TFG Mercado Público de General Sampaio

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TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

MERCADO PÚBLICO DE GENERAL SAMPAIO Propulsor de Renda e Sociabilidade Urbana




JOSÉ MATEUS GOMES CAVALCANTE Sob orientação da Prof.ª Ms. Ana Mara da Rocha Campos FANOR - FACULDADES NORDESTE TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Dezembro de 2017 Fortaleza - Ceará


Mercado PĂşblico de General Sampaio Propulsor de renda e sociabilidade urbana



Mercado Público de General Sampaio Propulsor de renda e sociabilidade urbana

Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo, da Faculdades Nordeste, como requisito para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Banca Examinadora

Prof.ª Ms. Ana Mara da Rocha Campos Orientadora - Faculdades Nordeste

Prof.ª Ester Rodrigues da Costa Jorge Examinadora - Faculdades Nordeste

Natália Nunes Saraiva Arquiteta Convidada



“SE O MAL É CONTAGIOSO, O BEM TAMBÉM É. DEIXEMO-NOS CONTAGIAR PELO BEM. “ (PAPA FRANCISCO)



AGRADECIMENTOS A Deus, por todas as bênçãos e aprendizados que tive nessa vida, e pelo discernimento em escolher a Arquitetura e o Urbanismo como minha profissão. Aos meus pais, que sempre estiveram comigo me apoiando e incentivando nesta caminhada, mesmo sem entender o que um arquiteto fazia me deram total suporte e confiança na minha escolha, sem eles nada disso seria possível, obrigado por tudo! Amo vocês! À Regina, minha segunda mãe que desde pequeno sempre cuidou de mim, me transmitiu amor, disciplina, honestidade, e me ensinou que nenhum valor compra o nosso caráter. À Sara, Júnior e Hélio que estiveram comigo nessa caminhada durante esses cinco anos de graduação, nas alegrias e também nos momentos não tão alegres, sempre presentes alegrando meu dia e me fazendo mais feliz. Aos meus colegas de trabalho do Instituto de Planejamento de Fortaleza, IPLANFOR, especialmente Luciana, Joana, Thaís, Caio, Duda, Natália, Sâmia, Pedro, Luíza por todo o conhecimento a mim ensinado, e pelas muitas tardes de alegria, risadas e companheirismo. Aos meus amigos Carol, Ana Maria, Emyli, Carla, David, Irisletiery e Cintia pelo companheirismo, ajuda, conhecimentos e todas as histórias e risadas que vocês me proporcionaram nesses cinco anos, obrigado! A todos os professores com quem tive o prazer de aprender, por terem me repassado seus conhecimentos. À minha orientadora, professora Ana Mara pela paciência,solicitude e conversas durante esse período, sempre disposta a ajudar e contribuir com a realização desse trabalho. A todos os outros que contribuíram para a realização deste trabalho



RESUMO

ABSTRACT

Esta pesquisa de trabalho final tem como intuito propor um Mercado Público para o município de General Sampaio – Ceará. Essa proposição parte da necessidade deste tipo de equipamento no município, em vista de o mercado existente estar sem funcionar há quase 3 anos, quando foi iniciada sua reforma. O desenvolvimento do projeto se norteará nas características bioclimáticas da região, com a adoção de estratégias de ventilação e iluminação naturais que proporcionem um maior conforto térmico no interior da edificação. Além disso, o Mercado será projetado para ser um espaço agradável para propiciar encontros entre os moradores, de forma que impulsione as relações sociais na cidade, que com o advento da era digital estão cada vez mais escassas. Outro princípio que fundamentará o projeto, será o apoio aos pequenos produtores familiares, privilegiando os moradores da cidade e assim fazendo com que a renda gerada seja aplicada no própriomunicípio.

This final work research intends to propose a Public Market for the municipality of General Sampaio - Ceará. This proposition is based on the need for this type of equipment in the municipality, since the existing market has not been functioning for almost 3 years, when its reform was initiated. The development of the project will focus on the bioclimatic characteristics of the region, with the adoption of natural ventilation and lighting strategies that provide greater thermal comfort within the building. In addition, the Market will be designed to be a pleasant space to promote meetings among residents, so as to boost social relations in the city, which with the advent of the digital age are increasingly scarce. Another principle that will support the project will be the support to small family farmers, giving priority to the residents of the city and thus causing the income generated to be applied in the municipality itself.

Palavras chave: Mercado Público. Sociabilidade urbana. Conforto térmico. Geração de renda.

Keywords: Public Market. Urban sociability. Thermal comfort. Income generation.


O

I R Á

M U S

17 1. INTRODUÇÃO

25

57

2. REFERENCIAL TEÓRICO

3. GENERAL SAMPAIO HISTÓRIA

18- 1.1 Introdução

28 - 2.1 Mercados Públicos Origem e

58 - 3.1História de

20 - 1.2 Problemática

Evolução.

General Sampaio

21 - 1.3 Justificativa

38 - 2.2 Forma e Desenvolvimento

22 - 1.4 Objetivo Geral

46 - 2.3 Mercados Públicos no Brasil.

22 -1.5 Objetivos Específicos 23 - 1.6 Metodologia


63 4. REFERÊNCIAS PROJETUAIS

79 5. PROJETO

127 APÊNDICE

80 - 5.1 Conceito do Projeto

64 - 4.1 Mercado de Atarazanas,

81 - 5.2 Localização

128 - Apêndice A

Málaga - Espanha

85 - 5.3 Condicionantes urbanísticos

129 - Apêndice B

67 - 4.2 Mercado Público de Triun-

87 - 5.4 Programa de Necessidades

fo, Pernambuco

88 - 5.5 Zoneamento

71- 4.3 Pesquisa no Mercado São

93 - 5.6 Sistema Estrutural

Sebastião - Fortaleza

95 - 5.7 Desenho Técnico

72-4.4 Questionários clientes - resul-

108 - 5.8 Volumetria

tados

119 - 5.9 Considerações Finais

74 -4.5 Questionário vendedores -

120 - Lista de figuras

resultados

123 - Referências Bibliográficas


MERCADO ATARAZANAS - ESPANHA FONTE: HTTPS://JOANASLITTLEWORLD.WORDPRESS.COM/2014/05/17/BACKPACKING-TRIP-TO-ANDALUSIA-1-STOP-MALAGA/


01

INTRODUÇÃO


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1

INTRODUÇÃO

Com o surgimento das primeiras civilizações e o aprimoramento da agricultura de subsistência, e posteriormente a produção agrícola de excedentes fazem as relações comerciais darem seus primeiros passos, através da economia de trocas, onde as pessoas trocavam gêneros alimentícios por outros, ou por itens de sua necessidade. A princípio essas trocas aconteciam nas feiras, porém com o crescimento populacional foi necessário o controle e regulação por parte do estado, e a criação de prédios para esse fim, como destaca Pintaudi (2006, p 84). Muitos dos mercados tiveram sua gênese nas feiras que terminaram perpetuando-se, materializando-se em construções porque a reprodução da vida na cidade e/ou região necessitava de um contínuo suprimento de víveres.

Com a expansão dos centros urbanos, os mercados públicos adquirem o papel principal no abastecimento das cidades. entre o final do século xix e a primeira metade do século passado, os mercados foram os grandes res-

ponsáveis, assim como as feiras livres, pela distribuição e comercialização de alimentos junto à população urbana, principalmente dos mais carentes (OLIVEIRA JUNIOR, 2006, p 15). Além das relações econômicas que aconteciam no seu interior, os mercados têm seu papel no meio urbano reconhecido também por ser um relevante catalisador das relações sociais e culturais nos centros urbanos. Nos centros urbanos antigos, era tido como referência da cidade, normalmente ficava próximo aos edifícios mais importantes da cidade, como exemplo temos os bazaar no Oriente Médio, os mercados na ágora grega e nos fóruns romanos. É um espaço majoritariamente social, democrático, de acesso à toda a população independente de classes sociais, onde ocorriam os encontros, as conversas, troca de ideias e troca de experiências. Desde o seu princípio os mercados funcionam através dos fluxos, fluxos de pessoas e fluxo de mercadorias, sua localização é estratégica, hoje se localizam principal-


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mente nos centros das cidades, ou centros históricos devido ao seu fácil acesso e as relações econômicas que se estabeleciam ali. A origem do mercado está, portanto, no ponto de encontro de fluxos de indivíduos que traziam seus excedentes de produção para a troca, normalmente localizados em pontos equidistantes dos diversos centros de produção ou em locais estratégicos do ponto de vista da navegação ou da existência de água (VARGAS, 2012, p 74). Com o avanço da tecnologia e a industrialização nas cidades, logo emergem novas formas de comércio, a chegada dos shoppings centers, supermercados e hipermercados vem de encontro aos mercados públicos e sua forma tradicional de relações econômicas. [...] A partir de meados do século XX: com novos aperfeiçoamentos tecnológicos, envolvendo a conservação de produtos alimentícios, aumento da produção, sua diversificação e controle de qualidade, bem como o aumento da velocidade de deslocamento mecânico, promoveu-se uma aceleração constante na circulação de mercadorias , o que tornou a forma mercado obsoleta pela sua inadequação aos novos parâmetros de qualidade oferecidos para os consumidores por equipamentos mais novos, como os supermercados e hipermercados, concebidos para

atender aos novos tempos do capital com o conforto, rapidez e sem a mediação dos vendedores. (PINTAUDI, 2006, p 96)

Atualmente são vistos como espaços tradicionais de compras, reconhecidos pela sua historicidade, e também pela resistência às novas formas comerciais, seus compradores tentam evocar um sentimento de “tradição” simulando o passado.

Surge a possibilidade de transformar esse local em ‘tradicional’. Os mercados públicos, formas ainda presentes na paisagem urbana, estão procurando gerar uma imagem de ‘tradição’ (onde os novos fregueses podem simular um comportamento ‘tradicional’). Nesse local, que poderia ser considerado desprovido do conforto moderno oferecido por outros empreendimentos de comércio de alimentos, o ato de comprar e vender os produtos da terra faz com que as pessoas “se sintam” mais próximas a ela e busquem identificação com o lugar, já que ele permanece naquele sítio há algum tempo. (PINTAUDI, 2006, p 98)


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1.1

PROBLEMÁTICA

O município de General Sampaio caracteriza-se por ser um município pequeno no interior do Ceará e com pouquíssimas alternativas de emprego e renda, principalmente no setor varejista. As oportunidades de trabalho existentes são sobretudo na agricultura, setor de serviços e a gestão púbica. Há alguns anos existia na cidade um mercado público que funcionava vendendo principalmente frutas, carnes e verduras, porém com a constante modernização tecnológica do comércio, o prédio acabou não suprindo as necessidades exigidas, com isso, foi necessário um projeto de reforma para adequação do mercado às novas tecnologias e procedimentos sanitários. As obras da reforma começaram em 26 de maio de 2014 e até a atual data de publicação desta pesquisa continuam paradas. Desta forma, há quase três anos a população está sem o mercado público, elemento urbano importante como agregador de renda e potencializador das relações sociais e culturais. Segundo Araújo e Barbosa (2004 apud Servilha e Doula 2009).

