Le Corbusier em Weissenhof

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STUTTGART

LE CORBUSIER EM WEISSENHOF

AILIN CHANG | LUCAS PATRÍCIO | MATHEUS MOTTA | NATALIA JACOMINO |

MARINA SABADINI | 1 THAÍS DE MIRANDA


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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ALEMANHA Contexto político, econômico e social na Alemanha Stuttgart WEISSENHOF A Exposição Deutscher Werkbund Mies van der Rohe Estilo Internacional LE CORBUSIER

5 9 10 24 39 40 48 53 54 63

PROJETO Conceito das casas citrohan Casa 13 Casas 14 e 15 Um estudo sobre as cores em Le Corbusier

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FORTUNA CRÍTICA Movimento Moderno Weissenhof Casas 13, 14 e 15 Le Corbusier

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REFERÊNCIAS

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INTRODUÇÃO Em um tempo de extrema instabilidades e transformações nacionais e internacionais, surge em 1925, na Alemanha, uma tentativa de consolidar todas essas transições e criar algo harmônico para uma sociedade que estava transfigurada. Previamente, a Alemanha havia passado por uma série de modificações, devido ao seu rápido processo de industrialização e de urbanização, e havia um enorme desejo de inseri-la em um contexto mundial. Para isso era necessário uma nova organização, que desse conta de todas essas transformações. Junto a tudo isso, acontece a Primeira Grande Guerra, e com ela, a destruição de muitas cidades, tanto em um contexto territorial e físico, como na mentalidade daqueles que passaram por essa catástrofe. Para reconstruir a sociedade e as cidades era necessário esperança, e até mesmo um certo utopismo. Os arquitetos da época enxergaram, neste momento, sua capacidade de transformação e sua obrigação, como profissional, de projetar algo que representasse o momento que se estava vivendo. O mundo inteiro estava se transformando, logo, a arquitetura precisaria se adaptar a toda essa mudança, adequando-se ao novo homem e ao novo tempo, criando as possíveis soluções para todas as instabilidades. Como fruto desse ideal, surge Weissenhof, bairro idealizado pela Associação de Artesãos Alemã (Deutscher Werkbund), projetado por diversos arquitetos da época e construído na cidade de Stuttgart, na Alemanha. Tal bairro era a consolidação das experimentações dos arquitetos durante essa época, ele significava a esperança, neste contexto pós guerra, de juntar a indústria com a construção civil, para assim resolver os problemas enfrentados e construir uma arquitetura que conversasse com aquilo que se estava vivendo.

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Foto de Scherl/Süddeutsche Zeitung, datada em 1 de janeiro de 1927, Stuttgart, Alemanha fonte: https://www.alamy.com/the-weissenhof-estate-in-stuttgart-1927-image68839470.html

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Julgou-se necessário a presença de grandes nomes da arquitetura, para que o bairro realmente expressasse o pensamento da época. Le Corbusier e seu primo, Pierre Jeanneret, foram um dos nomeados, ficando responsáveis pela execução do projeto de duas edificações em Weissenhof, a Casa 13 e a Casa 14 e 15. Devido ao grande renome de Le Corbusier, eles receberam o terreno mais privilegiado do bairro, por ser visível de qualquer ponto, e algumas diretrizes de projeto, assim como todos os outros arquitetos.


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ALEMANHA

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CONTEXTO POLÍTICO, ECONÔMICO E SOCIAL NA ALEMANHA A construção do bairro de Weissenhof em Stuttgart, no ano de 1927, se insere num contexto de profunda crise econômica alemã, como ilustra a hiperinflação da República de Weimar entre 1921 e 1923, com seu ápice atingindo 29,5 mil por cento ao mês, ou 20,9% ao dia. Tal situação derivou, principalmente, dos acontecimentos da Primeira Guerra Mundial, que guiou o governo alemão a aceitar auxílio direto do Reichsbank, o Banco Central alemão da época, ao invés de aumentar os impostos sobre a população, com o objetivo de financiar os esforços com a guerra. Assim, grande parte da dívida governamental passou a se encontrar nos cofres do Banco Central, e um montante significativo de papel-moeda foi impresso sem lastro e colocado em circulação. Dessa maneira, a quantidade de papel-moeda em circulação antes e depois da guerra havia crescido brutalmente, causando a desvalorização plena da moeda alemã, aumento dos preços e a hiperinflação. Os motivos que fizeram o governo alemão da época, composto pelos partidos Socialistas, o Partido Católico de Centro e os Democratas, tomar tais atitudes que causaram a destruição monetário são desconhecidos até hoje pelos historiadores. Sabe-se que os políticos, banqueiros e economistas alemães da época escondiam o desastre monetário da população, com estudos manipulados e sofismas. Na história, muitos leigos em economia acabam por não reconhecer que a crise econômica alemã foi uma causa direta das políticas econômicas adotadas, associando-a a represália dos países vencedores da guerra contra a Alemanha. Comumente essa associação ocorre em relação a um dos fatores externos mais catastrófico para a Alemanha no pós guerra: a ratificação do Tratado de Versalhes em 28 de junho de 1919 pelo ministro alemão do exterior, Hermann Müller.

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Abaixo, o Reichsbank alemĂŁo

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O Tratado de Versalhes foi um acordo de paz assinado em Paris pelas potências europeias que participaram da Primeira Guerra Mundial, somadas a outras potências aliadas, como uma continuação do armistício de Novembro de 1918, de Compiègne, este que havia colocado, de fato, fim aos confrontos da guerra. O ponto principal do Tratado de Versalhes foi a responsabilização da Alemanha pelo início da guerra e a determinação de punições ao país, tendo a França como a nação mais disposta a delinear tais punições, já que grande parte da guerra havia sido em seu território. Ao final do acordo, a represália aos alemães incluía a perda de parte do seu território para nações vizinhas, de todas as colônias localizadas no oceano e na África, a limitação do tamanho de seu exército e o pagamento de uma indenização, concretizado em 1921, no valor de 33 milhões de dólares, para suprir os danos causados às nações da Tríplice Entente. Vale destacar que, além do Tratado de Versalhes, a Alemanha assinou outros tratados de paz com outras nações no período final da Primeira Guerra Mundial. Os Estados Unidos nunca aderiram à Sociedade das Nações e não ratificaram o Tratado de Versalhes, ocasionando a negociação da paz com a Alemanha em paralelo, com o Tratado de Berlim de 1921, também prejudicial aos alemães. Ele confirmava o pagamento de indenizações e de outros parâmetros do Tratado de Versalhes. Outro caso é o Tratado de Brest-Litovsk perante a República Socialista Federativa Soviética da Rússia, esta que ansiava pela saída da guerra devido a Revolução Russa de 1917, e acabou por acordar a entrega aos alemães dos territórios da Finlândia, Países Bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), Polônia, Bielorrússia e Ucrânia em troca da paz.

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Primeiras pรกginas doTratado de Brest-Litovsk

Territรณrios euripeus perdidos pelos alemรฃes apรณs o Tratado de Versalhes

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Junto da crise econômica, a Alemanha sofreu uma crise política configurada pelo descontentamento da população, do Exército e da Marinha (Kaiserliche Marine) com os quatro anos de guerra com praticamente meio mundo e a rendição, o que gerou diversas revoltas em Berlim e nos centros urbanos do império ao final do ano de 1918. Com o intuito de conservar a monarquia e conter o clima revolucionário, o chanceler Max de Baden anunciou que o Kaiser Guilherme II iria abdicar de seus títulos em 9 de novembro de 1918. Nesta data, Guilherme se encontrava no seu quartel general em Spa, Bélgica, e fugiu para a Holanda na madrugada do mesmo dia, escapando dos revolucionários e dos seus opositores que desejavam levá-lo ao tribunal. Inicialmente, Guilherme residiu em Amerongen, onde, em 28 de novembro, publicou sua declaração de abdicação oficial, dispensando os seus soldados e oficiais do juramento perante a ele. Tal fato representou o fim do reinado de quatrocentos anos da dinastia Hohenzollern na Prússia.

À esquerda: Redefinição de fronteiras devido ao Tratado de Brest-Litovsk

À direita :O Kaiser Guilherme II

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Com a abdicação de Guilherme II, a Alemanha passou a ser controlada pelos militares. A missão destes era a recuperação da Alemanha financeiramente e o resgate do prestígio do povo alemão. Assim, inicialmente, o Comando Supremo do Exército (Oberste Heeresleitung) organizou um governo civil para negociação da paz com os aliados, este governo que viria a ratificar o Tratado de Versalhes. Desta maneira, foi convocada uma Assembléia Constituinte em 6 de fevereiro de 1919 na cidade de Weimar, para a formação de uma Constituição para o novo governo civil. A nova Constituição foi adotada em 31 de julho de 1919 e promulgada em 11 de agosto de 1919. De acordo com ela, o novo governo seria uma democracia representativa, sob a forma de república parlamentarista, com um modelo bicameral (duas casas legislativas), o Parlamento (Reichstag) e a Assembléia (Reichsrat). Existiriam dois chefes da república, um de governo, o chanceler, responsável pela administração do país e um de Estado, o presidente, responsável por coisas do Estado, como a diplomacia, o Exército, a Marinha. Friedrich Ebert, do Partido Social Democrata Alemão (SPD - Sozialdemokratische Partei Deutschlands), ficou encarregado de compor o primeiro governo republicano. Ele e seu partido não possuíam uma base marxista sólida nem se aproximavam de ideias revolucionárias e entendiam que sua missão era a de garantir uma transição estável entre as formas de governo.

Os integrantes do Comando Supremo do Exército Alemão (Oberste Heeresleitung)

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O brasão da República de Weimar (19191933)

Reichstag, o Parlamento Alemão

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Durante esse período, porém, a Alemanha vivia graves crises inflacionárias na economia, ondas de desemprego, miséria e fome, insatisfação popular referente aos seus líderes políticos, o que abriu precedentes para surgimento de movimentos radicais, de caráter revolucionário e extremistas. Um deles derivou da forte influência da Revolução Bolchevique de 1917 da Rússia, de base marxista, liderada por Lênin e Trotski, sobre revolucionários da Alemanha, que estava na “rota revolucionária” comunista. Houve tentativas de introdução do socialismo no país lideradas por partidos políticos originados da dissidência do SPD, que apoiava a concessão de créditos à guerra, enquanto uma massa defendia a ideia de que estas concessões beneficiavam apenas a burguesia das grandes potências, ao colocar a classe operária para lutar entre si na guerra. Do SPD surgiu o USPD (Unabhängige Sozialdemokratische Partei Deutschlands), Partido Social-Democrata Independente Alemão, associado da Internacional Comunista, divergente do marxismo-leninismo dos bolcheviques russos e que tentava fortalecer as ações operárias e melhorar a qualidade de vida. Dentro do USPD havia a Liga Espartaquista, liderada por Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, que defendia a formação de um grupo revolucionário de operários e soldados organizados em conselhos. Esta ideia foi executada por meio de greves gerais. Em 1918, após uma nova dissidência, foi formado o KPD (Kommunistische Partei Deutschlands), o Partido Comunista da Alemanha, que liderou atos maiores na região da Baviera, sul da Alemanha, criando nos operários e nos soldados o sentimento da viabilidade de derrubada do capitalismo através da revolução, somadas às precárias condições de vida no final da guerra no país. Em novembro de 1918, foi proclamada a República Socialista, que se opunha aos ideais da República Social-Democrata de Weimar, tendo como base de poder os conselhos organizados pelo KPD.

