Aproximação Projetual Um olhar através do tempo
HELENA KOZUCHOWICZ 1
HELENA KOZUCHOWICZ Sob orientação do Prof. Me. Eduardo Pereira Gurian
Aproximação Projetual Um olhar através do tempo
Trabalho final de graduação apresentado à Escola da Cidade, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, para obtenção do título de arquiteta urbanista
são paulo 2017 3
Obrigada! Aos professores, mestres, famĂlia e amigos, pelas generosas trocas que levarei comigo como eterna aprendiz da arquitetura. 5
SUMÁRIO
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introdução
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o ESPAÇO EM FUNÇão do tempo
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UMA escolha AFETIVA
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SUA INSERÇÃO NA CIDADE
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ESCALA - EXERCÍCIOS DE DESLOCAMENTO
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a escala da cidade
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“REGISTRO, LOGO OLHO”
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uso/ ocupação
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barreiras
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a rua como porta dos fundos
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diagnóstico
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PROJETO
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O ESPAÇO de transição
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conclusão
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bibliografia
introdução O tema para esse trabalho surgiu a partir de indagações minhas em relação às decisões de projeto e, em especial, quais os fatores que as permeiam e determinam. Tentando recuperar, de certa forma, o ponto de partida de uma proposta arquitetônica, escolhi analisar, como metodologia de pesquisa, esse processo de construção projetual a partir da ótica do tempo. Assim, o objetivo do trabalho é entender como o tempo esta presente na proposição de projeto, e portanto, em sua forma. A questão do tempo pode ser observada, por exemplo, na forma em que nós nos projetamos no espaço. O tempo está vinculado a questão da nossa permanência nos espaços, e na forma com que nós nos relacionamos dentro deles. Para isso, uso a escala e o percurso como estratégias capazes de manipular a permanência da pessoa no espaço. Escolho um lugar no bairro de Pinheiros, em SP e o uso como objeto para minha investigação. Nele, fui capaz de me colocar a partir de dois pontos de vista distintos: um ponto de vista na escala macro e outro na escala mais aproximada. Para tais investigações, me aproximei das questões levantadas, afim de tentar esclarecê-las e comprová-las impiracamente, através de estudos de deslocamentos de escala e hierarquias projetuais, estudos de caso, desenhos de bordo e levantamentos nos estabelecimentos existentes. discorro, dessa maneira, sobre o projeto em questão no formato de um extenso memorial discritivo.
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o espaço em função do tempo s=f(t) Para usar, percorrer e se relacionar, tanto com o espaço, quanto com as pessoas, dispendemos do tempo. Os estudos da fisica revelam essa relação entre espaço e tempo a apartir da fórmula S=f(T), ou, o espaço em função do tempo. Nesse estudo, pretendi explorar essa relação e entender como as estratégias de escala e percursos proporcionadas pela arquitetura e urbanismo influenciam diretamente na relação que temos com o espaço de forma a afetar diretamente nas nossas relações interpessoais, visuais, entre outras. Através destas ferramentas, é possivel intervir no uso dos espaços de forma a melhorar a qualidade desta experiência por parte do usuário, e proporcionar maiores permanências.
Ligados ao período de permanência, os próximos dois casos trazem uma arquitetura efêmera em relação ao tempo. O projeto Folly for a Flyover, do coletivo inglês Assemble, apropria-se de um espaço residual sob um viaduto e não possui um programa específico, variando de horário e época de acordo com a demanda dos usuários. De dia possui um café e um espaço comunitário para reuniões e outras formas de interação. De noite, eventos, apresentações e outros tipos de reuniões. O espaço pertence e serve às pessoas que o usam, e seu foco principal são as novas relações estabelecidas. O projeto permite aos usuários criarem novas relações entre si e com a cidade. Folly a Flyover
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O Interaction Center (Cedric Price, Londres) se torna referência quanto à possibilidade de expansão. Este centro de bairro aparece como um grande complexo de lazer, unido por diferentes configurações internas, passíveis de transformação. O projeto não permanece muito tempo no local onde é instalado, e está relacionado diretamente ao tempo em que as pessoas levam para se apropriar dele. Ao projetá-lo, Price define uma temporalidade limitada e marca uma data de demolição, sendo possível desmontá-lo e reinstalá-lo em outro lugar, ganhando um novo sentido.
Interaction Center, Cedric Price, 1972
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UMA ESCOLHA AFETIVA Cursei o Ensino Fundamental e médio no Colégio Bialik, situado na Rua Simão Alvares, 680 e nos dias de período integral, no horário do almoço, se tornou tradição caminhar até a esquina do estacionamento do supermercado Mambo para comer um hot-dog de rua. Buscávamos um lugar aberto e informal para passar nossa hora de almoço. Com tantas possibilidades de restaurantes na região, preferíamos estar encostados no muro baixo com um “dogão” na mão. Ali estávamos próximos da Avenida Pedroso de Morais onde poderíamos comer uma sobremesa e visitar amigos no Colégio Palmares, sem contar a parada de 5 minutos na banca da FNAC no caminho de volta.