Há no mercado municipal, muitas vezes, o encontro entre o urbano e o rural, através de contatos diretos entre pessoas das duas diferentes realidades, assim como de diferentes classes sociais, tecendo relações interculturais, em alguns casos até mesmo de amizade.

Em vista disso, da carência desse equipamento na cidade, e ao fato de ser um município pequeno e com poucas oportunidades de emprego e ascensão econômica, torna-se altamente necessário o projeto de um mercado público que reúna a visão empreendedora de geração de vagas e formação de capital, com a percepção de que os mercados públicos de forma geral são importantes no contexto urbano atual, devido às suas relações socioculturais ricas que perduraram desde as primeiras civilizações, e seguem resistentes mesmo com a mudança nos padrões de compra e venda, principalmente com a chegada dos supermercados e hipermercados.


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1.2

JUSTIFICATIVA

A proposta de projetar um Mercado Público parte da necessidade deste tipo de equipamento na cidade de General Sampaio, um município pequeno que carece principalmente de empregos. Os estabelecimentos comerciais existentes no município vendem frutas e verduras periodicamente, uma vez por semana, que são trazidos da CEASA, com isso não ocorre a valorização de produtores locais e a oferta desses gêneros alimentícios fica prejudicada pela inexistência de alimentos frescos nos dias restantes da semana. Nesse contexto, é de suma importância a criação de um equipamento que gere emprego e renda, principalmente aos produtores agrícolas familiares, e estimule a produção de alimentos frescos para a população oferecidos diariamente, e em decorrência disso a oferta contínua de alimentos saudáveis para os habitantes, melhorando sua saúde alimentar e assegurando a qualidade de vida dos moradores.

Além da garantia de saúde nutricional, o Mercado também funcionará como espaço público disponível para a população, para o encontro, a troca de ideias, troca de informações e um espaço democrático, disponível a todas as pessoas, tanto da zona urbana como rural, valorizando os laços comunitários, a cultura local e as relações sociais.


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1.3

OBJETIVO GERAL

Projetar um mercado público que venha a ser propulsor de renda para os habitantes da cidade de General Sampaio e principalmente valorizar o comércio local, por meio dos pequenos produtores agrícolas, assim como era nos primórdios dos Mercados Públicos. Além disso tornar este espaço um grande catalisador das relações socioculturais e econômicas na cidade.

1.4

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Propor uma edificação que atenda às necessidades dos habitantes locais e seja adequado às características físicas e bioclimáticas da região. • Gerar vagas de emprego, principalmente para os produtores rurais do município, aumentando sua renda e consequentemente melhorando sua qualidade de vida. • Conceber um espaço seguro e acolhedor, onde as pessoas sintam-se bem ao fazerem suas compras • Incitar a troca de ideias, informações e os encontros dentro do mercado, tornando-o um espaço útil e com sensação de pertencimento pela população. • Produzir um local arborizados que melhore o microclima e a ambiência da cidade.


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1.5

METODOLOGIA

A metodologia consistiu em uma consulta à referência bibliográfica que trata sobre o tema dos Mercados Públicos, sua origem, evolução, práticas comerciais e a sua ligação com a sociabilidade urbana. Concomitante, foi feita uma análise crítica quanto ao conteúdo para ver o que é adequado ao município de General Sampaio. Juntamente, foi feita uma pesquisa de estudos de caso de Mercados Públicos, para a análise das soluções arquitetônicas escolhidas, que tratam sobre conforto, ventilação, tipologia de layouts, acessos, fluxos de pessoas, carga e descarga etc; e a adequação desses aspectos à região escolhida.

Em seguida, foi feita uma pesquisa de campo por meio de um questionário no Mercado São Sebastião que tinha como objetivo identificar os principais motivos pelos quais os clientes optavam em realizar suas compras ali e a avaliação da estrutura do mercado. Existiam questões avaliativas quanto à estrutura do Mercado, tanto por parte dos vendedores que trabalhavam no local quanto pelos clientes, essas perguntas serviram para identificar na opinião dos entrevistados as características que deveriam ser melhoradas, esses aspectos foram importantes como elementos que devem ser tratados com uma maior atenção.


MERCADO SANTA CATERINA, BARCELONA - ESPANHA FONTE: HTTP://ARTCHIST.BLOGSPOT.COM.BR/2015/09/MERCADO-SANTA-CATERINA-EN-BARCELONA.HTML


02

REFERENCIAL TEÓRICO


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2.1 MERCADOS PÚBLICOS ORIGEM E EVOLUÇÃO Durante o período neolítico o ser humano deixou de ser nômade e passou a ser sedentário, com esse sedentarismo foi possível o aparecimento da agricultura, da domesticação de animais, e o início do trabalho com a cerâmica, isso desencadeou a formação das primeiras aldeias, onde o homem parou de apenas caçar e coletar para produzir. Na nova estrutura social, os homens eram incumbidos das atividades de caça e as mulheres, da plantação dos alimentos e o cuidado com as crianças (OLIVEIRA JUNIOR,2006). Os primeiros traços de civilização surgiram ao redor dos rios Tigre, Eufrates e Nilo, nas regiões da Mesopotâmia (atual Iraque e Kuwait) e Egito. Os povos nômades buscaram instalar-se junto ao leito dos rios, pois era o melhor meio de obter água potável para a tribo e para os animais. Com a dominação da agricultura e da pecuária, as pessoas passaram a produzir alimentos em quantidades excedentes, e trocá-los com outras comunidades por bens de necessidade, assim surgiu a economia das trocas, prenúncio do comércio (OLIVEIRA JUNIOR, 2006).

Em decorrência das primeiras civilizações a economia das trocas consolidou-se progressivamente, no Egito, por exemplo, estas eram feitas nas ruas, a população local plantava as culturas agrícolas e as trocavam por outros bens materiais e ou gêneros alimentícios. O Egito também ficou conhecido pelas relações econômicas exteriores, principalmente com ilhas gregas e países da África e Ásia, a forma de comercialização se dava através da troca de mercadorias. Com o crescimento populacional, logo os aglomerados passaram a adquirir formato de cidade, como relata Oliveira Junior (2006, p. 21): A aldeia só veio a configurar-se como cidade no momento em que a comunidade promoveu uma mudança em relação às suas cômodas preocupações com a simples reprodução e nutrição. Tal transformação no paradigma da mera sobrevivência promoveu um salto cultural, a partir do momento em que os seus atores sociais assumem novos papéis nesta forma de organização social emergente.


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Em seguida, os núcleos urbanos começaram a prover as infraestruturas necessárias para a expansão e melhoramento das cidades, segundo Oliveira Junior (2006, p. 22):

O crescimento das cidades iniciou-se ao longo dos vales dos rios, e o seu aparecimento está relacionado ao aperfeiçoamento da navegação e do transporte aquático de massa. Em seguida, a utilização de animais de carga, veículos de roda e a implantação de estradas calçadas permitiram a ampliação dos transportes, possibilitando distribuir os excedentes e adquirir outras especialidades produzidas em lugares distantes: funções desempenhadas por uma nova instituição urbana denominada de mercado.

Como podemos observar o desenvolvimento dos Mercados Públicos acontece quase que intrinsecamente ligado ao desenvolvimento da urbe, essa relação aconteceu das mais variadas formas possíveis nos diferentes centros urbanos, no Oriente Médio um expoente do comércio na antiguidade por exemplo, os mercados cobertos ou bazaar são de enorme importância para os habitantes, e são tidos como monumento público. “ [...] a palavra bazaar, que provém da língua árabe significa mercadoria. Por extensão passou a denominar o local onde as mercadorias eram expostas para a venda. ” (RENOY, 1986 apud VARGAS,2001, p.106).

Em seu interior as diferenças sociais convivem harmonicamente, é um espaço público por excelência, além do mais, os bazares num panorama geral caracterizam-se pela forte relação entre moralidade e os negócios, por estarem situados em uma região islâmica, onde comércio e religião estão quase que intrinsecamente ligados. Outra particularidade são as negociações recorrentes, prática bastante usual, a compra é considerada boa quando comprador e vendedor chegam a um acordo e terminam satisfeitos (VARGAS, 2001, p.107). Na Turquia o Grand Baazar ou bazar coberto (figura 01) apresenta-se como um dos maiores e mais antigos mercados cobertos do mundo, há especulações que existam mais de 4000 lojas. Ponto turístico da cidade de Istambul é conhecido pela venda dos mais diversos tipos de mercadoria, como joias, especiarias, louças, tapetes etc.


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Figura 01 – Grand Baazar, Turquia Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/File:Istanbul_grand_bazar_1.jpg

Nas diversas ruas cobertas do Grand Bazaar a predominância é da suntuosa arquitetura, ricamente ornamentada. Ao caminhar, o indivíduo é recebido por uma confluência de percepções, que vão dos diversos aromas das especiarias às cores vivas das louças, ao brilho das joias, às texturas dos tapetes e o burburinho característico dos turistas ao “pechinchar” os produtos para os vendedores. Na Grécia, que além de berço da Arte, era uma potência comercial da Antiguidade, a Ágora exercia a função de Mercado, Inicialmente a sua função consistia em um espaço de debates, de troca de ideias e discussões políticas, local dos templos religiosos. Era rodeada dos prédios públicos e privados mais importantes da cidade e era o seio da política e cultura na sociedade grega. Sucessivamente, as feiras livres e mercados instalaram-se, e o local além de centro político passou a ter um viés de espaço público. Em sua forma inicial a ágora emerge como um espaço plano com função comercial, com a expansão da cidade foram sendo construídos os primeiros edifícios ao redor da ágora, posteriormente foi sendo gradualmente fechada pelos edifícios. Em seguida começou a seguir uma ordem, adotou a forma retangular, em decorrência


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do próprio traçado viário das cidades. Adiante, em evolução à forma retangular os arquitetos gregos projetam a ágora em forma de U (figura 02) ou seja, circundada por colunatas em três de seus lados, e não totalmente fechada como era antes, esta nova forma proporcionou uma maior permeabilidade ao seu centro, facilitando o acesso por meio de escadas e a visibilidade das pessoas a seu interior (VARGAS, 2001 p 117).

