Envio de Missionário

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A doutrina bíblica do envio de missionários Quando começamos a estudar sobre a doutrina do envio de missionários, somos confrontados com três perguntas essenciais: Quem envia? Quem são os enviados? Qual é o canal do envio? 1) Quem envia? A resposta bíblica é: Deus. Os seguintes textos comprovam que Ele é o autor tanto da chamada como do envio. a- “Agora, pois, vem e eu te enviarei a Faraó, para que tires do Egito o meu povo, os filhos de Israel” (Êx 3.10). b- “A quem enviarei, e quem irá por nós?” (Is 6.8). c- “Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás” (Jr 1.7). d- “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos” (Mt 10.16). e- “Portanto, ide e fazei discípulos de todas os povos (...)” (Mt 28.19). f- “Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós” (Jo 20.21). g- "(...) disse o Espírito Santo: Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. (...) estes, pois, enviados pelo Espírito Santo (...)” (At 13.2-4). Com base nestes textos e em muitos outros da Bíblia, que falam sobre Deus chamando e enviando homens e mulheres para realizarem os seus planos, chegamos às seguintes conclusões. 1.1. O envio é um ato da soberania de Deus Aqueles que são chamados por Deus reconhecem, com sinceridade, que não são as pessoas mais indicadas para cumprir a missão, pois são confrontados com as suas deficiências, dúvidas, temores etc. Confira alguns exemplos: • Moisés disse que não era eloqüente, sendo pesado de boca e de língua (Gn 4.10); • Gideão afirmara que a sua família era a mais pobre de Manassés, e ele era o menor da casa do seu pai (Jz 6.15); • Jeremias achava que não sabia falar, porque era um menino (Jr 1:6). Grande parte das pessoas escolhidas por Deus seria rejeitada por nós, e muitos homens rejeitados por Ele seriam os nossos escolhidos. Isto porque Deus não vê como nós vemos, pois o homem olha para a aparência, "para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração" (1Sm 16.7). Por que Deus escolhe a uns e rejeita a outros? Só existe uma resposta a esta pergunta: por causa da Sua soberania , como está escrito: “(...) para que o propósito de Deus segundo a eleição permanecesse firme, não por causa das obras , mas por aquele que chama), foi-lhe dito: O maior servirá o menor. Como está escrito: Amei a Jacó, e aborreci a Esaú. Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum. Porque diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus que usa de misericórdia” (Rm 9.11-16).


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Esta revelação da Palavra de Deus deixa claro que a chamada não depende da vontade humanas nem dos seus méritos pessoais de quem que seja, mas é um ato da soberania e da compaixão do Senhor. Que grande responsabilidade daqueles que são chamados e enviados por Deus segundo os seus propósitos! E ainda mais sabendo que haverá o dia de prestação de contas, como está escrito: “Ora, depois de muito tempo veio o Senhor daqueles servos, e fez contas com eles” (Mt 25.19). 1.2. A chamada antecede ao envio Natanael já tinha sido alvo do olhar penetrante de Jesus antes de acontecer o primeiro encontro entre eles: “(...) Antes que Filipe te chamasse, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira” (Jo 1.48). Não obstante a todo o tempo que Saulo de Tarso viveu sem o conhecimento de Jesus, ele afirma que, desde o ventre da sua mãe, Deus o separou e o chamou pela sua graça (Gl 1.15). O tempo da escolha de Jeremias antecede a chamada do próprio Paulo: “Antes que eu te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre te santifiquei, às nações te dei por herança” (Jr 1.5). Aquele que está sendo enviado precisa ter plena convicção da sua chamada! 1.3. Deus revela a sua chamada em momento específico Moisés, com a idade avançada (Ex 7.7); Samuel, em tenra idade (1Sm 3.1-14); Paulo, durante uma campanha de perseguição aos cristãos (Atos, cap. 9). Contudo, cada homem e mulher tem a sua própria experiência de chamada para compartilhar, como Paulo sempre fazia (Atos, caps. 22 e 26). 1.4. Deus envia com propósitos definidos Se Deus envia com propósitos definidos, por que tantos obreiros ainda não encontraram o seu lugar? Certo líder disse que a maioria dos pastores e missionários tem mudado freqüentemente de ministério. Assim a obra não é consolidada e o obreiro fica repassando os problemas não solucionados para o seu sucessor. Até quando vai continuar este círculo vicioso? Vejamos alguns exemplos bíblicos de homens de Deus que foram chamados com propósitos definidos: Abraão - Foi para uma terra desconhecida, com a responsabilidade de ser uma bênção, pois nele seriam benditas todas as famílias da terra (Gn 12.1-3); José - Poderia ficar amargurado para o resto da vida e acabar com o seu ministério por causa de todo o mal que os seus irmãos lhe fizeram. Mas, pela convicção de que tudo fazia parte do plano de Deus, pôde perdoá-los e promover o bem-estar do seu povo: “Agora, pois, não vos entristeçais por me haverdes vendido para cá; porque para preservar vida é que Deus me enviou adiante de vós” (Gn 45.5); Moisés - “Agora, pois, vem e eu te enviarei a Faraó, para que tires do Egito o meu povo, os filhos de Israel” (Êx 3.10). Deus não disse que a sua missão seria fácil, pelo contrário. “Eu sei, porém, que o rei do Egito não vos deixará ir, a não ser por uma forte mão” (v. 19).


