Caderno eja emef saint hilaire 2017 web

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EMEF SAINT HILAIRE Porto Alegre/RS

Caderno 1 2016


Palavras da EJA

EMEF SAINT HILAIRE Rua Gervรกsio Braga Pinheiro, 427 - Vila Panorama Lomba do Pinheiro - Porto Alegre/RS

Muitas Faces, Tantas Vozes, Outras Palavras

Porto Alegre, 2016

Caderno N.o 1

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Palavras da EJA

CRÉDITOS EMEF Saint Hilaire Rua Gervásio Braga Pinheiro, 427 - Vila Panorama Lomba do Pinheiro Porto Alegre/RS Tel. (051) 3316-1629 Email: emefsainthilaire@smed.prefpoa,com.br Coletivo de Educadores - Educação de Jovens e Adultos: André Vargas Machado (Artes), Andréia Piumato (Língua Portuguesa), Anézia Viero (História), Carla Malcorra (Língua Estrangeira - Inglês), Geovani Machado (Matemática), Jaciara Kern (Totalidades Iniciais), Jucélia Fernandes (Volante - Totalidades Iniciais) Jaqueline Gomes Nunes Waszak (Ciências), Janderson Gonçalves (Geografia), Karoline Cruz de Souza (Educação Física), Márcia Regina Rysdyk (Biblioteca). Orientadora Educacional: Rita Viero Coordenação Pedagógica: Marco Mello Vice-Direção: Rita Viero Diretora: Gabriela Aurich de Camillis Produções: Educandos das Totalidades 1 a 6, entre dez de 2015 a dez 2016 Participação Especial: Membros do GT 11 do SAJU/UFRGS Arte da Capa: Janderson Gonçalves Arte da Contracapa: Roger Fiúza dos Santos Fotografias: Educadores e Educandos da EJA Revisão: Andréia Piumato

MELLO, Marco; GONÇALVES, Janderson; WASZAK, Jaqueline (Orgs.). Palavras da EJA: Muitas faces, tantas vozes, outras palavras. Porto Alegre: EMEF Saint Hilaire Educação de Jovens e Adultos. n.1, 2016.

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Sumário APRESENTAÇÃO

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Cap. 1 – IDENTIDADES E PRECONCEITOS

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(Re)leitura da Paisagem Janderson Alex Gonçalves Viviane de Oliveira Gilda Fonseca da Silva

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Leituras de Imagens Letícia S. Oliveira Solange Silva de Carvalho

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Quipu: Linguagem dos povos pré-colombianos/Incas - Prof.a Anézia Viero

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Cine SH: abordagens críticas da Revolução Farroupilha Netto perde sua alma - José Felipe Menna dos Santos Os Porongos - Texto Coletivo Turma T41 Uma traição para não esquecer nunca - Higino Maciel Farrapos - Júlio Shuvartzhaup Pastoreio, de Marô Barbieri - Prof. Marco Mello Semana Farroupilha - Manuela Nicole Ziger A Guerra Farroupilha - Solange Silva de Carvalho

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Cine SH: Mãos Talentosas História de vida, história de superação - Prof.a Jaqueline Gomes Nunes Waszak Dedicação e conquista - Kézia Marlei do Nascimento Barbosa Mãos talentosas – Lucas Lanes Barbosa Batista Exemplo de vida - Larissa Figueiredo Ramires Superação a várias mãos - Aline Ramos Pereira Uma história inspiradora - Jackson Welker dos Santos Costa

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Tecendo histórias: linguagem e simbologia dos tecidos 23 africanos - Prof.a Anezia Viero Cap. 2 - SAÚDE, CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS

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Saúde e Alimentação nas aulas de ciências - Prof.a Jaqueline Gomes Nunes Waszak

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Alimentação Saudável - Júlio Shuvartzhaup Como ter uma alimentação saudável? - Thaimara Cabrera Gonçalves dos Santos

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Cotidiano: tempo, gênero e transformação - Prof. Marco Mello 28 Meu dia – Djalma França Alves 29 Relógios que marcam o cotidiano dos alunos da EJA 30 Violência de Gênero – Prof. Janderson Gonçalves Violência contra a mulher - Luiz Fernando da Silva Silveira Queremos justiça! - Kevin Patrick Villorva Até quando? - Paola Eduarda de Oliveira Adams Resistência à violência contra a mulher - Kimberly G. Silva Cruz

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Movimento de Ocupações dos estudantes nas escolas no conturbado contexto de 2016 – Prof.a Anezia Viero e Prof. Janderson Gonçalves O que vejo sobre as ocupações - Antônio Marcos Feijó da Silva Ocupação das escolas: movimento que se espalha pelo Rio Grande do Sul - Higino Maciel Um momento histórico na luta pelo direito à educação - José Cristóvão Ramos

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Estudante Protagonista: Direito e Cidadania nas Escolas - 36 Augusto Nardin (Grupo 11/SAJU/UFRGS) Cap. 3 – LEITURAS, LEITORES E POLÍTICA CULTURAL

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Sobre relatos de viagem - Prof. Janderson Gonçalves Meu relato de viagem - Jeferson Santanna dos Santos Flores - Gabriel Matheus Gonçalves A Viagem mais Bonita - Maria de Lourdes Guedes Lopes Britto Santa Catarina – Karoline Miguel Beto Carrero Word – Gilda Fonseca da Silva A Colheita da Marcela - Régis Custódio de Oliveira Viagem para São Paulo - Luiz Fernando da Silva Silveira

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Totalidades Iniciais: Adotando um escritor Aventuras pelo Mundo - Felícia da Silva Airton Ortiz - Valderez M. Coelho Como será Paris? - Luiz Fernando da Silva Silveira Paris, um lugar muito especial - Gilda Fonseca

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EJA na Feira do Livro

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Das leituras e gêneros na Língua Portuguesa - Prof.a Andreia Piumato Força da amizade - Jocilene Silva A força da amizade na vida humana - Thaimara G. dos Santos

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Criação de notícias a partir de imagens diversas Menino atingido por bala perdida espera nova cirurgia - Odacir da Silveira Chuva, granizos e muitos transtornos - Viviane de Oliveira Como mudar hábitos e tornar-se saudável - Maria Eduarda dos Santos

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O que você escreveria nos balões? - Ariadna da Silva

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Projeto de produção textual: Diários em Língua Portuguesa 56 – Brenda Soares, Júlio Shuvartzhaup Cinema: Que horas ela volta? A hora da mudança - Patrícia Tassoni Desigualdade social - Ligia Xavier

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Grupo Ilumiara e os Cantos do Trabalho - Prof. André Machado

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Cap. 4 – LEITURAS DE REALIDADE E TESTEMUNHOS

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Pesquisa participante, grupos focais e os alunos da EJA - 61 Prof. Marco Mello Grupos focais 62 Algumas das falas significativas 63 Os significados da EJA em nossas vidas - Érica V. 64 Gonçalves, Sérgio Augusto Soares, Adriana F. da Cruz, Roger do Santos, Caroline Lucas Cardoso, Djalma França Alves, Pablo Francisco, Gilda F. da Silva, Lennon Fabrício, Lígia M. Xavier, Samara P. da Silva, Wagner Rodrigues de Vargas, Maria de Lourdes Guedes L. Brites, Ângela Regina Farias Borges, Walex Sander Xavier, Célio Cristóvão Ramos

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APRESENTAÇÃO É com grande satisfação que apresentamos a sistematização do trabalho desenvolvido pelo coletivo de professores da EJA em 2016, ano em que tivemos importantes conquistas neste campo. A EJA é uma modalidade em que a forma como a oferta acontece configura a demanda. Sabendo disso, a Escola Saint` Hilaire fez, nos últimos anos, movimentos para ampliar o número de alunos da EJA, como: divulgação na Comunidade pela rádio comunitária, faixas, visita às escolas que não a disponibilizam e conversa com moradores, principalmente os pais de alunos do diurno. A partir do aumento da procura, a escola organizou um projeto com o qual pautou a SMED para ampliação das turmas de EJA. Com isso necessitou o aumento da carga horária de todos os professores, de um regime trabalho de 10h passamos a contar com uma carga horária de 20h semanais para cada educador(a). Sabemos, porém, que somente a busca não é suficiente para manter a ampliação da EJA. Nesse sentido, a escola construiu estratégias para possibilitar a permanência destes alunos na EJA. Para isso procuramos aprimorar o trabalho dos setores, contando, além da Coordenação Pedagógica, com biblioteca, secretaria, orientação e direção. Como conclusão da prospecção e acolhimento, organizamos os projetos pedagógicos, que atenderam à especificidade da EJA. Sabemos que os alunos e as alunas pertencentes à classe trabalhadora encontram dificuldades para a permanência na escola com problemas familiares, de gravidez, mães que não têm onde deixar o filho, problemas de saúde, de desemprego, entre outros. Essa realidade nos desafiou a desenvolver um trabalho que atendesse as diversidades encontradas. Os trabalhos pedagógicos levaram em consideração as experiências de vida dos alunos, procurando por meio do diálogo atender nas suas especificidades. Nas páginas a seguir, 6


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apresentamos um pouco do trabalho que desenvolvemos no cotidiano da EJA com relatos elaborados pelos professores, nos quais, apresenta-se uma amostra da produção dos alunos. Por meio delas observamos que o trabalho da EJA voltou-se para conteúdos relevantes ao desenvolvimento da cidadania, como: - Estudo das civilizações pré-colombianas, problematizando o eurocentrismo presente na historiografia. - Valorização da nossa referência cultural africana e sua contribuição para a sociedade brasileira, associada a leituras críticas da História e da cultura gaúcha, com destaque para a presença negra na Revolução Farroupilha. - Relações de gênero, buscando a necessária superação da discriminação da mulher, a partir de uma leitura crítica do cotidiano, que tem como consequência a opressão, exploração e violência. - Os movimentos de luta pela qualidade da educação pública realizados no Brasil, em especial a ocupação das escolas fez parte do trabalho desenvolvido em sala de aula. - Parceria com o SAJU/GT11/UFRGS, através do projeto Cidadania nas escolas. - A questão da saúde dos alunos e da comunidade fez parte do trabalho, como: alimentação saudável e prevenção em relação à doenças sexualmente transmissíveis. - A ênfase dada ao trabalho de leitura e escrita pelos registros diários que desafiaram os alunos na elaboração textual, bem como em projetos especiais, como o já consagrado “Adote Um Escritor”. - Atividades culturais como cinema, vídeos, teatro e apresentações musicais, oportunizando acesso a produções marcadas pela qualidade estética e política. Com essa iniciativa inauguramos o caderno “Palavras da EJA”. Nele, em primeiríssimo plano estão nossos alunos e alunas, com suas histórias, experiências, visões de mundo, dramas, sonhos e projetos. A eles este trabalho é dedicado. Boa leitura! Prof.a Rita Viero - Vice-Direção 7


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CAPÍTULO IDENTIDADES E PRECONCEITO

Capítulo 1: IDENTIDADES E PRECONCEITOS (Re)leitura da Paisagem Prof. Janderson Gonçalves A função da escola é ensinar aos alunos e alunas a prática da escrita e, também, da leitura. Num mundo cada vez mais visual, ganha importância o hábito de trabalharmos com imagens em sala de aula. Faz-se necessário, portanto, aguçarmos nosso olhar para compreendermos os significados que estão sob nossos narizes, mas além dos nossos olhos. Na disciplina de Geografia, buscamos utilizar os mapas para explicar a territorialização dos acontecimentos. Mesmo assim, apenas esses recursos não são suficientes para entendermos o que se apresenta a nós. A alternativa para essa demanda contemporânea é a utilização da paisagem como mediadora da realidade que está entre nós e o mundo que se verifica ao nosso entorno. A partir desse conceito, muitas de nossas aulas de Geografia foram pensadas e elaboradas ao longo do ano de 2016. Logo mais, seguem duas atividades que abordam a paisagem e a análise da realidade nas quais nossos alunos e alunas estão inseridos por meio de imagens.

