista Barbosa
“A batida dos dias.”
3º lugar
Rita Lovely
“Messias (ou O Cão).”
4º lugar Kenya Sato
Kokeshi
“Ninho.”
5º lugar Julia Raiz do Nascimento
Ana C.
“Dizem que os orientais.”
6º lugar Karen Vaz Siqueira Alvares
Terê Alves
“O jogo do tempo.”
7º lugar
Elis Daiana Moura de Oliveira
Elis Moura
“Davi.”
7º lugar
Mayra Martins Guanaes
Mayra Guanaes
“Quinze minutos.”
8º lugar Carolina Goetten de Lima
Maitê Maria
“Entre as cotidiano.”
8º lugar Andressa Barichello
Nina Cello
“Conexões possíveis.”
9º lugar
Ártemis
“Ao seu lado.”
10º lugar Emanoelle Patente Santos
Ana Santos
“Fado Sertanejo.”
10º lugar Dauby Dominique de Castro Carvalho
Dominique Vulgo Dauby “O Mímico e a Bailarina.”
Alanna Ajzental e Camargo
Joyce Ramos de Mesquita Gomes
Infelizmente não foi possível contemplar todos os textos, mas todos são, verdadeiramente,
viagens
do
vencedores. O UniBrasil parabeniza todas estas jovens escritoras.
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Num Canto de Jornal Suzan Cristina dos Anjos
O cheiro do café fresco tomava pouco a pouco a atmosfera dos barracos da periferia paulistana. Um do lado do outro, encaixadinhos, de fácil contágio. Àquela hora, como de costume, bules, chaleiras, leiteiras faziam sua dança tonta nos fogões de grelhas envergadas pelo tempo. Sai de perto do fogão, menino! Já falei! Se essa água vira você fica igual o Vito, lá da Juraci, coitado. Corre lá fora, trocar a água da gordinha. A cadela magra, último presente do pai antes da despedida. Anda, faz o que a sua mãe tá mandando! As crianças já arrumadinhas para a escola, uniforme bem passado, recém remendado o rasgo no joelho, uma dica do que foi a última pelada. Eu já disse que isso sempre acaba mal! Uniforme é pra escola, chegou em casa tem que tirar! Olha o tamanho desses moleque, onde já se viu! Nessa idade eu tava era cuidando dos fio das vizinha que era pras vizinha cuidar dos fio das madame. Agora chega de chorar ou vou te dar motivo pra chorar de verdade! O cabelo, raspadinho, se menino, preso num coque alto, se menina. Ai mãe, não puxa assim! Mas se não puxar, logo espeta, menina! Quero ver voltar pra casa toda desgrenhada! Arruma o café, pega umas bolachas porque saco vazio não para em pé, calça o tênis dos meninos, porque as meninas aprenderam já faz muito, todo mundo escovar os dentes, as mochilas... está faltando meu estojo mãe, cadê meu estojo? Agora tchau, respeita sua irmã e presta atenção na avenida, pelamor de Deus.
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Dado o último beijo, eram cinco no total, Cláudia começava a recolher, apressada, as roupas espalhadas pelo quarticozinha apelidado de casa. A louça, que consistia em copos ainda quentinhos, era lavada com agilidade. As migalhas voavam alto da toalha para o quintal
de mato aparado. As atividades matinais, bem como as vespertinas e noturnas, não exigiam qualquer pensamento, por isso o rádio relógio cantava desafinado desde o berro estridente de todas as seis da manhã. Era o seu momento preferido do dia. Enquanto um chiado Roberto Carlos enchia seus olhos de saudades, Cláudia arrumava em frente ao espelho o cabelo que o Doutor Nilto insistia em chamar de rebelde. Olha aí, Cláudia, assim fica feio pra empresa, cabelo rebelde, espetado, quem vai querer café de uma mulher descabelada assim? Cadê a caixa de grampos que eu te dei? Um a um, Cláudia espetava os araminhos no cabelo. No espelho, um rosto negro embranquecido pelo frio a encarava cansado. Os olhos brilhavam sempre e sempre brilhariam, como jabuticabas no pé. Ossudo, o rosto se destacava, tal qual uma pintura cubista, do corpinho frágil que o sustentava. Cláudia havia nascido há exatos trinta e oito anos e desde então podia jurar que cresceu apenas alguns centímetros. Naquela manhã, ninguém havia lembrado, nem mesmo ela, que nunca achou oportuno comemorar a data, que aquele dia era um dia comum mas também era o seu aniversário. O ônibus passava às sete e vinte. Não costumava atrasar. No trabalho, a rotina de bules e aromas contagiantes se repetia sem descanso até o horário de tomar o ônibus de volta pra casa, às 17:35. Ali não tinha rádio que o Doutor Nilto dizia atrapalhar. Trabalho é trabalho, diversão é diversão. Às vezes papeava com a Berenice, da limpeza. Mas essa era uma coitada que só sabia grunhir e reclamar de dores nas costas. Brrr, hoje elas estão me matando. Lá pelo meiodia as mãos lavavam xicarazinhas e pratinhos,
bandejas, colherinhas e açucareiros, enquanto a cabeça voltava pra casa dar almoço pros pequenos. A maiorzinha, já com quase onze anos, cuidava bem dos irmãos, graças a Deus. Mas era uma tristeza só desde o dia em que o Zeca avisou, Seu pai não volta mais, menina. No velório nem conseguiu chorar, a pobrezinha. Passava o dia abraçada na gordinha caçando as pulgas da cadela magricela. Entra pra dentro, menina, aí fora você vai é resfriar. Dizia Cláudia, redundante, quando quase de noitinha chegava em casa carregando a bolsa e um saco com cinco pãezinhos franceses da padaria da esquina. Entra pra dentro! Na empresa, o relógio demorava mais a caminhar, mas era agradecida por ter um bom emprego, graças a Deus, e por não faltar o de comer aos filhos e a ela. O corpo mirrado, judiado do trabalho desde os sete anos e dos cinco partos seguidos, não era poupado das mãos pegajosas dos bichos que, espremidos nos ônibus lotados da hora da liberdade, roçavam, bolinavam e davam beliscões em bundas, coxas e xotas sem corpo e sem mãos. Era a volta pra casa. Um a um, presas e bichos desciam, até o ponto final. Economizado o dinheiro do lanche, a barriga já roncava alto. As dores de cabeça constantes, tinha aprendido, desde a primeira semana, a ignorar. Mas o som que produzia a barriga vazia, Que vergonha! Imagina alguém escutar? Na panificadora Pão Nosso o pão da manhã, no fim da tarde, tinha um bom desconto. Por sorte, Pão Nosso era pertinho do barraco de Cláudia, na esquina entre um galpão cheio de graxa, onde talvez funcionasse um desmanche de carros roubados, e uma Igreja chamada Congregação do Novo Amanhã, cujo pastor havia mudado de ramo após falir a sua barraca de frango assado e cerveja. Entre os pães feitos antes da alvorada, Cláudia escolhia cinco, dos mais moreninhos, e rumava satisfeita pra casa. Era feliz, apesar de tudo,
gostava do corre-corre das crianças, do barulho na casa, da algazarra que faziam quando chegava sacudindo a sacola dos pãezinhos morenos. Vem cá pra mãe dar um cheiro. O dia 16 de junho era um dia normal, mas também era o aniversário dela, de Cláudia, que não se lembrava como era comemorar aquela data inoportuna. No dia 17 de junho, num canto de jornal, o dia 16 de junho seria lembrado como um dia normal, com perseguição policial contra três neguinhos acusados de roubar um carro e uma moto de vítimas do bairro Jardim Alto Matarazzo, que tiveram que seguir de táxi para a delegacia. Isso é Brasil, bradou um deles pelo iPhone 6 plus. O carro não foi encontrado, a moto não foi encontrada, os três suspeitos morreram todos no tiroteio, quem mandou revidar. Morreu também uma infeliz que saía de uma panificadora local com uma sacola suspeita nas mãos. Testemunhas alegam que a senhora Cláudia dos Santos, atingida por dois tiros à queima roupa, estava colaborando com a fuga dos suspeitos, escondendo armas usadas no crime, uma faca e um canivete suíço, na sacola supostamente cheia de pães. A polícia ainda tentou socorrer a acusada, que morreu em decorrência dos tiros, antes, prestem atenção, muito antes de ser arrastada, a-c-i-de-n-t-a-l-m-e-n-t-e, por 350 metros na Avenida Buriti. Lá da Congregação do Novo Amanhã o pastor gritou, É tiro, é tiro! Todos se abaixaram enquanto escuro o sangue pintava quentinho o asfalto puído sem manutenção. No dia seguinte, a casa de Cláudia era silêncio e escuridão, o tilintar das chaleiras dançantes tardariam duas ou três semanas até que outra família alugasse os dois cômodos para ter onde se apertar. Sua mãe não volta mais, menina. A cadela vai ter que ficar, as brincadeiras também, no abrigo só cabe criança. E foram marchando, em fila indiana, para a kombi CT-SP. Mas isso não saiu no jornal.
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Sustentabilidade e Responsabilidade Social
EDUCAÇÃO E GESTÃO RESPONSÁVEL Para alcançar a formação integral dos alunos, as instituições de ensino superior estão inserindo voluntariamente em suas grades curriculares os “Princípios para a Educação em Gestão Responsável (PRME)”. São critérios que visam preparar uma nova geração de líderes, formar colaboradores capacitados para oferecer apoio às empresas, direcionando-os para a prática da gestão responsável, o crescimento sustentável e a conquista da melhoria da qualidade de vida para toda a sociedade. As bases desses objetivos são universais. Fundamentam-se no Pacto Global da ONU (UN Global Compact), e sua concretização conta com a participação das instituições de ensino superior - IES, para inovar na formação integral do corpo discente. Ao integrá-los nesses princípios, as IES dedicam-se ao preparo de uma nova geração de líderes, capacitados para atuarem sob essa visão. São infindáveis os problemas sociais que se evidenciam com o aquecimento do
planeta e perdas da biodiversidade. Muitas ações empresariais são responsáveis pela deterioração ambiental. Para alterar esse cenário incentiva-se melhorias em todos os setores, com empresas elaborando estratégias sob novos moldes. O debate acerca de ações e consequências tem gerado iniciativas positivas nas IES, que procuram orientar a grade curricular para formar profissionais ambientalmente responsáveis. Também está ligada à preservação ambiental, atendendo às necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras. É o equilíbrio da convivência entre o homem e o meio. A participação das IES tem se norteado pelos seis “Princípios para a Educação em Gestão Responsável” defendidos pela UNESCO, para a implementação das ações positivas. Esses princípios consistem em: propósitos, valores, métodos, pesquisas, parcerias e diálogos, que serão explicitados a seguir.
Propósito. Desenvolver as capacidades dos educandos para que se tornem geradores de valor sustentável para empresas e sociedade como um todo, a fim de trabalharem em prol de uma economia global mais inclusiva e sustentável. Compete às IES’ direcionar os educandos, para que, além de aprenderem as disciplinas dos cursos de escolha, alcancem a percepção de sustentabilidade, de desenvolvimento e consumo consciente, e contribuam na sua concretização.
Entre os desafios das IES está o de despertar interesse dos alunos e estabelecer valores, em relação ao meio-ambiente, à economia e à sociedade, para que esse cuidado integre sua vida profissional e cidadã, como participantes de relevo, ativos,com diálogo, responsabilidade e valores éticos. 45
Método. Criar modelos educacionais, materiais, processos e ambientes institucionais que viabilizem experiências positivas de aprendizado, eficazes para a liderança responsável. Criatividade, inovação e pesquisa são instrumentos que ampliam o conhecimento e levam à reflexão e formação do profissional capacitado, e articulam educação e sustentabilidade em perspectiva crítica.
A educação para o desenvolvimento sustentável levou a ONU a adotar a Resolução nº 57/254, que proclamou os anos de 2005-2014 como Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, em busca de padrões de qualidade de vida para todos.
Pesquisa. Engajamento em pesquisas conceituais e empíricas, que aperfeiçoem o conhecimento a respeito do papel, das dinâmicas e do impacto das empresas na criação de valores sociais, ambientais e econômicos sustentáveis. O Relatório “Nosso Futuro Comum”, de 1987, implantou a ideia de desenvolvimento sustentável e a humanidade tem refletido sobre o tema, adotando práticas que promovam seu equilíbrio. A participação das IES nesse contexto é fundamental.
A universidade sustentável promove a minimização dos impactos ambientais negativos e auxilia com ensino, pesquisa, parceria e administração para ajudar a sociedade na adoção e práticas de vida sustentáveis.