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inserção na cidade - Região de Pinheiros
av. Pedroso de Morais av. Brig. Faria Lima marginal de Pinheiros av. Rebouças
meu percurso 13
sua inserção na cidade O local a ser estudado situa-se no bairro de Pinheiros, entre quatro ruas: Rua Dep. Lacerda Franco, Rua Morás, Rua Prof. Antônio Arruda Malheiros e a Avenida Pedroso de Morais. Duas quadras se tornam objeto de estudo principal por estarem separadas pela Rua Malheiros, à qual denomino de “porta-dos-fundos”. Sua implantação na região que a torna um forte motivo de escolha como objeto de estudo. Identifico esta área como um grande ponto de distribuição e transição, se apresentando como um “nó” na cidade, envolvendo diversos elementos urbanos. Beirando às avenidas Pedroso de Morais, Rebouças e Faria Lima, as quadras são porta de entrada do bairro da Vila Madalena. É divisória do grande fluxo das avenidas e o baixo fluxo da zona residencial. É intersecção ao caminho da USP, Sesc Pinheiros, e está entre as estações Faria Lima de metrô (L4-Amarela) e Vila Madalena (L2-Verde), sem contar com a estação Pinheiros (CPTM L09, L4-Amarela) um pouco mais abaixo. Se conecta, de certa forma, com ícones marcantes da região como o Largo da Batata, a feira Benedito Calixto, feira Omaguás, escolas , Instituto Tomie Otahke e outros programas culturais ao seu redor.
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av. Pedroso de Morais av. Brig. Faria Lima marginal de Pinheiros av. Rebouรงas
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largo da Batata mercado Municipal de Pinheiros FNAC Instituto Tomie Ohtake Vila Madalena feira Benedito Calixto
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feira Benedito Calixto Quitandinha mercado lacerda
beco do batman
USP Sesc Pinheiros mercado de pinheiros big small bar das batidas
pitico bar
tartar & co z bar miscelânea cultural
capivara bar
largo da batata centro de música brasileira casa 92
cú do padre
delirium café
Surge a intenção de me aproximar desses programas do entorno, buscando confirmar a quadra em questão, como uma base articuladora da região.
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Partindo do programa que alimenta o fluxo Como proposta arquitetônica baseada, entre outras coisas, na continuidade do espaço urbano, entendo o Centro Cultural São Paulo (dos arquitetos Eurico Prado Lopes e Luiz Telles) como referência de articulação de uso com a cidade. O projeto se insere em um lugar bastante estratégico quanto às conexões possíveis ao usuário. Se situa entre a Rua Vergueiro e a Av. 23 de maio; entre as estações Vergueiro e Paraíso do metrô. Sua implantação e seu programa determinaram efetivamente a fluição do usuário pelo edificio tão bem inserido no meio urbano.
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a escala
exercícios de deslocamento A fim de compreender que escalas são essas que a arquitetura se implanta na cidade, e como se dá sua relação com a paisagem natural e construída, crio um deslocamento projetual por meio da colagem para gerar conflito e indagar sua importância relacionada ao seu entorno no que se refere ao usuário e a cidade. “Em que medida o desenho deste espaço interfere na percepção deste pelos usuários?” Assim enfatizo a importância da decisão da escala do projeto Rem Koolhaas em seu livro S,M,L,XL discorre sobre a preocupação em acertar a escala em primeiro lugar e como o trabalho projetual se organiza a partir disso. Quando trata da escala em relação á cidade, em “Delirious New York”, Afirma que o homem se perde na multidão, mas que há uma compensasão programática e funcional no uso do térreo, aproximando a escala do pedestre. A mínima manipulação ou mudança desta, pode fazer com que adotamos diferentes arquiteturas e situações na cidade.
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a escala da cidade A escala nesse sentido é tratada em relação à cidade e seu gabarito. Essa escolha se torna essencial, dada ao fato da quadra estar implantada na zona-ZC, que se depara com as novas ordens do plano diretor, o qual prevê um crescimento bastante significativo para essa região. Está entre uma zona de alta e baixa densidade, surgindo, portanto, o cuidado de resolver sua inserção na cidade de forma intermediária entre as duas zonas. Trago a importância dessa relação por conta das visuais estabelecidas tanto do bairro da vila madalena (baixa densidade), e do bairro de pinheiros (alta densidade) para a quadra do projeto, quanto desta para os bairros ao seu redor. Por mais que exista a possibilidade de crescimento vertical significativo para a região, a proposta não pretende alcançar seu potencial máximo construtivo. A ênfase é dada ao desenvolvimento de um programa horizontal, e, devido à demanda da cidade é proposto também um edifício residencial de 7 andares e aproximadamente 28m de altura, com as visuais desejadas como premissa do projeto e respeitando o gabarito existente do bairro em que a quadra pertence. Área construída permitida: 14.745 m2 Área construída do projeto proposta: 10.895 m2
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Potencial ZC Dados: frente mínima = 5 frente máxima = 125 área minima = 125m2 área máxima = 20.000m2 C.A mínimo = 0,3 C.A básico = 1 C.A máximo = 2 T.O = 0,70 gabarito de altura máxima = 48m frente (i) = 5 recuo lateral = 2m taxa permeabilidade = 15% emissão de ruido = 55
ensaio da previsão do potencial máximo construtivo da zona ZC, de acordo com as novas ordens do plano diretor
