Revista Ímpar - Edição 01

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SUMÁ-

JOGA BONITO

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VIAJANDO MUNDO AFORA

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CULTURA OLÍMPICA CONHECENDO UM POUCO DOS PAÍSES QUE ESTARÃO NAS OLIMÍADAS 2016. NESSA EDIÇÃO TEREMOS A NOVA ZELÂNDIA.

SUMÁRIO Fora da Zona de Conforto / página 5 Hey, Dublin / página 8 Bem-Vindo ao Brasil / página 12 Dicas do Rio / página 16 Cultura Olímpica / página 19 Ser diferente é normal / página 22 Perfil com Danilo Vieira / página 26 O teatro e seu universo / página 29 BEM-VINDO AO BRASIL

Crônica da edição / página 31

ENTREVISTA COM UM CANADENSE, OLIVIER, QUE VEIO ESTUDAR NO RIO DE JANEIRO.

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PERFIL PROFISSÃO

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VIAJANDO MUNDO AFORA

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PERFIL COM DANILO VIEIRA

HEY, DUBLIN! ENTREVISTA COM UM ALUNO DA UFRJ QUE FOI PARA DUBLIN NA IRLANDA PELO PROGRAMA

A REVISTA ÍMPAR ENTREVISTOU DANILO

CIÊNCIA SEM FONTREIRAS (CSF) . ELE CONTOU SEUS DESAFIOS E DIFICULDADES NESSA NOVA

VIEIRA PARA ENTENDER UM POUCO DO

JORNADA.

PERFIL JORNALISTA.

TURISMO

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EDITORIAL A vida é curta demais para não ser ímpar! No último mês, o time da ímpar esteve de figuras ímpares, daí surgiram nossos focado em criar uma primeira edição marcante personagens e, deles, as matérias. Das conversas para esse nosso novo projeto, A REVISTA, tarefa e brainstorms, vieram temas e, dos temas, mais indescritivelmente difícil. Queríamos imprimir e divulgar a nossa cara,

matérias. Essa troca de ideias e experiências nos

criar a nossa marca e, como o nosso próprio trouxe ao que vocês irão ver ao abrirem a revista nome diz, contamos com um time único, singular. e entrarem na nossa viagem, partilharem Foram 8 cabeças pensantes e, em cada cabeça, um de nossas experiências. Essa foi a forma que mundo.

demos ao nosso projeto gráfico, artístico e

Convergimos todos esses mundos em um cultural, cada elemento com sua importância,

DICAS DO RIO

plano: o da diversidade. Percebemos que se todos cada escolha muito bem pensada, pesada e

QUER CONHECER LUGARES ÚNICOS E

nós somos distintos e pensamos diferente, somos elaborada. Esperamos inspirar e encorajar a

INCRÍVEIS NO RIO DE JANEIRO? AQUI VOCÊ

diversos. O mundo é diverso! A diversidade de inovação e a singularidade dos nossos leitores.

ENCONTRA AS MELHORES DICAS.

todos cria um coletivo multicultural.

Muito obrigado por nos ler!

Encontramos e conversamos com dezenas

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Marcella Falcão


COLABORADORES Kariny Leal, 19 anos. Sempre quis fazer jornalismo na UFRJ e é isso que pretende seguir. Já fez um período de Estudos de Mídia na UFF, mas logo passou pra ECO e lá está. Redatora e Revisora da Ímpar.

Isabela Izidro, 18 anos. Paulista, leonina, sonhadora, apaixonada por futebol, sertanejo e tomate. Tenta todos os dias morar no Rio de Janeiro, mas vive mesmo é no mundo da lua. Cursa Comunicação na UFRJ. Redatora e Revisora da Ímpar.

Mariana Martins, inacreditáveis 21 anos. Tentou arquitetura, mas não teve jeito: é inegavelmente de humanas. Futura jornalista pela UFRJ, pisciana, arquiteta apenas de planos que dificilmente saem como o esperado. Leitora e sonhadora por natureza. Aprecia chocolate, boas conversas e dias de sol. Redatora e Coordenadora da Ímpar.

Lucas Santos, 19 anos, pensou em milhões de cursos até conseguir escolher um. Ainda chegou a escolher errado e desistiu de Geografia para entrar em Comunicação, em que espera se encontrar cursando Radio e TV. Redator da Ímpar.

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Mathias Felipe, também conhecido como MF, paulista, gosta de viagens e culturas diferentes, curte viver a vida ao extremo e ainda quer fazer uma volta ao mundo. Redator e Editor da Ímpar

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Débora Mesquitta tem19 anos, é estudante da Eco e atriz de teatro. Sempre quis trabalhar com comunicação (para total espanto de seus pais), hoje pensa em ser publicitária, mas PERFIL COM DANILO VIEIRA

quem sabe não muda de ideia? Fez um período de Relações Públicas da UERJ e não se identificou com o curso. Talvez até desista de tudo e faça circo... é... pensando bem pode ser uma boa ideia! Redatora e Produtora Gráfica da Ímpar.

Pedro Henrique Carvalho tem 17 anos. Largou Ciência da Computação para fazer Comunicação Social. Por enquanto, quer a habilitação de Produção Editorial, mas nunca se sabe o rumo que a vida pode tomar. Gosta de pop punk e veste roupas pretas. É um emo fora de época, basicamente. Redator e Produtor Gráfico da Ímpar.

Marcella Falcão, quer ser jornalista desde muito cedo, antes mesmo de saber o que era Jornalismo propriamente dito. Cursou 6 períodos do curso na UFPE, e apesar de só ter confirmado sua escolha por Jornalismo, veio para o Rio de Janeiro atrás de novos horizontes. Hoje é uma aluna da

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Eco desperiodizada, porém, realizada. Redatora e Editora da Ímpar.


Fora da Zona de Conforto ESTUDANTES BUSCAM SONHOS E GANHAM EXPERIÊNCIAS Marcella Falcão

Fabiano Silveira/ Arquivo Pessoal; Reprodução/Internet

Se entrar na faculdade já é uma

o Sisu, plataforma digital criada em 2010

documentos que comprovem a dificuldade

grande mudança para os milhares de jovens

pelo Ministério da Educação (MEC), que

de quem pleiteia em conseguir moradia.

e adultos que ingressam semestralmente

classifica os estudantes por meio de seu

Grande parte desses estudantes

nas universidades, fazer isso morando em

desempenho no Exame Nacional de

que estão de mudança para estudar tem

outra cidade, e muitas vezes sem conhecer

Ensino Médio, o famoso e polêmico Enem.

idade entre 17 e 21 anos, alguns acabaram

ninguém é um desafio ainda maior. Sair de

O “ir e vir” dos estudantes está se

de terminar o ensino médio, outros

casa é um sonho para alguns estudantes,

tornando comum e natural, e, algumas

frequentavam

mas pode ser um pesadelo para outros.

Instituições já se organizam para receber

outros vêm de algum outro curso, e dentre

Deixar a comodidade do lar, o carinho dos

quem vem de fora, prestando informações

estas

pais e a ausência de responsabilidades

sobre clima, alimentação, disponibilidade

conseguem lidar com tantas mudanças?

domésticas para encarar uma vida nova

de lugar para morar e mobilidade. A

pode não ser nada fácil. Por outro lado,

maioria

Federais

de Belo Horizonte, no estado de Minas

fazer o curso dos seus sonhos em uma boa

espalhadas pelo país também oferecem

Gerais, chegou no Rio de Janeiro há 3

universidade pode valer esse “sacrifício”.

moradia estudantil, como é o caso da

meses para iniciar o curso de Comunicação

das

Universidade Federal do Rio de Janeiro, de

Social na Universidade Federal do Rio de

universidades e institutos federais ao redor

Minas Gerais e a Federal de Pernambuco,

Janeiro, UFRJ, e contou que já planejava

do Brasil tem mudado progressivamente

que selecionam os alunos que não moram

esta mudança há cerca de dois anos. O

com

na cidade onde estudam mediante

estudante, que mora sozinho em uma

tradicionais pelas instituições e o aumento

o

kitnet no bairro de Copacabana, Zona Sul

da adesão ao Sistema de Seleção Unificada,

socioeconômicos,

O

o

perfil

abandono

dos

dos

alunos

vestibulares

das

Universidades

preenchimento

de e

questionários

apresentação

de

inúmeras

cursos

pré-vestibular,

possibilidades,

como

Fabiano Silveira, de 18 anos, natural

do Rio de Janeiro, diz estar se adaptando

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bem e gostando da experiência de morar