Parceria. Interagir com gestores e administradores de empresas para estender o conhecimento dos educandos acerca dos desafios que se apresentam no cumprimento de responsabilidades sociais e ambientais, além de explorar conjuntamente abordagens eficazes para superar e cumprir esses desafios. O papel das IES é o de ultrapassar limites, oferecer a orientação com talento e objetividade para avaliar a sustentabilidade sob visão crítica; ter a credibilidade para dirigir ações e melhorias
que preparem futuros líderes e gestores, com ferramentas e competências essenciais para o bem comum a longo prazo.
Diálogo. Facilitar e apoiar o diálogo e o debate entre educadores, empresas, governos, consumidores, mídia, organizações da sociedade civil, acionistas (stakeholders), e grupos interessados em temas críticos relacionados com a responsabilidade social e a sustentabilidade global.
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Esses princípios descrevem desafios, como: de que forma podem ser aplicados, no ensino transdisciplinar? Como as IES podem aprofundar o diálogo e ajudar empresas e organizações a atuarem de maneira sócio, política e ambientalmente responsável? Na busca de respostas as IES podem atuar positivamente na adoção de uma gestão ética, transparente, com todos os setores comprometidos com direitos humanos, com trabalho coordenado, firmados em compromissos responsáveis, voltados para a ampliação da responsabilidade ambiental, social e econômica no país. Vale mencionar que é de suma importância a participação das IES na prática desses princípios, pois cabe às universidades formar profissionais preparados e capacitados para lidar com essa complexidade empresarial e social. A educação é patrimônio essencial; é ferramenta indispensável para o acolhimento de pesquisas, inovações tecnológicas, além de implantar gestão inovadora, valorizar o capital intelectual e formar mentes pensantes. A adesão das IES significa formar educandos que atuem com sustentabilidade em seu campo de ação. É um critério que amplia as ações dos profissionais cidadãos, que influencia o mercado de trabalho, como alvo a ser atingido em maior amplitude e rapidez. É real o fato que não se pode lançar nos ombros dos educadores e das IES, a responsabilidade de transformar o ser humano, porém, cabe-lhes
oferecer melhor formação. O ideal é que as universidades estejam empenhadas com a nova geração de líderes, em condições de solucionar os desafios que surgem. As práticas de educação sustentável devem promover conhecimento, identificar os conceitos de sustentabilidade e suas interpretações. As IES tem por missão ensinar, e por objetivo, formar pessoas com visão inovadora, crítica, valorizando cada vez mais o papel de cada um exerce no contexto em que vive. Portanto, a disseminação de boas práticas ambientais pelas universidades é inerente à sua atividade e missão, à oferta de educação firmada em valores para a vida dos indivíduos formadores de opinião. É imprescindível que professores, gestores e instituições de ensino contemplem os desafios representados pelo PRME, e conduzam os alunos para a conscientização da capacidade de agir e influenciar seu entorno, com dinamismo, cumprindo os princípios da educação em gestão responsável. Repensar a educação sob esse prisma conduz ao reconhecimento de que, só por meio da educação haverá integração de novos líderes. O universo acadêmico, além de contemplar o passado, tem a oportunidade de conduzir seus alunos a uma postura antecipada ante os desafios a serem enfrentados e solucionados no futuro.
AUTOR: Wander José Theóphilo de Souza - Professor da Escola de Negócios do UniBrasil Centro Universitário.
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EXPERIÊNCIA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL NO CURSO DE JORNALISMO RESUMO: A imersão dos alunos do Colégio Paulo Leminski na prática jornalística, propiciada pelo curso de Jornalismo do UniBrasil, permitiu a eles serem emissores de informação, ao auxiliar este estudante a efetuar análise crítica sobre o ensino na rede estadual e na percepção de problemas sociais. Houve ainda o aprendizado dos acadêmicos de Jornalismo ao ensinarem os alunos da rede estadual; durante nove semanas, fanzines, sites, radiojornal e telejornal foram produzidos em formato híbrido, com a participação de todos os estudantes nos produtos comunicacionais produzidos. AUTORES: Gabriel Alexandre Bozza Professor da Universidade Federal do Paraná e do UniBrasil Centro Universitário, Integrante dos grupos de pesquisa Comunicação Eleitoral (CNPq) e Comunicação e Mobilização Política da UFPR. Maura Oliveira Martins Coordenadora e professorapesquisadora do curso de Jornalismo do UniBrasil Centro Universitário.
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Apresentamos aqui a experiência de alunos do curso de Jornalismo do UniBrasil Centro Universitário com estudantes da manhã do primeiro e segundo anos do ensino médio, do Colégio Paulo Leminski, instituição integrante da rede estadual de ensino. Foram promovidas nove oficinas temáticas, para potencializar os alunos do colégio a serem emissores de informação e catalisadores de mudanças sociais. Os conteúdos gerados foram compartilhados nos meios presenciais, isto é, aqueles aos quais eles estão inseridos, seja na escola, casa ou trabalho, e no espaço virtual, por meio de redes sociais ou divulgação de informações em aplicativos nos dispositivos móveis. A ideia de criar oficinas temáticas surgiu no início no primeiro semestre de 2015, na disciplina Estágio Supervisionado I, do curso de Jornalismo do UniBrasil. A disciplina estava sendo ofertada pela primeira vez neste ano, em virtude de alterações na grade curricular do curso, em razão do cumprimento das novas Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de Jornalismo, promulgadas anteriormente, que estabelecem a realização de estágio curricular obrigatório. Neste sentido, a disciplina visa proporcionar a experimentação prática dos conteúdos teóricos e das competências desenvolvidas pelos estudantes durante o curso. Responsável pela disciplina, o professor Gabriel Alexandre Bozza propôs desenvolvimento de vários projetos, encontrando suporte na coordenação do curso e aceitação dos alunos. Na disciplina foram realizadas atividades com clientes reais, tais como: produções semanais de jornalismo de serviço para a Rádio Pinhais FM, a produção de uma campanha audiovisual para o Grupo Doulas Curitiba sobre a violência contra a mulher, que fomentou a criação de um vídeo chamado Rede Humanizada de Cuidado ao Feminino (disponível no YouTube), e nove oficinas temáticas – produção impressa, web, rádio e TV – com o Colégio Paulo Leminski. Junto com a turma, o professor Gabriel Bozza, a partir da análise da coordenação do curso de Jornalismo e da concordância da direção do colégio
estadual, decidiram criar uma oficina por semana, durante nove semanas, totalizando 20 horas/aula. Os alunos do período diurno do colégio realizaram as oficinas à noite no UniBrasil, nas terças e quartas. A atividade potencializou a imersão dos alunos do ensino médio, de diferentes anos e turmas, na prática jornalística. Foram produzidos fanzines, sites jornalísticos sobre temáticas de interesse dos alunos, um telejornal (disponível no YouTube) e um radiojornal (disponível no Soundcloud). As produções foram feitas em formato híbrido, isto é, com alunos do UniBrasil e do Colégio Paulo Leminski produzindo e participando dos materiais. Este processo parte da premissa apontada em pesquisas recentes de que os alunos absorvem mais conteúdo quando aprendem fazendo e ensinando outros. Além disso, busca ressonância do Projeto Pedagógico do Curso de Jornalismo, que prevê, quanto ao perfil esperado ao egresso, que ele seja “um intérprete – e crítico – do mundo para a comunidade em que está inserido, contribuindo, através de suas atividades, para o desenvolvimento de uma sociedade justa”. Portanto, o projeto realizado com o Colégio Paulo Leminski visa também possibilitar que o estudante, ao se vincular com a comunidade circundante à instituição de ensino, seja um agente na transformação social. Os alunos do Paulo Leminski encontraram espaço para solicitar ações no colégio e
criticar medidas ainda não adotadas. Este espaço é catalisador de mudanças, apesar de experimental. Os alunos puderam praticar o jornalismo, apesar de entendermos a necessidade de adaptações dos produtos e de mais tempo para exposição de técnicas e instrumentos de produção. No fim do primeiro semestre, os 15 alunos do colégio demonstraram interesse em dar a continuidade nas produções audiovisuais. Entretanto, eles carecem de espaço para as produções, exceto se forem novamente executadas na disciplina em que já desenvolveram conteúdos. Ao apresentar esta proposta ao diretor do colégio, no início do ano, a intenção era propiciar que os alunos da instituição pública, a partir desta experimentação prática, pudessem ser emissores de informação no próprio espaço em que estudam. A ideia então é potencializar a criação de uma rádio escola e da criação de materiais impressos e digitais. O colégio ainda carece de estrutura para que este projeto seja aplicado, apesar de possuir caixas de som espalhadas pelos corredores, acionadas durante todo o intervalo, e materiais para impressão. Durante o intervalo são executadas músicas nacionais, que poderiam ser substituídas por informação. Durante este intervalo de 15 minutos, os alunos poderiam transmitir informações sobre atividades realizadas no colégio e informação jornalística para os demais colegas. Com a falta de um estúdio para isto, uma possibilidade seria a utilização do espaço da Radioweb
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UniBrasil para gravação dos programetes de 15 minutos dos alunos. Elas poderiam acontecer diariamente. A partir disto, este áudio poderia ser reproduzido nas caixas de som do colégio. A ação impactaria significativamente na forma do aprendizado dos alunos, na instrução e formação dos alunos do colégio, que ouviriam seus colegas, e estariam atualizados sobre
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as notícias do dia. Além disto, eles teriam a possibilidade de divulgar as produções no site do colégio ou em redes sociais digitais para visibilidade no ambiente de trabalho ou em casa. Apesar de este projeto estar relacionado com a inclusão de alunos do ensino médio e fundamental, o público-alvo principal, ele
possui a capacidade de impactar a sociedade civil organizada. Os professores, funcionårios, pais e amigos estariam viabilizando estes projetos de transformação social. Os alunos são multiplicadores deste conhecimento e capazes de disseminar por meio de redes sociais digitais e plataformas impressas, audiovisual e presenciais o que desenvolvem
no dia adia destas atividades, agregando valor ao conhecimento gerado.
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CROMOSSOMO XXI: a discussão sobre a Síndrome de Down na sociedade brasileira e mundial RESUMO: Através do congresso realizado na primeira quinzena de outubro de 2015, em Curitiba, a Associação Reviver Down, promotora do evento, trouxe a temática Síndrome de Down para discussão social e acadêmica. O evento reuniu familiares, estudantes e diversos profissionais ligados ao tema, com intuito de instigar sobre a realidade e as novidades para crianças, jovens e adultos com a síndrome no Brasil e no mundo. A troca de experiências envolveu pilares fundamentais na construção da síndrome. AUTOR: Marcos Dias – Diretor de Comunicação Social e Relações Públicas da Associação Reviver Down.