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Jeremias e Paulo - Enviados às nações: “Olha, ponho-te neste dia sobre as nações, e sobre os reinos (...)” (Jr 1.10); “Vai, porque eu te enviarei para longe aos gentios” (At 22.21). Os discípulos de Jesus - Enviados às ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 10.6); enviados a todas as nações (Lc 24.47). 1.5. O Enviado envia Segundo a sua oração intercessória, narrada em João cap. 17, Jesus envia os seus discípulos na mesma base em que foi enviado: assim como. “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu vos enviei ao mundo” (v. 18). 1.5.1. Envia ao mesmo campo. “Como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo” (v.18). 1.5.2. Envia com o mesmo objetivo: glorificar o Pai. “Eu te glorifiquei na terra completando a obra que me deste para fazer (v. 4). Eu lhes dei a glória que a mim me deste (...)” (v. 22). 1.5.3. Envia com o mesmo ministério: pregar a palavra. “Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste” (v. 6). “Eu lhes dei as palavras que tu me deste” (v. 8). “Eu lhes dei a tua palavra” (v. 14). “(...) para que o mundo creia que tu me enviaste” (v. 21). 1.5.4. Envia com os mesmos riscos: ser odiado e perseguido. “(...) E o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo” (v.14) . “Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós” (Jo 15.20). 1.5.5. Envia com o mesmo padrão: santidade. “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (v. 17). “E por eles me santifico, para que também eles sejam santificados na verdade”(v. 19). 1.5.6. Envia com o mesmo sentimento: alegria. “Mas agora vou para ti; e isto falo no mundo, para que eles tenham a minha alegria completa em si mesmos” (v. 13). 1.5.7. Envia com o mesmo relacionamento: unidade. “Para que todos sejam um, assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós” (v. 21). “Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade” (v. 23). “(...) pois que me amaste antes da fundação do mundo” (v. 24). “(...) para que haja neles aquele amor com que me amaste, e também eu neles esteja” (v. 26). 1.5.8. Envia com o mesmo resultado: conversões. “E verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste” (v. 8), “(...) para que o mundo creia que tu me enviaste” (v. 21). “Vós não me escolhestes a mim mas eu vos escolhi a vós, e vos designei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça. (...) Se guardaram a minha palavra, guardarão também a vossa” (Jo 15.16 e 20). 1.6. Deus, quando envia, faz promessas São duas as promessas fundamentais: 1.6.1. Ele prometeu a sua presença – “Certamente eu serei contigo” (Gn 3.12). “Estarei convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28.20). 1.6.2. Ele prometeu a sua graça – “Disse-me: A minha graça te basta” (2Co 12.9). “E


