Palestra Conselho Científico 16 Outubro 2013
Novas regras para a gestão da pesca da sardinha em Portugal ALEXANDRA SILVA (DivRP)
Novas regras para a gestão da pesca da sardinha em Portugal
1. Dinâmica do stock – Resultados da última avaliação (ICES) – Hipóteses para a diminuição da abundância
2. Gestão do stock – Medidas em vigor – Plano de gestão a longo termo
2
Din창mica do stock de sardinha
ICES 2013
3
Dinâmica do stock de sardinha wcan
ngal 40 30 20 10 0
0
20
20
40
40
60
60
80
ecan
2005
2010
2000
2010
npor
2005
2010
2000
2005
2010
0 2005
2010
Biomassa por área nas campanhas acústicas, compilado de vários relatórios (internos, ICES)
2000
2005
2010
tot
50
20 40 60 80 100
2000
2010
swpor
cad
100 150 200
spor
2005
200 400 600 800 1000
2000
2000
50
100
200 300
0 10 20 30 40 50
Biomass,000 t
sgal
2005
100 150 200
2000
2000
2005
2010
2000
2005
2010
Year
4
Din창mica do stock de sardinha Produtividade elevada Produtividade baixa
ICES 2013
5
Dinâmica do stock de sardinha
Índice de recrutamento por área com base nas campanhas acústicas
Atualizado de Silva et al 2009 6
Din창mica do stock de sardinha
ICES 2013
7
2012
2010
2008
2006
2004
2002
2000
1998
1996
1994
1992
1990
1988
1986
1984
1982
1980
1978
Desembarque, x 1000 t
Dinâmica do stock de sardinha
250
200
150
100
50
0
DESEMBARQUES PT+SP dados estatísticos oficiais
8
Dinâmica do stock de sardinha
DESEMBARQUES POR ÁREA dados estatísticos oficiais 9
Hipóteses para a diminuição do stock
MORTALIDADE POR PESCA, ano -1
0.7 0.6
Limite
0.5
0.4
Bom
0.3 0.2 0.1 0 1978
1982
1986
1990
1994
1998
2002
2006
2010
PESCA EXCESSIVA ?............ Não há evidência 10
Hipóteses para a diminuição do stock “…~ 50% da variância do recrutamento explicada por variáveis ambientais (locais e globais)…SST com maior influência (negativa) no recrutamento...” (Santos et al 2012)
“...Afloramento de verão promove o recrutamento...” (Borges et al 2003)
“...tendências para maturar com menor tamanho e acumular mais gordura paralelas ao aumento da temperatura...” (Silva et al 2013)
AMBIENTE ?............ Certamente, mas quais os mecanismos ? Como parametrizar a relação?
“... Afloramento de Inverno promove transporte para o largo e afecta negativamente o recrutamento ...” (Santos et al 2001)
“...interação das correntes de afloramento e da vertente podem criar zonas de retenção e concentração das larvas e do seu alimento...” (Santos et al 2004)
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Hipóteses para a diminuição do stock 3
Cavala (sul)
“... Elevada sobreposição das dietas de cavala e sardinha...” (Angélico et al 2013) “... Carapau negrão tem aumentado de abundância nas águas Portuguesas...” (ICES 2008)
Recruitment index
2
1
0
sardinha
-1
1990
1995
2000
Yearclass
2005
Martins et al 2013
COMPETIÇÃO COM OUTRAS ESPÉCIES (PROMOVIDA POR CONDIÇÕES AMBIENTAIS) ?............ Provável
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Estado do stock - resumindo Mortalidade por pesca
Biomassa Diminuiu desde 2006
64% abaixo da média histórica (início 2013)
Sem tendência Muito acima da média em 2010-2011 Decresceu 33% para 2012
Recrutamento Tendência decrescente
Atual regime: baixa produtividade Último recrutamento bom em 2004
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Medidas de gestão da sardinha • Stock não sujeito a TAC (Total Admissível de Captura) • Medidas técnicas: – – – –
tamanho mínimo de desembarque dimensões e malhagem máximas das redes área de operação limitada número máximo de dias de pesca por ano
• Limitações à captura: formatos distintos em PT e SP, têm variado no tempo (livre em alguns anos)
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Desenvolvimentos recentes • 2010: Comissão de Acompanhamento (PT) – DGRM+IPMA+DOCAPESCA+Assoc.Cerco+Assoc.Conserveiros (“stakeholders”) • IPMA : Alexandra Silva e Manuela Azevedo
• Quota anual com base no aconselhamento científico (ICES) • Acordada interdição de captura de sardinha durante 45 dias por ano (adicional)
• Possibilidade de medidas adicionais de proteção juvenis • Discussão de um plano de gestão a médio/longo prazo a regra de para estabelecimento da quota anual
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Captura, mil toneladas