Entre os dias 15 e 17 de outubro, a cidade de Curitiba, no Paraná, recebeu o VII Congresso Brasileiro sobre Síndrome de Down, no espaço Expo Unimed. O evento contou com 3126 inscritos de vários estados do Brasil e também de outros países da América do Sul e do Norte e da Europa; todos participaram ativamente como palestrantes e ouvintes, e trouxeram grande contribuição para traçarmos um paralelo da realidade das pessoas com Síndrome de Down em várias regiões do mundo, quanto a qualidade de vida, políticas públicas para pessoas com deficiência, conquistas da área médica e outras inserções sociais. Em paralelo ao VII Congresso Brasileiro sobre Síndrome de Down, aconteciam o II Encontro Latino Americano sobre Síndrome de Down, que englobava seis Conferências e dois Simpósios, com profissionais especialistas de outros países e equipados para tradução simultânea; o IV Encontro de Irmãos e o projeto Down Adolescente, focados nas pessoas com Síndrome de Down e seus irmãos, através atividades lúdicas, jogos sensoriais, atividades livres de dança e expressão corporal, teatro de sombras, oficina de fotografia, escola de atores, oficina de malabares, aprendiz de chef, rodas de conversas sobre namoro, amizade, preconceitos, sexualidade e redes sociais; e o I Encontro de Famílias de Pessoas com Síndrome de Down, programação voltada para a família, com rodas de conversas sobre a importância da relação entre pai e filho, as conquistas das pessoas com Síndrome de Down, o que se aprende quando se tem um irmão com Síndrome de Down e sobre as residências inclusivas e moradias independentes. O evento englobou também o Palco Cultural, onde quem tivesse interesse, poderia se inscrever previamente para fazer apresentações nos dias do Congresso. Tivemos
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apresentações de Dança, Música e Teatro. Na ocasião, o Grupo de Teatro do UniBrasil (GRUTUN!), levou o espetáculo infantil “Vampirilda – uma escola de horrores”, cujo enredo é de Paulo Sacadalssy e conta as aventuras de uma pequena vampira, que tem medo de sangue, e seus amigos na escola de magia. A história ainda envolve driblar a prova final de magia, de uma forma divertida e lúdica. No total de toda a programação, o congresso disponibilizou 34 conferências, 21 simpósios, 09 rodas de conversas, 14 cursos, 06 workshops e 2 fóruns; com isso, 150 palestrantes estavam escalados na programação. O evento contou também com uma feira de diversas empresas com o intuito de integrar a temática no contexto social. O VII Congresso Brasileiro sobre Síndrome de Down foi realizado pela Associação Reviver Down, com sede na capital paranaense. Entidade sem fins lucrativos que reúne pais, pessoas com Síndrome de Down e profissionais interessados, visa melhorar a qualidade de vida e proporcionar maiores oportunidades para essa parcela da população. A Associação Reviver Down foi fundada em 22 de maio de 1993 com o nome “Reviver Programa Down”, vinculado à Associação Metodista de Ação Social-AMAS, fruto da intenção de um pastor que havia perdido um filho com Síndrome de Down e da mãe de um garoto com Síndrome de Down. Em 30 de Abril de 1996, pais e colaboradores fortificados e dispostos reuniram-se e fundaram a associação. A entidade se uniu ao Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e criou em 13 de 54
maio de 1997 o primeiro ambulatório para atendimento clínico para pessoas com Síndrome de Down do Brasil e América Latina. A proposta do ambulatório está alicerçada no atendimento humanizado e na experiência de cada membro da equipe multiprofissional, atuando no diagnóstico, apoio e acompanhamento, além da prevenção e tratamento de patologias associadas e prepara a criança e sua família para a inclusão em todos os segmentos da sociedade de forma significativa. Com mais de mil associados, a missão da Reviver Down é ser um elo entre a família e a sociedade para a integração e o reconhecimento da cidadania da pessoa com Síndrome de Down. Tem o objetivo de incluir e dar direitos iguais, trabalhando no sentido de buscar e garantir estes direitos para a pessoa com Síndrome de Down, além de preservar seu direito de estar integrada e incluída na escola, no trabalho e na vida. Através do cadastramento das pessoas com Síndrome de Down e profissionais ligados ao seu desenvolvimento, a associação realiza levantamentos estatísticos e conceituais sobre a temática, tanto para o público interno, quanto para o externo. Com isso, promove a divulgação da Síndrome de Down na comunidade local, através de palestras, seminários, congressos, publicações, documentários em programas de TV, visando aumentar o conhecimento da sociedade sobre esta síndrome e, consequentemente, diminuir o preconceito em relação a ela. A associação ainda incentiva a formação, capacitação e atualização dos profissionais das áreas relacionadas à Síndrome de Down, além de fazer promoção da melhoria da qualidade de ensino para a pessoa com Síndrome de Down.
Incentiva a habilitação e adequação dessa pessoa para o mercado de trabalho e fiscaliza as medidas legislativas visando seu cumprimento e adequação à realidade da sociedade atual. Com diversas atividades, a Associação Reviver Down se destaca principalmente com o acolhimento das famílias que receberam o diagnóstico. Através do Projeto Nascer Down, a entidade contempla o bebê Down. Quando nasce um bebê com SD, três aspectos são determinantes para seu futuro desenvolvimento: 1. a forma como o médico comunica o diagnóstico aos pais; 2. a aceitação do bebê por parte da família; e 3. a estimulação que a criança recebe. A família que enfrenta bem a situação da Síndrome de Down e que aceita seu filho, investe no seu bebê e ele será estimulado a alcançar seu potencial máximo. A criança com Síndrome de Down que é estimulada desde pequena atinge elevados níveis de desenvolvimento, aprendizagem e autonomia. Baseado na comunicação do diagnóstico, aceitação e estimulação do bebê, o projeto pretende atuar com um trabalho direcionado a três grandes grupos. São eles: 1. as equipes médicas e de enfermagem de Maternidades de Curitiba e Região Metropolitana; 2. os pais e familiares; e 3. os bebês. Através do projeto, os profissionais da saúde recebem treinamento e reciclagem, assim ficando bem informados e atualizados sobre as características de saúde e perspectivas positivas do desenvolvimento da Síndrome de Down, aptos a transmitir a notícia de modo adequado e a detectar as possíveis patologias associadas. Para os pais e familiares, o projeto acredita que são peças fundamentais, pois são
as pessoas que recebem o diagnóstico sobre a síndrome de seu filho. Comunicados de forma gentil, competente e adequada, tendem a aceitar e estimular seu bebê com mais tranquilidade. A possibilidade de encontrar e receber apoio de pais de crianças com Síndrome de Down e que tenham boas experiências para contar, ajuda a família a superar o frequente luto que acompanha o nascimento de um bebê diferente do esperado. Graças ao avanço da Medicina, já é possível detectar no início da gravidez se o bebê tem Síndrome de Down. O resultado disso é que o diagnóstico pode acontecer logo nos primeiros meses de gestação – estas famílias também precisam de acompanhamento. Propõe-se o atendimento aos pais de recémnascidos por um grupo formado por pais de crianças com Síndrome de Down voluntários, e por profissionais das áreas de saúde, quando sua presença é solicitada pelo obstetra, pediatra ou pelos próprios familiares. O grupo presta apoio emocional, realiza orientações, encaminhamento e acompanhamento da família durante os primeiros meses da vida do bebê. Por fim, o Nascer Down orienta os pais sobre estimulação, nos primeiros anos de vida. O Projeto Nascer Down não se resume apenas nas visitas às famílias com filhos com Síndrome de Down, nem tampouco na divulgação do trabalho da associação. Ele vai mais além. Dá a ideia de que uma pessoa com Síndrome de Down é capaz de ser feliz e fazer outras pessoas felizes, na medida dos estímulos recebidos dos seus pais, familiares, amigos e da sociedade. Ele pode ultrapassar os limites. Talvez seja esse o verdadeiro impulso para existência do projeto e das atividades desenvolvidas pela Reviver Down.
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UMA SEMANA, TODOS OS DIAS DO ANO! RESUMO: Hoje o trânsito é uma das principais causas de mortes violentas evitáveis em nossa sociedade. A Semana Nacional de Trânsito, campanha educativa de trânsito de âmbito nacional e caráter permanente, acontece todos os anos na data de 18 a 25 de setembro. No ano de 2015, diferentes atores, públicos e da sociedade, dentre elas o DETRANPR e o UniBrasil se uniram em ações conjuntas sob o tema, “Seja Você a Mudança no Trânsito”. A construção de ações intersetoriais continuadas e permanentes, com enfoque no fortalecimento da cidadania e responsabilidade social, nos remete aos desafios e obstáculos a serem superados. AUTOR: Fabiano Xisto Correia - Psicólogo da Divisão de Apoio Pedagógico, Estudos e Pesquisas, Coordenadoria de Educação para o Trânsito - DETRAN-PR.
No Brasil, o Decreto n° 8.324 de 27 de Outubro de 1910 aprova o regulamento para o serviço subvencionado de transportes por automóveis. Mais de 100 anos depois, não foi somente nossa ortografia que mudou. Crescemos como população, mas ainda não em educação. No ambiente social trânsito, ainda matamos mais e morremos mais. Dados da Organização Mundial da Saúde – OMS nos trazem que o número de mortes decorrente aos acidentes de trânsito aumentará de 5,1 milhões em 1990 para 8,4 milhões em 2020, sendo estas mortes em maior número nos países em desenvolvimento. Se conformar com este quadro ou nada fazer, nos torna cúmplices de uma das maiores formas de violência passível de prevenção em nossa sociedade. A Lei 9.503 de 23 de Setembro de 1997 instituiu o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o qual em conjunto com as Resoluções do CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito), Portarias e Decretos dos Estados, junto com os Municípios que possuem seus sistemas de trânsito municipalizados e apresentam suas normativas, complementam esta legislação e regulamentam o trânsito no território brasileiro. O CTB, desta maneira, possibilita a todos os agentes, públicos ou privados, participar no destino da sociedade com relação a efetividade da segurança pessoal, veicular e coletiva, mediante o comprometimento de suas ações. Dentre os aspectos fundamentais a serem desenvolvidos por meio do CTB, tem-se um capítulo exclusivo de Educação para o Trânsito, nos quais os artigos: Art. 74. A educação para o trânsito é direito de todos e constitui dever prioritário para os componentes do Sistema Nacional e Trânsito - (Órgãos Públicos de Trânsito).
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Art. 75. O CONTRAN estabelecerá, anualmente, os temas e os cronogramas das campanhas de âmbito nacional que deverão ser promovidas por todos os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito, em especial nos períodos referentes às férias escolares, feriados prolongados e à Semana Nacional de Trânsito. § 1º. Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito deverão promover outras campanhas no âmbito de sua circunscrição e de acordo com as peculiaridades locais. § 2º. As campanhas de que trata este artigo são de caráter permanente, e os serviços de rádio e difusão sonora de sons e imagens explorados pelo poder público são obrigados a difundi-las gratuitamente, com a frequência recomendada pelos órgãos competentes do Sistema Nacional de Trânsito. (Art. 326. A Semana Nacional de Trânsito será comemorada anualmente no período compreendido entre 18 e 25 de setembro), nos direcionam a ações contínuas e de abrangência intersetorial. No ano de 2015, com o slogan, “Seja você a mudança no trânsito”, a Semana Nacional de Trânsito nos remete a premissas básicas de convivência neste ambiente social coletivo que é o trânsito, no qual todos nós estamos incluídos em diferentes momentos e em diferentes papéis. Apenas vivenciar diariamente estes papéis não basta, precisamos renascer todos os dias, não como sobreviventes, mas principalmente como agentes modificadores de nós mesmos e tendo como consequência um modelo positivo de cidadania e de responsabilidade social.
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Excesso de velocidade; uso de bebidas alcoólicas e demais substâncias psicoativas, assim como o uso de aparelhos celulares por parte dos condutores de veículos, acabam por serem não somente algumas das principais infrações e causas de acidentes no trânsito, mas também demonstram a falta de respeito a normas e leis, além do estabelecimento de regras e condutas próprias desviantes, praticadas por boa parte da sociedade. A construção de um modelo cidadão perpassa pela diversidade de conhecimentos, sendo este construído pelo fortalecimento de uma rede de colaboradores com vivências e experiências intersetoriais. Juntam-se a esta ação (18 e 25 de setembro de 2015) em um modelo de “caravana”, órgãos Estaduais de Trânsito (DETRAN/PR, BPTran), o UniBrasil como uma das universidades parceiras, Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, além de diversos outros parceiros e colaboradores direta ou indiretamente relacionados à problemática trânsito, a qual é uma das circunstâncias de vida onde mais rapidamente se passa da saúde para a doença, além de ser a primeira causa de mortalidade de jovens e adultos de 15 a 35 anos. A Semana Nacional de Trânsito de 2015 obteve como uma de suas maiores construções a aproximação e cooperação destes diferentes atores envolvidos em todo o Estado do Paraná. Em seu início, dia 18/09/2015, contou com 134 blitz educativas de trânsito realizadas em diferentes pontos e regiões do Estado do Paraná. Em Curitiba, ações integradas educativas de trânsito voltadas à comunidade foram realizadas no centro da capital dia 19/09/2015 com a participação do Grupo de Teatro UniBrasil – Grutun!. Estas apresentações, tendo como foco o trânsito e seus diferentes comportamentos
apresentados, trouxeram à população, por meio de uma abordagem cênica, realidades do dia a dia, muitas vezes banalizadas e destituídas das reais consequências trágicas para a nossa sociedade. Com este foco no público universitário, por ser este uma das principais vítimas dos acidentes de trânsito, agentes públicos e privados estiveram presentes no UniBrasil na data de 23 de setembro de 2015 realizando abordagens educacionais e de segurança no trânsito para os alunos das diferentes áreas acadêmicas. Estas ações objetivaram aproximar e sensibilizar os jovens a uma reflexão crítica em relação a diferentes comportamentos no trânsito em seus diferentes papéis, como condutores, pedestres e passageiros. A realização de ações que possibilitem transformações positivas no âmbito do trânsito em níveis de comportamento humano se constrói a partir de suas legislações específicas,
em conjunto com a sociedade, por meio de seus segmentos representativos, dentre eles os diferentes níveis de sistemas educacionais. O papel da universidade em apoiar ações que buscam conhecer, compreender e respeitar o nosso cotidiano e aprender a enfrentá-lo, contribui para um relacionamento mais próximo com a sociedade. Deste encontro de diferentes setores da sociedade em prol de um bem comum, a vida, o maior desafio consiste no fortalecimento destas parcerias em ações conjuntas e continuadas, até mesmo pelo tema trânsito e seus desdobramentos estarem presentes a todo momento previsivelmente em nossas vidas, por vezes de forma imprevisível. Nosso comportamento humano continua sendo o maior fator de risco no trânsito e mudanças neste âmbito exigem ações conjuntas e continuadas, tendo a Semana Nacional de Trânsito a necessidade de ser pensada como uma semana de todos os dias do ano. Nascer não basta! 59
ATIVIDADES ACADEMICAS MERGULHO LIVRE de alto desempenho RESUMO: O mergulho em sua forma mais pura é praticado por prazer de se conhecer melhor. O praticante mantém o ar em seus pulmões durante a imersão, ou seja, há suspensão voluntária da respiração, para manter o fôlego para percorrer a maior distância, atingir a maior profundidade ou estabelecer o maior tempo possível submerso. Popularizado pelo filme Imensidão Azul, o encontro com o mar, um mundo em que muitos de nós, mergulhadores ou não, gostaríamos de ter nascido, ficamos sem respirar em troca de alguns segundos de prazer, introspecção, relaxamento, encontro com a água e aproximação com nossos limites. AUTORA: Jussara Moreira – Professora Senior de Natação e Atividades Subaquáticas.