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eu darei graça a este povo aos olhos dos egípcios; e acontecerá que, quando sairdes, não saireis vazios”( Êx 3.21). Para usufruirmos das bênçãos do Senhor, precisamos de uma coisa: fidelidade. Foi a condição que Deus colocou diante de Josué para poder abençoá-lo: “Não se aparte da tua boca o livro desta lei, antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido” (Js 1.8 e 9). 2) Quem são os enviados? Os vocacionados são enquadrados em três categorias: 2.1. Aqueles que são enviados sem serem chamados É o caso dos falsos profetas, segundo a profecia de Jeremias: “Não deis ouvidos às palavras dos profetas, que vos profetizaram a vós, ensinando-vos vaidades; falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor. (...) Pois quem dentre eles esteve no concílio do Senhor, para que percebesse e ouvisse a sua palavra ou quem esteve atento e escutou a sua palavra (...). Nos últimos dias entendereis isso claramente. Não mandei estes profetas contudo eles foram correndo; não lhes falei a eles, todavia eles profetizaram. Mas se tivessem assistido ao meu concílio, então teriam feito o meu povo ouvir as minhas palavras, e o teriam desviado do seu mau caminho, e da maldade das suas ações” (Jr 23.940). Esta passagem é bastante atual, pois, como está escrito: “Nos últimos dias entendereis isto claramente” (Jr 23.20). Jesus nos advertiu dos falsos profetas que vêm a nós vestidos de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores. É pelos seus frutos que os conheceremos e não pelas suas palavras, aparências e milagres realizados. Temos que tomar mais cuidado no processo de escolha de obreiros. Paulo, falando do perfil dos líderes (1Tm, cap. 3), se preocupou mais com os aspectos morais e espirituais do que com a formação acadêmica deles. Disse que eles precisavam ter um bom testemunho dos que estão de fora, para que não caiam em opróbrio e no laço do diabo; recomenda primeiro que sejam provados, depois, então, exercitem o ministério. 2.2. Aqueles que são chamados mas não são enviados São crentes que sofrem com problema de consciência pelo resto da vida porque um dia foram chamados pelo Senhor, mas resistiram à voz do Espírito Santo, e por vários motivos (se casaram com alguém que não tinha a mesma chamada, escolheram uma outra profissão, tiveram deslizes morais, faltou renúncia etc.) não atenderam ao chamado. Provérbios 1.24-33 fala daqueles que rejeitam o convite da sabedoria e as conseqüências da sua obstinação: “Mas, porque clamei, e vós recusastes; porque estendi a minha mão, e não houve quem desse atenção; antes desprezastes todo o meu conselho, e não fizestes caso da minha repreensão; também eu rirei no dia da vossa calamidade (...), então a mim clamarão, mas eu não responderei; diligentemente me buscarão, mas não acharão”. Que Deus possa ter misericórdia de todos aqueles que são chamados por Ele, para que não cheguem a este estado!


