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A alta do trigo e o impacto na indústria de panifi cação e na mesa do brasileiro
A ALTA DO TRIGO E O IMPACTO NA INDÚSTRIA DE PANIFICAÇÃO E NA MESA DO BRASILEIRO
Por Paulo Menegueli, presidente da Associação Brasileira de Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip)
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O trigo está em evidência no cenário nacional e mundial. E não poderia ser diferente já que faz parte da base da alimentação humana e tem acumulado altas crescentes nos últimos anos, agravadas durante o período de pandemia e, principalmente, pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
Como se sabe, quando os estoques mundiais diminuem, os preços sobem. Lei da oferta e procura. A guerra na Ucrânia, que reduziu as exportações desse país à metade do que normalmente exportava, e o anúncio de suspensão das exportações de trigo pela Índia, tem movimentado o mercado mundial e feito o preço do grão oscilar. Diante desse cenário, a indústria de panificação e confeitaria é a mais atingida pelas consecutivas altas do trigo e inflação. Ainda se recuperando de um cenário pós-pandêmico, as padarias e confeitarias tem se recriado, adequado o mix de produtos e enxugado as produções para se adequar a nova realidade.
Isso porque o grão faz parte dos principais produtos produzidos, vendidos e que compõe a mesa da população diariamente como o pão de sal, o bolo, o biscoito.
Mesmo o Brasil sendo um dos maiores produtores e exportadores mundiais de grãos, o país ainda é vulnerável em relação ao trigo já que tem a necessidade de importar 60% de todo seu consumo interno.
Para acirrar ainda mais esse cenário, 85% de todo trigo importado chega ao país apenas de um único destino: a Argentina. Isso tem gerado preocupações em termos de segurança alimentar em um país continental como o Brasil, bem como para o empreendedor que depende diretamente dessa commodity.
É importante frisar que os aumentos no quilo do grão não são de agora. O setor de Panificação e Confeitaria tem absorvidos consecutivas altas no preço da farinha desde 2020. Entre os diferentes fatores está o reflexo de restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, que obrigou o panificador a se reinventar e absorver as altas nos preços, sem repasses aos consumidores a fim de garantir que as portas do seu negócio se mantivessem abertas e o emprego de milhares de funcionários fosse mantido.
Com o avanço da vacinação houve um breve suspiro de esperança, que logo se foi com o início da guerra na Ucrânia, oscilações na bolsa, safras fracas e medidas restritivas de exportações. Em termos práticos, esse acumulo de fatores fortaleceu ainda mais as constantes escaladas do trigo, que somam alta de mais de 40%. O setor de Panificação hoje se encontra impossibilitado de absorver novos reajustes. Por isso, a Associação Brasileira de Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip) têm buscado somar forças com parceiros e fornecedores para minimizar os impactos da guerra e da inflação nos produtos essenciais para a população.
O aprimoramento das pré-misturas e da técnica do ultracongelamento têm colaborado para minimizar os custos de produção e oferecido novas alternativas de alimentos para a população. Como presidente da Abip, continuo acompanhando de perto todo o cenário, mantendo o pé no chão e a esperança firme no coração de que com as novas safras em setembro e a possibilidade do fim da guerra o mercado se estabilize.
Com isso, trabalhamos e torcemos, junto com a população brasileira, para que a indústria se fortaleça cada vez mais, ajudando a economia brasileira, e a mesa dos brasileiros se mantenha sempre recheada de muitos pães, bolos e todos os demais produtos cheios de qualidade e sabor que a padaria e confeitaria oferecem.