MANZO

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MANZO NGUNZO KAIANGO


UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ARQUITETURA E URBANISMO MAIO DE 2015 larissa guimar達es. larissa oliveira marllon morais. wallace moreira


“Eu queria muito que as nossas religiões de matriz africana tivessem mais valor, e que nosso povo fosse mais unido, sem medo, sem rancor. E que tivesse coragem. Por que hoje nós vivemos num pais livre, com a sociedade e os Nkisis do nosso lado e ao nosso favor. Nós não precisamos mais de ter medo do mundo, de ter medo do povo, e de correr e esconder atrás das muralhas e atrás das árvores. É isso que eu queria. E que nós hoje temos muito aonde aprender, e as pessoas estão hoje muito a nosso favor. E nós precisamos disso. Ser livresw, é isso que eu quero pedir. E ser respeitado”. entrevista com mãe efigenia em janeiro de 2015




Fundada na década de 70, no bairro Santa Efigênia em Belo Horizonte, a antiga casa de Umbanda denominada “Terreiro de pai Benedito”, depois transformada em Terreiro de Candomblé de Angola e atualmente registrada como Associação Cultural de Culto Afro Religioso Manzo Ngunzu Kaiango é uma comunidade quilombola que busca o resgate e a preservação da cultura afro brasileira. Para isso, fundaram o Kizomba, projeto social sem fins lucrativos nem ajuda governamental, que com apoio de voluntários envolvem jovens e crianças da região para a realização de atividades como cânticos africanos e capoeira. Situado num terreno onde moram nove famílias, todos com ligação familiar ou religiosa, o terreiro foi decretado como área de risco em 2011, pela Defesa Civil de Belo Horizonte. A fim de solucionar o

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problema, a PBH ordenou a evasão do terreno e posteriormente realizou uma reforma no mesmo desconsiderando a opinião dos moradores e toda a questão espacial tão importante para a religião. Cômodos importantes do terreiro foram destruídos, o que torna impossível a volta integral das atividades no local. Cientes da importância espacial e da influência não somente financeira, mas social, cultural e religiosa na formação do espaço, propusemos-nos a criação deste jogo, e esperamos levar conhecimento às pessoas sobre as tradições do candomblé, na tentativa de mostrar sua importância e promover o respeito e a valorização das religiões de matriz africana, eliminar os preconceitos e favorecer a liberdade de culto e expressão.

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COMPONENTES 01 Tabuleiro 05 Búzios 01 Peneira 09 Espaços Elementares 11 Cartas de Espaço 06 Cartas Surpresa 23 Cartas de Santo 06 Cartas Coringa Peças de apoio As cartas de santo devem ser divididas em quatro grupos, isso significa que podem ter quatro jogadores ou quatro grupos.

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PREPARAÇÃO Abra o tabuleiro. Insira nele os espaços elementares conforme as indicações expressas em cada um. Nesse momento, todos os jogadores participam na montagem. Distribua as cartas de santo e as cartas coringas igualmente entre os jogadores.Separe as cartas de espaço juntamente com as surpresa, embaralhe-as e deixe numa pilha a parte, viradas para baixo. O jogador que iniciará o jogo deve ser o que tirou a maior quantidade de búzios virados para cima na peneira.

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O JOGO O propósito é conformar um terreiro de Candomblé da Nação Angola, por isso, ainda que haja um sistema de competição, o jogo não termina até que este espaço esteja completamente formado. Enquanto todas as cartas de espaço e santo não estiverem dispostas corretamente, o Manzo não estará pronto. É extremamente importante que todos os textos sejam lidos em voz alta para todos os outros jogadores. Os textos das cartas de mão são lidos quando forem colocadas no tabuleiro. As cartas curingas são lidas quando o jogador escolhe utilizalas em sua vez. Cada jogador em sua vez poderá fazer apenas uma ação, que pode ser: abrir uma carta de espaço, posicionar uma carta de santo no tabuleiro ou responder a carta curinga. O primeiro jogador que conseguir descer todas as cartas que estiverem em suas mãos se torna,

