Primeiras poĂŠticas: sobre amor e outros vĂcios Felipe Mascarenhas
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Copyright © 2014, Felipe Mascarenhas
Dedico este livro a mim, meus pensamentos, meus amores & paixĂľes, meus vĂcios e aos meus amigos que me apoiaram
O amor é uma doença como outra qualquer - Ferreira Gullar
cinzas Meu coração se inflama. Nele arde uma chama que nomeio de Paixão O meu peito se abre. Nunca é tarde para viver intensamente a paixão do fogo ardente que queima no meu peito. Passo horas a fio esperando você ligar alguma carta sua chegar, mas nada acontece. Tudo é tão pálido parado sem forma nem sentimento, parece que morreu o sentimento do começo. Do jeito que era, da forma que foi. Não posso mais esperar para que meu coração inflame novamente e na chama ardente vire cinzas de paixão.
sua cama em mim Deleite-se Deite-se em mim Navegue nas profundezas de minha alma Ponha-se dentro do meu corpo quente Me ame com sua carne e seu amor Beija-me com o suor da sua lĂngua Ponha-se embaixo de mim sem suas roupas Amasse minha camisa Sua mĂŁo macia, que passeia sobre meu corpo Eu te descobrindo o meu porto
meu moreno Moreno faceiro Quero estar em seus braços Sentir seu cheiro Me aperte em seus abraços Me deixa sem jeito Menino moreno Você enche meu peito Eu ao seu lado Seu sorriso no rosto Enquanto eu brado Sinto seu gosto Em todos seus beijos
olhos azuis Passeando por algum canto de alguma cidade passei por uma cafeteria qualquer entrei e logo vi você à espera de alguém no balcão de bruços reparei em seus olhos azuis e profundos. Dentro deles mergulhei, me afundei quase me esqueci a razão de entrar ali quando fui ao balcão fiquei paralisado aqueles milésimos de segundos parado você percebeu minha distração dentro dos meus olhos, e acabou com tudo isso ao dizer: - Deseja ajuda? - Pensei em responder: - Queria poder vestir-te de desejo, queria que esses olhos azuis oceano fossem meus no mais instante ensejo Mas eu pedi apenas um café.
fuga do amor romântico Fugi... Te dei um beijo Deixei uma carta que contém todo meu amor Escrevi com lágrimas Estou triste em te abandonar assim desta maneira Nós, os apaixonados românticos, sempre tentamos arrumar [um jeito estranho de dizer adeus Geralmente mandamos cartas com palavras bonitas Ou, então, apenas dizemos adeus com o olhar Numa troca de olhares a outra pessoa entende o adeus, sem precisarmos dizer. Fugi... Do meu sentimento que fiquei com medo Estava tão feliz que me assustei Meu coração pulsava tanto, que achei que fosse infarto, mas era amor Amor por você e seu sorriso Amor pelo seu cheiro que consigo reconhecer em outros lugares Amor por estarmos juntos Fugi... Não queria ter que contar para as pessoas que fugi Simplesmente fugi disso tudo, fugi do meu amor Sou um romântico apaixonado amoroso que sofre por amor Sofre das dores do amor romântico Sofre por conta da dor do amor romântico Escrevo algumas coisas, palavras aleatórias para me livrar dessa dor As palavras jogadas num papel me ajudam a lidar com a dor e parar [com todo esse clichê de rimar amor e dor Chorei... Chorei por fugir disso tudo e não poder mais te ter em meus [braços E mais nenhum dos seus abraços.
uma menina e outra morena Olhei profundamente para seus olhos Eu velejei neles Menina, ginga seu corpo e roda o vestido Venha ser minha menina, posso ser sua morena Minha cama está vazia Meus lençóis brancos estão à sua espera Estou disposta a entrelaçar minhas mãos em seus cabelos Cabelos breu Quero olhar de novo para seus olhos e me perder Olhos azuis Venha ser minha menina Quero ser sua morena
embora Embora eu te ame, fui-me embora. Me entreguei Te dei todo meu amor Mas você nem conseguiu cuidar de mim Por isso eu vou cuidar de mim mesma Sozinha no mundo Levando apenas um retrato seu, caso sentir saudades da sua cara cretina. Estou desatinando eu estou mudando. Peguei meu amor de volta, pra você deixei na sua casa um bilhete e uma rosa vermelha, tomara que cuide dela, melhor que cuidou de mim. Peguei o dinheiro da minha passagem que era só de ida Peguei um pouco de coragem Com a roupa do corpo vou andando, sambando, fazendo amizades nos botecos da cidade Eu nem sequer olho pra trás Não me arrependo Nem ao mesmo me prendo Quero seguir meu rumo, meu rumo sem destino no mundo. Enquanto outro amor não vem, vou andando com a roupa do corpo, por aí, perdendo pouco a pouco esse amor louco. Vou parando em esquinas e bares, sem nem sequer sentir saudades.