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propaganda do KPD no pรณs Primeira Guerra Mundial

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Imagens de Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo durante manifestação da Liga Espartaquista, 1918

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Contudo, os comunistas foram fortemente reprimidos pelas forças armadas comandadas pelo SPD, apesar deste se definir como um partido dos trabalhadores. Houve também um grande auxílio dos Feikorps, grupos paramilitares formados por militares anti revolucionários derrotados na guerra, com o êxito na prisão e massacre de muitos trabalhadores e na execução dos líderes Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht. Além disso, o enfraquecimento do movimento revolucionário comunista se deu pela divisão entre os partidos de esquerda e a falta de articulação em torno de uma forma de governo alternativa à República de Weimar. Paralelamente ao movimento comunista, houve a fundação do Partido Nacional Socialista Alemão, o NSDAP (Nazional Sozialistiche Deutsche Arbeiter Partei), em 1920. Da abreviação da palavra Nationalsozialist originou-se a nomeclatura “nazista”. O Partido Nazista tinha caráter de extrema direita e se baseava em torno de ideais nacionalistas, antiliberais e anticomunistas. Foi originado por grupos militares racistas e populistas, principalmente pelos Freikorps, aqueles responsáveis pela repressão da Revolução Alemã. Seu líder, Adolf Hitler, buscava penetrar na estrutura de poder de Weimar através das eleições, mas a representação nazista alcançava míseros 4% das cadeiras ocupadas. Desta maneira, em 1923, Hitler tentou aplicar um golpe de Estado para tomar o poder no estado da Baviera, em Munique, mas foi preso e condenado a oito meses de prisão, pena reduzida devido a, grande parte, sua habilidade retórica de convencimento. No tempo em que ficou preso, Hitler redigiu seu livro intitulado Minha Luta (Mein Kampf), de caráter bibliográfico e ideológico, no qual descreve os fundamentos e princípios do pensamento nazista que iriam guiar a política do Estado totalitário nazista, que tomou o poder em 1933. Uma das ideias defendidas pelos nazistas era o antissemitismo, que incitava o ódio aos judeus e atribuía a culpa da decadência alemã à burguesia composta por esse povo, além de acusar povos não germânicos de degenerar a raça germânica física e moralmente, defendendo a expulsão destes da Áustria e Alemanha. Outra ideia nazista era a eugenia, ideologia da existência de uma raça superior e perfeita, associada ao arianismo, que elegia a raça branca 22


como a superior. Todas estas ideias iriam fundamentar o Holocausto, com a existência dos campos de concentração e das políticas de extermínio de povos não arianos. Outra ideia que causaria conflitos territoriais que contribuíram para a explosão da Segunda Guerra era a do “espaço vital”, ou seja, a necessidade de um espaço geográfico mínimo para o exercício das políticas nazistas e expansão da raça ariana. O partido nazista foi ganhando espaço com a continuidade da crise econômica e social da Alemanha, acentuada em 1929 com a crise da bolsa de Nova York. Com a desmantelação de partidos opositores e o crescente prestígio popular do nazismo, o Reichstag aprovou em 24 de maio de 1933 o Ato de Autorização que transmitia suas funções ao poder executivo, concentrado nas mãos de Hitler.

Propaganda do NSDAP, o Partido nazista

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STUTTGART Stuttgart ou Estugarda é uma cidade da Alemã, do Capital do estado de Baden-Württemberg. Aqui, contaremos um pouco sobre sua história. Para isso, separamos em períodos, seguindo a Periodização eurocêntrica que divide a história em Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea, de maneira a tornar mais didática a apresentação da cidade em questão. Pré-História e Antiguidade (1 d.C a 950 d.C) Nesse período, é difícil dizer, com muita precisão, as datas e acontecimentos. Portanto, limitaremos aos fatos comuns em relação às fontes pesquisadas. A princípio, o primeiro assentamento que se tem conhecimento da região onde atualmente localiza-se a cidade de Stuttgart corresponde ao ano de 1d.C. O assentamento era um forte romano e tem seu início nas margens do rio Neckar1, um importante afluente do rio Reno. No séculos III os romanos são expulsos da região pelos Alamanos2. Nesse contexto, os Alamanos foram de grande importância para a Alemanha no geral, pois impediram o avanço do Império Romano em diversas áreas. Posteriormente não há muitos dados sobre o que ocorreu entre os séculos IV e VII, porém uma região chamada Cannstatt é citada em alguns arquivos3. Essa região, que atualmente é um dos bairros mais populosos de Stuttgart, foi fundada durante o período romano e localizava-se na encruzilhada de importantes rotas comerciais europeias. Dessa forma, durante séculos, teve maior importância que Stuttgart. Pesquisas mais recentes sugerem que o nome do assentamento seria Canstat ad Neccarum, ademais confirmam a presença de propriedades agrícolas no período merovíngio. Carlomano, filho de 1   Os rios da Alemanha como um todo tem grande importância. Os maiores e mais famosos são Reno, Elba e Danúbio. Atualmente, todos são regulares e constituem importantes vias de transporte. Em torno do Reno e de seus afluentes, desenvolveram-se grandes centros urbanos, núcleos industriais, zonas agrícolas, vinícolas e minas. O Elba, o Weser, o Ems e o Reno deságuam no Mar do Norte. 2   Os alamanos eram uma aliança militar de tribos germânicas habitando a região em torno do alto rio Meno, onde hoje é a Alemanha. Seguiram o modelo da primeira aliança tribal germânica, a dos francos, que primeiro impediram os romanos de prosseguir ao norte do baixo Reno e em seguida invadiram a províncias romana da Germânia Inferior. 3   a maioria desses arquivos localizam-se na Abadia de São Galo onde contem uma das bibliotecas que é, de fato, reconhecida como uma das mais ricas e antigas do Mundo

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Carlos Martel, organiza o Conselho de Cannstatt em 746 e termina com a execução da nobreza alemânica, isto é dos Alamanos. Idade Média e Idade Moderna (950d.C a 1789) Posteriormente a queda do Império Romano, diversas invasões bárbaras ocorreram nas cidades fundadas pelos romanos e destituindo a ordem estabelecida. Nesse contexto, muitas famlías fugiam para locais mais afastados, geralmente inabitados. Para se proteger escolhiam locais altos, onde podiam ver os possíveis saqueadores, e cercadas com troncos de madeira altos com local para se realizar vigias. Essas vigias podiam ser realizadas pelos próprios moradores ou por pessoas externas, que não obtiveram êxito na construção se sua própria habitação e pediam para realizar serviços, como o de vigia, em troca de proteção. Essa “troca” baseava-se em mão-de-obra, obediência e fidelidade. Os primeiros castelos e fortes surgiram assim, isto é, ao aumentar a quantidade de pessoas compartilhando da mesma terra tornava-se possível a construção de habitações maiores e mais protegidas com materiais mais resistentes como pedras. Dessa forma, com o aumento de pessoas pedindo proteção e o aumento dos muro que delimitava a região protegida surgem as cidades medievais. Sttutgart foi fundada nesse contexto, por volta dos anos 950 d.C. Majoritariamente a cidade era utilizada para criação de cavalos de cavalaria.

O selo da cidade, feito no Século XIV, foi feito com um brasão com dois cavalos. em 1433. fonte: angelinawittmann.blogspot.com /2016/06/stuttgart-roteiro-alemanha-2016. html

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A cidade murada - Stuttgart - 1643. fonte: https://angelinawittmann.blogspot. com/2016/06/stuttgart-roteiro-alemanha-2016.html

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À Direita: “Castelo Antigo” fonte: https://pt.depositphotos.com /63996221/stock-photo-old-castle-stuttgart.html

Abaixo: Castelo Hohenzollern. fonte: https://m.epochtimes.com.br/castelo-hohenzollern-alemanha/

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Em 1300 a cidade se torna residência dos condes de Württemberg. Württemberg é um território histórico do sudeste da Alemanha, atualmente é o estado federal de Baden-Württemberg, tendo como capital Stuttgart. Se tornou capital do território na mesma época e, em 1321, é a residência oficial do rei elevando-a categoria de cidade. Durante a Idade Moderna, de 1453 a 1789, o Condado de Württemberg foi o nome dado a região e em 1495 ganha maior importância por ser capital e por ser a região onde encontra-se residência do Ducado, isto é, do feudo. Uma construção interessante dessa época preservada na região é o Castelo Hohenzollern. O castelo fica a 50 km de Stuttgart, em Hechingen, no alto de uma montanha de 855 metros de altura. Outra construção, onde foi a residência dos condes e duques de Wüttemberg é o “Castelo Antigo”.


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Idade Contemporânea (1789 até os dias atuais) No início do século XIX, a cidade de Stuttgart tornou-se a capital do Reino de Würtemberg. O reino foi um estado que deu continuação ao Ducado já citado acima. No reinado de Guilherme I houveram obras importantes para cidade como o Schloss Wilhelm (“Novo Palácio”), Hospital Katharina, Galeria do Estado e Vila Berg.

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Schloss Wilhelm stuttgart. fonte: https:// en.wikipedia.org/wiki/New_Palace_(Stuttgart

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Acima à esquerda Baden-Wuerttemberg, Stuttgart, edifícios, Villa Berg, 1845 a 1853, arquiteto: Christian Friedrich von Leins

Á direita: “Projetado pelo notável arquiteto de Munique, Max Littmann , que venceu um concurso para criar novos teatros reais, o edifício foi construído entre 1909 e 1912 como o Königliche Hoftheater , teatros reais do Reino de Württemberg com uma Grosses Haus e uma Kleines Haus” “A Opera House (“Grosses Haus”) é uma das poucas casas de ópera alemãs a sobreviver ao bombardeio da Segunda Guerra Mundial. Entre 1982 e 1984, um extenso trabalho restaurou o local à sua condição original e agora tem 1.404 lugares. Em 2001, os edifícios do teatro foram renomeados para Opernhaus e Schauspielhaus.” fonte: https://en.wikipedia.org/ wiki/Staatstheater_Stuttgart

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A cidade passa por um aumento populacional muito grande na metade do século, por volta de 1846 quando houve um renascimento econômico. Posteriormente, no final do século empresas automobilísticas se instalam na região, como Bosh e Daimler-Motoren-Gesellschaft (DMG) e, com a invenção do primeiro automóvel de motor a combustão pelo pela DMG há uma fusão das empresas Benz & Cia, atual Mercedes-Benz com a DMG. Posteriormente, a Porsche também se instala na região. Sendo assim, Stuttgart é muitas vezes conhecida como a “Cidade do Automóvel” e, por conta disso, atrai muitos turistas interessados. Nessa época, o renascimento econômico vem acompanhado de um grande crescimento populacional de 50 mil para 91 mil em 1871 e em 1880 chega a marca de 176 mil habitantes aproximadamente. Um outro fato importante para a História da Alemanha é a sua unificação em 1871. Nesse contxto, Würtemberg se une ao Império Alemão de Otto von Bismarck. Entre o final do século XIX e início do XX, algumas tensões começam a ocorrer na Europa e culminam na Primeira Guerra Mundial. Dentre as consequências da guerra, houve a queda da família real de Würtemberg. Posteriormente, a abdicação do trono Stuttgart foi proclamada capital do Estado e, em 1920, tornou-se sede