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imediatamente, o juiz colaborativo. Ele irá verificar se as cartas de santos estão sendo colocadas corretamente e poderá ajudar na configuração do terreiro. Os demais jogadores devem continuar jogando até que todo o espaço termine de ser formado. Uma carta curinga é distribuída para cada jogador ou grupo. As que sobrarem devem ficar guardas, pois quando os primeiros jogadores terminarem as suas cartas, esses devem pegar mais uma carta curinga e responder a questão corretamente, seguindo a regra de um palpite por rodada. Uma vez que as cartas de espaço acabarem, os jogadores devem continuar descartando as cartas que estiverem em suas mão, até que o terreiro termine de ser montado. Caso reste apenas um jogador com cartas nas mãos, ele, obrigatoriamente, terá que terminar de descer suas cartas, completando o terreiro.

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ESPAÇOS ELEMENTARES São espaços presentes em qualquer terreiro de candomblé. Esses espaços são: Kukanga, Ukanga, Bakisi, Kifumba, Vestiário, Banheiros, Porta e Quarto de Jogo, que devem ser instalados no tabuleiro no início do jogo. Nessa organização inicial, todos os jogadores participam. CARTAS DE ESPAÇO São espaços que determinam a disposição dos santos no terreiro. Na vez de cada jogador uma carta de espaço poderá ser aberta e disposta no tabuleiro, conforme as instruções presentes na carta. CARTAS SURPRESA Essas são colocadas junto com as cartas de espaço e tem a função de interferir nas jogadas, simulando ações externas ao terreiro. Por isso elas sempre devem ser seguidas, no momento em que forem retiradas.

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CARTAS DE SANTO Representam os santos cultuados no Manzo. Devem ficar nas mãos dos jogadores e só podem ser colocados no tabuleiro quando a carta de espaço correspondente já tiver sido aberta. Apenas uma carta de santo pode ser descida por vez. Essas cartas são distribuídas igualmente para todos os participantes, as que sobrarem serão colocadas no tabuleiro e as suas posições corretas são de responsabilidade de todos os jogadores. CARTAS CORINGA Elas apresentam alguns dogmas presentes no Candomblé que geralmente são tabus ou vistos de forma distorcida pelos que desconhecem a religião. Cada carta coringa possui uma pergunta de múltipla escolha, cuja resposta se encontra dentro da própria carta, de forma que apenas os outros jogadores vejam a resposta. Essa carta só pode ser descartada quando o jogador acertar a alternativa da questão. Em cada jogada pode ser feito um único palpite. Caso não acerte, o jogador poderá tentar novamente na vez. Essa carta não participa na configuração do tabuleiro.

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DADALUnDa OXUM

Deusa da água doce, mãe de todos os úteros. Feminilidade e vaidade. O espelho é seu símbolo. O período das mulheres compreendido do nascimento até a menarca, Dadalunda é responsável, protegendo e cuidando.

casa dos nkisianas

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nome do nkisi nome no dialeto ketu

descrição

localização

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OBSERVAÇÕES Os atabaques sempre estão no salão. Sempre que houver uma reconfiguração no terreiro, todos os jogadores participam. O Ntoto e a Cumunheira são elementos que não possuem um Nkisi definido apesar de serem assentamentos, por isso são motivos de mistério.

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GLOSSÁRIO Assentamento

Espécie de altar para os Nkisis/ Nkisianas, em que símbolos, ferramentas e elementos dos santos configuram esse espaço.

Axé

Assim seja. Amém. Força espiritual.

Bantu

Dialeto da Nação Angola. Isso explica a diferenças das palavras nesse candomblé, pois o dialeto mais conhecido é o Ketu.

Casas dos Santos Espaço onde vários assentamentos são reunidos. Essas casas são chamadas também de famílias ou quartos, por exemplo, Família Real, entre outros. Catiços

São antepassados que já viveram as sete vidas e se tornaram entidades. Eles são: Exus, Pomba Gira, Preto Velho e Caboclos.

Egun

Espírito ancestral.

Nkisi

Santos, Divindades ou Orixás (no dialeto Ketu). São vibrações da natureza. Onipresentes, fazem parte de tudo. São o equilíbrio de todos os seres.

Nkisiana

Santos femininos.

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