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Colégio Ofélia Fonseca

OS SURDOS E A LIBRAS: DESAFIOS DA COMUNICAÇÃO

Mayara Maria Sanches

São Paulo 2013


Mayara Maria Sanches

OS SURDOS E A LIBRAS: DESAFIOS DA COMUNICAÇÃO

Trabalho apresentado sob a orientação do professor Alexandre Ogata, da disciplina Inglês

São Paulo 2013


DEDICATÓRIA.

Dedico esta monografia a minha mãe por todo o apoio e ajuda desde o processo de escolha do tema até a sua conclusão; a todos meus amigos, mas em especial a Daniele, Fernanda e José Victor por toda colaboração no processo de pesquisa e escrita do trabalho. Dedico também ao meu orientador Alexandre Ogata que me ajudou em tempo integral, proporcionando reflexões e conclusões essenciais que me fizeram enxergar um mesmo assunto de diversas maneiras diferentes e ao professor Henrique Kurosaki pela leitura e auxílio no trabalho final. Porém, acima de tudo, dedico este trabalho de conclusão de curso a todos os surdos do Brasil que somente procuram a compreensão e o respeito dos ouvintes.


RESUMO.

Este trabalho tem como objetivo dissertar sobre a questão da LIBRAS, seu reconhecimento como língua e a obrigatoriedade dela no Brasil, em base da comunicação dos surdos com os ouvintes; o preconceito e o respeito destes últimos para com os surdos. Para isso foi realizado um estudo sobre a surdez, causas e tipos, além de terem sidos abordados temas como a Cultura Surda, Comunidade Surda, o surdo na sociedade e a importância da LIBRAS, a fim de refletir e concluir sobre a inclusão do surdo na sociedade; a LIBRAS como língua oficial e obrigatória no Brasil, para desenvolver a comunicação entre surdos e ouvintes e acabar com as barreiras existentes entre eles.


ABSTRACT.

The purpose of this paper is to discuss about the necessity of knowledge, from everyone, about LIBRAS (the deaf people language), and the obligatoriness of it in Brazil, based on the communication between deaf and normal-hearing people; the prejudice existent. For this conclusion a study about deafness, causes and types, was realized, with other topics such as Deaf Culture, Deaf Community, the deaf in society and the importance of LIBRAS, in order to think about the inclusion of deaf people in the society; the LIBRAS as an obligatory language in Brazil, to develop the communication between deaf and normal-hearing people.


SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 7

2. DESENVOLVIMENTO..................................................................................... 13 2.1.1 Surdos oralizados.................................................................................... 13 2.1.2 Surdos sinalizados.................................................................................... 13 2.2 Comunicação entre surdos e ouvintes............................................................ 14 2.3 Tipos de deficiência auditiva......................................................................... 15 2.3.1 Auditiva condutiva................................................................................... 15 2.3.2 Sensório-neural........................................................................................ 15 2.3.3 Mista......................................................................................................... 15 2.3.4 Disfunção auditiva central........................................................................ 15 2.4 O implante coclear......................................................................................... 15 2.5 A cultura surda e o MEC................................................................................ 17 2.6 A cultura e comunidade surda; os surdos....................................................... 18 2.7 Os surdos e a LIBRAS.................................................................................... 20 2.7.1 Surdos oralizados e a LIBRAS................................................................ 20 2.7.2 Surdos sinalizados e a LIBRAS............................................................... 21

3. CONCLUSÃO.................................................................................................... 23

4. ANEXOS............................................................................................................ 25

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 27


1. INTRODUÇÃO.

1.1 Introdução ao tema.

O trabalho busca compreender as dificuldades das pessoas surdas na sociedade. Analisar como se encaixam no padrão da comunicação, suas dificuldades e as barreiras entre seu mundo e o dos ouvintes. Visa entender quais são as maiores dificuldades delas neste processo de adaptação ao mundo sem som.

1.2 Quem é o surdo?

Surdo é a pessoa que não possui a audição funcional na vida comum e que apresenta uma identidade, cultura e língua própria. Segundo o IBGE, de acordo com o Censo 2010, do total da população brasileira, 190 milhões, cerca de 45 milhões de pessoas apresentavam alguma deficiência (mental, visual, auditiva ou motora) e 7,5 milhões de brasileiros apresentavam deficiência auditiva, sendo destes, 519.460 jovens de idade entre 0-17 anos, e 256.884 jovens com idade entre 18-24. O gráfico abaixo foi feito a partir de dados do Censo do ano 2010.

Deficientes no Brasil em 2010.


Analisando este gráfico pode-se perceber que a porcentagem de brasileiros que possuem deficiência mental, auditiva, visual ou motora é de 23,9 %. Dessa análise surge outro gráfico.

Deficientes auditivos no Brasil em 2010.

Conclui-se que do total de pessoas que apresentam deficiência no Brasil, 20,9% são deficientes auditivos, uma porcentagem muito alta. Estudos afirmam a rubéola e a meningite como principais causas da surdez. No Brasil a meningite é a maior responsável da surdez, em 1993 cerca de 9% a 20% dos casos de deficientes auditivos atendidos na PUC – SP e na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. “A incidência e as seqüelas da meningite são importantes considerações em países em desenvolvimento, onde a reabilitação e o suporte de trabalho podem ser limitados ou eventualmente não existir. A vacinação é uma prevenção efetiva, porém restrita devido ao custo para países em desenvolvimento; é importante ressaltar que o maior índice de meningite ocorre na infância e em países em desenvolvimento.” (Wright & Ford, 1995).