Figura 2 – Planta da Ágora de Pirene. Legenda: 1 Stoa Sagrada, 2 Templo de Asciepius, 3 Ecclesiasterion, 4 Prytaneion, 5 Templo de Athena, 6 - Ágora Fonte: Vargas (2001, p 119)


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Na civilização romana, a atividade agrícola tinha uma relação preponderante com as outras atividades, o comércio internacional se dava por meio do rio Tibre, às suas margens funcionavam vários mercados ao qual designavam-se de fóruns, que eram os centros políticos, sociais e culturais na sociedade romana. São os edifícios mais importantes da cidade. À medida que a cidade cresce, são construídos novos fóruns. Nestes encontram-se as basílicas, os prédios do senado e da justiça, e os mercados romanos, que são prédios envoltos por grandes colunatas, onde no andar térreo ficavam as barracas dos pequenos comerciantes e no superior ficavam as sobrelojas (figura 03). Com a queda do império romano, sucedido pela Idade Média as relações comerciais internacionais na Europa enfraqueceram. Com esse enfraquecimento do setor varejista, os mercadores criam associações com o intuito de organizarem sua atividade profissional e fortalecerem o setor, com a padronização de preços, o estimulo à melhora da qualidade dos produtos e outras formas, no entanto, paulatinamente essas associações perderam seu objetivo original e acabaram resultando em espaços das elites produtoras, dificultando o livre comércio (VARGAS, 2001 P 134).

Figura 3 Mercado público no império romano Fonte: Vargas (2001, p 129)


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Durante esse período de estagnação, nos séculos X e XI os mercados aconteciam em praças periféricas distantes dos aglomerados urbanos, como nas margens das vias importantes ou à margem das muralhas das cidades, as praças de mercado no início eram sazonais e progressivamente tornaram-se permanentes, e mais próximas dos centros urbanos (figuras 04 e 05).

Figura 04 – Planta da Piazza San Marco, Veneza. Fonte: Vargas (2001, p. 141)

Figura 05 – Planta da Piazza del Signori, Verona Fonte: Vargas (2001,p. 141)


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Essas praças de mercado crescem intrinsecamente com a cidade medieval, organizavam-se espacialmente em decorrência das necessidades dos habitantes, as mais importantes localizavam-se no centro dos aglomerados, nas periferias aconteciam aquelas que comercializavam produtos específicos, e o último tipo era o que se localizava fora das muralhas, que paulatinamente foram abarcadas pelo crescimento urbano. Quanto às praças de mercado segundo Calabi (1993 apud VARGAS, 2001, p.137). Na praça, juntamente com cerimônias e eventos, acontecia também o recrutamento de mão-de-obra. A festa, a animação, o pulular de coisas e pessoas, a circulação de ideias, de produtos e notícias, alcança o ápice e essa concentração de atividades manifesta-se, espacialmente, por uma concentração física num lugar urbano central. Durante o século XII as feiras regionais emergem no panorama varejista, essas feiras são frequentadas por mercadores que vinham de longe, geralmente duravam semanas, exceto quando as condições climáticas não colaboravam. Mobilizavam um fluxo de caravanas que iam de feira em feira. Eram montadas em tendas e barracas, que vendiam das mais diversas mercadorias, como bebidas, comidas e tecidos. Havia também casas de câmbio,

onde era possível fazer o pagamento de dívidas (VARGAS, 2001 p147). No século XIII surgem os primeiros edifícios de mercados, geralmente designados pela palavra francesa halle, em inglês hall, em alemão halla. Esse termo significa um local onde ocorrem reuniões de uma comunidade, mais comumente utilizado para designar uma construção comercial coberta. Esses edifícios apresentam características dos mercados romanos, em forma de galerias em volta de espaços quadrados ou retangulares, ou então espaços alongados com duas ou três naves cobertas. Outros exemplos deste tipo de edifício são o fondaco (figura 06), um prédio para armazenagem de mercadorias, venda atacadista e hospedagem. E o filarete italiano (figura 07), um tipo de mercado fechado, cujo o centro é um espaço aberto destinado para as barracas, circundado por galerias com colunatas. Ao seu redor estão o mercado de carne e de cereais, mercado de peixe, palácio do capitão e outros estabelecimentos.


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Figura 06 – Fondaco dei Tedeschi, Veneza, 1505. Fonte: Vargas, 2001, p 152

Figura 07 – Filarete (espécie de mercado), Florença, século XIII Fonte: Vargas (2001, p 153)


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Durante o século XVII acontece a transformação e modernização das lojas. As lojas têm origem nas barracas, estas eram compostas por duas tábuas de madeira, uma servia como coberta e a outra como mesa, comerciante e comprador ficavam em lados opostos, essa tábua posteriormente transformou-se no balcão das lojas. Com o tempo, no local em que se situavam essas barracas foi permitido a construção de edificações, este foi o impulso necessário para a transformação das barracas em lojas e favorecer a sua condição de estabelecimento permanente. Em 1688 surgem os primeiros traços de vitrines nas lojas, decorrentes do avanço no trabalho com o vidro em torná-lo liso e transparente. Sua função é a de provocar a compra por impulso e não por necessidade. Através da transparência do vidro permitem a exposição dos produtos mesmo a loja estando fechada. Com a expansão desta forma comercial, as lojas que vendiam as mesmas especialidades, começam a concentrar-se nos mesmos locais dentro do meio urbano, por causa da necessidade de controle e inspeção das corporações reguladoras, isso implica nos nomes que são dados às ruas, caracterizados pelos tipos de produtos que ali eram comercializados (VARGAS, 2001 p 155).

Durante o século XIX ocorrem mudanças importantes no setor varejista e na sua relação com o espaço, as feiras vão perder espaço, o aperfeiçoamento do vidro e do ferro permitem a ampliação das janelas das lojas, e consequentemente seu tamanho, esses fatores principalmente são os percursores no aparecimento dos grandes mercados cobertos e das arcadas, estabelecimentos comerciais relevantes no século XIX. Como já foi dito, as feiras livres perdem espaço no setor comercial, juntamente com os mercados ao ar livre, principalmente em razão da preocupação com as questões sanitárias. Em vista disso, os mercados cobertos (figura 08) são vistos como saída, em função de criar um espaço onde as barracas fossem permanentes e fosse possível providenciar o controle higiênico e sanitário.


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Figura 08 – Halles Centrales, Paris 1853 Fonte: Vargas (2001, p 170)


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Segundo Vargas (2001, p.162) A forma original desses mercados foi comumente um perímetro sólido fechado por lojas faceando um espaço central, coberto com um forro leve sustentado por uma grande estrutura em ferro. Dentro desses espaços, as mercadorias eram vendidas em barracas, sem coberturas individuais ou divisões. No fim do século XIX, início do século XX surge uma nova tipologia de edificação comercial, a arcada ou galeria, que são passagens de pedestres cobertas por abóbodas envidraçadas, rodeadas por diferentes tipos de lojas, desde comércios de luxo a artigos do dia-a-dia. Sua arquitetura era suntuosa, erguida em ferro e vidro, teve um viés principalmente elitista, direcionado às classes dominantes da época. Segundo Rennó (2006, p. 30). Para transmitir a sensação de exclusividade e higiene aos seus usuários, algumas especiarias foram proibidas para não “contaminar” o ar com seu odor, bem como eram impedidos de entrar na galeria prostitutas e mendigos, dessa forma a arcada era um local que promovia uma divisão social, pois sua arquitetura ostentosa causava constrangimento nos menos abastados ao entrarem no local.

Adentrando no século XX algumas mudanças impactam significativamente no setor varejista, o crescimento demográfico e a industrialização. Segundo Vargas

(2001, p. 238).

Esses dois fenômenos juntos responderam pelo forte processo de urbanização e congestionamento das grandes cidades e deterioração ambiental e da qualidade de vida. Num segundo momento e como resposta a essa situação, a descentralização urbana materializa-se por meio da suburbanização ou periferização urbana. Logicamente que os avanços da comunicação e dos transportes favoreceram e incentivaram esse processo.

Surgem outros tipos de edificações comerciais, os hiper/supermercados e shopping centers, estes são grandes edifícios fechados cujo o único intuito é o consumo por si próprio, sem importar-se com as relações sociais que estão ligadas ao ato da compra. Com sua chegada os mercados tradicionais perdem gradualmente espaço e esses novos locais ganham notoriedade. Seu viés apenas consumista não os tornam benéficos para os centros urbanos, tendo em vista que são espaços onde as relações de interação social não são valorizadas (figura 09), sua única finalidade é a venda. Nos hiper/ supermercados os comerciantes são substituídos por uma forma de venda “self service”, onde é o comprador que pega seus produtos e no final faz o pagamento nos caixas.


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Figura 09 – Diferença entre os mercados e supermercados. Fonte: BATISTA, (2016)

“Os shoppings centers nos seus primórdios, funcionavam como com as mesmas características das ruas de compras tradicionais com lojas em ambos os lados dando acesso ao tráfego motorizado. ”(VARGAS, 2001 p.246). Posteriormente ocorre uma separação pedestre-veículo. Esses centros de compras a priori tinham como finalidade apenas ao abastecimento dos núcleos urbanos onde se situavam. Segundo Ferreira (2006, p. 10). Com o tempo, as lojas destes complexos comerciais, outrora similares aos centros tradicionais, se voltaram para o interior do edifício reproduzindo um ambiente de uma cidade, uma vez que as vias de circulação interna (malls), lembram ruas e de suas interseções configuram-se praças (alimentação, escadas rolantes, recreação, convívio, etc). Depois desse breve panorama sobre a história dos mercados públicos, vimos a sua importância no meio urbano desde o seu aparecimento, como a sua evolução teve vários significados e similaridades em diferentes culturas ao longo do tempo. Desde o princípio é um


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importante elemento no abastecimento das cidades e além disso é fundamental seu papel nas relações econômicas e socioculturais nos diferentes centros urbanos. Atualmente é visto como um espaço de tradição e resistência imposta pelas novas tecnologias, pois sua importância dentro do meio urbano, já não é a mesma. Embora com o tempo tenha perdido relevância, ainda é reconhecido seu valor por ser um catalisador das interações sociais, portanto sua valorização se faz necessária para que esse vínculo social e cultural entre cidade e mercado não seja perdido ou substituído por novos tipos de comércio.

