M A T E U S
C Â N D I D O
C A S S A N I G A
02
01
EMBASAMENTO TEÓRICO
ARGUMENTOS
1.1 INTRODUÇÃO 1.2 OBJETIVOS 1.3 JUSTIFICATIVA 1.4 METODOLOGIA
03
07 07 08 09
2 EMBASAMENTO 2.1 ÁGUA 2.2 ESPAÇO PÚBLICO 2.3 REVITALIZAÇÃO 2.4 INFRAESTRUTURA
12 12 14 16 16
ESTUDOS DE CORRELATO
3.1 CALÇADÃO TEL AVIV 24 3.2 ORLA RIO GUAÍBA 28
04
ESTUDO DE CASO
4.1 PORTO MARAVILHA 4.2 MOBILIDADE 4.3 CONCLUSÃO
34 40 42
05
06
MUNICÍPIO
07
LOCAL
08
REFERÊNCIAS
O PROJETO 5.1 TIJUCAS, SC. 5.2 HISTÓRIA 5.3 DIVISÃO 5.4 DADOS 5.5 PROGRESSO 5.6 SINTAXE ESPACIAL 5.7 PATRIMÔNIO
50 51 60 61 62 63 64
6.1 ORLA DO RIO,/MAR 6.2 LOCALIZAÇÃO 6.3 ANÁLISES
60 61 62
7.1 PROPÓSITO 7.2 PROGRAMA 7.3 OBJETIVOS 7.4 FLUXOGRAMA 7.5 SETORIZAÇÃO 7.6 CROQUI INICIAL 7.7 CONDICIONANTES
68 68 68 68 69 70 72
8.1 REFERÊNCIAS
82
01
ARGUMENTOS
1.1 INTRODUÇÃO
Deste modo, o estudo visa a apresentação e debate de
Tijucas, Santa Catarina. Um dos maiores litorais do estado
possibilidades de resgatar o espaço de encontro entre as águas
mas que desenvolveu apenas a sua região interior. É localizada no
do rio e do mar, com a criação de um espaço público integrador.
centro de dois cenários paradisíacos do litoral catarinense, como
Desde a rodovia que divide a cidade, agregando as edificações
a península de Portobello na direita e a península de Governador
que são patrimônio histórico, oferecendo melhores possibilidades
Celso Ramos à esquerda, ambas com seus morros verdes e suas
para os moradores extrair sua renda do rio, com um caminho
águas cristalinas. Tijucas é o oposto disso.
atrativo e de lazer para a população, e desassoreando o rio com
O encontro das águas do Rio Tijucas com as águas do mar
a criação de molhes que além de melhorar o encontro das águas
acontece de uma maneira pouco usual. As águas amarronzadas
ofereça possibilidades turísticas com a abertura náutica da
do rio por conta da lama natural da região ficam todas retidas na
cidade.
baía, trazendo um aspecto sujo para o local. Embora as águas não sejam poluídas, apenas escuras, esse visual exótico acabou afastando não só os visitantes, como a própria cidade da costa. Apesar de ter sido desenvolvida a partir do traçado do rio, com o tempo a cidade também virou as costas para o Rio Tijucas. Na década de 70, a cidade foi cortada ao meio por uma rodovia, assim como faz em todo lugar por onde passa. O traçado dividiu o local em dois. Ao contrário das outras cidades do litoral, a cidade que tem uma beira-mar controversa: o lado da praia se
1.2 OBJETIVOS
Desenvolver um projeto arquitetônico e urbanístico de um
espaço
urbano
integrador
que,
turistas,
promovendo o tráfego marinho na cidade.
1.2.2 Objetivos Específicos •
Buscar
referências bibliográficas para dar suporte ao
pequenas, barracos, terrenos invadidos e com os patrimônios
posteriormente no projeto; •
importantes historicamente, mas que foram abandonados, histórico e paisagem em espaços públicos.
atrair
molhe, desassoreando o rio, evitando enchentes e também
embasamento
surgem pelo mundo e transformam lugares, unido patrimônio
de
investimentos e visibilidade para a região, possa atuar como um
tornou o menos desenvolvido e pobre. Um lado simples, de casas históricos abandonados e em risco. Ao mesmo tempo espaços
além
teórico
ao
longo
de
todo
trabalho
e
Realizar pesquisas que demonstrem as necessidades e potencialidades da área analisada;
•
Realizar estudos de caso e estudos de correlatos em locais que possam agregar no desenvolvimento do projeto;
07
•
Observar e compreender as características e condicionantes
enchentes e marés altas que transbordam em cima da população
do local, buscando maneiras sustentáveis e
carente. Além de tudo, é um problema cultural. O local é mal visto
que menos
pela sociedade em geral, e um grande exemplo disso é o descarte
agridem o meio ambiente; •
•
de
de lixo: os moradores da cidade descartam seu lixo nas
contemplação das belezas naturais como o rio e o mar entre
proximidades da praia, na frente das casas das pessoas que
outros usos no projeto;
moram ali. Também é bastante comum pessoas roubando a areia
Projetar um espaço que possa resgatar o patrimônio histórico
da praia e do rio para uso próprio, agravando os problemas
e também resolver todos as necessidades da comunidade
ambientais.
Incentivar
o
turismo
na
cidade,
com
uma
área
local integrando-os ao restante da cidade.
O que não faltam são exemplos de praias com qualidade de água questionável que se tornaram áreas nobres e desenvolvidas
1.3 JUSTIFICATIVA
porque os seus habitantes assim o tornaram. Em Tijucas, apesar
Tijucas, conhecida por ser a capital do vale que leva o seu
do aspecto sujo, até onde pode ser analisado, a água não é
nome, Vale do Rio Tijucas, tem uma praia invisível para a
poluída — inclusive, a cidade conta com um sistema de
sociedade. A história com a praia é tão marcante, que é carregada
tratamento de esgoto instalado recentemente. Infelizmente, o IMA
no nome da cidade. Em tupi, Tijucas significa “terra de lama”,
(Instituto do Meio Ambiente) exclui a praia dos relatórios de
chamada assim pelos índios por conta da sua praia enlameada,
balneabilidade alegando a falta de uso do local.
mais tarde foi assim nomeada pela população. Mas, com o passar dos anos, essa questão acabou afastando a cidade do litoral.
entre Florianópolis e as praias mais movimentadas do estado. Os
A desigualdade social na cidade é marcada por dois grandes
turistas passam pela cidade, só não têm motivos para visitá-la.
fatores: a rodovia e a praia. A rodovia é um marco central que
Também está no centro de cenários importantes ambientalmente,
divide a cidade entre uma área desenvolvida e outra menos
como a reserva biológica das Ilhas do Arvoredo e as penínsulas de
desenvolvida. E o litoral, como uma linha da pobreza. O lado
Portobello e Governador. Celso Ramos.
menos desenvolvido é o do litoral: quanto mais próximo da praia enlameada, mais pobre e carente a comunidade é.
Espaços públicos em conjunto com os molhes, e o
desassoreamento do rio resolveriam muitos problemas de uma
O bairro Praça, no encontro do rio com o mar, é fortemente
vez só. A contenção de enchentes e marés altas, tráfego marinho,
atingido pelo assoreamento natural do rio, sofrendo com
águas mais limpas, resgate do patrimônio histórico do local, e
. 08
A localização de Tijucas é importante. A cidade está situada
novas possibilidades aos moradores do bairro Praça. A ideia do
No capítulo 6, sobre o local, uma análise mais específica da
projeto é construir uma orla do rio e do mar, diferente e
área que visa distinguir os problemas e as potencialidades do
inovadora. Um espaço público integrador com comércios, bares,
local.
áreas de lazer, áreas de esportes, de contemplação a paisagem
No capítulo 7, sobre o projeto, com os princípios, programa, objetivos e uma setorização com a função de cada espaço. Um
natural e atividades culturais.
croqui inicial mostrando os primeiros conceitos, seguindo com as
1.4 METODOLOGIA
condicionantes abrangendo todas as legislações que englobam o
O trabalho será dividido em duas etapas principais:
embasamento teórico-metodológico e análise da área de intervenção. Inicialmente começando através da leitura de livros,
projeto. Por fim, no capítulo 8 temos as referências bibliográficas utilizadas durante a pesquisa.
dissertações e teses, que possam contribuir ao tema, além de projetos relacionados ao tema estudado. Seguindo no capítulo 2 com o embasamento teórico, referente aos temas que serão abordados durante a pesquisa, recorrendo a alguns dos autores mais relevantes para cada conteúdo, introduzindo o tema através de uma busca bibliográfica abrangente.
No capítulo 3 e 4, são analisados estudos de correlatos e estudo de caso como projetos de referência que tenham uma proposta similar a esse estudo, adquirindo o máximo de fundamentação para as próximas etapas. A análise da área de intervenção acontece em dois recortes, a cidade e o local. No capítulo 5 é analisado a cidade, através de uma análise histórica, que tem forte ligação com o tema e seguindo
com
levantamentos
socioeconômicos,
aspectos
urbanísticos e patrimônio histórico. 09
02
EMBASAMENTO TEÓRICO
2. EMBASAMENTO TEÓRICO
recurso hídrico e não mais como um bem natural, disponível para
Para o desenvolvimento do projeto, faz-se necessário
a existência humana mas também das demais espécies. Estamos
abordar os conceitos e teorias dos temas relacionados. A água é o
a usando indiscriminadamente, encontrando sempre novos usos
ponto inicial e principal da pesquisa: é no encontro das águas do
sem avaliar as consequências ambientais em relação a quantidade
rio com as águas do mar que tudo vai ser projetado, seguindo
e qualidade da água (BACCI, 2008).
com a relação com espaço público e os elementos que vão compor o projeto, como o molhe e o aquário. Serão analisadas a importância
e
a
evolução
de
cada
um
deles
para
a
contextualização e entendimento do tema.
2.1 ÁGUA
Bacci (2008) diz que a água tem fundamental importância
Pesca no Rio Tijucas Fonte: Revista Naútica
para a manutenção da vida no planeta. A presença ou ausência da água escreveu a história ao longo dos anos, criou culturas e hábitos, ocupou territórios, venceu batalhas, extinguiu e deu vida a
De acordo com Porath (2004), os rios são fortes elementos
da paisagem, espinhas dorsais das cidades que se desenvolvem
espécies e determina o futuro das gerações. Historicamente, o homem se estabeleceu onde a água é
às suas margens. Estruturam o tecido urbano que lhes é
abundante, perto de lagos e rios, e vivemos em uma região em
adjacente, se tornando eixos de desenvolvimento do desenho da
que isso é bastante evidente. Temos exemplos inclusive de antigas
cidade. Delimitam a configuração urbana, limitam o crescimento
civilizações que surgiram nos vales de grandes rios, como o vale
e também servem como divisão de municípios, estados e até
do Nilo no Egito, o vale do Tigre-Eufrates na Mesopotâmia, vale do
países.