Patos de Minas, e não tem vontade de

constatou que 53% dos jovens brasileiros

na cidade. “Eu me adaptei bem, mas

voltar para lá. “Não penso em voltar pra lá,

consideram que a maior conquista de

sempre bate aquela saudade né?! Estou

quero continuar aqui mesmo, ou se surgir

suas vidas é a independência financeira.

gostando bastante daqui, mas é bem

oportunidade, vou para outros lugares,

A pesquisa foi realizada com jovens de

diferente do que eu pensava, as vezes

mas lá não”, disse. “Fui muito bem recebido

12 a 30 anos. Aliado a este motivo, está a

bate aquela dúvida se é isso mesmo que

aqui, gostei bastante do pessoal e ainda

vontade de crescer pessoalmente, criar

quero”, disse.

não sei o que quero do meu futuro, qual

responsabilidades e passar a ter liberdade.

habilitação vou escolher, que área vou

É fácil constatar que estudar em uma

atuar”, completou.

universidade longe de casa ajuda não só

A transferência de cidade implica mudanças que vão além de adaptar-se a uma região. Adaptar-se a uma nova rotina

O maior motivo para sair de casa

a se graduar, mas também a evoluir como

independente e a uma mudança cultural

é a busca pela estabilidade financeira,

pessoa. Isso porque o aprendizado ocorre

brusca, em alguns casos , também é de

sonho de muitos jovens ao ingressar em

também fora do período de aula.

suma importância. Fabiano residia em

uma universidade. O Instituto DataFolha

PATOS DE MINAS, BH A cidade de Patos de Minas surgiu na segunda década do século XIX em torno da Lagoa dos Patos, onde segundo as descrições históricas existia uma enorme quantidade de patos silvestres. Uma das características marcantes da região é o seu artesanato. São tecelagens rústicas, bordados em ponto-cruz, crochê e tricô. A palha, o capim, o bambu e a madeira também servem como matéria-prima para belos trabalhos. Patos ainda esconde recantos naturais propícios para o desenvolvimento dos esportes ligados à natureza. O turismo rural também tem vem de se desenvolvendo na região.

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Hey, Dublin!

EM ENTREVISTA PARA A ÍMPAR, CHRISTIANO BENICIO PINTO, ALUNO DE COMUNICAÇÃO VISUAL DESIGN NA UFRJ (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO), CONTA TUDO SOBRE O INTERCÂMBIO QUE ESTÁ FAZENDO EM DUBLIN, NA IRLANDA. LONGE DA FAMÍLIA E DO CALOR DO RIO DE JANEIRO, CHRISTIANO FALA SOBRE OS PRAZERES E DESAFIOS DA REALIZAÇÃO DESSE SONHO. Mariana Martins

Christiano Benicio/Arquivo Pessoal

Entrar em uma universidade pública é o sonho de milhares de estudantes brasileiros. Todo ano a saga dos vestibulandos se repete, e diversos jovens enfrentam a difícil jornada de estudos para ingressarem nos cursos tão desejados. Imagine realizar esse sonho e, uma vez dentro da faculdade, ter a chance de continuar os estudos em um país a sua escolha? Com o programa Ciência sem Fronteiras, surgiu uma oportunidade para os alunos desbravarem continentes, conhecendo outras culturas, paisagens e pessoas. E tudo isso, claro, com muito conteúdo e aprendizado nas diversas universidades espalhadas pelo globo, que se encontram prontas para receber os novos e curiosos estudantes. ÍMPAR - Olá, Christiano, muito frio por aí? CHRISTIANO - Eu peguei -15ºC na Suécia dias atrás, chegava a doer a mão (risos). Mas aqui na Irlanda está 12ºC de dia e a noite 8ºC. Estou com medo quando voltar ao Brasil, vou derreter! (risos). ÍMPAR - Como foi o processo seletivo para estudar na Irlanda? CHRISTIANO - O processo seletivo se deu através do programa do governo federal, Ciência sem Fronteiras (CsF). A princípio não é tão complicado, basta preencher todos os requisitos do edital do país que você deseja se candidatar. O que complicou meu processo foi a nomenclatura do Campus da Universidade

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meu curso, que se chama “Comunicação Visual Design”. Segundo o edital geral do CsF, ciências


sociais e humanas não são contempladas pelo programa e como o nome do meu curso possui a palavra “comunicação”, o sistema automaticamente me excluiu do processo. Até provar que meu curso é da indústria criativa (área que é contemplada pelo programa), tive que entrar com processo judicial e tudo mais. ÍMPAR - Qual foi a primeira sensação ao pisar em solo estrangeiro e pensar “eu vou morar aqui”? Você viajou com algum amigo ou sozinho? CHRISTIANO - Foi um misto de ansiedade, felicidade e muitos outros sentimentos, que me deixaram atônito, sedado. Eu nunca tinha pisado em solo

Para participar do programa Ciência sem Fronteiras, o aluno deve ser brasileiro ou naturalizado, estar regularmente matriculado em instituição de ensino superior no Brasil em cursos relacionados às áreas prioritárias do CsF (no site é possível encontrar todas as áreas disponíveis). O aluno também precisa ter sido classificado com nota do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM com no mínimo 600 pontos considerando os testes aplicados a partir de 2009, deve possuir bom desempenho acadêmico e ter concluído no mínimo 20% e no máximo 90% do currículo previsto para o curso de graduação. Além de ser necessário apresentar um teste de proficiência em inglês. No momento o programa encontra-se congelado, porém torcemos para que retome suas atividades em breve. Entre no site para saber muito mais: www.cienciasemfronteiras.gov.br

estrangeiro antes e de repente já estava de mala e cuia, pronto para passar um ano inteiro longe de casa, vivendo por conta própria num país diferente e tendo que falar uma língua que eu mal domino. Começar um intercâmbio é uma pequena amostra da vida adulta, é preciso dar a cara à tapa. Creio que foi a conquista da qual mais me orgulho até hoje. Viajei praticamente sozinho, pois o outro intercambista que viajou comigo eu conheci no dia e conversamos pouco durante a viagem. Não viajei com meus amigos mais próximos, pois eles conseguiram uma promoção de passagens depois que eu já tinha comprado a minha. Confesso que tive aquela invejinha branca (risos), mas por outro lado fazer uma jornada dessas “sozinho” te dá mais espaço para refletir sobre estas mudanças de forma mais profunda e particular. A solidão também tem seu valor. ÍMPAR - O que de principal você acha que está aprendendo com essa experiência? CHRISTIANO - Não que eu nunca tivesse dado valor antes, mas agora dou mais ainda ao teto e ao pão que meus pais me dão. Sou de uma família de classe média, fiz o ensino médio e técnico no CEFET/RJ (Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca), curso o ensino superior na UFRJ, estagiava no Brasil, enfim, tenho consciência que sou parte

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dos poucos privilegiados do nosso país.

negativas às vezes. Mesmo sendo menos

(desculpa). Aliás, eles usam “sorry” como

Portanto, morar com pessoas diferentes,

frio do que muitos países europeus, para

“excuse me” também, enfim, é uma palavra

cuidar do meu orçamento mensal, ser

um carioca como eu foi um pouco difícil.

mágica aqui. Falando em mágica, foi

responsável por colocar a comida na mesa

interessante observar como o “Leprechaun”

e às vezes ter que limpar sujeira alheia e

ÍMPAR - E da universidade (com relação ao

é uma lenda muita turística, a mitologia

lavar louça de outros flatmates para poder

ensino)?

irlandesa é rica e eles possuem histórias

preparar a minha comida foi e está sendo

Christiano - Em relação ao ensino, pelo

fantásticas, mas apesar disso, eles não dão

uma aula de convivência, relacionamentos

menos o meu curso no Brasil não deve

tanta atenção para o Leprechaun (risos).

e independência. Também aprendi a dar

em nada ao que estou aprendendo

Ah, eles também bebem demais, demais

valor à algumas coisas da cultura e dos

aqui.

mesmo. Isso porque não pode beber na rua,

hábitos do Brasil, este nosso complexo

infraestrutura melhor, laboratórios novos,

de vira lata é muitas vezes infundado e é

mais segurança e isto de certa forma

preciso dar uma voltinha aqui fora para

influencia no desempenho acadêmico

ÍMPAR - Do que mais sente falta no Brasil?

rever os nossos conceitos.

também. Porém, tratando-se apenas de

CHRISTIANO - Da comida, dos dias sem

ensino, no Brasil temos mais flexibilidade

chuva e da água. Irlandês nAão paga conta de água, talvez por isso seja péssima (risos).