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A atividade de mergulho livre foi proposta no mês de Março aos alunos do quarto período do curso de Educação Física, já sendo incorporada como um dos conteúdos da disciplina de Atividades Físicas de Aventura na Natureza. Ela tem como objetivo familiarizar nossos alunos com as técnicas de apneia e proporcionar ao educando, mesmo aqueles que não sabem nadar, a superação de limites, o que por si só já é um grande avanço. Mergulho livre de alto desempenho é também conhecido por mergulho de apneia, sendo a palavra apneia de origem grega a-pnoia, sem respiração, utilizada para referir-se a uma especialidade desportiva: a imersão na água sem utilizar equipamentos subaquáticos para respiração. As origens desta modalidade são uma mistura de lendas, dados históricos e crônicas. Foi utilizada por gregos, romanos e outros povos na recuperação de âncoras e construção de barragens submarinas etc. Japonesas e coreanas, chamadas de AMA (pessoas do mar), utilizam a atividade de apneia como meio de subsistência, ganham a vida como apanhadoras de ostras. Mas foi somente a partir de 1959 que esse mergulho começou a sofrer uma evolução maior, com a criação da Confederação Mundial de Atividades Subaquáticas criada por Jacques Costeau. Hoje em dia é uma atividade com um número crescente de adeptos leigos e profissionais, devido ao crescimento do turismo, o tamanho da costa brasileira e também podendo ser praticada em lagos e piscinas. Além disso, a compreensão dos ajustes fisiológicos do mergulho tem despertado o interesse por atletas de outras modalidades, como surfistas, nadadores, entre outros, uma vez que as técnicas de mergulho podem contribuir para melhora do desempenho físico dessas modalidades. O desempenho no mergulho é influenciado pelo treinamento físico e por suas técnicas. Por outro lado, as técnicas de conhecimento corporal e de relaxamento e de interação com o meio líquido auxiliam na melhora da performance.
Por ser uma atividade com um número considerável de praticantes e por ser um mercado em expansão para profissionais do esporte, é uma das modalidades da disciplina de atividades de aventura na natureza mais apreciadas pelos alunos do curso de Educação Física que podem, em uma simples prática, testar seus limites. Essa modalidade esportiva abre um leque considerável ao profissional de educação física, já que praticamente não existem profissionais capacitados na preparação física desses atletas. No UniBrasil Centro Universitário, oportunizamos ao nosso aluno a vivência da modalidade e o conhecimento teórico da parte da fisiologia respiratória e das técnicas de apneia, para que ele tenha subsídios e que queira buscar mais conhecimentos sobre essa prática. Contudo, como todo esporte relativamente novo em nosso país, carece de parcerias em diversos setores para que atletas possam despontar no cenário nacional, treinando de maneira efetiva e conseguindo bons resultados. O mergulho livre, quando praticado de forma desportiva, organizado em torneios, campeonatos individuais ou em equipes, ou mesmo quando organizado um evento para tentativas de recordes locais, regionais ou mundiais, é dividido em seis modalidades distintas, sendo quatro esportivas e duas apenas para recordes, regidas pela AIDA (Associação Internacional para o Desenvolvimento da Apneia). Mas essa não é a única abordagem para o esporte, já que pode ser praticado com outros objetivos além da competição propriamente dita, ou para quebra de recordes.
conquistando muita confiança em suas imersões no mergulho autônomo, melhorando como pescadores subaquáticos, utilizando as técnicas ensinadas para fotografia subaquática em mergulho livre e até empregando a apneia para pesquisas no meio aquático, utilizando-a como aliada ou simplesmente se divertindo em suas imersões. A atleta e instrutora de mergulho, Carolina Schrappe, sem dúvida, hoje é a mais especializada instrutora de mergulho do país. Recordista sul americana e juíza internacional, tem investido mui to em sua formação, sendo credenciada pelas melhores associações do mundo. Isso fez com que ela desenvolvesse um curso de altíssimo nível, tanto na instrução teórica, como nos treinamentos indoor (piscina) e de profundidade. Somente esse currículo já faz a diferença nos seminários que ela gentilmente ministra aos alunos desta disciplina. Com uma parceria de mais de cinco anos, recentemente participamos de um curso com a fisioterapeuta Carolina, em Bonaire, nas Antilhas Holandesas, onde pudemos vivenciar essa prática em profundidade, já que em Bonaire as profundidades são próximas da praia, facilitando os mergulhos. Podendo, dessa forma, trazer ao nosso aluno uma visão mais aprofundada do que é esta modalidade da superação dos limites, do trabalho do corpo e do controle da mente. Sem dúvida, uma atividade fascinante para além de nossos limites!
Muitos apneístas utilizam as técnicas da apneia para se tornarem melhores mergulhadores, 61
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EVINCI: DIFUSÃO DO CONHECIMENTO E INOVAÇÃO RESUMO: O objetivo do texto é relatar parte das ações realizadas em prol da promoção da educação, difusão do conhecimento e popularização da ciência e da tecnologia. O artigo descreve o EVINCI – Evento de Iniciação Científica, que na sua décima edição se consolida no calendário anual de realizações institucionais. Especialmente em 2015 houve um aumento significativo na quantidade de pesquisas apresentadas, bem como nas demais atividades acadêmicas realizadas, contando com forte participação de professores, estudantes, pesquisadores, organizações parceiras e do público em geral. AUTORES: Alexandre Godoy Dotta - Professor Pesquisador da Escola de Direito. Valter Fernandes da Cunha Filho - Pró-Reitor de PósGraduação, Pesquisa, Extensão e Assuntos Comunitários (PROPPEX).
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Na semana do dia 19 a 23 de outubro de 2015 foi realizado o EVINCI, Evento de Iniciação Científica do UniBrasil Centro Universitário. Neste ano, as atividades implicaram a atuação de 23 cursos de graduação e do curso de mestrado em Direito. Uma semana acadêmica com múltiplas propostas de atividades pedagógicas, além da importante mostra científica e cultural. O evento durou cinco dias e contou com 885 atividades em sua programação, dentre as quais: conferências, palestras, mesasredondas, oficinas, workshops, relatos de experiência, simulados, visitas técnicas, cursos e minicursos. Importante destacar que o conjunto de atividades do Evento de Iniciação Científica faz parte de uma política pública de promoção da educação, difusão do conhecimento e popularização da ciência e da tecnologia. O EVINCI do UniBrasil está catalogado junto ao Ministério da Educação (MEC) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) como integrante da XII Semana Nacional de Ciência e Tecnologia – SNCT (que é um evento anualmente realizado no mês de outubro e ocorre em parceria com mais de 500 instituições em todo o Brasil (Conforme Decreto n.º 5.101, de 8 de junho de 2004). O EVINCI segue o formato dos principais congressos nacionais e internacionais de qualidade, ou seja, possui edital de chamada pública para submissão de trabalhos e comissão científica que avalia as pesquisas submetidas no sistema de duplo parecer cego (double blind review). A adoção desta metodologia impossibilita que o avaliador identifique os autores do trabalho enviado garantindo a imparcialidade e a eficiência do sistema. Este ano, foram inscritos aproximadamente mil trabalhos sendo que 76% do total aprovado para apresentação em forma de painel ou comunicação científica, com posterior publicação. O evento também contou com o lançamento de 23 livros publicados por professores e pesquisadores do UniBrasil nas áreas de Direito, Negócios, Saúde, Educação e Humanidades. A
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cerimônia coletiva foi realizada na Biblioteca Helena Kolody. Em um discurso especial, conduzido pela Pró-Reitora de Graduação, professora Lilian Pereira Ferrari, foi destacado que o EVINCI é exemplo da consolidação da missão institucional do UniBrasil. As atividades realizadas são momentos de “geração e experimentação de saberes, ideias e valores”, afirmou a professora, logo após ressaltar o compromisso institucional com a “transmissão do saber pelo ensino e extensão, publicações e outras formas de comunicação”. Ações deste tipo possibilitam a “criação de um ambiente propício à aprendizagem e a melhoria da qualidade de aprendizado dos alunos”, finalizou. Na semana do EVINCI foram ofertadas gratuitamente mais de 46 mil vagas em atividades científicas a toda comunidade mediante inscrição prévia online. Participaram do evento mais de 6000 pessoas, em sua maioria estudantes da graduação e pós-graduação. Além disso, o congresso contou com a representação de pesquisadores de mais de 50 instituições
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de educação superior do interior e do litoral do Estado do Paraná; ademais, participaram interessados dos Estados de Santa Catarina, São Paulo, Roraima, Pernambuco e Ceará. Finalmente, merece grande destaque a forte presença de alunos egressos, que fizeram questão de retornar à instituição, demonstrando o vínculo que permanece com seus ex-alunos. Durante a semana circularam pelo campus pesquisadores dos principais Programas de Pós-graduação stricto-sensu de Curitiba. Investigadores de diversas áreas buscaram apresentar e promover discussões sobre os mais diferentes objetos de estudo. Os grupos de pesquisa e estudo realizaram diversas atividades e isso resultou em uma ótima oportunidade para a consolidação das discussões desencadeadas durante o semestre. Participantes de projetos de extensão relataram suas experiências e foram ouvidos por interessados em uma maior inserção nestas atividades; e o mesmo ocorreu com os programas de pesquisa e ensino, tais como a iniciação científica, a
monitoria e, particularmente, o Programa de Educação Tutorial – PET. Além disso, diversas palestras aconteceram com o objetivo de introduzir o acadêmico interessado em atividades ligadas à internacionalização da instituição – notadamente o intercâmbio com as Universidades conveniadas. É importante destacar que todos os trabalhos, bem como a síntese da programação do EVINCI ficarão registrados na plataforma aberta mundial de trabalhos Open Journal System em um documento periódico. Trata-se dos Anais do Evento de Iniciação Científica – UniBrasil, que possuirá registro no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia e será publicado em dois volumes anuais: o primeiro é o Caderno com os Resumos dos trabalhos e o segundo os Anais propriamente ditos, com os trabalhos completos em forma de artigo ou de resumo expandido. A página dos Anais pode ser conferida em: anaisevinci.unibrasil.com.br.
Um dos principais objetivos do EVINCI é mostrar para o estudante como se tornar protagonista no ambiente científico-investigativo, garantindo o desenvolvimento de sua autonomia no processo de aprendizagem. Os acadêmicos (e demais interessados) experimentam diferenciadas formas de contato com o ensino, a pesquisa e a extensão, distanciando dos limites da tradicional aula expositiva em sala. Quebrando a rotina, o estudante deixa de cumprir um papel passivo no processo de ensino-aprendizagem para assumir possuir um papel ativo na promoção do conhecimento. Acredita-se que com intervenções pedagógicas deste nível o UniBrasil proporciona interessantes meios de acesso à cultura, à educação, à tecnologia, à ciência, à pesquisa, e à inovação para toda a comunidade. Do ponto de vista do planejamento educacional, as ações e intervenções promovidas pelo EVINCI contribuem para a consolidação das políticas de desenvolvimento institucional, bem como auxilia no cumprimento da sua missão organizacional do UniBrasil Centro Universitário.
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EVENTOS EM PARCERIA A LIBERDADE DE NÃO TER MEDO - Prof. René Ariel Dotti RESUMO: O economista e filósofo Prof. Amartya Sen defende a tese de que não há possibilidade de desenvolvimento sem liberdade, e esta somente pode ser usufruída quando removidas as nãoliberdades (unfreedoms) que emperram o desenvolvimento dos indivíduos e das sociedades. Por exemplo, um sistema de saúde precário e ineficiente, a falta de condições mínimas de higiene para uma habitação saudável, a falta de material escolar em um estabelecimento de ensino são circunstâncias que dificultam, senão impedem, o desenvolvimento de indivíduos, não havendo, aqui, portanto, de se falar propriamente na existência de liberdade. AUTORA: Ana Lucia Pretto – Professora do Mestrado em Direitos Humanos e Democracia do UniBrasil Centro Universitário.