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Viviane de Oliveira (T51)

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Gilda Fonseca da Silva (T51)

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Letícia S. Oliveira (T42) 1) Numa cidade muito poluída de lixo e gases os veículos largam pelo caminho que eles percorrem. No meio disso tudo, vivem muitas pessoas que ficam doentes em função do lixo na rua que nós mesmos jogamos. Às vezes nós nem atentamos que jogamos, e o mau cheiro… 2) Mas não é só isto, a cidade está virando uma guerra, pois tem muita gente se aproveitando da situação e roubando, matando pessoas inocentes… Muitas vezes, é por causa dos vícios das drogas e das bebidas. 3) Muitas dessas drogas vêm das favelas, pois eles, na maioria das vezes, não roubam porque eles querem, mas sim porque têm um motivo maior. Exemplo: na maioria das vezes eles não têm mais trabalho. 4) A questão é que os patrões dão o dedo com muito gosto, pois a fração de desemprego está muito alta, além dos preços e dos gastos. Daí eles mandam o gerente desempregar os funcionários que ficam sem ter como alimentar sua família e seus filhos. Está muito horrível. São horríveis, faltam muitas coisas que são fundamentais nos hospitais. Exemplo: faltam remédios, macas… E sem falar das filas enormes na nossa cidade. 5) E nem se fala dos hospitais da região, da espera do SUS, uns até morrem esperando o atendimento no corredor dos hospitais. 6) E não são só os hospitais que estão horríveis. Também no transporte coletivo, que nem se fala. Quase sempre não tem lugar para caminhar e sem falar que não tem ar condicionado, então tu já viu. Todo mundo respirando o mesmo ar poluído. É daí que saem as principais doenças, como gripe, tuberculose, etc. Solange Silva de Carvalho (T51) 1) A poluição do meio ambiente é algo sério, coloca em risco o futuro da população. Porém, parece que muitas pessoas não conhecem estes riscos. Na verdade, eles sabem que o lixo não deve ser jogado em qualquer lugar, só que não dão importância a este fato, atiram seus lixos em locais proibidos, onde a chuva pode 12


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levar a rios e bueiros, etc. Por isso, devemos nos conscientizar para termos um meio ambiente sem poluição. 2) A criminalidade está cada vez mais alta em nosso país. Hoje não podemos mais andar em segurança nas ruas, pois estamos sempre vulneráveis aos assaltos. Todo cuidado é pouco! Por isso, devemos ser cuidadosos, não usar o celular e até mesmo não usar o fone de ouvido em certos locais. Devemos sempre incentivar as crianças e adolescentes a estudar para que não entrem no mundo do crime. 3) Muitas pessoas moram em favelas por falta de condições financeiras e não conseguem adquirir propriedades em locais legalizados, vivendo em condições precárias, sem saneamento básico, sem luz elétrica, falta de acesso à educação. Muitos desses lugares faltam transportes para essas pessoas e também nos postos de saúde faltam médicos. Talvez com mais vagas de emprego e menos preconceito, diminua o número de famílias vivendo nessas condições. 4) Devido à crise em que nosso país está passando, muitas pessoas perderam seus empregos, pois muitas empresas estão fazendo alguns cortes para diminuir gastos. Por este motivo, está muito difícil de achar vagas de emprego. Para diminuir este número, o país deveria se reestruturar e tentar sair desta crise econômica que afeta a todos nós brasileiros. 5) Com a falta de unidade de atendimento e de médicos, as filas de espera nos hospitais só aumentam. Também ocorre que muitas pessoas não resistem e acabam falecendo esperando por atendimento. Nosso país deveria investir em mais médicos para que isso não aconteça. Enfim, nosso país está um caos. Minha esperança é que melhore. 6) Em nossa cidade, muitas pessoas dependem de transporte público para se locomoverem. Porém, pelo fato de ter poucos ônibus a disposição da população nos horários em que as pessoas saem para o serviço ou para a escola, os poucos ônibus que tem já vêm superlotados. Se colocassem mais transporte coletivo nas ruas as pessoas não precisariam passar por este desconforto e humilhação, de pessoas abusadas e sem respeito algum, que se prevalecem e ficam se esfregando nas pessoas. 13


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Quipu: Linguagem dos Povos Pré-Colombianos Prof.a Anézia Viero Os alunos ao desenvolverem o trabalho com os Quipu, forma de registros da organização social incaica, problematizaram a concepção de mundo eurocêntrica de sociedade, em que os povos pré-colombianos aparecem nos relatos dos colonizadores europeus como povos passíveis de serem civilizados. No entanto, essa condição de estranhamento deixou para trás toda uma amálgama cultural desenvolvida pelos povos que aqui já existiam. No fim do século XV, período que marca a chegada dos espanhóis à América, o continente contava com grandes civilizações, em que se destacam os Maias, Astecas e Incas. Muitas das cidades criadas por essas civilizações faziam frente a qualquer centro urbano europeu do século XVI. Mesmo contando com um amplo leque de características e conhecimento, o contato dos nativos com os europeus foi marcado como um dos maiores genocídios que se tem registro.

Alunos da T61 trabalhando nos quipus.

Mesmo que diversos traços dessa cultura fossem perdidos com o processo de colonização, entendemos o estudo das sociedades pré-colombianas como um rico campo de reflexão sobre o eurocentrismo que marca a historiografia abordada no 14


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âmbito escolar. Conhecendo um pouco mais desses povos podemos repensar o antigo valor que nos impõe a Europa como o berço das mais complexas e avançadas civilizações da História. Os estudos de civilizações pré-colombianas, durante o semestre, constituíram a base para organizar as oficinas com os alunos da EJA. Por meio das oficinas os alunos vivenciaram outra forma de registro de dados que caracterizam a escola que diferem de números e letras. Exercitar o registro dos dados da escola por meio de nós, ou seja, utilizando-se dos Quipus (do quíchua cusquenho Quipu ou Khipu, “nó”) instrumento utilizado tanto para comunicação, como registro contábil e mnemotécnicos entre os incas, onde cada nó significava uma mensagem distinta foi a forma que buscamos de além de conhecer as contribuições culturais dos povos pré-colombianos, valorizar outras leituras, outras formas de registro diferente da escrita que conhecemos. Com isso buscamos também entendendo melhor os colegas não alfabetizados que se utilizam de registros diferentes da escrita. Fizemos o levantamento de dados de alunos como: número de alunos dos ciclos, da EJA, número de professores dos ciclos e da EJA... e organizamos essas informações por meio dos quipus, que contam com números nós e com formas e cores diferentes para representar as diferentes informações. Apresentamos esse trabalho na Feira de Linguagem e Sócio-histórica da escola, acompanhado do trabalho de pesquisa dos povos pré-colombianos.

Trabalho apresentado na Feira de Sócio-histórica da escola. 15


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Cine SH: Abordagens Críticas da Revolução Farroupilha Netto Perde sua Alma: o filme conta a história do general Antônio de Souza Netto, personagem-chave de dois conflitos importantes da história do Brasil. Ferido durante a Guerra do Paraguai (18611866), o general é recolhido ao Hospital Militar de Corrientes, na Argentina. Numa noite, recebe a visita de um antigo companheiro, sargento Caldeira, ex-escravo. Juntos relembram o que viveram na Guerra dos Farrapos (1835-1845), o Corpo de Lanceiros Negros, a Proclamação da República Rio-Grandense e a revolta dos soldados negros, após a guerra. Netto rememora suas participações na guerra e ainda o encontro com Milonga, jovem escravo que se alistará no Corpo de Lanceiros Negros. Netto recorda ainda o exílio em Piedra Sola, Uruguai, depois da derrota dos farroupilhas, a descoberta do amor, com Maria Escayola, os fantasmas do passado e a Guerra do Paraguai. Naquela noite, unidos por duras lembranças, revelações surpreendentes e um terrível segredo, os dois veteranos enfrentam o derradeiro desafio. Baseado no livro homônimo de Tabajara Ruas. Direção: Beto Souza, Tabajara Ruas (2001)

O filme proporcionou muitos elementos para o trabalho realizado em sala de aula, principalmente, com relação ao modo 16


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como os negros foram e são tratados em diferentes períodos históricos. Após a exibição do filme, os alunos realizaram debates em sala de aula, e consolidaram suas ideias por meio de textos de opinião, como é o caso da produção destacada na sequência.

Netto perde sua alma José Felipe Menna dos Santos (T42) A história do filme é baseada em uma guerra, contando a falsa promessa de libertação dos escravos. Antônio Netto começou sua carreira como soldado e depois passou a coronel. Ele lutava pela igualdade de tudo, acreditava em sua teoria sobre a “Liberdade”. Mas Antônio, com o tempo, começou a ficar desanimado ao saber que a tal igualdade da sua teoria seria uma falsa mentira. Na minha opinião, eu até acho a história interessante, achei a obra um tanto dramática, por causa da tal “Liberdade”, pois eu acredito que a liberdade não existe completamente. Eu acredito que vivemos em um mundo em que as pessoas não podem ser felizes com quem amam, ou são tratadas como lixos.

Os Porongos Texto Coletivo (T41) Foram negros traídos por David Canabarro, que suspendeu suas armas, em 1844, facilitando a vida dos imperiais. Uma parte dos negros foram levados para o Rio de Janeiro.