Com esta leitura, pode-se relacionar a deficiência auditiva com a pobreza. O Nordeste, região mais pobre do Brasil, é a região que mais abrange surdos, e a região Centro-Oeste, a mais rica, é a menos abrangente. No entanto, conclui-se a relação socioeconômica junto à deficiência, pois as pessoas não apresentam condições de tratar as doenças e infecções, como a meningite; assim, desenvolvem a surdez.


1.3 Graus de surdez.

Uma pessoa é considerada surda a partir da perda auditiva de 25 db (Decibéis). Os graus de surdez que uma pessoa pode possuir variam de “Surdez Leve” à “Surdez

Profunda.”

Surdez Leve – Perda auditiva de 25 à 40 db. Surdez Moderada – Perda auditiva de 41 à 55 db. Surdez Acentuada – Perda auditiva de 56 à 70 db. Surdez Severa – Perda auditiva de 71 à 90 db. Surdez Profunda (dividida em Graus) – Perda auditiva acima de 90 db. 1º Grau – Perda auditiva de 90 db. 2º Grau – Perda auditiva de 90 à 100 db. 3º Grau – Perda auditiva de mais de 100 db.

Uma pessoa possuidora de perda auditiva de 25 à 40 db tende a ouvir bem, mas não compreender completamente o que ouve, principalmente a fala dos demais. Já uma que apresente uma perda auditiva entre 41 e 90 db tende a ouvir distorcidamente, as palavras se tornam mais difíceis ainda de entender e alguns sons, como o de campainhas, chegam até a não serem mais ouvidos. Enquanto uma que possua perda auditiva acima de 90 db ouve somente sons demasiado profundos ou percebe vibrações variáveis de um som. A surdez é uma ocorrência da genética, doenças ou idade. Portanto, no caso da idade, o nível de perda auditiva aumenta de forma regular com o passar dos anos; no caso da surdez como conseqüência de uma doença, ela tende a ficar estável em um nível, não varia. As causas da surdez serão analisadas no tópico a seguir.

1.4 Causas da Surdez.

A surdez pode ser herdada geneticamente, pelo bebê, durante a gestação caso a mãe contraia Rubéola ou Sarampo, apresente diabetes, doenças cardiovascular ou


traumas. Também pode ser passada para ele caso, durante a gestação a mãe consuma medicamentos, álcool, drogas ou não se alimente de forma correta. Durante o nascimento a criança corre o risco de apresentar surdez, no futuro, caso ocorra o parto prematuro, má circulação do sangue, problemas com a anestesia ou traumatismos obstétricos. Na criança a surdez é hereditária (genes portadores da deficiência passam de uma geração para a outra, ou, em alguns casos, pulam uma geração porque a mãe é portadora do gene e o passa para a criança, no entanto, como o pai não passa o gene a criança não desenvolve a deficiência e passa para seu filho que pode desenvolver) ou de complicações de saúde. Pode-se contrair, ao longo da vida, através de infecções (meningite, otite, encefalite, hepatite, varicela, sarampo, papeira ou malária), doenças, traumatismos cranianos/acústicos; através do uso de medicamentos. A Surdez Central é um tipo de surdez natural que acontece na medida em que envelhecemos, já que o ouvido se desgasta com o passar dos anos. Esse tipo de surdez recebe o nome de presbiacusia; pode ser tratada com o uso de aparelhos auditivos.

1.5 O que são as Línguas de Sinais?

As Línguas de Sinais são línguas possuidoras de uma estrutura gramatical própria, criadas e utilizadas pelas comunidades surdas para a sua comunicação. São consideradas línguas, pois, como qualquer outra, possuem os níveis lingüísticos morfológico, fonológico, sintático e semântico. As chamadas palavras nas línguas orais-auditivas como “planta”, “livro”, entre outras, são denominadas sinais na LS (Língua de Sinais). Cada país apresenta uma diferente Língua de Sinais, no Brasil, por exemplo, esta recebe o nome “LIBRAS” (Língua Brasileira de Sinais), nos EUA ela é chamada de “ASL” (American Sign Language). O nome varia de um país para outro justamente por que a maioria dos sinais para exemplificar palavras/verbos varia. Já que a LS é uma língua criada por uma comunidade surda regional ela varia também dentro de um país, de uma região para a outra, por exemplo: apesar do Brasil apresentar a sua própria Língua de Sinais, a forma de fazer o sinal “LIBRAS” varia do Mato Grosso do Sul para São Paulo, da mesma forma que na língua oral-auditiva existem gírias que variam de um estado para o outro.


Apesar da LIBRAS oferecer todos os aspectos que uma língua precisa apresentar esta somente conseguiu o reconhecimento como tal, de fato, em 24 de abril de 2002, após anos de batalhas dos Surdos para que sua língua fosse reconhecida. 

