Revista Comunica 01

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comunica Revista

A INFOGRAFIA NO JORNALISMO INFOGRÁFICO JORNALÍSTICO

Sua consolidação como subgênero do jornalismo informativo

A PRODUÇÃO DE INFOGRAFIAS

Os desafios na construção de infográficos

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INFO GRA FIA


Programa de Pós-Graduação em Comunicação

Universidade Federal do Maranhão

O grupo “TECND – Tecnologia e Narrativas Digitais” é composto pelo Prof. Dr. José Ribamar Ferreira Junior e o coordenador Prof. Dr. Márcio Carneiro dos Santos. É dedicado à pesquisa de Comunicação Digital e Tecnologias da informação.


comunica EXPEDIENTE

EDITORIAL

É PRECISO FALAR DA INFOGRAFIA A infografia, é a integração entre texto e imagem usada para explicar uma série de coisas que existem no nosso planeta e no universo, tem a missão de trazer informações visuais que nos levam a conhecimentos incríveis através da arte e da informação. Com a evolução cada vez mais rápida da tecnologia, a infografia ganha espaço em várias mídias e é uma das grandes apostas para o futuro da comunicação. O jornalismo atual apresenta grandes mudanças na produção e no consumo de notícias, e essas alterações também atingem as linguagens e formatos. Nas revistas, Internet, jornais, televisão e os demais meios de comunicação, a infografia está cada vez mais presente e, com certeza, ela faz a diferença.

Universidade Federal do Maranhão Reitor Natalino Salgado Filho Vice-Reitor Marcos Fábio Belo Matos Departamento de Comunicação Social Carlos Benedito Alves da Silva Júnior Coordenação do Curso de Comunicação Social Luiziane Silva Saraiva Orientador Prof. Dr. Bruno Soares Ferreira Texto Mariana Durans de Jesus Matos Projeto Gráfico, Editoração e Ilustração Mariana de Jesus Durans Matos Fotos Freepik Canva Rawpixel Revisão Maria da Penha Durans Matos Impressão Tiragem

Apoio Institucional

Instrua-se, divirta-se, curta esta revista! E descubra porque a infografia conquistou seu espaço e desponta como uma nova forma de fazer jornalismo. Revista Comunica

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CAMINHOS ACOMPANHA A HISTÓRIA Do infográfico ao infográfico jornalístico

A INFOGRAFIA NO JORNALISMO

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Sua consolidação como subgênero do jornalismo informativo

A INFOGRAFIA NAS ESCOLAS DE JORNALISMO

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Nos cursos de jornalismo seu ensino ainda é iniciante

A PRODUÇÃO DE INFOGRÁFICOS Sempre comunica QUESTIONE

04

CONTEXTUALIZA

03

INFOGRAFIA, você sabe o que é?

PERFIL

12

CONVERSA

30

EXPANDIR

40

Luiz Iria

Márcio Carneira dos Santos

Para saber mais sobre Infografia

VOCÊ PODE

Por onde eu começo?

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33

Os desafios na construção de infográficos

26 23

O infográfico multimídia Um modelo narrativo para webjornalismo

Uma classificação necessária Uma proposta de classificação de infográficos

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O pensar infograficamente

27

Uma nova forma de fazer jornalismo


contextualiza

INFOGRAFIA, VOCÊ SABE O QUE É? Definição

Dicionário Substantivo feminino

EDITORAÇÃO JORNALISMO

1. gênero jornalístico que utiliza recursos gráfico-visuais para apresentação sucinta e atraente de determinadas informações. 2. m.q INFOGRÁFICO (subst.).

Origem ETIM rad. info- (deduzido de informação) + grafia

Termo Infografia

E

la existe desde os primórdios da comunicação humana, e apesar de sua existência ser reconhecida a tantos anos, o termo Infografia é recente, surgindo somente em 1998 durante um seminário promovido pela Universidade de Navarra na Espanha. No livro "Infografia: História e Projeto", o autor Ary Moraes explica que tudo que foi produzido antes disso recebeu denominações que variam de acordo com sua forma: mapa, gráficos de barra e de curva, perspectiva explodida, diagrama, entre outros. Foi a partir dos anos 1990, que essas categorias foram reunidas sob o título INFOGRAFIA, inicialmente no campo do jornalismo impresso e um pouco mais tarde, alcançando outros terrenos.

Infografia é um neologismo que foi incorporado recentemente à língua portuguesa. Beatriz Ribas em seu artigo "Ser Infográfico - Apropriações e Limites do Conceito de Infografia no Campo do Jornalismo", publicado em 2005, afirma que informational graphics, termo do qual deriva infographics, foi traduzido para o português e para o espanhol como “infográfico” ou “infografia”, com o sentido de “gráfico informativo”.

Valdenise Schmitt, 2006 Afirma que a infografia é entendida como um sistema híbrido de comunicação que utiliza o sistema de comunicação verbal (palavras e sentenças) associado ao sistema de comunicação visual (imagens e representações gráficas)

Huang e Tan, 2007 Explicam a infografia como uma representação visual dos dados, da informação ou do conhecimento.

Valero Sancho, 2010 Para este autor, a infografia utiliza recursos mistos e linguagens de diversas procedências, tais como desenhos, fotografias ou vídeos, bem como, signos e sons mais ou menos conhecidos.

Alberto Cairo, 2008 Simplifica ao afirmar que a infografia é qualquer informação apresentada na forma de diagrama, se tratando de uma representação abstrata da realidade

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questione

COMO CONHECEU A

E

STUDANTES E PROFISSIONAIS DA ÁREA de comunicação contam se tiveram contato com a infografia durante a faculdade, e se já usaram o subgênero do jornalismo informativo em algum momento de suas carreiras profissionais.

Bruno Ferreira

Prof. Dr. do departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão - UFMA

Alessandra Medina Estudante de Jornalismo Assessoria para Relações Internacionais da UEMA "Tive contato com a infografia em uma disciplina da faculdade e precisei trabalhar com ela durante um estágio em uma assessoria, em que fiz utilização da infografia num boletim informativo da empresa."

Comecei a entrar em contato com a infografia após cursar a graduação, no contexto de aprendizagem dos programas de editoração eletrônica, apesar de no meu TCC de jornalismo ter utilizado imagens que elaborei mais ou menos intuitivamente para descrever símbolos musicais presentes na musicalidade da capoeira. De maneira geral a utilização da infografia como gênero jornalístico capaz de transmitir de maneira simples temas complexos é o atual desafio da classe jornalística, uma vez que implica na necessidade de aprender a contar histórias utilizando comunicação visual.

“Ao longo da graduação em Comunicação Social ouvia alguns colegas do jornalismo falarem sobre infografia, porém em Rádio e TV não tivemos tanto conhecimento sobre isso. Ao estagiar na Ascom pediram que os repó́rteres criassem infográficos, o que foi difícil para mim, pois não sabia como trabalhar com essa ferramenta e nem quais mudanças no texto ela convocaria.”

Marcus Elicius Garcez Mestrando no Programa de Comunicação e Sociedade da Universidade Federal do Tocantins - UFT

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INFOGRAFIA? "Conheci a infografia lendo as revistas Superinteressante e Mundo Estranho, foi amor à primeira vista. Aprendi mais sobre esse gênero e a produzir, nas aulas de Webjornalismo na faculdade. Já criei alguns infográficos nos lugares onde trabalhei, e achei curioso como meus colegas de trabalho sempre achavam inovador, muitos deles não usavam infografia em seus trabalhos jornalísticos."

Mariana Durans Matos Estudante de Jornalismo Assessora de Comunicação do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão

Sarah Bianca

Estudante de Jornalismo Assessoria de Comunicação do Ministério Público Federal (MPF) no Maranhão

"Na faculdade não tive contato algum, em nenhuma cadeira. Já no estágio, que iniciei no 6º período do curso, precisei utilizar em algumas reportagens como recurso para enriquecimento e também explicação, visto que trabalho em órgão público e muitos dos termos e ações precisam ser explicadas de forma minuciosa ao público."

'Na faculdade, quase não tive contato com a infografia, apenas uma ou duas disciplinas passearam por esse recurso. Na minha vida profissional, já usei. Não é algo que sempre coloco em matérias ou em artes para as redes sociais, mas sempre que preciso explorar um assunto mais difícil de ser compreendido ou com muitos dados, utilizo a infografia para ajudar a esclarecer."

Gabriela Moura Estudante de Jornalismo Estagiária na Secretaria de Infraestrutura do Maranhão

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A INFOGRAFIA ACOMPANHA A Artigos

HISTÓRIA

referência?

Infografia: O Design da Informação, Luiz Ferter e Fabiano Scherer A infografia como recurso jornalístico na mídia impressa, Paula Beatriz Neiva, 2004

T

ODA HISTÓRIA TEM UM COMEÇO. Esta começa nos tempos das cavernas, quando o homem, há milhares de anos, gravava nas paredes alguns traços junto de alguns desenhos. Não sabemos ao certo o que representavam ou o que pretendiam comunicar, mas foram essas manifestações encontradas em resquícios de culturas primitivas que nos permitiu afirmar: a informação gráfica existe desde os primórdios da comunicação humana. Avançando alguns milhares de anos, encontramos os pioneiros da chamada infografia moderna. William Playfair usou em seu The Comercial & Political Atlas, gráficos de barras e linhas com dados econômicos da Inglaterra em 1786, e por isso, hoje é citado por grandes autores, como precursor na produção de informação gráfica diferenciada. John Snow e Charles Minard acompanharam o pioneirismo de Playfair ao representar os seus trabalhos na primeira metade do século XIV, grande responsável pela expansão dos gráficos estatísticos e de mapeamento temático conquistados com as inovações do século anterior.