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do Governo Nacional. Além das informações citadas acima, não encontrou-se outras informações específicas a cidade de Sttutgart no período Entreguerras, período esse em que foi construído o bairro de Weissenhof, onde encontram-se as habitações projetadas por Le Corbuiser, a qual o presente trabalho disserta sobre. Entretanto, há informações relevantes sobre esse período no capítul o sobre Alemanha. Stuttgart foi uma das cidades mais danificada pelos ataques aéreos realizados pelos aliados durante a Segunda Guerra Mundial, 68% de todos os edifícios foram destruídos e resultou na morte de 4477 pessoas. Um fato interessante nesse contexto é que o Plano Marshall foi anunciado na cidade de Stuttgart, mais especificamente no Stuttgart Opera Haus, outra obra importante da cidade. Muitas obras foram reconstruídas e houve construção de diversas obras modernas nesse período, algumas como: Württembergische Landesbibliothek Bernhard Heiliger, 1969

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Hauptbahnhof Paul Bonatz e Fritz Scholer, 1911

Stuttgart MarketHall Martin Elsässer, 1914

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Em 1949, foi criada a República Federal da Alemanha e Stuttgart foi cotada para ser capital da Alemanha. Um novo estado também surge, pela fusão de Baden e Würtemberg (Baden Württemberg), atualmente o terceiro maior do país. Atualmente, a cidade é a sexta maior da Alemanha com população de 606 588 habitantes. Seus diversos prédios históricos, fábricas e museus de grandes marcas de automóveis como Benz, são grandes atrativos para turistas. Logo, sua economia se baseia na produção automobilística e tem grande arrecadação de impostos através dessas empresas. Além de seu território envolto por colinas e localizada nas margens do Rio Neckar, a cidade tem o maior manancial de água mineral da Europa, depois de Budapeste.

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Fotografia de Weissenhofsiedlung, utilizada na capa do livro “The Weissenhofsiedlung, Stuttgart: Experimental Housing Built for the Deutscher Werkbund, Stuttgart, 1927�. fonte: amazon.com.br/Weissenhofsiedlung-Stuttgart-Experimental-Deutscher-Werkbund/dp/3936681600

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WEISSENHOF

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A EXPOSIÇÃO A associação alemã de artesãos (Deutscher Werkbund) encomenda, em 1925, uma segunda exposição de arquitetura e construção moderna, com o tema “A habitação”, que seria patrocinada pela cidade de Stuttgart (local em que ela se materializa). A intenção era criar um bairro experimental, que abordaria as novas questões da época, desde o urbanismo até a criação do interior das casas, e com isso surge Weissenhof. Carlos Martel, organiza o Conselho de Cannstatt em 746 e termina com a execução da nobreza alemânica, isto é dos Alamanos.

poster para a exposição “Die Wohnung” (A Habitação), de Deutscher Werkbund, 1927 fonte: https://www.moma.org/collection/ works/6353

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Tal bairro foi criado no contexto de pós primeira guerra mundial, tempo no qual houve uma mudança de ideais e uma reformulação dos conceitos de moradia e construção, uma vez que se havia a necessidade de reduzir gastos e custos de produção e melhorar condições de vida (reconstruir a europa pós destruição). Além disso, se havia a necessidade de alinhar a construção civil com a produção industrial, para assim acelerar a produção e reconstrução das cidades, e por isso precisava simplificar as tarefas e padronizar a arquitetura, e assim, a extravagância já não poderia ser uma prioridade. Como fruto de seu tempo, Weissenhof manifestou-se como uma consolidação de todos esses ideais, em que se supera o ecletismo artístico e estabelecia uma junção dos problemas da vida diária com as facilidades trazidas pelo avanço tecnológico.

foto tirada em 1927 em frente à edificação de Mies van der Rohe em Weissenhof fonte: http://modernism.art-zoo.com/fr/immeuble-dhabitation/

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vista aĂŠrea de Weissenhof fonte: http://www.blogdaarquitetura.com/ modernismo-90-anos-da-urbanizacao-de-weissenhof/

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Weissenhof foi construído menos de 2 anos, como um resultado das experimentações de 17 arquitetos de diferentes países, que se consolidaram em 21 edificações, sendo elas habitações unifamiliares, blocos, habitação geminadas e em fileira, todas elas trazendo a nova forma de se viver. Os arquitetos desejavam resolver os problemas modernos da habitação (sociais, espaciais, construtivos e higiênicos), sendo assim, seus projetos demonstravam um modo de vida saudável que os homens poderiam ter nas grandes cidades, por conta disso, todas as edificações foram pensadas plenas de luz, ventilação e áreas verdes abertas. Ademais, foi uma das primeiras vezes que arquitetos se voltaram para a questão social da habitação, em que as residências deveriam ser para todos e não somente para a elite.

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Os arquitetos que participaram da exposição foram: Peter Behrens (Alemanha) Victor Bourgeois (Bélgica) Le Corbusier e Pierre Jeanneret (Suíça | França) Richard Döcker (Alemanha) Josef Frank (Áustria | Suécia) Walter Gropius (Alemanha) Ludwig Hilberseimer (Alemanha) Ludwig Mies van der Rohe (Alemanha) Jacobus Johannes Pieter Oud (Países Baixos) Hans Poelzig (Alemanha) Adolf Rading (Alemanha) Hans Scharoun (Alemanha) Adolf Gustav Schneck (Alemanha) Mart Stam (Países Baixos) Bruno Taut (República de Weimar) Max Taut (Alemanha)


Fascinados pela produção em série das indústrias automobilísticas e de aviões, os arquitetos buscaram trazer essa lógica para a construção civil. Alguns dos conceitos buscados foram o de habitação mínima e da máquina de morar, que estão inter relacionados. Devido ao déficit habitacional gerado pela guerra, havia uma necessidade de estandardização e padronização da habitação para uma produção em massa, junto com isso, nesta época, surgem normas espaciais para habitação, em que o comportamento humano passa a ser estudado sob parâmetros normativos e mensuráveis, sendo assim, foi definido um padrão dimensional mínimo com base em fatores de segurança e saúde. Sendo assim, a habitação mínima padronizada, com sua lógica maquinista e seu critério prático, funcional e racional seria a resposta para o déficit.

esteira de produção de carros nao período Fordista fonte:https://esteira2.wordpress. com/2014/11/18/quando-surgiu-a-utilizacao-das-esteiras-industriais/

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Seu legado era de garantir o máximo mesmo com o mínimo, e para isso ser possível era necessário incluir a liberdade e a dinâmica nos ambientes, contornando a falta de espaço. Os arquitetos utilizaram de painéis e divisórias móveis, que possuiam montagem seca e rápida, e permitiam vários layouts servindo a todo tipo de família e necessidade. A consolidação dos ideais dos arquitetos resultou em algumas características comuns a todos os edifícios ali presentes, sendo elas as formas geométricas básicas e sem ornamento (predominantemente formas cúbicas), edifícios baixos, telhados planos, pintura branca, janelas de comprimento (fachada livre), a presença do funcionalismo por conta de suas plantas flexíveis, e o uso de técnicas inovadoras para a época, como pré fabricados de concreto armado. Segundo Frampton, Weissenhof tornou-se a primeira manifestação internacional do modo de construir branco, prismático e de cobertura horizontal, que depois, passou a ser visto como Estilo Internacional, uma vez que a consolidação dos ideais de arquitetos de diferentes países resultaram em muitos elementos comuns, em um estilo único.

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Vista aĂŠrea de Weissenhof fonte: http://www.blogdaarquitetura.com/ modernismo-90-anos-da-urbanizacao-de-weissenhof/

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DEUTSCHER WERKBUND A Associação Alemã de Artesãos, Deutscher Werkbund, era um grupo de arquitetos, designers e empresários alemães, criados em 1907, com o objetivo inicial de estabelecer uma parceria entre os produtores de manufatura com os designers, para assim, aumentar a competitividade da Alemanha em relação aos outros mercados globais. A organização foi inicialmente composta por 12 firmas de negócio e por 12 arquitetos, dentre eles estava Peter Behrens, Walter Groupius e Mies Van der Rohe. O grupo estava ligado ao movimento Jugendstil, e buscavam desenvolver os novos conceitos estéticos e dissolvê-los na vida, em que, deveria ter um projeto de design desde a taça de café até a cidade, e estes deveriam estar com a mesma configuração.do Governo Nacional. Além das informações citadas acima, não encontrou-se outras informações específicas a cidade de Sttutgart no período Entreguerras, período esse em que foi construído o bairro de Weissenhof, onde encontram-se as habitações projetadas por Le Corbuiser, a qual o presente trabalho disserta sobre. Entretanto, há informações relevantes sobre esse período no capítul o sobre Alemanha. A associação surge antes da guerra, juntando artistas, artesãos e industriais para curar a Alemanha os danos causados pelo rápido crescimento da indústria alemã e enriquecimento da classe média, eles buscavam a harmonia, ordem social e condução unificado do trabalho e da vida, ou seja, buscavam criar uma cultura harmônica em um mundo altamente modificado pela industrialização e urbanização. Foi um dos primeiros movimentos a buscar uma adequação da arquitetura aos novos padrões industriais da época, sempre com o desejo de melhorar o meio ambiente e as condições de vida a partir das novas tecnologias desenvolvidas. Poster do grupo Deutscher Werkbund fonte:https://www.mutualart.com/Artwork/ Deutscher-Werkbund/C20C02958AB764CD

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Muitos de seus feitos são tão naturais para a nossa cultura atual que deixamos de associá-los ao grupo, como por exemplo, a boa forma dos objetos industriais e a imagem corporativa das grandes empresas. Assim como seus feitos na arquitetura e urbanismo, que foram fortemente desenvolvidos na exposição de Weissenhof, muitos dos conceitos ali criados estão presente até os dias atuais, porém não são mais reconhecida como iniciativas do grupo. Werkbund buscava a qualidade não só como um padrão estético, mas também ético, que pretendia restaurar a harmonia entre mente e corpo, trazendo paz aos industriais e salvando o público de eternas mudanças de moda. A associação representava modernidade, racionalidade e funcionalidade. Em 1925, Deutscher Werkbund decide realizar uma exposição de arquitetura e urbanismo, com o tema de habitação, que consolidava as investigações da junção da industrialização com a construção urbana.