Indo no Paquistão e vale do rio Amarelo na China. Todas essas
Os rios têm grande importância no tecido urbano de muitas
civilizações construíram sistemas de irrigação, tornaram o solo
cidades, no ponto de vista ambiental e ecológico e também como
produtivo
elemento marcante nas paisagens dessas cidades. No entanto, as
e
prosperaram.
Mas
desmoronaram
quando
o
abastecimento de água foi arruinado (BRUNI, 1994). Infelizmente, a sociedade vê a água apenas como um . 12
2.1.1 Rios
paisagens dos rios urbanos nas cidades brasileiras em geral estão passando por dificuldades, passando por um processo de .
..
degradação por conta dos rios poluídos, seus leitos adulterados
2.1.1 Mar
pelas retificações, servindo como depósito de lixo e esgoto, e
Historicamente, desde sempre o homem utilizou os
principalmente com as populações residentes às suas margens
oceanos. No início como fonte de alimentos, com a pesca
mas voltando-lhes as costas (MELO, 2005).
artesanal ou coleta de moluscos e algas, e depois ,fonte de
A pesquisa tem como base o encontro das águas do rio com
transporte para matérias primas como sal, bromo, magnésio
o mar. O rio em questão é o Rio Tijucas, é um rio localizado em
diretamente da água do mar .E por conta disso as regiões que
uma área subtropical pequena, com relevo moderado e
foram se desenvolvendo primeiro foram as que estão mais perto
sedimento em média de areia muito grossa (BUYNEVICH, 2005).
da costa, atualmente cerca de 50% da população mundial está
Apesar da colonização ter iniciado por conta do rio e seguindo o
localizada nas cidades costeiras ou em regiões próximas do litoral
seu traçado, ele acabou não desenvolvendo uma atividade
(WEBER, 1992).
portuária ou uma marina, com sua foz assoreada poucos pescadores
se
desafiam
a
avançar
ao
mar.
Com
O avanço da exploração do homem aos oceanos trouxeram
essa
problemas. Na costa brasileira os problemas mais relevantes
característica, diferente das outras cidades do litoral catarinense,
ocorrem por conta da ocupação desordenada do solo e também
a cidade se desenvolveu em boa parte pelo desenvolvimento de
da exploração dos recursos naturais, trazendo graves impactos
atividades ligadas à indústria. Sua localização no cruzamento de
ambientais. Entre as atividades mais impactantes, está a
rodovias importantes, fazem dela o mais importante centro
urbanização, turismo, pesca, as atividades industriais, portuárias e
urbano do Vale do Rio Tijucas (MACHADO 2018).
de extração do petróleo (SCHERER et al., 2010). Rio Tijucas e a praia Fonte: Os Dias.
Rio Tijucas Fonte: Darius Turismo
13
A área analisada na pesquisa é a Baía de Tijucas, que é
de mobilidade e fluxos. São muitos os desafios para a criação de
limitada ao norte pela praia de Zimbros, ao sul pela praia de
um espaço público, como valores culturais que devem ser
Ganchos e a Foz do Rio Inferninho, a oeste com a praia de Tijucas
amplamente discutidos, questões técnicas e também debates
e a leste pelo Oceano Atlântico, possuindo uma extensão de 17
com urbanistas. A sociedade tem o direito de utilizar um espaço
quilômetros,
público adequado, com qualidade e igualdade para todas as
aproximadamente.
Devido
às
características
geológicas do local, as águas do Rio Tijucas despejam camadas de
classes sociais, gêneros ou idades (QUINAS, 2013).
lama que recobrem as areias da praia. Por conta da praia ter um
O crescimento rápido e desordenado tem feito com que
aspecto sujo, a cidade não tem como foco o crescimento
espaços historicamente importantes sejam abandonados e
vinculado ao turismo do verão como as outras cidades
fiquem sem manutenção. Assim, esses locais se tornam passíveis
catarinenses (MACHADO, 2018).
de requalificação, com uma intervenção que resgate a qualidade ambiental do local e que também promova a manutenção da
2.2 ESPAÇO PÚBLICO
identidade para que essa paisagem volte a ser valorizada
Como cita Gehl (2003), o espaço público possui três funções
(VASCONCELLOS; FERNANDES, 2006).
fundamentais: local de encontro, local de comércio e local de tráfego ou acessibilidade. Todas são funções importantes na cidade e na sua relação com espaço. O incentivo pela participação dos cidadãos é cada vez mais importante e necessário, assim como a qualidade do meio urbano se torna relevante na construção do tecido urbano.
O espaço público trabalha como lugar de socialização e de vida urbana, pelos quais deve oferecer qualidades para que quem o utilize se sinta confortável e seguro. Sendo assim, o espaço público pode ser abordado como lugar de integração social, conforme a sua forma que é concebido ou desenhado. Novos projetos são responsáveis por criar novos pontos centrais (novas centralidades) onde não haviam ou novos pontos . 14
Passarela Bostanli. Fonte: Archdaily
2.2.2 Espaço público e a água
qualidade às cidades, afetando aspectos econômicos, políticos, culturais e sociais (QUINAS, 2013).
Os locais em frente a água se apresentam como lugares de
dinâmica e comunicação entre um limite terrestre e um limite
Iema (2009) diz que, por conta de ser um espaço público
aquático. Ao longo dos anos, esses locais se transformaram e
especial, a Orla Marítima é um importante elemento paisagístico
tiveram diversos usos. Atualmente, tentam se afirmar como
.na cidade, porque propõe uma relação do homem com o meio
espaços vocacionados para o uso público, pretendendo ser um
ambiente através dos seus componentes geográficos e físicos.
local de acesso público, possibilitando uma amplitude física e
Com essa relação homem-ambiente, a Orla revela-se como um
visual aos seus utilizadores (QUINAS, 2013)
espaço livre, de lazer, democrático, da contemplação da
.
paisagem que é responsável por uma demanda turística. Nos últimos anos, começou a nascer uma oportunidade de as cidades voltarem à margem marítima ou fluvial. Em maior parte dos casos, a tentativa de reaver o espaço público foi repensado, movendo setores do centro da cidade para as frentes de água. A revitalização torna-se numa estratégia e operação que redefine funções urbanas ou mesmo a imagem da cidade (BUSQUETS,1997)
Chigago Riverwalk Fonte: Archdaily
Viegas et al. (1997) afirma que os fatores de desenho
urbano e qualidade ambiental são cada vez mais importantes. São vários os exemplos de espaços públicos que vão surgindo com relação com a água, exigindo da arquitetura um grau elevado de flexibilidade e diversidade no projeto. Dessa forma, pretendese que os locais em frente a água melhorem e proporcionem
Orla do Rio Guaíba Fonte: GáuchaZH
15
2.3 REVITALIZAÇÃO URBANA O conceito de revitalização urbana é amplo, em geral intervém na melhoria da qualidade do ambiente urbano, das
condições socioeconómicas ou no quadro de vida de um determinado território, com base em uma visão global, atuando de forma integrada e concentrando um grande número de domínios e dimensões de intervenção. (MOURA et al., 2006). Durante muito tempo estamos condicionados ao aumento de tráfego de automóveis como prioridade no planejamento urbano, deixando a dimensão humana de lado. Gehl (2013), faz
estabelecimento de novos padrões e organização e utilização dos territórios,
inclusive
para
gerar
um
melhor
desempenho
econômico. (MOURA et al., 2006) Em cidades vivas, seguras, sustentáveis e saudáveis, o pré-requisito para a existência urbana que deve ser levado em conta em uma revitalização urbana é oferecer oportunidades de caminhada. As maiores oportunidades sociais e recreativas aparecem quando se reforça a vida a pé. (GEHL, 2013)
2.4 INFRAESTRUTURA URBANA
uma observação interessante de que um maior número de vias
Para uma cidade tornar-se viva é necessário que pessoas
aumentam ainda mais o tráfego de veículos, melhores condições
sintam-se convidadas a caminhar, pedalar ou permanecer nos
para os ciclistas convida mais pessoas a pedalar, mas ao melhorar
seus espaços.(GEHL, 2013) A revitalização urbana compreende
as condições para os pedestres, não só reforçamos a circulação a
essas
pé, mas também reforçamos a vida da cidade.
disponibilidade de infraestrutura necessária para atender a
Agregar funções é tão importante quanto a manutenção e continuação dos usos. Quanto mais entender a cidade como integração de funções, de renda, de idade, de encontro, mais vida
reivindicações
relacionando o
espaço
demanda local e turística valorizando o espaço.
público e
a
.
2.4.1 Lazer e esporte
O lazer é definido como uma série de atividades que podem
ela terá. O desenho público é importante. LERNER (2005) O
ser praticadas no tempo livre das pessoas, quando elas não estão
planejamento urbano pode influenciar o padrão de uso em
trabalhando ou realizando qualquer tipo de atividade. É o
regiões e áreas urbanas específicas. Paras as pessoas serem
momento onde pode se relaxar, descansar, , praticar algum
atraídas a caminhar e permanecer no espaço da cidade é uma
esporte, se distrair. As paisagens naturais como o sol, céu, água e
questão de se trabalhar cuidadosamente com a dimensão
vegetação relacionadas ao lazer, fazem oposição a rotina rígida do
humana. (GEHL, 2013)
trabalho devendo estar ao alcance de toda a sociedade,
A . 16
acelerador e estratégico, e está principalmente voltada para o
requalificação urbana tem um caráter mobilizador,
independente da classe social.