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A utilização da infografia foi bastante limitada durante boa parte do século XX, aqui ou ali uma tabela era usada, ou um mapa, e quem sabe uma ilustração. Esta inércia foi perturbada pela chegada dos anos 80, que trouxe consigo o desenvolvimento visual dos jornais graças, é claro, aos avanços tecnológicos. A infografia finalmente seguia em direção ao amadurecimento e difusão de sua aplicação. E então os softwares criados principalmente para designers gráficos, como o FreeHand, da Macromedia, e o Ilustrator, da Adobe, chegaram junto com o revolucionário Macintosh, nos anos 90, e aqui esbarramos no ponto em que a infografia começa a atingir seu auge.


Informação gráfica TUDO COMEÇOU COM A IMAGEM

De acordo com os autores De Pablos, Sancho e GeorgePalilonis, as pinturas rupestres são a prova de que a informação gráfica faz parte da cultura visual do homem há muito tempo, mais precisamente, desde os tempos das cavernas.

Década de 20 do século XX Os diagramas de Da Vinci Os diagramas manuscritos de Leonardo da Vinci, são apontados por profissionais e pesquisadores como exemplos pioneiros de infografia.

Século XVI

John Snow e um mapa de Londres Ele produziu um mapa da cidade de Londres cruzando informações que provaram a ligação entre a água contaminada e a epidemia de cólera que se alastrava

1786

1854

Falando de contemporaneidade o destaque é o surgimento dos pictogramas criados pelo movimento ISOTYPE, que era liderado por Otto Neurath que ajudaram a expandir a alfabetização visual.

1869

Século XX

1990

William Playfair William Playfair e seu The Comercial & Political AtlasPublicado no ano de 1786 a edição trazia 44 gráficos considerados inovadores para a época, muitos deles eram de febre ou de barras.

Charles Joseph Minard e seu trabalho gráfico O diagrama produzido em 1869 e que analisava o fracasso da invasão do exército napoleônico a Moscou, em 1812. Seu esforço possibilita compreender melhor o porquê da derrota das tropas francesas, a partir de seis variáveis graficamente expostas que reúnem informações geográficas, estatísticas e históricas.

A Apple lança o Macintosh A conhecida revolução do Macintosh, o primeiro computador pessoal a popularizar a interface gráfica e surgem os softwares como o FreeHand e Ilustrator, que facilitaram a produção de infográficos.

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1801

Nasce o infográfico jornalístico

Estima-se que a infografia chegou ao jornalismo através do suporte impresso, há mais de 200 anos, quando desenhos informativos ainda eram utilizados em jornais para contar uma história visualmente. Existem diversos debates em relação a primeira infografia jornalística, mas a maioria dos autores aponta o Mr. Blight House, publicado no The Times, no início do século XIX, como marco inicial. Nas décadas após a publicação alguns jornais incorporaram timidamente o uso da infografia em suas rotinas, ainda havia muito texto e pouca imagem.

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Esquema de batalha no The Times

Em 20 de abril de 1801 o The Times publicou o esquema de uma batalha naval entre a frota inglesa e a dinamarquesa. Longe dos modelos mais contemporâneos de infografia, este diagrama, a seu modo, explica a estratégia adotada que levou à vitória britânica.

1806

Mr. Blight ś House

Autores como Peltzer, Sancho, entre outros, defendem que o primeiro infográfico publicado pela grande imprensa é aquele intitulado Mr. Blight ́s House. Veiculada na primeira página do londrino The Times, em 07 de abril de 1806, a figura explicava um assassinato, detalhando o passo-a-passo do homicida quando estava dentro da casa, a trajetória da bala que matou Isaac Blight e o local onde o homem caiu morto.

Anos 30 do século XX

Revista Fortune

O autor Nigel Holmes conta que a revista Fortune, dos Estados Unidos, ficou conhecida nos anos 30 pela qualidade dos gráficos ilustrativos que publicava.

Década de 70

St. Petersburg Times

O jornal inova ao publicar sua capa regularmente em cores, tornando grande influenciador para tornar popular o uso deste recurso nos demais jornais americanos.


Final da década de 70 Revista Time Avanços significativos nessa área só puderam ser observados com as primeiras técnicas eletrônicas de edição dos jornais e descobertas como composição automática e impressão em cores.

Os gráficos da revista Time foram a grande novidade nos anos em que foram publicados e logo foram imitados por muitas outras publicações. A revista trazia com frequência em suas páginas os gráficos de Holmes, considerado um dos pioneiros no uso da infografia contemporânea, ao lado de Peter Sullivan. O estilo de Holmes se popularizou mais, convertendo-o no infografista de maior influência na imprensa mundial. (HELLER em seu...)

Década de 80 USA Today

A forma de conceber o design da notícia ou a programação visual de jornais passa por uma mudança expressiva. Nasce o diário USA Today, com uma aposta editorial que o diferenciava, já que era baseada no uso sistemático de textos curtos, e, principalmente em formas inovadoras de uso de cores, de produção/concepção de mapas, como os clássicos mapas do tempo, de gráficos, de infográficos e outros tantos recursos.

Guerra do Golfo A Guerra do Golfo é apontada como marco específico da história da infografia contemporânea e do que se chamou de jornalismo visual, expressão definida por autores, entre eles Harris Lester como o resultado da prática de contar histórias com palavras, imagens e recursos de design, envolvendo não apenas habilidade, mas conhecimentos de áreas bastante distintas para a concepção de um produto cada vez mais complexo.

1991

Com a chegada dos computadores às redações nos anos 80 a infografia moderna é consolidada e o jornalismo começa a traçar novos rumos. O que se buscava era uma linguagem mais visual, agradável que facilitasse a compreensão do leitor em relação ao assunto abordado. O trabalho gráfico feito por jornalistas ingleses e norteamericanos nesse período resultou numa grande revolução nos meios de comunicação. Na década seguinte, a Guerra do Golfo (1990 – 1991) impulsionou o uso da infografia nos jornais latino-americanos e a transformou em um instrumento útil e bastante aplicado nos jornalismo diário.

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Há um bom tempo a infografia marca presença nos jornais brasileiros, desde a década de 70, profissionais especializados e departamentos de arte faziam parte do quadro dos grandes jornais. Revistas como as da editora Abril e jornais como O Dia, O Globo e Folha de São Paulo começaram a usar infográficos sistematicamente no jornalismo impresso a partir dos anos 1990. A Folha é considerada pioneira na utilização do recurso em suas

páginas e o primeiro a ter um manual de infografia, lançado em 1998. Mesmo com todo avanço das tecnologias, a produção infográfica brasileira é pequena em comparação com a norteamericana e espanhola. Consolidada como linguagem, a infografia também gerava muitas dúvidas e apreensões no interior das redações que existem até hoje, a exemplo da compreensão do que de fato ela é, quando e por que usar o recurso.

referência? Livro Infografia e Jornalismo - conceitos, análises e perspectivas, Tattiana Teixeira Infografia no jornalismo impresso: além da complementação, um novo modo de fazer jornalismo, Evane Cecilio e Everly Pegoraro, 2011 Artigo: Infografia Multimídia: Um modelo narrativo para webjornalismo, Beatriz Ribas, 2010

História da Infografia no Brasil 10

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1985

1909 Recentemente, foi localizado que seria uma das primeiras manifestações do uso de recursos gráficos precursores da infografia, no jornal o Estado de São Paulo, publicada em 18 de agosto de 1909. O infográfico apresenta texto e imagem sobre o crescente comércio internacional e a navegação marítima. É considerado um precursor do que viria a representar o infográfico da imprensa brasileira.

Década de 70 e 80 Foram localizados gráficos que aliam dados estatísticos e ilustrações, consideradas versões embrionárias de infográficos. No livro A Revista no Brasil, da Editora Abril, lemos que “a infografia apareceu nas revistas e nos jornais no final dos anos 70 como uma resposta da imprensa escrita ao impacto visual que a televisão e o computador trouxeram ao universo da notícia”

Anos 90 1994 O jornal inovou ao criar o primeiro departamento de infografia e ilustração do Brasil no ano de 1994. O Dia ganhou um prêmio Malofiej, em 1996, quando o departamento já havia se transformado em uma editoria do jornal, tornando-se assim o primeiro diário brasileiro a ser premiado no concurso mais importante do mundo.

Conquistas dos 90 Apesar de resistências no início de sua implantação o investimento em infografia se tornou uma prática e os resultados vieram sem demora. Em 1997, a Revista Veja conquista seu primeiro prêmio Malofiej e em 1998, o Grupo Abril, que desde os anos 90 investe nessa área conquista seu segundo Malofiej com a revista Superinteressante.

A infografia se tornou mais frequente nas páginas de muitos jornais brasileiros, embora a presença de gráficos informativos seja bem anterior a este período. Isso aconteceu graças a reformas gráfico-editoriais realizadas em diversos casos com a contratação de consultorias internacionais.

O cuidado com a informação gráfica estava também nas primeiras versões do polêmico Projeto Folha que, em sua versão 1985-86, valorizava o jornalismo de serviço e a explicação detalhada, didática, dos acontecimentos.

Ary Moraes Um dos poucos a tentar recontar, ainda que parcialmente, a história da infografia no Brasil, Ary Moraes, lembra que a expressão infografia começou a ser usada no país no final dos anos 80, “trazida pelos poucos iniciados que tinham contato, principalmente, com o trabalho desenvolvido pela SND [Society for News Design], e seu uso se limitava ao círculo dessas pessoas”. Ary Moraes, é jornalista e doutor em Design, concentra suas pesquisas no campo da Infografia e do Design de Notícias.

1998 Produzido por Mario Kanno e Renato Brandão, o livreto com 36 páginas, merece destaque. O Manual de Infografia da Folha de São Paulo foi lançado em meio a necessidade de esclarecer e aperfeiçoar o que se compreendia como linguagem infográfica, em uma época na qual as escolas de jornalismo praticamente não falavam sobre o tema.