“Weißenhof chair” de Mies van der Rohe fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Deutscher_Werkbund

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poster para a exposição “Die Wohnung” (A Habitação), de Deutscher Werkbund, 1927 fonte: https://www.moma.org/ collection/works/6353

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MIES VAN DER ROHE O importante arquiteto moderno, Mies Van der Rohe, que já fazia parte da Associação de Artesãos da Alemanha, foi escolhido como direção artística do bairro e tinha a função de escolher os arquitetos que participaram dos projetos e destinar terrenos e diretrizes a estes, além de, projetar um plano de construção e definir a linguagem e o vocabulário formal da exposição. Sendo assim, Mies possuía a missão de reformular a arquitetura para que esta realmente espelhasse o novo tempo. Mies defendia que ao mesmo tempo que a economia tornava obrigatório o uso da racionalização e padronização para a habitação, havia uma maior complexibilidade dos desejos em relação à construção civil, e para isso, havia a necessidade de uma flexibilização da moradia. O arquiteto acreditava que o uso do esqueleto estrutural resolveria ambas questões, uma vez que este garante a planta livre e a liberdade para a organização do espaço interior, a partir de paredes móveis e também é um elemento pré fabricado de rápida instalação. Mies define o plano diretor para o bairro de Weissenhof, estabelecendo que seriam edifícios residenciais baixos, destinados para a classe média assalariada, e que trabalhariam questões atuais, como a padronização e o uso de materiais industrializados, sem adornos, sem ornamentos e sem extravagâncias, e por isso, de tamanho reduzido.

edifício projetado por Mies Van der Rohe em Weissenhof fonte:https://pt.wikiarquitectura.com/constru%C3%A7%C3%A3o/urbanizacao-weissenhof/

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ESTILO INTERNACIONAL Dezessete arquitetos de diferentes nacionalidades, referências e ideologias se uniram para criar Weissenhof, e o que foi mais impressionante para a época é que mesmo sem ter sido imposto nenhum estilo prévio, todas as edificações possuem uma unidade, elas parecem estar conectadas, possuir uma linguagem comum entre elas. Esse modo de projetar foi caracterizado posteriormente como Estilo Internacional, uma vez que indiferente de seu país de origem, o arquiteto projetava de uma mesma maneira, com uma mesma linguagem: assim o desenvolvimento parece quase um organismo vivo; tudo é naturalmente inter-relacionado. De fato, isto nos parece o aspecto mais importante e benéfico deste terreno em stuttgart: que os representantes da atual revolução da arquitetura não estão presos a princípios dogmáticos, eles não se apegam de maneira negligente a slogans, mas modestamente subordinam suas ideias às demandas das necessidades e da vida humana. E vão além disso, não em termos formais, mas no desejo de apontar o caminho para uma nova forma de se viver, para chegar a um acordo com as forças contemporâneas tão frequentemente consideradas, mesmo agora, como os inimigos de toda cultura humana: a tecnologia, a indústria e a racionalização.” - Wilhelm Lotz

Casas 16 e 17 de weissenhof, mostrando o modo prismático, branco e sem ornamentos de projetar fonte:https://www.architecture.com/image-library/ribapix/image-information/poster/houses-16-and-17-bruckmannweg-46-weissenhofsiedlung-stuttgart/posterid/ RIBA15776.html

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Uma das principais importâncias de Weissenhof foi a criação desse Estilo Internacional, em que, a arquitetura caminhou para um estilo único, onde independente do seu lugar de origem, o arquiteto construía para o Homem de seu tempo. Investigando a pré fabricação de casas, usando novas estruturas e materiais e abrindo o último andar em terraços, os arquitetos adaptaram o modo de construir para as novas condições de vida moderna. A nova arquitetura deveria ser uma representação pura da estrutura, função e do significado de sua produção de maneira objetiva e condizente com o seu tempo.

Bairro Weissenhof fonte:http://architectuul.com/architecture/ weissenhof-estate

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“They demonstrated conclusively that various architectural elements of the post war years had merged into a single stream . A new international order had been born” - Philip Johnson “Eles demostraram conclusivamente que vários elementos arquitetônicos do pós guerra se fundiram em uma única corrente” - Philip Johnson “Weissenhof was an affirmation that a shared language had at last been achieved” - William Curtis “Weissenhof foi uma afirmação que finalmente havia sido alcançada uma lingua compartilhada” - Philip Johnson

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Maquete do bairro de Weissenhofsiedlung, autoria prรณpria

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Maquete do bairro de Weissenhofsiedlung, autoria prรณpria

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Foto do arquiteto Le Corbusier em seu escritรณrio. fonte: coletiva.net/files/e4da3b7fbbce234 5d7772b0674a318d5/midia_foto /20191007/le-corbusier-portrait_coletiva_ out19.jpg

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LE CORBUSIER

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Abaixo: Vista de La Chaux-de-Fonds, Suíça, cidade natal de Le Corbusier. fonte: bls-swisstransfers.ch/transfer-from-zurich-airport-to-la-chaux-de-fonds/

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Charles-Edouard Jeanneret-Gris nasceu em 6 de outubro 1887 em La Chaux-de-Fonds, na Suíça, e posteriormente naturalizado francês. Foi arquiteto, urbanista, escultor, designer e pintor. Considerado um dos arquitetos mais importantes do século XX, Frank Lloyd Wright, Mies van der Rohe e Oscar Niemeyer. Aos 13 anos de idade, Le Corbusier ingressou na Escola de Artes Decorativas de La Chaux-de-Fonds, onde aprendeu design de relógios, principal atividade da cidade. Dois anos depois, ganhou o prêmio de melhor desenho de relógio da Escola de Artes Decorativas de Turim. Aluno do arquiteto Charles L’Eplattenier, começou a aprender arquitetura ainda na Escola de Artes Decorativas, e em 1906 realizou seu primeiro projeto de arquitetura para um fabricante de relógios de sua cidade.


No ano seguinte, Le Corbusier viajou para diversos países europeus, onde estudou diversas obras clássicas que contribuíram para a composição dos seus ideais de arquitetura, sintetizando os conceitos de funcionalidade e harmonia. Aos 21 anos, Le Corbusier foi trabalhar no escritório de Auguste Perret, pioneiro em concreto armado, onde recebeu uma das maiores influências de sua carreira. Viajando pela Europa Central, Bulgária, Romênia, Sérvia, Turquia e Grécia, elaborou desenhos que foram publicados em seu livro Viagens no Oriente. A partir desses estudos, ele elaborou seus cinco pontos para uma nova arquitetura, influenciado pela arquitetura oriental, principalmente turca. Nessa mesma época entra em contato com Peter Behrens, Walter Gropius e Mies van der Rohe, outras grandes influências do movimento moderno. Durante os anos de 1912 a 1914 foi convidado para lecionar na Escola de La Chaux-de Fonds, concebida nos moldes da Bauhaus, onde projetou algumas casas para os industriais da região. Também projetou uma cidade-jardim para La Chaux-de-Fonds, e um plano de reconstrução para cidades francesas destruídas durante a Primeira Guerra Mundial.Em 1917 passou a morar em Paris e iniciou seu trabalho na Sociedade de Aplicação do Concreto Armado. Produz críticas ao movimento cubismo junto com o pintor Amédée Ozenfant, quando então se inicia na pintura e passa a adotar o pseudônimo de Le Corbusier. Juntos criaram a revista L’Esprit Nouveau, onde publicava um tipo de arquitetura sem mercado, tornando-o um arquiteto renomado mesmo não tendo um número considerável de obras construídas.

À direita: Primeira edição da revista L’Esprit Nouveau, de Le Corbusier e Amédéd Ozenfant. fonte: en.m.wikipedia.org/wiki/L%27Esprit_Nouveau

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Acima à esquerda: livro “Por uma arquitetura“. fonte: saraiva.com.br/por-uma-arquitetura-col-estudos027-357030/ Acima à direita: Edições do CIAMs Abaixo à direita: Esboços do projeto de Brasília de Lúcio Costa, a partir da Carta de Atenas. fonte: archtectureclub.blogspot.com/2010/ 10/ignorar-editar-palavra-fonte-google.html?m=1 À direita: esboços e o plano urbanístico para Brasília. fonte: agenciabrasilia.df.gov.br/2019 /04/25/147148/amp/

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Associou-se com seu primo Pierre Jeanneret explorando seus ideais, principalmente o conceito de casa como “máquina de morar”, influenciado por seu grande contato com a indústria desde a infância, acreditando na função utilitária e artística das máquinas. Em 1923, publica “Por uma arquitetura”, em que apresenta os 5 pontos base do movimento moderno, construção sobre pilotis, terraço-jardim, planta livre da estrutura, fachada livre da estrutura e janela em fita, baseados em seus estudos dos edifícios clássicos que incorporaram a razão áurea, a proporção matemática e a harmonia. Ao negar as características históricas e nacionalistas, que eram reproduzidas na arquitetura anteriormente, esse estilo passou a ser adotado como estilo internacional. Os cinco pontos da nova arquitetura de Le Corbusier buscavam criar uma nova perspectiva no ambiente urbano, a partir da relação entre interno e externo, paisagem e construção, flexibilizando o espaço da construção e abolindo a ornamentação. No fim da década de 1920 elaborou projetos revolucionários de urbanismo em países da Europa, norte da África e América Latina, captando a cidade do futuro, e entendendo a importância do planejamento urbano com a evolução da indústria automobilística. Após participar da Exposição da Deutscher Werkbund, no conjunto habitacional Weissenhofsiedlung, onde projetou as casas 13, 14 e 15, Le Corbusier organizou o primeiro Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM), que estabeleceu os fundamentos do movimento moderno na arquitetura, reunindo os principais arquitetos modernos da época. As discussões realizadas durante os CIAM não se restringiam apenas à arquitetura e ao urbanismo, mas também à aspectos artísticos, estéticos e socio-econômicos, buscando abranger todas as variáveis que interferiam no modo de habitar e viver a cidade, como destaca Ernesto Nathan ROGERS (1965, p.95) “ da criação de uma colher até a de uma cidade”. A Carta de Atenas, escrita por Le Corbusier no IV CIAM, é o documento mais influente produzido pelo Congresso, definindo os conceitos do urbanismo moderno. O projeto de Brasília, realizado por Lúcio Costa, seguiu os moldes da Carta de Atenas para ser concretizado. 67


Em 1930, Le Corbusier casa-se com Yvonne Gallis, e naturalizou-se francês. Em 1936, orientou o projeto do edifício do Ministério da Educação e Saúde na cidade do Rio de Janeiro. Na década de 1940, fechou seu escritório durante a Segunda Guerra Mundial e se refugiou no sul da França, posteriormente, obteve muito prestígio internacional e foi chamado para elaborar estudos para sede da ONU, em Nova York em 1946, junto com Oscar Niemeyer, ao mesmo tempo em que atuava como consultor na reconstrução das cidades destruídas durante a guerra onde realizou o projeto da unidade de habitação de Marselha. Foi consagrado grande arquiteto internacional no fim de sua carreira, nos anos 1960, quando recebeu o título de doutor honoris causa pela universidade de Cambridge. Faleceu em 1965.