Obviamente,

aqui

temos

uma

imagina se pudesse.

ÍMPAR - Quais foram os maiores desafios

e opções para montar nossa grade e creio

até agora?

que somos até mais organizados que os

CHRISTIANO - Ter coragem de abrir a boca

irlandeses. E olha que eu não fui o único

ÍMPAR- Você recomenda a experiência?

para falar inglês nas primeiras vezes, com

que constatou isso.

CHRISTIANO - Sem dúvidas, viver fora do país e ainda gratuitamente (no caso

medo de ser julgado, parecer um idiota, falar como um neandertal... Enfim, essas

ÍMPAR - O que você acha que vai trazer de

do Csf ) é uma oportunidade única.

besteiras que com o tempo, convivência e

melhor quando voltar?

Recomendo a todos um intercâmbio, é

estudos melhoram bastante.

Christiano - Experiência cultural, evolução

uma oportunidade de crescimento pessoal,

pessoal, além de inspiração para novas

cultural e profissional enorme. São histórias

ideias e criações.

e memórias que sempre arrancarão aquele

ÍMPAR - Quais são as principais diferenças de Dublin pro Brasil?

sorriso de canto da boca, aquela expressão

CHRISTIANO - A Irlanda é bem pequena.

ÍMPAR - O que você achou de mais curioso

de satisfação e orgulho por ter feito e

O centro de Dublin, a capital do país,

no local?

vivenciado tudo isto.

é muito menor que o centro do Rio. A

CHRISTIANO - Os irlandeses são bem

cultura dos ancestrais irlandeses (celtas e

educados, se você esbarra na rua com um

vikings) é muito viva, enquanto no Brasil

deles e mesmo que a trombada seja culpa

estamos quase matando nossos poucos

sua ele provavelmente vai dizer “sorry”

índios que restam. Por ser uma capital de um país em crescente econômica, ser bem internacionalizada e ainda assim ser pequena, as coisas funcionam de forma mais fácil aqui. Consigo fazer quase tudo de bicicleta, pego ônibus com facilidade também e não temo tanto pela minha segurança quanto temia no Rio. A cidade é mais limpa e possui mais parques públicos. Em relação ao clima, aqui chove muito durante todo ano, no inverno anoitece às 16h e chega-se à sensações térmicas

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A Irlanda é uma pequena ilha, dá para atravessá-la em 4h de carro! A capital da Irlanda é Dublin, enquanto a da Irlanda do Norte é Belfast. São dois países diferentes desde 1921, quando a ilha foi dividida. O país é lar do tradicionalíssimo St. Patrick’s Day, celebração anual que toma a cidade. A Guinness, uma das cervejas mais famosas do mundo, tem sua fábrica em Dublin e é uma das maiores atrações turísticas da Irlanda, recebendo 4 milhões de visitantes por ano. Ela virou uma espécie de bebida-símbolo de comemorações. Além disso, foi em Dublin que surgiu a famosa (e incrível) banda U2! Sugestão da edição: A música Every Breaking Wave, da banda U2. Filmado na Irlanda, vale a pena conferir o clipe!


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Bem-Vindo ao Brasil

COMO BOAS-VINDAS AO OLIVIER, UM ESTUDANTE CANADENSE QUE VEIO AO BRASIL PASSAR UM PERÍODO DE INTERCÂMBIO, CONVERSAMOS COM ELE SOBRE SEUS DESAFIOS E CURIOSIDADES DO PAÍS. Mathias Felipe Olivier Dorais-Dumas/Arquivo Pessoal

Contra o fluxo brasileiro, mui-

Rio Grande do Sul (PUC-RS), que oferece,

tos estrangeiros estão vindo ao Brasil

desde 2014, disciplinas básicas como Cál-

estudar nas Universidades, seja de in-

culo em inglês e português.

tercâmbio, ou cursar uma graduação

Isso é fator essencial para a inter-

completa. A busca pelo país tem di-

nacionalização das Universidades, uma

versos motivos como temperatura am-

vez que o português é falado em pou-

biente, qualidade do ensino e conhe-

cos países e não possui grandes progra-

cimento no idioma.

mas de fomentação

Realmente o idioma

O que fez Olivier vir

do idioma em outros

pode ser uma bar-

para o Brasil foi sua

países. Porém, o pro-

“paixão pelo futebol e

blema também foge

reira para esses alunos, como ouvimos na nossa entrevista com

Olivier.

Para

isso, recentemente,

o clima do país, sempre com a sensação de verão durante o ano.”

renomadas Universi-

da sala de aula e vai até onde alunos tem dificuldades de relacionar com as pessoas, desde compras à

dades começaram a oferecer cursos em

pequenas conversas, pois o inglês ainda

dois idiomas possibilitando alunos bra-

é deficiente na educação brasileira. Con-

sileiros e estrangeiros decidirem qual

versamos com um intercambista que

idioma desejam cursar, como é o caso

veio cursar parte de sua faculdade no Rio

da Pontifícia Universidade Católica do

de Janeiro e ele nos contou um pouco

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dessa experiência e dos desafios que enfrenta. Olivier Dorais-Dumas tem 20 anos e vem de Montréal no Canadá, que é a maior província da região de Quebec onde a língua oficial é o francês. Por um acordo entre sua universidade, a Concordia University, e a PUC Rio de Janeiro (PUC-RJ), ele pode cursar algumas matérias que serão revalidadas na sua universidade de origem. Esse procedimento, no qual o aluno cursa parte em uma universidade e parte em outra, é conhecido como Graduação Sanduíche e permite que ele consiga complementar sua formação com diferentes cursos que talvez sua universidade de origem não ofereça. Olivier contou que o que mais motivou sua vinda ao Brasil foi sua paixão pelo futebol e o clima do país, sempre com a sensação de verão durante o ano. Na sua cidade, atualmente é inverno e as temperaturas chegam a bater 25 graus negativos, o que impossibilita que ele pratique atividades esportivas ao ar livre como gosta, por exemplo o futebol. Além disso, comentou sobre o estilo de vida brasileiro que sempre lhe atraiu atenção e é comumente um dos maiores elogios ao povo brasileiro. Na contramão do que o Brasil tem de melhor ele comenta a segurança como o pior. A cidade do Rio de Janeiro é conhecida como uma das que apresentam um dos mais altos índices de violência no Brasil e esse fator influencia na percepção dele do país.

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Quando perguntado sobre sua vi-

vê nenhuma dessas características como

Questionado sobre alguns dos

são do Brasil antes de vir para cá, ele foi

positivas ou negativas. Apesar do medo da

problemas sociais do Brasil em compara-

enfático ao lembrar que o Carnaval é uns

violência, já teve a oportunidade de entrar

ção com o Canadá, como educação, Oliver

dos melhores períodos para se visitar o

em uma comunidade e contemplar umas

acredita que as universidades são tão boas

país e que as mulheres são lindas e não

das mais belas vistas do Rio de Janeiro, o

quanto no Canadá devido ao histórico

têm medo de mostrar sua

das boas universidades,

beleza nesse período do

Apesar das dificuldades, as pessoas que vivem

apesar de não conhecer

ano, mas deve sempre to-

nas comunidades ainda têm uma felicidade

sobre todo o ciclo educa-

mar certo cuidado nesse

que supera isso.

cional. Já com relação a

período, pois o risco de assaltos é grande, ele reafir-

“Continuem com essa alegria de viver e

ma sua preocupação com

festejar!”, disse Oliver.

a segurança. “E qual a dife-

desigualdade social, ele disse como é triste ver tanta riqueza e miséria lado a lado, mas pode ver que

rença para as Canadenses?”, perguntamos.