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perfil

O MAIOR INFOGRAFISTA DO BRASIL: LUIZ IRIA

A

ARTE DE INFORMAR! É assim que um dos maiores nomes da infografia no Brasil a define. Conhecido mundialmente por seus infográficos, Luiz Iria, influenciou a consolidação dessa linguagem nas publicações nacionais com seus infográficos de alto nível. Sua paixão por desenhos e histórias em quadrinhos desde a infância, motivou a opção pela carreira de ilustrador, com formação em publicidade pela Faculdades Integradas Alcântara Machado. Ao longo de quase duas décadas de serviço na Editora Abril, exercendo o cargo de diretor do núcleo de Infografia durante oito anos, Iria a implantou de forma definitiva nas revistas Superinteressante e Mundo Estranho, que hoje em dia são vistos como "cartão-postal" da linguagem no Brasil. Como infografista renomado inspirou e ensinou uma geração de novos talentos, que consolidaram o jornalismo visual nas principais publicações do nosso país. O trabalho de maior

importância de sua carreira foi um infográfico sobre artes marciais, que ganhou oito páginas na revista Superinteressante, e conquistou ouro na categoria de esportes do Prêmio Malofiej, maior premiação de infografia do mundo. Ganhou três vezes o prêmio ESSO de Jornalismo, e mais trinta prêmios Malofiej, recebeu medalha de ouro no anuário da The Society of Publication Designers uma das mais importantes organizações de design. Atualmente, é sócio fundador da “Luiz Iria – Infografia e Inovação Digital” onde realiza trabalhos de infografia, ilustrações, animações e interatividade para web e tablets, consultorias, palestras e workshops.

conexão? Confira a entrevista de Luiz Iria a revista Superinteressante, o infografista conta um pouco da história de sua carreira, que se mistura com a história da infografia no Brasil, e dá conselhos para os interessados em mergulhar nessa fusão de arte e texto, importantíssima na era onde informações em excesso precisam ser organizadas e digeridas para grandes audiências.

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Como a infografia surgiu na sua vida? Eu trabalhava na Superinteressante, e nessa época o diretor de redação era o Eugênio Bucci que conheceu a infografia através dos jornais espanhóis “El Mundo” e El País”, ambos de Madrid, eles eram os grandes mestres da infografia mundial. Eugênio percebeu que essa linguagem dinâmica e inovadora tinha tudo a ver com a revista e convidou algumas feras da Espanha para ministrar palestras e workshops de infografia na Editora Abril. Quando vi as primeiras apresentações e o que aqueles caras faziam fiquei maravilhado. Quando garoto, eu era viciado em histórias em quadrinhos de super-heróis e depois vi que a infografia tinha tudo a ver com as HQs, pois também eram várias imagens com pequenos blocos de texto. Foi essa ligação que me atraiu para a infografia. Luiz Iria em entrevista para a Superinteressante em 2013


A INFOGRAFIA NO JORNALISMO

D

E FORMA SIMPLES É POSSÍVEL DIZER QUE Infográficos são quadros informativos que combinam texto e elementos visuais, - fotos, gráficos, mapas e ilustrações, para transmitir uma informação. Essas ferramentas são consideradas atraentes para o leitor, pois facilitam e agilizam a compreensão do conteúdo, uma vez que oferece noção mais rápida e claras dos envolvidos no acontecimento, do tempo e do espaço noticiado. O infográfico é cada vez mais usado nestes novos tempos marcados por uma velocidade de consumo de informação freneticamente crescente. Eles abordam assuntos de forma concisa e sintetizada, fazendo uma sincronia perfeita com este perfil pós-moderno.

Sua consolidação como subgênero do jornalismo informativo

referência? Livro Infografia e Jornalismo - conceitos, análises e perspectivas, Tattiana Teixeira, 2010 Dissertação de mestrado do Programa de Pósgraduação em estudos de mídia da Universidade Federal do Rio de Grande do Norte - RN, 2013, William Cordeiro da Silva: Infografia Interativa na Redação - o processo de produção no Diário do Nordeste à luz da Teoria do Jornalismo. Infografia: O Design da Informação, Luiz Ferter e Fabiano Scherer

Sua ascensão levantou importantes questões no universo acadêmico, a exemplo de sua definição dentro do jornalismo. No livro “Infografia e Jornalismo - conceitos, análises e perspectivas”, publicado em 2011, a autora Tattiana Teixeira questiona os limites entre um recurso visual e uma infográfico jornalístico, segundo ela a resposta é desenvolvida com uma equação simples, o modelo pressupõe uma narrativa que é construída a partir da inter-relação indissolúvel entre texto, que é claro, vai além da legenda e título, e imagem que funcione não só como estética, e sim como algo que tenha propósito de contribuir para a produção e compreensão total desta narrativa. A pesquisadora ressalta que esse binômio imagem e texto na infografia jornalística exerce uma função explicativa e não apenas expositiva. “O infográfico,

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enquanto discurso, deve passar uma informação de sentido completo, favorecendo a compreensão de algo, e nem imagem nem texto devem se sobressair a ponto de tornar um ou outro dispensável. O infográfico também não pode ser construído de maneira aleatória ou que privilegie a estética ou os recursos tecnológicos em detrimento da informação jornalística”. Nesse contexto, Carlos Sojo, um dos pesquisadores que mais se preocupa em distinguir a infografia jornalística de outras manifestações gráficas comuns em veículos informativos, revisa diversos autores e tenta derrubar o mito de que o termo “gráfico” equivale a infografia. Ele discorda amplamente da classificação de mapas, tabelas e gráficos como formas do gênero. Tal posicionamento não sugere que os elementos não tem importância ou que não exercem função relevante nas matérias que acompanham, o ponto aqui defendido é que isoladamente eles não são infográficos e sim recursos iconográficos com alto valor informativo. A compreensão dessa diferença é essencial no ponto de vista da infografia como discurso jornalístico, essa discussão ajuda a definir cada um deles, e consequentemente a própria definição do infográfico, que necessita ser pensado jornalisticamente. Autores envolvidos com o tema, como o espanhol Alberto Cairo, acreditam que ele deve ser produzido em ação conjunta de jornalistas e designers, e destacam que o foco não deve ser a beleza de uma página, e sim a qualidade, na precisão e na clareza informativa.

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A infografia na classificação dos gêneros jornalísticos O pesquisador Luiz Beltrão apresentou três categorias em relação aos gêneros no jornalismo brasileiro, que seriam o jornalismo informativo, interpretativo e o opinativo, e cada uma delas possui subcategorias, em uma organização que coloca, por exemplo, os gêneros notícia e reportagem no jornalismo informativo, e o artigo e editorial no opinativo. O critério adotado para essa divisão é funcional, é a percepção de como cada um deles atua junto ao leitor, é o que explica José Marques de Melo, jornalista, pesquisador e professor universitário conhecido como o primeiro doutor em jornalismo no país e um dos principais teóricos na área de comunicação no Brasil. Os diversos avanços tecnológicos na produção jornalística, como o uso de cores, tipos, artes visuais e recursos multimidiáticos, os meios de comunicação em massa, com a intenção de conquistar audiência, passaram a apresentar a informação de novas formas que deram origem a novos gêneros e subgêneros. A pesquisadora Ana Paula Velho, afirma que a aposta do visual e do imediatismo atende à sociedade do espetáculo inserida no jornalismo da era tecnológica da visibilidade técnica, onde aparência e a dinâmica da página é o termo decisivo, é justamente nesse contexto que a infografia se encaixa.


Adriana Rodrigues em sua pesquisa “Infografia na revista Veja: a imagem gráfica como introdução ao leitor”, reconhece que a infografia assume a cada dia a capacidade de ser vista como uma linguagem informativa jornalística, um gênero, e não apenas como um mecanismo de transmissão de notícias, já que ela ocupa lugar de destaque dentro das produções jornalísticas, desde o processo de discussão da pauta até o layout final das páginas. Perspectivas como essas sugerem que o infográfico é um elemento enquadrado dentro das modalidades de gênero, assim como a notícia, a reportagem ou a entrevista. Ele não é mais um subproduto do jornalismo, ainda que exista certa dificuldade em visualizá-lo como linguagem autônoma. Tattiana Teixeira elaborou um esquema onde enquadra a infografia jornalística como gênero, pois ela assume importância e manifestação própria na dinâmica do meio. De forma bem clara, para a pesquisadora os infográficos adquirem status de gênero informativo.

Gêneros Jornalísticos

Gênero Opinativo

Gênero Informativo Subgêneros / modalidades ou espécies Notícia Reportagem Entrevista Perfil

Infográfico

Esquema de Tattiana Teixeira

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De acordo com o professor universitário espanhol, Carlos Sojo, o modelo pode ser destacado como gênero, pois possui uma estrutura claramente definida, finalidade, e marcas que se repetem em diferentes trabalhos, como título, texto, corpo, fonte, crédito, imagens, desenho. São marcas como estas que dão à infografia a consistência de gênero. Sojo reuniu o panorama da infografia como gênero jornalístico, sob o ponto de vista de diferentes especialistas e o resultado foi apresentado na III Bienal Iberoamericana de Comunicação, na cidade de Cholula no México em 2001. Autores como Casaves, Landrés e De Pablos foram citados no estudo, e todos eles a consideram novidade na pauta em questão, e destacam sua competência em convergir soluções fotográficas, informativas, de desenho e de conteúdo, se transformando em um fenômeno capaz de propagar informações de forma mais clara, amena, rápida, objetiva, exata e eficaz.