tule azul Deixei você ir pra que você pudesse ser feliz pra outros amantes pra outras ilusões, desamores que correm pelo chão Mas confesso que sinto falta dos cigarros que fumamos juntos Dos copos de uísques que dividíamos Eu dividi com você muito mais que uísque, compartilhei minha vida dividi com você a delícia de ser quem eu sou desse jeito amoroso, cheio de amor que poderia ter sido seu Enquanto escrevo isso fumo um cigarro sozinho choro como um covarde, mas mantenho minha bondade e meu amor no tule azul que cobre meu rosto. São Paulo, 2013
outros copos Deixa seu copo de bebida pro gelo derreter Não é no gelo que encontramos felicidade mas pode estar no próximo gole Do próximo copo de whiskey Pode estar no próximo beijo, na saliva Deixa tudo isso pra lá, para você viver sua vida, menina Seja feliz assim mesmo, sem copos de bebida, sem gelo, procure por um beijo do seu amor verdadeiro, de quem você sempre quis. Deixa esse copo em cima da mesa de madeira para que marque e deixe uma marca sua na madeira assim ele nunca te esquecerá. Menina, deixe essa vergonha pra lá deixa que sua essência tome conta de você, enquanto você vive esse amor, essa paixão efêmera com veemência. Deixe esse ímpeto amoroso que é seu, está no seu coração, extravasar. Ame entre um gole e outro, uma tragada e outra, ame ele de qualquer jeito, depois deixo-o por aí
vagando te procurando feito um louco, louco de amor. Enquanto vocĂŞ dorme com outro.
coração vadio Neste lugar onde eu estou sozinho Já estive junto com alguns amores que hoje são lembranças e, na verdade, não passaram de paixões Paixões relâmpagos me revelando nos clarões Enquanto eu nada sabia vários me descobriram fui me descobrindo por eles, os amores. Disfarçados por sorrisos. E enquanto eu escrevo eu percebo que amoroso eu sou, não tenho jeito, de amores morrerei várias vezes por dia, enquanto meu coração vadia por aí procurando amores pra eu morrer mais uma vez. São Paulo, 2013
nossa língua A língua portuguesa, a língua, a língua que eu falo, você entende e escuta. A língua do beijo, perfeito par de línguas as nossas que se encontram se afrontam se encostam e sentimo-nos. Poderia ser a nossa língua uma só, nossa língua, se acariciando dentro da boca, da boca minha, da boca sua. Nossa língua estranha, nossa fala, silencia, sendo apenas línguas e beijos.
madrugada Vou viajando pela cidade e pelos meus pensamentos vou tentando me encontrar e encontrar algum lugar que combine comigo. Enquanto isso o carro me conduz para algum lugar as luzes iluminam meu rosto enquanto eu vejo os rostos das pessoas no meio da rua bebendo cerveja vodka barata e rindo. Vou vagando pela cidade lembrando dos lugares vagando pelos pensamentos tendo lembranças de amores lembrando as paixões de alguns verões. Vou percorrendo os lugares e vendo tudo o que acontece e tendo a impressão que eu não pertenço mais a esse lugar eu, talvez, não pertença a lugar nenhum eu estou muito dentro de mim preso nas coisas do coração. Para acabar com minha angústia que pulsa entro num bar qualquer peço uma cerveja sento no meio-fio acendo um cigarro, que se consome, com a ajuda dos meus pulmões, que puxam a fumaça, meus pulmões cheios de fumaça e minha cabeça cheia de pensamentos. Bebo alguns goles da cerveja, vejo o movimento, não penso em mais nada, na noite fria e densa na noite que prostitutas passeiam tentam encontrar seus clientes, na noite em que os amantes choram seus antigos amores,
na noite. Na noite densa, fria e escura tudo pode acontecer. Eu fico sentado, vagando em devaneios, lembranças estranhas, eu fico pensando nos olhos de um, na boca de outro, nos beijos quentes de um terceiro. Fico pensando em especial em alguÊm que na noite possa aparecer e me fazer sorrir e ter os olhos, a boca e o beijo que sejam perfeitos, a ponto de eu me lembrar de tudo isso, pensando numa única pessoa.