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Casas 13, 14 e 15, projetadas por Le Corbusier para exposição de Weissenhofsiedlung, Stuttgart, Alemanha. fonte: www.ottowagner.com/

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PROJETO

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Desenho axonométrico dos projetos de Le Corbusier para Weissenhofsiedlung.x fonte: www.archdaily.com/490048

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Em outubro de 1926, Mies van der Rohe convidou Le Corbusier para participar da Exposição do Conjunto Habitacional de Weissenhofsiedlung, em Stuttgart, na Alemanha, a fim de dar maior visibilidade para a exibição. Le Corbusier e seu primo Pierre Jeanneret projetaram 3 casas para a exposição, uma nos moldes da casa citrohan e outras duas geminadas. Todos os arquitetos convidados deveriam seguir diretrizes de localização, tamanho, orçamento e programa para cada casa, destinadas para famílias da classe média, seguindo os princípios da arquitetura moderna. Inicialmente, as propostas dos arquitetos eram maiores do que o orçamento e o tamanho pretendido, fazendo-os reduzir seus projetos em 30-40%. No entanto, o projeto do escritório francês estava fora dos padrões exigidos pelo grupo alemão, mas com receio de que Le Corbusier abandonasse o projeto, seus últimos desenhos foram aprovados. Sendo assim, Le Corbusier e Pierre Jeanneret concretizaram seus projetos das Casas 13, 14 e 15.


CONCEITO DAS CASAS CITROHAN Ainda no início de seus estudos projetuais, em 1914, quando já se havia iniciado a Primeira Guerra Mundial e, com ela, o surgimento da necessidade de construção e reinvenção de habitações prevendo a destruição causada pela guerra, Le Corbusier desenvolveu a Casa Dom-ino. Seu principal objetivo era criar um sistema seguindo seus aprendizados a respeito do concreto armado e do design industrial, visando a facilidade de construção e produção em massa com base na padronização, focando no mínimo necessário: lajes planas horizontais; pilares para a sustentação que, por estarem recuados, permitem a fachada livre; e escada para circulação e acesso aos pisos. Dessa forma, o restante de cada uma das residências Dom-ino - divisórias internas, vedações, revestimentos - seria construído conforme as necessidades dos moradores e a viabilidade construtiva de acordo com cada região.

À esquerda, desenho da Casa Dom-ino. fonte: thecityasaproject.org/2014/03/the-dom-ino-effect/

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Poucos anos depois, o arquiteto inspirou-se na fabricante francesa de automóveis, a Citroën, fundada em 1919. Devido à ágil produção em massa, com total precisão e funcionalidade, Le Corbusier viu nesse modelo automobilístico uma fonte de conceitos aplicáveis em seus projetos residenciais, buscando elementos construtivos modernos e padronizados que levariam à chamada “máquina de habitar”. Toda essa ideia de eficiência acerca dos automóveis, desde a maneira como se dava sua produção em série, até o quanto impactavam a vida das pessoas reflete-se nas obras do arquiteto e sua intencionalidade em comparar diretamente as casas aos automóveis, visando melhorar os padrões de moradia e vida em meio à crise imobiliária do pós-guerra. De um jogo de letras com a fábrica Citroën, foram nomeadas as Casas Citrohan, originalmente Maison Citrohan.

Abaixo, a primeira Casa Citrohan, de 1920, projetada por Le Corbusier. fonte: http://www.paideiart.com/2018/06/ 30/le-corbusier-sullabitare/

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“Ele a nomeou Maison Citrohan como um elogio proposital à fabricante automobilística Citroën, e por acreditar que a casa seria tão eficiente quanto as novas máquinas que estavam transformando a vida do século XX.” BAKER, Geoffrey H., Le Corbusier: An Analysis of Form (New York, New York: Van Nostrand Reinhold, 1984), p. 90, tradução própria.


Foram diversos os projetos que, mesmo com certa distinção entre si, seguiam os mesmos princípios, estabelecendo-se assim um programa seguido: residências em concreto armado, padronizadas, geométricas, brancas, com grandes aberturas para dar espaço à luz natural, voltadas à construção em massa, populares, completamente funcionais e modulares, dispensando ornamentos desnecessários que perderiam o sentido com o passar do tempo, hierarquia entre cômodos, priorizando a sala de estar e de jantar em detrimento da cozinha, lavanderia e quartos. Seu objetivo era desenvolver uma casa que fosse tão modesta e acessível quanto um automóvel da Citroën, priorizando suas funções primordiais, mas sem deixar de lado o resultado estético, mantendo proporções e espaços pensados para serem agradáveis, atendendo assim tanto à família comum, quanto ao artista intelectual. Algumas outras influências, além da indústria automobilística, resultaram na criação do conceito Citrohan, o qual reuniu preocupações anteriores de Le Corbusier: a própria casa Dom-ino já trazia a questão da produção de casas em massa; entre suas viagens, observam-se no Mediterrâneo habitações cúbicas de superfícies brancas; o oceano, cujas ondas formavam linhas, representava “tenacidade e disciplina”; Adolf Loos já opunha-se a detalhes e formas ornamentados; em “Cité industrielle”, de Garnier, havia ilustrações de casas de concreto com telhado plano; Paris, no início do século XX, contribuiu com edifícios com grandes superfícies envidraçadas, além de um café com ambiente em pé-direito duplo e mezanino na parte de trás. O primeiro projeto de Casa Citrohan é de 1920 e não foi construído. Com três pavimentos sobrepostos, o primeiro deles contava com a sala de pé-direito duplo ocupando mais espaço, a sala de jantar, cozinha e área de serviço; o segundo pavimento contava com outra sala ou quarto, banheiro e um ambiente no mezanino, voltado à sala de pé-direito duplo; a conexão interna entre térreo e mezanino se dava por meio de uma escada em espiral; no último pavimento, dois quartos, banheiro e terraço com jardim, acessados por uma escada lateral externa. Essa separação de acessos pretendia dar mais privacidade aos moradores nos quartos e terraço, em caso de receber visitas. 75


No mesmo ano do primeiro projeto Citrohan, Le Corbusier fez algumas alterações, incorporando a escada lateral ao interior do volume da casa e adicionando beirais no terraço e entradas. Em 1922, o arquiteto expôs mais um modelo de Casa Citrohan, uma maquete em gesso, no Salon d’Automne. A mais destacável novidade em relação aos projetos anteriores foi a elevação da casa por pilotis, recuperando, assim, parte do terrenho original. No pavimento pouco abaixo do nível do solo concentraram-se os serviços, com garagem e depósito. A presença de uma varanda cercando quase totalmente o pavimento principal - aquele com a sala de pé-direito duplo - mostra a experimentação no projeto de Le Corbusier que, em busca de formas puras e funcionais, posteriormente descarta este elemento da maneira como foi pensado na exposição. Logo à direita, a segunda Casa Citrohan, também de 1920, com algumas alterações a partir do primeiro modelo. fonte: tecnne.com/wp-content/gallery/citro-20/1920-3 Abaixo, o modelo de 1922. fonte: http://teoriarquitectura2-3.blogspot. com/ Na página seguinte, fotogafias do modelo exposto no Salon d’Automne em 1922 fonte: http://www.fondationlecorbusier.fr/

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Na página seguinte, fotografia da Cité Frugès. fonte: http://www.fondationlecorbusier.fr/ Abaixo, fotografia da Casa Ozenfant e à sua direita, fotografia da Villa Besnus. fonte: http://www.fondationlecorbusier.fr/

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Entre os anos de 1922 a 1926, Le Corbusier projetou algumas casas que alguns autores reconhecem como versões mais adaptadas e alteradas da Casa Citrohan, sem necessariamente o arquiteto as ter enquadrado nesse modelo, e outros que nem as mencionam quando se aborda esse tipo projetual. Entretanto vale lembrar que as características da Casa Citrohan estão dentro de um conceito maior de Le Corbusier, enquadram-se nos seus ideais e nos seus cinco princípios da arquitetura moderna. Assim, há algumas casas que representam mais ou menos intensamente o modelo de Casa Citrohan. Talvez seja por isso que os projetos discorridos no parágrafo seguinte possuem diferentes interpretações quanto ao enquadramento no conceito Citrohan. Em 1922 foram projetadas a Villa Besnus, em Vaucresson, e a casa Ozenfant, em Paris, ambas na França, cujas construções foram concluídas em 1923 e 1924, respectivamente. Enquanto isso, o fabricante de açúcar Henry Frugès aumentava seu interesse pelo trabalho de Le Corbusier, até que o chamou para assumir o projeto do conjunto de habitações voltadas para trabalhadores industriais Cité Frugès,


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Fotografia de uma residência na Cité Frugès. fonte: https://www.metalocus.es/en/news/ le-corbusiers-cite-fruges-prototype-city-workers-1920s

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em Pessac, próximo a Bordeaux, também na França. Até 1926, o arquiteto experimentou diversos tipos residenciais, resultando em 51 casas construídas, as quais, se comparadas à Besnus e à Ozenfant, têm semelhança mais perceptível com os modelos de Citrohan apresentados por Le Corbusier até 1922. Por fim, destaca-se a Casa Guiette, com projeto de 1926 e construção em 1927 na Antuérpia, Bélgica. Os elementos típicos da Casa Citrohan - três pavimentos, paredes brancas formando uma caixa simples, grandes aberturas - contrapõem-se ao programa que, além de ser residência familiar, incluiu o estúdio do pintor René Guiette e sua atividade comercial. Ademais, a ausência de pilotis devido à exigência do pintor em morar no térreo chama a atenção por não deixar o terreno livre, sem contar a disposição de cômodos diferente das Casas Citrohan até então e o pé-direto duplo atribuído ao estúdio, e não à sala.


Fotografia da Casa Guiette. fonte: http://www.flanderstoday.eu/current-affairs/unesco-recognises-antwerps-unique-le-corbusier-house

Entende-se que a divergência nas interpretações a respeito desses projetos, no que diz respeito a apontá-los como exemplos de Casas Citrohan ou não, ocorre principalmente devido à presença de elementos construtivos fiéis à Citrohan, como o pé-direito duplo na sala principal, o formato geométrico em caixa transmitindo a pureza da forma e funcionalidade, a escada em espiral ou em um lance só na lateral da residência, grandes aberturas, hierarquia entre espaços e cômodos, etc., mas também da ausência de muitos deles ou alterações a ponto de descaracterizá-los. Além disso, não se pode considerar apenas o aspecto estético e formal das obras sem levar em conta seus contextos, propostas e usos, que somente às vezes convergiam com os da Citrohan, de serem residências acessíveis e versáteis, de fácil construção em massa, pensadas para abrigar famílias comuns, mas não se restringindo a elas, e propondo melhorar a vida após a Primeira Guerra Mundial. Indubitavelmente, o maior exemplo construído que temos de Casa Citrohan é a projetada para a exposição de 1927 do grupo Deutscher Werkbund, Weissenhofsiedlung, em Stuttgart, na Alemanha. Esta foi a oportunidade para Le Corbusier projetar o modelo restringindo-se apenas ao programa da exposição. Como resultado, a casa de número 13 segue os cinco princípios de arquitetura de Le Corbusier e será mais detalhadamente descrita a seguir.

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Na página anterior, fotografia da Casa 13 em Weissenhofsiedlung por Dr. Lossen et Co. fonte: http://www.fondationlecorbusier.fr/

À esquerda, fotografia das Casas 13, 14 e 15, por Andreas Praefcke. fonte: https://www.dezeen.com/2016/07 /30/le-corbusier-weissenhof-estate-stuttgart-modernist-housing-unesco-world-heritage-list/

CASA 13 Enquanto os modelos de 1920 foram apenas desenhados e o de 1922, modelado em uma maquete de gesso, a Casa 13 em Stuttgart foi uma continuação explícita dos experimentos do arquiteto a respeito das Casas Citrohan, construída em concreto armado e contendo seus cinco princípios: pilotis que elevam o edifício e deixam parte do térreo livre, terraço jardim, planta livre, fachada livre e janelas em fita.