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“A maior das liberdades é a liberdade de não ter medo”, escreveu o Prof. René Ariel Dotti. O Prof. Dotti, como é conhecido no meio acadêmico, faz essa afirmação com a autoridade que lhe conferem tanto o estudo teórico, quanto a experiência. Professor Titular da Universidade Federal do Paraná, e advogado militante há mais de 50 anos, particularmente na área penal, entre as décadas de 60 e 80 o Prof. Dotti atuou religiosamente na defesa de cidadãos perseguidos durante o regime de ditadura militar. Nesse período, impetrou uma série de instrumentos de habeas corpus em favor de jornalistas, médicos, professores, na sua maioria paranaenses porém não apenas, sempre tendo como objetivo resguardar liberdades em suas múltiplas frentes. Um caso curioso é o do médico Dr. Jorge Karam, condenado pela então Auditoria da 5.ª Região Militar por práticas subversivas contra o regime. Disse o Prof. René Dotti, em memorial de apelação da condenação, dirigido ao Superior Tribunal Militar: “Entendeu o Conselho Permanente de Justiça, por três votos contra dois, que o sentenciado havia adquirido muitos livros nos anos de 1961 e 1962 e que os mesmos, pela quantidade, não poderiam servir ao uso próprio mas sim para ‘atender elementos do Partido Comunista’”. Tratava-se da defesa, pelo advogado, do exercício da liberdade de comprar livros. O Prof. René Dotti lembra, aos seus ouvintes e leitores, outras liberdades. Liberdade de consciência; liberdade de cultos religiosos; liberdade de atividade intelectual, artística, científica e de comunicação; liberdade de exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, mediante condições; liberdade de locomoção física no território nacional; liberdade de reunião pacífica, sem armas, em locais abertos; liberdade de associação para
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fins lícitos, todas elas protegidas por um sólido estatuto constitucional das liberdades, sob a vigente Constituição brasileira de 1988. Liberdade de amar e ser amado, assim como liberdade de morrer a própria morte (ainda que em vida), são também lembradas pelo ilustre Professor. Apaixonado por sua profissão e determinado a preservar, e professar, o registro histórico de anos de obscuridade e repressão, o Prof. René Dotti compareceu ao auditório do UniBrasil que o homenageia tomando-lhe de empréstimo o nome, para fazer um escorço histórico daquele tempo. O encontro foi no dia 1.º de abril de 2015, data que marca cinquenta e um anos desde a implantação do regime militar no Brasil. Na ocasião, o Prof. Dotti iniciou a sua exposição dizendo: “O que houve foi um Golpe de Estado, e não uma Revolução. Revolução foi um eufemismo para mitificar o hilário de 1.º de abril de 1964.” Para a filósofa Hanna Arendt, de fato, revolução não teria havido, porque inexistente uma situação limítrofe na qual homens revoltados frente a abusos e crueldades voltam-se, com energia refundadora, e renovadora, contra os detentores de poder político em busca de garantir as suas mais essenciais liberdades: “Apenas onde um caminho de novidade esteja presente, e este caminho de novidade seja conectado com a ideia de liberdade, estamos nós autorizados a falar em revolução.” A revolução faz surgir o novo, e o novo deve implicar, necessariamente, em perseguir a própria autonomia com efetiva liberdade de ação.
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Com o claro objetivo de manter acesa a memória de uma parte importante do período da história brasileira, compreendida entre
os anos de 1964 e 1985, o Prof. Dotti começou falando sobre o momento político de véspera da ditadura no país. Explicou a tentativa de golpe para impedir a posse do Presidente Juscelino Kubitschek, eleito em 1955, o comício na Central do Brasil, em 13 de março de 1964, a revolta dos marinheiros e fuzileiros navais, também em março de 1964 e, finalmente, a declaração de vacância do cargo de Presidente da República, então ocupado por João Goulart, para que se consolidasse a assunção do poder pelos militares. O Prof. Dotti seguiu focado em não apenas comunicar aos presentes a sua experiência de vida, como, mais do que isso, oferecer detalhes concretos que permitissem aos interlocutores mais novos conhecer, ao menos de uma maneira relativamente simples e bastante sumária, a dimensão da atitude repressiva dos dirigentes da nação à época: “Os estudantes que nasceram a partir da década de 80 devem manter esse registro histórico em memória”, disse o Professor. Sendo assim, passou a enumerar, para cada um dos cinco primeiros atos institucionais do regime, as medidas respectivamente implementadas com o objetivo de preservar a ordem política, econômica e social nacionais de então. O Ato Institucional n.º 1, de 9 de abril de 1964 - começou o Prof. Dotti -, fortaleceu as atribuições institucionais do Chefe do Poder Executivo, permitindo-lhe, por exemplo, suspender direitos políticos por 10 anos e cassar mandatos legislativos federais, estaduais e municipais. O Ato Institucional n.º 2, de 27 de outubro de 1965, extinguiu os partidos políticos. O Ato Institucional n.º 3, de 5 de fevereiro de 1966, estendeu as eleições indiretas - já instituídas para o Presidente da República - a Governadores de Estado, sendo
os Prefeitos das capitais nomeados pelos respectivos Governadores. O Ato Institucional n.º 4, de 7 de dezembro de 1966, praticamente instituiu uma nova Constituição, ao fixar que o projeto de Constituição apresentado pelo Presidente da República deveria ser relatado, apreciado, discutido e votado pelo Congresso Nacional em prazos exíguos. Finalmente, o Ato Institucional n.º 5, o mais repressivo dentre os citados, extinguiu a garantia constitucional do habeas corpus, quando cometidos crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular. À exceção do Ato Institucional n.º 4, porque especificamente destinado à convocação do Congresso para apreciação do projeto de Constituição então apresentado pelo Chefe do Poder Executivo, todos os demais citados subtraíam, da apreciação judicial, determinados atos praticados com fundamento em suas normas. O Ato Institucional n.º 5, em particular, apequenou sensivelmente o - hoje fortalecido - Poder Judiciário. Isso porque referido ato extinguiu a garantia do habeas, e também suspendeu as garantias funcionais de vitaliciedade, inamovibilidade e estabilidade de magistrados (e de outros agentes políticos). Atualmente, a Constituição Federal de 1988 assegura, como direito fundamental, que qualquer lesão ou ameaça de lesão a direito seja levada à apreciação do Poder Judiciário, sendo essa garantia, em situações de normalidade institucional, insuprimível, por configurar cláusula pétrea. Pode-se afirmar
que a Constituição brasileira 88, por integrar a sua filosofia com diferentes mecanismos voltados à proteção judicial das liberdades, prevê - aproveitando as palavras do jurista italiano Mauro Cappelletti - uma autêntica jurisdição constitucional das liberdades. Finalizando, o Prof. René Dotti citou o movimento das Diretas Já, ressaltando a importância da emergência de novas lideranças na sociedade civil, como agentes de mobilização e transformação. E fez sua mensagem bastante clara aos ali presentes: “Mantenham sempre presente a consciência de nossa história para que possamos criar uma cultura de resistência. A maior resistência às violências do governo é o povo.” A criação de uma cultura de resistência vai muito além de dogmatismos e autoritarismos. Criar uma cultura envolve fazer brotar, no interior do interlocutor, o sentimento de que algo é justo e correto a partir de um esforço de convencimento. Convencimento é papel importante na prática dos juristas, que são os artistas do direito. O artista do direito - ou, jurista - é aquele que consegue expressar, dar vazão, a uma verdade subjetiva que nasce com força e que quer comunicar algo, sobrepondose, não raro, à vontade daquele que a carrega. Para encerrar, concluiu o Professor: “Gritem, se for preciso: ‘nunca mais, nunca mais.’”
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DEMÉTRIO MAGNOLI: “Há futuro? Cenários políticos na hora da Lava Jato”. RESUMO: O jornalista Demétrio Magnoli faz valer o verso de Lupicínio Rodrigues: “O pensamento parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa quando começa a pensar”. Pela capacidade intelectual e pela coragem de dizer o que pensa, Demétrio eleva a consciência e o espírito dos que o ouvem e leem. Não foi diferente na noite de 20 de agosto, quando proferiu uma palestra brilhante acerca do momento brasileiro, a convite do Graciosa Country Club pelo seu projeto Pensando o Brasil, em parceria com o UniBrasil Centro Universitário e a B’nai B’rith, instituição humanitária judaica criada há 170 anos. AUTORA: Ester Proveller – Presidente da B’nai B’rith em Curitiba.
Demétrio Magnoli é sociólogo, doutor em Geografia Humana pela USP, integra o Grupo de Análises da Conjuntura Internacional da USP (Gacint-USP). É colunista dos jornais Folha de São Paulo e O Globo, e comentarista de Política Internacional do Jornal das Dez da Globo News. Na sua palestra abordou temas que causam preocupação e perplexidade a todos os brasileiros neste momento sério e difícil de nossa história: - O ciclo econômico e político que se encerra agora. - A Operação Lava Jato e seu significado político. - A crise política atual, cenários possíveis. Segundo ele, no início deste milênio, em consequência da ascensão da China (fenômeno que não veremos acontecer de novo, foi como se um planeta com um sexto da população da Terra se integrasse à economia mundial) o mundo atravessou um longo período de queda de juros, a par da grande disponibilidade de produtos baratos. A expansão monetária, com imensa quantidade de dinheiro barato ocorreu sem pressões inflacionárias. Houve aumento acelerado de consumo, grande liquidez internacional, capitais abundantes. As instituições financeiras internacionais buscaram países com taxas de juros mais altas para aplicações; os chamados “países emergentes”, inclusive o Brasil. Investimentos no setor financeiro e produtivo geraram expansão econômica. As commodities (petróleo, alimentos, minerais) tiveram seus preços majorados significativamente, devido à grande procura. Todos os países produtores tiveram condições favoráveis, e isso gerou cerca de dez anos de prosperidade.
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O Brasil não viveu um “milagre econômico”, cresceu a taxas semelhantes as dos demais emergentes. A expansão chinesa produziu, também, a ascensão de governos nacionalistas, com tendências autoritárias e populistas. Na Rússia, o regime de Putin se estabilizou; na Turquia, o partido “Justiça e Desenvolvimento” conquistou grandes maiorias eleitorais; na Argentina (país que a cada 10 ou 15 anos se autodestrói e reconstrói) firmou-se o Kirchnerismo; o Chavismo ganhou força na Venezuela. No Brasil ascendeu o lulopetismo, que pode cumprir a mais duradoura era da nossa história republicana se Dilma chegar ao final desse seu segundo mandato, serão 16 anos, superiores aos 15 do Varguismo. O lulopetismo se define por ter se aliado ao alto empresariado brasileiro (os “super coxinhas”), concedendo-lhes financiamentos vantajosos através do BNDES. Utilizou recursos dos Fundos de Pensões de Estatais, e das próprias Estatais, proporcionando “negócios da China” aos empresários companheiros. Firmou-se uma aliança paradoxal de um partido dito de esquerda e a altíssima burguesia. Os programas de transferência de renda implantados nos governos FHC foram expandidos, criando-se o Bolsa Família, num modelo proposto anteriormente pelo Banco Mundial que Lula, então na oposição, chamou de “programa de direita” e “bolsa esmola”.
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Com programas de distribuição de renda o PT, cujo eleitorado até 2002 era constituído basicamente pela classe média, passou a ter apoio dos segmentos mais pobres e menos instruídos da população, o que se caracterizou em outros tempos como “eleitorado da Arena”.