Morro Dois Irmãos, que permite a visuali-

apesar das dificuldades, as pessoas que

Ele diz que elas são mais reservadas, já as

zação de toda a cidade e mostra por que é

vivem nas comunidades ainda têm uma

brasileiras são menos tími-

a cidade do Brasil mais visitada por turistas

felicidade que supera isso. Ele acredita que

estrangeiros.

o governo pode trabalhar para que todos

das. Apesar dessa contradição, ele não

obtenham benefícios da mesma forma e diminua essa grande desigualdade social. Sobre os desafios, Olivier reafirmou

MONTREAL, CANADÁ Montréal é a maior cidade da província de Quebec e está localizada ao sudeste do Canadá em fronteira com o Estados Unidos. Cidade cosmopolita, cultural, histórica, acolhedora e refinada, Montréal está disposta a receber turistas do mundo todo em uma região onde o francês e o inglês são línguas oficiais. A cidade tem de verões amenos a quentes e úmidos, primavera e outono geralmente leves, e invernos muito frios e frequentemente há nevascas. Olivier recomenda visitar a cidade no verão, quando a temperatura é melhor e permite um transito melhor. Como conhecida por suas baladas e vida noturna, quem procura por isso não pode deixar de visitar a St-Laurent street. Já quem curte um turismo mais leve e com natureza, deve visitar o parque Mount Royal, também conhecido como o Plateau. Montréal é cercado de cidades interessantes para visitar, como Laval, Quebec, Ottawa e Toronto. E caso tenha um visto ou passaporte que permita a entrada nos Estados Unidos, Nova Iorque está apenas cerca de 600 km, possibilitando os compradores de plantão fazer uma visita até lá.

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que o maior é o idioma, pois ainda não fala o essencial de português e sempre tem situações engraçadas quando tenta se comunicar com as pessoas. Além disso, a escolha das disciplinas ainda é restrita, pois não há uma grande oferta em suas línguas mãe, tanto francês como inglês. Apesar dessas dificuldades, ele acredita que esse intercâmbio mudou muito sua vida e até o final terá outras mudanças.


Olivier disse que gostaria de viver no Brasil, pois além de ter uma temperatura agradável durante todo o ano como já havia mencionado, não teria nenhum problema para praticar futebol ao ar livre todos os dias. Sua mensagem para os brasileiros é que “continuem com essa alegria de viver e festejar”. ◙

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Dicas do Rio

Lucas Santos

Reprodução/Internet

MORRO DOIS IRMÃOS, VIDIGAL

A trilha do morro Dois Irmãos é uma das muitas atrações

naturais do Rio de Janeiro. Localizada no Vidigal, na Zona Sul carioca, a trilha proporciona uma ótima experiência, com paisagens incríveis da cidade. Do topo do Morro, é possível ter visão da floresta da Tijuca, do Oceano Atlântico, das Ilhas Cagarras, da Lagoa, do Cristo Redentor e de basicamente toda a Zona Sul do Rio de Janeiro. Não há uma recomendação de idade para a trilha, mas é preciso ter disposição para encarar a caminhada, que dura cerca de uma hora na subida. Apesar de ser uma trilha leve e não muito longa, é indicado ir com um guia, pois não há muitas sinalizações. Como em outras trilhas, recomenda-se o uso de roupas leves e tênis, e no inverno recomenda-se levar algum agasalho, devido aos ventos frios. Não se esqueça de levar comidas como barrinhas de cereais e frutas e bastante água, para se manter hidratado e com energia.

PEDRA DO TELÉGRAFO, BARRA DE GUARATIBA

Em várias redes sociais surgiram fotos de pessoas se pendurando em

uma pedra, com um grande abismo abaixo delas. Não demorou muito para que descobrissem que era apenas uma ilusão criada pelo ângulo da fotografia, tirada na Pedra do Telégrafo, localizada na Barra de Guaratiba. Na verdade, o chão está logo abaixo, ao alcance dos pés da pessoa, e a possibilidade de tirar uma foto como essa de forma segura fez com que o ponto se tornasse muito popular. Para chegar até o local da fotografia é preciso subir uma trilha que leva cerca de 40 minutos, que apesar da curta duração, é bastante cansativa, por ser bem íngreme. A vista da Pedra é outro fator muito atrativo, proporcionando visão da Restinga da Marambaia, especialmente bonita no pôr do sol.

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PARQUE LAGE, JARDIM BOTÂNICO

Um dos pontos históricos mais belos do Rio de Janeiro é

o Parque Lage, no Jardim Botânico, localizado próximo ao Corcovado. Na época do Brasil Colônia, o local era um engenho de açúcar, e muito da arquitetura da época ainda está preservada lá. Muito bem conservado, há áreas para alimentação e vários seguranças rondam por lá. O parque conta com grandes jardins construídos de forma geométrica e é envolto por muita vegetação, possuindo várias grutas, cachoeiras e trilhas, tendo até um caminho até o Cristo Redentor. Além da paisagem e das caminhadas ecológicas que o parque proporciona, piqueniques ainda são permitidos em algumas áreas. Outra grande atração do local que deve ser visitada é a Escola de Artes Visuais, localizada no interior do palácio do parque.

PRAIA DO SECRETO, RECREIO DOS BANDEIRANTES

Entre a Praia da Macumba e a Prainha, no Re-

creio dos Bandeirantes, há uma piscina natural pouco conhecida, até mesmo pelos moradores locais. Essa é a Praia do Secreto, que como o nome sugere, fica bem escondida e tem um acesso não muito simples. Para chegar nela, é necessário atravessar sobre as pedras que a separam da Macumba ou pegar uma curta trilha próxima a Estrada do Pontal e descer um paredão rochoso bem íngreme. O esforço certamente compensa ao chegar ao local e se deparar com a paisagem da pequena piscina natural, que não tem mais que 15 metros de extensão.

Nela, a altura da água costuma ser bem baixa,

há uma grande extensão rochosa e quase não há uma faixa de areia fora da água. Para visitá-la recomenda-se apenas er sobre a maré, pois a piscina desaparece quando ela está muito alta ou muito baixa.

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CACHOEIRA DO HORTO, TIJUCA

Com o calor do Rio de Janeiro, a Cachoeira do Horto

é uma excelente opção para observar uma bela paisagem natural e se refrescar, tudo em um passeio só. Ela fica localizada no Parque Nacional da Tijuca e para chegar até ela, é preciso passar por uma pequena trilha de 150 metros. Mesmo sendo curta, é preciso tomar cuidado na trilha, pois ela envolve escalar algumas pedras escorregadias. É recomendado também o uso de tênis para facilitar o percurso. Passando por isso, é só aproveitar o seu dia nas águas da cachoeira. Lembrando que a cachoeira é um ponto turístico muito popular, por isso é aconselhável ir durante a semana, quando ela fica mais vazia.

CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL, CENTRO

Um dos espaços culturais mais visitados

do Rio é o CCBB, localizado no Centro da cidade. Ele possui locais designados à música, teatro, leitura e cinema, além de diversas exposições artísticas acontecerem lá, tudo com um preço bem acessível e tendo inclusive exposições com entrada gratuita. O próprio prédio é também uma atração,preservando diversas características da arquitetura do início do século passado, sendo possível visitar diversas salas históricas que contam com a mobília da época, além do Museu do Banco do Brasil. Há diversos lugares para alimentação no prédio, como restaurantes e cafeterias, e ele fecha apenas as terças-feiras, garantindo um excelente passeio cultural em qualquer outro dia da semana.

BOSQUE DA BARRA, BARRA DA TIJUCA

Dentro de um bairro movimentado como a Barra da

Tijuca, uma área mais relaxante e com muita vegetação como o Bosque da Barra é essencial, o que o torna muito popular entre os moradores locais. O bosque tem cerca de 500m² de extensão, possui varias trilhas por onde se pode caminhar ou até andar de bicicleta, além de um grande lago e áreas de lazer como um campo de futebol e um parquinho para crianças. Piqueniques são muito comuns, principalmente ao redor do lago, onde se pode aproveitar uma vista especialmente bela. Lá você ainda pode ver vários pássaros, micos e até capivaras, que são típicos da fauna local e um grande atrativo do bosque.