2.2

FORMA E DESENVOLVIMENTO

Como já foi relatado no tópico anterior os mercados públicos como conhecemos hoje originou-se da gênese das feiras livres. Este tópico tratará sobre a sua forma arquitetônica e as transformações que ocorreram ao longo do tempo. A princípio essas feiras aconteciam em espaços públicos livres, principalmente pela segurança no ato da troca. E como as vitrines vieram a ser criadas posteriormente, os espaços abertos facilitavam a exposição das mercadorias (VARGAS,2001, p. 96). Com a expansão das atividades de troca, esses espaços começam a modificar-se na lógica do seu próprio desenvolvimento e também para atender as exigências que as novas formas de produção impõem. Dentro dessa categoria de mercado como espaço público, abertos, cobertos e semicobertos podem ser destacados alguns espaços significativos, que mudam de nome no tempo e no espaço, mas não perdem essa característica de elemento focal da vida social. Entre eles podemos citar o baazar, a ágora, o forum, o cardo, os mercados periódicos, as praças e as feiras, a basílica, alguns templos e igrejas, os mercados cobertos (VARGAS, 2001, p 97).


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Todas essas tipologias descendem da loja, a unidade mínima individual que se originou nas pequenas tendas, barracas e bancas que ao longo do tempo passaram a ser permanentes, embora suas predecessoras também existam atualmente (VARGAS, 2001 p 97). O baazar árabe emerge como um dos primeiros edifícios voltados para a atividade comercial, localizado no oriente médio. Seu edifício contém poucas aberturas principalmente em razão das frequentes tempestades de areia e dos ventos quentes. Sua fachada é bem simples, o que causa um forte contraste com seu interior ricamente decorado. Segundo Vargas (2001, p 108) “ [...] já as poucas aberturas e altas janelas, demonstram, também, a busca de privacidade e demarcam, claramente, o domínio privado da família. ” Quanto à localização dos produtos dentro do baazar as diferentes mercadorias eram agrupadas por razões funcionais, as mais incômodas, como coureiros, açougueiros, serralheiros eram alocados nas extremidades, em razão não só do incômodo que geravam, mas também pelos riscos de incêndio e necessidade por espaços maiores. As lojas que tinham artigos direcionados às mulheres, localizavam-se no centro, próximo às lojas de joias. Os

cambistas e aqueles que emprestavam dinheiro, também ocupavam o centro em vista da segurança. Na Grécia as atividades comerciais ocorriam na ágora. Sua arquitetura tinha o formato de U, rodeado por colunatas com lojas (figuras 10 e 11). Esta forma evolui da forma retangular, e ocasiona uma maior permeabilidade ao centro. Essa tipologia de ágora tem tanto êxito que é replicada em todo o território grego.

Figura 10 – Interior da Stoa de Átalo, Grécia Fonte: https://www.expedia.com.br/Stoa-De-Atalo-Atenas. d6062029.Guia-de-Viagem


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Figura 11 – Fachada da Stoa de Átalo Fonte: https://www.expedia.com.br/Stoa-De-Atalo-Atenas.d6062029. Guia-de-Viagem


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No império romano as atividades comerciais aconteciam no forum. Um dos mais importantes no domínio romano era o forum de Trajano (figuras 12 e 13). Nele existia a basílica, espaço que reunia a vida social e política na sociedade romana. Segundo Vargas (2001, p 123). Sua forma arquitetônica compreendia um retângulo de colunas internas, dividindo o espaço numa espécie de corredor externo e uma área central com um teto mais alto, criando uma cobertura (lanternim) que permitia a entrada de luz.

Após o fim do império romano, e a chegada da idade média as praças de mercado (figura 14) ou praças medievais despontam no setor varejista, são áreas centrais nos núcleos urbanos que contém as atividades sociais das cidades, tanto o comércio, como as festas e os eventos cívicos e religiosos. Segundo Calabi (apud Vargas, 2001,137).”[...] na historiografia mais ou menos recente uma das categorias mais utilizadas para definir a qualidade urbana de uma cidade, no período do antigo regime, é a preseça e a dimensão da sua praça de mercado.”

Figura 12 – Forum de Trajano, Roma. Fonte: http://www.globeholidays.net/Europe/Italy/Lazio/MediaRoma_Mercato_di_Traiano.jpg


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Figura 13 – Planta baixa forum de Trajano Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6e/Foro_ de_Trajano-planta.png


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Figura 14 – Piazza del Signoria, Verona, Itålia Fonte: http://www.insideinferno.com/images/firenze/PiazzaSignoria/ Piazza%20Signoria_DSC0238.jpg


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Os edifícios de mercado (figura 15) surgem por volta do século XIII, são prédios que remetem à arquitetura romana. São encontrados em vários países europeus, suas características mais comuns são a sua implantação, geralmente em galerias em torno de espaços retangulares ou quadrados ou em um formato que lembra basílica romana, de modo geral com duas ou três naves cobertas e um andar superior. Este tipo construtivo para mercados públicos, que tem origem na concepção antiga de mercado com átrio envolto por arcadas, foi o tipo recorrente para projeto de mercados até meados do século XIX, até a utilização de ferro nas construções e a difusão de um novo tipo de mercado coberto (MURILHA, 2011). Por volta do século XIX surgem os primeiros mercados cobertos feitos de ferro. Segundo Oliveira Junior (2006, p. 33) A configuração característica desses

Figura 15 – Mercado de tecidos, Ypres, Bélgica Fonte: http://www.receitadeviagem.com.br/wp-content/uploads/2016/07/Cloth-Hall-em-Ypres-Receita-de-Viagem-600x339.jpg


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novos equipamentos, era um conjunto de lojas, circunscrevendo uma praça central, de cobertura leve apoiada em uma estrutura de ferro. No seu interior, as barracas instaladas não possuíam coberturas, nem divisões. Com essa mudança na arquitetura varejista, o ferro começa a ser introduzido lentamente na construção, por volta do ano 1830. Essa introdução repercutirá em toda a Europa e no mundo, pois a arquitetura de ferro nos mercados públicos será cada vez mais difundia e utilizada, inclusive no Brasil. Esse novo método construtivo também se replica nos centros de exposição. Segundo Vargas (2001, p.165) O Crystal Palace (figura 16), projetado por Joseph Paxton e construído em seis meses, em 1851, teve o grande mérito de criar, virtualmente o método de pré-fabricação na construção civil: peças padronizadas, produção industrial e montagem no lugar.

Figura 16 – Crystal Palace, Joseph Paxton, Paris 1853 Fonte:http://www.crystalpalacemuseum.org.uk/wp-ontent/ uploads/2014/10/Crystal-Palace-long1.jpg


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2.3

MERCADOS PÚBLICOS NO BRASIL

Os mercados e feiras livres no Brasil aparecem bem tardiamente, seguindo padrões europeus, seus percursores surgem nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo durante os séculos XVIII ao século XX. Aqui será abordado brevemente o contexto histórico que proporcionou o surgimento e desenvolvimento dos mercados públicos no nosso país. Segundo Mott (2000 apud Oliveira Junior 2006, p.34) os mercados e feiras livres foram introduzidos no Brasil pelos nossos colonizadores, segundo os mesmos padrões do Império Português. Implantados predominantemente nos centros urbanos, os edifícios de mercados geralmente eram cercados pelas feiras. Na cidade de São Paulo as primeiras feiras livres surgem por volta do fim do século XVIII e início do século XIX, comercializavam principalmente gêneros alimentícios, como frutas, verduras e peixes. “Em São Paulo, no final do século XVIII e início do século XIX, são criadas feiras em bairros mais afastados do centro, em locais de pouso de

tropas (como os bairros da Lapa e de Pinheiros), ou os Mercados Caipiras” (RENNÓ, 2006 p. 35). As primeiras feiras na cidade paulista foram oficializadas pelo prefeito Washington Luís em 1914, em decorrência de que esse tipo de comércio popular estava começando a distribuir-se na cidade e precisavam de regulação e controle. Segundo Rennó (2006, p 36) A primeira feira oficial foi instalada no Largo General Osório contando com 26 feirantes, em seguida outra foi criada no Largo do Arouche, já contando com 116 barracas, sendo uma das principais da cidade até 1950. Em 1915 eram sete feiras em São Paulo, sendo duas no Largo General Osório e as demais no Largo Morais Barros, Largo São Paulo e rua São Domingos.

Um dos primeiros mercados regulares da cidade estabeleceu-se no século XVIII, tendo em vista que os produtores do interior vinham a capital para oferecer seus produtos. Esse mercado deu-se através de pequenas casas que vendiam produtos não perecíveis como arroz milho,


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carne seca entre outros, e pequenas barracas que vendiam alimentos que exigiam um consumo mais rápido como frutas e legumes (PINTAUDI, 2006, p. 94). O primeiro mercado público de São Paulo foi construído em 1867, ele foi possível primordialmente graças à construção da ferrovia que ligava São Paulo a cidade de Santos. Sua arquitetura era constituída de um grande pavilhão formado por aberturas em arcos, com trinta e três compartimentos. Ficou conhecido como praça do mercado (RENNÓ, 2006, p.39). Este mercado funcionou por quarenta anos, sendo demolido em 1907. Em substituição no ano de 1890 foi inaugurado o Mercado São João, que era feito em uma estrutura metálica em chapas. No entanto, sua concepção não foi bem projetada, pois no ano de 1897, sete anos após sua inauguração já havia a demanda para ampliação do mercado. Em 1915 foi demolido, para o alargamento da avenida que levou o mesmo nome do mercado (RENNÓ, 2006, p.39). Na cidade do Rio de Janeiro o abastecimento da população urbana acontecia através do comércio informal, realizado nas ruas e espaços públicos da cidade, pelos escravos e também pelos pescadores. Como relata Oliveira Junior (2006, p.34)

Desde o período colonial, o abastecimento de alimentos na cidade do Rio de Janeiro era feito através de um comércio informal, praticado nas ruas e praças públicas. Nas imediações do porto, hoje praça XV, desenvolveu-se um comércio especializado em pescado, entre outros, abastecido pelas embarcações que supriam as necessidades da cidade.

Na cidade fluminense, dois períodos importantes ficaram marcados na existência dos mercados públicos em áreas centrais, o primeiro é a introdução dessa forma comercial na década de 30 até o fim do século XIX com a construção de alguns importantes exemplos de Mercados Públicos cariocas e o segundo marco é a demolição e realocação desses espaços durante o século XIX ao século XX (FRANÇA, 2012 p. 3). No século XIX como mencionado acima é introduzida a tipologia comercial do Mercado Público, com o apoio e incentivo do poder público, por meio de doações de terrenos para que fossem construídos. Nesse sentido Oliveira Junior (2006 p.35) destaca: O abastecimento de gêneros alimentícios ganha um novo canal de distribuição, através da construção de mercados cobertos, iniciada nas últimas décadas do século XIX. A prefeitura da capital federal estimula a multiplicação


48 destes equipamentos, através da doação de terrenos públicos para que fossem edificados e explorados pela iniciativa privada.