Na aliança do PT com a elite política tradicional do país (Collor, Sarney, Renan, Maluf...) os antigos “300 picaretas” se tornaram “300 companheiros”. Lula e o PT passaram a ser vistos como protetores do sistema político tradicional. O projeto de poder do PT entrou em crise a partir da crise econômica mundial de 2008. E com a redução das taxas de crescimento da China. A crise atual foi gestada no final do segundo mandato de Lula e em todo o primeiro mandato de Dilma, quando a corrente mais à esquerda do PT se torna mais dominante e abandona-se a política econômica ortodoxa herdada de FHC. Passa-se a estimular o consumo para manter o apoio político da população, e a uma política de expansão fiscal e aumento dos investimentos das estatais. Lula não é de esquerda, tampouco de direita ou de centro, agiu assim em consonância com seu projeto político, que é “o Poder de Lula”. Dilma é de esquerda, desde os tempos de oposição à ditadura militar e militância no PDT de Leonel Brizola. Por crença ideológica e voluntarismo, fez várias “experiências” com a economia do país. Determinou por Decretos Presidenciais a baixa dos juros e das tarifas de energia elétrica, tentando controlar a inflação impôs praticamente o congelamento dos preços de combustíveis. O resultado foi um rombo imenso no setor elétrico, e a quebra da Petrobrás com prejuízos imensamente maiores do que os que foram causados pela corrupção. O déficit fiscal produzido pelas políticas de expansão fiscal e os buracos nas empresas de energia elétrica e na Petrobrás aceleraram e potencializaram muito a crise por que
passamos. O governo brasileiro mente quando diz que a desaceleração da economia brasileira é unicamente consequência do sistema internacional; existem as causas externas, mas as internas são muito mais graves. Quase imediatamente após a vitória de Dilma para o segundo mandato, o governo entra em colapso. Dilma reluta, mas é obrigada a reconhecer que o país está quebrado, e contrariamente ao que afirmou em toda a sua campanha à reeleição, tenta impor uma agenda econômica com as mesmas “maldades” que acusou seus adversários de pretenderem fazer. Na visão de uma ampla classe média, a presidente se deslegitimou pelas mentiras que contou ao país e pelos sucessivos escândalos de corrupção. Há um sentimento profundo de traição do governo, que pega a camada mais pobre da população, e explica a “debandada” da base de apoio do governo no Congresso. Lava Jato. Demétrio conta que publicou artigo na Folha de São Paulo, com título provocativo: “Sérgio Moro, Político”. O Juiz Moro é acusado pelos jornalistas palacianos (de que há dois tipos: os poucos que ainda acreditam ideologicamente no governo, e os que são movidos a “vil metal”) de fazer perseguição sistemática ao PT. Portanto seria político, com ambições políticas, as mesmas acusações que já foram feitas ao Ministro Joaquim Barbosa. Trata-se de difamação, os atos de Sérgio Moro são bem embasados e seguem os ritos cabíveis, e foram confirmados em 99% pelos Tribunais Superiores, inclusive o STF. Não se trata de
um juiz que decidiu perseguir partidos políticos e pessoas com objetivos inconfessáveis, sem prestar contas à hierarquia do Poder Judiciário. Mas todos os “atores” da Lava Jato, juiz, promotores, delegados, tem plena consciência de estarem inscritos em arena política e midiática. As ordens de prisão emitidas, as declarações dos promotores, os próprios nomes que a Polícia Federal dá às etapas da operação, definem um ideal de representação democrática. A esfera pública, idealmente, se divide em dois domínios: a política participativa formada por representantes eleitos pelo povo; e a administração pública, constituída por funcionários públicos profissionais, não partidários. Evidentemente, trata-se de um ideal utópico, não há país no mundo que consiga isto em plenitude, no nosso infelizmente estamos muito longe. A novidade do lulopetismo não é a continuação da tradição patrimonialista que contamina a esfera pública desde o Descobrimento, e sim no fato de que ao patrimonialismo tradicional se soma algo que tem a ver com a tradição comunista (e nem Lula nem o PT jamais foram comunistas, nem socialistas), o desprezo pela “República Burguesa” com sua separação entre governo e Estado. No entender dos petistas o Estado deve ser ocupado e servir ao partido, e a isso se soma a tradição patrimonialista. Ministérios foram entregues “de porteira fachada” a partidos aliados, Secretarias Especiais com status de Ministério foram criadas e entregues a movimentos sociais. As diretorias das estatais passaram a ser unicamente ocupadas por indicações partidárias, e aos partidos “patronos” devem servir. Isso constitui grave ameaça potencial a 75 75
todas as instituições do Estado, que temem perder suas prerrogativas constitucionais e autonomia. E os juizados, Ministério Público, Polícia Federal, passam a utilizar a autonomia que a Constituição lhes dá. E nisso a Operação Lava Jato é política. Não são atos corriqueiros, no momento em que o Brasil foi tão longe na degeneração da República Democrática, essas instituições se insurgem, em grande parte para garantir sua própria sobrevivência. O risco é acharmos que o país poderá ser salvo por um juiz, ainda que necessário. Na democracia representativa, quem salva são representantes eleitos pelo povo. Não há salvação fora do voto, fora da política. Sobre os cenários políticos atuais, comenta que há dúvidas de para onde vamos, ele em particular não faz a menor ideia; conhece algo do passado, e “no Brasil até o passado é incerto”; o futuro cabe a tarólogos e cartomantes. Então, tenta traçar alguns cenários: A quebra da legitimidade do governo se associa a motivos jurídicos piores e melhores, e o que permitiria o impedimento da presidente seriam principalmente dois: - As “pedaladas fiscais”, em minha opinião o pior e bastante oportunista. - A impugnação da chapa de Dilma pelo TSE, por contaminação das contas de campanha por dinheiro desviado da Petrobrás.
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Caminhos jurídicos que se abrem para o impedimento de um governo que perdeu a legitimidade, a popularidade e a capacidade de governar: 1º Cenário: Porta Temer. Abre-se com muita facilidade, basta que o TCU impugne as pedaladas fiscais e o Congresso confirme a sentença. Seria necessário um acordo entre o PMDB e o PSDB e algum outro partido. Contra essa ideia estão as disputas de poder entre os partidos, e o fato de que os políticos dificilmente apoiariam Temer, não eleito, fazendo três anos e meio de “mal” necessário e que Dilma sequer começou a fazer. 2º Cenário: Porta Aécio. Se o TSE confirmar que a campanha de Dilma teve recursos desviados da Petrobrás e impugnar a chapa Dilma-Temer. Como não se chegou ao meio do mandato haveria novas eleições. Porém se Dilma apelasse da impugnação ao STF a ação paralisaria o país por quase um ano e meio, com consequências desastrosas. Há uma hipótese que vem sendo sonhada à esquerda, a formação de uma Frente Populista, dando apoio a Dilma para voltar à expansão fiscal, incentivar crédito fácil e consumo. Ressuscitar o discurso “povo contra elite”. É absurdo demais para ser verdade. A sensação de termos ouvido um grande analista da situação brasileira atual justificou o título “Pensando o Brasil”, escolhido pelo UniBrasil e o Graciosa Country Clube para o evento.
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ENTRE O COLUNISTA E O FILÓSOFO, encontramos Luiz Felipe Pondé RESUMO: Luiz Felipe Pondé, escritor e ensaísta, doutor pela USP com pós-doutorado pela Universidade de Tel Aviv, professor da PUC-SP e FAAP, filósofo, colunista imperdível da Folha de São Paulo. É autor de “A Era do Ressentimento”, “Guia politicamente incorreto da Filosofia”, “Contra um mundo melhor – Ensaios do afeto”, “Os Dez Mandamentos (+ Um)”, “Guia Politicamente Incorreto do Sexo”, e falou sobre “As Tensões da Democracia” em atividade conjunta UniBrasil – Graciosa Country Clube, mostrando que continua polêmico, divertido e exímio observador da realidade brasileira. AUTORA: Carla Regina Françoia Professora Pesquisadora do UniBrasil Centro Universitário e professora de Psicologia e Medicina da Pontifícia Universidade Católica - PUCPR.
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Como colunista, ele é ácido e imperdoável, examina a vida a olho nu. Já na segunda-feira nos apresenta sua versão de algum fato com uma capacidade impressionante de verdades que tentamos não ver. Ele nos desvenda a vida mesmo que não queiramos. Pondé cutuca nossa cegueira com suas palavras em brasa. Não escreve os temas como um lamento, mas dita verdades que nos deixa no avesso. Mas, que apesar das aparências bastante difíceis, são fundamentais. Tira o artifício da anedota o que não deixa menos instigante sua leitura. O que não quer dizer que abra mão do deboche. Deixou a medicina para isso. Como professor seus alunos dizem que é muito generoso. Orienta, dirige e os conduz pelo árduo percurso do conhecimento que constantemente nos frustra e que quanto mais estamos perto dele, ele nos escapa. Dizem seus alunos, que depois se transformam em seus adeptos, que ele oferece a cor do saber e indica um caminho, fazer o percurso é de cada um. Seus alunos o fazem. Uma das razões é porque Pondé confessa livremente que é a sala de aula que lhe dá prazer, ele é professor por acreditar na docência, ao acreditar na docência apaixona seu interlocutor. Não nos deixa sem resposta, mesmo que não as saiba, nos encaminha para algum lugar, é o professor que não liberta o homem ou o homem que se transformou no professor. Há mais. Sempre é chamado para dar conferências, queremos saber o que ele tem a dizer. Nelas sempre começa a dizer assim: “eu acho que” ou “a minha ideia é”. Nos dá, logo de cara, o indicativo de que falará por ele mesmo, o filósofo que usa dos argumento céticos para ler a realidade. O tom da sua voz é leve e sua fala não é rebuscada e incompreensível que reduz o mundo a pequenas coisas, nos eleva a verdades difíceis sobre ele, sobre a política, sobre os homens, as mulheres entre outros temas. Não acredita em um sentido da história. A visão ingênua de uma vida que deve ser vivida para daí se ter as respostas do universo, é bobagem. Não me parece ter a crença de um mundo melhor, no progresso da humanidade. Um pouco trágico, mas nada dramático, isso não combina com sua personalidade subversiva. Não importa que seja assim, nada disso limita o alcance do seu olhar.
Do “Politicamente Incorreto da Filosofia” ao Politicamente Incorreto do sexo” massacra o politicamente correto como, por exemplo, ao falar das mulheres, elas que não precisam ser honestas, precisam parecer ser. É um apreciador e desnuda o recato extremo ao falar delas; não as vê com olhos famintos de desejo, mas com olhos que veem os contornos da subjetividade feminina: das chatas e feias às bonitas e invejáveis. Num raio x cruel denuncia que nada pior do que uma mulher linda e inteligente e se for simpática, pior ainda. Confessou que escreveu um livro para suas leitoras, tinha uma dívida com elas. Confessou algo interessante na sua última vinda a Curitiba: enquanto os homens discutem ideias, as mulheres contam histórias, por isso seu último livro escreveu para elas. Em uma outra vez, assistindo uma fala dele, fiquei emocionada. Perguntaram a ele o que gostaria de fazer hoje, obviamente querendo saber sobre política talvez. Sua resposta foi forte: “Ficar mais com meus filhos”. Eis que em torno de todas as polêmicas nas quais ele está inserido, surge o homem sensível, Luiz
Felipe. Depois do colunista, do palestrante, do professor, o amigo desponta para fazer parte da nossa vida. Nas rodas de conversa ele é livre dos seus personagens. Longe das controversas teóricas é gentil e extremamente generoso, sua simpatia é deliciosa e necessária para nos livrar do peso da vida. Sua gargalhada, nos mostra que vida também é leve e nos deixa ávidos de interesse pelas suas histórias, suas conquistas e seus impasses. Nos jantares com evidente vigor devora a sua comida com gosto e jeito de quem aprecia e muito aquilo, e como muita gente, aprecia um bom vinho e o toma com gozo. Depois vem o robusto charuto, não abre mão deste nefando hábito dos dias de hoje. Sempre vem a Curitiba. Encontramo-nos com ele para, pelo menos, termos poucas horas do prazer da sua companhia. Eu, sua amiga e admiradora, sempre vou encontra-lo e poder ter com ele estes pequenos prazeres que a vida e sua companhia nos dá. Quando vai embora, sempre faço a mesma pergunta: “Quando você volta?” e o melhor é que na sua resposta sempre já tem uma outra data marcada. 79 79
CULTURA UNIBRASIL O incentivo à cultura é marca do UniBrasil Centro Universitário. As experiências compartilhadas pela vivência cultural enriquecem o conhecimento, ampliam os horizontes e fortalecem o pensamento crítico. Projetos como o Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil e diversas parcerias no âmbito cultural, desenvolvidos dentro e fora da comunidade UniBrasil, promovem o diálogo necessário à formação ética e cidadã.
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Uma das artes mais valorizadas pelos brasileiros, e na qual estamos entre os melhores do mundo, a música é a verdadeira linguagem da alma. Nas salas de concerto, rodas de samba e quintais do chorinho, encontramos na música a nossa expressão cultural por excelência. Ao lado das ciências, tecnologia e do conhecimento literário, é inegável a influência da música na construção de nossa identidade social, todas as formas artísticas permitem ao ser humano transcender seu dia a dia, facilitam o autoconhecimento e favorecem o relacionamento entre as pessoas. Ao propor o projeto Acordes, o UniBrasil Centro Universitário oferece complementação cultural ao mesmo tempo em que propicia um encontro informal entre estudantes, professores e funcionários, vale a pena chegar mais cedo na instituição nos dias de espetáculo.