área de projeto
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largo da batata
av. faria lima
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av. pedroso de morais
ensaio das relações de gabarito com o entorno
área de estudo
rua deputado lacerda franco
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rua simão álvares
“registro,logo olho” “A primeira, a segunda, e a ultima realidade para ele (artesão ou artista) é o trabalho em si, o próprio processo de trabalho. O processo tem precedência sobre o resultado, mesmo porque o Segundo é impossível sem o primeiro.” (BRODSKY, Joseph “A cat’s meow”)
A arquitetura, muitas vezes, é projetada a partir do vazio no plano urbano. Faço aqui o exercício inverso, de propíciar um espaço urbano a partir da arquitetura existente. Me inteirar do lugar passou a ser essencial para o início do processo. De certa forma, durante essa aproximação minha com o espaço escolhido, percebi o início do do ato de projetar. Ou seja, ao investigar elementos que iriam abastecer as minhas premissas e eventuais decisções projetuais, fui capaz de desenvolver um reportório e estabelecer um posicionamento pela qualidade do uso do espaço urbano e promoção de condições para o encontro e a permanência, que já definiria o teor das futuras decisões projetuais para aquele espaço. Na atitude de registrar, a partir da observação, vamos além: há uma autêntica releitura do que se apresenta no espaço, uma opinião, um gesto, um novo ponto de vista, uma outra mensagem. Uso o desenho como forma de especulação, formação de idéia, e entendimentos espaciais, frizando assim, a importância do traço para o estudo da arquitetura. Desse modo, os desenhos aparecem, como forma de contar o processo do trabalho como um todo. A análise do uso dos equipamentos existentes, sua ocupação e seus percursos é feita através do tempo, como ponto de partida, a fim de tranformá-los. Considerando as 24 horas do dia, divido o registo desse processo investigativo em quatro períodos: manhã: 07h00 - 12h00, tarde: 12h00 -18h00, noite:18h00 - 24h00 e madrugada: 24h00 - 07h00.
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“ Um dos aprendizados do oficio é justamente saber olhar para o seu próprio meio e dele extrair lições – “espelhar” no ambiente em que vive intenções espaciais. Isso desenvolve o domínio do desenho como representação do espaço e a habilidade no controle da escala humana e sua relação com ele.” (O Edifício da FAU_USP de Vila Nova Artigas, 2016 p.91).
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“ As mãos estabelecem vínculos com a realidade, são nossas ferramentas de troca com o mundo. Assim como os olhos, as mãos podem nos informar sobre a realidade, no tato ou no contato, mas a troca acontece justamente na dimensão instrumental da mão, na possibilidade que ela nos dá de interagir ou modificar o mundo físico”. (PALLASMA, Juhani “The thinking Hand”)
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uso/ocupação
pontos de ônibus ciclovia comércio alimentício bares e discotecas estacionamentos/postos de gasolina
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uso/ocupação
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1- estacionamento Mambo 2- estacionamento 3- estacionamento 4- estacionamento 5- lote em desuso 6- Pet Shop Dog’s Day 7- discoteca - Estudio M 8- super mercado Mambo 9- lote em desuso 10- Arosa Massas 11- pizzaria Mamma e Gemma 12-lote em desuso 13- depósito Mambo 14- residência 15- Rancho do Serjão 16- Subway 17- loja De Fillipo 18- Telex
loja tecidos edifício residencial edifício residencial clínica psiquiátrica residência depósito Mambo residência residência residência residência posto de gasolina Iporanga Pollito Brasa loja objetos estacionamento lote em desuso
*programas relacionados ao comércio alimentício 28
relação espaços/quadras Mambo - 2.265 m² (20%) Discoteca Estúdio Emme - 1.080 m² (8%) Lojas - 878 m²(6,6%) Serviços de alimentação - 695 m² (5,2%) Estacionamentos - 3.129 m² (24%) Posto de gasolina - 634 m² (4,7%)
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relação de usos predominantes
Sendo a Vila Madalena e o bairro de Pinheiros bastante conhecidos por seus bares, restaurantes e feiras, pontuo as mais significativas da região, chamando a atenção para seu caráter alimentício e cultural.
Feira Omaguá
Feria Benedito Calixto
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Largo da Batata
Mercado Municipal Pinheiros
Feira Mourato Coelho
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07h00 - 12h00
12h00 - 18h00
7.756 m2 sĂŁo usados de 13.252,3 m2 do total das quadras. Uso total = 58%
24h 32
18h00 - 24h00
24h00 - 07h00
OCUPAÇÃO 100%
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HORAS
barreiras As barreiras urbanas que se formam nesta área são diversas, tanto no aspecto visual, quanto em sua fluidez. Essa questão se torna importante ao ser vista como núcleo de entrada para o bairro Vila Madalena, Existe uma grande impermeabilidade entre as divisas da Avenida Pedroso de Morais, no sentido em que as quadras bordadas à avenida de alto fluxo não se comunicam entre si e funcionam como duas regiões paralelas. Essa inacessibilidade se dá pelo alto fluxo de carros em três sentidos da avenida, a falta de faixa de pedestres, ou a desorganização delas, e o tratamento inadequado das esquinas das quadras adjacentes. A idéia seria uma melhor conexão entre elas, tornando-as mais acessíveis ao pedestre.