Entretanto, com a falta de serviços públicos voltados ao lazer
ser oportunizadas e proporcionar a diversificação da economia e,
e esportes, que respeitem as condições e necessidades de cada
neste caso, o turismo poderá encontrar condições ideais para sua
pessoa, que englobam a diversidade, fez com que essas práticas
consolidação. (RIBEIRO. SILVEIRA 2005)
se adaptassem em vários locais. De acordo com Marques (2003), por conta da falta de espaços de lazer na periferia, a rua passou a exercer tal função, as pessoas param, conversam, brincam e no meio dela convivendo acabam criando um outro espaço. A falta do espaço público não é o único problema para o lazer. Vivemos em um época onde a sociedade capitalista instrumentalizou-se o tempo e atividade de lazer como uma mercadoria, como se o "não trabalho" fosse uma "não utilidade" frente às pressões para que as pessoas façam bom uso do tempo. O tempo vem se tornando uma mercadoria de luxo, onde é dito que "tempo é dinheiro". Portanto, conquistar um tempo da não obrigação vem se impondo como um desafio para todos que
Lazer e esporte Fonte: Hotel Fazenda Areia
desejam relaxar e ter o seu momento de lazer. O lazer urbano pretende revelar a criação das formas espaciais expressas na paisagem urbana e buscar a compreensão
2.4.2 Turismo
Existem vários conceitos que definem o turismo, entre eles o
das suas funções e estruturas por meio do estudo dos processos
da Organização Mundial de Turismo, que define como "as
sociais que as compõem. A reestruturação de espaços que antes
atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e
eram degradados, através do planejamento e uso do solo, valoriza
permanência em lugares distintos dos que vivem, por um curto
a vida cotidiana para atender a população e deve objetivar o
espaço de tempo, com fins de lazer, negócios e outros".
desenvolvimento e a manutenção da cidadania, o resgate da
Segundo Goeldner (2002), as ações de planejamento na
qualidade de vida e o bem estar urbano. O consumo do espaço
cidade são importantes porque além de beneficiar a população
então planejado passa a integrar os espaços de consumo já
local também contribuem para que a atividade turística
existentes e, neste ambiente, novas formas de trabalho podem
potencialize novas alternativas para a economia local. As cidades 17
2.4.3 Marina e transporte náutico
que se comprometem seu futuro, com certeza, são aquelas que
Segundo o dicionário Priberam “marina” é uma palavra de
investem em espaços mais qualificados para atrair visitantes e
origem italiana e refere-se à orla litorânea, e Roná (2002) a define
investimentos. (CASTROGIOVANNI, 2000) O turismo é um fator extremamente importante na
dentro de um conceito voltado para o turismo náutico como um
compreensão da centralidade, porque, de um lado temos os
conjunto de instalações necessárias aos serviços e comodidades
habitantes com sua lógica de consumo do centro ligada ao seu
dos usuários de um porto para pequena e média embarcação. As
poder aquisitivo e a sua capacidade de mobilização, do outro
relações das infraestruturas de apoio à náutica com o turismo,
temos os turistas, que são pessoas de lugar nenhum, dispostos a
torna a marina um equipamento importante para atrair outros
estar em todas as partes e que recomeçam a repovoar, recoloniza
investimentos e transformar o cenário turístico do destino. Ulbanere (2011) diz que, essas instalações portuárias
e a revalorizar, com a sua presença e o seu discurso, o velho
modernas devem oferecer também serviços adicionais como
centro. (SANTOS, 1995) revitalizados
facilidades de embarque/desembarque, fornecimento de água,
contribuem de maneira significativa para uma vivência mais rica
energia, telefonia, remoção de esgotos e rejeitos, reparos, serviços
da cidade, quebrando a monotonia dos conjuntos, estabelecendo
de manutenção e comodidades adicionais para os usuários e
pontos de referência e vínculos afetivos. Além disso, preservando
marinheiros, tais como vestiários, espaço para recepção e
a identidade dos locais, podendo manter, e até mesmo aumentar
descanso, lojas de conveniências, lazer e recreação, sistema de
o seu potencial turístico (MARCELLINO, 2000, p. 28)
comunicações, estacionamento de veículo, helipontos.
Os
espaços
construídos,
preservados
e
Marina da Glória, RJ. Fonte: O Globo
Turismo Fonte: Touron
18
A importância de investimento na melhoria dos transportes
2.3.4 Pesca
marítimos beneficia a sociedade de uma forma geral, além de
Os pescadores figuram entre os mais pobres trabalhadores,
atrair o turismo. Page (2008) levanta ainda a hipótese que uma
em diferentes partes do mundo. Sem desfrutar de uma área de
distinção entre transportes de uso turístico e não-turístico pode
produção específica ou de uma garantia de obtenção de recursos,
ser inviável na realidade, embora seja relevante para formular
os pescadores têm seu único patrimônio no trabalho e no
uma política para a melhoria de vias e transportes voltados para o
conjunto de conhecimentos necessários para realizar seu trabalho
turismo. Isso significa que a qualidade nos transportes, seja para
com níveis de qualidade de vida bastante baixos. (FIRTH 1984).
uso turístico ou não, é de extrema importância, pois favorece a
Entretanto, no Brasil o setor pesqueiro não recebe tanta
todos.
atenção e é algo preocupante, já que seu sustento provém do seu
2.4.5 Reintegração do Patrimônio
trabalho. Nas cidades banhadas pelo mar ou pelo rio, pouco se vê de espaços e estruturas para que a comunidade local possa
No Brasil, a partir de 1936 iniciaram-se as discussões sobre
trabalhar, transportar e vender seus produtos.
patrimônio histórico. Com os esforços da classe artística da época, surgiu o SPHAN (Serviços de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que posteriormente se tornou o atual IPHAN. Definindo
.
o patrimônio como sendo: “o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico, ou
etnográfico,
bibliográfico
ou
artístico.
Leniaud
(1992)
acrescenta, que o patrimônio histórico é definido como “um conjunto de coisas do passado que são transmitidas às gerações futuras em razão de seu interesse histórico e estético”. Em uma escala mais abrangente como o espaço público, é necessário maneiras de integração entre o patrimônio e o local onde ele será inserido. Para Barros e Kowaltowski (2001), Pesca no Rio Tijucas Fonte: ShopBoats
reintegrar é necessário por razões sociais, melhorando as condições da
estrutura urbana,
reduzindo a
violência
e
19
potencialidades sociais, econômicas e funcionais, melhorando
melhorando visualmente e economicamente as áreas centrais da
assim a qualidade de vida das populações residentes. Para
cidade.
Zancheti, Lacerda, Marinho (1998) um projeto de revitalização urbana requer uma estratégia de implantação com várias frentes de atuação e com diferentes mecanismos de incentivos, parcerias, investimentos e mecanismos de controle para que possa realmente funcionar.
2.4.6 Molhes Desde a antiguidade, o homem tenta aperfeiçoar e criar Patrimônio, Salvador Fonte: FNA
Uma reintegração urbana constitui-se por um conjunto de
potencialidades socioeconômicas e funcionais dessas áreas, melhorando as condições de vida dos seus habitantes. (BRITTO, 2002). De acordo com Zancheti; Lacerda; Marinho (1998), “manter o existente é mais importante que construir o novo”, por conta
dos custos sociais da conservação e da reutilização “são infinitamente menores que os da transformação e substituição de estruturas urbanas”.
cidade pelas intervenções múltiplas destinadas a valorizar as 20
de canais para navegação desde a antiguidade, ou seja, (MARTINS, 1974).
aplicado, por meio de intervenções destinadas a valorizar as
como uma estratégia de gestão urbana que procura requalificar a
permanência em zonas costeiras. Existem referências a abertura aproximadamente 5.000 anos antes de Cristo, entre os sumérios
ações estratégicas visando a requalificação das áreas onde é
A Carta de Lisboa (OPRURB, 1995) define reabilitação urbana
novas técnicas no sentido de tornar mais segura a sua
Construção dos molhes em 1920. Laguna SC Fonte: Diário do Sul
O molhe é uma obra marítima de engenharia hidráulica que
movimentação de aproximadamente 90% das cargas mundiais,
consiste em uma estrutura que avança sobre o mar, apoiada no
sendo, portanto, o principal meio de locomoção de cargas do
leito submarino pelo próprio peso das pedras ou blocos de
planeta. (SCHETTINI et al., 2002)
concretos, emergindo da superfície aquática. Entre suas funções
No Brasil, entre os mais antigos e conhecidos estão os
está a estabilização dos canais de navegação em embocaduras
molhes do Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Inaugurados em
de rios, confinamento e controle de correntes e marés e
1915,
proteção contra cheias.
considerado a maior obra de engenharia hidráulica da América
na
época
o
empreendimento
de
engenharia
foi
Latina, mobilizou cerca de 14 mil operários que formaram bairros e vilas que existem até hoje na cidade. Molhes do Rio Grande Fonte: Felipe Rodrigues
Molhes em Dana Point Jetty, Califórnia Fonte: Rick Seymour
Com a execução dos molhes é possível fazer a
Outros exemplos de molhes no sul do Brasil são os Molhes de Torres, Molhes em Laguna, Molhes em Imbituba e Molhes em Itajaí e Navegantes.
drenagem do local, segundo Goes Filho (2004), o processo de drenagem é tido como um processo de retirada de sedimentos e solos para fins de construção e manutenção de vias aquáticas, de infraestrutura de transporte, de aterros e de recuperação de solos ou de mineração. A desobstrução de vias navegáveis com dragas vem permitindo o desenvolvimento do transporte aquaviário em todos os continentes, tornando possível a
Molhes em Itajaí e Navegantes Fonte: Pref. de Navegantes
. 21
03
ESTUDOS DE CORRELATO
3.1 CALÇADÃO CENTRAL DE TEL AVIV Arquitetos: Mayslits Kassif Architects Localização: Aviv Beach, Tel Aviv, Israel Ano do projeto: 2018
Esse projeto apresenta o calçadão como uma barreira contra a maré e também como um espaço público integrador, que cria uma conexão entre a cidade e o litoral. Sendo um conceito que poderia ser aplicado no presente estudo, em
Tijucas..
3.1.1 O PROJETO
O projeto busca uma renovação da orla criada em 1930. O
principal objetivo é transformar a barreira histórica, criando uma
nova forma que permite o fluxo livre de pedestres para a praia, em toda a orla central da cidade. Além disso, sendo o principal espaço público à beira-mar de toda a área metropolitana, o novo calçadão e seus espaços públicos foram projetados para oferecer uma ampla gama de assentos e oportunidades de relaxamento ao longo da orla marítima, para receber um grande número de visitantes e criar um espaço público hospitaleiro e animado para essa grande e densa área urbana. Um dos objetivos era remover a ruptura física entre a cidade e o mar, isso foi feito com a construção de escadas e rampas com assentos ao longo da orla e transformando as coberturas abandonadas dos quiosques existentes em sacadas urbanas e acolhedoras. O passeio foi estendido para a praia com .
plataformas e grandes áreas sombreadas, assim como novas áreas de lazer que abrigam instalações esportivas, várias quadras
Tel Aviv Port
de esportes, parques infantis e áreas de relaxamento sob as palmeiras. Com um projeto estrutural cuidadoso e detalhado, o impacto ambiental do projeto foi minimizado, a acessibilidade em todos os aspectos foi alcançada e um "novo térreo" urbano foi criado. Uma zona intermediária onde trajes de banho e de
negócios se misturam em um espaço urbano que não obedece a
Calçadão Central de Tel Aviv
nenhuma norma, é um projeto diferenciado, inovador, abstrato e aberto a múltiplas interpretações, refletindo o caráter urbano de Tel Aviv.
