CORES NO DIQUE
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“Estar mareado em terra firme. Receávamos acontecesse. Talvez por isso tenhamos hesitado tanto em pensar o outro. Agora, porém, somos chamados a responder. Para o outro. Sobre o outro.Pelo outro. Mas, está claro o bastante quem é o outro de quem falo? Qual o seu rosto? Qual a sua linguagem? E quem pode me questionar? Da sombra que guardara toda pergunta,uma figura de traços familiares vai tomando forma. Parece ser meu semelhante: a abundância de vida íntima, intensas estações do espírito, propensão à violenta paz dos ventos, desvelo pela nulidade das coisas do mundo. No entanto, não sou eu. Como poderia ser eu, sem ser meu? E como posso dizer dele, sem deixar-me dizer por ele? Vem de longe. Sim, mas... longe de onde? Estrangeiro diante de estrangeiro. Irredutivelmente separados e inseparavelmente unidos”. Mauro Maldonato. Raízes Errantes.
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Náutico
Visualidade distendida: gente habitando azul e vermelho as cores são estatuto do encantamento: veredas imagéticas Nada se fixa / sobrevivência do impossível onde nada é prosaico nesse cadinho onírico tudo é ascenso epifânico, o sublime moldado pelo compósito terreno Cores primevas descida plástica ao paraíso inquietante do experimento a ferveção desordeira do espaço pulsão dilatada / múltipla / o sol reaberto em clareira Nessa borda sem porto a fugacidade faz a realidade algo palpável cada matiz é um sorriso orgíaco distensão das esperas. Epopéia lírica
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janelas sem amuradas braços forjando identidades o indiviso marinho na felicidade do absurdo respingado Cores conviventes madeirame rangente / onde o céu cobre-se de escamas Quanto mais miro menos turvo o habitat não refrata nada repele / todo-tudo alonga-se em eco moinhos auto-realizantes cores fazem-se poemas / êxtase agitando-se sem termo ou medida apoteose submersa: intangível quadrilátero/ até onde vista alcança nada que fascina é passível de enquadro obra aberta: tudo intuído, As cores projetam tudo-todo que um tom alumia: não é projeto é retenção mutante dos caminhos Desprovido de paternalismo co-move mutirão ´soma´ de ilhas, as cores lançam pontes agregando o arquipélago-ocre num continente-cores Só um senso o profano artisticamente sacralizado: Arte sem evasão / cores alinhavando um compromisso de rompimento / protesto sábio / vívido alumbramento. Sabotagem de arquétipos descontrução do tédio erotização do espaço inspiração seminal do ´locus-topus´ Arte é dique sem barreiras: pólen náutico. No princípio era o verbo fazendo Arte. nada assenta ou repousa as cores acompanham o ´estar-aí´ mutante: o dique pinta-se feito metalinguagem onde a existência faz-se morada. o mundo aqui é onde cor vai adentrando seu enredo.
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Flávio Viegas Amoreira | escritor
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O “Cores no Dique” nasceu de uma pesquisa sobre as novas possibilidades da pintura na arte contemporânea, propondo um intercâmbio entre o Ponto de Cultura Arte no Dique localizado na comunidade do Dique, no bairro Vila Gilda, Santos-SP-Brasil, e o artista plástico Maurício Adinolfi, que, por meio de residência artística, promoveu uma intervenção nas casas do local. O projeto - fruto do prêmio Interações Estéticas patrocinado pela Funarte - foi iniciado contatando as lideranças comunitárias, formando reuniões entre a população e posteriormente realizando encontros de formação, discussão com o moradores e escolha das casas que seriam trabalhadas. Após esses encontros, iniciou-se o trabalho de impermeabilização e pintura dos madeirites, mutirões comunitários para a composição das pinturas e substituição destes.
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sim. há uma festa por aqui e ela me olha entoando o canto do encontro tento seguir seu zumbido - este corpo sendo - o possível desenhando-se - o encontro com a forma “outro” e sei estou por aqui desde o dia que nasci pois, de um gesto em seu volume nasce o mundo inteiro Ângela Castelo Branco | Escritora
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Marezzo Deságuas, e galeia agora o barco e o cristal das águas se esmerilha. Saímos de uma gruta para o largo cor laranja e um zéfiro o desalinha. ... Fora está o sol: flamante na sua ronda pára. O céu cavo ilumina-se estuante; vidro que não estala. Um pescador dentro de uma canoa arremessa uma linha na corrente. Vê que o mundo do fundo se afeiçoa como se deformado de uma lente. ... Enxames e revoadas nos envolvem, o ar é uma asa macia. Cessaram: turva a luz em demasia. As idéias mais a sós se consomem. ... Tudo logo será mais rude no mar que florescerá com tons mais sombrios. Entretanto está assim, sob o dilúvio do sol por terminar. Uma ondulação subverte formas limites já agora abstratos: toda força decidida diverge do curso. A vida vai crescendo aos saltos. Eugenio Montale. Ossos de sépia
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MAURÍCIO ADINOLFI Nasceu em 1978 entre Santos e São Paulo/SP Vive e trabalha em São Paulo/SP
FORMAÇÃO 2008 História da Arte com Rodrigo Naves. 2007 Monotipia com Dudi Maia Rosa. 2006 Escola de Nova York: Formação e Desdobramentos com Rodrigo Andrade. A idéia e as idéias da Arte Contemporânea com Teixeira Coelho. 2005 História da Arte Moderna com Agnaldo Farias. 2003/5 Filosofia da Arte com Rubens Espírito Santo. 1997/02 Filosofia pela FFC/UNESP, Marília/SP. 1995/6 Desenho, FADE – Escola de Arte, Santos/SP.