Nº 10.436, de 24 de abril de 2002, dispõe sobre a Língua Brasileira de

Sinais –LIBRAS – como segunda língua oficial no Brasil e o Decreto N° 5.626, de 22 de dezembro2005, regulamenta a Lei no 10.436/02.

1.6 O que é a Cultura Surda?

A Cultura Surda é criada por cada uma das diversas Comunidades Surdas existentes ao redor do mundo, ela se baseia na maneira pela qual o surdo entende o mundo e o ‘modifica’ para sua própria compreensão para que assim possa se adaptar a ele. A Cultura Surda envolve a língua, costumes e hábitos das Comunidades Surdas. No entanto, não são somente Surdos que fazem parte de uma Comunidade Surda, ouvintes também tem o seu espaço, sendo eles parentes ou amigos, se eles participam e compartilham os mesmos interesses são considerados membros desta Cultura Surda. A descrição da Identidade Surda, a partir da Cultura Surda, do ponto de vista da pesquisadora Karin Strobel: 

“[...] As identidades surdas são construídas dentro das representações possíveis da cultura surda, elas moldam-se de acordo com maior ou menor receptividade cultural assumida pelo sujeito. E dentro dessa receptividade cultural, também surge aquela luta política ou consciência oposicional pela qual o individuo representa a si mesmo, se defende da homogeneização, dos aspectos que tornam o corpo menos habitável, da sensação de invalidez, de inclusão entre os deficientes, de menos valia social.” (PERLIN, 2004, p. 77-78)

O trecho acima exemplifica a ideia de que dentro da Cultura Surda, característica da Comunidade Surda, o indivíduo pode se sentir realmente parte de algo. Traz a ideia de que o fato do surdo possuir essa deficiência que o difere da maioria das pessoas, o faz se sentir ‘inválido’ na sociedade dos ouvintes, e que somente na Comunidade Surda


ele pode se desenvolver realmente, e, portanto, desenvolver sua identidade em meio aos demais surdos e não sentir a ‘sensação de invalidez’.

1.7 O surdo na sociedade.

Os surdos apresentam maiores dificuldades para se adaptarem a sociedade por questões como, por exemplo, a dificuldade na comunicação existente entre surdos e ouvintes. O trabalho de integração do surdo na sociedade é algo que vem progredindo com o passar dos tempos, no entanto o progresso é um pouco tardio por conta de antigas más interpretações do surdo como um deficiente mental. Atualmente há maior inclusão dos surdos na sociedade, desde sua infância quando são matriculados em uma instituição regular, porém aqueles matriculados nas instituições regulares não aprendem ou praticam a Língua de Sinais e, por isso, acabam desenvolvendo a leitura de lábios e fala com a ajuda de fonoaudiólogos, estes são os surdos oralizados. Alguns surdos optam por não utilizar da língua oral-auditiva e somente se comunicam através da LS (os chamados surdos sinalizados) e, por conta disso, podem ser considerados mais excluídos da sociedade, tendo uma maior participação na Comunidade Surda, um grupo de contato mais restrito com as pessoas. No entanto, apesar dos surdos estarem sendo cada vez mais inseridos na sociedade, ainda há a questão do emprego. Por conta da deficiência as empresas deixam de contratar e a concorrência para empregos entre eles é maior. Segundo a lei nº 8.213, de 2% à 5% da quantidade de funcionários de um empresa deve ser portador de alguma deficiência, visual, auditiva ou motora. 

Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 art. 93. Dispõe sobre a contratação de pessoas com deficiência nas empresas privadas e públicas.

1.8 Motivo de escolha do Tema.

O motivo de escolha do tema é por que os surdos são, em geral, incompreendidos pela sociedade, por conta de sua dificuldade na comunicação com os ouvintes, o que dificulta ações normais do dia a dia e chega a diferenciá-los das pessoas


‘normais’. Portanto o trabalho procura também entender como se encontra essa dificuldade, quais os meios de comunicação utilizados por eles e como os surdos têm progredido em encontrar seu lugar no mundo, através da Cultura Surda. A grande pergunta é “A LIBRAS deveria ser língua obrigatória no Brasil?”.

2. DESENVOLVIMENTO.

2.1 Surdos oralizados e surdos sinalizados.

Os surdos podem ser divididos em dois grupos, os que falam e os que não falam, também conhecidos como surdos oralizados e surdos sinalizados, respectivamente. Há semelhanças entre eles, como o fato de que, em geral, ambos fazem leitura labial. No entanto existem diferenças como o modo através do qual se comunicam, já que os surdos sinalizados optam somente pela língua de sinais, e os oralizados a língua oralauditiva ou ambas as línguas.

2.1.1 Surdos oralizados.

Surdos oralizados são os surdos que optam por usar aparelhos auditivos ou implantes cocleares, ou talvez nenhum dos dois. São aqueles que utilizam das línguas orais-auditivas. Alguns surdos oralizados são bilíngues – se comunicam através da LIBRAS com pessoas surdas; através da língua oral-auditiva com os ouvintes. Eles são fluentes no português escrito e falado, não necessitando do auxílio de intérpretes e, acima de tudo, são os surdos que não se encaixam nos parâmetros da comunidade surda.