Uma traição para não esquecer nunca Higino Maciel (T51) Bom, entendi que o filme fala sobre um povo que queria ser independente e lutou bravamente, onde todo tipo de raça lutou junto contra o Império, que queria ficar livre dos impostos e de que os escravos seriam livres, mas no final eles fizeram um acordo e a guerra chegou ao fim, mas os negros continuaram escravos. 17


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A parte do filme que eu mais gostei foi quase no final, no qual o personagem Milonga se revoltou e quis matar o coronel Netto.

Farrapos Júlio Shuvartzhaup (T51) O filme fala sobre o massacre de porongos, que aconteceu em 1844, durante a Guerra dos Farrapos. Foi a última batalha dos farroupilhas. Os lanceiros foram traídos por David Canabarro, que tinha retirado as armas deles.

Pastoreio Prof. Marco Mello Nesse livro, de 2013, Marô Barbieri faz uma releitura da lenda “O Negrinho do Pastoreio”, uma das obras mais famosas de Simões Lopes Netto, que completa o centenário de morte em 2016. Destinado a jovens e adultos, o livro, que teve as ilustrações e projeto gráfico de Martina Schreiner, faz um paralelo do período escravista com a realidade da população negra das periferias conferindo uma impressionante atualidade para a obra de Simões Lopes Netto.

O Massacre dos Porongos e a história dos negros no RS 18


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A contação da história, realizada na biblioteca Sérgio Capparelli, pela colega Márcia Rysdyk, no contexto da Semana Farroupilha, provocou a reflexão e a produção textual dos alunos sobre o os mitos em torno da identidade gaúcha e do racismo ainda existente. Após a exibição do documentário, os alunos relataram suas impressões, sobre essa etapa da história do Rio Grande do Sul por meio de produções textuais críticas.

Semana Farroupilha Manuela Nicole Ziger (T51) Bom, eu queria falar sobre os negros, não só no filme, como na vida atual, como eles vivem a vida hoje, não só como no passado. Eu acho que essas pessoas, aqui no Brasil, mesmo depois da “Guerra”, elas continuam passando pelas mesmas coisas, pois há muito racismo nesse mundo. Pra mim, não deveria ter comemoração farroupilha. Como que vamos comemorar a morte de negros? Sendo que isso não teve somente no passado, acontece ainda agora.

A Guerra Farroupilha Solange Silva de Carvalho (T51) Na minha opinião, a Revolução Farroupilha foi muito desumana, teve promessa para os negros e não foi cumprida. Eu acho que não deveriam ter faltado com a palavra, se prometeram, tinham que ter cumprido! Mas como eram pessoas importantes no governo, os negros, simplesmente não tinham escolha, mesmo achando que poderiam ser libertos daquela escravidão, tinham que trabalhar. Acho que não deveríamos comemorar o 20 de setembro, pois na verdade, os farrapos perderam a guerra e os negros foram injustiçados.

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Cine SH: Mãos Talentosas Prof.a Jaqueline Gomes Nunes Waszak O filme “Mãos Talentosas” compôs um dos projetos de trabalho da Educação de Jovens e adultos da EMEF Saint’ Hilaire. O objetivo principal dessa atividade foi de colocar em pauta questões, como: vulnerabilidade social, preconceito, violência, modelo de família e o estudo como fator de transformação da realidade. Baseado na histórica do médico americano, Ben Carson, o filme traz a história de vida de um menino negro e pobre, morador de Detroit, nos EUA, que independente da situação financeira, do preconceito racial e influências para adentrar ao mundo da violência, conseguiu superar as dificuldades e encontrar no estudo uma motivação. Sua história de superação, fez com que se tornasse um estudante de sucesso e neurocirurgião renomado em todo o mundo. Após a exibição do filme, os alunos de todas as totalidades da EJA, foram instigados a debater as questões abordadas no filme, sendo a produção textual, um modo de expor suas principais impressões sobre os temas abordados.

Dedicação e conquista Kézia Marlei do Nascimento Barbosa (T61) O filme fala sobre uma mãe solteira, que tem dois filhos. Essa mãe não tem uma condição de vida boa, por isso, influencia os filhos a estudar, para não passarem pelas mesmas dificuldades que ela. O filme fala sobre a vida de um dos meninos, que tem dificuldades para aprender, mas com a ajuda da mãe, se forma um 20


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neurocirurgião, que se torna muito conhecido. Eu aprendi nesse filme que com muita dedicação a gente consegue chegar lá!

Mãos Talentosas Lucas Lanes Barbosa Batista (T61) Eu pude perceber no filme que o Ben, em um momento da vida dele, estava mal nos estudos e a sua mãe, uma mulher muito rigorosa, sempre cobrava muito, para que ele estudasse. Tudo começou através da leitura e para mim a leitura é muito importante e nos traz muito conhecimento, sobre assuntos diversos, e o personagem lia muito e foi melhorando. Na escola, com o passar dos anos, percebi que ele se perdeu um pouco, começou a andar com um mau elemento, mas logo retornou aos estudos, onde conseguiu uma bolsa para estudar em uma faculdade. O interessante é que ele sempre se esforçou para alcançar o seu objetivo, que era ser neurocirurgião. Interessante, também, que ele ouviu a mãe dele sobre estudar e foi por isso, que ele venceu na vida e alcançou seu objetivo, e não parou por causa do preconceito que muitas vezes sofreu.

Exemplo de vida Larissa Figueiredo Ramires (T61) O filme fala sobre um garoto negro, de suas derrotas, suas conquistas. Há envolvido racismo de colegas e professores. Bom, pela minha visão, o menino não acreditava que poderia ser alguém, pois achava que era muito “burro”. Com o incentivo de sua mãe e a ajuda dela, começou a se esforçar se empenhar nos estudos, e deu, literalmente, a volta por cima. Ele não sabia quais eram os problemas de sua mãe, não sabia que sua mãe não sabia ler, e acho que para ele, sua mãe era a maior inspiração que ele poderia ter. Com sua fé e motivação concluiu os estudos no Ensino Fundamental, mas em sua formatura, sofreu o singelo racismo, mas isso só o inspirou ainda 21


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mais. Em um determinado momento, o garoto se juntou com uns “playboys”, se tornou agressivo, comprou um canivete e atingiu um de seus amigos. Mas ele quebrou o canivete ao meio e buscou, novamente, sua fé. Isso fez com que ele se formasse, mais tarde, como neurocirurgião. Ben fez um progresso enorme com sua mente e com sua vida. Conseguiu salvar várias vidas e foi reconhecido como um dos melhores cirurgiões do mundo.

Superação a várias mãos Aline Ramos Pereira (T61) Bom, eu gostei do filme, achei interessante, pois mostra uma família humilde, uma família de negros, que mesmo com dificuldades, classe econômica baixa, mesmo assim, eles superaram e cresceram na vida. Qualquer um, desde que com força de vontade e apoio, pode seguir em frente e ir muito longe. Só precisa querer, tentar, arriscar, ousar. No filme é mostrada a força de vontade da mãe dele, que sempre esteve ali. Era rígida, quando preciso, mas também sabia apoiar. Mesmo não sabendo ler ela ajudou o filho dela a ser alguém. O filme também mostra superação, força de vontade e mostra cada fase da história de vida dele e, que, mesmo ele sendo “pisado” e tendo más influências, ele seguiu e atravessou obstáculos. Fez uma faculdade, estudou, trabalhou como um doutor, mesmo vindo de uma família humilde. Isso mostra que qualquer um que se esforça, consegue.

Uma história inspiradora Jackson Welker dos Santos Costa (T61) É um filme baseado em fatos reais, uma história bem interessante, com cenas do dia-a-dia, em que pessoas negras não são bem aceitas na sociedade. Bem, conseguiu crescer na vida, com o apoio muito forte da mãe. Teve perdas na vida, como a de seus filhos, na gravidez na esposa e superou. 22


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Teve grandes méritos na profissão, como a cirurgia dos gêmeos siameses, que naquele tempo, foi inovadora, e que até hoje ajuda muito. Criou um instituto para jovens bem-dotados, digamos, com a mesma inteligência dele, só que com uma baixa renda, não muito vistos pela sociedade.

Tecendo histórias: linguagem e Simbologia dos tecidos africanos Prof.a Anézia Viero Os estudos sobre a História da África acompanharam o trabalho na sala de aula na totalidade 6. Esta é a base para o projeto Tecendo histórias: linguagem e simbologia dos tecidos africanos. A partir da adaptação do trabalho “Tecidos Africanos: Histórias Estampadas” da Autora Marlene de Fátima Bento (Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/2010, do Estado do Paraná). Como no projeto da autora introduzimos o projeto Tecendo Histórias com leitura do conto africano intitulado “Os sete novelos – um conto Kwanza”. A história se passa numa aldeia do país de Gana, onde uma família com sete filhos órfãos de mãe vive em desarmonia entre si, o que causa grande decepção ao pai. Quando morre o pai, o chefe da aldeia administra a herança que foi deixada, sob as seguintes condições: os filhos teriam que transformar sete novelos de fios de seda em ouro, caso contrário, perderiam os bens para os aldeões. Os irmãos fazem um acordo de paz e, em conjunto, buscam soluções. Observam os hábitos do povo e conseguem criar e produzir um tecido que desperta a atenção do tesoureiro do rei. Em troca do tecido, recebem uma sacola de ouro e, com isso, a herança. O filho mais novo não se alegra, pois percebe que seu povo nada receberá. A solução foi ensinar os aldeões a tecer, para que também conseguissem transformar fios em ouro. Após a discussão do trabalho, com a localização geográfica do Continente Africano, e a localização do país de Gana, citado no conto, e o estudo das características gerais do continente africano, 23