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2.3. Aqueles que são chamados e são enviados Não obstante a toda a sua relutância; às suas deficiências; às suas ansiedades; a todas as coisas que precisam renunciar; a todas as oposições; e ao peso da responsabilidade pela grandeza da missão, eles fazem uma completa rendição: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6.8). “(...) Não fui desobediente a visão celestial” (At 26.19). 3) O canal do envio 3.1. O papel da igreja Sendo que Deus é aquele que chama e envia, qual é o papel da igreja? Colaborar com Deus neste processo. Esta declaração é confirmada em Atos 13.1-4, com o envio dos missionários Paulo e Barnabé. São alguns termos que definem bem o papel da igreja: 3.1.1. A igreja separa (prepara): “Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra que os tenho chamado”; 3.1.2. A igreja ora (consagra): “Então, depois que jejuaram, oraram e lhes impuseram as mãos”; 3.1.3. A igreja encomenda à graça de Deus (culto de envio): “E dali navegaram para Antioquia, donde tinha sido encomendados à graça de Deus para a obra que acabavam de cumprir” (At 14:26; 15.40); 3.1.4. A igreja despede (providencia os meios): “(...) os despediram”; 3.1.5. A igreja comunica (sustenta): “(...) Nenhuma igreja comunicou comigo no sentido de dar e de receber, senão vós somente” (Fl 4.15). As igrejas fundaram duas instituições para facilitar todo este processo: os seminários teológicos e as Juntas ou agências missionárias. Patrick Johnstone, em seu livro A Igreja é maior do que você pensa declara que a evangelização mundial ainda não foi completada por causa da falta de unidade. Esta declaração tem base bíblica, pois Jesus, na sua oração sacerdotal (Jo cap.17) disse que a nossa unidade é o que faria o mundo crer nele. A unidade proposta por Jesus é diferente da proposta pelo movimento ecumênico, que sugere uma unidade institucional (entre as religiões). Vejamos. Jesus se refere de uma unidade espiritual. “Para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também, eles sejam um em nós” (v. 21). A unidade espiritual está em três fatores: no amor - “(...) Para que haja neles aquele amor com que me amaste” (v. 26); na palavra – “E eles guardaram a tua palavra” (...) a tua palavra é a verdade” (vs. 6 e 17); na santificação – “Eles não são do mundo (...) santifica-os na verdade” (vs. 16 e 17). O Senhor Jesus também fala de uma unidade missionária – “Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer” (v. 4). “Manifestei o teu nome aos homens” (v. 6). “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo” (v. 18). “Para que eles sejam perfeitos em unidade para que o mundo conheça que tu me enviaste” (v. 21). O modelo de unidade proposto por Patrick Jonhstone, como ele mesmo define: "É uma interligação tripartite entre três estruturas básicas: igrejas, instituições de treinamento teológico e agências missionárias". E comenta:


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“Cada uma é uma estrutura bíblica válida e cada uma possui a sua força e seus dons para contribuir com o todo, mas nenhuma pode centralizar a realização da Grande Comissão sem as outras. O que é defendido é a parceria no serviço de um para com o outro, dessa maneira a igreja se torna aquilo que Deus sempre quis – uma igreja perfeita para o seu Filho, para reinar com Ele por toda a eternidade. Nós estamos aquém deste ideal, entretanto, todo esforço deve ser feito para consertar pontes quebradas de interpretação e comunhão, e estabelecer um relacionamento prático no trabalho em todos os níveis. Assim nós, a Igreja, devemos ser um em amor, no poder do Espírito Santo, e na visão para um mundo perdido” (Pág. 233). 3.2. Seminários versus agências missionárias Concordamos com este parecer de Johnstone e podemos constatar os seguintes aspectos (tanto na realidade brasileira como na do Leste Europeu, onde atuamos): 3.2.1. Muitos seminários não cooperam com as agências missionárias porque dizem que a sua direção é acadêmica, ou seja, tem como objetivo a formação de professores para eles mesmos (seminários) e pastores para as igrejas locais. O máximo que muitos seminários, sem vocação missionária, oferecem aos seus alunos é a disciplina Missiologia mas, às vezes, é só para constar em seus currículos. Quando eu era seminarista fiz esta matéria com um professor que não tinha vivência missionária, e não me lembro dele ter incentivado os alunos a pensarem sobre missões com seriedade. Mais triste do que isso aconteceu em um seminário do Leste Europeu, quando um candidato deu a sua entrevista para ser admitido como aluno e o entrevistador, que era o próprio reitor, perguntou-lhe em que tipo de ministério queria se envolver quando terminasse o curso. O candidato respondeu que queria ser um missionário. Aquele reitor lhe disse então que o seminário não poderia recebê-lo, porque a sua direção era acadêmica. Sendo assim, deveria voltar para casa e repensar a sua vocação; se decidisse pelo ministério pastoral, então poderia voltar, pois seria admitido sem nenhum problema. Graças a Deus porque ele tem operado na vida daquela instituição. Recentemente, eles introduziram o curso de missões, e este tem sido procurado por muitos vocacionados para essa obra.

