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IMOBILIÁRIO
SALVADOR SÁBADO 5/4/2014
ENTREVISTA Luciano Muricy, presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA)
“NÃO HÁ MOTIVO PARA IMAGINAR QUE OS PREÇOS VÃO DIMINUIR”
FÁBIO BITTENCOURT
Membro da diretoria da Ademi há dez anos, ex-vice-presidente, o engenheiro Luciano Muricy tomou posse na presidência da entidade na semana passada. Nesta entrevista, ele diz que uma de suas primeiras tarefas será a de “acompanhar a construção do plano Salvador 500” – projeto de desenvolvimento da capital para os próximos 35 anos anunciado pelo prefeito ACM Neto.
Joá Souza / Ag. A TARDE
No seu discurso de posse na presidência da Ademi, na semana passada, o senhor afirmou que os preços dos imóveis não deverão cair em 2014 e que a estimativa é que sejam lançados seis mil (novos) imóveis. Nos últimos dois anos, esse número foi de cerca de três mil unidades, cada. A que se deve o otimismo e por que a tendência é de alta nos preços? Muita gente tem dito que sou otimista, mas eu tenho de ser. Se continuarmos mais tempo na situação que a gente está, infelizmente vamos ter uma situação sombria. Já tem muito empresário recuando, outros que não vão lançar nada este ano. O pessoal está esperando ver o que vai acontecer. E quanto aos preços? Os nossos estão entre os mais baixos do país inteiro. Segundo o Índice FipeZap de Preços de Imóveis – indicador que acompanha os preços de imóveis em 16 cidades brasileiras – apontou, em seu último levantamento, Salvador ocupa a 13ª posição no ranking. Se você considerar que o nosso custo não é mais baixo. E que alguns insumos, como a mão de obra, é mais cara que em várias regiões, pois a nossa produtividade é mais baixa – e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) tem isso monitorado. Temos mão de obra com baixíssima produtividade, abaixo da média nacional, e não temos como compensar isso. Além de que sofremos com a escassez
de terrenos e essas áreas não são baratas. Então, não há motivo nenhum para imaginar que os preços vão diminuir. Tivemos pouquíssimas unidades lançadas entre 2012 e 2013 e muito se consumiu da oferta, pois o nível de venda não caiu tanto. Em 2013, foram sete mil e, em 2012, oito mil. A gente continua lançando menos e o nível de vendas continua numa faixa maior. E não tendo oferta, o que acontece? O preço sobe.
Barra, Graça, já está plenamente ocupado. Não se consegue mais área para investimento imobiliário nessas regiões. É preciso criar novos vetores de crescimento e que estejam contemplados com uma maior permissividade pelo plano diretor, o que não acontece com o de 2008. Que novos vetores seriam esses? A orla atlântica, hoje subocupada, com ruínas, borracharia. A orla da Baía de Todos-os-Santos, a mesma coisa. Ribeira, subúrbio ferroviário. Enfim, tem de destravar a cidade, e o instrumento é o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU). A cidade está crescendo, pois é um organismo vivo, e o PDDU tem de ficar atento a isso.
Qual o total de imóveis novos disponíveis hoje na cidade? A oferta hoje é de cerca de oito mil unidades, entre Salvador, Lauro de Freitas e Feira de Santana. Porém, desse total, não mais do que 15% estão prontos. O resto ou está na planta ou iniciou a construção. Os lançamentos de 2013 ainda nem começaram (a ser construídos).
A cidade está crescendo, pois é um organismo vivo, e o PDDU tem de ficar atento a isso
Como será pautada a sua gestão? O prefeito ACM Neto lançou o “Salvador 500”, projeto de desenvolvimento da capital para os próximos 35 anos e disse que a Ademi é uma entidade importante a ser consultada, pois ela é quem está ali, perto de quem quer comprar uma casa. Ou seja, a própria sociedade, que diz onde quer morar, o tipo de conforto que precisa. E que vai abrir espaço para que todos sejam consultados. Essa será a primeira tarefa nossa, acompanhar a construção desse plano, opinando, discutindo de forma democrática, com bastante transparência.