Um bom infográfico Inserir aqui texto explicativo sobre as informações a seguir

conexão? Todo infográfico deve conter alguns elementos obrigatórios: (1) título, (2) texto introdutório – uma espécie de lead de poucas linhas com informações gerais, (3) indicação das fontes, e (4) assinatura do autor. De Pablos em 1999, Carlos Sojo em 2000 e George-Palilonis em 2006.

Este formato é adotado nas redações que têm tradição na produção de infográficos e contribui de maneira efetiva para a maior qualidade do material apresentado ao leitor, ao telespectador, no caso da televisão e ao usuário/interagente, na infografia online. Tattiana Teixeira em 2010

Além disso, um bom infográfico costuma contar com recursos visuais diversos como fotografias, mapas, tabelas, ilustrações, diagramas, entre outros.

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O PENSAR INFOGRAFICAMENTE

J

Á ENTENDEMOS QUE A infografia pode contribuir de maneira efetiva para a qualidade da narrativa jornalística, mas nem sempre sabemos como colocá-la em prática de forma eficaz. Tattiana Teixeira destaca que este “não-saber” não se refere ao domínio de ferramentas específicas, como a ilustração, programas de edição e afins, mas sim à capacidade de “pensar infograficamente”. Ainda é bastante comum encontrar defensores da ideia de que a infografia é uma linguagem para quem possui um talento artístico maior que a própria formação jornalística. O responsável por implementar em 1994, a linguagem na revista Superinteressante, Eugênio Bucci, é totalmente contrário a esse ideia, e com convicção define o profissional por trás de um infográfico. “O infografista não é um ilustrador. Essa é a primeira demarcação importante a ser feita, ele é um repórter que explica com linguagem que usa recursos visuais”. Bucci conta que um dos principais desafios naquela época foi o de derrubar a fronteira criada entre o setor de arte e a redação dos veículos informativos. “O conteúdo de uma

referência? O Infográfico e o Jornalismo Informativo, Tattiana Teixeira, 2010

É importante que um jornalista seja capaz de perceber quando há possibilidades gráficas de informar

revista não pode ser só pensado em letras. Nós identificamos uma dificuldade muito grande na formação dos jovens, eles costumavam ser formados para escrever e não pensar visualmente, e isto é fundamental”, ele conta. É preciso mudar a visão sobre alguns processos de produção, de habilidades e competências dos profissionais, para que a informação gráfica apresentada ao leitor seja de alto padrão. O designer gráfico e ilustrador britânico, Nigel Holmes, ressalta

que o comunicador visual, não precisa dominar com precisão os programas de informática, nem um exímio desenhista, para ele o conjunto de habilidades mais significativos que um especialista que pretenda trabalhar com infografia deve ter seria, o fácil acesso a ambos os hemisférios cerebrais, ter curiosidade jornalística e ser bom observador, e por fim, ser capaz de tratar o desenho e o texto de forma igual, sem dar mais importância a um ou outro. Revista Comunica

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Habilidades para se trabalhar com infografia

25% 25%

Fácil acesso a ambos hemisférios cerebrais

25%

Tratar o desenho e a escrita de forma igual

Curiosidade jornalística e boa observação

7%

Senso de humor

9%

Paixão pelo profissão

5%

1%

Cadeira confortável para passar longas horas Nigel Holmes

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Conhecimento em história gráfica

3%

Conhecimento em informática

Essas características são resultados de preparação, persistência, trabalho, formação. Até bem recente, a união delas em uma única pessoa não era exigido ou incentivado nas redações profissionais ou nos cursos de jornalismo. Hoje, fica claro que todos os envolvidos na produção devem ter a capacidade de entender a relação indissociável entre imagem e texto, indo além do conhecimento superficial, porque isto influencia desde a definição da pauta, até o processo complexo de construção e finalização de uma infografia. Tattiana Teixeira se arrisca a defender que não há, ou não deveria haver, jornalista de texto e jornalista de imagem, quando se fala em infografia. Os profissionais devem ser capazes de identificar quando se deve investir nas modalidades tradicionais, como reportagem, notícias ou notas, e quando optar pelos infográficos. Mesmo com a movimentação do chamado mercado, em que profissionais e teóricos apostam no crescimento da infografia nos veículos jornalísticos, as universidades não caminham na mesma velocidade, é preciso ensaiar uma reação, porque é fundamental ensinar a pensar infograficamente.


INFOGRAFIA NAS ESCOLAS DE JORNALISMO Nos cursos de Jornalismo seu ensino ainda é iniciante

A

AUSÊNCIA DE DISCIPLINAS específicas é uma realidade no Brasil. Não existem estatísticas oficiais, mas um levantamento feito por Talita Fernandes enquanto bolsista de iniciação científica (PIBIC) com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e membro do Núcleo de Pesquisa

em Linguagens do Jornalismo Científico - NUPEJOC no Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, a partir dos currículos disponíveis nos sites oficiais das instituições, aponta um pequeno índice de cursos que tem disciplinas obrigatórias ligadas à infografia.

referência?

Livro Infografia e Jornalismo - conceitos, análises e perspectivas, Tattiana Teixeira, 2010 Infografia na escola, capítulo 4

Cursos com disciplinas obrigatórias ligadas à infografia Cursos por região

Currículos analisados

Possuem disciplina Infografia

Centro Oeste

31

29

2

Nordeste

56

45

0

Norte

25

22

0

Sudeste

177

145

13

Sul

50

50

1

Região

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cursos na região Sudeste possuem disciplina Infografia deles são da Unip – Universidade Paulista, localizados na Grande São Paulo e no interior paulista. O curso Jornalismo Multimídia do Centro Universitário Monte Serrat – UNIMONTE, localizado no município de Santos, litoral paulista, também possui uma disciplina Infografia. As regiões Norte e Nordeste não possuem cursos de jornalismo com a disciplina Infografia

Nos cursos de jornalismo das três principais universidades de São Luís, capital maranhense, não existem disciplinas específicas sobre infografia. Na grade curricular do curso de Jornalismo da Universidade Ceuma, não encontramos nenhuma disciplina que citasse a infografia em suas ementas e nenhuma bibliografia sobre o assunto. Existem discussões sobre projeto gráfico e editorial dos produtos de comunicação em uma disciplina do terceiro semestre chamada Planejamento Gráfico em Jornalismo. Dentre os conteúdos que ela engloba, há um cuidado em ensinar sobre o processo de leitura, tipologia, psicodinâmica das cores, e o sistema de percepção e forças de composição de elementos visuais. A Faculdade Estácio de São Luís dispõe em seu currículo a disciplina obrigatória Computação Gráfica e Editoração Eletrônica, que apresenta de forma mais técnica operações básicas no 20

Revista Comunica

O único curso da região Sul que possui disciplinas de Infografia é o da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, que oferece Infografia e Infografia para Internet como disciplinas optativas. INFOGRAFIA: ministrada durante e por professor substituto INFOGRAFIA PARA INTERNET: ministrada por professor efetivo do departamento. No Maranhão, não existe nenhum curso de jornalismo com disciplinas específicas sobre Infografia.

tratamento da informação, na computação gráfica e na linguagem visual. Nesta cadeira, o computador é colocado como ferramenta do processo criativo e são estudados os softwares aplicados na publicidade e no jornalismo, que servem para a manipulação de imagens e diagramação. Na habilitação Jornalismo do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, não identificamos nenhuma referência a infografia como gênero jornalístico em sua grade curricular, bem como nenhuma bibliografia sobre o tema em suas ementas. No entanto, disciplinas como Laboratório de Webjornalismo, Jornalismo de Revista e Laboratório de Jornalismo Impresso, possuem professores preocupados em apresentar a seus alunos as características e as potencialidades da infografia jornalística. Além de incentivar o estudo e o uso da linguagem, os docentes indicam ferramentas que facilitam a produção de infográficos.


Se é inadmissível formar um jornalista que não saiba produzir uma notícia, porque é aceitável que ele não saiba quase nada sobre infografia? Tattiana Teixeira, 2010

Assim como a reportagem ou notícia, modalidades clássicas do jornalismo, o infográfico é relevante para a construção da narrativa jornalística no gênero informativo, e por isso deveria estar presente no currículo dos cursos de comunicação.

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Os números apresentados por Talita Fernandes vão ao encontro do que revelaram alguns profissionais entrevistados por pesquisadores do NUPEJOC ao longo dos últimos anos. Denis Russo entrou na revista Superinteressante logo depois de se graduar em Jornalismo, ainda nos anos 90. Ao ser questionado se havia enfrentado dificuldades para trabalhar com infografia, ele declarou que quando saiu da faculdade “não tinha a menor ideia de como fazer infográficos. Acho sim que os jornalistas não são preparados para isso no Brasil”. Em entrevista ao jornalista e pesquisador André Deak, Marina Motomura, editora-assistente da revista Mundo Estranho, publicação que tem, em média, mais da metade de suas páginas dedicadas a infográficos, conta que na faculdade só tinha uma leve idéia do que era infografia e quando entrou no mercado teve muito dificuldade para fazer seus primeiros infográficos. Em 2007, durante entrevista concedida a Mayara Rinaldi, o pesquisador De Pablos criticou o ensino da infografia nos cursos de graduação. “É muito pobre, em poucas universidades professores ensinam infografia porque não há uma grande preocupação, não há interesse, apesar de ser muito importante”, afirmou. Cursando o último semestre de jornalismo na Universidade Federal do Maranhão, Gabriela Moura, diz que quase não teve contato com a infografia durante os anos de faculdade. “Apenas duas disciplinas passearam por esse recurso, mas as coisas que aprendi sobre essa linguagem, mesmo sendo um pouco superficiais, ajudaram na minha vida profissional. Quando precisei explorar assuntos de difícil compreensão ou com muitos dados, utilizei a infografia para ajudar a esclarecer, foi eficiente, gostaria de ter aprendido um pouco mais”, conta.