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Pedro Henrique Comitê Olímpico Rio 2016; Reprodução/Internet

Cultura Olímpica EM 2016, O RIO DE JANEIRO RECEBE UM DOS EVEN-

Finalmente estamos em 2016, o ano dos Jogos Olímpicos

TOS MAIS IMPORTANTES DO MUNDO, AS OLIM-

do Rio de Janeiro. Assim como a Copa do Mundo de 2014, sedia-

PÍADAS DE VERÃO, E PARA MOSTRAR UM POUCO

da no Brasil e considerada a “Copa das Copas”, espera-se que as

DESSA DIVERSIDADE, A REVISTA ÍMPAR FEZ UMA

Olimpíadas do Rio sejam lembradas como uma das melhores da

MATÉRIA ESPECIAL SOBRE A CULTURA DA NOVA ZELÂNDIA.

história. A diversidade cultural é muito presente nas Olimpíadas. Atletas de 206 países diferentes estarão no Rio de Janeiro para os jogos, trazendo seus costumes para nosso território. Para comemorar a união de povos em função do esporte, a Revista Impar preparou matérias que buscam mostrar um pouco da cultura de diversos países que estarão disputando medalhas nos jogos. Essa edição tratará da bela cultura da Nova Zelândia. A Nova Zelândia é um país insular formado basicamente por duas massas grandes de terra: Ilhas Norte e Sul. Tem como capital Wellington, e sua cidade mais populosa é Auckland. Suas línguas oficiais são o Inglês, graças à colonização britânica, e o Maori, língua dos nativos.

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Apesar de ter sofrido influências europeias devido à colonização, a cultura da Nova Zelândia está muito ligada aos indígenas maoris. Uma das histórias contadas é que os maoris chegaram ao território neozelandês após saírem do Taiti, graças à uma informação passada de geração em geração sobre uma terra descoberta por Kupe, um grande ancestral. Em 650 d.C. Kupe teria construído um barco e viajado sozinho em busca de terras para seu povo e, ao descobrir o território neozelandês, o nomeou de “Aotearoa”, que significa “Terra da longa nuvem branca”. Após muitos anos de guerra no Taiti, o povo, cansado da situação, resolveu procurar a tal terra descoberta por seu ancestral, para começar uma vida nova. Eles então construíram canoas enormes, capazes de acomodar entre 50 e 100 pessoas. De 16 canoas que saíram do Taiti, apenas 7 chegaram em Aotearoa, em 1340. Essas 7 canoas formaram, então, as 7 primeiras tribos maori presentes no país. A tecelagem, assim como as esculturas em madeira e as tatuagens, são práticas neozelandesas de origem maori conhecidas em todo o mundo por sua beleza e significado. Entretanto, o que vem na cabeça da maioria das pessoas ao pensar em Nova Zelândia é o haka, dança de guerra que em seus primórdios era usada pelos maoris para intimidar seus inimigos. A dança se baseia em movimentos ritmados, que incluem tapas no peito e nas pernas, batidas de pés e mãos no chão, enquanto aqueles que dançam fazem caretas e soltam gritos de guerra para demonstrar virilidade. Hoje em dia, a dança é praticada em situações de boas-vindas e ocasiões especiais, mas a função intimidadora da dança não se extinguiu completamente. Times de diversas modalidades esportivas neozelandesas praticam a dança antes dos jogos para intimidar seus adversários. O mais famoso deles é a Seleção Nacional de Rugby da Nova Zelândia, conhecidos como All Blacks. A paixão dos Kiwi (forma como os neozelandeses gostam de ser chamados) pelo rugby é comparável à paixão que nós, brasileiros, sentimos pelo futebol. A seleção neozelandesa de rugby é considerada uma das melhores, senão a melhor, seleção de rugby da atualidade. É bicampeã mundial da Copa do Mundo de Rugby e sempre ocupou uma das 3 primeiras posições na competição. O povo brasileiro terá o prazer de recebê-los este ano no Rio, já que após 92 anos, nesta edição o rugby voltará a ser disputado em

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A paixão dos Kiwi (forma como os neozelandeses gostam de ser chamados) pelo rugby é comparável à paixão que nós, brasileiros, sentimos pelo futebol.


uma Olimpíada. A versão olímpica do esporte, chamado de Rugby Sevens, é um pouco diferente do que estamos acostumados a ver. Ao invés de 15 jogadores em campo, que mantém as mesmas proporções, são apenas 7, exigindo dos atletas uma preparação física superior, além de deixar o jogo mais dinâmico. Os jogos de Rugby nas Olimpíadas serão disputados no Estádio de Deodoro, na zona norte do Rio de Janeiro. A Nova Zelândia é um país magnífico e possuidor de uma bela cultura baseada em costumes indígenas. Esperamos que sua delegação desportiva se sinta em casa, assim como os torcedores neozelandeses que vierem apreciar o espetáculo que apresentaremos para o mundo. A próxima edição da Revista Impar mostrará um pouco da rica cultura da China, país que ficou em segundo lugar em número de medalhas nas Olimpíadas de Londres e que espera melhorar essa marca aqui no Rio. ◙

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As Paralimpíadas: ser diferente é normal ESTE ANO, O RIO DE JANEIRO RECEBE ATLETAS DE INÚMEROS PAÍSES. O ENCONTRO REUNIRÁ PESSOAS DE DIFERENTES CULTURAS, RAÇAS E ETNIAS, MAS COM UM OBJETIVO EM COMUM: O LUGAR MAIS ALTO DO PÓDIO. Isabela Izidro Livia Cardoso/Arquivo Pessoal; Reprodução/Internet

Em 2016, a cidade do Rio de Janeiro será sede do maior evento esportivo

do mundo, envolvendo pessoas com deficiência: os Jogos Paralímpicos. Serão cerca de 4.350 atletas de 176 países diferentes. O evento terá 23 modalidades e se espalhará por quatro diferentes áreas da cidade, sendo estas: Deodoro, Barra, Maracanã e Copacabana, com ingressos ainda à venda.

A história das Paralimpíadas começou em 1945, quando o esporte come-

çou a ser usado na Inglaterra como reabilitação para soldados feridos na Segunda Guerra Mundial. Em 1960, ocorreu em Roma, na Itália a primeira edição dos Jogos Paralímpicos, que desde então passaram a ser celebrados de 4 em 4 anos, no mês seguinte aos Jogos convencionais e chegam ao Rio de Janeiro este ano, em sua décima quinta edição.

O sucesso dos Jogos Paralímpicos demonstra não somente um reconhe-

cimento cada vez mais significativo, por parte da sociedade, da excelência que um atleta portador de deficiências pode alcançar, mas também uma vitória, em âmbito geral, para todos os deficientes que vem conquistando, cada vez mais, seu merecido e justo espaço na cenário moderna. A deficiência deixa de ser vista como uma fraqueza e passa a ser retratada como um motivo para ir à luta com ainda mais garra e dedicação. Tratam-se de atletas, que assim como os esportistas dos Jogos Olímpicos, lutam arduamente para conquistar um lugar no maior evento esportivo do mundo e depois disso, obter uma campanha vitoriosa.

A Paralimpíadas terá duração de 11 dias, com início em 7 de setembro e para sua

realização, contará com a contribuição de voluntários, terceiros e também funcionários.

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O RIO DE JANEIRO ABRE SEUS BRAÇOS Participam dos jogos deficientes visuais e intelectuais, cadeirantes e amputados. A excelência e as histórias de vida desses atletas costumam causar enorme comoção e impacto no público que os assiste. Momentos e pessoas são eternizados a cada edição da Paralímpiadas, que torna-se ainda mais vibrante e emocionante a cada edição. ◘

Nas

Paralimpíadas

de Sidney (2000), a seleção espanhola de basquete cometeu uma grande fraude: montou um time com pelo menos 10 jogadores que forjaram ser deficientes intelectuais. A seleção ainda levou a medalha de ouro! É claro que, quando descobertos, eles foram obrigados a devolver todas as medalhas. E ainda acabaram prejudicando os legítimos deficientes intelectuais:

depois

da

fraude,

o

Comitê

Paralímpico Internacional baniu esses atletas da competição. O castigo perdurou até 2012, quando, nos Jogos de Londres, os deficientes intelectuais voltaram a competir em algumas modalidades. No basquete, eles continuam banidos. ◘ Os atletas paralímpicos não gostam de ser vistos como diferentes. Alguns até cogitam a possibilidade de unir as duas Olimpíadas. E isso não está longe de se tornar realidade. Nos Jogos de Londres (2012), o velocista sul-africano Oscar Pistorius e a mesa-tenista polonesa Natalia Partyka participaram tanto das Olimpíadas como das Paralimpíadas. Ambos são amputados e usaram próteses para participar dos Jogos Olímpicos. ◘ Na primeira edição oficial do evento, em Roma, participaram 400 atletas. Nos Jogos do Rio, este ano, serão mais de 4000.