Os quiosques, entre o calçadão e a praia. Fonte: Mayslits Kassif Architects
Jaffa (Yalo)
25
2.2.2 ORGANIZAÇÃO
2.2.3 ESTRUTURA
Muitas cidades foram elevadas em relação ao mar para
Em toda a sua extensão, o muro que dividia a praia do
evitar as cheias, além de criar uma barreira contra a água criou-
calçadão foi removido, dando lugar a escadarias e rampas, tudo
se uma barreira contra a interação dos dois espaços. Então, o
isso revestidos com placas de concreto, com detalhes em
objetivo principal do projeto é remover essa barreira e integrá-
madeira além de outros materiais. Os desenhos do calçadão em
los. Para isso foi criado diferentes tipologias de uso, como
círculos, da versão original do calçadão, foram mantidos e
arquibancadas, quiosques, rampas e escadas.
repaginados. . Os quiosques já existiam no local anteriormente e também era possível andar sobre ele, porem com mais um muro dividindo os espaços, no novo projeto isso foi resolvido, com um teto com
Arquibancada
uma inclinação leve e arredondada, tudo isso revestido com
madeiras harmonizando com o calçadão. Estruturas leves foram Quiosques
Escadaria Corte Fonte: Mayslits Kassif Architects
26
Cortes esquemáticos, antes e depois Fonte: Mayslits Kassif Architects
criadas em alguns pontos nas arquibancadas para proteger, outro ponto interessante é são as palmeiras que foram plantadas em toda a extensão da orla.
ANTES
DEPOIS
Comparações Fonte: Mayslits Kassif Architects
27
3.2 ORLA DO RIO GUAÍBA
Arquitetos: Jaime Lerner Arquitetos Associados Localização: Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil Área: 567000.0 m2 Ano do projeto: 2018 O Parque Urbano da Orla do Guaíba devolveu para Porto Alegre e seus moradores o uso do seu maior patrimônio natural:
a Orla do Rio Guaíba. Uma inspiração para a Orla do Rio Tijucas, que também necessita de um espaço para cheias mas que também seja um espaço público diferenciado.
3.2.1 O PROJETO Após constantes inundações em Porto Alegre na década de 40, as autoridades locais implantaram nas margens do Rio Guaíba um sistema de proteção contra cheias que inclui a
construção de um desnível de até 3 metros nas proximidades do rio evitando que as águas cheguem com facilidade nas vias. Apesar da sua eficiência, não levou muito tempo para se tornar uma barreira e criar problemas para a cidade com o abandono, degradação da área e a falta de segurança. A ideia de um parque nas margens do rio, é criar um ponto de encontro para os seus 1,5 milhões de habitantes da capital e os 4 milhões que vivem na região metropolitana, aproveitando da topografia existente e
redirecionando a atenção para a água. A
partir da recuperação do ambiente natural e da criação de um novo endereço, o parque se torna palco para diversas formas de expressão cultural e artísticas da região. .
28
Gasômetro
Quiosques
Mata Cilliar Gasômetro, Porto Alegre Fonte: Tv Pampa
O patrimônio construído presente na região, como o Centro Cultural do Gasômetro, o Cais Mauá e o Centro Cívico ganharam mais visibilidade com fluxo constante de pessoas, assim como o centro da cidade que vem recebendo mais pessoas. É um projeto de
regeneração
urbana
e
ambiental
que
vem
afetando
positivamente a qualidade de vida dos porto-alegrenses, gerando
Deck
efeitos sociais, econômicos e ambientais. Conectam-se as pessoas, a cultura, a história e a natureza em um círculo virtuoso de valorização.
Quiosques Esportes
. . 29
3.2.2 ESTRUTURA
O projeto arquitetônico está ligado com as formas como
3.2.3 ORGANIZAÇÃO
Sendo parte da área central de Porto Alegre, o parque é
ele se insere na paisagem, tirando partido da topografia para
conectado à malha urbana da cidade, sendo de fácil acesso aos
acomodar a infraestrutura necessária e criar passeios de
pedestres e ciclistas, aos usuários de metrô e ônibus além dos
contemplação do cenário. Os materiais utilizados são concreto,
automóveis em geral. O programa do projeto busca a integração
vidro, madeira e aço em seus acabamentos naturais, garantindo
das pessoas nesse novo espaço que além de tudo tem como
leveza ao conjunto. As formas curvas tiram partido da
atrativo a paisagem encantadora proporcionada pelo Rio Guaíba
plasticidade do concreto e o desenho se relaciona ao movimento
e seus arquipélagos.
das águas, desenvolvendo-se gentilmente ao longo do terreno.
O trecho 01 da obra inicia-se no gasômetro, logo depois
Um dos elementos mais importantes no projeto é a luz.
vem o Restaurante Meia Noite, que é sobre o Rio e possui uma
Durante o dia, a luz do sol e seus reflexos no Guaíba iluminam o
arquitetura diferenciada. Logo no começo também tem dois
espaço; após o anoitecer, o projeto luminotécnico é responsável
quiosques, além de outros dois que estão dispostos no meio e
por tornar o espaço agradável e seguro para as pessoas.
no final desse trecho. O restante da intervenção é o calçadão,
O projeto paisagístico é pensado com cuidado aos aspectos
arquibancadas e os nuances na topografia com gramado
ecológicos deste habitat ribeirinho e procura reintroduzir
fazendo um contraste com o Rio Guaíba. Além disso,
espécies nativas ao ambiente, promovendo a sua regeneração. A
arquibancadas foram pensadas para apreciar o que chamam de
vegetação nativa remanescente permanece respeitada pelos
“o pôr do sol mais bonito do mundo”, o do Rio Guaíba.
elementos construídos, implantados ao seu redor. Para cada setor (por exemplo, áreas sujeitas a cheias naturais ou as áreas secas mais elevadas), foram selecionadas espécies específicas.
Corte Fonte: Archdaily
30
Depois da revitalização Fonte: Clickrbs
Antes da revitalização Fonte: G1
Comparação Fonte: Arthur Cordeiro
Revitalização a noite Fonte: Arthur Cordeiro
31
04
ESTUDO DE CASO
4.1 PORTO MARAVILHA
Localização: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro Área: até 5.000.000 m² Ano do projeto: 2009 A área portuária do Rio de Janeiro, que foi importante historicamente para a cidade nos séculos passados acabou sendo
abandonada. O Porto Maravilha é uma operação urbana que busca revitalizar essa área trazendo novos usos e ocupações. Em Tijucas aconteceu um processo parecido com a área analisada, sendo esse estudo de caso importante para a presente pesquisa, por ser um projeto grande e abrangente em várias áreas.
4.1.1 O PROJETO
O Porto Maravilha foi idealizado para a recuperação da
infraestrutura urbana, dos transportes, do meio ambiente e dos patrimônios histórico e cultural da Região Portuária do Rio de Janeiro. Promovido pela prefeitura do município do Rio de Janeiro, a operação urbana abrange uma área de até 5 milhões de metros quadrados, 3 bairros completos (Santo Cristo, Gamboa e Saúde) e 3 setores de bairros (São Cristóvão, Centro e Cidade Nova). O local é um dos principais portos do Brasil, desde o período colonial até o início da República foi palco de vários fatos que marcam a história do Brasil. O projeto tem uma localização estratégica, com influência do entorno, a revitalização fica próximo dos principais pontos turísticos da cidade, como o Pão de Açúcar, Corcovado, Maracanã, . 34
.
Copacabana
e
do
Aeroporto
Santos
Dummont
Museu do Amanhã
1. Elevado sob a Praça XV (2011) Fonte: Porto Maravilha
1. Praça XV (2016) Fonte: Porto Maravilha
2. Museu de Arte do Rio (2011) Fonte: Porto Maravilha
2. Museu de Arte do Rio (2016) Fonte: Porto Maravilha
3. Museu do Amanhã (2011) Fonte: Porto Maravilha
3. Museu do Amanhã (2016) Fonte: Porto Maravilha
AquaRio
Via Expressa Revitalização a noite Fonte: Arthur Cordeiro 4. Orla Conde sob o Elevado (2011) Fonte: Porto Maravilha
4. Orla Conde (2016) Fonte: Porto Maravilha
MISTO CULTURAL RESIDENCIAL COMERCIAL GALPÕES DO PORTO
35
O objetivo do projeto é requalificar a Região Portuária, que
Com duração de 15 anos, R$ 8 bilhões serão investidos em
sofreu grande degradação a partir dos anos 1960 devido a falta de
obras e serviços no Porto Maravilha. Para conseguir recursos
incentivo às indústrias e residências na região, um dos principais
para a operação urbana, a prefeitura aumentou o potencial de
motivos para a Operação Urbana no local são os Jogos Olímpicos
construção de imóveis da Região Portuária, área que atrai a
Rio 2016. Com a Obra o que se pretende é promover um
atenção de investidores do setor imobiliário para projetos
reencontro da cidade com o seu centro a partir de novos
comerciais e residenciais. Interessados em explorar esse
empreendimentos residenciais e comerciais para adensar o lugar e
potencial devem comprar Certificados de Potencial Adicional .
garantir a valorização e identidade da região. Criar um espaço
. Construtivo (Cepacs), títulos usados para custear operações
vivo, onde as pessoas possam morar, trabalhar, ocupar os espaços
urbanas que recuperam áreas degradadas nas cidades. Todo o
públicos, se deslocar a pé sem utilizar meios poluidores e ser uma
valor arrecadado com a venda dos Cepacs é obrigatoriamente
referência em espaço urbano no Brasil e no mundo, impactando
investido na requalificação da região, inclusive áreas de
positivamente na mobilidade, na segurança, na qualidade de vida
preservação em que os imóveis não podem ter aumento de
das pessoas.
potencial. Além disso, pelo menos 3% da venda dos Cepacs são
A Prefeitura do Rio criou a Companhia de Desenvolvimento
obrigatoriamente
Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), para gerir e
material e imaterial da área.
fiscalizar a revitalização. A Concessionária Porto Novo foi contratada via licitação para executar as obras e prestar serviços públicos municipais até 2026, na maior parceria público-privada do País. Dentre as obras contratadas estão a construção e renovação das redes de infraestrutura urbana (água, saneamento, drenagem, energia, iluminação pública, gás natural e telecomunicações), demolição dos 4.790 metros do Elevado da Perimetral e substituição do sistema viário atual por um novo conceito de mobilidade urbana que implanta novas vias, com destaque para as vias Expressa e Binário do Porto, 17 Km em ciclovias e grandes áreas para pedestres. 36
.
investidos na valorização do patrimônio
Orla Conde Fonte: Porto Maravilha
Vista Ă erea Fonte: Veja
Orla Conde Fonte: Porto Maravilha
37
4.1.2 SERVIÇOS
4.1.4 PORTO MARAVILHA CIDADÃO
Transformar a área de 5 milhões de metros quadrados vem
•
Conservação e manutenção de áreas verdes e praça
•
Instalação e conservação de bicicletários
com a tarefa de preservar a identidade e as características da
•
Manutenção e reparo de iluminação pública e calçadas
região. O porto maravilha quer garantir que a população se
•
Conservação e manutenção do sistema viário
beneficie da requalificação para melhorar a sua qualidade de vida.