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“Olhar para os lados mais de três vezes para atravessar a rua ainda não é o suficiente para tantos sentidos dos carros, além das buzinadas. É preciso ir até à praça dos Omaguás, para de lá conseguir atravessar ao outro lado da rua. Um conturbado caminho para uma calçada tão próxima.”
av.Pedroso de Morais 35
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“A esquina tão ensolarada entre as ruas Dep. Lacerda Franco e Morás oferece um grande campo de visão, mas é pouco aproveitado pelos pedestres por apresentar um programa limitado como o estacionamento privado do supermercado, que se alonga por todo o restante de quadra , sem nenhum acesso na Rua Morás.”
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Rua Dep. Lacerda Franco 45
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a rua como porta dos fundos A relação de impermeabilidade se dá também numa escala mais aproximada. Meu primeiro olhar foi lançado sobre a rua Professor Antônio Arruda Malheiros. Podendo ser chamada de “viela”, esta rua divide a quadra em questão. A condição da rua me causou um enorme impacto por ser tratada como um fundo. Apresenta inúmeros fatores, que inibem a passagem e permanência do pedestre, favorecendo somente aos carros, e caminhões. São eles: - Predominância no uso de serviços, como depósitos, entre outros; - Estreitíssima largura de calçada (60 cm); - Altas empenas cegas (relativas ao tamanho da rua); - Diversos postes na extensão da estreita calçada, obrigando o pedestre a caminhar pela rua; - Buracos no asfalto; -“Ressaca”: lixo da noite anterior da discoteca, resíduos de alimentos e de materiais da carga/descarga do supermercado Mambo; - Mau odor causado pelo acúmulo de lixo; - Não há lixeiras; - Não há iluminação, tornando o lugar completamente inóspito durante a noite. Vista como uma área degradada vejo sua inclusão às quadras que as bordam como um bom início à sua solução urbana.
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levantamento das fachadas da rua Prof. AntĂ´nio Arruda Malheiros 54
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meu caminhar pela manhã “ Com um sol escaldante, ainda mais refletido pela enorme empena da discoteca pintada de preto, se inicia a atividade matutina da rua: o portão de sete metros e meio de altura do fundo do supermercado se abre para receber as mercadorias e distribuí-las em seu interior ao longo o dia. A rua é bloqueada pelos caminhões de carga que se instalam alí, das 10h às 13h. Para os vizinhos e pedestres, sobram dessa rotina diária, resíduos alimentícios, materiais de transporte espalhados pelo chão, mau odor, além de trânsito, ao sair de carro de suas casas: o tráfego de carros se acumula na Av. Pedroso de Morais e Rua Dep. Lacerda Franco por causa dos caminhões que congestionam a rua Malheiros.”
rua prof. Antônio Arruda Malheiros
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meu caminhar pela tarde “Alguns funcionários saem do supermercado para levar mercadorias nos depósitos distribuídos em alguns lotes da rua. Esse é o maior movimento neste período. Os poucos pedestres que passam por essa “viela” para chegar mais rápido ao seu destino, a percorrem pela rua asfaltada e esburacada, já que a calçada não cumpre seu objetivo. Além de conter somente 60cm de largura, há diversos postes na calçada, dificultando sua passagem. Uma característica que a Rua Malheiros oferece, é de se apresentar como um grande ponto de estacionamento para quem vai à algum lugar próximo. O carro, nessa situação, se torna protagonista, inibindo ainda mais a ocupação humana.”
rua prof. Antônio Arruda Malheiros
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meu caminhar pela NOITe “Do outro lado da Av. Pedroso de Morais já se vê a longa fila que contorna o quarteirão começando da esquina com a Rua Malheiros. O público da discoteca Estudio Emme se aglomera na calçada e acaba extrapolando para um trecho de rua. Soma-se a esse público, os vendedores ambulantes, oferecendo cigarros, chicletes e afins. Adentrando à Rua Malheiros a discoteca se abre para o fumódromo, criando outra concentração de pessoas.”
rua prof. Antônio Arruda Malheiros
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meu caminhar pela MADRUGADA “ Durante a madrugada o espaço se torna bastante inóspito, salvo algumas excessões. A esquina com a Av. Pedroso de Morais ainda se mantém como um ponto de encontro de quem entra e sai da discoteca, vendedores de hot-dog e pessoas que saem da lanchonete Subway na quadra ao lado. Na rua Malheiros, os pedestres se aproveitam do estreito espaço entre a empena da discoteca e os carros estacionados para conversar ou até para situações mais íntimas.”