a jovem Me perfumo para te encontrar numa noite com luar a lua cheia nos cobre com sua luz branca e o amor nos permeia. Me visto como uma dama passo meu batom visto meu sutiã carmim para chamar sua atenção, meu vestido estampado. Me pego, enquanto me visto pensando em seu sorriso bonito e perfeito, com isso percebo que seu rosto está tatuado no meu peito. Me pinto para você para ser sua amante embarcarmos na noite quente despidos de tudo que nos impeça de amar. Me vejo no espelho redescubro minhas formas revejo meu rosto relembro da juventude e me preparo para ser jovem novamente e viver um novo amor como uma jovem apaixonada. Me sento espero ansiosamente você chegar para que possa fazer um charme de quem ainda não acabou de se arrumar, como se estivesse procurando um sapato para calçar. Quero ser sua namorada ser sua amada quero viver a vida inteira ao seu lado,
quero passar toda a vida com vocĂŞ estando dentro de mim quero dormir e acordar ao seu lado quero poder receber um beijo seu com gosto de bom dia com gosto de amor.
apenas um beijo Estamos mudos sentados na sala esperando alguém dizer alguma coisa. Nossos olhares se encontram na esperança de nos revelar alguma coisa sentados no sofá onde nosso amor aconteceu. Você que fica distante me diz uma palavra no instante em que poderia me beijar para eu me lembrar do seu gosto. Enquanto ficamos sentados exalamos nosso amor pelos poros clamamos pelo amor um do outro em silêncio. Quando tentamos falar apenas o que sai são palavras mudas sem sentido; você poderia apenas me beijar.
pequenas poéticas: Estou sem siso Estou sensível Jogaram minha moral na lama Isso parece risível, mas, na verdade, é impossível
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Passou uma jovem por mim, me envaideci. Ela usava um batom carmim. Vivi na lama, mas, hoje em dia, encontrei quem me ama Pegaram-me desprevinido Levei um tiro Fiquei perdido Disseram-me palavras Me assustei Não eram claras Meus pensamentos foram embora Já passam das seis Deu minha hora
vagando em alma Ser que habita em uma alma que envolve meu corpo uma alma que segue sua caminhada apenas uma alma! Quero poder acabar com as viagens da alma sozinha. Que vaga sozinha pela noite à luz do luar sentindo um vento nostálgico que bate no corpo da alma um sopro de lembrança de outras noites noites mais frias, quando nos cobríamos e noites mais quentes, quando nos refrescávamos com o sopro dos vento do sul. Pode até parecer inútil mas quando minha alma vaguea por essas ruas estranhas e frias tudo que sinto quando estive aqui esvai-se como se as lembranças os sentimentos e o rosto das pessoas sumissem tão rápido quanto como vemos uma estrela cadente que passa por nós em contados milésimos de segundos. Minhas lembranças minha alma tudo em mim deve estar perdido
por essas ruas que jĂĄ andei durante as noite que passei nas frias madrugadas que te encontrei. Minha alma continua a vaguear por aĂ...
sem rumo Meu amor saiu por aí para encontrar alguém, encontrou ninguém. Entristeceu-se e não quis mais procurar. Até ontem à tarde, quando eu te encontrei. Vi você caminhando sem rumo com um olhar perdido que encontrou o meu te olhando. Nossos olhares se encontraram, os seus olhos sorriram, os meus brilharam. Sorri conversamos nos beijamos hoje somos apenas um. Hoje nos amamos e encontramos o amor.
pensamentos Segura minha mão me abraça com seus lábios me beija. Venha até aqui. Leve-me até seus sonhos mais belos mais escuros. Traga me apenas mais uma dose do seu amor do seu olhar que contém um brilho. Meus olhos brilham quando estamos pertos. Meu coração por estar longe pode parecer triste, mas meus pensamentos faz com que ele viaje até você, fazendo com que eu me lembre do seu rosto, boca, abraço e sua suave [voz que me conduz na noite.