O primeiro mercado coberto da cidade do Rio de Janeiro foi o Mercado da Candelária no centro da cidade. Segundo França (2012, p. 5) “A primeira estrutura edificada como mercado, no centro da Cidade do Rio de Janeiro, foi o Mercado da Candelária (figura 17), construção planejada em 1834 e inaugurada em 1841. O Mercado da Candelária foi demolido em 1911, dando lugar ao Mercado Municipal Praça XV” (Figura 18). O mercado da Candelária foi proposto com a finalidade de substituir o comércio informal das bancas de pescado, que eram barracas construídas em madeira. O mercado subdividia-se em três partes, seu centro era destinado para a venda de verduras, aves e outros alimentos, a parte que ficava frente ao mar, tinha como função a venda dos peixes frescos, e por último, a terceira parte era destinada a venda cereais, legumes e outros produtos (MURILHA, 2011). Como havia relatado no fim do tópico anterior que trata sobre a evolução da forma dos mercados públicos com o tempo, um novo processo construtivo é introduzido na arquitetura varejista no século XIX. O ferro, seu uso

Figura 17 – Mercado da Candelária Fonte:https://www.flickr.com/photos/andre_so_rio/289443449


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é decorrente da revolução industrial, suas principais vantagens eram a flexibilidade e a facilidade na produção, com ele era possível conceber estruturas modulares, que se adaptassem às necessidades da região (OLIVEIRA JUNIOR, 2006 p.41). Sobre as construções em ferro, para Geraldo Gomes da Silva (1985 apud Murilha 2011): Há um momento na História em que o ferro passa a ser empregado com tão diversificados fins, dentre eles a construção de edifícios, que é inevitável o registro desse material como um fator essencial para as transformações de toda ordem por que passou a sociedade. Este momento é o século XIX.

Figura 18 – Mercado Municipal Praça XV Fonte:http://brasilianafotografica.bn.br/brasiliana/handle/bras/4674

Como podemos observar, a introdução do ferro na arquitetura dos Mercados Públicos cria um novo paradigma construtivo, a exemplo do Halles Centrales em Paris, projetado pelo arquiteto Victor Baltard, diversos mercados brasileiros utilizaram da tipologia arquitetônica do ferro devido as suas vantagens, como exemplos temos o Mercado Público de São José, em Recife no ano de 1875 (figura 19) e o Mercado do Peixe em Belém no ano de 1901 (figura 20) (MURILHA, 2011).


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Figura 19 – Mercado do peixe em Belém Fonte: https://pixabay.com/p-50023/?no_redirect

Figura 20 – Mercado São José, Recife Fonte: http://asmaravilhasdonordeste.blogspot.com.br/2011/08/ mercado-de-sao-jose-recife-pe.html


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Outros exemplos desta tipologia, estão próximos, aqui no Ceará, o Mercado São Sebastião, o Mercado dos Pinhões e o Mercado da Aerolândia. A priori irei tratar sobre o mercado de ferro (figura 21), sobre ele Oliveira Junior (2006, p.50) relata: Construído pela Câmara Municipal de Fortaleza, sob a administração do engenheiro A. Theodorico Filho, inaugurado em 18 de abril de 1897, os dois pavilhões paralelos, interligados por uma rua coberta, num total de 1.600,00 m² de área útil, remetem ao partido adotado no Mercado São José.

O mercado localizava-se num lote de 40,00m por 40,00m, era divido por uma rua central, resultando em duas áreas nas extremidades, cada uma abrigava oito setores, com 4,00m por 13,00 m. Cada setor era compartimentado em oito unidades, com essa disposição era possível obter-se uma quantidade de sessenta e quatro boxes, que comercializavam carnes, peixes e miúdos. Seus amplos corredores supriam as necessidades de mobilidade, conforto e fluxos dentro do mercado (OLIVEIRA JUNIOR, 2006 p.51).

Figura 21 – Mercado de Ferro, Fortaleza (1909) Fonte: http://www.fortalezanobre.com.br/2011/10/praca-dos-correios-uma-praca-que-ja-foi.html


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Em 1937 o Mercado de Ferro começou a ser desmontado, uma parte foi levada para a aldeota, que criou o Mercado dos Pinhões (figura 22), outra parte foi conduzida para a praça Paula Pessoa, onde seria construído o Mercado São Sebastião (figura 23). Com o tempo a estrutura tornou-se insuficiente para a demanda e foi novamente transportada, mas dessa vez para o bairro da Aerolândia, e assim nasce o Mercado da Aerolândia (figura 24).

Figura 22 – Mercado dos Pinhões Fonte:http://www.verdinha.com.br/ noticias/14791/mercado-dos-pinhoes-esta-fechado-para-obras-confira-alteracoes-na-programacao/


53 Figura 23 – Mercado São Sebastião Fonte:http://www.norteandovoce.com.br/brasilidade/mercado-sao-sebastiao-identidade-cultural-e-social-de-fortaleza-2/


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Figura 24 – Mercado da Aerolândia Fonte: http://www.rodandopeloceara.com.br/2015/10/rota-dos-mercados-de-fortaleza-historia.html

Atualmente o Mercado São Sebastião é uma notável referência para os fortalezenses, foi reformado e reinaugurado em 1997, pelo então prefeito Juraci Magalhães, estima-se que exista de 200 a 500 boxes dos mais diversificados produtos, desde frutas, legumes, hortaliças, carnes, peixes, material de construção, ferragens, etc.



Mercado Atarazanas, Espanha Fonte: http://www.diariosur.es/multimedia/fotos/zoom/55857-lleno-total-primer-mercado-atarazanas-0.html


03

GENERAL SAMPAIO HISTÓRIA


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3.1

HISTÓRIA DE GENERAL SAMPAIO

No local em que hoje situa-se o município (figura 25) era habitado pelos índios apuiarés e canindés, e posteriormente chegaram outras populações e a cidade ficou conhecida como fazenda Bom Jesus, no início havia poucas residências, e estas eram esparsas. Houveram muitas secas seguidas no Nordeste (1915,1919, 1932 e outras), e foi solicitado pelo Governo Federal que fossem feitas pesquisas visando locais propícios para a construção de açudes, para a segurança hídrica da população.

General Sampaio Ceará

Brasil

Figura 25 – Mapa esquemático de Localização General Sampaio Fonte: Elaborado pelo autor


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Em decorrência do rio Curú, o município foi escolhido para receber um dos açudes, em 1932 o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas DNOCS inicia a construção do açude (figura 26) que será finalizado em 1935. Em consequência da obra vieram várias pessoas de outros municípios e outros estados para trabalhar na construção do reservatório.

Figura 26 – Açude de General Sampaio Fonte: http://www.portalcaninde.net/2016/08/ cogerh-diz-que-acude-general-sampaio.html


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Na época a população contabilizava quinze mil habitantes. Houveram períodos de mortalidade alta que acometeu os habitantes, principalmente em decorrência de surtos de cólera ou febre amarela. Com a finalização do açude muitas pessoas voltaram para suas cidades de origem e outras resolveram permanecer no município (figura 27). O açude ficou conhecido como açude de General Sampaio, em homenagem a um militar cearense morto na guerra do Paraguai. Embora o nome da cidade fosse outro, em 01 de março de 1956 a lei de emancipação política é sancionada e define o nome oficial como General Sampaio.

Figura 27 – Vista aérea do município. Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/empregos/edital-lancado-em-general-sampaio-1.688326


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Na década de 60 o açude além da função de abastecimento era incumbido de produzir energia elétrica, e distribuir para os municípios vizinhos de Canindé, Paramoti e Apuiarés. Durante esse período as ofertas de emprego eram quase inexistentes, as principais fontes de renda dos habitantes eram a pesca e a agricultura, e com as recorrentes secas as plantações eram prejudicadas, o que acarretava por vezes o êxodo rural da população.

No censo demográfico de 2010 o IBGE contabilizou 6.218 habitantes, desses 3.164 são homens e 3.054 mulheres. Sua área é de 205.811 km², com densidade demográfica de 30,21 habitantes por km². O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal IDH é de 0,568. Suas principais fontes de renda são a agricultura familiar, a pecuária, o comércio e o serviço público. Na figura 28 podemos observar a rua José Severino, a rua principal da cidade.

Figura 28 – Rua José Severino Filho com o antigo mercado ao fundo. Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/policia/ online/banco-do-brasil-de-general-sampaio-tem-caixas-eletronicos-explodidos-1.1174547


Mercado Atarazanas, Espanha Fonte: https://lasmilmillas.com/2016/06/28/mi-visita-a-malaga/


04

REFERÊNCIAS PROJETUAIS


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4.1

MERCADO DE ATARAZANAS, MÁLAGA - ESPANHA

O mercado de Atarazanas (figura 29) localiza-se na cidade de Málaga, Espanha. Sua construção aconteceu entre os anos de 1876 a 1879. Seu projeto de remodelação feito por Mª José Aranguren López, José González Gallegos consistiu em uma recuperação do antigo mercado público da cidade que necessitava de uma readequação de suas funções, em vista de os boxes de vendas não estarem suprindo as demandas.

Sua arquitetura, consiste em uma estrutura de ferro do século XIX. O novo projeto de restauro tem por finalidade recuperar o desenho original do antigo Mercado de Atarazanas, seguindo o desenho original do arquiteto Joaquin Rucoba, realçando seu caráter e monumentalidade arquitetônica. Na figura 30 podemos observar uma foto de como o mercado encontrava-se antes da restauração.

Figura 29 – Fachada principal do Mercado de Atarazanas Fonte:http://www.malagaturismo.com/pictures/390/390/mercado-atarazanas_crop3sub1.jpg

Figura 30 – Estado original do Mercado de Atarazanas Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-131352/projeto-de-remodelacao-do-mercado-municipal-de-atarazanas-slash-aranguren-and-gallegos-arquitectos


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Durante a reforma foram demolidos, todos os elementos não originais do prédio, tais como coberturas de fibrocimento, as coberturas falsas ou o mezanino adicionado em 1973, onde estava a cafeteria e os serviços. Tudo a fim de dar visibilidade e destaque ao prédio. A restauração do Mercado, busca o respeito integral ao projeto arquitetônico e espacial do edifício existente, com atuação fundamental de desenhar uma organização formal e espacial dos boxes (figuras 31 e 32) que permita a visão do grande espaço do Mercado, ao mesmo tempo que se adeque às necessidades atuais, principalmente a circulação dos usuários e a limpeza e manutenção do edifício Figura 31 – Boxes de venda Fonte:http://www.malagaturismo.com/pictures/390/390/mercado-atarazanas_crop3sub1.jpg


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Figura 32 – Distribuição espacial dos boxes de venda Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-131352/projeto-de-remodelacao-do-mercado-municipal-de-atarazanas-slash-aranguren-and-gallegos-arquitectos


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4.2

MERCADO PÚBLICO DE TRIUNFO – PERNAMBUCO

Trata-se também de uma obra de restauro e remodelação do antigo Mercado Público do município de Triunfo em Pernambuco, e ocorreu em 2013, a antiga edificação encontrava-se totalmente degradada, com boxes mal ocupados, condições insuficientes de higiene, dentre outros problemas. Em vista disso, era necessária uma revitalização para que o equipamento voltasse a atender as necessidades da população local. Na figura 33 podemos ver como era o antigo mercado.