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os alunos constataram que há uma multiplicidade de expressões culturais e que a tecelagem africana, rica em significados e simbologias, é uma delas. Como a riqueza cultural contida nos tecidos africanos é imensa, pois existem centenas de símbolos, e a maioria deles é de origem ancestral, sendo transmitidos de geração em geração. Com os alunos privilegiamos os símbolos adinkra e os bogolans. A simbologia adinkra está representada nos tecidos estampados a mão do reino Ashanti, em Gana. É considerado objeto de arte. O adinkra constitui um código do conhecimento referente às crenças e à história da África. A escrita dos símbolos adinkra reflete um sistema de valores humanos universais nos quais família e integridade são centrais. A maioria é de origem ancestral, sendo transmitidos de geração em geração. Os símbolos são estampados nos tecidos por meio de uma espécie de carimbo, feito com a casca de cabaças. Este é mergulhado numa tintura feita com as cascas de árvores e pressionado diversas vezes no tecido para criar estampas. Alguns tecidos podem apresentar um único projeto carimbado, enquanto outros podem ter mais de vinte motivos aplicados na superfície. Cada símbolo adinkra tem um nome derivado de um provérbio, evento histórico atitude humana, comportamento animal, vida vegetal, formas de objetos inanimados e artificiais. Para estudar os tecidos bogolan viajamos na história do Reino de Mali, suas características Gerais até o Mali atual para então estudar Símbolos do bogolan. No atual país de Mali, há um rico artesanato entre eles está o bogolan, que se trata de tecidos pintados a mão o qual se tornou um símbolo da identidade do país. É uma tradição estabelecida há tempos entre os Bambara, etnia majoritária do Mali. A palavra deriva de um idioma local, de âbogoâ (argila, lama) e âlanâ (com, feito de). O nome feito de lama deriva do desenho feito de barro rico em óxido de ferro, aplicado sobre tecidos tingidos com tinturas vegetais. Evitava-se usá-los no dia a dia, pelo fato de que a tinta desbotava ao lavar. 24


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O tecido de algodão branco, fiado e tecido a mão, é a sua matéria-prima. É confeccionado em tiras estreitas por homens locais em tear duplo. As tiras são cerzidas juntas na forma de pano desejado pelo usuário. Segundo a tradição, esse tingimento com plantas, que são também medicinais e contém propriedades curativas, dá ao tecido tons de ocre, marrom e amarelo. Com alta concentração de tanino (substância encontrada em vários organismos vegetais), as plantas utilizadas são fixadores naturais, o que garante aos tecidos uma cor que nunca desaparecerá. Cores utilizadas são, essencialmente, o preto, o castanho e o branco. O tingimento tradicional é feito apenas por mulheres e a técnica é passada de mãe para filha. O processo é longo. O bogolan tornou-se um símbolo da identidade do Mali, aparecendo em publicações oficiais. É familiar a quase todos os malineses, sendo feito e usado por pessoas de todas as idades e etnias. Os desenhos que adornam o bogolan carregam um grande significado cultural e os motivos baseiam-se na vida rural ou urbana africana, na natureza e nos inúmeros ideogramas e formas geométricas tradicionais de cada etnia, podem se referir também a objetos inanimados, a acontecimentos históricos, com temas mitológicos ou provérbios.

Alunos da T51 divididos em grupos para realizar a tarefa. 25


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SĂ­mbolos dos tecidos africanos reproduzidos pelos alunos da T61.

Alunas da T52 produzindo seus materiais.

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CAPÍTULO 2

Capítulo 2: SAÚDE, CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS Saúde e Alimentação nas Aulas de Ciências Prof.a Jaqueline Gomes Nunes Waszak Um dos eixos privilegiados junto às Totalidades da EJA da EMEF Saint’ Hilaire foram as questões de saúde, pois entende-se a importância da educação para a compreensão das relações entre o corpo e o ambiente em que vivemos, e o como proceder para que haja equilíbrio entre essas relações. Dentre diversas metodologias, foram priorizados trabalhos com situações-problemas, envolvendo o funcionamento do corpo humano e atitudes que podemos ter em nosso dia-a-dia para a manutenção da saúde. As temáticas selecionadas para as aulas de Ciências da Natureza trouxeram temas como: higiene pessoal, saneamento básico, alimentação e conservação de alimentos, vacinas e uso de medicamentos, doenças e drogas. Com o objetivo de caracterizar o trabalho desenvolvido, destacamos algumas produções de alunos, que serão apresentadas na sequência.

Alimentação Saudável Júlio Shuvartzhaup (T51) É simples, basta não ingerir muitas gorduras de forma errada, como, margarina, queijo, azeite, banha e outros alimentos, como salsicha, patê, hambúrguer, fritura. A gente também tem que cuidar com o sal nas saladas e nas comidas, para não desenvolver problemas de saúde. Para levarmos uma vida mais saudável, temos que começar pela refeição mais importante do dia, que é o café da manhã. Sempre temos que comer alguma coisa de manhã, nem que seja uma fruta, ou até mesmo um iogurte. À noite, tem gente que come demais, mas isso está errado, devemos comer algo mais leve, como uma salada. 27


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Como ter uma alimentação saudável? Thaimara Cabrera Gonçalves dos Santos (T51) Para termos uma alimentação saudável, precisamos, primeiramente, não ingerir alimentos sujos, contaminados. Precisamos lavar bem antes de consumir os alimentos. Para crescermos fortes e saudáveis é importante que tenhamos uma alimentação nutritiva, à base de frutas, legumes, verduras, leite e seus derivados, cereais, arroz, feijão, carnes e ovos. Cada alimento traz nutrientes, que são importantes para o crescimento do corpo, assim como para a manutenção de nossa saúde, pois são fontes de vitaminas, sais minerais, proteínas, etc.

Cotidiano: tempo, gênero e transformação Iniciamos o ano com uma experiência significativa de docência compartilhada com vistas ao acolhimento dos alunos da EJA, entrosamento do grupo de educadores e também o estabelecimento de critérios para facilitar a enturmação dos alunos nas totalidades e turmas respectivas. Um conjunto de atividades compôs esse trabalho, incluindo uma entrevista em torno das histórias de vida e trabalho, apresentação oral dos colegas, reflexão em torno da organização do tempo ao longo de um dia típico, audição da música Cotidiano, de Chico Buarque, celebração do dia 8 de março; dia internacional da mulher e elaboração de metas a serem transformadas, envolvendo família, estudo e trabalho.

Chico Buarque 28


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Djalma Franรงa Alves (T61)

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Relรณgios que marcam o cotidiano dos alunos da EJA

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Violência de Gênero Prof. Janderson Gonçalves Uma das atividades coletivas desenvolvidas ao longo do primeiro semestre teve como finalidade a discussão das temáticas que envolvem a relações de gênero na sociedade, no modo como nossos alunos e alunas veem essas diferenças e, sobretudo, nas repercussões que houve a partir da reflexão sobre a reportagem de um estupro coletivo de uma adolescente no Rio de Janeiro.

Na próxima página, seguem as produções dos alunos e alunas da EJA sobre o tema.

Violência contra a mulher Luiz Fernando da Silva Silveira (T52) Hoje em dia, os casos de violência contra a mulher estão cada vez mais presentes no Brasil. No Rio de Janeiro, semana passada, teve o estupro coletivo daquela menina de 16 anos. 33 homens estupraram a menina. Aquele que bate em mulher ou está no efeito de drogas ou é um maníaco que tem o prazer em bater em mulheres. Já faz um tempo que colocaram a Lei Maria da Penha, mas mesmo assim, tem aqueles que batem e ameaçam suas mulheres e elas ficam quietas. Mas, se continuar desse jeito, elas sempre vão estar apanhando dos covardes. Para mim, uma coisa é certa: Quem bate em mulheres é covarde, é alguém que apanha na rua e desconta a raiva nas 31


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mulheres em casa, e isso muitas vezes acaba em tragédia, resulta em morte ou até ficar numa cadeira de rodas.

Queremos justiça! Kevin Patrick Villorva(T42) O mundo tem que ser mais justo com as mulheres. Porque quem faz o serviço de casa são elas. O homem é muito estourado, qualquer coisinha já está brigando com a esposa e quando não briga com a esposa desconta nos filhos do casal. Normalmente, a violência é psicológica como se afastar dos amigos da família e de outros familiares.

Até quando? Paola Eduarda de Oliveira Adams (T52) A violência dentro de casa chega a ser a pior de todas, porque não vai adiantar gritar por socorro. Dificilmente alguém se mete, o melhor a fazer é depois do acontecido denunciar este covarde. Mulher é mulher. Mulheres são fracas, frágeis e indefesas. A mulher não tem como se defender, o homem é sempre mais forte que a mulher. O homem que gosta de bater em mulheres é aquele que chega da rua bêbado, machucado, já havia brigado nos bares, e chega em casa com raiva e desconta tudo na pobre mulher, que não tinha nada a ver com o que aconteceu na rua. Tem homem que gosta de ir para a rua gastar o dinheiro da mulher. Quando chega em casa bêbado se tem uma comida que não é do agrado dele, já é motivo de bater na mulher. Quando a mulher mente que não tem dinheiro mesmo ele estando são, ele agride ela que nem se briga com homem. Até que chega uma hora que os vizinhos lincham ele. Só que a mulher diz para não matar ele e ele vai embora.

Resistência à violência contra a mulher Kimberly Gabriele Silva Cruz (T52) 32


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Nos dias atuais o que mais choca os brasileiros é a violência contra as mulheres. Dia após dia, os crimes contra a mulher estão nos meios de comunicação. Não só na classe média e pobre, mas também na classe rica. Não só nas periferias, o abuso, a negligência, o pouco caso, das próprias atividades, os muitos casos que chegam até o nosso conhecimento são de poucas mulheres corajosas que se dispõem em dar queixa contra os seus agressores, namorados, maridos. Existe a Lei Maria da Penha para quê? Só existe no papel, porque não resolve nada, se resolvesse não existiria tantos assassinatos contra essas mulheres. Enquanto não existir alguma lei severa, que funciona realmente cada vez mais ouviremos a eliminação geral das nossas brasileiras.

Movimento de Ocupações dos Estudantes nas Escolas no Conturbado Contexto de 2016 Prof.a Anézia Viero e Prof. Janderson Gonçalves No âmbito político, o ano de 2016 foi muito conturbado para os brasileiros. Assistimos ao impedimento de uma presidenta e uma série de ameaças põe em risco o futuro da grande maioria dos trabalhadores. Diante desse contexto desfavorável, um dos fatores positivos dessa crise foi a iniciativa dos alunos e alunas secundaristas e universitários, que manifestaram todo seu descontentamento com o rumo que o Brasil e, sobretudo, a educação estão tomando, a partir da ocupação de diversas escolas e universidades por todo o país. Esse foi o mote da atividade proposta, em que os alunos precisaram pesquisar e, quando possível, visitar uma ocupação. A partir desse tema, um borbulhar de ideias fez com que muitas reflexões surgissem para qualificar o debate sobre o assunto em sala de aula.