Concurso premia projeto arquitetônico
Etna faz campanha Abril a Mil até dia 27
Estão abertas até 14 de abril as inscrições do Concurso Público Nacional de Arquitetura e Complementares para o projeto que prevê a expansão da sede do Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (Senge-RS), em Porto Alegre. O certame vai distribuir R$ 100 mil em prêmios. O edital prevê a contratação do vencedor. A entrega das propostas será por meio eletrônico e deverá ser feita até o dia 6 de maio, sendo que o resultado sai no dia 27. Mais informações em www.iabrs.org.br/concursosengers.
A Etna – home store especializada em móveis e decoração – lançou a campanha Abril a Mil. Válida até o dia 27 deste mês, a ação traz ofertas para todo o lar e é válida nas 18 lojas da marca, e também no site www.etna.com.br. Tem sofá de três lugares San Diego, em linho cinza – disponível também em tom cru ou em algodão na cor marrom – de R$ 2.999 por R$ 2.299,90, ou em 10 x de R$ 229,99 ou pufe quadrado Vip, disponível nas cores vermelha, branca, bege, café e preta, por a partir de R$ 49,99.
Então são apenas entre 800 e 900 apartamentos efetivamente “prontos para morar”. Exatamente por isso a gente não fala em “estoque”, que é para não dar aquela falsa sensação de que tem imóvel sobrando. Das regras construtivas vigentes em Salvador, o que mais “desagrada” ao setor? Não vou citar áreas, mas falar de uma forma genérica. A nossa cidade tem o formato de uma península. O miolo central, este que nós estamos, Rio Vermelho, Pituba,
A gente continua lançando menos, e as vendas estão numa faixa maior. E não tendo oferta, o preço sobe
A nossa cidade tem o formato de uma península. O miolo central não tem mais área para investimentos
CURTAS Crédito imobiliário atinge R$ 8,8 bilhões O volume de empréstimos para aquisição e construção de imóveis somou R$ 8,8 bilhões em fevereiro, melhor resultado para esse mês nos últimos 20 anos. Em relação a igual período do ano passado, o crescimento foi de 52%. No primeiro bimestre, foram financiados R$ 17 bilhões para aquisição e construção de imóveis, 36% mais do que em igual período de 2013. No período acumulado de 12 meses, até fevereiro, o volume de empréstimos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), com recursos das cadernetas de pou-
pança, alcançou o montante de R$ 113,7 bilhões, superando em 35% o apurado nos 12 meses anteriores.
R$ 113,7 bi foi o volume de empréstimos com recursos da poupança para a aquisição e construção de imóveis entre fevereiro de 2013 e o mesmo mês de 2014, alta de 35% em relação aos 12 meses anteriores
STR abre segunda maior filial em Salvador Presente em 11 estados brasileiros, a empresa STR Ar Condicionado inaugurou em Salvador a sua segunda maior filial. A nova loja fica avenida Manoel Dias, na Pituba, ocupa cerca de 800 m² e representa o maior investimento em infraestrutura da rede: R$ 2 milhões com contrato de aluguel, ampliação de estoque e contratação de pessoal. A STR Ar Condicionado possui em todo o país mais de 600 funcionários, gerando 2.500 empregos indiretos. Segundo a empresa, o quadro de funcionários por aqui deve duplicar em até um ano. O grupo
conta com oito centros de distribuição no país, o de Salvador possui 3 mil m² e um investimento de R$ 18 milhões.