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Com uma planta de 75m² que se dá por módulos de 2,5m por 5m, o térreo conta com a área dos pilotis, o que remete ao modelo de 1922; duas portas de acesso ao interior da casa; paredes curvas semicirculares; cômodos menores e voltados a serviços e depósitos; presença das cores marrom e azul. Toda a circulação vertical se dá por escadas laterais de lance único.

À direita, fotografia da maquete desenvolvida pela equipe, autoria própria. Abaixo, planta dos quatro pisos da Casa 13. fonte: http://www.huispeeters.be/please-translate-in-en_gb-huis-peeters-citrohan/ Na página seguinte, fotografia da fachada sul, por Andreas Praefcke, e fotografias da maquete desenvolvida pela equipe, mostrando as divisões internas piso a piso, autoria própria. fonte: http://wikiarquitectura.com/constru%C3%A7%C3%A3o/maison-citrohan/#citrohan-7

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No primeiro andar está a sala, que ocupa quase três quartos da área da planta e tem o pé-direito duplo, presente nas Casas Citrohan desde o primeiro modelo, de 1920; nos fundos, cômodos menores, voltados à permanência reduzida ou serviços. As extensas janelas de esquadria metálica voltadas ao sul ocupam quase toda a fachada, provendo o ambiente da sala com muita iluminação natural. A pequena varanda, com guarda-corpo em concreto e barras metálicas horizontais, conversa com o terraço e traz um contraste ao se sobressair do plano da fachada sul. 85


Imagens nesta página e nas três seguintes: fotografias da maquete desenvolvida pela equipe, autoria própria.

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O segundo andar consiste em cômodos menores novamente localizados no fundo da casa, e no mezanino, que tem o limite de seu piso em diagonal, conectando o acesso da escada em um lado à medida do módulo na parede oposta. Tal inclinação dá a impressão de amplificar o espaço, que, junto com o pé-direito duplo da sala, acarreta em um dinamismo visual. A escada em espiral que fazia parte do projeto de 1920 não está mais presente na casa em Weissenhofsiedlung, e o efeito causado pelo elemento vertical conectando os pisos se mantém pelo duto de ventilação do aquecedor. O terceiro andar é composto por quartos que ocupam metade da planta, enquanto o restante é o terraço, que conta com um jardim e fechamento que mantém a unidade das fachadas, inclusive na parte descoberta. Com o passar dos anos, os moradores da Casa 13, assim como de outras casas em Weissenhofsiedlung, foram modificando principalmente os interiores às suas preferências, muitas vezes por não estarem familiarizados e não terem se adaptado às propostas modernistas das residências. Atualmente ela tem uso privado, portanto não está aberta para visitação.


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CASAS 14 E 15

Fotografias das Casas 14 e 15 em Weissenhofsiedlung. fonte: pt.wikiarquitectura.com/construção/ casa-dupla-em-weissenhofsiedlung/ fonte: https://www.stuttgart-tourist.de/a-weissenhofsiedlung-stuttgart-weissenhof-museum-im-haus-le-corbusier

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Mantendo os mesmos ideais e uma linguagem em comum, Le Corbusier também projetou as Casas 14 e 15 de Weissenhofsiedlung, situadas na região mais privilegiada do bairro. Inicialmente o arquiteto havia projetado apenas uma casa neste espaço, porém uma das diretrizes de projeto era que a residência fosse planejada nos parâmetros mínimos, com o objetivo de mostrar uma habitação de baixo custo, e por preferir não reduzir a área construída, Le Corbusier optou por dividir a edificação em duas casas geminadas para duas famílias diferentes.


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Planta dos três pavientos das Casas 14 e 15 de Le Corbusier em Wiessenhofsiedlung. fonte: www.archdaily.com/490048 /ad-classics-weissenhof-siedlung-houses-14-and-15-le-corbusier-and-pierre-jeanneret

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O layout das duas é quase simétrico e cada uma possui uma escada central que dá acesso à residência, assim como a escada, a cozinha e os banheiros são os únicos elementos que são fixos, o restante é dividido por paredes móveis, que permitem as mais diversas diagramações. A edificação possui três pavimentos, o primeiro é composto pelo saguão de entrada com forno, uma adega de carvão, a lavanderia, o quarto de empregada e armazenamento. O segundo se divide em um espaço para comer atrás da escada, a cozinha, o banheiro e um grande espaço flexível que possuía um uso múltiplo: durante o dia, a casa ficava aberta de um extremo ao outro, formando uma grande sala que se utilizava da abundância da luz do dia a partir das janelas em faixa da fachada frontal, e durante a noite, o espaço podia ser transformado em quartos, a partir de divisórias móveis e de mobiliários (como camas e vestiários) que ficam guardados nos armários durante o dia. O terceiro andar possui uma biblioteca/escritório que se abre para um terraço jardim.


Acima, fotografia da fachada das Casas 14 e 15. fonte: https://www.germany.travel/pt-mobile/cidades-e-cultura/patrimonio-mundial-da-unesco/a-obra-de-le-corbusier-em-stuttgart.html

À esquerda, fotografias exemplificando os usos variados conforme a disposiçãodos móveis e paredes móvis no interior da casa. fonte: www.archdaily.com/490048/ad-classics-weissenhof-siedlung-houses-14-and-15-le-corbusier-and-pierre-jeanneret

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A edificação expressa todos os princípios presentes no Manifesto de Le Corbusier: construção sobre pilotis, terraço jardim, planta livre, fachada livre e janela em fita. Para isso ser possível, foi utilizado uma estrutura independente de aço, e sua materialidade é visível em seu piloti, esse modo de construir é eficiente, rápido e de baixo custo, uma vez que utiliza componentes padrão e materiais industrializados. As casas concretizam o conceito de habitação mínima e de máquina de morar, e foram projetadas com a mesma precisão e lógica de automóveis e aviões. Le Corbusier projetou também o espaço interno das casas, desde as cores das paredes até os móveis que seriam utilizados, buscando adaptar o modo de construir residências para o novo tempo e o novo homem. Um exemplo disso é a facilidade que os serviços domésticos ganhavam a partir da finalização do piso e dos poucos cuidados necessários para os móveis, que concederia, às mulheres, a oportunidade de adquirir uma carreira.

Acima, fotografia do terraço jardim e, à esquerda na página anterior, fotografias do interior das Casas 14 e 15. fonte: www.archdaily.com/490048 /ad-classics-weissenhof-siedlung-houses-14-and-15-le-corbusier-and-pierre-jeanneret

Fotografias da maquete desenvolvida pela equipe, autoria própria.

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Abaixo, fotografia do atual museu de Weisenhof, nas Casas 14 e 15. fonte: https://www.stuttgart-tourist.de/a-weissenhofsiedlung-stuttgart-weissenhof-museum-im-haus-le-corbusier Na página seguinte, fotografia do interior das Casas 14 e 15, fotografia da parte externa e do terraço jardim. fonte: www.archdaily.com/490048 /ad-classics-weissenhof-siedlung-houses-14-and-15-le-corbusier-and-pierre-jeanneret’

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As casas foram expostas ao público em 1927, em que um de seus lados mostrava o layout que seria utilizado durante o dia, mostrando a amplitude da sala sem as divisórias, e o outro lado foi exposto com o layout noturno, em que as camas e divisórias estavam aparentes. Em 1933 a casa foi habitada por moradores que não se adaptaram ao modo de vida projetado por Le Corbusier, e por isso as casas sofreram profundas transformações. Foi só em 2002, com a troca de moradores, que as casas foram revitalizadas e em 2006, foram transformadas em um museu público, em que do lado esquerdo, o museu apresenta toda a história e importância de Weissenhof, e do lado direito, tem uma exibição que reproduz a mobília original e os interiores projetados por le corbusier em 1927.


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UM ESTUDO SOBRE AS CORES EM LE CORBUSIER Le Corbusier é conhecido por seus volumes brancos. Se pensarmos em seus edifícios, a cor predominante é normalmente branca ou o próprio concreto aparente. Isso dá-se, provavelmente, devido às suas influências Adolf Loos de formas sem adornos e das casas brancas e cúbicas do mar mediterrâneo. Vale lembrar, também, das suas longas e várias viagens à Grécia, onde a cor branca também é característica. Além disso, tal escolha tem relação com seus princípios, com o racionalismo e o funcionalismo – a “simplicidade”. O branco, assim, parece uma cor coerente para Le Corbusier e para o movimento moderno. Observando várias de suas obras, entretanto, podemos notar um intenso uso de cores. Le Corbusier discute diversas vezes a questão do “habiter” (morar) e como as pessoas se sentiriam no ambientes por ele projetados. Pode-se, possivelmente, afirmar que é nesse contexto que Le Corbusier julga importante o uso das cores e a reconhece como criadora de sensações e modificadoras de humor. As cores podem trazer, por exemplo, frescor, aconchego, agitação, calma, etc. Além disso, as cores criam planos de sombra e de profundidade, fazendo com que o ambiente possa ser trabalhado quase que como uma composição gráfica. Não é à toa que suas cores favoritas era as dos modernistas, do De Stijl e outros. Le Corbusier chegou mesmo a dizer que “l’intérieur de la maison doit être blanc, mais pour que le blanc soit appréciable, il faut la présence

Fotografia do interior das Casas 14 e 15 de Le Corbusier em Weissenhofsiedlung. fonte: pinterest.com/pin/8347844809025 43538/?lp=true

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Fotografias do interior das Casas 14 e 15 de Le Corbusier em Weissenhofsiedlung. fonte: https://www.youtube.com/watch?v=4OzmDDQSqzQ https://www.archdaily.com/490048/ad-classics-weissenhof-siedlung-houses-14-and-15-le-corbusier-and-pierre-jeanneret

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d’une polychromie bien réglée” (“o interior da casa deve ser branco, mas para que o branco seja apreciável, é necessária a presença de um policromado bem ajustado” – tradução própria) e ainda que “La polychromie c’est une question de vitalité” (“A policroma é uma questão de vitalidade” – tradução própria). É também por isso da sua preferência pelas cores vivas: a cor deveria fazer o branco e o concreto armado vibrarem e cantarem, a cor deveria ser o elemento de equilíbrio. A seguir serão apresentados alguns exemplos desse uso de cores:

Casa 13 e Casas 14 e 15, 1927

Weissenhof, Stuttgart, Alemanha


Villa Savoye, 1928-31

Poissy, França

Visto o entorno arborizado, Le Corbusier faz uso do verde no andar térreo dos pilotis para dar maior leveza à casa, para “desprendê-la” do chão. A seguir serão apresentados alguns exemplos desse uso de cores:

Fotografias própria.

da

Villa

Savoye,

autoria

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Unité d’habitation, 1945-52

Marseille, França

Fotografias internas e externa da Unité d’habitation, autoria própria.