rua prof. Antônio Arruda Malheiros
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diagnóstico A análise tinha como objetivo descobrir quais seriam os programas predominantes do lugar com relação à uso, ocupação e percursos, a fim de aproveitá-los da melhor forma. O diagnóstico a partir do estudo realizado é de uma quadra com baixa ocupação e três programas predominantes: Estacionamentos, Supermercado Mambo e a balada Estudio Emme. Por mais que os três ocupem a maior parcela do espaço da quadra, são utilizados somente em determinados momentos do dia/noite. O surpermercardo Mambo é o grande protagonista. Ocupa a maior área, e abastece o fluxo da região, recebendo uma grande quantidade de pessoas no período da manhã e no período da tarde. Sua entrada principal se situa na Rua Dep. Lacerda Franco, onde está o estacionamento privado, que corresponde ao espaço de mais da metade da quadra como um todo. A propriedade se estende por boa parte da Rua Malheiros, onde possui depósitos e docas para carga/ descarga de alimentos. A discoteca Estudio Emme funciona no lote conjugado ao supermercado e é outro ponto de grande interesse na região como programa ativo que atrai um público considerável no período da noite e madrugada. Seu acesso principal está situado na Av. Pedroso de Morais e no seu interior apresenta uma loja e bar no acesso à pista. As pessoas se concentram também na Rua Malheiros, fumódromo na lateral da casa de eventos. A opção de incluir estes dois programas na proposta, leva em conta também a característica gastronômica e boêmia do bairro. Dessa forma, decido como premissa manter o surpermercado Mambo e o Estudio Emme na proposta com o desafio de expandir suas potencialidades num projeto harmonioso à região.
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O projeto pretende expandir os programas mantidos para além de seu uso específico, desdobrando-o para o restante da quadra. Se aproveita, assim, o potencial alimentício já consolidado, requalificando e enriquecendo os espaços. Esse é um dos pontos de partida projetual onde se pretende criar elementos que possibilitem não só o comprar, mas também desenvolver novas oportunidades de vivência. É neste momento que o uso vai além do programa e modifica o tempo de permanência no espaço. Este plano se dá a partir da recuperação de espaços subutilizados e do reposicionamento do estacionamento e docas para o sub-solo. O programa abraça o surpermercado e a discoteca, propiciando oficinas de culinária, restaurantes, horta e bar. A partir deste núcleo, a proposta se desdobra em lotes comerciais, espaços expositivos e recreativos. De forma contínua, o projeto envolve toda a quadra, propiciando novas condicões no uso do espaço e desenvolvendo variadas oportunidades de vivência ao longo do dia e da noite.
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Diagrama de uso/tempo de Rem Koolhas para o projeto em Yokohama, Tóquio
“A grande questão sobre o local era que já estava sendo utilizado por muito tempo: era quase totalmente ocupado por dois salões de mercado enormes, sendo que um era estacionamento. Em 20 anos, esta poderia ser uma das áreas mais densas do Japão. A presença permanente do mercado foi garantida, em outras palavras: para servir a cidade, eles tinham que ficar. Mas percebemos que, embora tenham dominado fisicamente a ilha, eles eram usados intensamente apenas entre as 4:00 e as 10:00 da manhã. No resto do dia, nada acontecia.” (S,M,L,XL . KOOLHAS, Rem. p.1221)
Similar ao diagnóstico apresentado por Rem Koolhas, o elemento tempo, nos deu pistas de como pensar no uso, e assim partir para um desenho propositivo. 89
situação atual
construções descartadas/realocadas edifícios mantidos bloqueio de quadra centrada em sí mesma deslocamento da rua Prof. Antônio Arruda Malheiros
Tendo esta área como um grande potencial de distribuição, vejo a necessidade de tratar suas conexões e permeabilidades na escala do pedestre. Criam-se dois eixos com a intenção de abrir esse centro de quadra para novas alternativas na cidade, quebrando as barreiras citadas inicialmente. Um eixo de abertura da Rua Malheiros à Rua Morás, e outro eixo desde a Av. Pedroso de Morais à rua Dep.Lacerda Franco. Esses eixos permeáveis permitem novas conexões físicas e visuais às ruas adjacentes a quadra, convidando o usuário aos programas oferecidos. Pretende-se tratar as circulações internas como ruas e os pátios como praças. Estas, situadas
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Desenho de intensão permeável
cota 745.0
novos respiros edifícios mantidos
tanto nas esquinas da Av. Pedroso de Morais e Rua Dep. Lacerda Franco, quanto no miolo central de quadra, articulando os usos que se distribuem em seu perímetro. A diferença topográfica natural do terreno são articuladas ao máximo para serem exploradas. Assim, o projeto se desenvolve respeitando três níveis essenciais: A cota mais baixa 742.00, onde se encontra a Av Pedroso de Morais, o nível intermediário 745.00, que conecta tanto a Rua Morás, quanto a Rua Malheiros, e por fim, a cota mais alta 747.00 na Rua Dep. Lacerda Franco, acesso principal do mercado Mambo.
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Croquis 93
PROJETO A proposta projetual se apresenta aqui em diagrama na sua totalidade em relação ao que oferece como programa. A partir daqui, será apresentada em etapas.
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“Um rizoma não começa nem conclui, ele se encontra sempre no meio, entre as coisas, inter-ser, intermezzo. A árvore é filiação, mas o rizoma é aliança, unicamente aliança. A árvore impõe o verbo “ser”, mas o rizoma tem como tecido a conjunção “e... e... e...”
Estacionamento e carga/ descarga do supermercado
Circulação horizontal (Elemento permeável)
Comércio, espaços recreativos e culturais
Edifício residencial
Circulação vertical 95
(DELEUZE E GUATTARI, 1995, p. 36).