Figura 33 – Situação original do Mercado de Triunfo Fonte:http://opiniaotriunfodigital.blogspot.com.br/2014/03/ mercado-publico-potencializando-o.html


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No projeto elaborado pelo escritório Elementar Arquitetura, reaproveitaram o máximo possível da estrutura existente, com o objetivo de elaborar uma planta baixa (figura 34) que setorizasse e hierarquizasse as atividades no interior do mercado. Alguns boxes foram eliminados, em seguida criaram pontos de iluminação a ventilação zenitais, através dos jardins propostos.

Figura 34 – Planta Baixa do Mercado de Triunfo Fonte:http://opiniaotriunfodigital.blogspot.com. br/2015/07/melhorias-trazidas-pelo-mercado-publico.html


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Na fachada do edifício (figura 35) os arquitetos optaram por utilizar um mural de cobogós que dialogam com o entorno do edifício e além disso, proporcionam ventilação e iluminação para o restaurante (figura 36), como podemos ver na planta baixa. Outros elementos são adicionados na fachada, como os pórticos da entrada que remetem ao colorido das casas, e que partem as fachadas em trechos menores de forma a dialogar com a proporção mais estreita dos demais edifícios. Na figura 37, vemos como ficou o interior do mercado após a construção. Figura 35 – Fachada do Mercado de Triunfo Fonte:http://www.elementararquitetura.com/projeto/mercado-publico-de-triunfo

Figura 36 – Restaurante no interior do mercado Fonte: http://www.elementararquitetura.com/projeto/mercado-publico-de-triunfo


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Figura 37 – Interior do mercado, após a obra concluída Fonte: http://opiniaotriunfodigital.blogspot.com.br/2016/06/solenidade-de-inauguracao-do-mercado.html

Devido à sua localização também ser na região Nordeste, assim como o Mercado proposto nesse trabalho, considero as soluções arquitetônicas, principalmente de ventilação e iluminação interessantes, a utilização dos cobogós para propiciar isso, além do seu baixo custo, carrega consigo a questão referencial, de ser um elemento característico da região Nordeste. Outra solução que quero incorporar ao meu projeto são as aberturas zenitais, soluções adequadas quando se quer aumentar a entrada de iluminação natural, além disso, funcionam também como controlador térmico, pois enquanto o ar frio entra na edificação pelas esquadrias o ar quente se dissipa pela abertura zenital, desta forma a renovação do ar está sempre acontecendo.


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4.3

PESQUISA NO MERCADO SÃO SEBASTIÃO -FORTALEZA

Com o intuito de melhorar o projeto e conhecer pessoal mente como funciona um mercado público, elaborei e realizei uma pesquisa com os vendedores e clientes do mercado, para ser exato, foram entrevistadas 38 pessoas, 20 vendedores e 18 clientes, essa pesquisa foi feita em dois dias. No questionário dos clientes (disponível nos apêndices) tinha um total de 5 questões, havia questões que abordavam quais motivos os levavam a fazer compras ali, além de perguntas sobre a estrutura e conforto do mercado, com qual frequência efetuavam suas compras no

Em relação aos vendedores alguns me informaram que o abastecimento de seus produtos acontecia por meio de fornecedores que em dias pré-estabelecidos, ou quando o estoque acabava ligavam para solicitar a reposição. Estes disseram que quando as suas mercadorias chegavam os entregadores deixavam diretamente em seus boxes. Outros me disseram que às vezes compravam frutas e verduras no próprio mercado, em caminhões da CEASA que estacionavam no subsolo, ou solicitavam dos seus fornecedores. Quanto à limpeza, questionei como funcionava, a

local, e no tocante aos vendedores como funcionava o processo de carga e descarga no local.

frequência? Houveram algumas contradições, pois alguns me informaram que de dois em dois o Mercado era varrido, e a cada 15 dias ele era lavado, já outros comerciantes disseram que a lavem ocorre a cada 8 dias e outro disse 3 vezes na semana o Mercado era lavado.


48 A 60 ANOS 16%

72

37 A 47 ANOS 39%

4.4

QUESTIONÁRIO CLIENTES – RESULTADOS

QUAL A SUA IDADE?

18 A 25 ANOS 0%

MAIS DE 60 ANOS 17%

26 a 36 ANOS 28%

ENSINO FUNDAMENTAL INCOMPLETO 5%

QUAL A SUA ESCOLARIDADE?

ENSINO SUPERIOR COMPLETO 28%

48 A 60 ANOS 16%

37 A 47 ANOS 39%

Figura 38 – A idade dos entrevistados ENSINO FUNDAMENTAL Fonte: Autoria própria

QUAL A SUA ESCOLARIDADE?

ENSINO SUPERIOR COMPLETO 28%

INCOMPLETO 5%

ENSINO FUNDAMENTAL

ENSINO FUNDAMENTAL COMPLETO 39%

ENSINO MÉDIO COMPLETO 28%

Figura 39 – Escolaridade dos entrevistados Fonte: Autoria própria


SEMANALMENTE 72%

73

Na figura 40 podemos perceber que a grande maioria dos entrevistados (72%) vai ao mercado semanalmente, como pude observar na visita in loco, alguns vão por que almoçam no local e outros por que consideram os preços dos produtos mais acessíveis e também por conta da grande variedade e qualidade das mercadorias (figura 41).

POR QUAIS MOTIVOS VOCÊ GOSTA DE FAZER COMPRAS AQUI?

QUALIDADE/ VARIEDADE DOS PRODUTOS 35%

PREÇO 35%

COM QUE FREQUÊNCIA VOCÊ VEM AO MERCADO?

QUASE NUNCA 11% MENSALMENTE 11%

ESTRUTURA DO MERCADO 13%

QUINZENALMENTE 6% SEMANALMENTE 72%

Figura 40 – Frequência com que os entrevistados vão ao mercado

POR QUAIS MOTIVOS VOCÊ GOSTA DE FAZER COMPRAS AQUI? Fonte: Autoria própria

QUALIDADE/ VARIEDADE DOS

Figura 41 – Motivos para a realização das compras Fonte: Autoria própria

ATENDIMENTO 17%


74

COMO VOCÊ AVALIA O MERCADO?

HIGIENE 28% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO EXCELENTE

ODORES 38% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO EXCELENTE

Segundo os resultados do último item, que avalia a estrutura do mercado, podemos apreender que como um todo o Mercado São Sebastião teve um resultado razoável para excelente, no tocante aos odores, alguns clientes relataram que de forma geral não sentem odores no mercado, somente na área em que ficam os boxes das carnes, aves e peixes.

4.5

QUESTIONÁRIO VENDEDORES – RESULTADOS QUAL A SUA IDADE?

ACESSIBILIDADE MAIS DE 60 ANOS 10%

28% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO BOM

18 A 25 ANOS 20%

BARULHO 55% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO RAZOÁVEL

45 A 60 ANOS 25%

VENTILAÇÃO

26 A 36 ANOS 25%

39% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO RAZOÁVEL Figura 42 – Avaliação do Mercado Fonte: Autoria própria

Figura 43 – Idade dos vendedores Fonte: Autoria própria

37 A 47 ANOS 20%

QUAL SEU RAMO DE VENDAS?


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QUAL SEU RAMO DE VENDAS? DESCARTÁVEIS 5%

ROUPAS 5% FRUTAS E VERDURAS 25%

UTENSÍLIOS DE COZINHA 10%

FRIOS 5%

PRODUTOS NATURAIS 15%

CARNES E AVES 10%

RESTAURANTE 5% Figura 44 – Setor de Vendas Fonte: Autoria própria

FERRAGENS 5%

LANCHES 10%

OVOS 5%


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COMO VOCÊ AVALIA O MERCADO?

HIGIENE 35% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO BOM

ODORES 25% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO EXCELENTE

ACESSIBILIDADE 50% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO RAZOÁVEL

BARULHO 30% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO MUITO RUIM

VENTILAÇÃO 35% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO PÉSSIMA

Em relação à avaliação feita pelos vendedores, podemos perceber um contraste se comparada à feita com os clientes, principalmente nos itens de ventilação e barulho (figuras 42 e 45). Para eles a ventilação da edificação é péssima, acredito que principalmente dado ao fato de que passam o dia todo no Mercado, são afetados constantemente com o calor. Quanto ao barulho 30% dos entrevistados classificaram como muito ruim, diferente dos clientes, onde 55% destes classificaram-no como razoável. Acredito que esta diferença possa ser por passarem longos períodos diariamente em contato com o barulho, que acaba gerando um desconforto para essas pessoas. Quanto ao tamanho do box ser adequado para as vendas, 75% respondeu que sim (figura 46). De forma geral, podemos afirmar que o Mercado São Sebastião teve um desempenho razoável nas avaliações realizadas, os principais pontos que precisam melhorar são a ventilação, o barulho e a acessibilidade no seu interior. Com esses parâmetros, conseguirei nortear meu projeto e buscar soluções arquitetônicas para a minimização e ou exclusão desses problemas no projeto proposto.

Figura 45– Avaliação do Mercado Fonte: Autoria própria

O TAMANHO DO SEU BOX É ADEQUADO PARA AS VENDAS?


VENTILAÇÃO 35% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO PÉSSIMA 77

O TAMANHO DO SEU BOX É ADEQUADO PARA AS VENDAS?

NÃO 25% SIM 75%

Figura 46– A adequação do tamanho dos boxes para as vendas Fonte: Autoria própria


Mercado Santa Caterina, Barcelona - Espanha Fonte: http://www.panoramio.com/photo/24250341


05

PROJETO


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5.1

CONCEITO DO PROJETO

O projeto do Mercado possui três premissas: a geração de empregos e renda para a população, o fornecimento de alimentos frescos e de preferências de produtores agrícolas do próprio município, e por último que seja também um novo espaço para convivência e socialização entre os moradores. Para que isso seja alcançado, o projeto foi pensado com cuidado para possibilitar que todas essas premissas sejam cumpridas, no tocante ao emprego e renda, o setor de vendas (boxes) é composto por diversos tipos de produtos, tanto alimentícios quanto produtos de varejo, como medicamentos, utilidades domésticas, artesanato local, e artigos de vestuário. Quanto à saúde nutricional, as unidades de venda foram locadas de forma a aproveitar a melhor iluminação e ventilação possíveis, (principalmente os alimentos perecíveis, como frutas, carnes, aves e peixes) assim, evitando que os alimentos se estraguem com maior rapidez e os conservando por mais tempo. Em relação à sociabilidade urbana, foi proposto um restaurante integrado à área externa, criando um espaço agradável, arejado e iluminado por meio de um painel de cobogós para as refeições e o convívio entre as pessoas.