3.2.2. Por que muitos seminários não estão dando ênfase a missões? Talvez porque considerem os missionários pertencentes a uma categoria inferior de obreiros. Parece que este (pre)conceito depreciativo vem desde o tempo apostólico, por isso Paulo faz o seguinte desabafo: “Porque tenho por mim, que Deus a nós, apóstolos [os que são enviados = missionários], nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculos ao mundo, tanto a anjos como a homens. Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós sábios em Cristo; nós fracos, e vós fortes; vós ilustres, e nós desprezíveis. (...) Até o presente somos considerados como refugo do mundo, e como a escória de tudo” (1Co 4.9-13). Os missionários sendo considerados pelo mundo como refugo até dá para entender, mas serem considerados desta maneira pelos seminários, realmente não dá para aceitar mesmo! Os seminários devem preparar servos e não chefes, e os missionários são servos, assim


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como as demais categorias de obreiros. “O maior dentre vós será o vosso servo” (Mt 23.11). O Centro de Integrado de Educação e Missões (CIEM) talvez seja o maior empreendimento missionário da Convenção Batista Brasileira destes últimos anos. Ele tem, como finalidade, preparar vocacionados para a obra missionária. O CIEM está desenvolvendo o Projeto radical África, que objetiva o preparo de jovens, que terminaram o segundo grau, para serem enviados por um período determinado a alguns países da África. Eles estão sendo treinados por professores fornecidos pelas Juntas (missionários ou exmissionários) e por professores do IBER. 3.2.3. Muitas agências missionárias têm dificuldade em colaborar com os seminários e as igrejas A igreja local tanto é fonte de recursos para os seminários como para as agências missionárias. A parceria implica em responsabilidades recíprocas. O apóstolo Paulo define a relação que deve existir entre as igrejas e os missionários (Juntas missionárias) como uma colaboração mútua no sentido de "dar e de receber” (Fp 4.15). Seria bom que as Juntas missionárias envolvessem as igrejas não somente no sustento material e espiritual dos missionários, mas também na tomada de decisões e em projetos missionários. 3.2.4. Muitas igrejas preferem se isolar Este isolamento se dá por alguns motivos. Analisemos dois: 3.2.4.1. Porque a igreja tem perdido a visão e todo o entusiasmo pela obra missionária; 3.2.4.2. Porque a igreja continua com o seu ardor missionário, mas prefere fazer a obra sozinha, deixando assim de colaborar com as nossas Juntas missionárias. 3.3. Exemplos que vêm dos campos Eu estava de férias com a família no Brasil, no ano passado, quando fomos informados de um material publicado que enfatizava: “Quem faz missões é somente a igreja”. O problema está com a palavra “somente”. Talvez o autor deste artigo e as igrejas que pensam assim estejam certos em suas motivações, mas correm o risco de perder a visão do todo e chegar ao exclusivismo. Quero lembrar que Paulo foi enviado pela Igreja de Antioquia, mas houve um grupo de igrejas que participou efetivamente do seu ministério. Ele mesmo definiu a fórmula de fazer missões: cooperação. Ele estava sempre procurando a interação das igrejas e dos missionários. “Pois nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus” (1Co 3.9). Quando chegamos na Romênia, no ano de 1995, um grande movimento missionário estava-se iniciando no país, patrocinado pela Convenção Batista Romena. Foram realizados três sucessivos congressos missionários anuais que causaram um grande impacto em todo o país. O resultado foi o despertamento de muitas igrejas e a abertura de muitas congregações. Mas, novos líderes chegaram e as coisas mudaram. Eles adotaram exatamente a tese de que “somente a igreja faz missões” e repassaram toda a responsabilidade de fazer missões para as igrejas locais. Os missionários, que eram contratados pelo seu departamento de evangelismo, foram demitidos ou repassados para as associações das igrejas. A Convenção Batista Romena ficou somente como órgão de representação.


