MovimentAÇÃO Periódico do Movimento Champagnat da Família Marista Província Marista Brasil Centro-Norte Ano I – Nº 10 – Dezembro/2007
Movimento em Formação Mensagem de Natal Ir. Pau Fornells 1. O carisma de Marcelino se forja em uma família. Todos nós conhecemos a família de Marcelino. Seu pai, João Batista, era um homem honesto, empreendedor, cidadão exemplar e preocupado com as causas sociais, e sua mãe, Maria, era uma dona de casa muito religiosa, trabalhadora, tenaz em suas decisões. Sua tia Luísa era perseverante religiosa, plena de uma terna devoção pela Virgem Maria. Com seus dois irmãos e suas três irmãs manterá durante toda a sua vida uma relação de profunda proximidade, assim como com suas cunhadas, cunhados e sobrinhos, muitos dos quais se tornaram religiosos, religiosas e leigos empenhados. Era uma família onde se respirava a fé em Deus, o carinho e a confiança que tinham uns nos outros, o amor ao trabalho, a preocupação com os mais pobres, a colaboração social e o amor à Igreja. Marcelino teve desde criança uma experiência dolorosa, que contrastava totalmente com o que se vivia em seu lar, e que marcará toda a sua vida. Aquele professor impaciente e violento de Marlhes será a antítese daquilo que Marcelino, no futuro, vai querer para seus irmãos. Naquele momento ele decidiu que a família seria sua única escola. Mais tarde, ele mesmo se proporá de fazer de cada escola uma família. Durante sua juventude, como seminarista, Marcelino seguirá passo a passo as transformações de sua família. Nas férias, ele retorna a casa e ali trabalha, tornando-se o centro e a união de todos os seus irmãos e sobrinhos. Conservará fundamentalmente este papel até sua morte, em 1840. Podemos hoje afirmar que Deus se valeu daquela família
Champagnat-Chirat para oferecer, em germe, a Marcelino o dom precioso do “espírito de família”, que será parte essencial do carisma fundamental dos Irmãozinhos de Maria e que chegou até nós através da fidelidade criativa das gerações de irmãos. 2. A espiritualidade mariana conduz a sermos e a construirmos uma família. É impossível separar em Marcelino o seu amor por Maria e sua inclinação a ser e a construir uma família. Desde pequeno ele descobre que Maria está sempre no coração de toda a família. É ela que une, que anima, que dirige, que dá confiança e alegria, aquela que mostra o único centro possível de toda família, que é Jesus. Maria é sinônimo de família. Ela o será para Jesus, no período de sua infância e juventude, durante os 30 anos de sua vida escondida, no cotidiano comum, mas muito marcante. Por isso, não se deve estranhar que a primeira coisa que Jesus faz ao iniciar a sua vida pública é constituir uma outra família, a comunidade apostólica. E Maria não tarda muito a se incorporar a esta nova família. Ela tem então que aprender a construir um outro tipo de família, de uma nova maneira, mais ampla, mais forte, mais inclusiva, ou seja, a família dos que crêem em Deus, manifestado em seu filho Jesus. Uma família sempre aberta, sem fronteiras de raça, de credo, de ideologias, onde todos encontram o seu lugar, porque são filhos e filhas de Deus. Por essa razão não devemos estranhar que, ao pé da cruz, Jesus entregou-a a nós como Mãe, dizendo-nos: “Ela ensinará a vocês como se constrói uma família. Façam como ela dirá”. Ser presença de Maria na Igreja e no mundo significa ajudar a construir um tecido de relações humano-divinas que permita formar uma única família: “Pai, que todos sejam um, como nós somos Um” (Jo 17,22). 3. Marcelino quer que nós maristas sejamos uma família. 1