O que vejo sobre as ocupações Antônio Marcos Feijó da Silva (T51) Tenho visto alunos ocupando as escolas em nosso Estado. Eles dizem lutam por melhorias, tais como: não a privatização dos espaços públicos, garantir o salário dos professores em dia, melhoria na infraestrutura das escolas, merenda e outras coisas. 33


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O que penso? Para ideologias políticas, pois tudo começou uns dias atrás, exatamente na semana de votação do impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. Não vi nenhuma manifestação ou protesto. Parece que o pessoal não percebe que estamos em uma transição, e que no momento não é de tentar atrapalhar ou boicotar o atual governo, estamos em um momento de baixar a cabeça e trabalhar. Alguns meses de atraso na escola significa anos de atraso para o país, pessoas que entrarão mais tarde no mercado de trabalho talvez, até mesmo a cura para alguma doença ou descoberta de alguma nova tecnologia, tudo isso está ligado a essas simples “manifestações”. É bem difícil lembrar tudo ou expressar totalmente minha opinião, pois como falei, creio que não passa de ideologia política, pois não vi nada disso antes da mudança de governo. E, como falei antes, não é o momento de tentar boicotar ou atrapalhar, mas sim “baixar a cabeça e trabalhar e trabalhar”! Não vejo como atender à todas essas reivindicações em um momento de crise, igual o que estamos enfrentando. Creio que devemos deixar nossos governos estadual e federal trabalhar e sim, daqui alguns meses, começar a cobrar. Os atuais administradores não têm culpa se os antigos quebraram os estados e o país.

Ocupação das escolas: Movimento que se espalha pelo Rio Grande do Sul Higino Maciel (T51) Muitas escolas ocupadas. Na minha opinião, se os governos fizessem a sua parte como: pagar os salários dos professores em dia e fizessem uma boa manutenção periódica nas escolas não teria nenhuma escola ocupada. Nas escolas ocupadas os alunos apoiam a paralisação dos professores que pedem aumento imediato dos salários, o fim do parcelamento do salário e o pagamento do piso nacional. Pois bem, eu com certeza também apoio essa luta dos jovens e professores. Para mim essa luta é uma luta justa, porque todos nós temos direito de lutar por melhores condições de trabalho e de salário justo. 34


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Nas escolas ocupadas os alunos se reúnem para atividades como pinturas e grafites. Na minha humilde opinião, o governo deveria se espelhar nesses jovens que estão nas escolas ocupadas e fazer alguma coisa a respeito, como. por exemplo, botar os presidiários que estão presos só comendo e bebendo as nossas custas fazer esse tipo de trabalho. Resumindo: ao meu ver os professores em geral deveriam ter um bom salário e os jovens deveriam serem tratados com mais respeito, porque afinal os jovens são a esperança e o futuro de amanhã, são nossos filhos e netos.

Um momento histórico na luta pelo direito à educação José Cristóvão Ramos (T61) Antes de abordar esse tema, vamos fazer uma analogia. A sociedade em geral pode ser comparada a uma máquina gigantesca de movimentos ordenados. E, como toda a máquina, há uma necessidade que se faça periodicamente reparos e revisões, para manter o seu bom funcionamento e desempenho. Na sociedade não é muito diferente, cada membro desempenha o seu papel para o bem comum de todos. Vocês já pararam para pensar qual é o setor da sociedade que produz esses membros? É isso mesmo! Quem produz esses membros? São as instituições de ensino como: Escolas públicas Escolas particulares Escolas técnicas Escolas preparatórias para o ensino superior Etc... Já faz uns dias que os professores das escolas públicas estaduais fizeram uma paralisação para reivindicar seus direitos, e junto com eles os alunos ocuparam os estabelecimentos de ensino pelo mesmo motivo. Esse é um momento com certeza histórico. Alunos e professores juntaram forças e estão em busca de melhorias. É impossível manter uma qualidade do ensino com a precariedade nas estruturas tanto prediais como humanitárias. No que se refere às questões de estruturas prediais podemos citar má conservação das salas de aula, muros ou cercas inapropriadas para promover a segurança dentro da escola, 35


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instalações elétricas perigosas, iluminação (luminárias) queimadas, telhado com vazamento, etc. Na parte humanística, temos uma defasagem muito grande nos salários de nossos professores. Buscar a melhoria no relacionamento dos educadores com a sociedade através de uma política de acesso é uma necessidade. A maioria dos professores praticam seu ofício por amor, doando-se por inteiro para a educação de nossos filhos, e o mínimo que devemos a eles é respeito. O não pagamento de seus salários ou até mesmo o parcelamento deles mostra o descaso total com a classe. Isso é muito injusto. Se fosse falta de recurso financeiro, mas não é. Isso é o que dá eleger pessoas para ocupar cargos executivos sem o mínimo de formação. O projeto de Lei n. 44/16 é um absurdo, ele irá transformar as escolas públicas, que hoje é uma indústria de sonhos em uma grande instituição financeira focada em visar o lucro. Isso é triste. Mas não é por isso que devemos desistir, unidos e organizados com certeza venceremos esta batalha.

Projeto Cidadania (SAJU/UFRGS) Estudante Protagonista: Direito e Cidadania nas Escolas

Projeto de Extensão da Faculdade de Direito - UFRGS Ligado ao G11-SAJU 36


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O que é o projeto Estudante Protagonista – Direito e Cidadania nas Escolas? Somos um projeto de extensão da Faculdade de Direito da UFRGS, ligados ao G11-SAJU (Grupo que presta assessoria jurídica gratuita para adolescentes sendo acusados de ato infracional). Enquanto o G11 faz a parte jurídica do atendimento aos adolescentes, nós visitamos escolas da Lomba do Pinheiro, de onde boa parte dos assessorados do G11 vêm, para fomentar a cidadania e os conhecimentos dos direitos fundamentais através de um espaço, na sala de aula, para protagonismo dos alunos. Missão Participação ativa em sala de aula é o grande treinamento de cidadania. A grande missão do projeto é, através do debate da cidadania, criar espaço para o estudante compartilhar seus conhecimentos, levantar os problemas a serem resolvidos e buscar, em conjunto, soluções. "Muito obrigado a todos os alunos da turma C21 e da EJA que participaram do projeto 'Estudante Protagonista – Direito e Cidadania nas Escolas' e parabéns por deixarem os debates tão ricos e levantarem soluções tão criativas!" Tainara Carozzi

O projeto foi premiado... No Salão de Iniciação Científica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2016, que aconteceu no começo de setembro, o projeto, pelo ótimo desempenho com os alunos, foi um dos oito maiores destaques das Tertúlias do Salão de Extensão. Debates sobre direitos fundamentais em sala de aula... O projeto Estudante Protagonista – Direito e Cidadania nas Escolas visitou a turma, do 8º ano, e as turmas de EJA da EMEF Saint’ Hilaire. Foram três encontros em cada turma, cada um com uma temática: 37


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1. Direitos fundamentais e o Estatuto da Criança e do Adolescente; 2. Violência doméstica e sua relação com o machismo; 3. Violência policial, os direitos do adolescente em uma abordagem policial.

Distribuição de exemplares do ECA... Exemplares do Estatuto da Criança e do Adolescente, fornecidos pelo Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente, foram distribuídos a cada um dos alunos participantes. Protagonismo em sala de aula… Através de músicas, vídeos e dinâmicas que envolvem movimentação e debate, a temática de cada encontro foi introduzida. A partir daí, o protagonismo foi dos estudantes: eles relacionaram o tema com a sua realidade e compartilharam suas próprias experiências, levantando problemas reais enfrentados na região.

Turma C21. 38


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Alunos da EJA.

Na turma C21, por exemplo, ao tratar do direito fundamental à saúde, a turma levantou o problema da grande quantidade de pessoas passando fome em Porto Alegre, contrastando essa realidade com a enorme quantidade de comida que era diariamente desperdiçada em restaurantes por toda a Lomba do Pinheiro. A turma sugeriu, como solução, a criação de um restaurante comunitário, para onde a comida, após ter sua qualidade verificada por agentes do Estado, seria oferecida aos cidadãos que passam fome.

Desenho produzido pelos alunos e alunas da turma C21. 39


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Os debates também levantaram uma série de questões morais, treinando a capacidade argumentativa e de tomada de decisão coletiva da turma. Em uma dinâmica sobre violência doméstica, por exemplo, a turma foi confrontada com questões como "Os homens são naturalmente mais violentos que as mulheres?", tendo de se posicionar a favor ou contra à afirmação. Ela então se dividiu em diferentes pontos de vista, argumentando e chegando, ao final, a um consenso: a ideia de um homem violento era, ao menos majoritariamente, apenas uma construção social. Cartazes dos Alunos

"Tem gente de todo o tipo" Desconstruindo padrões de gênero. O que um policial poderia ou não fazer em uma abordagem? Violência policial – a lei em comparação com a realidade.

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G11-SAJU Faculdade de Direito UFRGS Av. João Pessoa, 80 - Centro Histórico, RS, 90040-001 Telefone: (51) 3308-3967 Facebook: https://www.facebook.com/G11SAJUUFRGS/?fref=ts Augusto Nardin – Coordenador do Projeto Telefone: (51)9869-8523 E-mail: augustonardin@gmail.com

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Capítulo 3: LEITURA, LEITORES E POLÍTICA CULTURAL Sobre relatos de viagem Prof. Janderson Gonçalves Poucas coisas na vida são melhores que viajar. Aliás, haveria alguém que não goste de conhecer outros lugares, pessoas diferentes e novas culturas, que acabam fazendo com que nós mesmos nos compreendamos melhor? Deve haver, embora não conheça ninguém que nunca tenha experimentado uma aventura sequer pelas estradas do desconhecido. A atividade proposta na disciplina de Geografia foi para os alunos e alunas escreverem uma redação sobre a viagem mais significativa que eles fizeram até o momento. Essa tarefa teve o intuito de prepará-los para a recepção do Airton Ortiz, que foi o escritor adotado pela EJA e que fez parte do projeto Adote um escritor na EMEF Saint’ Hilaire, no ano de 2016. Tal projeto faz parte de uma parceria institucional entre a Secretaria Municipal de Educação e a Câmara Riograndense do Livro, com o intuito de simular práticas de leitura no âmbito escolar. Como o Airton Ortiz é um escritor renomado e criador do gênero jornalismo de aventura, nada melhor do que apresentarmos a ele as nossas próprias aventuras. Os textos abaixo foram produzidos pelos alunos e alunas da turma T61 nas aulas de Geografia e têm como principal objetivo revelar ao adotado quais são as nossas lembranças de viagem que nos marcaram, enfatizando nosso gosto em pôr o pé na estrada.