O projeto proposto tem forte relação com o conceito de rizoma apresentado por Deleuze e Guattari no livro “Os mil platôs”, na forma como se apropria do terreno, do entorno e de suas funções intrínsecas. A noção de rizoma foi adotada da botânica, da estrutura de algumas plantas cujos brotos podem ramificar-se em qualquer ponto, assim como engrossar e transformar-se em bulbo ou tubérculo; funcionando independente de sua localização na figura da planta, servindo para exemplificar um sistema epistemológico onde não há raízes, mas, pelo contrário, qualquer elemento pode afetar ou incidir em qualquer outro.
O projeto cria múltiplas conexões, que se apresentam tanto na escala macro da conformidade da quadra com os programas adjacentes, portanto `a cidade, como da quadra em sí, criando uma malha que amarra os programas propostos aos já existentes. Tais conexões são descritas e enfatizadas ao longo de todo o processo.
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Planta - 2o subsolo nível 736.50 escala 1:500
N
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1 - estacionamento 2 - circulação vertical
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Planta - 1o subsolo nível 740.0 escala 1:500
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1 - docas carga/descarga do supermercado 2- estacionamento 3- depósitos (para servir os estabelecimentos comerciais) 4 - circulação vertical
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Propõe-se um redesenho da Rua Malheiros, deslocando-a um pouco da quadra a fim de ampliar a calçada e nivelá-la com a rua. Modifica-se assim seu caráter principal, dando mais importância ao pedestre que por alí passa. Proponho a extensão da rua para dentro da proposta de projeto através, dentre outras formas, da pavimentação como sua extensão. A rua em questão, antes paralela e divergente à quadra, é integrada à esse eixo, configurando uma fluição mais continua da cidade. “A falta de limites/determinações serve como convite para que as pessoas decidissem como iriam se relacionar umas com as outras e com o espaço oferecido da cidade, tendo como mais importante gerar o relacionamento.” (SENNET, Richard. O artífice)
Por mais que os projetos tenham escalas distintas, trago a referência da FAU-USP (arquiteto Vilanova Artigas) por resolver o tema de continuidade da cidade, a partir de sua pavimentação. O mosaico português aplicado na entrada do edifício, pavimento tradicional típico de calçadas e praças, dá a ela uma conotação urbana e de área externa. A escolha do piso em outras áreas do edifício, como o saguão do auditório, assume seu uso para além do âmbito da escola, trazendo a cidade para dentro, dando lugar ao compartilhamento. 102
A Rua Guaicuí, também na região de Pinheiros é um bom exemplo quanto à ampliação de calçada. Ao promover este mecanismo, propiciou uma grande mudança no modo de usá-la e extender seu programa, abrigando as mesas dos bares e restaurantes existentes. De noite, toda a extensão da rua é apropriada como uma larga calçada, lotada de pessoas. O carro, intimidado ao passar, com uma só faixa e sentido, reduz sua velocidade para 30km/h.
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A fim de estudar os acessos que permeam a quadra, trago o Arcade Canopy, em NYC (arquiteto Preston Scott Cohen) e a Galeria Vittorio Emmanuelle, em Milão (arquiteto Giuseppe Mangoni), enquanto conformidades de espaços a partir do trajeto. Arcade Canopy proporciona uma conexão coberta entre uma sede corporativa, um hotel, um cinema e um centro comercial. Sua passagem oferece uma síntese excepcional das condições do local circundante.
A partir do momento em que se tráz um elemento à escala do pedestre, abrigamos o usuário e o convidamos a acessar esse lugar.
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Além de o projeto sugerir uma nova forma de conexão, ele configura novos espaços em seu momento de entrada e saída, criando uma nova situação e gerando encontros.
“Esse é o poder da arquitetura: eu parei em dias diferentes, manhã e noite. As mesas de café derramadas dos restaurantes, e o Shake Shack ancóram a extremidade da arcada (na Murray Street), e é sempre cheio de crianças que vêm dos campos de bola ao lado”. (KIMMELMAN, Michael. New York Times
2012)
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O mesmo acontece na Galeria Vittorio Emanuele. A รกrea coberta com seu centro octogonal sugere uma forte conexรฃo entre o Duomo (antiga praรงa das galinhas)e a Piazza de La Scala (antiga San Fedele).
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Através da ação de cobrir a passagem entre os edifícios de galerias e lojas, se comprime o fluxo e garante a permanência no local, estimulando programas como cafés e restaurantes e gerando novos usos. Nesse sentido, o percurso guia o uso, ligando pontos importantes da cidade.
Na medida em que a projeção do edifício residencial e as passarelas do patamar superior se tornam cobertas, as passagens indicam o fluxo de entrada. Dessa forma, assim como nas referências apresentadas, a passagem e seus respectivos usos adjacentes se ramificam, convidando o pedestre a acessar o local. 107
Planta - pavimento térreo nível 745.0 escala 1:500
N
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9
12 13
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a ru rás Mo
1 - mercado anexo ao Mambo 2 - estudio Emme 3 - bar 4 - mezanino (Estudio Emme) 5 - casa de apoio ao Estudio Emme 6 - oficina de culinária 7 - comércio e serviços 8 - restaurante/escola 9 - galeria/ Espaço cultural 10- bicicletário 11 - espaço recreativo
12 - banheiros 13 - depósito 14 - circulação vertical (acesso ao edifício residencial) 15 - circulação vertical (acesso ao estacionamento e térreo elevado) 16- circulação vertical (acesso ao supermercado) *intervenção na construção existente
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rua Dep. Lacerda Franco
rua prof. AntĂ´nio Arruda Malheiros
1 16
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3
8
4
12
5 14
2 6
0
2.