BANDA 7MO No dia 12 de maio, a partir das 18 horas, a banda curitibana de rock gospel 7MO se apresentou no UniBrasil. O grupo é composto por Jack Ribeiro (vocal), Mateus Reis (teclado), Luca Reis (bateria), Jairo Rodrigues (baixo), Befe (guitarra) e André Felipe (guitarra). O som é recheado de riffs pesados e tem uma sonoridade bastante peculiar; em suas letras, a banda reproduz um pouco da ideologia cristã, que faz parte de seu gênero musical. Para os músicos da 7MO, participar do UniBrasil Acordes “É uma honra e um privilégio, é um público bastante diferente e, ao mesmo tempo, acolhedor. É muito legal proporcionar um momento como esse de descontração e cultura para os alunos”. Já para o vocalista, Jack Ribeiro, levar o som da banda para o campus do UniBrasil é uma oportunidade de mostrar o trabalho da banda para os acadêmicos. “Eu acho muito bacana a ideia do UniBrasil de divulgar o trabalho de 82
bandas locais, isso é sensacional. Aqui passam milhares de alunos todos os dias, hoje estamos tendo a chance de mostrar o nosso trabalho, independente da aceitação, é uma oportunidade dos alunos conhecerem o nosso som e a nossa ideologia. Pra gente isso proporciona uma visibilidade muito bacana”, afirmou. Camile Kogus, estudante do 7° período do curso de Jornalismo, destaca: “Eu acho esse projeto bem bacana porque mostra a preocupação do UniBrasil de divulgar uma cultura para todos, não é um espaço fechado, é um espaço aberto para divulgar cultura e o trabalho dos artistas. Isso demonstra a preocupação do UniBrasil não só com o ensino de qualidade, mas também de oferecer outras perspectivas aos alunos”.
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TEATRO UNIVERSITÁRIO Todo humano tem em si a mais bela potencialidade, incapaz de ser evitada: o pensamento. A Arte é um de seus reflexos. O Teatro surge como uma das opções para a manifestação do “eu”, no qual é possível ainda que com um pouco de esforço, viver outra vida, experimentar, manifestar ideais ou desejos. No Teatro Universitário ainda se configuram duas outras oportunidades: tal manifestação vem aliada a um excelente complemento pedagógico, quando estudantes recebem esta possibilidade em um período impar de suas vidas. O ambiente teatral para o estudante universitário predispõe a aplicação de ideias, desenvolve a capacidade de comunicação e interatividade com temas por certo complexos. Então surge a sempre interessante possibilidade de troca de informações, de interação com diferentes visões, ainda que dentro de uma mesma instituição: interdisciplinariedade bem como transdiciplinariedade, ou seja, se extrapolam barreiras que, em outras situações, poderiam permanecer estanques. Nos grupos de teatro universitário, de modo geral, encontra-se um objetivo claro: extrapolar, em um sentido positivo do termo, limites supostamente pré-estabelecidos. Incitar o estudante a abordar temas sociais, históricos, literários e ainda diferentes vertentes teatrais. Isso evidentemente não se trata de tarefa facilmente executada. E é aqui que reside o segredo. Não que o curso superior não o faça. Acontece que a Arte, quando bem aplicada tem a chance de estimular esta quebra, ampliando ainda mais a visão crítica do meio. Belo complemento pedagógico, portanto. Outro fato curiosamente constatado: não costuma ser 84
objetivo do teatro universitário formar atores profissionais. Mas o que dizer da surpresa, para os profissionais voluntários dos grupos, após alguns anos de convivência, ter o prazer de ver aqueles garotos que iniciaram com um misto de curiosidade e timidez, se descobrirem atores e atrizes profissionais? (novamente extrapolamse limites. Perdão, este é um hábito do Teatro). O Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil, assim mesmo, com ponto de exclamação, surgiu por iniciativa do saudoso professor Victor Folquenig, sendo atualmente há oito anos finamente capitaneado pelo diretor Alex Wolf, sempre empenhado em extrair de seus atores – estudantes o potencial que cada um deles pode dar e superar (ainda que os mesmos não saibam disso, de início) no processo de criação e participação do espetáculo. Por certo mais de uma centena de pessoas já beberam desta fonte, explorando os mais diversos espaços cênicos de Curitiba e região. Alguns fizeram sua estreia até mesmo no Festival de Teatro de Curitiba, o qual reúne grupos do Brasil inteiro e alguns do exterior. Na última edição brindou o público com um espaço cênico exclusivamente voltado ao teatro universitário, em um feliz encontro com outras instituições de ensino superior. Para direcionar adequadamente um espaço para todos os interessados, distribui-se para tanto, em vertentes. O Grutun! Comunidade é vertente que aborda o teatro infantil e também pedagógico, levando a criação teatral para a rua, espaços escolares e inclusive a plateias que não possuem o hábito de frequentar o teatro. Aqui se estabelece o vínculo com as futuras gerações de espectadores, ao passo que se constitui em excelente via
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de acesso para os estudantes universitários a fazer seu primeiro contato com as técnicas teatrais. Exemplos aqui são as encenações dos textos “Vai e vem do Bem” junto ao Detran – PR, e “A Tempestade”, de William Shakespeare, na tradução da professora Liana Leão da Universidade Federal do Paraná. O Grutun! Literatura representa um passo a mais no amadurecimento do grupo. Aborda obras de leitura obrigatória para os mais importantes vestibulares, tendo como exemplos encenações de “Romanceiro da Inconfidência”, de Cecília Meirelles, “O Inglês Maquinista”, de Martins Pena, “Lucíola”, de José de Alencar e “Fogo Morto”, de José Lins do Rego. Geralmente os maiores elencos se concentram nesta vertente, devido à necessidade de muitas personagens. Diversão garantida. O Grutun! Pesquisa é a vertente profissional do grupo. Que fique bem claro: aberto aos estudantes universitários também, o grupo de pesquisa mescla alunos a profissionais convidados. Aqui a técnica teatral é esmiuçada, desenvolvida e está sempre à procura de linguagem própria. Deste encontro mais do que salutar já saíram obras como “Linha Vermelha”, um diálogo com a literatura russa do século XIX, “Projeto Uno”, monólogos compostos a partir de textos clássicos da literatura dramática universal, “A Sopa”, texto de Silvia Monteiro, composto nas oficinas de dramaturgia do SESI – Teatro Guaíra e “O Tempo e o Lugar”, do dramaturgo alemão Botho Strauss. Atualmente o grupo de pesquisa se debruça sobre “As Alegres Comadres de Windsor”, mais um desafio shakespeariano. E o que dizer das Óperas? Trabalho em parceria do UniBrasil com a Escola de Música e Belas Artes – UNESPAR, já levou aos palcos trechos de obras 86
de Giacomo Puccini, Pietro Mascani e Mozart. Capítulo a parte também foi a realização do musical “A Revolução das Mulheres”, a partir de adaptação do texto clássico de Aristófanes, com músicas de autoria de Rita Lee. O Grutun! também já vivenciou grandes encontros. Ariano Suassuna deixou marca inapagável. A declamação de poemas para o poeta que o diga. Houve encenações de esquetes de textos curtos de Edla Van Stein para a escritora, que demonstrou ser pessoa carinhosa e gentil para com os estudantes. Houve a montagem de Péricles, de William Shakespeare, na tradução do professor José Roberto O’Shea, o qual assistiu esquetes iniciais da montagem da obra que ele traduziu. Marcante e inesquecível foi também o encontro com a erudição, simplicidade e simpatia do imortal da Academia Brasileira de Letras, Marco Lucchesi, o qual agradeceu e elogiou a declamação de alguns de seus poemas. Deixou fãs no grupo, sem dúvida. A Arte surpreende. O Teatro Universitário também. Seja na manifestação do sublime das óperas, no carisma das personagens infantis ou seja no grotesco das personagens cômicas ou violentas. E com a devida licença poética para o trocadilho com o nome da revista, Teatro Universitário é Arte, e Arte é Expressão. AUTOR: Marco Koller - Ator profissional, bacharel em Artes Cênicas pela Faculdade de Artes do Paraná FAP-UNESPAR.
Lobos nas Paredes da Vigor Mortis – Lei de Incentivo à cultura O UniBrasil Centro Universitário, dando continuidade à sua política de incentivo à cultura, no ano de 2015, apoiou a realização do espetáculo teatral “Lobo nas Paredes”, da Cia Vigor Mortis. Esse patrocínio foi viabilizado a partir da Lei de Incentivo à Cultura – Mecenato Subsidiado, administrada pela Fundação Cultural de Curitiba.
todas as idades. Os lobos nas paredes podem representar opressão, exílio, violência… cada pessoa da plateia pode escolher o seu próprio medo. Nossos medos existem quando damos ouvido a eles e o que precisamos fazer é enfrentá-los. De forma inteligente, o texto voltado para o público infantil, acaba agradando aos mais diferentes públicos.
A peça tem adaptação e direção de Paulo Biscaia Filho e é baseada na obra de Neil Gaiman, que nos mostra uma metáfora do horror para
O espetáculo foi apresentado em uma temporada durante o mês de julho no Teatro Guaíra.
foto Marco Novack
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Parceria com a Regional Boa Vista - Vai e Vem do Bem e Vampirilda – uma escola de horrores Como forma de dar acesso à cultura, o Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil e a Regional do Boa Vista, por intermédio de uma ação da Fundação Cultural de Curitiba em parceria com a COHAB, apresentou os espetáculos “Vampirilda – uma escola de horrores” e “Vai e Vem do Bem” nos conjuntos habitacionais Aroeira, Imbuia e Pinheiros. Os moradores desses conjuntos antes viviam em áreas de risco e habitavam ocupações irregulares. Através de programas
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administrados pelos órgãos públicos, esses cidadãos podem adquirir imóveis a partir de um sorteio e pagando parcelas muito inferiores aos valores de mercado. Os residenciais Aroeira e Imbuia, por exemplo, somados totalizam mil unidades habitacionais, entre casas, sobrados e apartamentos com área de estacionamento e salão de festas com churrasqueira, utilizado como espaço de convívio pelos moradores. E foi lá que o Grutun! se apresentou levando alegria e cultura às crianças dos conjuntos habitacionais.
Vai e vem do Bem e a Semana Nacional do Trânsito – Detran/PR A Semana Nacional do Trânsito é comemorada todos os anos entre os dias 18 e 25 do mês de setembro e tem o objetivo de promover a educação e a conscientização no trânsito. Nas comemorações deste ano o Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil participou de ações realizadas pelo Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) em parceria com o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran - PR). O grupo apresentou a peça “Vai e Vem do Bem”, na Praça Rui Barbosa, no centro de Curitiba. As pessoas
que passavam pela praça, além de assistirem a peça eram orientadas sobre as boas práticas no trânsito. Durante a semana, o UniBrasil Centro Universitário recebeu uma ação do Departamento de Trânsito do Paraná (DetranPR). Com o tema “Seja você a mudança no trânsito”, as atividades alertaram para comportamentos que colocam em risco a vida de motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres.
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VI Mostra de Responsabilidade Social da Escola Particular - SINEPE A VI Mostra de Responsabilidade Social da Escola Particular, no Pequeno Cotolengo, contou com a participação do UniBrasil Centro Universitário. O evento foi realizado pelo Sindicato das Escolas Particulares – SINEPE PR, com o apoio do Instituto GRPCom, e oportunizou que instituições de ensino particulares associadas ao Sindicato, associações e ONGs apresentassem seus trabalhos de responsabilidade social e ambiental, junto ao tradicional churrasco do Pequeno Cotolengo.
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O Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil levou ao evento a peça “Vampirilda – uma escola de horrores”, parte do projeto Grutun! Comunidade que leva espetáculos teatrais gratuitos a escolas de ensino fundamental da região metropolitana de Curitiba. A apresentação na Mostra de Responsabilidade Social visa auxiliar na captação de recursos para o Pequeno Cotolengo, entidade referência no Paraná em acolhimento, saúde, educação e qualidade de vida para pessoas com deficiências múltiplas, abandonadas pelas famílias ou em situação de risco.
Vampirilda – uma escola de horrores no VII Congresso Brasileiro sobre Síndrome de Down O Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil participou do VII Congresso Brasileiro sobre Síndrome de Down. O Congresso contemplou uma grande diversidade de temas para debates, reunindo os múltiplos aspectos que instrumentalizam as pessoas com Síndrome de Down, seus familiares e profissionais a exercitarem a prática inclusiva como forma de conquistar a desejada cidadania para esse grupo de indivíduos. A realização deste evento possibilitou o surgimento de novos campos de pesquisa e desenvolvimento na área, o que repercute
na atualização de novas técnicas de terapias disponíveis, na busca de melhores alternativas para o desenvolvimento de crianças e adolescentes e, consequentemente, em uma melhor qualidade de vida. A apresentação da peça “Vampirilda – uma escola de horrores” trouxe para o momento cultural do evento o tema da aceitação social e inclusão de uma forma divertida e alegre. Os atores-estudantes puderam também interagir em outras atividades do congresso colaborando com a organização do evento.