2.1.2 Surdos sinalizados.

Surdos sinalizados são os surdos que optam por se comunicar somente através da LIBRAS, por motivos como desconforto com a fala ou defesa da cultura surda. Estes surdos são também conhecidos como surdos-mudos. Em geral; diferentemente dos surdos oralizados, eles defendem a comunidade surda como grupo específico da sociedade e valorizam a língua de sinais. Normalmente


necessitam da ajuda de um intérprete na comunicação com os ouvintes que não possuem conhecimento da língua de sinais.

2.2 Comunicação entre surdos e ouvintes.

A comunicação entre os surdos e os ouvintes sempre foi difícil. Alguns surdos optam por não se comunicar nas línguas orais-auditivas, aprendem somente a língua de sinais e isso acaba por gerar dificuldades na compreensão da forma de expressão do surdo com o ouvinte, que normalmente não possui conhecimento da língua de sinais. Outros surdos acabam por utilizar das línguas oral-auditivas e, por não conseguirem ouvir a fala dos outros e ter um parâmetro, possuem a fala mais lenta, em volume mais elevado e um pouco difícil de compreender, o que acaba por confundir muitos ouvintes que acreditam que alguns surdos possuem deficiência mental por conta da fala diferente. Leonardo Castilho, surdo de vinte e cinco anos que trabalha no Museu de Arte Moderna em São Paulo, acredita que a comunicação não seja tão difícil. Para ele, é mais fácil compreender o que os ouvintes falam, pois consegue realizar a leitura labial e a única diferença é que necessita olhar para a boca da pessoa quando ela está falando. Já quando ele precisa se comunicar com alguém que não saiba a língua de sinais, ele percebe que as pessoas, em geral, possuem dificuldades para compreender o que ele está falando. Enquanto isso há o caso de uma estudante, surda oralizada de vinte e dois anos, que preferiu não se identificar, que afirma haver grande dificuldade para conseguir se comunicar com os demais. O seu maior problema é o convívio com colegas de sala e professores que não entendem a sua dificuldade com ações que para eles, ouvintes, são fáceis. Ela passou pela má experiência de fazer provas em dupla e não conseguir entender o que seu colega falava, acabaram ambos tirando nota baixa; a dupla reclamou com o professor que a culpa era a deficiência dela. Os demais começaram a excluí-la e evitar conversar, tudo por conta de sua deficiência.


Por mais que pareça assustador, casos como esse não são novidade; são poucos os surdos que não possuem grandes dificuldades em se comunicar com os demais e não tenham sofrido exclusão, como no caso de Leonardo. Em caso de surdos sinalizados a comunicação tende a ser mais difícil ainda, mas, novamente, para o ouvinte compreender o que o surdo quer falar, pois o mesmo somente consegue se comunicar através de sinais, ele só possui conhecimento da língua oral-auditiva para fazer leitura labial, já que os surdos sinalizados optam por não falar.

2.3 Tipos de deficiências auditivas.

2.3.1 Auditiva condutiva (Condução).

Este tipo de deficiência auditiva ocorre quando há uma interferência na transmissão do som desde o canal auditivo, no ouvido externo, até a cóclea, no ouvido interno. Neste caso o ouvido interno funciona normalmente, porém não chega a ser estimulado pelas vibrações sonoras causadas pelo tímpano. A maioria das deficiências auditivas condutivas podem ser corrigidas através de cirurgias ou medicações.

2.3.2 Sensório-neural (Percepção).

Esta deficiência auditiva ocorre no momento no qual as células ciliadas da cóclea ou do nervo auditivo, do ouvido interno, sofrem alguma lesão e não há a percepção do som desde a cóclea até o cérebro. Não há cirurgia que cure esta deficiência auditiva, ela é permanente.

2.3.3 Mista.

Esta deficiência auditiva acontece quando há lesão nos canais de condução e de percepção, o problema é tanto condutivo quanto sensório-neural. O tratamento para a condução pode ser reversível através de cirurgias ou medicações, no entanto a parte da percepção é irreversível.


2.3.4 Disfunção auditiva central.

Este tipo de deficiência auditiva não acontece por diminuição da sensitividade auditiva, há somente dificuldade por parte do indivíduo, na compreensão dos sons. O problema encontra-se no Sistema Nervoso Central, onde ocorre o processo das informações sonoras. É o caso mais leve de surdez.

2.4 O implante coclear.

O implante coclear, popularmente conhecido como ouvido biônico, é um aparelho que possui uma parte que é introduzida, através de uma cirurgia, no ouvido interno e outra que fica exposta na parte externa. O implante é uma alternativa para os surdos que querem ouvir, aqueles que não apresentam deficiência na cóclea podem ter a audição “corrigida” através deste e escutar sons, quase igual a uma pessoa normal. O implante é constituído por duas partes: Uma parte interna, composta por uma antena interna com um ímã, um receptor estimulador e um cabo com um filamento contendo elétrodos. E a parte externa, composta por um microfone, um processador de fala e uma antena transmissora. A função do implante, após ser inserido no ouvido interno, é de captar as ondas sonoras externas e transformá-las em impulsos elétricos que irão estimular as fibras nervosas e conduzir estes impulsos para o nervo auditivo, chegando até o córtex cerebral que irá traduzir e interpretar as informações, em forma de som, para a pessoa. A imagem abaixo representa o esquema do implante coclear inserido no ouvido, em suas partes interna e externa. O sistema acontece de forma rápida, o microfone recebe a fala e a envia para o processador de fala, que seleciona as informações e, logo, as envia em forma de sinais elétricos para a antena transmissora onde os impulsos serão codificados. As informações são transmitidas na pele, o receptor/estimulador as recebe e as libera em forma de impulsos elétricos para os elétrodos do ouvido interno, na cóclea. Em seguida o cérebro interpreta as informações e a pessoa é capaz de ouvir.