•
Manutenção da sinalização de trânsito
O projeto Porto Maravilha Cidadão prepara pessoas para novas
•
Manutenção da rede de drenagem e de galerias universais
oportunidades. Em parcerias com órgãos do poder público,
•
Execução de serviços de limpeza. urbana
organizações sociais e setor privado, o programa apoia e promove
•
Coleta seletiva de lixo
iniciativas para o desenvolvimento socioeconômico. As ações
•
Atendimento ao cidadão
contribuem para a valorização da indústria criativa e para promoção da equidade de gênero e etnias.
4.1.3 COMPROMISSOS SOCIAIS •
Criação de habitações de interesse social
•
Instalação de escolas que atendam a população
•
Instalação de Unidades de Pronto Atendimento
•
Integração entre os modais de tranposrte público
•
Recuperação da qualidade ambiental da área
•
Regularização e formalização das atividades econômicas
•
Formação profissional
•
Criação dos Programas Porto Maravilha Cultural e Porto Maravilha Cidadão
38
•
Geração de empregos diretos e permanentes na região
•
Apoio a iniciativas de desenvolvimento comunitário
Aula do programa Porto Maravilha Cidadão Fonte: Porto Maravilha
4.1.5 PORTO CULTURAL
4.1.6 REMOÇÃO DO ELEVADO
órgãos de tutela federal, estadual e municipal. Grande parte
objetivo era servir de alternativa às vias da região que eram
estava abandonada e deteriorada. A nova legislação determina
congestionadas e sem condições de ampliação. Era também a
que 3% dos valores arrecadados com a venda dos títulos da área
solução para conexão entre a zonas Sul e Norte sem que os
sejam destinados a valorização do patrimônio material e
veículos passassem pelo centro da cidade. Nessa época, os
imaterial da área.
viadutos surgiam pelo mundo como estratégia na mobilidade.
A perimetral foi construída no início dos anos 50, o seu
A área do Porto Maravilha possui 76 bens tombados pelos
.
Elevado da Perimetral (2011) Fonte: G1
Galpões da Gamboa (2011) Fonte: Porto Maravilha
Com o passar dos anos o viaduto contribuiu para a degradação da área, do patrimônio público e privado, também para o esvaziamento da região, que tem a menor densidade populacional do município. A demolição do Elevado da Perimetral e a construção das vias Expressa e Binário do Porto segue a concepção de mobilidade moderna. Além de contribuir Galpões da Gamboa (2015) Fonte: Porto Maravilha
na questão estética, na qualidade do desenho urbano e por fim o espaço urbano de convivência.
39
Hoje estudos técnicos comprovam que a substituição da
4.2 MOBILIDADE
Perimetral é fundamental para melhorar o trânsito da região. E a
O
Rio
de
Janeiro
sofre
com
congestionamentos
decisão de substituir viadutos deste porte não é ideia sem
constantemente. Estudos da Federação das Indústrias do Rio de
fundamentação. A Pesquisa Vida e Morte das Autovias Urbanas
Janeiro (Firjan) apontam que o Rio perde cerca de R$23 bilhões
do Institute for Transportation & Development Policy (ITDP)
por ano com engarrafamentos, outro levantamento, da
constatou que 17 cidades dos Estados Unidos, da Europa e
Fundação Dom Cabral, constata que cada motorista parado nos
países asiáticos já substituíram seus grandes viadutos.
congestionamentos perdeu em média R$7.662,23 no ano passado. Além de todos os prejuízos sociais, ambientais e econômicos já citados, a Perimetral contribuía negativamente para o trânsito da região central do Rio de Janeiro, com reflexos
.
em toda a região metropolitana. A nova mobilidade da Região Portuária começa pela remoção da Perimetral.
Elevado da Perimetral (2011) Fonte: G1
VLT Fonte: Porto Maravilha
Sendo assim, o novo sistema viário tem como principal Praça Mauá (2017) Fonte: Porto Maravilha
objetivo a prioridade ao pedestre, com a oferta de transporte público de qualidade e melhores condições para .
40
a sua mobilidade. Dentro do plano de mobilidade em
casos, com ampliação e mudança de função. O conjunto Via
implantação do Rio de Janeiro, o transporte público ganha
Expressa+Binário significa ganho de 27% na capacidade de
prioridade, planejamento e é centrado na conexão inteligente
tráfego, segundo o Estudo de Impacto de Vizinhança do Porto
entre os modais. Os sistemas Bus Rapid Transport (BRT) e Veículo
Maravilha.
Leve sobre Trilhos (VLT) são integrados ao Bilhete único Carioca e
Para os veículos, ao todo, são 6.8km de Via Expressa e
Metropolitano, em seus 28km de malha, o VLT interliga estações
3.5km de Via Binário do Porto. Para os pedestres, à Orla Conde
de metrô, trem, teleférico e barcas, o Aeroporto Santos
possui uma extensão de 3.5km e o passeio público da Rio Branco
Dummont, terminais de cruzeiros marítimos e de ônibus,
600 metros. Em relação a ciclovias, toda a região portuária possui
incluindo a Rodoviária Novo Rio e o BRT em 42 paradas.
cerca de 17km. O Teleférico da Previdência possui 721 metros de extensão. O VLT em seus 28km de extensão, possui duas linhas e tem 31 paradas. Para mitigar os impactos, o foco principal é o transporte público de massa, com o intuito de estimular a
.
integração e a racionalização. Estas medidas estimulam também a migração do transporte individual para o transporte público. (CDURP, 2016)
Bike Itaú Fonte: G1
As vias sofreram grandes alterações, a partir da remoção da Perimetral, a Avenida Rodrigues Alves foi transformada em Via Expressa, com parte em túnel e parte em superfície. Ela é utilizada a quem cruza a área como rota de passagem e terá função de ligar o Aterro do Flamengo a Avenida Brasil e a Ponte Rio - Niterói. A parte subterrânea da Via Expressa permitiu a transformação do trecho da praça XV ao Armazém 8 em um grande passeio público. A Via Binário do Porto, liga o viaduto do Gasômetro ao Centro da Cidade, o sistema conta com novas vias
e a otimização das vias existentes, as quais, em alguns .
Mobilidade, Área Portuária Fonte: CDURP
. 41
Mobilidade, Área Portuária Fonte: CDURP
4.3 CONCLUSÃO
O projeto conseguiu resgatar a região, que era
abandonada, por conta de ter sido tornada apenas um local de passagem. Os impactos são perceptíveis do ponto de vista cultural, social, turístico e econômico. Com uma localização privilegiada da área central da cidade e a Baía de Guanabara como paisagem ao fundo, a revitalização vem transformando e preservando a cultura local e abrindo cada vez mais espaços através da restauração de prédios antigos e criando espaços culturais e sociais, aumentando ainda mais o potencial turístico do Rio de Janeiro. O Elevado da Perimetral antes era uma via de passagem por cima da área portuária e por baixo dele as
ruas eram escuras, o que acabou tornando o espaço abandonado e sem segurança. Com a remoção completa do Elevado da Perimetral o local foi completamente modificado e revitalizado, sendo possível viabilizar o resgate do patrimônio histórico da região e a criação de novos atrativos como o Museu de Arte do Rio dedicado à arte e a cultura visual, acomodando exposições de curta e média duração, o Museu do Amanhã
de arquitetura
sustentável e dedicado às ciências, e trazendo o debate de diversas questões ambientais, sociais e climáticas, e o AquaRio, o maior aquário marinho da américa latina trazem os turistas para a região.
42
Na mobilidade, o VLT se destaca por ser um diferencial e também uma tendência mundial, também pelo fato dele possuir integrações tarifárias pelo bilhete único, onde em um curto espaço de tempo é possível pegar diferentes tipos de transporte sem acrescentar cobranças. As linhas também são bastante inteligentes, quem chega pelo Aeroporto Santos Dummont consegue pegar o VLT ali mesmo e seguir até o Porto Maravilha.
Além disso, o projeto permite a convivência pacífica e organizada entre os diferentes meios de transportes, sendo assim, a partir do local é possível utilizar bicicletas e patinetes, por exemplo, para visitar os atrativos e dar uma volta contemplando a paisagem. Entretanto, o projeto ainda não está 100% bem sucedido, faltou o principal: pessoas. Ao visitar a Orla do Conde, por exemplo, onde é especialmente para pedestres, percebe-se que em alguns momentos o local é bem deserto. O grande problema é que existem poucos edifícios residências no local, os poucos que tem são comerciais, fazendo com que a circulação durante o dia a dia seja pouca e em grande parte por turistas. Há uma discussão do que levou a esse problema, a companhia responsável pelo local cita a crise econômica que o Brasil enfrentou nos últimos anos, que dificultou a vinda de mais pessoas e incentivos fiscais na região.
43
05 CIDADE
5.1 TIJUCAS, SANTA CATARINA
A cidade de Tijucas está localizada na região da Grande
Florianópolis no litoral de Santa Catarina. Segundos dados do
IBGE de 2010, o município possui uma área de 279,952 km² e
2 – Igreja Matriz
aproximadamente 30 mil habitantes. A cidade possui uma localização privilegiada no litoral catarinense, localizada entre a capital Florianópolis e as principais praias do estado como Balneário Camboriú e Itapema. Tijucas vive essencialmente das indústrias e destaca-se pelas suas atividades culturais. 3 - Praia Pontal Norte
1 - Jacaré
Santa Catarina
Tijucas
4 – Casarão Gallotti
Área total: 279,952 km2
População 31.533 habitantes
Clima Subtropical
Temperaturas 8º/38º
46 5 – Rio Tijucas
6 – Ponte Bulcão Viana
5.2 HISTÓRIA
5.3 DIVISÃO
história iniciada por Sebastião Caboto, navegador italiano a
Zona Rural. A Zona Urbana é formada pelos bairros: Areias;
serviço dos espanhóis, chegou na enseada da costa catarinense
Centro; Joaia; Pernambuco; Praça; Santa Luzia; Sul do Rio;
por volta de 1530. Em suas voltas pelo litoral catarinense, avistou
Universitário; XV de novembro. As comunidades que formam a
o Rio Tijucas. Deu o nome do lugar de São Sebastião.
zona rural de Tijucas são: Campo Novo; Itinga; Morretes; Oliveira;
O local inicialmente ocupado pelos tupi-guaranis, tem sua
O município de Tijucas é dividido entre Zona Urbana e a
Com o passar dos anos, foi observado que na foz do Rio
Terra Nova; Timbé, todas estes caracterizados pela produção
Tijucas, havia uma lama escura, que na língua indígena era
agropecuária. Já o bairro rural Nova Descoberta, o maior em
chamada de "Tiyuco“. As pessoas acreditavam que este era um
população, é caracterizado por olarias e extração de minérios
bom motivo para trocar o nome para Tijuco, isso gerou polêmicas
para a construção civil, além da pecuária, mostrando uma força
e com o tempo e muitas discussões o nome foi aprimorado para
econômica. Hoje cerca de 17% da população de Tijucas vive na
Tijucas.