Final de 2011: REGRA DE CAPTURA 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
Captura objetivo = 86 mil t
0
100
200 300 400 Biomass, mil toneladas
B0= 135 mil t
500
Btrigger= 368,4 mil t
- Biomassa maior que Btrigger
- Captura = 86 mil t
- Biomassa entre B0 e Btrigger
- Captura = 0.36 x (B -B0)
- Biomassa menor que B0
- Captura =0 16
SETOR PT lançou “a primeira pedra”; Administração PT envolveu a administração SP e pediram ao ICES a avaliação da regra; A CE assumiu esse pedido e endereçou-o ao ICES;
INTERVENIENTES
INVESTIGAÇÃO 17
Captura, mil toneladas
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
Captura objetivo = 86 mil t
0
100
200 300 400 Biomass, mil toneladas
B0= 135 mil t
500
UM EXEMPLO TEÓRICO DA APLICAÇÃO DA REGRA
Btrigger= 368,4 mil t
• •
Biomassa no (início) do ano X: 100 mil t Captura permitida no ano X+1 = 0
• •
Biomassa no (início) do ano X: 200 mil t Captura permitida no ano X+1=23.4 mil t (PT=16.4 mil t)
• •
Biomassa no (início) do ano X: 450 mil t Captura permitida no ano X+1=86 mil t (PT=60.2 mil t)
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AVALIAÇÃO DA REGRA (Workshop ICES, Julho 2013)
PRECAUCIONÁRIA A LONGO TERMO? risco biomassa ser inferior à biomassa limite* é inferior a 5% nos próximos 30 anos
* biomassa limite é o valor abaixo do qual o recrutamento é prejudicado
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COMO SE AVALIA A REGRA ? MODELO DE SIMULAÇÃO (PROJEÇÃO ESTOCÁSTICA A LONGO TERMO)
de Jardim, Curso a4a,2013 20
FLUXOGRAMA 1. Parte-se de um conjunto de estados iniciais representativos da situação atual –
biomassa, estrutura etária, taxas de crescimento, maturação, mortalidade natural e selectividade da pesca
2. Define-se se e como vão variar os estados no tempo (variabilidade aleatória e/ou tendência)
3. Estabelece-se um modelo para predição do recrutamento 4. Usa-se o modelo de projeção estocástica
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Modelo do recrutamento
BASEIA-SE NOS DADOS HISTÓRICOS DE 1993-2010, UM PERÍODO DE BAIXA PRODUTIVIDADE 22
FLUXOGRAMA • Projeta-se o stock durante 30 anos • Constroem-se 1000 trajetórias: – Recrutamento – Biomassa
• Em cada ano e trajetória, aplica-se a regra de captura – Obtêm-se 1000 trajetórias de captura/mortalidade por pesca
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2014 2016 2018 2020 2022 2024 2026 2028 2030 2032 2034 2036 2038 2040 2042
captura, MIL T
20000 3
7
15000 10
10000 9
5000 13
0 18
BIOMASSA, MIL T
25000
2014 2016 2018 2020 2022 2024 2026 2028 2030 2032 2034 2036 2038 2040 2042
2014 2016 2018 2020 2022 2024 2026 2028 2030 2032 2034 2036 2038 2040 2042
RECRUTAMENTO, BILLIÕES INDIVIDUOS
6/1000 TRAJETÓRIAS DO RECRUTAMENTO
6/1000 TRAJETÓRIAS DE BIOMASSA
30000
1200
1000 3
800 7
600 10
400 9
200 13
0 18
6/1000 TRAJETÓRIAS DA CAPTURA
100
80 3
60 7
40 10
9
20 13
0 18
24
2015
2025
60 0 20
Trajectories
60
TAC10 TAC50=TAC90 TACmean
0 20
TAC, '000 t
PERFORMANCE GLOBAL DA REGRA
2035
2015
2035
2015
2025 Year
0.15
F, year-1
200
500
0.30
2013:2043
F10,F90 F50 Fmean Fmsy
0.00
B10,B90 B50 Bmean Blim
0
B1+, '000 t
Year
2025
2035
2015
2025
2035
Year
25
Conclusão da avaliação da regra PRECAUCIONÁRIA RISCO REDUZIDO (<13%) DA BIOMASSA CAIR ABAIXO DO MÍNIMO HISTÓRICO RISCO NULO DA MORTALIDADE POR PESCA EXCEDER O NÍVEL QUE, A LONGO PRAZO, CONDUZ À BIOMASSA MÍNIMA ELEVADA PROBABILIDADE DE RECUPERAÇÃO (0.93) CASO A BIOMASSA DESÇA ABAIXO DO MÍNIMO
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MELHORIAS DA REGRA (A AVALIAR NO FUTURO) Alterações para diminuir o risco
• aceitar uma captura objectivo inferior • alterar os níveis de biomassa Btrigger e B0 Alterações que permitam uma captura mais estável sem comprometer a renovação da biomassa
• Introduzir um TAC mínimo • Introduzir uma restrição à variação do TAC entre anos (e.g. <15%)
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O trabalho apresentado nesta palestra é resultado das actividades e estudos desenvolvidos por uma equipa que inclui ténicos e investigadores do IPMA, e uma colaboração próxima e continuada com os intervenientes na pescaria Portuguesa da sardinha e com colegas de institutos congéneres Espanhóis e Franceses.
MUITO OBRIGADA PELA ATENÇÃO !
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