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Como conseqüência perdeu-se a visão do todo. Ficou muito difícil alguém realizar um trabalho de abrangência nacional, pois, se um projeto chegasse à direção da Convenção, ela iria lhe mandar a uma associação e esta, por sua vez, lhe enviaria a uma igreja local. Seria preciso procurar muito até encontrar uma igreja com visão missionária, onde pudesse desenvolver a obra de Deus sem nenhum impedimento. O resultado desta nova orientação da Convenção Batista Romena não poderia ser diferente: o número de batistas começou a diminuir, o que tem levado a denominação a se preocupar. No entanto, ela agora está correndo atrás do tempo perdido, reconsiderado a sua posição e tomado medidas para reativar o seu departamento de missões e evangelismo, inclusive dando ênfase a missões internacionais. A Junta de Missões Mundiais tem dado alguns passos para se aproximar das igrejas, como é o caso da criação do Programa de Adoção Missionária (PAM), onde cada missionário é adotado por uma igreja, grupos, empresários etc. Mas algumas igrejas estão querendo algo mais; não estão satisfeitas em participar da obra somente orando e enviando dinheiro; estão querendo uma vivência missionária. Quero apresentar o exemplo da Primeira Igreja Batista de Atibaia/SP. Esta igreja, que é pastoreada pelo Pr. Antônio Mendes, tomou a decisão de adotar a República da Moldávia e investir nesse país em convênio com a JMM e a União Batista da Moldávia. Em agosto de 2002, o Pr. Mendes e nove membros da igreja foram enviados àquele país. Eles patrocinaram um congresso para 200 líderes, tendo como preletor o próprio Mendes com a participação intensiva de toda a sua equipe. Levaram dinheiro para comprar quatro propriedades, para serem usadas como casa de oração, visitaram missões no interior e tiveram um encontro com a liderança da União Batista para traçar planos. Que experiência maravilhosa esses irmãos adquiriram! Que entusiasmo tremendo quando eles retornaram à igreja e relataram tudo quanto Deus fizera por meio deles, e como abrira, aos moldavos, a porta da fé! A Igreja Batista de Atibaia está decidida a enviar anualmente uma equipe à Moldávia para dar prosseguimento aos projetos que eles abraçaram. “Um dos sinais de progresso encorajadores em direção à evangelização mundial hoje é como as igrejas locais estão querendo um papel ativo em missões. Seja através da intercessão por países e povos específicos, em projetos e abordagem específicas, ou envolvimento estreito no envio de missionários e seus ministérios” (Patrick Johnstone, pág. 232). Conclusão O envio de missionários só vai cessar quando o último povo for alcançado e o último homem tiver a oportunidade de crer em Cristo. Deus é aquele que chama e envia e aqueles que são chamados devem dizer: “Eis-me aqui, envia-me a mim”. Devem andar como é digno da vocação com que foram chamados (Ef 4.1). A Igreja, em perfeita colaboração com as suas duas instituições (seminários e Juntas missionárias), deve equipar (aperfeiçoar) os santos para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo. Cabe à igreja selecionar, sob a direção do Espírito Santo, os que serão enviados; encomendar, à graça de Deus, os que são enviados; e manter uma perfeita comunicação “no sentido de dar e de receber” (Fp 4.15).


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A igreja missionária perfeita é a junção de duas igrejas: a de Antioquia - que separou, orou, encomendou à graça de Deus e despediu seus vocacionados - e a igreja de Filipos que manteve a comunicação com os missionários, garantindo o seu sustento. Que o Senhor nos ajude a seguir o modelo dessas duas igrejas e que possamos atender três desejos do coração de Jesus quanto à obra missionária: orarmos para que o Senhor da seara possa enviar mais trabalhadores para a sua seara; sermos um, perfeitos em unidade, para que o mundo creia; e pregarmos ao mundo inteiro, em testemunho a todas as nações. Pr. Gerson Tomaz Pereira é missionário das igrejas batistas da CBB na Romênia


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