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A implantação do prédio faz com que uma de suas fachadas esteja voltada para o lado do mar e outra para o continente. Le Corbusier utiliza mais vezes as cores azuis na fachada voltada ao mar e mais verde, na voltada ao continente. Na unité d’habitation, foi escolhido deixar o corredor de acesso aos apartamentos escuro como forma de “convidar” os moradores a falarem baixo, a sussurrar, e, assim, os vizinhos não serem incomodados.


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No interior dos apartamentos da Unité d’habitation, as cores também são muito utilizadas. Vale também chamar atenção ao máximo aproveitamento dos espaços, na foto à esquerda, com o planejamento dos moveis e à flexibilidade dos cômodos, na imagem à direita, com a porta que abre e fecha entre os cômodos. Fotografias internas da Unité d’habitation, autoria própria.

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Couvent de La Tourette, 1960

L’Arbresle, França

Fotografias do Couvent de La Tourette, autoria própria.

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A igreja do convento tem maior parte em concreto aparente e um belo e intenso uso de cores mais próximo ao altar e nas janelas da parede lateral direita.


A fundação Le Corbusier confiou a difusão das cores utilizadas pelo arquiteto à sociedade Les Couleurs Suisse AG, de Zurique. Les Couleurs Suisse AG criaram a marca Les Couleurs® Le Corbusier que propõe a teoria das cores de Le Corbusier e as cores originalmente utilizadas pelo arquiteto. São duas linhas de cores que a empresa propõe:

La palette de couleurs de 1931

fonte: www.lescouleurs.ch/en/the-colours/ colour-system/

La palette de couleurs de 1959

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FORTUNA CRÍTICA

CURTIS, William J. R.. Modern Architecture since 1990. 3.ed. London: Phaidon Press LImited, 1996.

“Fortuna crítica” é como algo é visto ao longo da história por especialistas do assunto. Neste capítulo, serão abordadas a fortuna crítica do arquiteto e das obras estudadas nesta monografia - Weissenhof, a “Casa 13” e a “Casa 14 et 15”. Assim sendo, o capítulo baseia-se nos principais historiadores panorâmicos, principalmente no Giedion, Benevolo e Curtis. Primeiramente, será feita uma breve apresentação de algumas poucas opiniões sobrwwwwe o movimento moderno de acordo com três historiadores para exemplificar como as críticas mudam de um historiador para o outro, de época para época. Posteriormente algumas opiniões e comentários sobre Weissenhof e finalmente sobre as casas e o arquiteto.

BENEVOLO, Leonardo. HIstória da arquitetura moderna. 2.ed. São Paulo: Editora Perspectiva S.A., 1989.

GIEDION, Sigfried. Espacio, tiempo y arquitectura. 2.ed. Barcelona: Hoepli S.L., 1958

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MOVIMENTO MODERNO

Para Benevolo, o Movimento Moderno estava em sua plenitude e os arquitetos Le Corbusier, Walter Gropius, Mies van der Rohe, Alvar Aalto, entre outros, eram os principais protagonistas do movimento. Benevolo acreditava na evolução das estruturas urbanas e da arquitetura desde o Barroco, ao seja, defendia que o movimento moderno baseava-se na história, existindo uma ligação entre movimento moderno e a história. Já Bruno Zevi expôs limitações do racionalismo europeu, exalta o Frank Lloyd Wright e reduz a importância do Le corbusier e de suas obras. Argan, por sua vez, apresenta visões mais equilibradas, nem tão apreciadoras quanto as de Benevolo, nem tão radicais como as de Zevi. Vê-se como as críticas são variáveis. Eis aí a importância de um capítulo dedicado ao estudo de como as obras estudadas são vistas ao longo do tempo.

WEISSENHOF

Curtis apresenta como weissenhof foi vista no contexto de sua construção, no período pós-guerra. A visão estava dividida entre extrema direita que acreditava ser uma “conspiração comunista internacional”, extrema esquerda que achava que a exposição era formalismo puro, e, portanto, algo sem importância, e entre os profissionais apoiadores da Arquitetura Moderna Internacional que defendiam Weissenhof como um grande aprendizado e propulsor do que viria a ser o Estilo Internacional.

Montagem representativa da opinião da extrema direita alemã sobre a exposição de Weissenhof: uma ameaça comunista. (CURTIS, pg 352)

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“A extrema direita na Alemanha rapidamente denunciou a coisa toda como mais uma evidência de uma conspiração comunista internacional, e havia até caricaturas de Weissenhofsiedlung em que camelos e árabes eram mostrados vagando uma ‘kasbah’ supostamente degenerada. A extrema esquerda rejeitou a exposição como irrelevante demonstração de formalismo, sendo particularmente severa sobre Mies van der Rohe, layout geral como algo “geológico”, uma massa escultural. Mas para proponentes e apoiadores da Arquitetura International Moderna, a exposição transcendeu suas lições fascinantes sobre habitação, exibindo diretamente o caráter do que foi mais tarde (por Alfred Barr em 1932) ser chamado de Estilo Internacional ‘. (...) Em retrospecto, 1927 parece ter sido um fator crucial ano de auto-realização em uma frente internacional para a nova arquitetura.” CURTIS, pg 198 Tradução própria

“The extreme right in germany was quick to denounce the whole thing as further evidence of an international communist plot, and there were even caricatures of the Weissenhofsiedlung in which camels and Arabs were shown wandering around a supposedly degenerate ‘kasbah’. The extreme left rejected the exhibition as an irrelevant display of formalism, being particularly harsh about Mies van der Rohe’s somewhat ‘geological, sculptural massing in the overall layout. But to proponents and supporters of International Modern architecture, the exhibition transcended its fascinating lessons in housing by exhibiting directly the character of what was later (by Alfred Barr in 1932) to be called ‘the International Style’. (...) In retrospect, 1927 appears to have been a crucial year of self-realization on an international front for the new architecture.” CURTIS, pg 198

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Giedion, por outro lado, traz somente entusiasmo no seu livro quando fala de Weissenhof. Ele apresenta a exposição como um momento de enorme importância não só para a história da arquitetura mas também para a sociedade. Ele afirma um enorme otimismo e empolgação com a exposição, apesar da oposição existente. Um otimismo que ele não sabia se já tinha existido e se existiria. Era como um anúncio de um novo tempo pós-guerra, um novo tempo para a vida, para a arte e arquitetura. “Ninguém que testemunhou os dias da inauguração negará o otimismo e a força moral disseminada por esse evento, realizada contra uma oposição que parecia invencível.”

“Nadie que presenciara los dias de la inauguración, desmentirá el optimismo y la fuerza moral difundida por aquel acontecimento, realizado contra una oposición que parecía invencible”

“Foi apenas um momento, por volta de 1925, em que cores puras empregados por Picasso, Braque, Léger e pela maioria dos pintores modernos, com sua clareza pareciam irradiar um otimismo que nunca existiu e não sabemos se ele existiria depois. Superada a guerra e a inflação, parecia que estava prestes a surgir um novo período em que o nascimento de um novo sistema de vida, uma nova arte e uma nova arquitetura eram essenciais”

“Sólo fué un momento, hacia 1925, en el cual los colores puros empleados por Picasso, Braque, Léger y por la mayor parte delos pintores modernos, con su claridad parecían irradiar un optimismo que no había jamás existido y no sabemos si existiría después. Superada la guerra y la inflación, parecía como si estuviera por surgir un nuevo período en el cual fuese imprescindible el alumbramiento de un nuevo sistema de vida, de un nuevo arte y de una nueva arquitectura.”

(GIEDION, pg 567 tradução própria)

(GIEDION, pg. 566 tradução própria)

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(GIEDION, pg 567)

(GIEDION, pg. 566)


Giedon traz alguns trechos de artigos de 1927 para mostrar esse entusiasmo e esse novo momento que acreditava-se estar por vir. Citações que afirmam que a exposição era a concretização da vontade de penetrar na vida real das pessoas, de desenvolver e expor métodos construtivos industrializados para aplicação em grande escala. Além disso, era um movimento que chamava a participação das massas para essa evolução, para “uma nova maneira de viver”. Para Giedon, Weissenhof trouxe, também, exemplos de organização racional do interior da casa, foi um momento de discussões do layout da casa. O trabalho na cozinha -sua organização e espaços- foi, por exemplo, a primeira vez a ser discutido. “A colônia habitacional de Weissenhof destaca duas grandes mudanças: a transição do método artesanal para a industrialização e a profecia de uma nova maneira de viver”

‘’La colonia de viviendas Weissenhof pone en evidencia dos grandes cambios : la transición del método artesano a la industrialización, y la profecía de una nueva manera de vivir”

“A exposição mostra, sem dúvida, a vontade de penetrar na vida real. Acreditamos que ela tem uma extraordinária importância, pois contribui para a publicidade, desde os isolados centros de trabalho de vanguarda, de novos sistemas de construção e, como conseqüência, sua aplicação em larga escala. A nova arquitetura não pode - ainda menos que outros movimentos artísticos - se desdobrar validamente sem a participação ativa das massas. Na-

“La exposición muestra indudablemente la voluntad de penetrar dentro de la vida real. Nosotros creemos que ello tiene una importancia extraordinaria, puesto que contribuye a la publicidad, desde los aislados centros de trabajo de vanguardia, de nuevos sistemas de construcción, y tienen por consecuencia su aplicación en gran escala. La nueva arquitectura no puede — todavía menos que otros movimientos artísticos — desenvolverse válidamente sin la activa participación de

(trechos de 1927 trazidos por GIEDION, pg 567, tradução própria)

(trechos de 1927 trazidos por GIEDION, pg 567)

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turalmente, os problemas que aguardam solução não vêem informados pela colaboração do público de qualquer forma. Por muitas razões, isso é sempre breve, porque é desprovido de pleno conhecimento, para recusar as novas experiências artísticas. Somente se sua inconsciência estiver a caminho de novas direções, o trabalho dos centros de trabalho terá um significado mais amplo e será adequado para servir as demandas da vida real. O germe desta evolução aparece na exposição de Stuttgart, e é isso que importância.” (trechos de 1927 trazidos por GIEDION, pg 567, tradução própria)

las masas. Naturalmente, los problemas que esperan solución no vienen informados por la colaboración del público en forma alguna. Por muchas razones, éste está siempre pronto, por hallarse desprovisto de un pleno conocimiento, a dar su negativa con respecto a las nuevas experiencias artísticas. Solamente si su inconsciencia logra encaminarse por rumbos nuevos, la labor de los centros de trabajo tendrá un significado más amplio, y será idónea para servir las exigencias de la vida real. En la exposición de Stuttgart aparece el germen de esta evolución, y en ello consiste su importancia.” (trechos de 1927 trazidos por GIEDION, pg 567

Outra característica muito discutida foi o fato dos edifícios acabarem sendo todos parecidos entre si apesar da ausência de estipulação de regras para tal. Arquitetos de diferentes lugares, de diferentes contextos, haviam todos projetados prédios num mesmo estilo, o que viria a se tornar o Estilo Internacional. Dessa forma, a exposição foi como uma afirmação que um idioma compartilhado tinha sido alcançado, apesar da diferença e individualidade dos projetos. O ano de 1927 talvez seja o ano de consolidação do novo estilo, devido ao importante papel desempenhado pela exposição de Weissenhof. Apesar disso, Curtis também menciona que ao mesmo tempo que Weissenhofsiedlung foi impulsionador, também agiu como um “forte lembrete de que as novas formas ainda tinham um longo caminho a percorrer antes de receberem aceitação oficial” (Curtis, pg. 259), mostrando que os projetos não tinham sido amplamente aprovados. 116


Para Benevolo, a importância de Weissenhof estava na concretização do novo conceito de habitar, não era um mero conjunto de edificações parecidas entre si, mas uma exposição da urbanística e da arquitetura defendidas pelos arquitetos modernistas.