Figura 47 – Premissas do projeto Fonte: Elaborado pelo autor


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5.2

LOCALIZAÇÃO

O terreno onde será proposto o mercado situa-se na rua Valentim de Almeida esquina com a rua José Bezerra (figura 47). Antigamente onde hoje está o terreno existia uma residência bem antiga, com o tempo e a falta de manutenção acabou se deteriorando e desmoronando; desde então, o terreno está inutilizado. O terreno possui área de 1.040,00 m² e seu entorno é feito praticamente por residências térreas (figura 48) a escolha deste terreno foi estratégica, em vista de se situar em rua transversal à rua principal, e ficar próximo à praça principal e outros estabelecimentos importantes do município, com isso sua visibilidade e acesso serão beneficiados.

Figura 48 – Localização, insolação e sentido dos ventos Fonte: Elaborado pelo autor


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Figura 49 – Relação dos Gabaritos de altura no entorno Fonte: Google Earth adaptado pelo autor


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Atualmente como havia citado, o terreno está praticamente sem uso, às vezes é utilizado como estacionamento para os veículos da prefeitura. Apresenta-se como bastante plano, e possui algumas árvores. A seguir algumas fotos dele (figuras 49 e 50).

Figura 50 – Foto do terreno Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 51 – Outra visão do terreno Fonte: Elaborado pelo autor


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5.3

CONDICIONANTES URBANÍSTICOS

De acordo com a Lei nº 10.257/2001, mais conhecido como Estatuto da Cidade, que dispõe sobre a política urbana em âmbito nacional, que versa sobre os instrumentos urbanos aplicáveis com a finalidade de exercer a função social da cidade. No artigo 41 estão elencados os requisitos para a obrigatoriedade do plano diretor.

Art. 41. O plano diretor é obrigatório para cidades: I – com mais de vinte mil habitantes; II – integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas; [..] Como descrito no capítulo 3, o município de General Sampaio possui cerca de seis mil habitantes, em função disso não é obrigatório possuir plano diretor, com isso adotarei como condicionante urbanístico o Plano Diretor de Fortaleza, Lei complementar Nº 062/2009, pois as cidades vizinhas em razão de seu tamanho também não possuem

essa legislação. O zoneamento urbano utilizado será a ZOM1 Zona de Ocupação Moderada, visto que apresenta as características mais próximas do local onde está inserido o terreno que será projetado o Mercado. A seguir a definição da ZOM1 de acordo com o Plano Diretor de Fortaleza. Art. 99 - A Zona de Ocupação Moderada (ZOM 1) caracteriza-se pela insuficiência ou inadequação de infraestrutura, carência de equipamentos públicos, presença de equipamentos privados comerciais e de serviços de grande porte, tendência à intensificação da ocupação habitacional multifamiliar e áreas com fragilidade ambiental; destinando-se ao ordenamento e controle do uso e ocupação do solo, condicionados à ampliação dos sistemas de mobilidade e de implantação do sistema de coleta e tratamento de esgotamento sanitário.


86

Art. 101 - São parâmetros da ZOM 1: I -índice de aproveitamento básico:2,0; II - índice de aproveitamento máximo: 2,5; III - índice de aproveitamento mínimo:0,1; IV- taxa de permeabilidade: 40%; V - taxa de ocupação:50%; VI- taxa de ocupação de subsolo:50%; VII - altura máxima da edificação: 72m; VIII - área mínima de lote: 150m2 ; IX - testada mínima de lote: 6m; X - profundidade mínima do lote: 25m; Como o município não possui Lei de Uso e Ocupação do Solo, utilizarei como parâmetro a LUOS de Fortaleza, Lei nº 7987/1996. Devido à sua localização classificarei a rua Valentim de Almeida como via coletora, pois ela desemboca na rua José Severino Filho, função semelhante à da via coletora, que distribui o fluxo de veículos para as vias arteriais e expressas. A LUOS caracteriza os Mercados Públicos como sendo do grupo institucional e subgrupo para venda de artigos diversificados em carater permanente – evp. Art. 224. As vias do sistema viário do município classificam-se em:

[...]III - via coletora - vias destinadas a coletar o tráfego das vias comerciais e locais e distribuí-lo nas vias arteriais e expressas, a servir de rota de transporte coletivo e a atender na mesma proporção o tráfego de passagem e local com razoável padrão de fluidez; Quanto aos recuos, a LUOS informa que as distâncias deverão ser estudadas pelo poder público, no entanto adotarei como parâmetro, recuos mínimos de frente e laterais de 5 metros e recuos de fundo de 5m. No tocante às vagas de carga e descarga a LUOS define como mínimo de 1 vaga para mercados de 1000 a 2500 m². As vagas de estacionamento serão objetos de estudo do poder público.


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5.4

PROGRAMA DE NECESSIDADES

O programa de necessidades do projeto (figura 53) setoriza os ambientes e áreas que comporão o Mercado Público, estão divididos em em 4 grandes setores: Infraestrutura e serviços; boxes de venda; restaurante; estacionamento e administração. O setor de vendas subdivide-se em 12 subsetores, de acordo com o tipo de produto que será comercializado. As áreas foram definidas em consonância com a utilização dos espaços de forma a privilegiar o setor de vendas, que é o grande destaque da edificação. Figura 52 – Programa de Necessidade Fonte: Elaborado pelo autor


88

5.5

ZONEAMENTO

O Zoneamento buscou setorizar os ambientes de acordo com o tipo de atividade em que cada um se encaixava. No pavimento térreo, no conjunto central ficaram os boxes com os alimentos perecíveis, como frutas, verduras e legumes e laticínios e frios, no lado leste ficaram o restaurante e os dois boxes para a venda de refeições. Na parede oposta ficaram os boxes de produtos naturais, flores e plantas e um de laticínios e frios e por último ficou dividida a área molhada e de serviços, composta pelos banheiros masculino, feminino e de portador de necessidades especiais e os vestiários masculino e feminino para os funcionários, além do depósito de material de limpeza.

No pavimento superior os boxes de vendas constituem a maior parte do pavimento, sendo assim, na parte leste ficaram os boxes com alimentos perecíveis, carnes e peixes e utensílios domésticos,na parte oeste ficaram os boxes da farmácia, lanchonete e artesanato,na parte norte ficou disposta a área molhada e de serviços, com os banheiros masculino, feminino e de pessoa com necessidades especiais, e o depósito de material de limpeza, além desses, existem dois boxes que vendem artigos de vestuário. Na outra extremidade, ficaram dois boxes que comercializam aves e a sala de administração.


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Figura 53 – Zoneamento - TÊrreo Fonte: Elaborado pelo autor


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Figura 54 – Zoneamento - Pav. Superior Fonte: Elaborado pelo autor


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Figura 55 – Zoneamento Boxes- Pav. Térreo Fonte: Elaborado pelo autor


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Figura 56 – Zoneamento Boxes Pav. Superior Fonte: Elaborado pelo autor


93

5.6

SISTEMA ESTRUTURAL

No sistema estrutural é utilizada o sistema de pórtico (pilar-viga)de concreto armado tradicional, esse sistema foi escolhido devido à facilidade de execução e também dado o fato de ser o sistema estrutural mais comum e não precisar de uma mão de obra tão qualificada para executá-lo, como é o caso das estruturas metálicas. Os pilares serão de 20 x40 cm, e as vigas com 34 centímetros de altura e 15 centímetros de largura, já a laje será uma laje treliçada com enchimento de eps com o intuito de reduzir o seu peso próprio e criar uma estrutura mais esbelta. Para a cobertura serão utilizadas treliças metálicas, pintadas na cor branca com telhas termo acústicas, por conta de seu ótimo aproveitamento termoacústico e um lanternim em polipropileno, criando uma constante exaustão do ar quente do interior da edificação e permitindo a iluminação natural simultaneamente, melhorando o conforto ambiental. Figura 57 – Diagrama do Sistema estrutural Fonte: Elaborado pelo autor



95

5.7 DESENHO TÉCNICO


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PLANTA BAIXA TÉRREO LEGENDA 16

07 06

08

09

10

11

05

05 04

04

13

04

14

14

03 12

12

12

13

13 15

02 05

01

01 - HALL DE ENTRADA 02 - BOX FLORES E PLANTAS 03 - BOX PRODUTOS NATURAIS 04 - BOX LATICÍNIOS E FRIOS 05- CIRCULAÇÃO 06 - VESTIÁRIO MASCULINO 07 - DML 08- VESTIÁRIO FEMININO 09- WC FEMININO 10- WC PNE 11 - WC MASCULINO 12 - BOX FRUTAS 13- BOX VERDURAS E LEGUMES 14 - BOX RESTAURANTE 15 - RESTAURANTE DO MERCADO 16- DEPÓSITO DE LIXO


99

03 02

01

02

13

12

11

10

04

10

05

09

06

09

07

08

08

PLANTA BAIXA PAVIMENTO SUPERIOR LEGENDA 01 - HALL DE ENTRADA 02 - BOX VESTUÁRIO 03 - DML 04 - BOX ARTESANATO 05- BOX FARMÁCIA 06 - BOX LANCHONETE 07 - SALA DE ADMINISTRAÇÃO 08- BOX AVES 09- BOX CARNES 10- BOX PEIXES 11 - WC MASCULINO 12 - WC PNE 13- WC FEMININO


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CORTE A


101

CORTE B


102

CORTE C


103

CORTE D


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108

5.8

VOLUMETRIA

A volumetria é composta por três volumes principais que conversam harmonicamente, o volume frontal de entrada é revestido com tijolinho vermelho aparente remetendo à rusticidade e raízes do interior, os outros dois volumes são pintados com tinta coral na cor caminho das nuvens. No volume lateral direito existe um grande painel de cobogós protegido por duas marquises de concreto com a finalidade de permitir iluminação e ventilação naturais constante, e além disso trazer permeabilidade visual interior-exterior.