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS 2008 Matilha – aamam (associação dos amigos do Museu de Arte Moderna), São Paulo/SP. Instalação Pictórica - Espaços FUNARTE Artes Visuais, São Paulo/SP. 2007 Fogo Fátuo – Ateliê 397, São Paulo/SP. 2006 Pinturas – Fundação Cultural Alice Seiler, Blumenau/SC. 2006 Galeria Favo, São Paulo/SP. 2002 “Urubu-Rei” - Galeria da UNESP, Marília/SP. 2001 “Anatomia do Instante” - Oficina Cultural do Estado, Bauru/SP. 2000 “Revelações” - Biblioteca Municipal de Santos, Santos/SP.
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EXPOSIÇÕES COLETIVAS 2008 15° Salão da Bahia, Salvador/BA. 12° Salão Paulista de Arte Contemporânea, São Paulo/SP. 36° Salão de Arte Contemporânea Luis Sacilotto, Santo André/SP. 14° Salão UNAMA de Pequenos Formatos, Belém /PA. 2007 “Cidade Corpo Radial” – Galeria da Consolação, São Paulo/SP Espaços FUNARTE Artes Visuais, São Paulo/SP. 2005 37º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba, Piracicaba/SP. (Menção Especial) A Pintura – Atelier do Centro, São Paulo/SP. Grupo de Terça e Jac Leirner - Fundação Cultural de Blumenau, Blumenau/SC. 2004 I Salão Aberto Paralelo à BIENAL, São Paulo/SP. 2003 Coletiva do Grupo de Terça, Ateliê Espaço Coringa, São Paulo/SP. 2002 Mapa Cultural Paulista (finalista), São Paulo/SP. 2001 V Salão de Artes Plásticas, Assis/SP (Premio Aquisição). 2000 Galeria de Arte do CCBEU, Marília/SP.
BOLSAS e PROJETOS 2008/9 Projeto Colagem Expandida COPAN - ProAc - Concurso de Apoio a Projetos de Artes Visuais; Secretaria da Cul tura do Estado/SP. Projeto “Cores no Dique” – Prêmio Interações Estéticas, Residências Artísticas em Pontos de Cultura. Funarte – Ministério da Cultura. 2007 Bolsa-Residência, Projeto Atelier Amarelo. Secretaria da Cultura do Estado/SP. 2001 Bolsista PROEX. Projeto: “O ser e a expressão Artística”. 2000 Criação e Pintura do altar da Igreja “Santa Rita de Cássia”, Marília/SP. 1999 Criação de painéis-murais integrando o “Projeto Volpi”, Secre taria Municipal da Cultura. Marília/SP.
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CATÁLOGOS 2008 15°Salão da Bahia. 12° Salão Paulista de Arte Contemporânea. Espaços FUNARTE Artes Visuais, São Paulo/SP. Exposição “Matilha”. 2005 37° Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba. Fundação Cultural de Blumenau. 2004 I Salão Aberto Paralelo a Bienal. 2003 Mapa Cultural Paulista. 2002 Urubu Rei, UNESP, Marília/SP. PUBLICAÇÕES 2001 Ilustrações, “Babel” Revista de poesia, tradução e crítica. nº 04 – Ano 2, Santos/SP - Florianópolis – Campinas/SP. 1998/9 Ilustrações, Revista Poética “Mirante”. Santos/SP. ATIVIDADES 2008 Professor de filosofia no Colégio Conde Domingos. 2006/7 Professor Efetivo de Filosofia (Secretaria do Estado de São Paulo). 2003/5 Professor de artes na FEBEM, São Paulo/SP. 2000 Professor de desenho na Penitenciaria de Marília/SP.
Tel. (11)
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Bibliografia
MALDONATO, Mauro. Raízes errantes. (tradução de Roberta Barni). São Paulo: Sesc/Editora 34, 2004. MONTALE, Eugenio. Ossos de sépia - 1920-1927. (tradução, prefácio e notas de Renato Xavier. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.
Parceria
Instituto Arte no Dique
Fotos
Maurício Adinolfi, Nice Gonçalves e Nirley Sena
Diagramação
Joceley Vieira de Souza
Agradecimentos
Minha família, comunidade da Vila Gilda, seu Manoel, Cleiton, dona Helena, Marruco, Nattália, Zé Virgílio, Marenabe, Cohab Santista, Juliana-Funarte. Dique da Vila Gilda | Jardim Rádio Clube | Zona Noroeste | Santos | São Paulo | Brasil 2008 - 2009
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“Esta atividade integra o Prêmio Interações Estéticas Residências Artísticas em Pontos de Cultura”. Catálogo CORES NO DIQUE.indd 32
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