CASAS 13, 14 e 15

Le corbusier tinha princípios bem estabelecidos para a questão da moradia. O conceito da “Maison Citrohan” era uma forma de atingir a casa como “machine à habiter”, como explicado em capítulos anteriores. Críticos consideravam que a solução de Le corbusier era prática, poética e amplamente reconhecida. “ [Le Corbusier] oferece a solução poética, que é a única que todos parecem reconhecer, mas que é também a solução mais prática e acertada. Não conheço uma definição mais exata e culta da função da casa na arquitetura moderna do que aquela que ele ofereceu: a casa é uma machine à habiter. Esta definição é tão precisa que ainda suscita o desprezo de muitos críticos; e ressalte-se que é muito mais do que um simples slogan. É a definição wmais revolucionária da arquitetura moderna.” (BENEVOLO, pg 430, citação de Rossi A. Casabella)

Sobre a questão da moradia, é curioso pensar sobre quando surgiram os primeiros projetos de casas coletivas que o arquiteto não conhecia o futuro inquilino, quando esse conceito era uma “novidade”. Assim, os arquitetos tiveram que adaptar seus métodos projetuais, deve-se considerar as tendências gerais do mercado, analisar a provável vizinhança, os possíveis problemas que possam surgir entre os locatários etc. (BENEVOLO) As casas de Weissenhof foram majoritariamente construídas sem se conhecer o inquilino, incluindo as Casas 13, 14 e 15 projetadas por Le corbusier. Segundo Curtis, as casas de Le corbusier possuem dois “esquemas” diferentes apesar de ambas serem claras demonstrações dos “ Cinco pontos de uma nova arquitetura “. A casa 13 é uma habitação “Citrohan” mais exemplar e a casa 14 e 15, uma versão maior da 13 e com “pilotis dramaticamente anunciados”. 117


“O edifício maior de Le Corbusier, com seus pilotis, sua caixa esticada e flutuante, suas extensões de vidros, suas imagens náuticas e quase obsessivas demonstrações dos Cinco Pontos, diferia do bloco de apartamentos planimétrico e terrestre muito mais contido e fechado de Mies van der Rohe, com seas colunas estruturais correndo ao longo da linha central. A casa menor de Corbusier era uma casa sofisticada renderização do tema da Maison Citrohan, empregando planos de cores diferentes, pilotis delgados e aberturas cuidadosamente controladas.”

“Le Corbusier’s larger building, with its pilotis, its taut, hovering box, its expanses of glazing, its nautical imagery and its almost obsessive demonstration of the Five Points, differed from Mies van der Rohe’s far more contained, closed, earthbound and planimetric block of flats, with its structural columns running along the centre line. Le Corbusier’s smaller house was a sophisticated rendering of the theme of th Maison Citrohan, employing different-coloured planes, slender pilotis and openings carefully controlled” (CURTIS, pg 258-9)

(CURTIS, pg 258-9 tradução própria)

As Casas 14 e 15, dentre as 21 de Weissenhof, foram as que atraíram a maior atenção no contexto da inauguração, tendo críticas tanto positivas quanto negativas. Le Corbusier, assim como outros arquitetos, pensavam e defendiam uma habitação racional e funcional, uma “habitação mínima” - considerando-se os padrões e conceitos da época. Assim, os modelos deveriam refletir essa nova forma de vida doméstica. O conceito de habitação mínima, entretanto, acabou gerando alguns ambientes impraticáveis como um corredor estranho e desconfortável de 27,5 polegadas e o quarto da empregada extremamente pequeno ao ponto de ser inutilizável, problema recorrente também em outras casas. Outra crítica foi à amplitude das janelas em fitas pouco adaptadas ao clima de Stuttgart, diferentemente das necessidades das casas mediterrâneas que o influenciaram. Já a Casa 13 era maior que a 14 e 15, reduzindo as críticas às dimensões. Ela é 118


um grande exemplo do conceito “Maison Citrohan” de Le Corbusier Giedion, traz uma discussão sobre o uso de pilares à vista nas casas de Le Corbusier e de Mies van der Rohe. Ele diz que há aquelas pessoas que os consideram desagradáveis à vista e outras que os defendem como consolidador da nova contemporaneidade, como uma necessidade desse novo momento. As primeiras dizem que esses arquitetos têm dificuldade de compreensão dos métodos construtivos tradicionais de paredes portantes. Já as segundas, e dá-se a entender que também Giedon, o reconhecem como sinônimo de liberdade ao projeto, ao espaço e ao andar. Traz completa liberdade de expressão à casa com fachada independente e planta livre. O pilar passa de um valor meramente estrutural a uma nova qualidade expressiva. Esses pilares contínuos trazem força e dinâmica à casa para a visão do espectador contemporâneo. (Giedion, pg 570)

LE CORBUSIER

Para falar de Le corbusier, Benevolo inicia fazendo uma contextualização da França para compreender o contexto de inserção do arquiteto. A França passava por um momento de equilíbrio demográfico e de grande estabilidade política e econômica. Dessa forma, os problemas à serem resolvidos eram majoritariamente qualitativos, como aperfeiçoamento de residências e serviços. Enquanto em 1990 diversos países discutiam o Art Nouveau, a França já participava de discussões internacionais sobre a arquitetura. Nesse contexto, apesar de Le Corbusier estar procurando ir de encontro com as exigências da sociedade moderna, ele também considerava a poética clássica, mas não a utilizava como regra, e sim como referência. Benevolo defende que Le Corbusier soube assumir muito bem essa tarefa de unir as tradições de seu país sem perder a relação com o movimento internacional. A preocupação dos arquitetos da geração anterior ao movimento moderno atentavam-se, segundo Benevolo, aos detalhes, textura e materiais. Com o modernismo, os detalhes perdem importância e a atenção volta-se ao conjunto como um todo. Le corbusier, por exemplo, dosava a relação dos elementos funcionais eliminando elementos meramente decorativos ou acessórios. (BENEVOLO) 119


Para além das questões arquitetônicas, Curtis afirma que a arquitetura e o urbanismo eram, para Le Corbusier, preocupações que se sobrepunham. O arquiteto defendia que com a tecnologia e bons princípios, uma ordem natural e harmônica poderia ser estabelecida. O historiador diz que essa visão utópica, que teve raízes nos pensadores do século XX, pregava a reconciliação e harmonização da natureza e da máquina. Essa harmonia dos projetos de Le corbusier é mencionada por Benevolo como algo que o arquiteto controlava muito bem, sendo um fator de admiração nos seus projetos urbanos e arquitetônicos, de “vias” e “edifícios”, respectivamente, bem classificados e integrados com a vegetação. “Sempre se admirou a lógica abstrata do plano de Le Corbusier; as vias são classificadas segundo os tipos de tráfego, os edifícios são racionalmente ligados entre si e imersos no verde, as exigências dos pedestres, do automóvel e do avião harmonizam-se num quadro unitário. O corte do ambiente é amplo e conserva as melhores qualidades da tradição francesa: a escala grandiosa audaciosamente antecipada em relação às necessidades funcionais, a regularidade geométrica e a monumentalidade não separada da delicadeza.” (BENEVOLO, pg 431)

Esse controle dos meios de expressão e consequente forte capacidade de transformar suas intenções em construção real é, segundo Benevolo, um domínio adquirido por Le corbusier em meados da década de 1920. Isso deve-se, provavelmente, ao período de intensa criatividade e produção que ele teve de 1918-1924, marcado pelo estabelecimento dos seus princípios. O historiador ainda afirma que embora o racionalismo fosse um dos partidos de Le Corbusier, ajustes eram feitos para atender às intenções formais e que as técnica utilizadas eram relativamente grosseiras, provavelmente pois a industrialização ainda não estava no mesmo ponto que seus princípios, exigindo muitas adaptações. Foi nesse contexto, em 1926, que 120


Le Corbusier pontuou mais concretamente como deveria ser essa nova arquitetura. “Em 1926, pela primeira vez, Le Corbusier não diz se a nova arquitetura deve ser subjetiva ou objetiva, imanente ou transcendente, mas diz que deve ser deste e daquele modo: deve ter pilotis, a planta livre e até mesmo o teto-jardim e a janela comprida.”

(BENEVOLO pg 434)

Além desses princípios, as proposições da Maison Citrohan, os princípios dos Cinco Pontos de uma Nova Arquitetura e as propostas da Vers une architecture também estavam, segundo Curtis, explicadas e definidas a um grau extremo. Em 1927, Le Corbusier havia conseguido produzir várias obras de alta ordem em um novo estilo. Esse estilo baseava-se no passado, adaptando-o à vida moderna. Como Wright, ele tinha estabelecido um sistema arquitetônico inteiro, “combinando regras lógicas, estruturais e intuitivas: um conjunto de ‘formas-tipo’, capazes de inúmeras variações e combinações, e abordando todas as escalas, desde a janela individual até a janela inteira cidade.” (Curtis, pg 181). O sonho utópico inicial das máquinas, como mencionado, continuaria a influenciar as invenções arquitetônicas de Le Corbusier. Segundo Curtis, suas descobertas mostravam-se soluções carismáticas e resolviam o problema de uma linguagem arquitetônica moderna autêntica. O historiador defende que é por isso que a inovação de Le Corbusier deve ser considerada em um contexto mais amplo que modernismo emergente na Europa, na União Soviética e nos Estados Unidos. Curtis diz que, em 1928, Le Corbusier alcançara sua síntese, que ele era um arquiteto maduro da mais alta ordem. Resumidamente, pode-se dizer que Le Corbusier buscava a mecanização, a ordem geométrica e a natureza. Curtis pontua que para Le Corbusier apenas definir os “padrões” de uma nova arquitetura não era o suficiente, o arquiteto acreditava que ele devia assumir, também, a questão da cidade e da sociedade do futuro. Se isso era simplesmente um exercício teórico ou se ele seriamente acreditava poder controlar todas essas questões é uma pergunta sem resposta 121


levantada por Curtis. É curioso, entretanto, que apesar dessa busca pela mecanização, por volta de 1930 Le corbusier passa a apresentar maiores preocupações climáticas e crescente interesse pela “ordem natural das coisas”, pelo “natural” e “orgânico”. Isso provavelmente deu-se pelas viagens realizadas no período, incluindo África do Norte, Brasil , os trópicos e o Mediterrâneo. Le corbusier, passava, assim a se atrair pela arquitetura vernacular, pelas formas folclóricas e pela a harmonia entre as pessoas. Curtis assinala que isso não significa que Le Corbusier estivesse abandonando “a máquina”, mas é uma nova fase na qual há uma polarização entre o mecânico e o natural.

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REFERÊNCIAS

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