No outro volume está localizada uma grande janela basculante com a função de dar permeabilidade visual ao exterior e permitir a entrada de ventilação para a edificação. Os cobogós nos boxes permitem a ventilação ao mesmo tempo que barram os raios solares diretos na fachada oeste. O volume frontal e direito possuem a mesma altura para dar destaque ao mural dos cobogós, enquanto o outro volume é um pouco mais baixo. A volumetria possui bastante linhas horizontais reforçando a relação com o entorno, que é praticamente todo formado por residências térreas.


109

Figura 58 – Diagrama com evolução da volumetria Fonte: Elaborado pelo autor


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Figura 59 – Perspectiva fachada frontal Fonte: Elaborado pelo autor


112 Figura 60 – Área de Convivência Fonte: Elaborado pelo autor

PERSPECTIVAS


113 Figura 61 – Perspectiva Fachada Fonte: Elaborado pelo autor


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Figura 62 – Perspectiva fachada frontal Fonte: Elaborado pelo autor


116

Figura 63 – Hall de Entrada Fonte: Elaborado pelo autor


117

Figura 64 – Restaurante Fonte: Elaborado pelo autor


118

Figura 63 – Hall de Entrada Fonte: Elaborado pelo autor


119

5.9

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde as primeiras civilizações as atividades comerciais existem, sua evolução e transformação se deu concomitante ao processo de evolução dos espaços urbanos. O edifício do Mercado Público apresentou peculiaridades e similaridades nas diversas regiões onde ocorreu, porém o que há de mais importante é que mesmo com o passar do tempo e das novas tecnologias, se manteve um espaço democrático e muito relevante nos centros urbanos. Apesar de os Mercados Públicos atualmente apresentarem uma queda na sua utilização, seguem resistentes e apresentam-se como equipamentos urbanos importantes na distribuição dos mais variados alimentos e outros produtos, principalmente para as pessoas com menor poder aquisitivo, e além disso são espaços majoritariamente sociais.

Em vista disso, se faz necessário uma política de valorização e preservação desses espaços, por conta de sua importância e tradição dentro do meio urbano. Através de ações e parcerias entre poder público e sociedade para o resgate e incentivo ao uso desse equipamento. No município de General Sampaio o Mercado Público aqui proposto surgirá como uma alternativa de renda aos produtores agrícolas locais, da mesma forma que um espaço para sociabilidade local e um lugar para a realização de compras dos mais variados produtos, suscitando novos espaços para as relações sociais e uma constante melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes.


120

LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Grand Baazar, Turquia Figura 2 - Planta da Ágora de Pirene Figura 3 - Mercado público no império romano . Figura 5 - Planta da Piazza San Marco, Veneza . Figura 6 – Filarete (espécie de mercado), Florença, século XIII Figura 7 – Fondaco dei Tedeschi, Veneza, 1505 Figura 8 – Halles Centrales, Paris 1853 . Figura 9 – Diferença entre os mercados e supermercados Figura 10 – Interior da stoa de Átalo, Grécia Figura 11 - Fachada da stoa de Átalo Figura 12 - Forum de Trajano, Roma Figura 13 - Planta baixa forum de Trajano Figura 14 - Piazza del Signoria, Verona, Itália Figura 15 - Mercado de tecidos, Ypres, Bélgica Figura 16 - Crystal Palace, Joseph Paxton, Paris 1853 Figura 17 - Mercado da Candelária Figura 18 - Mercado Municipal Praça XV Figura 19 - Mercado do peixe em Belém Figura 20 - Mercado São José, Recife Figura 21 - Mercado de Ferro, Fortaleza (1909)


121

Figura 22 - Mercado dos Pinhões Figura 23 - Mercado São Sebastião Figura 24 - Mercado da Aerolândia Figura 25 - Mapa de Localização General Sampaio Figura 26 - Açude de General Sampaio Figura 27 - Vista aérea do município Figura 28 - Rua José Severino Filho com o antigo mercado ao fundo Figura 29 - Fachada principal do Mercado de Atarazanas Figura 30 - Estado original do Mercado de Atarazanas Figura 31 - Boxes de venda Figura 32 - Distribuição espacial dos boxes de venda Figura 33 - Situação original do Mercado de Triunfo Figura 34 - Planta Baixa do Mercado de Triunfo Figura 35 - Fachada do Mercado de Triunfo Figura 36 – Restaurante no interior do mercado Figura 37 - Interior do mercado, após a obra concluída Figura 38 - A idade dos entrevistados Figura 39 - Escolaridade dos entrevistados Figura 40 - Frequência com que os entrevistados vão ao mercado Figura 41 - Motivos para a realização das compras Figura 42 - Avaliação do Mercado Figura 43 - Idade dos Vendedores Figura 44 – Setor de Vendas


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Figura 45 – Avaliação do Mercado Figura 46 – A adequação do tamanho dos boxes para as vendas Figura 47 – Premissas do projeto Figura 48 – Localização, insolação e sentido dos ventos Figura 49 – Relação dos Gabaritos de altura no entorno Figura 50 – Foto do terreno Figura 51 – Outra visão do terreno Figura 52 – Programa de Necessidades Figura 53 – Zoneamento - Térreo Figura 54 – Zoneamento - Pavimento superior Figura 55 – Zoneamento Boxes - pavimento térreo Figura 56 – Zoneamento Boxes - pavimento superior Figura 57 – Diagrama Sistema Estrutural


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BATISTA, Morgana. Reinventando o espaço urbano, Mercado público do Benfica. Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) UNIFOR, 2016, 96 p. BRASIL. Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os artigos. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. FERREIRA, Ricardo Lopes. Considerações sobre os mercados públicos: relação de sociabilidade e vitalidade urbana nas cidades. III Colóquio Internacional sobre Comércio e Cidade: uma relação de origem. 2010, 16p. FORTALEZA. Lei complementar nº 062 de 02 de fevereiro de 2009. Institui o Plano Diretor Participativo do Município de Fortaleza e dá outras providências. FRANÇA, Carolina Rebouças; REZENDE, Vera F. A permanência e o desaparecimento dos mercados municipais e feiras livres nos espaços urbanos centrais das cidades do Rio de Janeiro e de Salvador, Brasil. III Seminário Internacional Urbicentros – Salvador, Bahia 2012. MURILHA, Douglas; SALGADO, Ivone. A arquitetura dos mercados públicos, tipos, modelos e referências projetuais. 2011. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.138/4113. Acesso em 05/04/2017.


124

OLIVEIRA JUNIOR, José Vanildo. Fluxograma do processo de planejamento arquitetônico aplicado a mercados públicos. 2006. 147p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Urbana) Universidade Federal da Paraíba. PINTAUDI, Silvana Maria. Os mercados públicos: metamorfoses de um espaço na história urbana. 2006. Scripta Nova, REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES. Universidad de Barcelona. Vol. X, núm. 218 (81). RENNÓ, Raquel. Do mármore ao vidro: mercados públicos e supermercados, curva e reta sobre a cidade. São Paulo: Annablume, 2006. 136p SERVILHA, Mateus de Morais; DOULA, Sheila Maria. O mercado como um lugar social: as contribuições de Braudel e Geertz para o estudo socioespacial de mercados municipais e feiras. Revista Faz Ciência, v.11, n.13 jan/jun2009. P 123-142. VARGAS, Heliana Comin. Espaço Terciário: o lugar, a arquitetura e a imagem do comércio. São Paulo: SENAC, 2001. 336p. Sites acessados como fonte de pesquisa: http://www.norteandovoce.com.br/brasilidade/mercado-sao-sebastiao-identidade-cultural-e-social-de-fortaleza-2/ Acesso em 09/04/2017


125

http://www.fortalezanobre.com.br/2010/06/praca-paula-pessoa-praca-sao-sebastiao.html Acesso em 09/04/2017 http://www.fortalezaemfotos.com.br/2011/03/mercado-sao-sebastiao_28.html Acesso em 09/04/2017 http://www.archdaily.com.br/br/01-131352/projeto-de-remodelacao-do-mercado-municipal-de-atarazanas-slash-aranguren-and-gallegos-arquitectos Acesso em 09/04/2017 http://www.elementararquitetura.com/projeto/mercado-publico-de-triunfo Acesso em 09/04/2017 http://opiniaotriunfodigital.blogspot.com.br/2015/07/melhorias-trazidas-pelo-mercado-publico.html Acesso em 09/04/2017



APÊNDICE


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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO CLIENTES MERCADO SÃO SEBASTIÃO Cliente: ________________________________________________ 1) Qual sua idade? a) 15 a 25 anos ( ) b) 26 a 36 anos ( ) c) 37 a 47 anos ( ) d) 48 anos a 60 anos ( ) e) Mais de 60 anos ( ) 2) Qual sua escolaridade? a) Ensino Fundamental Incompleto ( ) b) Ensino Fundamental Completo ( ) c) Ensino Médio Completo ( ) d) Ensino Superior Completo ( ) 3) Com que frequência você vem ao mercado? a) Semanalmente ( ) b) Quinzenalmente ( ) c) Mensalmente ( ) d) Quase Nunca ( ) 4) Por quais motivos você gosta de fazer compras aqui? a) ( ) Preço b) ( ) Atendimento c) ( )Estrutura de Mercado ( Acessibilidade/Conforto/ Acústica) d) ( ) Qualidade dos produtos

5) Como você avalia a estrutura do Mercado? Dê notas de 0 a 5. 0 – Péssimo 1 – Muito ruim 2- Insatisfatório 3 – Razoável 4 –Bom 5 – Excelente a) Higiene ( ) b) Ventilação ( ) c) Acessibilidade ( ) d) Barulho ( ) e) Odores ( )


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APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO VENDEDORES MERCADO SÃO SEBASTIÃO

d) Barulho ( ) e) Odores ( )

1) Qual sua idade?

4) Como acontece o abastecimento das mercadorias? Carga e Descarga?

a) ( ) 15 a 25 anos b) ( ) 26 a 36 anos c) ( ) 37 a 47 anos d) ( ) 48 a 60 anos e) ( ) Mais de 60 anos

5) O tamanho do seu box é adequado para a realização das vendas? Sim ( ) Não ( )

2) Qual seu ramo de vendas ? a) Frutas e Verduras ( ) b) Temperos e Condimentos ( ) c) Carnes e Aves ( ) d) Lanches ( ) e) Outros: 3) Como você avalia a estrutura do Mercado? Dê notas de 0 a 5. 0 – Péssimo 1 – Muito ruim 2- Insatisfatório 3 – Razoável 4 – Bom 5 – Excelente a) Higiene ( ) b) Climatização ( ) c) Acessibilidade ( )


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matcvt mthscavalcante@gmail.com PROJETO GRĂ FICO Mateus Cavalcante TIPOGRAFIA Century gothic regular Delius Unicase Fjalla one



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