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A integração imagem e texto é muito mais complexa do que pode parecer à primeira vista, e o processo de produzir infográficos seria muito mais facilitado se desde a faculdade houvesse a preocupação com este subgênero que aparece em revistas, jornais, cibermeios e diversos programas jornalísticos da televisão.

Alternativas Intuitivamente, enquanto as faculdades não investem de forma sistemática no ensino da infografia – salvo as tradicionais e honrosas exceções – os profissionais tentam divulgar para os leigos como se faz um infográfico e toda a dificuldade por trás de cada um deles. Uma das primeiras iniciativas neste sentido foi da equipe da Superinteressante cujo primeiro vídeo para a TV Fiz, da Abril, chamava-se “Como fazer um infográfico”. Nele, Luiz Iria explica, em pouco mais de dois minutos, como foi a produção de um dos infos da Superinteressante. Em setembro de 2007, o G1 também mostrou como foi produzido um infográfico do portal. Depois, em junho de 2008, na seção denominada Superprofissão, a revista Mundo Estranho, voltada para um público adolescente na faixa de 13 a 16 anos, explicava “como se tornar um infografista”. Os workshops e cursos internos são uma alternativa para tentar cobrir a lacuna deixada pela maior parte dos cursos de Jornalismo que ainda não se aprofundam no ensino da infografia. Infografistas e jornalistas como Luis Iria e Sergio Peçanha se dedicam na realização de eventos assim em todo país

Tattiana Teixeira


UMA CLASSIFICAÇÃO NECESSÁRIA Uma proposta de classificação de infográficos

P

ODEMOS ESPERAR BONS RESULTADOS quando uma infografia é bem utilizada, além de ser algo muito atrativo, melhora a narrativa jornalística, facilitando assim, a compreensão dos leitores. Diversos pesquisadores ao longo de seus estudos tentaram definir caminhos para atingir esse nível de qualidade. Eles construíram propostas para classificá-la que geralmente estão relacionadas aos elementos presentes em uma infografia e a forma como é estruturada. Tattiana Teixeira considera muitas dessas ideias adequadas, mas destaca que sentia falta

de algo capaz de nos fazer compreender de modo claro quando a infografia deve ser usada, e principalmente como deve usada e produzida, porque segundo ela, “estas questões são as que mais inquietam não só os estudantes quando são confrontados com a com ela e a sua produção, como até mesmo os profissionais das redações”. E foi partindo desse ponto que a pesquisadora estabeleceu sua proposta de tipologia, que atende tanto a aspectos metodológicos, como ao ensino e consequentemente a criação de infografia.

Infográfico

Enciclopédico

Independente

Complementar

Jornalístico

Independente

Complementar

ReportagemInfográfica

Revista Comunica

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Modelo de classificação de infográficos O modelo e classificação de Teixeira, primeiramente divide os INFOGRÁFICOS em dois grandes grupos, os ENCICLOPÉDICOS e JORNALÍSTICOS

No campo chamado de ENCICLOPÉDICOS estão aqueles alinhados em explicações mais universais e costumam ser bastantes generalistas como, por exemplo, detalhes da anatomia dos gatos, como se formam as tempestades, o que são partidos políticos, o que é ditadura militar, quais os benefícios da atividade física, entre outros.

Enquanto esse tipo de infográficos apresentam abordagens mais genéricas, os JORNALÍSTICOS focam nas questões mais próximos a singularidade dos fatos, ideias ou situações narrados.

Na contramão, os ENCICLOPÉDICOS INDEPENDENTES por sua vez, são caracterizados por não acompanhar nenhuma reportagem ou notícia, tratando de temas a partir de viés global e essencialmente descritivo.

Diretamente vinculados a determinada notícia ou reportagem os COMPLEMENTARES atuam como um mecanismo para melhorar a compreensão de alguma coisa e possibilita a contextualização com mais detalhes.

Após ser categorizado em uma dessas duas classes, o infográfico pode ser dividido ainda em COMPLEMENTAR e INDEPENDENTE.

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Os JORNALÍSTICOS INDEPENDENTES aparecem como maneira diferenciada de relatar um acontecimento jornalístico. Eles possuem vários recursos que integram conjuntamente um infográfico complexo.

É daí que surge a chamada REPORTAGEM INFOGRÁFICA,. Ela possui um texto principal que funciona como introdução ou abertura de uma reportagem, seguido por um ou mais infográficos, assim o design gráfico, apuração, produção, tudo gira em torno de um produto diferenciado, único. No Brasil, a revista Superinteressante é um dos veículos pioneiros do uso sistemático da reportagem infográfica, e recebeu prêmios internacionais por alguns de seus trabalhos.

referência? Livro Infografia e Jornalismo - conceitos, análises e perspectivas, Tattiana Teixeira, 2010 Livro Manual de Infografia de Imprensa, Joana Moreira, 2019 Modelo de caracterização de infográficos: Uma proposta para análise e aplicação jornalítica, Luciana Silveira, 2010

Tattiana explica que “classificar” no jornalismo sempre cumpre uma dupla função: orientar tanto na prática profissional como o consumo da informação. Isso é o que acontece na própria classificação dos gêneros jornalísticos e foi justamente o que serviu de base para proposta tipológica que ela defende. A ideia do modelo apresentado é propor uma reflexão e uma perspectiva que vai nortear o trabalho dos que começam a se aventurar no exercício da infografia, que raramente é ensinada nas escolas de jornalismo. Revista Comunica

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INFOGRÁFICO

MULTIMÍDIA referência?

Artigos A infografia multimídia como narrativa jornalística e as possibilidades do HTML5, Walter Teixeira Junior e Eduardo Barboza, em 2015. Infografia Multimídia: um modelo narrativo para o webjornalismo, Beatriz Ribas, em 2010. Infografia multimídia: possibilidades interativas de um novo gênero ciberjornalístico, Ana Carolina Silva e Eduardo Uliana, em 2007.

A infografia ‘multimídia’ possui outras denominações em diferentes trabalhos encontrados no campo, como: Infografia interativa (Cairo, 2003; Chimeno, 2003) Infografia digital (Valero Sancho, 2003) Infografia animada (Outing, 2004) Ou uma mistura desses adjetivos, todas se referindo ao mesmo objeto.

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Revista Comunica

O

Um modelo narrativo para webjornalismo

USO DA INFORMAÇÃO GRÁFICA se popularizou nos jornais impressos, e a capacidade de explicar melhor os acontecimentos que a infografia possui, fez com sua importância aumentasse gradativamente. Grandes episódios históricos tiveram impactos na evolução do binômio imagem + texto. A Guerra do Golfo em 1991 é apontado como um marco para o desenvolvimento dessa linguagem no jornalismo mundial, com a ausência de fotografias e a necessidade de algo a mais para completar as informações, a infografia foi um fator essencial. Os autores Mario Chimeno e Rafael Fernández-Ladreda, sugerem que no webjornalismo, o 11 de setembro de 2001 é a data em que se percebeu que havia uma nova forma de apresentar visualmente as notícias. Nasce então, a infografia multimídia que além ser constituída por componentes gráficos, como fotografias, desenhos e textos, incorpora outros elementos proporcionados pela tecnologia digital, como recuperabilidade da informação, adição de vídeo, áudio, navegação nãolinear e interatividade. Com cobertura da queda das torres do World Trade Center, em 2001, o uso deste artifício jornalístico se expandiu, uma vez que sua aplicação no campo digital, ou seja, às notícias e reportagens online, é indicada para descrever situações complexas, acontecimentos simultâneos, ocorridos em diferentes locais.


Em sua publicação “Infografia 2.0: visualización interactiva de información en prensa”, Alberto Cairo destaca que a incorporação de recursos interativos aos infográficos só foi possível devido à revolução no design da informação visual. “A infografia deixa de ser uma apresentação estática de dados e se transforma em uma ferramenta que os leitores podem usar para analisá-los”. Além das inovações nas questões estéticas e funcionais dos infográficos, as linguagens de programação Javascript e HTML, contribuíram para tornar a infografia online mais interativa e

dinâmica. De acordo com Valero Sancho, no livro “La infografía: técnicas, análisis y usos periodísticos”, ambas as linguagens, que são voltadas para a internet passaram a exercer uma grande influência na construção e no formato dos infográficos atuais. O Javascript possui funções como a criação de botões e o desenvolvimento de aplicações de cálculo matemático simples, e o HTML, tanto o estático como o dinâmico, possibilita a criação de objetos animados que respondem a comandos pré-definidos, mostrando imagens, sons e gráficos dinâmicos.

Todos os infográficos multimídia webjornalísticos são: Já que em primeiro lugar a infografia é representação gráfica de informação e no jornalismo um dos principais objetivos é informar. (Peltzer em 1991 e De Pablos, 1999)

Em menor ou maior nível, considerando a natureza da nova mídia e o princípio da tele-ação. (Manovich, 2003) “No mundo do design interativo, a ação se torna a razão de ser da informação” . (Meadows, 2003)

Informativos

Interativos

Narrativos Já que a narração é a maneira através da qual se relata, explica, demonstra, descreve, revela, acontecimentos, fatos ou ações de personagens ou da natureza de forma relevante e noticiável. (Valero Sancho, 2003)

Considerando que a exploração é o segundo estágio da interatividade. (Meadows, 2003)

Exploratórios

Simulatórios Considerando que em uma simulação é uma substituição dos sinais do real pelo real (Baudrillard, 1983), e a nova mídia permite ao usuário manipular a realidade através de suas representações. (Manovich, 2001)

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Classificação de infográficos multimídia

Na opinião da pesquisadora Raquel Longhi, quando falamos de novas possibilidades comunicativas na web, a narrativa multimídia é a que mais se destaca no jornalismo online. Principalmente, devido à possibilidade de integração de linguagens e a capacidade de aproveitar as principais características do meio de comunicação, neste caso, online. A infografia multimídia une características que faz dela um dos modelos narrativos mais adequados à estética dos produtos jornalísticos desenvolvidos exclusivamente para a web. No artigo “O contexto digital e os gêneros jornalísticos: considerações sobre a retórica da narrativa na Web”, escrito por Beatriz Ribas e apresentado no IV Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), em 2006, a jornalista defende que a infografia multimídia mantém as características essenciais da infografia impressa, mas ao ser realizado através de outros processos tecnológicos, de agregar as potencialidades do meio e ser apresentada em outro suporte, estende sua função, altera a lógica e incorpora novas formas culturais.