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Fundação Cultural em Cartaz – Mais de 40 Anos de História Com a atividade idealizada para homenagear os 40 anos de atividades culturais realizadas pela Fundação Cultural de Curitiba e seus funcionários, os alunos e professores do UniBrasil Centro Universitário tiveram a oportunidade de conhecer um pouco da história da Fundação Cultural de Curitiba, a partir da exposição Fundação Cultural em Cartaz – Mais de 40 Anos de História, organizada pela jornalista Josina Melo. Inaugurada em junho de 2014, a mostra já foi exibida em diversos
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locais no centro da cidade de Curitiba e nas suas regionais. Esta foi a primeira vez que esse material chegou à comunidade acadêmica. .A partir do acervo do Museu do Cartaz há o resgate do passado cultural da cidade de Curitiba. Essa atividade cultural foi possível a partir do convênio entre o UniBrasil Centro Universitário e a Fundação Cultural de Curitiba, através da Regional Boa Vista.
Grutun! na Corrente Cultural As peças “Vampirilda – uma escola de horrores” e “Vai e Vem do Bem” fizeram parte do projeto Corrente Cultural promovido pela Fundação Cultural de Curitiba. As apresentações aconteceram no Residencial Pinheiros, no bairro Santa Cândida, numa parceria entre a Regional Boa Vista e o UniBrasil Centro Universitário. A Corrente Cultural foi criada em 2009 e é fruto da união de instituições públicas e privadas, artistas e produtores culturais, em torno de um mesmo objetivo: valorizar e promover a
diversidade cultural em Curitiba. Durante uma semana, em novembro, o centro e os bairros são tomados por uma intensa programação artística que culmina com a Virada Cultural. Essa é a segunda participação do Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil nesse evento e, desta vez, levou duas peças de seu repertório para as crianças de um dos mais novos conjuntos habitacionais administrados pela Cohab, Companhia de Habitação Popular de Curitiba.
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Dia Internacional em homenagem as vítimas de acidentes de trânsito Os números cada vez maiores de mortes em consequência da violência no trânsito motivaram a ONU (Organização das Nações Unidas), em 2005, a estabelecer o dia 15 do mês de novembro como o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Trânsito. O dia se caracteriza pela reflexão pública e um ato de reconhecimento da sociedade, assim como um alerta para enfatizar a necessidade de intensificar os esforços para controlar este importante problema de saúde e ao desenvolvimento de apoio às vítimas.
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O Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil comemorou esse dia com uma apresentação no Parque Barigui da peça “Vai e Vem do Bem”, que trata sobre a educação para o trânsito, junto aos familiares e amigos de vítimas de trânsito. A apresentação também foi realizada em memória do professor e jornalista Victor Folquening, fundador do grupo, que faleceu em um atropelamento no ano de 2012.
Concerto de natal AFECE A AFECE - Associação Franciscana de Educação ao Cidadão Especial e o UniBrasil Centro Universitário realizaram, nos últimos dias de novembro na Capela Santa Maria, o Concerto de Natal AFECE UniBrasil que esse ano chegou à sua segunda edição. A noite musical teve como ingresso vários brinquedos, doados por empresas e pelo público presente para serem entregues como presentes para as 225 crianças carentes que são atendidas pela Associação.
O Concerto teve por repertório música popular brasileira e internacional e principalmente as canções natalinas. Os grupos participantes deste ano foram o Coral da FAP/UNESPAR, o Coral da OAB, O Coral da FAE, o Collegium Cantorum e a apresentação do pianista Rogério Hultmann Filho.
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Vampirilda – uma escola de horrores – uma escola de horrores no Hospital das Clínicas No mês de dezembro de 2015 foi realizado o 4º Encontro Nacional de Pacientes e Familiares de Anemia de Fanconi, e o Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil foi convidado para participar do evento. O grupo apresentou a peça “Vampirilda - uma escola de horrores” para as crianças e seus familiares, com o intuito de divertir e alegrar esse momento de encontro. O Hospital de Clínicas da UFPR (Universidade Federal do Paraná) em 1979 iniciou o trabalho com transplantes de medula óssea (TMO) e
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hoje é uma referência internacional nessa prática, realizando este encontro anual para orientações sobre a manutenção da saúde de jovens e crianças que tenham passado por este procedimento. A Anemia de Fanconi é uma doença genética que afeta crianças e adultos de todos os grupos étnicos. A doença foi estudada e nomeada pelo pediatra suíço Guido Fanconi que originalmente descreveu esta desordem; geralmente diagnosticada quando a criança completa 6 anos de idade, sendo que esta não nasce com nenhuma deficiência visível.
Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil Grutun! Repertório Festival de Teatro de Curitiba 2015 – Mostra de Teatro Universitário Grutun! O Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil mais uma vez participou do maior evento de teatro do Brasil: o Festival de Teatro de Curitiba. Este é o 6º ano consecutivo que o grupo participa do festival. Nessa edição, o Grutun! foi responsável por uma das mostras inseridas no Fringe levando ao palco sete peças dentro do TEUNI – Teatro Experimental da UFPR. A Mostra reuniu vários grupos universitários de instituições como UTFPR, UFPR, FURB e UNESPAR e uma média
de 3.000 pessoas de público que prestigiou os espetáculos. Dentro das comemorações dos 15 anos do UniBrasil, o Grutun! estreou no Festival deste ano as peças Revolução das Mulheres, Vampirilda – uma escola de horrores e O Tempo e o Quarto. Além dessas, Lucíola, “La Bohème”, “Vai e Vem do Bem” e Era uma Vez também compuseram a programação grutûnica do evento.
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10º Fetaepi – Festival de Teatro Amador Estudantil de Pinhais , 3º Festival de Teatro de Pontal do Paraná e 6º Festival de Teatro de Paranaguá O Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil foi selecionado e participou de três festivais entre os meses de outubro e novembro deste ano. As apresentações aconteceram no 10° Festival de Teatro Amador Estudantil de Pinhais (Fetaepi), no Centro Cultural Wanda dos Santos Mallmann na cidade de Pinhais, no 3º Festival de Teatro de Pontal do Paraná, no balneário de Praia de Leste e também, no 6° Festival de Teatro de Paranaguá (Festipar) no Teatro Municipal Raquel Costa na cidade de Paranaguá.
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O grupo levou aos festivais o musical Revolução das Mulheres, musical que é uma adaptação do texto de Aristófanes embalado pelas músicas de Rita Lee. A crítica política, as questões de gênero, os defeitos da personalidade dos homens e mulheres, entre outros assuntos são abordados de forma divertida e intercalados por números musicais.
Dia da Criança UniBrasil
Uma programação especial para os pequenos foi idealizada para o Dia das Crianças, evento coordenado pelo Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil em parceira com os cursos de Pedagogia, Educação Física e Enfermagem. A recepção ficou por conta do Grutun! e dos alunos de Enfermagem e Pedagogia que, fantasiados, acolheram os visitantes. O curso de Pedagogia trabalhou a partir de apresentações, que foram do teatro de sombras até as brincadeiras de rodas, com o tema do preconceito, como ir à sala de aula e ensinar as crianças a não serem preconceituosas e intolerantes. Durante todo o evento, as
crianças foram acompanhadas pelos alunos de Enfermagem, sempre prontos para atender possíveis ocorrências que necessitassem de primeiros socorros. O curso de Educação Física trouxe para o dia das crianças diversas atividades que entretiveram a todos nos intervalos dos espetáculos. O Grutun! apresentou a peça “Vai e Vem do Bem”, que tem o objetivo de conscientizar a população de que a educação e paz no trânsito são resultados de uma ação conjunta e, Vampirilda – uma escola de horrores – uma escola de horrores, peça que traz o dilema de uma pequena vampira, que tem medo de sangue, e a história de seus colegas de
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Grutun! lITERATURA Lucíola de José de Alencar e Fogo Morto de José Lins do Rego O romance Lucíola, escrito por José de Alencar em 1862, vem durante anos sendo indicado para os vestibulares das mais importantes instituições do país. Por conta disso, foi adaptado e encenado pelo Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil. O espetáculo conta a história da personagem Lucíola, e se enquadra nos chamados romances urbanos do autor, com o cotidiano e costumes de uma sociedade burguesa relatados, e ênfase nas mazelas e virtudes da personagem, espécie de Dama das Camélias brasileira. Esta, para salvar seus familiares empobrecidos torna-se prostituta, e é expulsa de casa pelo próprio pai, passando a viver da exploração de seus ricos amantes, pelos quais manifestava claro desprezo. Ao conhecer Paulo da Silva, apaixona-se e deixa que o afeto sincero abale a forma de vida que levava até então.
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O espetáculo teve apresentações lotadas durante o Festival de Curitiba e em seguida fez uma curta temporada no miniauditório do Teatro Guaíra. Os estudantes de diversas escolas de ensino médio puderam assistir as apresentações gratuitamente e discutir o enredo, e também o período histórico literário que originou o romance. Antes de Lucíola, o Grutun! já havia encenado diversas obras indicadas para os vestibulares como: em 2011, São Bernardo baseado na obra de Graciliano Ramos, em 2012, Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meirelles, e em 2014, Os Dois e “O Inglês Maquinista”, de Martins Pena . Os espetáculos fazem parte do projeto chamado Grutun! Literatura, que consiste na apresentação de trechos da literatura brasileira, com um pequeno debate ao final sobre a obra apresentada.
Grutun! Pesquisa O tempo e o lugar, de Botho Strauss Durante o Festival de Teatro de Curitiba, o Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil estreou a peça “O Tempo e o Lugar”, traduzida e adaptada da obra do autor alemão Botho Strauss. O espetáculo foi realizado no Teatro Experimental da UFPR (Teuni) e em seguida teve curta temporada no Teatro Cleon Jacques, em parceria com a Fundação Cultural de Curitiba. Contou também com o apoio cultural do Instituto Goethe, e recebeu autorização de montagem diretamente do autor na Alemanha.
Em “O Tempo e o Lugar”, o público é convidado a entrar no sonho da personagem Marie, vislumbrar seus delírios e descobrir os amantes e as histórias amargas da sua vida. O espetáculo faz parte do projeto Grutun! Pesquisa, que busca uma poética própria para o grupo de atores profissionais que integram o grupo de teatro do UniBrasil Centro Universitário.
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Grutun! Comunidade Vampirilda – uma escola de horrores e Vai e Vem do Bem O projeto Grutun! Comunidade leva peças teatrais às crianças de escolas públicas na periferia de Curitiba e Região Metropolitana. Este ano o grupo encenou a peça infantil Vampirilda – uma escola de horrores, que foi apresentada pela primeira vez no Festival de Teatro de Curitiba. A encenação conta a história de uma pequena vampira que gosta de skate e rock, mas tem muito medo de sangue. Junto com as colegas: uma Frankenstein, uma múmia e uma bruxa, ela precisa vencer o medo e driblar a prova final de magia. O texto aborda temas como a autoaceitação e fala da importância da amizade.
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Além desse texto, o Grutun! Grupo de Teatro UniBrasil deu continuidade ao projeto “Vai e Vem do Bem” em parceria com o DETRAN PR, tendo como objetivo a educação para o trânsito. O espetáculo é voltado para o público infantil, entretanto alcança o público adulto por intermédio das crianças, que educadas para o trânsito são altamente influenciadoras dos seus pais. A peça foi apresentada durante o Festival de Teatro de Curitiba e posteriormente em escolas e eventos ligados à educação para o trânsito.
Grutun! Highlights Opera La Bohème O espetáculo La Bohème foi apresentado no Teatro Experimental da UFPR (Teuni), dentro da programação da Mostra de Teatro Universitário Grutun! do Festival de Teatro de Curitiba. La Bohème é uma famosa ópera do italiano Giacomo Puccini, encenada pela primeira vez no ano de 1896 tendo como tema a decadência da boemia parisiense daquele período. Na versão adaptada pelo diretor Alex Wolf, a peça se concentra em um sótão e no encontro de quatro amigos artistas, incluindo Rodolfo e Mimi, que tem as vidas entrelaçadas pelo amor e pela arte. No espetáculo adaptado, os diálogos são interpretados em português, enquanto os momentos musicais, a ópera em si, são
cantados na língua italiana. Este formato visa aproximar o gênero musical, geralmente visto como elitista, do público, permitindo uma maior popularização da ópera. A peça mostra que assistir a uma ópera não se restringe à elite ou para quem sabe italiano, que é possível prestigiar uma ópera. O sucesso dessas apresentações durante o Festival mostrou um público cativo e que vem crescendo cada vez mais na cidade de Curitiba. Durante o mês de novembro aconteceu o I Festival de Ópera de Curitiba e La Bohème foi convidada a se apresentar novamente, agora no Teatro Guaira, como parte da programação oficial do evento.
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