Meu relato de viagem Jeferson Santanna dos Santos (T61) Todos nós temos recordações de um período da vida, um acontecimento, uma perda ou ganho. Comigo não foi diferente. Meu nome é Jeferson Santanna dos Santos e me recordo de uma viagem muito marcante em minha vida, o lugar em que minha mãe nasceu e também foi a primeira viagem que fiz. Eu era muito 42


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pequeno, então aquela experiência para mim foi mágica, viajar para outra cidade, aquela sensação de fazer as malas. Desde o dia anterior, eu não contive a ansiedade. Lembranças que eram e ainda são muito boas. Adoro conhecer novos lugares. Isso me completava pelo fato de visitar mais pedaço da família. Nossa, era uma alegria muito grande para uma criança, rever e matar a saudade dos primos. Recordo-me que tinha entre 4 e 5 anos de idade, meus olhos brilhavam ao pegar a estrada e chegar até a cidade de destino. Eram mais de 500 km até Uruguaiana, esta viagem marcada mais que qualquer outra, pois presenciava a felicidade de minha mãe ao embarcar e esperava ansiosamente a chegada, pois encontraria mais uma parte de minha história, minha família. Meu pai costumava nos acompanhar às vezes em que não estava trabalhando. Na maioria das viagens, apenas minha mãe me acompanhava. Literalmente, minhas lembranças de infância eram lindas paisagens, bastante vegetação, rios extensos, animais diferentes e selvagens, muita natureza. Fazíamos essa viagem todos os anos e todas às vezes era como se fosse a primeira viagem de guri. Hoje ela não é tão rotineira, devido às responsabilidades da fase adulta, mas pretendo voltar, com certeza, pois é nessa cidade que traz minhas expectativas de criança, fazer as malas e viajar de Santa Maria, minha cidade natal, para Uruguaiana. Muitas vezes, nem sabia o percurso, só sabia que terminaria em outro lugar e era nele que me sentia acolhido pelos familiares, que ficavam muito felizes com a nossa chegada. Flores Gabriel Matheus Gonçalves (T61) Meu nome é Gabriel Matheus Gonçalves e tenho 16 anos de idade. A viagem que eu mais me recordo foi na semana passada, para Flores da Cunha. Tive recordações boas de um dia tranquilo de muito amor, fotos, conversa, paisagens exuberantes, vento fresco no rosto. Durante o percurso, paramos em um mercadinho de beira de estrada, compramos alguns salgados e refrigerantes, café e algumas balas. Foi uma viagem bem tranquila. Curti bastante. No carro, eu dormi um pouco, no colo da minha namorada, que foi comigo. 43


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Chegamos de manhã, lá pelas 10h. Essa viagem me marcou mais que as outras, porque não foi nada programado, foi do nada. Algo simples, mas bom. Vimos paisagens incrivelmente lindas, paisagens naturais, muitas plantações de muitas variedades, uvas, ameixas, arroz. Poucas casas, nem prédios, uma casa aqui e outra lá, adiante nem dava para ver. Muitos animais, fazendas. Não voltei ainda para lá, mas pretendo. Foram muitos sorrisos, deitamos na grama, olhamos o céu, admirando a imensidão azul. A viagem mais bonita Maria de Lourdes Guedes Lopes Britto (T61) A viagem mais bonita de toda a minha vida que eu lembro foi quando fui para Itapema, em Santa Catarina. Foi uma viagem muito bonita, porque eu gosto de conhecer outros lugares, conhecer pessoas novas, fazer novas amizades. Eu gosto muito de me divertir. Nós fomos nas praias lindas, maravilhosas, e tomamos banho de mar. Tomamos muita água de coco. Conheci outros lugares. Foi muito bom. Depois fui viajar para Passo Fundo. Passo Fundo também é ótima cidade. Conheci muitas pessoas maravilhosas. Também porque eu passeei bastante, fiz novas amizades também. Fui passear com as minhas cunhadas, meus sobrinhos, foi muito divertido. Isso sem falar das paisagens lindas durante toda a viagem. Principalmente quando eu fui para Santa Catarina, as praias lindíssimas. Outra viagem de que eu gosto muito é quando vou para Bom Princípio, que as paisagens são muito bonitas. A cidade de Bom Princípio também é bem aconchegante. As pessoas também são maravilhosas. Bom, essa foi a minha redação e essas sãos as minhas viagens. Santa Catarina Karoline Miguel (T61) Meu nome é Karoline Miguel e no ano de 2015 fiz uma viagem para Santa Catarina. As lembranças são as melhores, porque estava com pessoas que eu amo. A viagem foi em fevereiro. 44


Palavras da EJA

Lembro bem, porque foi para um lugar para onde eu muito queria viajar. Também foram comigo meu marido, meu pai e minha mãe. A paisagem era linda, mas de natureza só havia o mar, porque havia muitas construções. Não voltei mais a Santa Catarina, mas pretendo ir no final de 2016 passar o Natal e o Ano Novo com minha família. Gosto muito de lá. Por mim, eu me mudava para lá, pois sinto saudade dos meus primos, tios, tias, que moram em Santa Catarina. Enfim, foi uma viagem maravilhosa.

Beto Carrero World Gilda Fonseca da Silva (T61) No dia 11 de novembro, fui com minha filha que se chama Amanda para o Beto Carrero, que fica em Santa Catarina. Fomos num ônibus de viagem, que tem os bancos bem confortáveis. Foram juntos também os meus sogros e uma de minhas cunhadas. A viagem foi muito agradável, tinham muitas pessoas conhecidas. Quando estávamos chegando, o guia de viagem disse que o mar ficava perto, mas ninguém quis ver, porque estávamos loucos para ver e chegar na fazenda. Quando chegamos, fomos direto para o hotel. Tomamos um banho e em seguida fomos tomar café. Fomos ver o lugar. Muito lindo. Tinha muitas árvores, flores, animais e tinha muitos lagartos caminhando na rua. Eram mansos. Eu estava louca para ver os shows, Tinham vários. E brinquedos bem legais, montanha-russa, carro-choque, elevador, cinema 3D. Tudo era muito lindo. O mais importante era o show do trem que era assaltado, que o Beto vem em cima do cavalo. Foi lindo. Foi um passeio inesquecível. A Colheita da Marcela Régis Custódio de Oliveira (T61) Em abril de 2016, eu e mais três amigos subimos de moto para São Francisco de Paula, na Serra Gaúcha. Me recordo que sempre é realizado na cidade uma festa na noite da colheita, mas 45


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dessa vez levaram a festa para um rodeio, uma espécie de área rural. 24 de março, uma das melhores festas, sem dúvida. 120 Km percorridos para chegar até lá, mas vale a pena ir. Essa viagem ficou na história, chuva na saída à noite, a loucurada estava aberta para quem quisesse se enlouquecer. Muita bebida, música, gente bonita, uma verdadeira festa. Éramos entre quatro, Matheus e sua namorada, Camila, eu e o meu irmão Robson. Nessa fazenda tinha muita coisa interessante, mas pude ver só quando clareou o dia. Pude ver que tinha diversos animais, mas o mais esperado era a hora que todos tiveram que levantar, para a colheita. Claro que ninguém dormiu naquela noite. Mas o engraçado que todos que estavam lá, acho que umas 1500 pessoas, estavam com as suas barracas. Até aí, tudo bem, só que a festa estava tão boa que eram 5h da manhã e nada das pessoas arredarem o pé de lá. Amanheceu o dia e não vão acreditar, não colhemos marcela. Viemos embora sem nada, mas com a certeza de que irei novamente, até porque são cinco anos seguidos que faço esse passeio, mas o primeiro que não colho nada.

Viagem para São Paulo Luiz Fernando da Silva Silveira (T61) Meu nome é Luiz Fernando, a viagem que mais recordo foi quando fui para minha tia, em São Paulo. Tive várias recordações boas, vários bailezinhos bons. Essa viagem aconteceu no ano de 2014. na virada do ano. Essa viagem foi boa, porque lá construí uma história com uma pessoa, quando fui. Fui eu e minha vó. O único problema é que o ar é muito poluído e havia mais construções do que natureza. Eu vi ruas esburacadas, caminhões poluindo o ar e pessoas jogando o lixo na rua. Faz um tempo que não vou a São Paulo. Nem sei se minha tia é viva ainda e o caso que eu tive talvez esteja até casada. Ainda pretendo voltar a esse lugar. São muitas lembranças envolvidas.

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Totalidades Iniciais: Adotando um Escritor

Aventuras pelo Mundo O escritor Airton Ortiz um famoso escritor de livros que viaja pelo mundo todo. Escreve histórias de animais da selva, ecologia, flora e fauna. Fala também dos lugares que passa. Paris capital da França. Paris é conhecida Cidade Luz.

como

Local: Montmartre boêmio.

bairro Felícia da Silva (T21)

Eu entendi que a Cidade Luz tem um luar que não tem igual e que o Jardim de Luxemburgo é muito lindo e com muitas Flores.

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Airton Ortiz Airton Ortiz é um escritor gaúcho natural de Candelária. Trabalhou na roça até dez anos e, por decisão de sua mãe, foi estudar na cidade de Lajeado. O seu estudo foi pago com alimentos produzidos no sítio de seus pais. Ficou até terminar o 5º ano. Foi feito o convite para ele voltar para o sítio, mas ele recusou e tomou a decisão de ficar estudando e trabalhando. Terminou os estudos e a faculdade e se tornou um grande escritor e viajou pelo mundo.

Valderez M. Coelho (T31)

TS iniciais confraternizando com o autor adotado, Airton Ortiz. 48


Palavras da EJA

MĂşsica com o prof. AndrĂŠ Machado.

Filme Meia-noite em Paris.

Luiz Fernando da Silva Silveira (T61)

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Palavras da EJA

Paris, um lugar muito especial Gilda Fonseca (T61) Para mim, Paris deve ser muito especial. Se pudesse e tivesse dinheiro, iria para lá. Lendo um pouquinho sobre a crônica do nosso escritor Airton Ortiz, que veio na nossa escola. Foi a viagem dele para Paris, tudo o que ele viu, a torre, a igreja, ele ía em cada lugar e se encantava mais por Paris. Os lugares mais lindos que possamos imaginar ele foi. Bem, se fosse eu, eu queria ir primeiro pela praça de alimentação que se vê pelos filmes que deve ser muito bom. Ele foi ver onde foram enterrados muitos famosos no cemitério. Viu e passou por muitas praças lindas com aqueles verdes com muitas flores.

As alunas Gilda e Lígia com o escritor Airton Ortiz.