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No ciberespaço, a infografia é potencialmente multimídia e agrega as características do meio, apresenta uma estrutura multilinear que integra diferentes formatos, e compõe uma unidade informativa. É um modelo composto de formatação do discurso, que possui elementos próprios. Beatriz Ribas reuniu esses elementos em tabelas, organizando-os por tipos, estados e categorias, propondo uma classificação para os infográficos multimídia webjornalísticos, com o objetivo de identificar suas particularidades e potenciais. Associando Tipo, Estado e Categoria é possível definir a função de cada unidade infográfica, útil para a composição de narrativas diferenciadas, tendo em mente o público para o qual são estruturadas.

TIPO

CARACTERÍSTICAS

Autonômo

Contém todos os elementos de uma notícia sem a necessidade de um texto paralelo. O texto é elemento complementar à narrativa assim como outros códigos audiovisuais, integrados, constituindo uma unidade informativa independente. É a própria notícia.

Complementar ao Texto

Serve como informação complementar à notícia principal apresentada na forma de texto.

Complementar ao Infográfico

Serve como informação complementar à notícia principal apresentada na forma de um infográfico autônomo.


Essa proposta não exclui a possibilidade de que as diferentes categorias façam parte de uma mesma unidade infográfica. Quando ela é do tipo ‘Complementar ao Infográfico’, pode reunir as diferentes categorias e constituir o tipo ‘Autônomo’. Um infográfico ‘Seqüencial’ pode estar dentro de um ‘Relacional’ que pode estar dentro de um ‘Espacial’, ou vice-versa.

ESTADO De atualidade

De

memória

CATEGORIA

Sequencial (cronológica)

Relacional (quantitativa)

Espacial

Se o infográfico não é mais ‘de atualidade’, torna-se ‘de memória’ integrada ao espaço modular e podendo ser recuperada instantaneamente, podendo voltar a integrar a narrativa principal e voltando ao estado ‘de atualidade’. Beatriz Ribas

CARACTERÍSTICAS

É construído no momento dos acontecimentos.

É um arquivo. Torna-se arquivo quando deixa de ser de atualidade. É ao mesmo tempo múltiplo, instantâneo e cumulativo (Palacios, 2000), considerando a lógica estruturante do ciberespaço (Machado, 2004).

CARACTERÍSTICAS Demonstrar um acontecimento, processo ou fenômeno em seqüência, detalhadamente, necessitando o acompanhamento sequencial para a compreensão da totalidade. Permitir escolhas que desencadeiem e desenvolvam determinados processos, permitindo compreender as relações entre causa e conseqüência. Reconstituir o interior de um ambiente, tal como ele é fisicamente, permitindo um ‘passeio virtual’.

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conversa

Márcio Carneiro dos Santos Professor permanente dos Programas de Pós Graduação em Comunicação da UFMA (Mestrado Profissional em São Luís e Mestrado Acadêmico em Imperatriz). É também professor adjunto do Departamento de Comunicação Social na área de Jornalismo em Redes Digitais. É coordenador do LABCOM- Laboratório de Convergência de Mídias. Líder do grupo de pesquisa CNPq - Tecnologia e Narrativas Digitais TECND, e vice-coordenador do GP de Conteúdos Digitais e Convergências Tecnológicas da INTERCOM Nacional. O jornalista tem trabalhos publicados nas áreas de Sistemas Inteligentes Aplicados ao Jornalismo, Narrativas em Ambientes Digitais, Jornalismo Imersivo, Design Science, Teoria de Redes, Análise de Redes Sociais e Filosofia da Tecnologia. Participa do grupo de pesquisa ComTec Comunicação e Tecnologia e da Rede JorTec - Jornalismo e Tecnologia. Vencedor do Prêmio Adelmo Genro Filho, da Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo - SBPJor, em 2018, na categoria Pesquisa Aplicada. Em 2011 venceu o Prêmio FAPEMA na categoria de Inovação Tecnológica. Mestre em Comunicação pela Universidade Anhembi Morumbi - São Paulo. Especialista em Marketing pelo ISAN/FGV-Rio, e graduado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Maranhão na habilitação de Jornalismo.

Hoje existem ferramentas que permitem que jornalistas possam produzir infografias mesmo sem o apoio de um design ou programador. Acho que essa é a primeira barreira que tem que ser superada.

A infografia passou de complemento da informação a campo de experimentos. Podemos dizer que atualmente ela representa um dos principais elementos de diferenciação e inovação no jornalismo?

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Na minha opinião sim porque ela incorpora características importantes do jornalismo no meio digital tais como hipertextualidade, multimidialidade, interatividade, memória e, se for baseada em dados dinâmicos, personalização também. Dessa forma ela se constitui como uma forma de entrega de conteúdo que, se bem construída,


inova em termos narrativos e também em potencial de conseguir métricas positivas para a notícia em termos de tempo de visualização e engajamento via compartilhamentos, likes, etc.

Como você percebe a produção infográfica nos veículos de comunicação no Maranhão? Acho que entre as redações locais há ainda uma certa sub-utilização do formato.

A infografia faz parte dos conteúdos trabalhados na disciplina “Laboratório de Webjornalismo”, ministrada por você no curso de Comunicação Social - Jornalismo na Universidade Federal do Maranhão. Quais aspectos dessa linguagem são desenvolvidos? Na minha disciplina justamente tento trabalhar novas formas narrativas para o conteúdo informativo de modo que o aluno possa enriquecer seu material e utilizar de forma mais completa todo o potencial da web na difusão da notícia. Insisto que o mercado tem exigido, cada vez mais, novas habilidades dos profissionais que formamos, assim, acredito que colaboro para que nossos alunos saiam da Universidade mais preparados para esse desafio. Em termos específicos a primeira coisa que aprendemos é que hoje existem ferramentas que permitem que jornalistas possam produzir infografias mesmo sem o apoio de um design ou programador. Acho que essa é a primeira barreira que tem que ser superada. Dai cada um vai experimentando e desenvolvendo as habilidades necessárias para conceber o material que está produzindo usando a infografia.

Qual a finalidade de abordar esse gênero jornalístico na disciplina?

Aumentar a caixa de ferramentas do aluno para formatar seu conteúdo e ajudá-lo a reconfigurar o que aprendeu anteriormente para o ambiente digital.

A ausência de disciplinas específicas sobre a infografia é uma realidade do país, ainda existe uma grande deficiência no ensino dessa linguagem nas escolas de jornalismo. No âmbito maranhense, você percebe um desconhecimento dos estudantes e profissionais de jornalismo sobre as potencialidades do uso dessa linguagem na narrativa jornalística? Sim e não porque desde que comecei a ministrar a disciplina de Webjornalismo tento reduzir essa deficiência. Em outros locais também há várias iniciativas nesse sentido. Recentemente participei da banca de doutorado do professor William Cordeiro no programa de pós em jornalismo da UFSC e ele defendeu uma tese justamente sobre uma proposta de infografia de quarta geração, que ele chama de hiperinfografia. É um trabalho muito interessante. Hoje o prof. William, na minha opinião, é uma das principais referências no tema no Brasil.

O Brasil é uma das referências na infografia em prêmios internacionais para jornais e revistas, no entanto mesma prática ainda não é vista na internet. A tradição do impresso ainda não está sendo muito desenvolvida na web? Nesse aspecto discordo porque há muito bons trabalhos no ambiente online, até porque hoje grande parte da produção jornalística já convergiu para a web então a questão dos prêmios deve também melhorar com o tempo.

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conversa

Confira o artigo publicado na revista do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará, sobre o trabalho de William Robson Cordeiro, citado pelo professor Márcio Carneiro. Link: http://www.periodicos.ufc.br/passagens/article/view/39726

conexão?

Hiperinfografia: Onde está a visualização sintética no Jornalismo de Nova Era? Resumo: É certo que o jornalismo pósindustrial apresenta mudanças profundas na produção e no consumo de notícias e tais alterações também passam fortemente pelas linguagens e formatos. Quanto à visualização sintética, em especial, não se caracteriza tão somente na transição entre o analógico e o digital, porém as transformações se aprofundam no ambiente da hipermídia. Este é o caminho a que se propõe percorrer este estudo: refletir sobre a fronteira onde se apresenta uma nova categoria

de infográficos, de natureza complexa e imersiva. Ou seja, como se manifesta a infografia neste contexto? O intuito é acompanhar algumas produções jornalísticas, de modelos imersivos, tridimensionais, de realidade virtual, com o objetivo de categorização e construção conceitual do que denominamos, a priori, de hiperinfografia. O acréscimo do prefixo hiper determina o ambiente destas infografias e, do mesmo modo, a sua grandeza e sofisticação.