Imagem ilustrativa do esquema do funcionamento de um implante coclear. Fonte: http://hmsportugal.files.wordpress.com/2011/10/untitled.png?w=780

2.5 A cultura surda e o MEC. A cultura surda é uma cultura que fora criada dentro e pelas comunidades surdas do mundo. Para os surdos sinalizados a cultura surda é muito importante, pois é considerada uma das únicas formas pela qual eles conseguiram se “adaptar” ao mundo, pois na comunidade encontraram facilidade para se comunicar com as demais pessoas e, assim, criar uma identidade. No entanto, para o MEC, a deficiência auditiva não demonstra motivo para ser imposta como cultura, ele acredita que a ‘Cultura surda’ é segregacionista, ou seja, acredita que ela institua uma política de segregação racial. 

“Do ponto de vista da educação inclusiva, o MEC não acredita que a condição sensorial institua uma cultura. As pessoas surdas estão na comunidade, na sociedade e compõe a cultura brasileira. Nós entendemos que não existe cultura surda e que esse é um princípio segregacionista. As pessoas não podem ser agrupadas nas escolas de surdos porque são surdas. Elas são diversas. Precisamos valorizar a diversidade humana.”


(Fonte: Revista Feneis sobre a reportagem CONAE, página 23, 3º parágrafo.)

A partir desta citação, os conceitos da cultura surda, se ela de fato existe e se não é segregacionista, são postos em questão. O MEC chega a esta conclusão pensando através da educação inclusiva, ou seja, na educação de surdos e ouvintes juntos, na qual são educados da mesma forma, portanto possuem a mesma cultura. Para os surdos sinalizados não há dúvidas que a cultura surda existe e não é segregacionista, quando, para eles, ela visa somente ajudar o surdo no processo de integração à sociedade. Entretanto, os surdos oralizados mantêm opiniões divididas e diferentes quanto à cultura surda, para alguns a mesma é indiferente, enquanto para outros ela apresenta uma forma de ‘excluir’ o surdo da sociedade, restringindo-o ao convívio com um pequeno grupo especial e separando-o cada vez mais do convívio com os demais, os ouvintes. Assim, pode-se perceber que parte dos surdos oralizados concorda com a opinião do MEC de que a cultura surda é um princípio segregacionista. No entanto, para compreender melhor a relação da cultura surda com os surdos é preciso ir mais a fundo.

2.6 A Cultura e comunidade surda; os surdos.

Como visto anteriormente, o MEC não acredita que haja uma cultura surda. No entanto, muitos surdos discordam desse ponto de vista e acham desrespeitoso tal julgamento, ao passo em que há também os surdos que concordam com essa afirmação. Essa divergência de pensamento se divide, novamente, entre os dois grupos de surdos, os surdos oralizados e os surdos sinalizados. Os surdos sinalizados defendem que a cultura surda exista, acreditam que a deficiência auditiva fez com tivessem um processo diferente de conhecimento do mundo, e também o vêem de uma maneira distinta, pois, ademais do processo diferente, o convívio com as pessoas a sua volta foi realizado diferentemente também, já que somente podiam se comunicar através da língua de sinais, e não são todas as pessoas que sabem se comunicar através dela. Portanto, eles acreditam que o fato de serem surdos os fez criar uma identidade diferente da “comum”, que seria a dos ouvintes.


Entre os surdos oralizados as opiniões variam facilmente entre diversos grupos. Há aqueles que são neutros e, portanto, não se importam com a cultura surda, não tomam posição quanto a sua existência. Outros acreditam que ela não exista; que a surdez não é um motivo grande o bastante para afastá-los da sociedade e fazê-los criar uma cultura diferente dos demais. Enquanto há outros que acreditam nela, participam de um dos grupos e defendem também a existência da mistura entre a cultura surda e a cultura ouvinte nos surdos oralizados. Para Paula Pfeifer, surda oralizada e autora do livro Crônicas da Surdez, os surdos não se mantêm presos a comunidade surda, e, portanto, não necessariamente mantém características dela, como a comunicação através da língua de sinais. Ela acredita na igualdade dos surdos oralizados com as demais pessoas, afirmando que eles também possuem conhecimento da língua portuguesa escrita, sabem falar fluentemente e não necessitam da ajuda de intérpretes para participar de uma conversa com ouvintes. Afirma que os surdos oralizados sejam iguais aos demais, possuem o mesmo estilo de vida, portanto a mesma cultura. Paula demonstra não acreditar que a surdez seja motivo para a criação de uma cultura diferente. Enquanto isso, Anahí Guedes de Mello, surda oralizada e estudante de Química da Universidade Federal de Santa Catarina, afirma em seu texto; Surdos oralizados e não oralizados: uma visão crítica.: 