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Entrevistamos duas atletas adolescentes, estudantes de

faixas etárias parecidas, que praticam Natação e treinam juntas em um clube situado em Guaratinguetá-SP, visando alcançar o nível profissional.

Uma delas, Lívia Cardoso de Matos, tem 16 anos, é ca-

deirante e começou a nadar aos 13 devido a sua deficiência, que lhe tirava quase toda a mobilidade e a tornava exposta a inúmeros problemas causados pelo sedentarismo, como Hipertensão, colesterol alto e doenças respiratórias. A garota, que escolheu a Natação apenas por acreditar ser esta a prática mais fácil e acessível para alguém em suas condições, acabou se apaixonando pelo esporte. “Nadar me faz sentir livre, útil. É maravilhoso ver que estou trazendo resultados. A natação é a minha vida, não consigo me imaginar praticando nenhum outro esporte, apesar de achar todos muito emocionantes. Meu maior sonho é chegar as Paralimpíadas e conquistar uma medalha de ouro para o Brasil. Adoro ler e ouvir sobre os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, mal posso esperar para assistir a edição em meu próprio país. Meus maiores ídolos são Michael Phelps e Daniel Dias.”, disse Lívia Cardoso em sua entrevista à Ímpar. A atleta ainda mencionou que sua maior dificuldade como esportista é a preguiça: “O resto eu tiro de letra

me imaginando no lugar daqueles atletas, acho uma injustiça

(risos)” e deu um conselho para toda e qualquer pessoa que pensa

não poder participar da edição do Jogos Olímpicos do Rio de Ja-

em praticar esportes: “Nada é mais gratificante do que fazer o que

neiro apenas por causa da minha idade”.

você ama e ser reconhecido por isso. Já enfrentei inúmeras dificul-

dades, mas nunca desisti dos meus sonhos. Jamais desistam dos

falas, sentimentos muito semelhantes nas atletas. Tratam-se de

seus. Há sempre um novo dia, um novo ano, uma nova oportuni-

garotas muito jovens e esforçadas, completamente apaixona-

dade.”

das pelo esporte que praticam e motivadas por situações muito

Ficam nítidos, por meio da comparação entre as duas

A outra entrevistada é Victória Eduarda Izidro de Mou-

parecidas. Ambas são muito dedicadas e enfrentam obstáculos

ra, de 14 anos, que assim como Lívia, iniciou a prática de natação

para alcançar seus objetivos. A ânsia por vitórias e medalhas e

motivada por problemas de saúde, em seu caso, doenças respira-

o sentimento de "nunca desistir dos seus sonhos" é outro ponto

tórias. Completamente fanática pelo esporte, Victória Izidro tam-

em comum entre Victória Izidro e Lívia Cardoso que têm como

bém sonha um dia disputar os Jogos Olímpicos e define a “falta de

maior sonho chegar aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, respec-

apoio” como sua maior dificuldade. “Amo nadar. Quando estou na

tivamente. Esse contexto apenas comprova que a deficiência de

água, me sinto feliz, completa. Não se trata de um hobbie, quero

Lívia não afeta em nada seu espírito de vencedora e amor pelo

nadar para viver. Sempre assisto aos Campeonatos Mundiais e fico

esporte.

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“Nada é mais gratificante do que fazer o que você ama e ser reconhecido por isso. Já enfrentei inúmeras dificuldades, mas nunca desisti dos meus sonhos. Jamais desistam dos seus. Há sempre um novo dia, um novo ano, uma nova oportunidade.”, Lívia Cardoso, de 16 anos, vive o sonho de um dia chegar às Paralímpiadas.

Assim como no caso das duas, milhares de atletas so-

nham todos os dias em participar de uma edição das Olímpiadas e Paralimpíadas. O Rio de Janeiro em 2016 será espaço para a realização desses sonhos, que têm diferentes nacionalidades, gêneros, raças e etnias. A cidade abrigará esses atletas, esses que assim como Lívia e Victória, enfrentam obstáculos todos os dias, mas nunca se permitem desistir.

Os Jogos Paralímplicos mostram em cada cena, que há

beleza na diferença e força na adversidade e revelam o quão determinante o esporte pode ser na trajetória de vida das pessoas. Trata-se de uma história fascinante, reescrita de 4 em 4 anos, da qual a maioria dos atletas e espectadores fanáticos por esportes desejam fazer parte, nem que seja como meros espectadores. E esse ano, o cenário principal será “a cidade maravilhosa”, o privilegiado Rio de Janeiro.

“Amo nadar. Quando estou na água, me sinto feliz, completa. Não se trata de um hobbie, quero nadar para viver.”, Victória Izidro, 14 anos.

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Perfil com Danilo Vieira DANILO VIEIRA, 33 ANOS, JORNALISTA. MUITO CONHECIDO HOJE POR SUAS MATÉRIAS NO RJTV - NOTICIÁRIO DA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO EXIBIDO PELA TV GLOBO -, O SIMPÁTICO REPÓRTER NOS CONTOU UM POUCO SOBRE SUA CARREIRA E FEZ UMA CRÍTICA AO CURSO DE COMUNICAÇÃO. ALÉM DISSO, ELE DEU ÓTIMAS DICAS E UM INCENTIVO EXTRA PARA QUEM BUSCA A PROFISSÃO.

Kariny Leal

Reprodução/Internet

A profissão de jornalista envolve tarefas diversas. Desde a criação de uma boa matéria, passando pela busca de um personagem e findando em uma edição bem feita são exercícios corriqueiros da função. Veja, a seguir, nossa entrevista com o jornalista e repórter Danilo Vieira, que nos conta um pouco sobre a escolha e as particularidades de seu trabalho.

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ÍMPAR: Como e por que você escolheu

DANILO: Tenho uma opinião um pouco

nalista?

fazer comunicação?

radical sobre o curso de jornalismo. Acho

DANILO: Acho que a gente tem uma mis-

DANILO: A verdade é que eu queria fazer

que ele não deveria existir! Calma, eu ex-

são social muito séria, que é a de informar

teatro. Amava o teatro, mas não me acha-

plico. Acho que a coisa mais necessária

(e isso tem muitas implicações).Então, pro-

va um bom ator (a gente precisa ter auto-

ao jornalista é conhecimento, repertório,

fissionalmente, o meu objetivo é sempre

-honestidade, né?). Como gostava muito

poder de análise, de construção de idéias.

cumprir essa missão da melhor forma pos-

de ler e as pessoas diziam que eu escrevia

Em minha opinião, o curso deixa a desejar

sível.Numa abordagem mais pessoal, eu

bem, acabou sendo uma escolha natural.

neste aspecto. Acho que a grade privilegia

diria que todo mundo precisa se sentir fe-

o “como fazer”, a técnica, as peculiaridades

liz com o que faz na vida.Acho que o meu

de cada mídia (jornal, rádio, tv, web). Coi-

objetivo é esse. Me sentir feliz com o que faço.

ÍMPAR: Você fez parte da sua faculdade na FACHA. Acha que o nome da instituição pesou no seu currículo? O que você acredita que seja seu diferencial? DANILO: O lugar onde a gente estuda sempre tem algum peso no currículo, mas acho que outras coisas valeram mais, quando eu me candidatei a uma vaga de estágio na

sas que a gente vai descobrindo na lida diária. Acho que as redações seriam muito mais férteis e produtivas se contassem com profissionais formados em Economia, Direito, História, Letras, Matemática, Administração, Biologia, etc, etc, etc.

ÍMPAR: Você é visto como exemplo para muitos. Qual conselho você daria a alguém que almeja o sucesso na profissão? DANILO: Na época de colégio minha mãe sempre dizia pra minha irmã mais nova não seguir o meu exemplo (eu repeti de

TV. Foram muitas etapas de seleção, tinha

ÍMPAR: Como iniciou sua carreira?

ano 3 vezes).Não tô acostumado a ser

gente com currículos bem mais turbina-

DANILO: Fiz alguns estágios em assesso-

exemplo, não! Risos! Mas se eu tivesse que

dos que o meu, e que acabaram não sendo

rias de imprensa. Aí, na reta final da facul-

dizer algo aos meus futuros colegas... Bom,

chamadas. Nessas avaliações também pesam critérios bastante subjetivos.

dade, entrei no programa de estágio da TV Globo. Fui editor do Bom Dia Brasil durante 5 anos, depois migrei para a reportagem,

ÍMPAR: Você ficou satisfeito com o curso

e cá estou!

ou se arrepende de algo?