Zona Rural.
Vista aérea de Tijucas Fonte: skyscrapercity.
Bombinhas Governador Celso Ramos
Porto Belo Zona Urbana de Tijucas
Zona Rural de Tijucas
48
5.4 DADOS SOCIOECONÔMICOS PIB
IDADE 7%
até 15 anos 15 a 64 anos 65 anos +
22%
10% 36%
41%
71%
Serviços
homens e 15.476 mulheres e vem crescendo
atividades econômicas são: insumos para a
Agropecuária
cerca de 2,70% ao ano.
construção civil, como produtos cerâmicos,
Imposto
segundo
IBGE..
Sendo
extração
SAÚDE
A cidade possui 13 estabelecimentos de
POPULAÇÃO
Saúde em parceria com o SUS. A mortalidade
OCUPAÇÃO
infantil registra 7,47 óbitos por mil nascidos
2% homens 15.497 mulheres 15.476
vivos na cidade.
30% 50%
50% 68%
ativa inativa desocupada
ensino médio completo
SANEMENTO
46%
ensino médio incompleto
centro
educacionais
municipais.
Quatro
escolas
estaduais
mais
escolas
e
cinco
particulares. A Univali possui um Campus de
10%
ensino superior na cidade, e o Senai voltado adequado não adequado
54% 90%
para a formação técnica do cidadão.
TERRITÓRIO
Área total da cidade é 279,952 km²,
TERRITÓRIO
MORADIA 10%1%
urbanizada não urbanizada 66%
34%
própria alugada cedida
14%
75%
de
minérios
e
madeira
de
reflorestamento, e empresas de logísticas. O salário médio mensal dos trabalhadores Tijucanos é cerca de 2,8 salários mínimos. O PIB de 2006 é de R$ 400.139.000,00.
TRABALHO
EDUCAÇÃO
Tijucas hoje conta com 25 escolas e
EDUCAÇÃO
ECONOMIA Tendo uma forte ligação com a cana-deaçúcar no passado, atualmente as principais
Adm. Pública
habitantes
população de 30.973 15.947
Indústria
9% 4%
POPULAÇÃO Tijucas tem uma
A taxa de ocupação da população com
18 anos ou mais de idade em 2010 é de 67,79%.
Sendo
economicamente
67,8% ativa
população
ocupada,
29,6%
população economicamente inativa e a população
economicamente
desocupada 2,6%.
ativa .
MORADIA
sendo 86,9% com esgoto sanitário adequado
74,4% da população possui casa própria,
(tratamento de esgoto ou fossa séptica). 53%
14,3% alugada, 10,1% cedido e 1,2% de outra
das vias públicas são arborizadas e 34%
forma.
urbanizadas (levando em consideração que a
96,82% dos domicílios com água encanada e
maior parte da cidade é área rural). .
99,67%
Os indicadores de habitação são com
energia
elétrica.
.
49
SISTEMA VIÁRIO
USO DO SOLO
VIAS PRIMÁRIAS
RESIDENCIAL
VIAS SECUNDÁRIAS
COMERCIAL
BR 101
INDUSTRIAL
A cidade é cortada ao meio pela BR 101 com dois acessos principais. A
O município vem se destacando em vários setores nos últimos anos, boa
oeste possui acesso pela SC-410 vindo de Canelinha e possui também algumas
parte devido a sua excelente localização no litoral. A Portobello, instalada na
ligações rurais no entorno com os municípios vizinhos. A cidade possui um
cidade nos anos 1990, é a maior indústria cerâmica do Brasil e vem desde
grande binário na sua extensão viária ao lado oeste, iniciando ao chegar pela
então impulsionando o desenvolvimento da indústria da região. As terras
cidade pela SC-410 no sentido leste com a Rua. Sen. Gallotti seguindo até a
planas da cidade vem sendo exploradas com a criação de loteamentos no
intersecção com a BR 101 e no sentido oeste pela Av. Bayer Filho na região
entorno da cidade, atraindo novos moradores para a cidade, sendo um dos
central da cidade que se torna a Rodovia Deputado Walter Vicente Gomes
setores que mais cresce. O desenvolvimento comercial também está em alta,
seguindo até a SC-410.
com a instalação do Fashion Outlet Santa Catarina na cidade.
50
VAZIOS URBANOS
ÁREAS DE RISCO
VAZIOS
ÁREAS DE RISCO
No mapa destacado ao lado está apenas a região urbana da cidade,
A cidade foi ocupada em áreas muito próximas ao Rio Tijucas e o mar.
que corresponde a pouco mais de 25% do total de extensão de terras de
Em épocas de chuva a cidade é atingida por cheias conforme mostra o mapa
Tijucas. Além de uma Zona Rural grande, um dos lados da cidade em relação ao
ao lado. Por ser uma cidade litorânea, levam-se dias para o que o nível da água
Rio Tijucas ainda é está vazio. Mesmo na zona urbana evidenciada no mapa ao
seja normalizado. O bairro Praça, ocupado muito próximo ao mar é
lado, existem muitas áreas que ainda não foram exploradas. Sendo possível
constantemente atingido por marés altas, uma barreira de areia foi criada pela
que tenha um planejamento urbano adequado, , áreas verdes, áreas de lazer e
prefeitura, porém, mesmo assim a água atinge as casas. São consequências
também espaços para realocar pessoas que vivem em áreas de riscos.
por não ter uma faixa de até 30 metros de preservação do meio ambiente e prevenção de eventuais problemas.
.
51
5.5 PROGRESSO URBANO
Conexão litorânea pela ponte Bulcão Viana
52
Conexão com Porto Belo
NÚCLEO ORIGINAL
1938
1957
1978
Finalização da BR 101
1990
1999 O lado litoral visivelmente menos desenvolvido
A divisão criada pela BR 101 começa a ser evidenciada
A Área Industrial começa a se desenvolver
2010
2017 Criação de loteamentos e a expansão da cidade
Progresso Urbano de Tijucas Fonte: Fabian Machado
52
5.6 SINTAXE ESPACIAL
Integração Global
A Sintaxe Espacial foi desenvolvida em Londres, por Bill Hillier
e colaboradores, nos anos 1970. Visa descrever, através de
BR-101
Porto Bello
Área rural
medidas quantitativas, a configuração do traçado das cidades e as relações entre o espaço público e o privado. Permite entender importantes aspectos do sistema urbano, como distribuição, uso do solo e acessibilidade. Desde que foi criada, a análise sintática foi aplicada nos mais diversos lugares do mundo, obtendo
Rio Tijucas
Mar
resultados positivos quanto aos diagnósticos realizados e as correlações obtidas. (SABOYA, 2017) A Sintaxe Espacial usa técnicas e modelos computacionais,
Canelinha
BR-101
SC-410 SC-410
associando valores quantitativos e expressões matemáticas para análise do espaço. Esses procedimentos geram propriedades capazes de quantificar as relações na rede urbana da malha viária,
BR-101 Área rural
mostrando fluxos naturais de movimentação.
Gov. Celso Ramos
Hillier e Hanson (1984) citam as escalas Global e Local como padrões de medidas. Somadas ao movimento natural, essas
mais integrado
escalas apresentam diferentes leituras da cidade. A escala local
A cidade de Tijucas possui um vasto território rural se
corresponde ao entorno imediato. A urbanidade nesta escala é
comparada a área urbana. Na análise global entretanto, percebe-
diretamente ligada à configuração dos espaços privados e semi
se que a área mais integrada ocorre sobre o perímetro urbano.
privados, quanto ao seu grau de permeabilidade espacial e visual
Isso significa que os movimentos dentro da cidade são práticos,
perante o espaço público. A escala global predomina sobre a local,
dentro dessa área integrada é possível ir de um lado para o
e, considerando esta relação de dominância, um espaço com
outro de melhor forma. Percebe-se que a área analisada nesta
características locais, uma vez inserido em um contexto maior,
pesquisa, de certa forma carente de recursos e infraestrutura,
assume diversas condições de urbanidade.
possui uma boa integração com o restante da cidade.
. 54
menos integrado
Integração Local
BR-101
Porto Bello
BR-101
Área rural
Mar Rio Tijucas
Rio Tijucas
Mar
BR-101 Canelinha
SC-410
BR-101
É possível perceber que o local analisado possui chances de uma boa integração pela Av. Valério Gomes, entretanto na sua rua paralela nas margens do Rio Tijucas, a R. Cel Galoti,
SC-410
acaba se perdendo em meio a outras ruas, além de perder a vista da paisagem natural do rio. Área rural
BR-101
BR-101
Gov. Celso Ramos
menos integrado
mais integrado
Mar
Na análise local, vemos apenas algumas linhas em Rio Tijucas
vermelho. Elas acendem indicando os movimentos locais possíveis dentro do espaço urbano de Tijucas, demarcando as possibilidades de estar ou não efetivando lugares com vitalidade.
BR-101
As ruas que estão em vermelho, de fato, são as principais ruas
Como proposta, da criação de espaços públicos na orla do
comerciais da cidade, são a principal escolha na hora de se
rio e do mar, a intenção é trazer a R. Cel Galloti até o encontro
deslocar por serem lineares acompanhando o traçado da cidade
com a avenida principal na beira mar continuando o binário já
e conectando a malha urbana.
existente no outro lado da cidade com a Av. Valério Gomes.