“Surdos oralizados e não oralizados geralmente apresentam diferentes raízes de concepção de mundo. Enquanto estes últimos estão mais próximos de uma "massificação" da cultura surda, que tem na língua de sinais a sua manifestação maior de cultura; os oralizados se aproximam mais das manifestações da cultura ouvinte, onde privilegia-se a habilidade da fala e eficácia em leitura labial.(...) Devido ao meu convívio com surdos oralizados que não participam da Comunidade Surda ou que apenas tomam uma posição neutra, suspeito da "calamidade social" do eu interior que atinge a identidade surda desses meus amigos surdos oralizados. De fato, reconhecendo-me como parte integrante deste último grupo, os surdos oralizados que não oscilem nas transições de sua identidade entre mundo ouvinte e mundo surdo nem se identifiquem com a Cultura Surda, têm imediato reconhecimento consciente que os leva em confronto com a identidade ouvinte. Essa


identidade característica

dos

surdos

oralizados,

autodenomino

identidade surda ouvinte, cuja concepção reconhece e se aproxima mais do padrão do mundo ouvinte, sem hipocrisias. Não devemos nos relegar a padronizar uma identidade surda para melhor identificarmos soluções educativas para cada uma, porque nem mesmo existe uma única identidade padrão para definir quem é mais ou menos brasileiro, eis a ironia. (...)”

Ela acredita que haja uma cultura surda e que existam surdos oralizados que pertencem somente a esta cultura, da mesma forma que existem surdos oralizados que, por não se julgarem parte integrante da cultura surda, acabam ficando no meio entre a identidade – entende-se por cultura também – surda e a ouvinte, a qual ela denomina identidade surda-ouvinte, que, apesar de tudo, possui maiores características ouvintes. No entanto, ela defende que não se deve padronizar a identidade surda, ou seja, não se deve procurar criar uma cultura surda que diferencie o surdo dos demais, pois, afinal, não há identidade padrão para definir quem é mais ou menos brasileiro, portanto não haveria possibilidade de existência de uma identidade surda padrão que definisse quem é mais ou menos surdo. Contudo, com a análise estes pontos de vistas percebe-se que entre os surdos não há uniformidade de pensamento na questão da cultura/identidade surda. Alguns concordam com a sua existência, enquanto outros possuem um ponto de vista similar ao do MEC acreditando que a cultura surda seria uma ‘exclusão’ do surdo da sociedade e limitação dele à comunidade surda. Portanto é difícil possuir uma opinião concreta quanto à cultura surda como sendo uma cultura realmente, ou simplesmente um princípio segregacionista.

2.7 Os surdos e a LIBRAS.


“Mãos que falam”. Na LIBRAS a comunicação é feita através de gestos das mãos. Fonte: http://professorafrancy.blogspot.com.br/2011/09/maos-que-falam.html.

A LIBRAS é uma língua muito importante para os surdos, principalmente os sinalizados, já que é a que eles utilizam para se comunicar. Estudiosos e surdos afirmam que a LIBRAS é uma característica central da cultura e comunidade surda, um meio de preservá-las. Apesar de ajudar na formação do surdo, no seu desenvolvimento, alguns surdos, em sua maioria oralizados, acreditam que ela os restringe a convivência com um grupo à parte do resto da sociedade, a comunidade surda.

2.7.1 Surdos Oralizados e a LIBRAS.

Como visto anteriormente, os surdos oralizados se comunicam através da fala, portanto não possuem o conhecimento da língua de sinais. No entanto, há algumas exceções, há aqueles que falam LIBRAS e que a utilizam para se comunicar com outros surdos, por exemplo. A escritora do livro Crônicas da surdez, Paula Pfeifer, de trinta e um anos, afirma, em seu blog que leva o mesmo nome de seu livro, não perceber vantagem na comunicação somente através da LIBRAS. Para ela, surda oralizada, a língua de sinais prende os surdos na comunidade surda. Caso se comunicasse somente através da LIBRAS, afirma que se sentiria “dentro de uma bolha”. Paula se comunica somente através da fala, consegue ouvir graças ao implante coclear e já teve que utilizar da leitura de lábios para compreender as outras pessoas, no entanto nunca aprendeu LIBRAS e não mostra interesse em aprender algum dia, para ela o importante é a inclusão do surdo na sociedade e isso não ocorre quando o mesmo se comunica somente através da língua de sinais. Alice Rodrigues, estudante do Ensino Médio, de dezoito anos, é surda oralizada e também acredita não existir necessidade em aprender a LIBRAS para se comunicar. Ela utiliza implantes cocleares, no entanto não consegue compreender exatamente a fala das pessoas e por isso precisa fazer leitura labial. Para ela o importante é a pessoa falar


devagar quando se comunica e estar de frente, pois caso contrário ela não conseguirá ler os lábios da pessoa. Alice diz que somente aprendeu a soletrar na língua de sinais; como o aprendizado da LIBRAS não influencia na sua convivência com os demais ela não pretende aprender mais do que isso. Para ambas, Paula e Alice, a LIBRAS parece desnecessária. Muitas pessoas discutem que o aprendizado da língua de sinais seria importante para a sociedade para a inclusão dos surdos nela, no entanto estas surdas oralizadas acreditam que a inclusão dos surdos na sociedade se trata apenas de acabar com os preconceitos e a não compreensão de algumas necessidades deles, como o fato de precisarem que a pessoa fale frente a frente e mais devagar. Elas acreditam que o aprendizado, somente, da LIBRAS chega a excluir o surdo da sociedade, por limitar sua comunicação a um número de pessoas; acaba por diferenciá-los ainda mais das pessoas.