Questões elaboradas para o autor 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) 9)

O que te inspirou a juntar fotografia com história? Qual o lugar que tu achaste mais bonito e interessante? O que te levou a seguir essa profissão? Como são financiadas as tuas viagens? Tu ganhas algum dinheiro com as viagens? Qual tua idade? Tu vendes muitos livros? Antes de viajar tu estudas e prepara as viagens? Como? Qual o país que tu permaneceste mais tempo? 50


Palavras da EJA

10)Nas viagens sua família vai junto ou permanece no Brasil? 11) Qual o público que tu pensas atingir quando tu escreves os livros?

EJA na Feira do Livro

Alunos e alunas esperando pelo espetáculo de Alexandre Brito.

Assistindo à SARAULA - A palestra que é um Espetáculo.

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Palavras da EJA

Das leituras e gêneros na Língua Portuguesa Andreia Piumato Ao longo do ano buscou-se trabalhar a Língua Portuguesa na EJA de acordo com a realidade e especificidades dos alunos, oportunizando-lhes atividades práticas e significativas. Para tanto, o trabalho foi permeado através da leitura, compreensão e produção de gêneros textuais diversos. O trabalho com gêneros foi desenvolvido através da produção de textos com temas dados em dois roteiros. A cada aula, as turmas T4 e T5 recebiam um caderno, que chamamos de “diário”, onde criavam cartas, diálogos reais e imaginários, receitas, relatos pessoais, notícias, anúncio de vendas, etc. Em relação à T6, nos dois semestres, enfatizou-se a leitura e a produção de texto narrativo e argumentativo. A redação escolar e o gênero crônica auxiliaram na produção de textos das outras áreas do conhecimento, como na história e na geografia. Produção textual sobre a força da amizade na vida humana A Força da Amizade Jocilene Silva (T51)

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Palavras da EJA

Amizade humana Thaimara Gonçalves dos Santos (T51)

Criação de notícias a partir de manchetes e imagens diversas Odacir da Silveira (T51)

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Viiviane de Oliveira (T41)

Maria Eduarda dos Santos (T52)

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O que você escreveria nos balões? Ariadna da Silva (T52)

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Projeto de produção textual: Diários em Língua Portuguesa

Brenda Soares (T41)

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Júlio Swuvartzhaupt Pintos (T51)

Cinema: Que horas ela volta? Saída pedagógica ocorrida no dia 05 de maio, em que os alunos e alunas da EJA foram ao cinema, na sala P. F. Gastal, assistir ao filme Que horas ela volta?. Sinopse: A pernambucana Val (Regina Casé) se mudou para São Paulo a fim de dar melhores condições de vida para sua filha Jéssica. Com muito receio, ela deixou a menina no interior de Pernambuco para ser babá de Fabinho, morando integralmente na casa de seus patrões. Treze anos depois, quando o menino vai prestar vestibular, Jéssica lhe telefona, pedindo ajuda para ir a São Paulo, no intuito de prestar a mesma prova. Os chefes de Val recebem a menina de braços abertos, só que quando ela deixa de seguir certo protocolo, circulando livremente, como não deveria, a situação se complica (Brasil, 2015, Anna Muylaert). 57


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A hora da mudança Patrícia Tassoni (T51) Era um filme em que a mãe da menina foi embora para São Paulo. Ela largou tudo para trabalhar de doméstica e deixou a filha lá no nordeste. É aí que aconteceu a história. Quando a filha, já adolescente, ligou que ia para São Paulo fazer vestibular de arquitetura e morar com a mãe descobriu que a mãe na verdade era empregada doméstica e vivia na casa dos patrões, onde dormia em um quartinho. Acontece que a patroa não gostou da menina. Um dia a mãe se atrasou para preparar o café da manhã, aí a filha se acordou e viu a filha da empregada fazendo uma batida e ela ofereceu para ela em um copo de plástico. Também aconteceu que ela foi até a piscina e nadou, sem a permissão dos patrões. A patroa ficou tão irritada que mandou esvaziar a piscina para que ela não entrasse mais na água. Mas, no final, quando a mãe, empregada, viu sua filha passar no vestibular de arquitetura, ela ficou muito feliz. Desigualdade social Ligia Xavier (T51)

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Grupo Ilumiara e os Cantos de Trabalho Cantar e trabalhar são necessidades humanas universais. Em cada tempo e lugar, o teor da vida indica o entoar de cantigas, danças e batuques que se ligam a gestos e modos de fazer. Das peculiaridades étnicas, geográficas, históricas e culturais deriva o universo diversificado dos chamados cantos de trabalho. Inspirado por esse universo surge o Grupo Ilumiara - que é uma expressão que mescla as palavras “iluminar” à “Iara”, entidade sagrada dos rios nas culturas Tupi-Guarani - lança em 2015 seu primeiro disco, totalmente dedicado aos cantos de trabalho.

Grupo Ilumiara-MG Impressões sobre a apresentação do Grupo Ilumiara Prof. André Machado No mês de agosto, o grupo de alunos da EJA foi assistir à apresentação do grupo de Minas Gerais. Este grupo mineiro participou do circuito do SESC, com a temática de Cantos do Trabalho – Ofícios Sonoros. A apresentação do grupo foi muito interessante, com um repertório feito com arranjos pelos próprios músicos, tendo ótimas releituras das canções de trabalho do Vale do Jequitinhonha. Um ponto significativo é que o grupo desloca a interpretação característica dos cantos de trabalho, geralmente realizados por 59


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pessoas que não são musicistas e imprime uma estética mais próxima da música popular e, por vezes, da linguagem erudita. Com a confecção, inclusive, de instrumentos não convencionais (de percussão e de cordas), fazendo com que se tenha uma sonoridade única e bem peculiar para as canções que foram interpretadas. Os alunos tiveram uma ótima impressão do grupo, ressaltando que se identificaram com as canções que tinham uma tendência para o humor e que acharam muito interessante os instrumentos confeccionados pelo próprio grupo. Caso houvesse outra apresentação do grupo de Minas os alunos relataram que gostariam de ir novamente.

Logotipo do projeto Sonora Brasil, organizado pelo SESC.

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Capítulo 4: LEITURA DE REALIDADE E TESTEMUNHOS Pesquisa participante, grupos focais e os alunos da EJA Prof. Marco Mello 2016 foi um ano marcado por um vigoroso movimento de retomada do projeto pedagógico da escola, no qual teve um papel destacado o processo de leitura coletiva da realidade, ponto de partida para o planejamento educativo. Destacamos a seguir a experiência com a realização de grupos focais com alunos na EJA, a partir de critérios de gênero e idade. A partir de roteiro previamente elaborado, que contemplou quatro eixos (Trabalho, Estudo, Lazer, Participação) se construíram rodas de conversa que possibilitaram um maior conhecimento das histórias de vida, das práticas sociais e do imaginário social dos estudantes, expressos em algumas das falas significativas destacadas, que revelam situaçõesproblemas passíveis de um tratamento pedagógico pela escola. 61


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Pesquisa Socioantropológica/2016 Grupos Focais - 31/03 Grupos: mulheres jovens, senhoras e homens das diferentes faixas etárias. Da atividade participaram os professores e professoras: Anézia, André, Ângelo, Carla, Jaciara, Janderson, Jaqueline, Marco e Rita. O roteiro de discussões ficou centrado em quatro eixos: Trabalho, Estudo, Lazer, Participação. Nos grupos, foram definidas as tarefas de condução e registro das falas mais significativas, além do registro fotográfico.

Grupo focal dos homens.

Grupo focal das mulheres jovens. 62


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Grupo focal das senhoras.

Algumas das Falas Significativas “Mataram o menino, ele tinha 15 anos. Era um guri bom, era do Tereza Noronha. Foi em frente à parada do Cemitério. Ele tinha saído de uma festa com um amigo. Foi por casa do tênis. Ele achou que a arma era de brinquedo”. “Aqui na Lomba não tem nada para fazer no final de semana, nem uma festa para ir”. “À noite na Lomba do Pinheiro é assim, não tem nenhuma segurança, nem para os alunos, nem para os moradores em geral. Na Rafaela tá tendo assalto todos os dias”. “O ponto principal é o novo itinerário da Linha Circular Lomba do Pinheiro. A proposta é que chegue ao Hospital da Restinga; parada 24; Quinta do Portal; Vila Esmeralda/Herdeiros e no terminal Antônio de Carvalho”. “Nós temos um bairro que cresceu de forma desordenada, intensa e irregular na maioria dos casos, e a especulação imobiliária...”. “Apesar de ter o PA (Pronto Atendimento) na maioria dos postinhos quase não têm médico de plantão. Tu procura o posto, tem que 63


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madrugar para pegar uma ficha ou marcar e fica quarando quase o dia inteiro para ser atendida”. “Tu já viu as filas? Sabe o que é viajar quase uma hora e meia em pé num ônibus lotado e velho?”. “Tem um arroio aqui perto, mas o pessoal bota lixo, não espera a coleta passar, tá poluído. Assim Como o Taquara também, que agora tem um movimento para recuperar”. “Eu gosto da natureza que tem aqui, o ar puro, é bom, mas não tem um parque, uma praça prá ir, prá levar as crianças...

Os significados da EJA em nossas vidas Érica V. Gonçalves, 16 anos, Totalidade 6 A EJA no meu ponto de vista foi uma chance da fuga das coisas que vivia na escola “normal”. Me sentia perdida no meio das crianças. Buscava na EJA um lugar onde eu conseguisse me concentrar e me dedicar melhor para as coisas. Quando cheguei aqui aprendi na primeira semana coisas que não aprendi em um ano inteiro. Os professores são dedicados e não tratam os alunos como crianças, justamente por ser EJA. Claro que alguns alunos parecem que só vem para encher o saco e não deixam as pessoas estudar, mas acho que esse tipo de pessoa que não devia vir para a escola. A EJA, assim como eu acredito, ajuda muitas pessoas que perderam um certo tempo de estudo e que querem recuperar esse tempo perdido. Se um dia não existir mais a EJA acho que o mundo acaba, mas graças a Deus não vejo um mundo onde isso aconteça. Sérgio Augusto Soares, 17 anos, Totalidade 6 A EJA no Saint`Hilaire dá muitas chances para os mais velhos que não tiveram oportunidades de acabar os estudos. A EJA é um modo de acabar os estudos, de concluir a série. Eu não vejo a hora de acabar e fazer uma faculdade e trabalhar, de seguir minha vida. Eu quero ser alguém na vida e poder ajudar a família. Adriana F. da Cruz, 37 anos, Totalidade 6 Gosto da EJA. Para mim é uma oportunidade na vida e no estudo. O estudo é muito importante porque eu quero ter um 64