ÍMPAR: Qual seu maior objetivo como jor-

primeiro eu diria que leiam! Leiam muito, leiam tudo que puderem. Quando forem pra rua estejam atentos aos detalhes, eles são importantes pra enriquecer a história. Saibam ouvir sempre! Às vezes, o melhor

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personagem da matéria chega quando

nha carreira pela imagem. Primeiro, por-

No mais, sou otimista! Acredito num país

você achou que ela já tinha acabado. Pro-

que não me acho bonito. Além do mais,

melhor, em instituições mais fortes, em

cure ser autêntico, fuja do lugar comum,

beleza é um critério muito subjetivo e um

pessoas querendo se educar mais e se in-

e faça sempre o melhor que puder fazer!

bem não-durável. A minha preocupação é

formar melhor. Não dá pra crer nisso, sem

No mais, use sapatos confortáveis e leve

mais estilística que estética. O que eu pro-

acreditar que no futuro (próximo) teremos

sempre alguma comida na bolsa: um plan-

curo é fazer um bom texto, ter uma boa

um jornalismo mais forte, feito com ainda

tão extraordinário pode aparecer quando

sacada, fazer uma reportagem informati-

mais qualidade, por profissionais ainda

você menos espera.

va. Mas não sou eu quem decido como as

mais competentes. Vamos nessa?!

ÍMPAR: Quando fazemos jornalismo, nosso

pessoas vão me perceber.

objetivo não é a fama. No máximo, quere-

ÍMPAR: Nós ouvimos de muitas pessoas

mos ser reconhecidos pelo que produzi-

(da área ou não) que o mercado jornalísti-

mos. Se pesquisarmos seu nome, pode-

co é muito fechado ou que o jornalista está

mos ver diversos comentários sobre sua

se tornando descartável com o passar do

aparência. Isso te incomoda? Como lida com a situação? DANILO: Não me incomoda, mas também não me estimula. Nunca quis pautar a mi-

tempo. Para finalizarmos, o que você diria pra alguém que se desmotiva por conta desse cenário? DANILO: Acho que o mercado é fechado, sim. Mas tem espaço pra muita gente.

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O teatro e seu universo COMO O CURSO DE DIREÇÃO TEATRAL PREPARA O ALUNO PARA OCUPAR AS DIVERSAS FUNÇÕES NECESSÁRIAS (E DESCONHECIDAS) DE UM TEATRO. Débora Mesquita

Reprodução/Internet

Não é só de aplausos que se sustenta um teatro, em to-

lher as melhores trilhas sonoras, o melhor figurino, melhor cená-

dos os sentidos. Para montar uma peça é necessária uma equi-

rio, luz, som, entre outras funções, ou seja, devem possuir uma

pe de profissionais das mais diversas áreas para montar algo não

noção, mesmo que mínima, acerca de todos os cargos do teatro.

amador e de sucesso. A arte de impressionar, fazer rir ou chorar e

O curso oferecido pela Universidade Federal também

enobrecer o espectador tem uma função social muito concreta

abrange partes importantes do contexto teatral que são os cenó-

e já foi muito utilizada para forma opinião e chocar gerações com

grafos e os figurinistas. Além dessas três figuras essenciais numa

seu formato monumental e expansivo. Entreter pode ser algo

peça, existe uma gama de especialistas que ajudam a levantar um

muito mais complexo do que parece. Compreender a grandiosi-

projeto.

dade de um teatro e tudo aquilo que o envolve é tarefa árdua e elementar.

Depois de uma breve pesquisa com 50 alunos da Escola de Comunicação da UFRJ, foi notório o desconhecimento geral

Pensando nisso, foi criado o curso de direção teatral da

dos estudantes acerca dos demais indivíduos envolvidos num es-

UFRJ, relativamente novo somando 23 anos de atuação, que tem

petáculo. Os mais citados foram: diretor, ator, cenógrafo, figurinis-

como objetivo habilitar o estudante à carreira de diretor de teatro,

ta, técnico de som e iluminador. Visagistas, arranjadores, produ-

fazendo com que o mesmo esteja apto a idealizar e desenvolver

tores, diretores musicais, camareiras, contra-regras, peruqueiros,

projetos artísticos e culturais em geral.

coreógrafos, microfonistas, compositores, roteiristas e todas as

O diretor é, sem dúvida, peça fundamental para a ela-

subdivisões de diretores (de movimento, gerais, executivos, etc)

boração de um projeto teatral. Sua função, diferentemente de al-

foram colocados de lado e, mal sabe esses alunos, são de suma

gumas, não pode ser excluída na hora de montar um espetáculo.

importância para o andar de uma peça.

Mesmo que não seja uma pessoa só, o(s) diretor(es) são respon-

Além dessas ocupações há também o fato do teatro ser

sáveis por transformar o roteiro em imagens e movimentos. Ele(s)

um espaço de comuns, o que requer manutenção constante, lim-

precisam ver além e fazer com que os atores realmente entendam

peza e, às vezes, bombonière para a confraternização do público

a mensagem a ser passada, também são responsáveis por esco-

antes, depois da peça e entre atos.

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Os alunos do curso de direção teatral são obrigados a fazer, no mínimo, três peças ao longo da graduação, podendo atuar, dirigir ou produzir tais espetáculos. Márcia Moreira, aluna do curso a um ano e meio, confessa que criar um roteiro ou escolher um já existente é, para ela, a parte mais difícil de produzir uma peça, como é exigido. Criar ou remontar algo é, indubitavelmente, parte difícil

Nas coxias de um teatro é comum ouvir expressões que significam “boa sorte” entre os atores. Porém esses termos possuem um tom um tanto curioso e inesperado. São eles:

da montagem, porém a criação de um personagem é uma arte

quebre a perna ou “merda”. Você já parou para pensar o

complicada que exige atenção e cuidado especial. Livros com tal

porque disso?

temática são, de acordo com alunos, ponto de partida para qualquer estudante do curso. Stanislavski, ator e diretor russo é o autor mais procurado quando o assunto é preparação. Além da parte técnica, outra questão (na opinião de alguns a mais importante) necessária num espetáculo é a parte sensível do ator, a capacidade de transmitir uma emoção genuína no

Existem teorias que explicam a criação dessas expressões. Mas, é claro, fica a critério de cada validá-las como verdadeiras ou falsas. - A expressão “merda”, segundo alguns, foi criada na França do século XIX. O público chegava às casas teatrais em carruagens ou a cavalo. Os arredores do teatro eram lotados das fezes desses animais: além do odor insuportável, significava que muita gente havia comparecido para as-

palco. O amor por essa arte é peça chave para o bom rendimento

sistir ao espetáculo. Assim, a expressão “merda” passou a

do produto.

significar boa sorte para a companhia.

O amor incondicional dos atores é algo notório, Luiza

Uma passagem diz respeito ao autor inglês William Shakespeare que, ao ver a quantidade de excrementos

César, aluna do curso de direção na UFRJ, define o amor pelo te-

em frente ao teatro, emprestou o termo “merda” para de-

atro e o por que esse lugar é tão importante para todos os ar-

sejar boa sorte antes dos espetáculos começarem.

tistas que decidem seguir essa vocação: “O teatro sempre foi, pra mim, lugar de transcender, se impressionar e tocar cada um da

- Já a expressão “quebre a perna” divide opiniões a respeito da sua criação. Contudo, uma das possíveis explicações seria a respeito da expectativa do elenco de que, ao final

platéia. Seja atuando num espetáculo infantil ou adulto, o público

da apresentação, os aplausos do público fossem tantos

alvo sempre sai da sala de teatro com alguma impressão, seja da

e tão fervorosos que as “pernas” do teatro (parte lateral

história, seja da mensagem ou qualquer coisa. Teatro é a arte de

onde ficam as cortinas) se rompessem e levassem o teatro

acrescentar todo dia algo em alguém. Todos os atores que conheci durante o curso da UFRJ falam a mesma coisa: mesmo que não

abaixo. Outra versão é que este termo foi criado durante uma das muitas guerras em que os americanos estiveram envolvi-

dê dinheiro, o fato de beber um pouco da arte do teatro já faz a

dos. Antes de partir para o fronte de batalha, os soldados

vida inteira valer a pena”.

diziam uns aos outros: “quebre uma perna”. Este seria o ◙

melhor destino que eles poderiam ter durante o combate. Afinal, mesmo ferido, o soldado continuaria vivo e, melhor, seria dispensado, retornando assim ao seu lar. E, assim, tal expressão se tornaria comum nas coxias de um teatro. - A terceira versão remete ao ato de o público, ao final do espetáculo, jogar moedas para os atores de forma a demonstrar o quanto havia gostado da peça. Quanto mais os artistas fossem obrigados a se abaixar para apanhar sua recompensa, mais suas pernas sofreriam com o exercício. Ou seja, o sobe-e-desce para recolher o dinheiro espalhado pelo palco poderia quebrar-lhes uma das pernas.