2.7.2 Surdos sinalizados e a LIBRAS.

Para os surdos sinalizados a LIBRAS é essencial, pois é a única forma pela qual se comunicam. Eles são fiéis a comunidade e cultura surda e acreditam que a língua de sinais é um meio de preservar estes dois. Fernanda Zanette afirma no blog LIBRAS e Educação de Surdos, da Profª Maria Ângela: 

“A compreensão dos conceitos de diversidade e diferença, além de considerar a construção da identidade surda como um movimento político, social e histórico, a utilização da LIBRAS vem a colaborar para a alteridade surda, prevalecendo a inclusão social dos surdos tão almejada, desprezando toda e qualquer forma de discriminação e preconceito com esse grupo, que sofreu por um longo tempo com a ignorância e visão equivocada dos ouvintes que impunham um padrão errôneo e unilateral de normalidade, observando a surdez como uma deficiência que deveria ser tratada clinicamente com intuito de superar o déficit auditivo. Além da legitimação da cultura surda, a utilização da Libras da voz a esta cultura, possibilita o entendimento de suas necessidades, anseios e expectativas podendo assim, facilitar o atendimento a essas necessidades, sendo a forma mais expressiva de exercício da cidadania.


Dessa forma, pode-se concluir que a utilização da linguagem brasileira de sinais deve ser cada vez mais popularizada e incentivada, não apenas nas instituições escolares, como também na sociedade em geral, colaborando para a melhoria da qualidade de vida dos surdos, desprezando perspectivas meramente filantrópicas, mas sim como uma forma de assegurar os direitos como cidadão e o respeito às diferenças.”

Com a análise desta citação de Zanette, percebe-se que os surdos sinalizados defendem a utilização da LIBRAS porque acreditam que ademais dela ajudar a representar a cultura surda, ela é o que falta para incluir o surdo por completo na sociedade, sem preconceitos. Para eles intérpretes são essenciais já que em sua maioria eles não aprendem a leitura labial, e, portanto, eles gostariam que a língua de sinais fosse uma língua obrigatória, pois, assim, com todos utilizando a mesma língua não haveria barreiras entre surdos e ouvintes; estes últimos poderiam ver que os surdos não possuem limitações mentais, como acreditavam nos séculos passados e alguns acreditam até hoje.

3. CONCLUSÃO.

A tese estudou as pessoas surdas e a sua deficiência, seu modo de comunicação com os ouvintes e suas dificuldades no dia a dia e, assim, pode observar que há grande dificuldade na compreensão das duas partes, pois para os surdos é difícil fazer a leitura dos lábios e para os ouvintes é difícil entender as mímicas e gestos feitos pelos surdos. Inclusive surdos oralizados possuem dificuldades para compreender o que os ouvintes


dizem, porque necessitam de uma quantidade maior de tempo para captar e entender a fala. Uma pesquisa realizada com cinco estudantes surdos, oralizados e sinalizados, com idades entre dezenove e vinte e seis anos, demonstrou que casos de preconceito são muito comuns. “Mudinho”, “Deficiente” e “Surdo-Mudinho” são alguns exemplos de ofensas ditas por pessoas que não possuem respeito; que riem do que eles tentam dizer ou que simplesmente os ignoram. Dos cinco estudantes somente um afirmou nunca ter sofrido algum tipo de preconceito. Com base nisso, e em outros casos anteriormente vistos, pode-se perceber que a população brasileira não está preparada para ingressar o surdo na sociedade e aceitá-lo como pessoa normal, sem discriminação ou preconceitos com os feitos deles no trabalho, escola, ou qualquer outro ambiente público. A mesma pesquisa mostrou que os brasileiros não possuem interesse no aprendizado da Língua de Sinais para a comunicação com os surdos, pois a maioria dos membros da família dos entrevistados não sabe LIBRAS e isso, segundo eles, dificulta a comunicação em casa. Para os surdos oralizados o fato da família somente falar a língua oral-auditiva dificulta, porém não torna impossível a comunicação já que eles utilizam aparelhos auditivos. No entanto, muitos afirmam que o aparelho incomoda por conta do barulho do ambiente que é muito alto; por isso preferem não o utilizar. Com isso, a comunicação realiza-se a partir da leitura dos lábios e ações de gestos, o que dificulta o entendimento de ambas as partes. Outra análise a ser feita, segundo a afirmação de alguns surdos na pesquisa, é a da exclusão deles da sociedade com a Comunidade Surda. Não há menções, por parte deles, de que a comunidade os restringe a um grupo somente e dificulta a valorização da diversidade na sociedade, no entanto, alguns argumentaram contra a obrigatoriedade da LIBRAS no Brasil e o argumento utilizado fora que esta língua representa uma marca de seu grupo e os torna diferente dos demais, com uma conotação especial para eles. “Caso todos falassem LIBRAS não haveria algo para representar-nos como grupo” afirmou Douglas, surdo oralizado de vinte anos. Apesar de a maioria dos surdos sinalizados, e alguns oralizados, ser a favor do aprendizado da Língua de Sinais, afirmando a facilidade que acarretaria na comunicação da sociedade no futuro, percebese que ainda existem barreiras, além da população ouvinte não interessada no conhecimento da língua, que impedem o convívio natural das partes.