55
5.7 PATRIMÔNIO HISTÓRICO Casarão Gallotti
Casarão Bayer Casarão Gallotti Fonte: Hilton Lebarbenchon
Casarão Bayer Fonte: Hilton Lebarbenchon
A edificação foi construída para residência da família do imigrante italiano
:O casarão foi construído no final do século XIX por encomenda de
Benjamin Gallotti, figura de destaque da sociedade tijuquense, em termos
Benjamin Gallotti, que na época construiu na mesma rua o "Casarão Gallotti".
econômicos e políticos. Para a construção da residência foi chamado um
Pouco tempo depois de sua construção, o Casarão Bayer foi vendido a João
arquiteto atuante em São Paulo (o arquiteto Renhold), sendo encomendados
Bayer, figura que, assim como Benjamin Gallotti, também se destacava em
materiais da Itália. Concluída em 1898, a edificação teria sido inspirada na
Tijucas. João Bayer instalou no Casarão o primeiro hotel da cidade. No final da
residência da família em Morigerati, sul da Itália. Com a morte de Maria, em
década de 1940, o casarão foi comprado por Jairo Bayer, que usou o andar
1987, a casa foi fechada e passou por problemas de conservação. A doação da
superior como residência de sua família; no térreo, instalou um estabelecimento
edificação ao município aconteceu no ano de 2006; a restauração foi efetuada
comercial. A área térrea posteriormente teve vários usos.. A edificação
em 2009.
atualmente é sede do Instituto Mathilde Bayer, fundado em 2003.
56
Cine Theatro Cine Teatro Fonte: Hilton Lebarbenchon
A edificação fica na Rua Coronel Gallotti, a mesma dos outros dois imóveis
Telhado Cine Teatro Fonte: clicsc
serviu como galpão para descascar arroz e abrigou uma vidraçaria.
tombados em Tijucas, o Casarão Gallotti e o Casarão Bayer. Construído em
Em
1988
foi
tombamento
como
patrimônio
histórico,
sendo
1925 (conforme inscrição na fachada), o prédio abrigou o Cine Theatro Manoel
responsabilidade do estado e da família dos proprietários, em 1998 passou por
Cruz, nome de seu fundador. Oficialmente criado em 1926, o cine teatro esteve
uma reforma. Entretanto, nos últimos anos a estrutura vem cedendo e se
inicialmente dedicado à exibição de peças teatrais e filmes mudos (ou
tornou um problema para a cidade. Primeiro uma parte desabou nos fundos,
"silenciosos"). Na exibição desses filmes, o acompanhamento musical era feito
depois o telhado desabou e agora a fachada ameaça ceder. A recomendação
por Sebastião e Maria Cruz, filhos de Manoel Cruz. O primeiro filme falado foi
da defesa civil é de que as pessoas evitem passar na frente da edificação.
apresentado em 1932. O Cine Theatro teve suas atividades artísticas
Discussões sobre a responsabilidade e também o alto custo de uma reforma
encerradas por volta de 1935. O prédio ganhou então outros usos:
atrasam cada vez mais, enquanto o que restou continua agonizando.
. .
56
06 LOCAL
5.1 LOCAL
O local em análise nesta pesquisa é localizado em Tijucas,
conforme capítulo anterior, no bairro Praça, no lado leste da cidade que é cortada ao meio pela BR-101. O trecho corresponde a orla do Rio Tijucas e a Rua Coronel Galloti paralelamente com a Av. Valério Gomes até chegar na orla da Praia Pontal Norte. Por conta da sua proximidade com o rio e o mar, em uma época onde a navegação era fundamental, o bairro Praça foi o primeiro a ser colonizado na região, a primeira centralidade. No ápice da sua produção econômica da época, a cidade chegou a ter até 100 veleiros na sua frota, levando a produção da cidade pelo local através do Rio Tijucas. Entretanto, com o declínio das navegações durante o século
XX e a criação de uma rodovia no meio da cidade, a BR-101, a centralidade do munícipio acabou migrando para o outro lado da cidade. Com o tempo e a falta de infraestrutura urbana, com uma praia suja e abandonada, um rio assoreado sem possibilidade de navegação, a região caiu no esquecimento. Com a reintegração dos patrimônios históricos em um extenso programa de revitalização urbana pela orla do Rio Tijucas até a orla da Praia Pontal Norte, assim como o desassoreamento do rio e a criação de molhes, o local tem um enorme potencial de desenvolvimento como tem acontecido pelo mundo em regiões que foram historicamente importantes.
60
CENTRALIDADE ORIGINAL
BR 101
PRAIA PONTAL NORTE
PATRIMÔNIOS HISTÓRICOS RIO TIJUCAS
61
1. Cine Theatro em 2015. Fonte: Angelina Wittmann
2. Igreja, a Primeira centralidade da cidade. Fonte: Mapio
5. Casarão Galloti fachada leste. Fonte: Ornato Arquitetura
6. Casarão Gallotti fachada sul. Fonte: Ornato Arquitetura
62
3. Casarão Bayer. Fonte: Angelina Wittmann
7. Espaço vazio na beira do Rio Tijucas. Fonte: Google Maps
4. Casarão Bayer na esquina. Fonte: Raquel Ramos
8. Fim da conexão da cidade com o rio. Fonte: Google Maps
1. Barco na beira do Rio Tijucas. Fonte: Angelina Wittmann
5. Ponte da BR-101 sob o rio. Fonte: Angelina Wittmann
2. Prática de esportes no Rio Tijucas . Fonte: SC Turismo
6. Vista do Rio Tijucas da ponte. Fonte: Angelina Wittmann
3. Vista do Rio Tijucas em direção ao mar. Fonte: NDmais
7. Barcos atracados no rio. Fonte: Angelina Wittmann
4. Barco na foz do Rio Tijucas. Fonte: Angelina Wittmann
8. Áreas privadas e vegetação. Fonte: Angelina Wittmann
63
1. Rua principal na beira mar. Fonte: Bairro Pontal Norte
2. Falta de infraestrutura na rua. Fonte: Bairro Pontal Norte
3. Faixa de areia e o mar. Fonte: Bairro Pontal Norte
4. Pessoas utilizando a praia. Fonte: Bairro Pontal Norte
5. Vista da vegetação, faixa de areia e a o mar. Fonte: Autor
6. Mar afastado da praia com ondas e a lama. Fonte: Autor
7. Faixa de lama que vem do Rio Tijucas. Fonte: Autor.
8. Faixa de areia na praia. Fonte: Autor
64
65
07
SOBRE O PROJETO
7.1 PRÍNCIPIOS
7.2 PROGRAMA
7.4 FLUXOGRAMA
Segurança e proteção: Melhorar a acessibilidade
Atividades recreativas: pedalar, caminhar, trilhas
e segurança de pedestres e ciclistas, dando
naturais, dança, ginástica, surf, skate, stand up
prioridade.
padddle, caiaques.
Iluminação,
sinalização
e
acessibilidade são fundamentais para uma boa
Atividades
qualidade do espaço público.
espreguiçadeira,
Suporte a permanência: A qualidade do espaço
natureza.
público e a possibilidade de permanência são
Estruturas:
muitos importantes para fomentar a vida urbana.
quiosques, sanitários, quadras, campos, praças,
Pontos de encontros e respiro para o trabalho,
marina
descanso e lazer despertam o convívio e troca
preservação do patrimônio
entre usuários locais, estudantes, trabalhadores,
passivas:
piquenique,
festivais,
yoga,
contemplação
da
pública,
porto
7.3 OBJETIVOS .
Novos usos e atividades: Espaços que acolhem e
•
para
VIAS
são um incentivo ao uso do espaço público. Além
de lazer com possibilidades de caminhada e
de garantir a presença de pessoas, convívio social
práticas de atividades físicas;
a
cidade,
são
formas
de
•
entretenimento e acesso gratuito a cultura. Sustentabilidade: Tornar o espaço público como referência na sustentabilidade, integrar o rio, o mar e as vegetações na vida das pessoas.
•
primeira
centralidade
do
Melhorar
o
ambiente
físico
PEDESTRES CICLISTAS
LAZER
ESPORTES
PEDESTRES CICLISTAS
ATIVIDADES
(iluminação,
Melhorar a paisagem urbana existente e recuperar o meio ambiente;
•
e agregar novas rendas.
68 .
a
bancos, calçadas, lixeiras);
Moradores: Novas oportunidades a população local, facilitando o seu meio de trabalho, a pesca,
Recuperar município;
•
MARINA
Criar um espaço público pela orla do Rio Tijucas e a orla da Praia Pontal Norte, espaços
com
PAISAGEM
pescadores,
incentivam manifestações culturais e artísticas
trocas
ALIMENTAÇÃO
feiras, parques, área para eventos,
comerciantes e até mesmo com turistas.
e
RIO, MAR
Incentivar o uso de diferentes tipos de transporte, com foco nos não motorizados;
.
7.1 SETORIZAÇÃO SETOR 1: PATRIMÔNIO
SETOR 2: LOCAL
SETOR 3: ESPORTES
SETOR 5: MOLHES
SETOR 4: PRAIA
Nessa área delimitada
A orla do rio se perde em
As cidades sofrem com a
Por
possui
maior
meio a casas nesse setor,
falta de espaço público
praias
quantidade de edifícios
a pesca é feita de forma
destinados
condicionadas
históricos
rio
artesanal e sem uma
principalmente
qualidade da água, mas
marítimos, alguns deles
passando logo atrás.
estrutura adequada. Um
incentivos a prática de
vem se tornando um
oferecem espaço para
Também é onde inicia a
porto
esportes
espaço de lazer devido
caminhadas mas nada
revitalização,
embarcações
muito
uma e
o
sendo
para
pequenas
esporte,
aquáticos
de
as
Os molhes geralmente
estiveram
são construídos apenas
tempo
a
para
seus
propósitos
um
baixo impacto ambiental
sua
assim, buscando novos
espaço para a venda de
como stand up padddle e
natural.
Com
objetivo é trazer algo
usos e formas pode-se
produtos produzidos na
caiaques, por exemplo.
infraestrutura adequada,
novo em meio ao mar,
integrar
região
Sendo
a
Norte
um desenho de molhes
essas
em
e
a
muito
meio
ao
necessário
a
forte
Praia
paisagem
Pontal
elaborado.