Você é coordenador do Laboratório de Convergência de Mídias (Labcom), onde são exploradas novas formas de levar a notícia utilizando tecnologias emergentes, como, por exemplo, realidade aumentada, realidade virtual, internet das coisas e objetos conectados à internet. Qual o papel dessas novas ferramentas para o futuro da comunicação? A indústria da notícia hoje passa por uma séria crise causada por um conjunto complexo de causas. A fragmentação das audiências, a multiplicação de canais de entrega de conteúdo, uma explosão de emissores, mudanças de hábitos culturais das novas gerações e rápidas mudanças também tecnológicas, entre elas. No LABCOM um dos nossos objetivos é explorar o potencial de utilização de algumas tecnologias emergentes para otimizar a entrega do conteúdo jornalístico, alinhando essa difusão com este conjunto de mudanças, buscando formas mais efetivas de conexão com os consumidores da informação, de forma a melhorar a percepção de valor sobre o produto jornalístico. Como somos um laboratório de pesquisa e inovação, nosso trabalho passa não só por tentar desenvolver e testar novos produtos e processos mas principalmente mapear esse conjunto de mudanças, funcionando como uma espécie de bússola para os que aceitarem o desafio de explorar esse novo mundo digital ainda em formação . 32

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Em 1999, o autor Alvárez Marcos apontou as condições que uma boa infografia deve possuir

A PRODUÇÃO DE

INFOGRÁFICOS Os desafios na construção de infográficos

Deve constituir uma unidade informativa independente da informação que acompanha O título deve ser curto e preciso. Deve ter legibilidade tipográfica

Aa

Não deve ser convertida em recheio ou elemento decorativo

Susana Almeida Ribeiro (2008) defende que as infografias devem apresentar determinadas condições e têm de ser criadas seguindo critérios e ferramentas específicas.

Deve ser de fácil visualização, sem esquecer o mecanismo de leitura do leitor

Uma boa infografia

Deve ser simples, menos é mais, expor a maior informação possível no menor espaço e com o mínimo de recursos

Deve ser proporcional e respeitar a escala em planos, mapas e ilustrações A cor não é imprescindível mas sim conveniente, quando bem utilizada multiplica as possibilidades informativas As infografias devem ser construídas por jornalistas ou especialistas com mentalidade jornalística

Beatriz Ribas (2004) reconhece que uma boa infografia é aquela que produz sentido independente da matéria, ou seja, não é redundante quando acompanha um texto, procurando sempre outra perspectiva e ajudando o leitor a entender o conteúdo da notícia, permitindo uma leitura fácil e uma visão global sobre o assunto.

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Para Joana Moreira (2019) uma boa infografia revela padrões, descobre tendencias, condensa enormes quantidades de informações num espaço muito pequeno e não deixa de fora fatos importantes.

U

M FATOR RELEVANTE que deve ser levado em consideração na hora de produzir é a necessidade de diferenciar os componentes fundamentais dos ornamentais, as infografias não devem possuir apenas caráter ornamentais, e sim estabelecer formas de melhorar a compreensão da informação, ela deve sempre ter prioridade diante da estética. Alberto Cairo aponta que um projeto de design visual é bom se comunicar muito com pouco, a excelência gráfica consiste em comunicar ideias complexas com clareza, precisão e eficiência, para o pesquisador, deve ser fornecido ao leitor o maior número de ideias no menor tempo possível. Em contrapartida a esse princípio encontramos Nigel Holmes, que é defensor da ideia de humanização dos infográficos informativos e de usar o humor para induzir nos leitores o afeto pelos números e gráficos. Observando essas práticas

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Deve responder às perguntas clássicas do jornalismo, sem que no final o leitor fique com mais perguntas do que respostas.

Peltzer (1991) menciona duas escolas ou correntes de infografia, que apesar de não existirem formalmente podem ser identificadas, a primeira delas é a hiper-realista, corrente que se sustenta a teoria que tudo numa infografia deve estar a serviço da informação, limitando completamente as possibilidades criativas dos profissionais. Sob outra perspectiva, vem a segunda corrente, a escola realista com nomes como Peter Sullivan, Nigel Holmes, Harold Evans e Edwin Taylor, acredita que deve existir uma parte de arte, beleza e criatividade em toda informação gráfica. Segundo Cairo existem ainda duas correntes que devem ser entendidas como ideologias que guiam a forma como se organizam os departamentos de infografia e a maneira como ela é utilizada nas publicações. Essas concepções teóricas implícitas na visualização da informação em imprensa são, a estetizante e a análitica.

Alonso (1998) afirma que a infografia perfeita é aquela que contém todos os elementos de uma notícia e que por isso, pode ser publicada sem nenhum texto que a acompanhe.

Estetizante: Dá ênfase ao aspecto da apresentação, ao poder que a infografia tem para tornar as páginas mais atrativas e dinâmicas. É a tendência dominante na visualização de imprensa na atualidade.

Analítica: Facilita a análise, presta atenção ao uso crescente de bases de dados e ferramentas técnicas, e não mostra ou descreve apenas acontecimentos mas descobre conexões e padrões não evidenciados á primeira vista. A dimensão estética fica em segundo plano, prezando pela qualidade e clareza da informação.


Durante a produção é importante lembrar que nem todos os conteúdos jornalísticos são matéria-prima para uma infografia, há temas que se adequam melhor que outros. Ribeiro (2008) destaca que o desafio é perceber quando os acontecimentos merecem ser infografados ou não. É preciso ainda levar em consideração que as infografias não são veículos perfeitos para transmitir informações, Stovall (1997) aponta algumas desvantagens que não devem ser ignoradas. A primeira delas é o tempo e o talento que produção exige, apesar da tecnologia informática ter acelerado muito o processo, o autor alerta que são pessoas que constroem os infográficos informativos e não computadores. Muitas decisões precisam ser tomadas durante a criação, e elas devem ser tomadas por quem compreende tanto de informação quanto da forma utilizada. Outra desvantagem é a possibilidade de as infografias distraírem o leitor ao invés de informá-los. Por isso devemos ser cuidadosos na hora de apresentar os dados para que haja compreensão para os leitores e não, confusão. De acordo com Rajamanickam (2005), existem três desafios principais na produção de uma infografia de sucesso, e eles fazem muita diferença.

Desafios na produção de uma infografia de sucesso

Devemos ter sempre em mente que a infografia se manifesta como um instrumento eficiente no processo contemporâneo de produção jornalística, segundo Silva (2010) isso se dá principalmente por seu caráter visual, que além de possibilitar a associação de elementos como texto, fotografia e desenho, facilita a transmissão da informação ao leitor. Ela é capaz melhorar a compreensão e de fazer com que os leitores retenham melhor os dados, indo além do seu objetivo de explicar fenômenos, assume uma natureza educativa

Perceber claramente qual tipo de informação que se tenta comunicar, que seja espacial, cronológica, quantitativa ou uma combinação dos três

Conceber uma apresentação adequada para a informação como um todo coeso que seja mais do que a soma das suas partes - gráficos, diagramas, mapas, etc.

Escolher um meio apropriado para apresentação - estático (papel ou ecrã de computador, movimento (animação ou vídeo), ou interativo.

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As características que uma infografia de imprensa deve ter Sancho apresenta oito características peculiares para da infografia de imprensa:

Que dê significado a uma informação plena e independente Que proporcione informação de atualidade suficiente Que permita compreender o acontecimento ocorrido Que contenha informações escritas com formas tipográficas Que contenha elementos icônicos precisos Que possa ter capacidade informativa suficiente para ter entidade própria ou que realize funções de síntese ou complemento da informação escrita Que proporcione uma certa sensação estética, não imprescindível Que não contenha erros ou faltas de concordância

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José Luis Valero Sancho foi o autor que mais contribuiu para a identificação das características da infografia de imprensa.

referência?

Está matéria foi baseada no livro: Manual de Infografia de Impresa, Joana Moreira, 2019

Estar atento a essas características durante a produção faz toda diferença. É preciso garantir que o trabalho final contenha os aspectos de comunicação de conteúdos necessários, que seja apresentado aos leitores um infográfico de fácil assimilação, com uma arte gráfica cômoda, e também, que seja coerente com a informação escrita que o acompanha, sem apresentar contradições. Em resumo, o infográfico precisa ter utilidade, visualidade e concordância. Existem características que permitem avaliar uma infografia, distinguindo seu nível de qualidade por meio da medição das suas propriedades elementares. Para Sancho as mais importantes são a informação, significação, compreensão, estética, iconicidade, tipografia, funcionalidade e concordância.


Concordância Diz respeito ao idioma, sintaxe e ortografia, ao acontecimento, ação ou coisa que ilustra e à informação escrita que acompanha a infografia.

Informação Para que uma infografia tenha interesse jornalístico deve informar o que aconteceu e o desenvolvimento dos fatos, dando prioridade ao momento principal e ordenando de maneira coerente, e deve conter os elementos suficientes para responder as perguntas clássicas do jornalismo - O quê? Quem? Quando? Onde? Porque? e Como?, e também, Como terminou?

Iconicidade Dedica-se ao estudo das imagens e, devido a variedade de elementos que compõem uma infografia, é uma característica que pode ser encontrada em diversos graus.

Significação Pretende explicar o mais importante de um acontecimento que pode nem sempre ser visível facilmente.

Compreensão Segundo Valero Sancho “compreensão é a capacidade para entender e penetrar o conhecimento das coisas, ou seja, é o entendimento de rapidez de percepção por meio dos sentido e da inteligência das ideias que transmite a infografia, a sua fácil leitura, etc.” Se os componentes da infografia não se diferenciam entre si, então a infografia torna-se invisível.

Tipografia Uma infografia não se elabora sem informações escritas e necessita de uma tipografia que sirva para diferentes funções. No primeiro escalão estão o título, os créditos do autor e as fontes de informação que devem estar sempre presentes, já no segundo estão os textos diversos. A tipografia pode ainda ter outras funções, como condutora ou organizadora de conteúdos, separadora dos diversos infogramas e legendas ou rótulos.

Estética Não é característica obrigatória de uma infografia, mas a inclusão de uma certa originalidade e beleza permite obter um valor superior de conceitos.