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trabalho bom e ser alguém e que terei conhecimento no estudo e uma profissão boa e um trabalho bom. Eu vou conseguir, sei que tenho potencial. Vou em frente, não posso parar porque nada cai do céu. Obrigado Deus! Roger do Santos, 15 anos, Totalidade 4 EJA é importante porque pode ajudar nos estudos. Eu sou um desses ajudados. Há vários dias sonho em me formar e ir para o Ensino Médio, também é importante para quem retornar aos estudos. (...) nos estudos eu faço o máximo para terminar do jeito que a minha mãe quer e eu também. Caroline Lucas Cardoso, 16 anos, Totalidade 4 Bom, a EJA é uma segunda chance para muita gente, principalmente para mim. Sem os nossos estudos não conseguimos nada. A EJA é muito importante para qualquer pessoa. Para mim ele ajuda porque eu vim estudar de noite por causa dessa oportunidade que a gente ganha para nossa vida no futuro dar certo, porque a EJA nos ajuda a fazer nossas vidas. Muita gente tem essa oportunidade e joga fora, e tem muita gente que precisa e que um dia tem a mesma oportunidade que nós temos. O importante é focar nos estudos porque o EJA não é para qualquer um. Devemos fazer e prestar atenção. A EJA dá segunda chance, faz a gente mudar de vida, muda nossa história. Mas para isso, devemos estudar para realizar nossos sonhos e deveres. Djalma França Alves, 45 anos, Totalidade 4 Eu voltei a estudar para conseguir um emprego melhor. Prá mim foi muito bom. No trabalho no qual eu estou preciso de mais estudo. Eu consegui por conhecer as pessoas certas. Para mim a EJA dá uma segunda oportunidade para as pessoas mais velhas e para os jovens. Tem tudo prá dar certo, mais a maioria não estão sabendo aproveitar a oportunidade. Quero terminar o ensino fundamental depois começar a estudar mais para fazer Ensino Médio para fazer curso técnico. Pablo Francisco, 15 anos, Totalidade 4 E é bem melhor de estudar sem aquela gritaria da tarde. É uma boa oportunidade que eu tive aqui, na escola, de me formar mais rápido e com calma. E é um bom lugar para estudar e saber o que 65


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quer da vida mais prá frente, porque os professores são bons, te dão conselho para depois que sair da escola e querer trabalhar de alguma coisa. Ia ser bom se todos que pararam de estudar por causa do trabalho ou porque teve filho, voltassem a estudar e fizessem a EJA. Gilda Fonseca da Silva, 43 anos, Totalidade 4 Eu vim para a escola porque minha filha falava sempre: Mãe, volta a estudar! Ela está no Ensino Médio. Mas hoje eu vi que nunca é tarde para voltar a estudar. O difícil é entrar na sala de aula, mas o EJA me mostrou que os professores ajudam muito, têm paciência com a gente. Porque eu tenho 43 anos, começar de novo não é fácil! Eu parei quando tinha dez anos. Voltar entrar na sala é difícil. Ver a professora, eu pensava que seria difícil, mas, com a ajuda dos professores estou na EJA. Agora eu sei falar melhor, consigo escrever, sou uma pessoa mais feliz! Sei que vou conseguir os meus objetivos. Bem, sei que não é fácil, mas espero que mais pessoas façam mais EJA! Lennon Fabrício, 21 anos, Totalidade 4 Vejo a EJA como uma única e nova oportunidade para seus alunos, apesar de todas as dificuldades. Os professores não conseguem elaborar todas as atividades, assim tanto os alunos não conseguem concretizar todas as atividades. Há uma grande carência de professores. Por ambos motivos, falta de estrutura por parte do Município, é falta de segurança, mas os motivos são superados pela grande parte do magistério. Lígia M. Xavier, 33 anos, Totalidade 4 A sociedade hoje exige um conhecimento maior, principalmente para vagas de emprego. Quando eu era jovem não via a hora de trabalhar, quando consegui o emprego de atendente parei de estudar, pois achei que já estava num bom emprego e não precisava mais estudar, pois havia pessoas bem mais velhas do que eu trabalhando lá, que sustentavam inclusive suas famílias. Com o tempo, pude ver que minhas oportunidades eram poucas de crescimento ou nenhuma, foi quando me deparei com meu filho na mesma situação. Então percebi que é preciso mudar a 66


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história da minha vida e dos meus filhos e isso só pode acontecer através dos estudos. E nesta escola estou tendo oportunidade. Agradeço a Deus por cada professor que tem dedicado sua vida a fazer a diferença. Samara P. da Silva, 15 anos, Totalidade 6 “O único lado ruim da EJA é que não ensinam a matéria completa, só o básico. E outra é que são muitas de professores e poucas matérias. A EJA é uma formação de estudos para quem não pode estudar na infância, uma parte das pessoas não sabem ler e, na maior parte do dia, trabalha seis horas por dia ou até o dia todo. Com a ajuda do EJA faz com que várias pessoas terminassem seus estudos em menos de três anos. Mas a EJA poderia melhorar um pouco mais na questão das matérias, essa é minha opinião. Wagner Rodrigues de Vargas, 16 anos, Totalidade 6 Olha, sobre o que eu penso da EJA, é que ela é um passo muito importante para o Ensino Médio, além também da EJA pode ajudar e dar uma chance às pessoas maiores de 18 anos que ainda não completaram o Ensino Fundamental. A EJA é um passo grande para quem é ocupado durante o dia-a-dia ou a quem trabalha. Se hoje a EJA acabasse eu teria que me mudar para outra escola longe de minha casa e uma escola que eu não conheço, além de ter uma EJA à noite, o colégio é perto da minha casa e isso ajuda bastante. A respeito do ensino dentro da sala de aula... Bom, todos os professores são muito bem disciplinados e com enorme respeito aos alunos e uma enorme capacidade de inteligência. Bom, digamos pela parte de segurança do colégio, até o entanto, tudo bem. Só algumas vezes que no recreio entram alguns estranhos no colégio e isso não é legal, pois não sabemos o que eles podem fazer. Mas, tirando isso, a escola é ótima e muito ativa. Durante o ano, a escola fez torneio entre os alunos e ocorre tudo perfeito. No recreio, temos esportes, futsal e vôlei. Todo mundo muito ativo nos esportes e com enorme respeito. Isso é muito legal. E todos vivem em harmonia. E também na parte da diretoria e secretários, não tenho nada a reclamar, me dou muito bem com a profe Rita e o secretário Ângelo. São muito atenciosos com nós, alunos e se tem algum problema, os profes nos ajudam. Além de professores são muito mais que isso, acabam sendo 67


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nossos amigos e é isso que tenho a declarar. Tudo muito ótimo, amo a escola e nunca vou me esquecer dessa escola. Maria de Lourdes Guedes Lopes de Brites, 46 anos, Totalidade 4 Eu voltei para escola porque eu senti falta de estudar, porque o estudo é muito importante para todos. A EJA não só é para adolescentes, mas também para adultos, que têm vontade de reaprender e que querem estudar para também conseguir um trabalho melhor, porque sem estudo não se consegue um trabalho bom. Por isso é muito bom voltar a estudar. Seria muito bom que todas as pessoas voltassem aos estudos na EJA. A Escola está de parabéns por dar oportunidade à pessoas como eu, que tem o prazer de voltar às aulas. Obrigada, Escola Saint Hilaire! Ângela Regina Farias Borges, 61 anos, T61 Quando se tem um sonho vai-se em busca para realizá-lo, por motivos alheios não consegui, no entanto nunca desisti. Tropecei, caí e levantei, mas o sonho era mais forte. Insisti na busca, meu sonho era simples, vontade de aprender mais, ter um diploma nas mãos. Nunca me dei por vencida até que um dia Deus colocou em meu caminho um anjo de pessoa, a Professora Rita, ela estava em busca de pessoas dispostas a estudar, assim como eu. Um dia, no início do mês de junho, a minha filha Letícia e eu estávamos na fila para vacinação de animais e o convite foi lançado quase como uma ordem para ingressar na escola. Não pensei duas vezes, falei com a professora da minha vontade de estudar e das dificuldades estava enfrentando. Graças à professora estou conseguindo e só tenho a agradecer, primeiro a Deus e a professora, pois graças a ela meu sonho está sendo possível. Não existe quando, nem hora, basta ter fé e força de vontade. A professora faz parte da minha história de superação da qual serei eternamente grata pela oportunidade única de ter meu sonho realizado. Em breve estarei com meu canudo de formação e será com muito orgulho que o levantarei como um troféu.

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Walex Sander Xavier, Totalidade 4 Quando eu entrei na EJA eu esperava uma sala de velhos, mas não é assim. Tem muitos jovens estudando para mudar de vida. Admiro muito isso, pois esses jovens só vão mudar de vida através da EJA. Os meus objetivos são estudar e acabar o Fundamental e o Médio e fazer uma faculdade federal. Célio Cristóvão Ramos, 43 anos, Totalidade 6 “Estava eu, depois de 29 anos longe das salas de aula, vivendo momentos de dúvidas e preocupado com a necessidade que eu tinha de voltar a estudar. Foi então que um amigo me indicou a escola Saint´Hilaire, me falando o quanto está bom voltar a estudar. No outro dia liguei para a escola, ainda com dúvida e receoso, mas determinado. Mas foi por conta da atenção e hospitalidade que eu realmente decidi que ali naquela escola iria concluir o meu Ensino Fundamental. No início eu me sentia estranho no ninho, mas fui me adaptando, fazendo amigos e em poucas semanas eu já sentia que a EJA seria um capítulo na minha vida da qual em me recordaria com orgulho. Me sinto feliz aqui. Se for para falar de coisas negativas teríamos que escrever muitas outras linhas, mas eu prefiro falar das coisas positivas. E começo falando da coragem, da persistência, da força e determinação por parte dos professores, que muitas vezes depois de um dia de trabalho, precisam administrar o comportamento que por falta de limites e de educação levam o nível do ensino ao degrau mais baixo. (...). Sei também que igual a mim tem muitas pessoas necessitando voltar à escola, mas não conhecem a EJA. Talvez seria legal uma divulgação. (...) Devo parabenizar toda a parte da diretoria com umas palavras a mais para a professora Rita e o secretário Ângelo, que estão sempre à disposição dos alunos, sempre que precisam. E que a EJA não pare, porque sonhadores igual a eu precisam de lugares iguais à escola Saint Hilaire para continuarem acreditando e buscando melhor educação e melhor ensino. Parabéns a todos nós!!

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“Há vários dias sonho em me formar e ir para o Ensino Médio, também e importante para quem retornar aos estudos. (...) eu faço o máximo para terminar do jeito que a minha mãe quer e eu também”.

Roger Fiúza dos Santos (T61)

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