O
edificações ao espaço
espaço seria importante
criação de um espaço
pode se popularizar e ser
diferentes inclusive com
público.
para a população local.
com várias opções de
um espaço utilizado por
uma marina pública.
esportes.
moradores e turistas
69
7.6 CROQUI INICAL
patrimônios históricos espaço para venda de produtos produzidos na região
quiosque quiosque
Rio Tijucas abertura de uma via beira-rio
BR-101
70
deck sobre o rio
porto para os pescadores
quiosque
ed. de apoio as quadras quiosque
ed. de apoio as quadras
marina pública
garagem de embarcações e espaço comercial
quadras e campos para esporte
Rio Tijucas
molhe 71
7.6 CONDICIONANTES
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de
condicionantes, que são importantes estruturadores de um
ambiente;
projeto, seja ele urbano ou arquitetônico. No contexto urbano,
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as
eles asseguram que invenções nas cidades promovam a
práticas que coloquem em risco sua função ecológica,
qualidade de vida das pessoas, garanta a integridade do meio
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a
ambiente e apontam meios de preservação do patrimônio
crueldade. (BRASIL, 1988)
histórico cultural. Segue nesse capítulo uma síntese das
territoriais e seus componentes a serem especialmente
legislações
ao projeto
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente
proposto. Será citada a Constituição Federal, Código Florestal, o
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
Projeto Orla, o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, a NBR
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
9050 e o Plano Diretor da cidade de Tijucas.
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
7.6.1 Constituição Federal
potencialmente causadora de significativa degradação do meio
Para o desenvolvimento do projeto, é necessário analisar os
e
normas
brasileiras relacionadas
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e
72
ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
7.6.2 Código Florestal
Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da
prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio
Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-
genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e
prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o
manipulação de material genético;
controle
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços
instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus
e
prevenção
dos
incêndios
florestais,
e
prevê
objetivos. Atende aos seguintes princípios: I - compromisso com a preservação das suas florestas e demais formas de vegetação nativa, bem como da biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da integridade do sistema climático, para o bem estar das gerações presentes e futuras; IV - responsabilidade comum do estado, em colaboração com a sociedade civil, na criação de políticas para a preservação e restauração da vegetação nativa e de suas funções ecológicas e sociais nas áreas urbanas e rurais; Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se Área de Preservação Permanente
-
APP
como:
área
protegida,
coberta
ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e
flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas; Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de:
Art. 7º A vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá ser mantida pelo proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado. Art. 8º A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental previstas nesta Lei. § 1º A supressão de vegetação
nativa protetora de nascentes, dunas e restingas somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública. (BRASIL 2012)
7.6.3 Projeto Orla
O Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima (Projeto Orla) são ações que buscam o ordenamento dos espaços litorâneos sob domínio da União, aproximando as políticas ambiental e patrimonial, com ampla articulação entre as três esferas de governo e a sociedade. Os seus objetivos estão baseados nas seguintes diretrizes: •
diferentes atores do setor público e privado na gestão
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez)
integrada da orla, aperfeiçoando o arcabouço normativo para
metros de largura; b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;
Fortalecimento da capacidade de atuação e articulação de
o ordenamento de uso e ocupação desse espaço; •
Desenvolvimento de mecanismos de participação e controle social para sua gestão integrada;
73
•
Valorização de ações inovadoras de gestão voltadas ao uso
úmidas e regiões estuarinas, assim como as correspondentes
sustentável dos recursos naturais e da ocupação dos espaços
bacias de recepção e drenagem e as águas interiores
litorâneos.
próximas à costa, bem como o próprio sistema marinho.
Assim, o Projeto busca responder a uma série de desafios como
Princípios: A utilização sustentável dos recursos costeiros em
reflexo da fragilidade dos ecossistemas da orla, do crescimento
observância aos critérios previstos em Lei e neste Plano;
do uso e ocupação de forma desordenada e irregular, do
•
A consideração, na faixa terrestre, das áreas marcadas por
aumento dos processos erosivos e de fontes contaminantes.
atividade socioeconômico cultural de características costeiras
Além disto, o estabelecimento de critérios para destinação de
e sua área de influência imediata, em função dos efeitos
usos de bens da União, visando o uso adequado de áreas
dessas atividades sobre a conformação do território costeiro;
públicas, a existência de espaços estratégicos (como portos,
•
A preservação, conservação e controle de áreas que sejam
áreas militares) e de recursos naturais protegidos também se
representativas dos ecossistemas da Zona Costeira, com com
configuram em desafios para gestão da orla brasileira.
recuperação e reabilitação das áreas degradadas ou
7.6.4 PNGC II
descaracterizadas;
Plano nacional de gerenciamento costeiro ."O atendimento das novas demandas surgidas implica o redirecionamento de suas atividades, levando-se em consideração que:
•
A Zona Costeira abriga um mosaico de ecossistemas de alta relevância ambiental, cuja diversidade é marcada pela
•
•
74
•
•
A aplicação do Princípio de Precaução tal como definido na Agenda 21, adotando-se medidas eficazes para impedir ou minimizar a degradação do meio ambiente, sempre que houver perigo de dano grave ou irreversível, mesmo na falta de dados científicos completos e atualizados;
transição de ambientes terrestres e marinhos
Área de abrangência: Zona Costeira - é o espaço geográfico de
A maior parte da população mundial vive em Zonas Costeiras,
interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos
e
ambientais, abrangendo as seguintes faixas:
há
uma
tendência
permanente
ao
aumento
da
concentração demográfica nessas regiões.
Faixa Terrestre - é a faixa do continente formada pelos
A saúde, o bem-estar e, em alguns casos, a própria
municípios que sofrem influência direta dos fenômenos
sobrevivência das populações costeiras depende da, saúde e
ocorrentes na Zona Costeira, como os municípios defrontantes
das condições dos sistemas costeiros incluídas as áreas
com o mar.
Objetivos: A finalidade primordial é o estabelecimento de normas
7.6.5 Acessibilidade (NBR 9050)
gerais visando a gestão ambiental da Zona Costeira do País,
3.1.1 acessibilidade possibilidade e condição de alcance,
lançando as bases para a formulação de políticas, planos e
percepção e entendimento para utilização, com segurança e
programas estaduais e municipais. Para tanto, busca os
autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos,
seguintes objetivos:
edifcações, transportes, informação e comunicação, inclusive
•
A promoção do ordenamento do uso dos recursos naturais e da
ocupação
dos
espaços
costeiros,
subsidiando
e
otimizando a aplicação dos instrumentos de controle e de
gestão proativa da Zona Costeira; •
O estabelecimento do processo de gestão, de forma integrada, descentralizada e participativa, das atividades socioeconômicas na Zona Costeira, de modo a contribuir para
seus sistemas e tecnologias, bem como outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público Parâmetros
antropométricos:
Para
a
determinação
das
dimensões referenciais, foram consideradas as medidas entre 5 %
a
95
%
da
população
brasileira,
ou
seja,
os
extremoscorrespondentes a mulheres de baixa estatura e homens de estatura elevada.
elevar a qualidade de vida de sua população, e a proteção de seu patrimônio natural, histórico, étnico e cultural; •
O desenvolvimento sistemático do diagnóstico da qualidade ambiental
da
potencialidades,
•
Zona
Costeira,
vulnerabilidades
identificando e
suas
sem órtese
duas bengalas
uma bengala
tendências
Módulo de referência (M.R.): Considera-se o módulo de
predominantes, como elemento essencial para o processo de
referência a projeção de 0,80 m por 1,20 m no piso, ocupada por
gestão;
uma pessoa utilizando cadeira de rodas motorizadas ou não.
O efetivo controle sobre os agentes causadores de poluição ou degradação ambiental sob todas as formas, que ameacem
a qualidade de vida na Zona Costeira;
dimensões M.R
rotação 360º
75
Sinalização tátil e visual direcional: Deve ser instalada no sentido
Faixas de uso da calçada: faixa de serviço (mobiliários, canteiros,
do deslocamento das pessoas, quando da ausência ou
árvores, postes), faixa livre ou de passeio destinada a circulação
descontinuidade de linha-guia identificável, em ambientes
de pedestres e faixa de acesso para a passagem da área pública
internos ou externos, para indicar caminhos preferenciais de
ao lote (possível apenas em calçadas com larguras superiores a 2
circulação.
metros.
Travessia de pedestres: As travessias de pedestres nas vias públicas ou em áreas internas de edificações ou espaços de uso coletivo e privativo, com circulação de veículos, podem ser com
redução de percurso, com faixa elevada ou com rebaixamento da calçada.
76
7.6.6 Plano Diretor (Tijucas/SC)
públicos, trabalho, lazer e às demandas reais por ocupação
Segundo o Art. 5º são objetivos do Município de Tijucas:
urbana, considerando a preservação ambiental;
I - promover o desenvolvimento social através do incremento das
V - compatibilização entre usos do solo, ocupação do solo e
políticas públicas voltadas para melhorias das condições de
expansão urbana, de forma a minimizar conflitos, incômodos e
saúde, educação e segurança da população do Município, bem
impactos ambientais;
como da valorização do seu patrimônio cultural e territorial;
VII - pleno acesso à terra e à moradia para todos os cidadãos;
II - promover o desenvolvimento econômico do município,
Art. 13 Para os efeitos desta Lei Complementar, a Estratégia de
através
econômicas,
proteção e qualificação do meio ambiente compreende ações de
principalmente das atividades industriais, do incremento das
conservação, preservação e recuperação dos recursos e das
atividades turísticas, com base na melhoria da infraestrutura e do
condições
sistema viário;
potencialidades, por meio de um conjunto de programas e
III - valorizar e proteger o patrimônio ambiental do Município,
planos, a serem executados pelo Poder Executivo municipal,
através de políticas e ações de incentivo à preservação e
preferencialmente,
recuperação do meio-ambiente, aproveitamento racional dos
administrativas, o Estado, a União e a Sociedade Civil.
da
diversificação
das
atividades
seus recursos minerais, implantação das soluções estruturais para o saneamento básico e a proteção dos espaços
naturais,
bem
em
como
parceria
a
promoção
com
de
outras
suas
esferas
7.6.7 Estacionamento
ecologicamente frágeis, bem como, para a promoção de ações
De acordo com o código de obras do município: Art. 114 As áreas
com vistas à educação ambiental.
livres (excluídas aquelas destinadas ao afastamento frontal,
No Art. 10 vemos que os temas estudados são estratégia de
recreação infantil e circulação horizontal situadas ao nível do
estruturação da cidade
pavimento de acesso) e locais cobertos para estacionamento ou
I - proteção, preservação, recuperação e qualificação do meio
guarda de veículos, poderão ser considerados, no cômputo geral,
ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico,
para fins de cálculo das áreas de estacionamento
artístico, paisagístico e arqueológico;
Comerciais e de serviço: 1 vaga para cada 100,0m2
IV - condicionamento do uso, da ocupação e da expansão urbana
Alimentação e Recreação: 1 vaga para cada 5,0m2 de área
à oferta de infraestrutura, equipamentos, transporte, serviços
DIMENSÕES DA VAGA: 2,40m x 5,0m
.
. 77
08
REFERÊNCIAS
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80
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