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ESPERAMOS UM FUTURO RISONHO PARA MOÇAMBIQUE

JERRY MOBBS CEO da Vodacom em Moçambique

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em 2018, pouco mais de metade da população dispõe de um telemóvel, e desses, somente um terço tem um smartphone. No entanto, os últimos anos mostram um mercado a crescer perto dos 20% ao ano (em África e também em Moçambique), algo dificilmente repetível em qualquer outro segmento. Lançado o desafio para projectar como será o mapa das telecomunicações e a sua ligação com o desenvolvimento tecnológico e digital do país, Jerry Mobbs, o CEO da Vodacom (hoje com seis milhões de clientes), antevê que em 2028 a cobertura de rede será total, e lança um olhar sobre as implicações que essa mudança estrutural terá na vida de milhões de moçambicanos.

Se estivéssemos em 2028, o que seria diferente no mercado das telecomunicações e, por consequência, no país?

O que seria um dia típico nessa altura… (sorri) Bem, a cobertura de rede nessa altura será total, seja pelas ligações em fibra pelos balões da Google (o projeto Loon é uma rede de balões que viajam pelo espaço com o objectivo de estender a conectividade à Internet a zonas rurais e remotas de todo o mundo), e a Internet será eventualmente 7G. Com todas as mudanças sociais e económicas que isto implica, porque estamos a dizer que, nessa altura, todos os moçambicanos terão acesso aos mercados, à informação e a todo um mundo novo.

Toda essa tendência de crescimento assenta nas operadoras?

Não há soluções mágicas. Os custos de tudo isto são elevados, e internamente procuramos sempre desenvolver soluções low cost. Mas naturalmente existirão parcerias, porventura até entre as próprias operadoras. A Uber, por exemplo começou com a App que é um sucesso global e ainda assim decidiu integrar o seu código no Google Maps, o que é bom para ambos. Este tipo de parcerias aumenta a conectividade e diminui custos. É uma tendência de hoje, que se vai notar perfeitamente no futuro, aqui em Moçambique ou em qualquer parte do mundo.

Nesse sentido, quais serão os grandes desafios dos próximos 10 anos?

Eles passarão por expandir a rede de cobertura e criar plataformas virtuais para facilitar a vida das pessoas. Hoje as redes móveis são a plataforma que liga as gentes de todas as formas. Do nosso lado (dos operadores), faremos com que os custos sejam cada vez mais acessíveis ao consumidor. E é por isso que nos próximos anos seremos a quilha do navio, a plataforma e a rede que permite que muita coisa à nossa volta se desenvolva com a nossa base, porque o mundo de hoje evolui nesse sentido.

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curriculum vitae

Jerry Mobbs nasceu em Singapura. Ao longo dos últimos 20 anos desenvolveu a sua carreira na área das telecomunicações. Foi anteriormente, CEO da Augere no Bangladesh e trabalhou também em vários mercados no Médio-Oriente, Ásia, e Europa Oriental, que lhe trouxeram uma sólida compreensão dos mercados em desenvolvimento. Em 2012, chegou a Moçambique para ocupar o cargo de CEO da Vodacom, tendo levado a multinacional a disputar a liderança do mercado.

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A próxima década será de bancarização. O mPesa tem crescido em clientes em toda a África e também em Moçambique. É uma aposta de presente e de futuro?

É um grande exemplo de utilização da plataforma para chegar a mais pessoas. O mPesa tem 3 milhões de utilizadores em Moçambique, metade dos nossos clientes. Muitos deles não têm conta bancária e o que estamos a fazer é enquadrar-nos nessa política, de incluir a população no sector financeiro e no sector formal. Mas somos uma empresa de telecomunicações, não somos um banco. Não seremos concorrência à banca, e temos falado com eles. Seremos uma solução low cost complementar aos serviços bancários, que muitas vezes não conseguem chegar às localidades remotas, por não ser lucrativo ali abrir um balcão.

A empresa tem-se mostrado atenta ao universo das startups. Porquê?

Sim, o caso do portal “Biscate” é um bom exemplo disso. Hoje é fácil os mais jovens aprenderem linguagem de programação. É universal, e é fascinante como tantos jovens estão a aparecer com ideias inovadoras com implicações na solução de problemas do dia-a-dia. Não iremos, para já, fazer uma incubadora, mas fizemos outra coisa. Abrimos a plataforma do mPesa a todos os programadores, para que possam integrar as suas aplicações (pagamentos de chapa, transportes, encomendar uma refeição) e deixaremos o mercado decidir.

TEXTO PEDRO CATIVELOS E HERMENEGILDO LANGA FOTOGRAFIA JAY GARRIDO

PROXIMIDADE Jerry Mobbs tornou-se conhecido em Moçambique pelo facto de, quando chegou, ter abolido as divisórias nos escritórios e de ter a sua secretária num open space, juntamente com toda a equipa.

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