74
0
2.
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Morais roso de av. Ped
corte A - longitudinal escala 1:500
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corte B - longitudinal escala 1:500
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CAMINHAR
INTERAGIR
CULTIVAR
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o espaço de transição
Na qualidade do espaço urbano se constitui as condições para o encontro e o diálogo entre áreas de ordens diferentes. Alí converge a ordem da cidade e a ordem da própria proposta projetual. Nesse “nó” de intersecção situado, dentre outros, no miolo central de quadra, se estabelecem os encontros cruzados daqueles que passam ou por ali permanecem. Abordo, dessa maneira, a importância do espaço livre criado entre-usos. Visto como um espaço transitório, são um bom centro de convergência, e uma ótima oportunidade de gerar novas descobertas. “O espaço livre, é espaço cheio”
(MONTANER, Josep Maria. 2008. “Sistemas Arquitetônicos Contemporâneos” p.58)
Vendo a cidade como um cenário, e o pedestre como personagem, a arquitetura, então, seria a responsável por articulá-los, criando novas cenas e situações. 116
Listo alguns verbos, como forma de representar simples atitudes que deveriam estar mais presentes em nosso cotidiano, num espaço de permanência: -
interagir caminhar cultivar esperar jogar contemplar descansar
Associo o conceito, ao salão caramelo da FAU-USP. Os ambientes, além de conectados ao acesso, estariam voltados a um grande saguão central que porporcionaria a interlocução entre os usuários.
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CAMINHAR
INTERAGIR
ESPERAR
DESCANSAR
CONTEMPLAR
JOGAR
JOGAR
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CAMINHAR
INTERAGIR
ESPERAR
DESCANSAR
CONTEMPLAR
JOGAR
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Planta de mezanino nível 748.0 escala 1:500
N
3
6
a ru rás Mo 10
1 - supermercado Mambo 2 - comércio e serviços 3 - espaço recreativo 4 - praça anexa ao Mambo(abriga comércio informal) 5 - bicicletário 6 - circulação vertical (acesso ao edifício residencial)
7 - circulação vertical (acesso ao estacionamento e térreo elevado) 8 - circulação vertical de acesso ao mercado térreo anexo ao Mambo 9 - núcleo de elevadores para carga/ descarga *intervenção na construção existente
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rua Dep. Lacerda Franco
1
4
rua prof. AntĂ´nio Arruda Malheiros
9 7
8
6
5
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Morais roso de av. Ped
Corte C - longitudinal escala 1:500
Núcleo gastronômico O programa distribuido ao redor da quadra, é apresentado a seguir: Primeiro, multiplica-se os acessos ao supermercado. Além de sua entrada original, cria-se uma circulação pela lateral até a Rua Malheiros, esquina com a Rua Lacerda Franco e, aproveitando uma abertura já existente, é feita uma ligação com o centro da quadra (praça central). Propõe-se, como extensão ao Mambo, um mercado mais informal voltado à Rua Malheiros, que se expande para a praça de esquina, e que recebe um comércio mais efêmero, com quisques de comidas entre-outros. Na continuidade desta extensão enconstra-se um bar voltado para o meio da quadra, agregado ao mezanino do Estudio Emme, com funcionamento tanto de dia como de noite.
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Oficinas de culinária, restaurante e comércio especializado funcionam como um grande núcleo alimentício complementar e suas respectivas atividades no nível térreo. Esse programa abastece os moradores, trabalhadores e visitantes da região que queiram comer algo mais rápido em sua hora de almoço, podendo se sentar nos diversos pontos oferecidos, fazer compras no supermercado, aproveitando para tomar um café, ou mesmo aqueles que queiram se sentar em um restaurante e se alongar.
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INTERAGIR
DESCANSAR
CONTEMPLAR
ESPERAR
CULTIVAR
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INTERAGIR
CULTIVAR
CAMINHAR
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CAMINHAR
INTERAGIR
DESCANSAR
CONTEMPLAR
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uso comercial O comercio é inerente a atividade do ser humano, desde uma longa perpectiva histórica. Foi uma das primeiras razões de deslocamento do homem do meio rural ao meio urbano. Ao se deslocar para a cidade, ele realizava trocas comerciais e, portanto, interagia com outras pessoas. Divididos em três blocos, decorrentes do desenho de fluxo desejado, são inseridos no térreo, espaços comerciais com mezaninos de serviço, destinados à diferentes opções de uso, sugerindo lojas, escritórios e outras atividades como cursos e oficinas.
Com diversas referências na cidade de São Paulo onde isso ocorre, me aproximo da solução térrea do edifício Esther (arquitetos: Álvaro Vital e Adhemar Marinho - situado na Praça da República, centro de SP) onde o núcleo de circulação vertical está intercalado, e portanto, integrado ao comércio de rua e espaço público da cidade. É neste “conflito” em que o cotidiano do morador do prédio se cruza com o dos pedestres que transitam por alí, criando relações diferenciadas. 132
Vejo a inserção de um edifício residencial num embasamento público como um aspecto bastante positivo, a medida em que um alimenta o outro. Essa relação se repercurte tanto no térreo, como no patamar superior propostos pelo projeto.