R$ 2 mi é o investimento em contrato de aluguel, ampliação de estoque e contratação de pessoal feito em Salvador. A STR Ar Condicionado possui mais de 600 funcionários em todo o país
DESBUROCRATIZAÇÃO
Registro de imóvel passa a ser eletrônico em julho ESTELA MARQUES
A partir de 8 de julho, todos os cartórios de registros de imóveis devem trabalhar com sistema eletrônico. Com a mudança, são esperadas agilidade e comodidade no serviço. De acordo com Rogério Portugal Bacellar, presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg-BR), a digitalização do registro beneficia população e corretores de imóveis com a facilidade e a segurança dos documentos. Bacellar reforça que o tempo de espera será “significativamente” menor, embora não consiga precisar uma estimativa. Escritura, contratos particulares, cédulas rurais ou bancárias devem deixar de existir ao longo do tempo. “A pretensão é que o documento registral eletrônico substitua paulatinamente os documentos físicos de papel”, explica Bacellar. José Alberto Vasconcellos, segundo-vice-presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis – 9ª Região (Creci-BA),
comemora a medida. O corretor estima redução de tempo de espera para registrar escrituras, apesar de ainda não saber como funcionará o sistema adotado. Segundo Vasconcellos, “muito negócio deixa de ser feito por falta de agilidade dos cartórios”. O processo para fazer o registro de um imóvel é longo. Em posse dos documentos do imóvel e certo da possibilidade da negociação, o corretor ou despachante – que presta serviços para a imobiliária – deve ir ao cartório de notas para confeccionar a escritura. Depois de pronto, o documento é levado ao cartório de
registros para “tornar público que houve a transação”. O negócio só é legalmente efetivado após o registro da escritura, feito depois de, pelo menos, 30 dias. “Se for funcionar, para a gente será muito bom. O benefício principal seria a agilidade, poder fazer o negócio mais rápido. A depender da situação, hoje demora pelo menos 30 dias para registrar o imóvel, porque é prazo legal”, conta.
Passo principal O principal passo dado para tornar digital os registros de imóvel
foi o desenvolvimento de software (programa de computador) específico para o serviço. Bacellar conta que o programa permite registro, expedição de certidões eletrônicas, envio e recebimento de escrituras, contratos e documentos judiciais eletrônicos. “Os cartórios já estão em adequação desde a aprovação da lei, em 2009. O trabalho é contínuo, mas boa parte dos cartórios de registro de imóveis já está preparada para o início dos trabalhos eletrônicos”, diz. Apesar da determinação, o presidente da Anerog-BR conta
Guilherme Pupo / Divulgação
que o sistema será introduzido por etapas. Exemplo disso são arquivos antigos, datados de 1950, que devem abastecer o sistema ao longo do processo. Vasconcellos teme que os cartórios não respeitem a lei, por causa dos custos em investimento tecnológico. Bacellar assegura que a princípio não haverá reajuste para a população. A medida é regulamentada pela Lei nº 11.977/09. A publicação determina que seja instituído um sistema eletrônico para registro de imóveis, de pessoas jurídicas e naturais e de títulos e documentos.
Marco Aurélio Martins / Ag. A TARDE /2.4.2012
“A pretensão é que o documento registral eletrônico substitua os documentos físicos”
“A depender da situação, hoje demora pelo menos 30 dias para registrar o imóvel”
ROGÉRIO BACELLAR, da Anerog
JOSÉ ALBERTO VASCONCELLOS, do Creci
SAIBA MAIS LEGISLAÇÃO A publicação da Lei 11.977/09 determina que os registros públicos de imóveis, civil de pessoas naturais e jurídicas, bem como de títulos e documentos instituam sistema de registro eletrônico. Todos os cartórios do país têm até julho para fazer a adequação REGISTRO O processo de registro é longo. O corretor ou despachante precisa ter em mãos as documentações do imóvel para levá-las ao cartório de notas, que fará a escritura. Em seguida, o documento é levado ao cartório de registros para “tornar público que houve a transação”. O negócio só é legalmente efetivado após o registro da escritura, feito em pelo menos 30 dias SERVIÇOS ONLINE No sistema eletrônico, que serão utilizados pelos cartórios, poderão ser feitos serviços como registro, expedição de certidões eletrônicas, envio e recebimento de escrituras, contratos e documentos judiciais