No entanto, a LIBRAS foi declarada a segunda língua oficial do Brasil em 2002 segundo a lei número 10.436; sendo ela uma língua oficial no país denomina-se importante e necessário o conhecimento da população sobre tal. A grande questão é que o preconceito e a falta de compreensão existente na relação entre surdos e ouvintes devem-se ao fato de existirem dificuldades na comunicação entre eles, por um não conseguir compreender o que o outro fala. Caso a LIBRAS tivesse seu ensino obrigatório nas escolas, o preconceito diminuiria em grande porcentagem, já que a comunicação seria dada através dos gestos, todos poderiam compreender o que o outro fala; a inclusão do surdo em diferentes grupos seria maior. Apesar de parte dos surdos serem contra o aprendizado da LIBRAS, se ela fosse uma língua utilizada popular e diariamente, argumentos como o de Paula, que afirma que a língua seja excludente e por isso afirma não ver ponto positivo em aprendê-la, perdem o seu sentido já que o objetivo da língua tornar-se obrigatória é para melhorar a questão da inclusão do surdo na sociedade e ajudar aqueles que não conseguem se adaptar ao português da língua oral-auditiva. O argumento de Douglas “Caso todos falassem LIBRAS não haveria algo para representar-nos como grupo” também não se encaixaria nos padrões, de forma que o grupo da Comunidade Surda se expandiria e a língua seria algo para representar todo o grupo da sociedade. Além disto, o número de empregos para surdos seria maior, com todos falando a mesma língua não há barreiras que impedem a contratação, como há muitas vezes. Portanto, conclui-se que o melhor para desenvolver a comunicação entre surdos e ouvintes; assim incluir mais este primeiro na sociedade, seria por meio do conhecimento obrigatório e geral sobre a LIBRAS, para acabar com barreiras que limitam a comunicação.


ANEXOS.

ENTREVISTA:

Entrevista realizada com cinco estudantes surdos. Emerson – 23 anos. Débora – 25 anos. Patrick – 19 anos. Renan – 26 anos. Douglas – 20 anos.

1) Você se comunica somente através da LIBRAS?

Emerson: Não, sou surdo oralizado. Também falo. Débora: Praticamente só LIBRAS, sou pouco oralizada. Não gosto de fazer leitura de lábios. Patrick: Sim, tento entender a oralidade, mas acho difícil. Minha família não sabe LIBRAS, então a comunicação é mais difícil ainda. Renan: Não, sou oralizado também, mas não gosto do aparelho. Douglas: Não, falo também. Mas não gosto muito de usar aparelho, incomoda.

2) Acredita que a LIBRAS deveria ser língua obrigatória no Brasil? Por quê?

Emerson: Acredito que sim, porque ela é muito importante para a nossa comunicação. Débora: Sim, porque é muito importante para mim. Há lugares nos quais não posso falar, porque não há pessoas que me entendam. Patrick: Sim, deveria ser obrigatório, é muito importante para o surdo. Renan: Sim, é importante para o futuro, para a comunicação, mas não acho que daria certo. Douglas: Sim, mais ou menos, se todos falassem LIBRAS não haveria algo que nos representasse. Acho que é importante saber os dois.


3) Como se comunica com aqueles que não falam a LIBRAS? É muito difícil?

Emerson: É fácil para entender a leitura labial, além de que eu fiz fonoaudióloga. Falo normalmente com os ouvintes. Débora: Preciso apontar para as coisas, escrever em um papel. Tenho que mostrar em algum lugar para que me entendam. Patrick: Possuo grandes dificuldades, preciso apontar ou anotar em um papel. No telefone somente mando mensagens. Renan: É muito difícil a comunicação, às vezes leio os lábios. Douglas: É fácil, consigo fazer a leitura labial.

4) As pessoas possuem respeito? Já sofreu preconceito de alguém?

Emerson: Alguns respeitam, mas há preconceito, principalmente porque na maioria das vezes os ouvintes não compreendem. Débora: Depende, ocorrem preconceitos às vezes. Tem vezes que simplesmente ignoram. Patrick: Às vezes o ouvinte ignora, alguns têm respeito, mas outros chamam de “Mudinho”, não gosto disso. Já me chamaram de “Deficiente” e riram também. Renan: Têm respeito. Nunca sofri preconceito. Douglas: Existem preconceituosos. Já me chamaram de “Surdo-mudinho”, não gostei. Às vezes respeitam, às vezes não, varia.


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LIVROS.

RAINHA DE CASTRO, Alberto & SILVA DE CARVALHO, Ilza. Comunicação por Língua Brasileira de Sinais. Brasília, DF: Senac, 01/2005. 269 p.

ARANTES, Valéria Amorim. Educação de surdos: pontos e contrapontos. São Paulo: Summus, 01/2007. 208 p.



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