133
133
CONTEMPLAR
INTERAGIR
DESCANSAR
JOGAR
O bloco situado na esquina da Rua Dep. Lacerda Franco com Rua Morás apresenta um diferencial. Em seu espaço interno abriga uma área livre destinada a galerias e exposições, além de lojas de uso comercial variado como os outros edifícios. No seu exterior, por estar voltado à uma esquina valorizada da quadra, usa sua fachada como palco de atividades físicas e culturias, como parede de escalada e projeções de cinema, por exemplo. É articulada à uma escadaria de leve declividade que, além de servir de platéia para o que se apresenta na referida parede, é também um dos acessos para o complexo. Este edifício portanto, contribuí com a versatilidade do espaço, propicando atividades culturais, físicas e recreativas, tanto diurnas como noturnas.
dia
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noite
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135
CONTEMPLAR
INTERAGIR
DESCANSAR
Planta de Cobertura (Térreo elevado) nível 751.0 escala 1:500
N
3
a ru rás Mo
1 - parque horizontal 2 - horta 3 - circulação vertical (acesso edifício residencial) 4 - circulação vertical
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rua Dep. Lacerda Franco
rua prof. AntĂ´nio Arruda Malheiros
4
1
3
2
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ais de Mor droso av. Pe
corte D - transversal escala 1:500
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Uma extensão da cidade se projeta na cobertura dos edifícios térreos configurando um “parque horizontal” com uma horta. Seus acessos se dão tanto pelos blocos de circulação vertical conectados aos edifícios no nível da rua, como pelas passarelas horizontais. Nas rampas e passarelas é eliminada a noção de corredores e passagens como elementos de circulação unicamente, dispondo dos trajetos também como espaços de sociabilização.
Isso ocorre no interior do CCSP e da FAU-USP, onde, afora os espaços de convívio propostos pelos respectivos arquitetos, é por meio das passarelas que os programas se conectam e oferecem a interação entre os usuários.
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Exploro aqui o aspecto visual quanto à interação entre as pessoas em diferentes níveis estabelecidos no projeto.
O pátio interno do CCSP, também apresenta essa relação visual entre os diferentes patamares do edifício.
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CAMINHAR
INTERAGIR
DESCANSAR
JOGAR
CULTIVAR
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CAMINHAR
INTERAGIR
CULTIVAR
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Planta tipo (Edifício Residencial) nível 753.0 escala 1:500
N
2
1
a ru rás Mo
Sem ignorar o potencial de verticalização da região e o caráter residencial do bairro, um edifício de moradia se apresenta em plano secundário no projeto, dado o foco escolhido em tratar dos espaços públicos, do pedestre e seus encontros. O espaço residencial/privado é interessante neste caso, quando se trata de sua insersão com o meio público e sua conexão harmoniosa com os programas no nível da rua, com o objetivo de abastecimento mútuo. O edifiício possui sete pavimentos, sendo seu patamar intermediário livre com pé-direito duplo de uso comum aos moradores, e os demais patamares divididos em 57 apartamentos de 50 m² (10 por andar) com dois dormitórios, e 27 apartamentos de 35 m² (5 por andar) com um dormitório. 1 - apartamentos de 50 m² 2 - apartamentos de 35 m²
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rua Dep. Lacerda Franco
rua prof. AntĂ´nio Arruda Malheiros
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s Morai o de edros P . av
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imagens isomĂŠtricas 149
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conclusão Para concluir, retomo a relação de uso dos espaços propostos pelo projeto com um ensaio de ocupações e percursos, a partir do tempo.
Gráfico especulativo da relação uso/tempo da proposta de projeto OCUPAÇÃO 100%
80%
60%
40%
20%
0% 7
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residencial comércio Mambo e sua extensão estúdio Emme e sua extensão
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HORAS
DIA
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NOITE
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“Seja qual for o significado do espaço e do tempo, lugar e ocasião significam mais. Pois o espaço na imagem do homem é lugar, e o tempo, é ocasião” (ERNEST VAN EYCK, Aldo. 1996)
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BIBLIOGRAFIA SORIANO PELAEZ, Federico. 2002 “Sin Tesis : Manifiesto razonado”. PALLASMAA, Juhani. 2009 “The thinking Hand” KOOLHAS, Rem; MAU, Bruce; WERLEMANN,Hans. 1995 “S,M,L,XL” MONTANER, Josep Maria. 2008 “Sistemas Arquitetônicos Contemporâneos” GEHL, Jan. 2009 “ Life between Buildings - Using Public Space” GEHL, Jan. 2010 “ Cities for People” BAROSSI, Antonio Carlos. 2016 “O edifício da FAU-USP de Vila Nova Artigas” HERTZBERGER, Herman. 1999 “ Lições de Arquitetura” DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. 1995-1997. “Mil Platôs” SECCHI, Bernardo. 2006 “Primeira lição de urbanismo” CARERI, Francesco. 2002 “Walkscapes, O caminhar como prática estética” SENNET, Richard. 2009 “O artíficie”.
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