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E então? Qual teoria você julga ser a mais coerente?


“Foi mal, irmão, mas bixcoito só aquele de polvilho” PARA FAZER UMA DEMONSTRAÇÃO MAIS PRÁTICA DOS CHOQUES CULTURAIS QUE PESSOAS DE OUTROS ESTADOS SOFREM AO CHEGAR AO RIO DE JANEIRO, NOSSA REVISTA APRESENTA UMA CRÔNICA BASEADA EM FATOS REAIS DO COTIDIANO DE UMA ALUNA PAULISTA QUE COMEÇOU A ESTUDAR UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO HÁ POUCO MAIS DE 3 MESES. Isabela Izidro

Saí pra dar um rolé (que na linguagem culta paulista é

bixcoito. Tô ligada que isso é coisa de quem naiiisceu no Rio, mas,

rolê) hoje tardinha. Peguei o ônibus que tinha sentido Barra da Ti-

lek... Mó esculacho!! TÁ DE SACANAGEM NÉ??” terminei o discurso,

juca, esperei 40 minutos pelo frescão, mas acabei pegando o não

nos olhamos, rimos.. ficou nítido que o carioquês já tinha criado

acaba, pensei comigo). Já era horário de pico (que ideia a minha

suas raizinhas em mim. “Nãão, eu me recuso. Eu sou paulista, amo

pegar ônibus aquela hora!). Cedi meu lugar pra senhorinha idosa

São Paulo e gosto de falaRRR deixando o R bem maRRcado” (mar-

que entrou e continquente merrrmo. Entrei no 309 e... “Senhoras e

quei o R propositalmente naquela frase, numa tentativa frustrada

senhores, peço desculpas desde já por atrapalhar o silêncio da sua

de me defender). Ela respondeu com um “ih brother, tu deu mole

viagem, eu podia estar roubando e matando.. maxxxx to aqui ten-

já... ficava me gaxxtando, mas nem adianta disfarçar, tá falando

tando a vida na cidade grande...” fingi que não sabia o final daque-

igualzin, daqui a pouco é rendição na cer..” ela interrompeu a frase

le discurso mega original e dei uma moedinha pro garoto assim

no meio quando viu Caio Castro passar bem ao nosso lado “qual

que ele terminou de desenrolar! Percebi que o busão pro Terminal

é?! tu viu quem ta ali? não vai tietar, pedir autógrafo, selfie e todas

Alvorada sacudia mais que o normal. Foi quando uma senhora

aquelas loucuras de sempre?” “ah nãão, to com preguiça..”, falei

atrás de mim gritou “calmaê, piloto, vou descer cum criança”, e um

sem nem ao menos perceber. Mas ela percebeu. “Oi? Você ouviu o

garoto pique surfista ao meu lado lançou o famoso “motorista, dá

que disse?”. E o pior é que eu tinha ouvido. Preguiça? Desde quan-

pra parar aqui no sinal?” (a originalidade carioca uei meu traje-

do esbarrar com gente famosa tinha passado a ser algo normal

to sentido Barra Shopping em pé. Saltei (vulgo desci), como uma

pra mim? Refleti. Discursei. Argumentei. Dissertei. Debati. Dei a

boa interiorana, no ponto errado. Percebi o erro assim que botei o

mim mesma direito a réplica, tréplica. Tudo mentalmente. E por

pé pra fora do busão, mas, como boa orgulhosa metida a sabicho-

fim, conclui em voz alta: “NãOoOo pode ser, tô carioquizando.......

na que também sou, fingi que tava tudo certin. Segui andando

olha só que mio! Até inventei um verbo: ‘carioquizar’! Preciso de

até chegar ao Shopping, onde encontraria uma amiga da faculda-

ajuda”. Fui interrompida. “Você podia começar aceitando que dói

de. Morrendo de medo no caminho, com o coração numa mão e

menos e parando de falar ‘mio’, ninguém aqui é gato pra miar”, me

o terço na outra (e o celular na calcinha)! Cheguei. Encontrei. Fui

senti envergonhada ao perceber que o meu desespero tinha sido

cumprimentar com um beijinho e ela já veio com dois (af... mai é

exposto em voz alta e PIOR: na frente de uma carioca. “Ai deixa isso

nunca que vou entender essa gastação de beijo dos carioca). Se-

pra lá” repeti, em bom tom e internamente, pra convencer tanto a

guimos caminho, jogando conversa fora... eu falava doUze, treze,

ela quanto a mim mesma. Ela insistiu com um “daqui a pouco já vai

QUatorze vezes que essa coisa de A, É, I, O, U é mó furada e q o

estar soltando uns ‘amostrar’ por aí”. Suspirei. Ela sabia que o que

certo merrrmo é bolacha e não bixcoito! “Pô maluco, na moral! Ces

mais me incomodava no mundo era a forma como os cariocas tro-

tem que parar com essa caô de chamar tudo que é comestível de

cavam a palavra “mostrar” por “amostrar”, na maior naturalidade,

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como se fossem sinônimas. Relevei. Continuamos a caminhada

cidade que não rotula, a cidade de quem quiser, de qualquer um

por um tempo e do nada, meio que espontaneamente, disse “Can-

que vier. Decidi ir pra casa, me despedi com dois beijinhos e pe-

sei dessa elite engravatada aqui do Barra Shopping, vamo pro po-

guei meu rumo de volta. No caminho, vi cariocas colocando seus

drão ali da ixxquina, comer um joelho e tomar um guaravita”. Ela

sobretudos e cachecóis assim que o termômetro da praça mudou

riu, mas apenas concordou com a cabeça. Não havia mais porque

de 30º C pra incríveis 28º C (o inverno havia chegado adiantado?).

discutir. Percebi naquele momento que o Rio já fazia parte do que

Quando cheguei à orla, me encantei de novo pela vista do Pão de

eu era. E pela primeira vez, senti orgulho. Orgulho de morar na

Açúcar, que eu via todos os dias enquanto ia pra faculdade. Ela

cidade que todo gringo quer visitar e que todo paulista sonha em

parecia mais bonita naquela noite, ao som da Mc Carol que eu

passar umas férias de verão. A cidade das oportunidades, da acei-

ouvia no foninho. Depois de saltar (pela primeira vez na história)

tação, da diversidade, do amor. A cidade do cinema, da música,

no ponto certo, me senti um pouco carioca, um pouco paulista e

da arte. De todo tipo, de todo lugar. A cidade que abriga as praias

foi quando eu entendi que a sensação de “pertencimento” é uma

mais lindas do mundo e que é vista e protegida de cima pelo olhar

delícia, mas também é bem ampla. Eu pertenço ao Rio de Janeiro,

do Cristo Redentor. A cidade sede das Olimpíadas 2016, a cida-

pertenço a São Paulo e pretendo pertencer a outros inúmeros lu-

de que quase assume vida própria e fala por si só. A cidade que

gares se a vida me permitir. Encerrei meu dia tipicamente carioca

abriga pessoas dispostas a lutar por todas as causas impossíveis e

entrando na padaria e achei incrível a sensação de, pela primeira

perdidas, as causas das minorias. A cidade do Maracanã, da maior

vez, não começar uma crise existencial ao ter que pedir por um sa-

torcida de futebol do mundo. A cidade do samba, do carnaval. A

colé quando queria um geladinho. O que exatamente aquilo me

cidade do gay, da lésbica, dx trans, do negro, branco, azul, amare-

amostrava?

lo, da garota, do garoto, do miserável, pobre, rico ou milionário. A

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