Funcionalidade

Grau de conveniência de seu uso. A infografia tem interesse quando explica um acontecimento e garante a sua compreensão, mas pode se tornar desnecessária quando não traz nada de novo ou se repete ao texto.

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Produzir sem erros

INTEGRIDADE

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O processo de construção de uma infografia é complexo, diversos fatores precisam ser levados em consideração, mas, graças ao trabalho de conceituados pesquisadores, existem hoje, apontamentos que facilitam e muito o processo de produção, funcionando como uma espécie de guia, para que o produto final de fato seja um infográfico jornalístico, sem erros e com qualidade elevada. Um bom modelo é o trabalho de Silveira (2010), que se baseou na proposta de estruturação do design de informação de McCandless para identificar quatro elementos que devem estar presentes na infografia: integridade, usabilidade, estética e conteúdo.

Está relacionado com a credibilidade no jornalismo, abrangendo dados e a sua apresentação.

Precisão

Os dados apresentados devem estar corretos e conter informação sobre a fonte de onde foram retirados e créditos do autor.

Clareza

Deve evitar a ambiguidade não só nos textos como também nas representações gráficas, para evitar que o leitor tenha dúvidas ou aprenda informações incorretas.

Escala

Quando usamos representações gráficas irregulares, elas podem levar o leitor a fazer interpretações através de informações equivocadas

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USABILIDADE

Possibilita a recuperação da informação de forma eficaz e eficiente, se espera que a infografia tenha seu funcionamento compreendido rapidamente e de forma permanente e que minimize a possibilidade de leituras incorretas, evitando a frustração do leitor.

Legibilidade e percepção visual

O uso de recursos como caracteres, cores, símbolos e gráficos que sejam reconhecidos é crucial para permitir a leitura, além de ajudar também a hierarquizar a informação.

Organização

Formato

APARÊNCIA

Atratividade

Comunicação visual

Valor

As entradas de leituras devem ser claras, assim como a ordem de composições que exijam a leitura em sequência.Organizar os elementos de forma adequada ajuda a reconhecer temas e graus de importância. Apesar de não existirem regras rígidas, uma representação pode ser mais ou menos adequada a casa informação.

Preocupação com a estética da infografia, não só pela sua influência na atração do olhar do leitor, mas também porque um bom trabalho estético reforça o valor da informação veiculada. Os elementos gráficos mostram maior capacidade de atrair o leitor do que os elementos textuais comuns. O processo comunicativo de uma infografia só pode ser considerado completo se o leitor receber a informação e o impacto visual dela aumente as hipóteses de ser lida. Ilustrações, ícones e cores podem tornar as informações mais facilmente memoráveis. A qualidade de produção e impressão de uma infografia afeta a percepção do leitor e pode conferir credibilidade ou dúvida às informações, por isso, devemos ter cuidado com a produção infográfica, pois esta agrega ou retira valor à notícia e à publicação.

CONTEÚDO

Seleção

Perspectivas

Completude

A essência de qualquer peça jornalística é o conteúdo, assim como a infografia, quando vinculada à imprensa. A mensagem da infografia deve contemplar os pontos mais relevantes da notícia ou abordagem. Ao utilizar recursos visuais são criadas novas leituras e análises que não são evidentes, ou até mesmo, visíveis, em texto. As mensagens completas tem vários níveis de informação em um certo grau de complexidade. Se o recorte se restringir a apenas uma camada, existe um prejuízo no contexto e compreensão.

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PARA

SABER MAIS

SOBRE INFOGRAFIA

Infografia e Jornalismo: conceitos, análises e perspectivas

F

ICOU INTERESSADO NO TEMA DESTA EDIÇÃO? Nossa sugestão para quem quer mergulhar um pouquinho mais nas teorias e técnicas que envolvem a infografia, são as obras “Infografia e Jornalismo: conceitos, análises e perspectivas”, da pesquisadora Tattiana Teixeira e “Manual de Infografia de Imprensa”, da comunicadora portuguesa, Joana Moreira. Você também encontra indicações de artigos, dissertações de mestrado, teses de doutorado e outros livros que serviram de referencial teórico para a produção do conteúdo desta revista, nas caixinhas de referência distribuídas pela publicação. Bom aprendizado!

Tattiana Teixeira, 2010 Esta obra aborda questões que contribuem para o entendimento dessa área. Para explicar este tema, a autora apresenta aspectos históricos, buscando levantar informações sobre os precursores e expondo um panorama da infografia no Brasil. A publicação levanta também discussões sobre a inserção da infografia no jornalismo, além de relatar experiências daqueles que produzem infográficos. A versão em PDF deste livro está disponível para download gratuito.

Manual de Infografia de Imprensa Joana Moreira, 2019 Em estilo de manual, o objetivo deste livro é facilitar a comunicação e colaboração entre os agentes envolvidos no processo de criação de infografias de imprensa - jornalista, infografista, designer de informação, editor ou diretor de arte - compartilhando conhecimentos das diferentes áreas interdisciplinares. O livro cumpre duas funções: enquadramento teórico e histórico da infografia de imprensa e compilação de princípios e orientações de diferentes áreas de conhecimento e de diversos profissionais relevantes no mundo do design de informação e infografia. 40

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UMA NOVA FORMA DE FAZER JORNALISMO A infografia vai além do complemento

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INFOGRAFIA SURGE COMO UM

novo elemento nos discursos jornalísticos contemporâneos, principalmente por conta dos avanços tecnológicos e ao desenvolvimento do fazer jornalismo. O uso da imagem e texto em uma coesão, que se fundem construindo um significado único, revela uma forma de narrativa em que o aspecto singular da notícia passa a ser explicado e entendido com mais clareza e facilidade. No decorrer da história do uso do infográfico, percebemos que suas origens datam de um longo período, desde os desenhos pictóricos do homem da caverna, e que sua utilização passou por grandes evoluções, até sua ascensão como subgênero do jornalismo informativo, visto hoje não apenas como um complemento ou estética de uma página de jornal.

Este recurso despontou de forma mais ampla, após ser produzida por computadores, numa evolução gráfica dentro dos jornais e principalmente como uma estratégia do jornalismo impresso para contornar a perda de público para a televisão. Atualmente, com mudanças profundas na produção e no consumo de notícias, as linguagens e formatos também passam por alterações, o infográfico incorpora novas características, se tornaram mais complexos e imersivos. A infografia se consolida como forma de narrativa dentro do jornalismo, com autonomia enunciativa e não mais como simples complementação da notícia principal.

referência? O que é infografia jornalística?, Ricardo Cunha Lima, 2015 A infografia no jornalismo impresso: além da simples complementação, um novo mode de fazer jornalismo, Evane Cecilio, 2011

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Ao unificar elementos pictóricos, esquemáticos e texto escrito, a infografia se revela como um importante recurso de linguagem gráfica, adaptável às novas mídias e capaz de fazer frente à demanda de modernização da comunicação. Ricardo Cunha Lima, 2015

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você pode

O

PESQUISADOR NIGEL Holmes defende que o melhor momento para os estudantes aprenderem infografia a partir de uma posição “receptora” e de uma posição “criadora”, é no instante em escolheu se dedicar a essa profissão. Para ele a observação é essencial no processo de aprendizagem. “Não há nada melhor que observar os trabalhos já publicados para aprender como fazê-los. Não me refiro a copiá-los, mas sim a ver o modo como um outro artista enfocou o tema e analisar se ele alcançou seu objetivo”, afirma. Desta forma, para aprender infografia é necessário estar atento aos trabalhos desenvolvidos até então. Chegamos até aqui sabendo que a infografia ainda é uma área pouco desenvolvida do jornalismo, tanto nas redações quanto nas universidades, e com a certeza de que produzir um infográfico é um processo complexo, ainda mais quando compreendemos que é preciso equilibrar uma série de fatores e, mais do que isto, apurar em várias frentes ao mesmo tempo.Apesar disso, existem meios que facilitam, e muito, a construção de um infográfico, principalmente em relação a estrutura e visual. Ferramentas como o Canva e Piktochart onde é possível utilizar templates para criar um infográfico.

POR ONDE

EU COMEÇO?

Canva - Design Gráfico para Todos

O Canva é uma ferramenta online gratuita com funcionalidades que permitem a criação de designs de modo profissional e simples. Entre os templates oferecidos pelo serviço, estão à criação de livros, revistas, banners, apresentações e infográficos

conexão?

medium.com/@bluez CANVA: A ferramenta de design mais fácil do mundo

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As plataformas dispõem de diversas fotografias gratuitas, formas e ícones, ilustrações, inúmeras fontes tipográficas, e é possível fazer upload de imagens e vídeos. No Piktochart encontramos ainda, diversos modelos de gráficos e mapas que permitem a inserção de dados. Com o infográfico pronto, é possível fazer download em formato JPG e PNG, e também gerar link de incorporação para web.

Piktochat - Crie infográficos, apresentações e Flyers O Piktochart é um aplicativo de infográfico baseado na Web que permite que usuários sem experiência intensa como designers gráficos criem facilmente infográficos e visuais usando modelos temáticos. A plataforma é em inglês, mas com uma ajudinha do Google Tradutor é fácil de usar. É possível encontrar tutoriais de uso do Piktochart em uma rápida pesquisa na web.

conexão?

TUTORIAL PIKTOCHART: Criando infográficos https://inovaeh.sead.u fscar.br/wpcontent/uploads/2019 /04/TutorialPiktochart.pdf

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conexão?

Para seguir a recomendação de Holmes de observar trabalhos já publicados para aprender como fazê-los, acompanhe as revistas Superinteressante e Mundo Estranho. Essas publicações são referência nacional por seus infográficos.


Exemplo de infográfico criando no site Canva.com - Porduzido por Mariana Durans Matos, durante a disciplina de Laboratório de Jornalismo Impresso do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão -UFMA, em 2018.


comunica Revista


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