coração ferido Coração ferido Está inflamado de paixão Uma paixão cravada, que machuca Uma paixão que não se demorou Veio e se foi para nunca mais Fiquei perdido, cego, sem um pedaço de mim Meu coração, coração ferido Dilacerado Faltando um pedaço Que está por aí perdido Ou com você em sua cama
amor de carnaval Os olhos cheios d’água, meio sem jeito. Foi isso e mais nada Eu esperei durante anos Fiquei vendo a vida passar Passou por cima de mim As lembranças voltaram Os amores antigos, não mais se calam meu coração fala todos os dias deles Todo meu amor vertido em lágrimas Meu coração: receptáculo de amores amargos Amargura que tece minha vida, meu coração de seda, com rendas de amargor Meus sentimentos são as estampas do tecido Ah.. Esse amor, um broche que fura o tecido de seda; deixa marcas Posso me lembrar da morena do Centro e do moreno da Vila Madalena Eu vejo em mim e me lembro, dos olhos azuis daquela de cabelos crespos E da mão macia daquele que moldou meu corpo e viajou por minhas curvas Quero que você seja só de mim Durante o verão o calor a brisa quente que nos faz suar Meus verões são sempre recheados de amores meus carnavais são sempre decorados com desespero Desespero de não ter mais os amores que tive no verão desespero em ver os blocos na rua E meus olhos chorarem pelos amores que se foram. Minhas lágrima caem como confetes carnavalesco.
sombrio e nobre da morte A morte é algo sombrio, negro, cobre nossos olhos de desgosto perdemos tudo o que tínhamos. Morrer por sofrer, morrer por amar, existe forma bonito para morrer? Não sei se existe, mas sempre a morte vem; o sopro da vida que se esvai, sai de nossos corpos nossa mente para, nosso coração desacelera. A morte vem bonita nos buscar vestida com um vestido de seda preto, algo sombrio e nobre. A morte não escolhe hora, ela apenas vem. Vem dentro de um copo de whiskey, dentro de um tubo de cigarro, ou vem num copo de veneno. Morrer e viver novamente, algo tão incoerente, mas pertinente. Quando morremos para viver? Ou apenas vivemos para morrer?
um café, por favor; e meu futuro amor Tomo um gole de café Quando termino, leio sua borras Que me diz sobre futuros amores e, claro, suas dores. Impossível viver assim Encontrando respostas em borras de café Já tentei tarô, búzios e mandingas. Nada foi tão eficiente. E hoje me sinto tão carente. Estou como uma caneta bic sem tampa. Acho que preciso viver assim, sem tampa mesmo Sem tampa a loucura perpassa por meu ser. Ela é uma das coisas que eu me importo nessa vida A outra. A outra é o amor. O amor que, como disse Drummond, levanta a saia das mulheres e tira os óculos dos rapazes Nos deixa assim, tão sem jeito Que nem mesmo sei como terminar esse poema Que não contém nada de perfeito.
meus versos Escrevo versos para eu não sucumbir à loucura para que eu não viva o pesadelo sozinho, mas, sim, com meus versos. Choro. Sempre choro. Antes chorar do que acumular dentro de mim um rio de lágrimas. Fumo. De vez em quando. Às vezes, enquanto choro, fumo. A fumaça, as lágrimas, o catarro tudo se mistura. Quando não, eu vou para debaixo do chuveiro. Choro. Enquanto escorre a lágrima, cai a água. Tudo se mistura. Quando termino, escrevo versos para que eu não sucumba à loucura nem tenha pesadelos, nem viva-os solitário. Meus versos me acompanham.
cadáver Meu cadáver deitado enquanto a carne ainda está quente enquanto meu coração ainda se lembra dos amores que deixei por aí a esmo enquanto deitado vou me caminhando para outro mundo. Queria poder estar mais vivo do que estou ser mais que apenas lembranças para meus amores para aqueles olhos belos e doces que encontrei para aquela boca quente e simpática a me beijar para os outros amores que não me lembro. Minha carne, meu cerne minha armadura protetora que protegeu meu coração coração de amores pungentes que sofreu por seus olhos que me olhavam que sofreu pelas bocas que não beijou que sofreu... Coração vermelho que pulsa que amou, se alegrou e chorou hoje se acalma e ainda quente pulsa pela última vez mas que irá eternamente se lembrar de tudo o que fez de todos que estavam guardados dentro dele. Nem sequer deu tempo de eu me despedir com um último poema ao último amor que tive que nem sabe mas eu amei pela última vez deitado numa cama com a carne quente, um corpo inflamado febril. Meu último amor que se veste com cetim vem para se despedir dizer adeus, sem saber quem sou eu
sem saber que amei longamente durante horas e horas observando sua beleza enquanto dormia vendo seu sorriso belo enquanto sonhava.