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socIedade
MoçaMbique no top do airbnb eM África
O mercado de alojamento temporário está a mudar em todo o mundo e Moçambique não é excepção. Após a especulação desenfreada dos primeiros anos da década, há um novo fenómeno (ou já nem tanto assim) com um crescimento exponencial no país e no continente, amplificado pelo plataforma Airbnb
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desde que se lançou à conquista de África, a Airbnb, startup tecnológica norte-americana que permite às pessoas pesquisarem, anunciarem e reservarem quartos ou casas inteiras na internet, registou para cima de 130 mil anfitriões (“hosts”) no continente, os quais acolheram mais de 3,5 milhões de visitantes. A maioria dos forasteiros chegou apenas no ano passado, como uma erupção súbita que catapultou, num ápice, sete países africanos para o seio dos territórios onde as dormidas aumentaram, no último ano, mais de cem por cento. De tal modo que, no clube restrito dos dez países que mais cresceram dentro da Airbnb a nível planetário se encontram, além da Nigéria e do Gana, o improvável Moçambique, cuja ocupação via Airbnb aumentou, no primeiro semestre do ano, 136 por cento. A aventura conjunta de Maria Cristina Gouveia e Patrícia Tomás, crismada de Amo Maputo – House & Experience e já com nove casas listadas na plataforma Airbnb, é contribuinte líquida para o êxito moçambicano da startup de viagens sediada em San Francisco, Califórnia. E o inverso também ocorre, porque a relação entre a Airbnb e a Amo Maputo, fundada em Agosto de 2017 por Gouveia e Tomás, tem sido proveitosa para todos: “No Airbnb, os hóspedes avaliam-nos e nós a eles, o que protege os ‘hosts’ de pessoas indesejáveis. E a resposta da Airbnb às nossas dúvidas e solicitações é imediata e focada no problema, porque o objectivo de todos é que tudo corra pelo melhor”, alega Gouveia. Tem corrido. Desde logo, para a Airbnb, cuja estatística é esmagadora: criada em 2008 por três jovens estudantes – Brian Chesky, Joe Gebbia e Nate Blecharczyk –, os quais alugaram, via internet, um quarto na casa partilhada para conseguirem pagar a renda, está hoje presente em 191 países (31 com escritórios) e tem mais de 5 milhões de anúncios de alojamento cobrindo virtualmente o Mundo inteiro, com um número médio de dormidas por noite orçado em mais de dois milhões de hóspedes.
Serventia no trabalho e no lazer E esses, no caso da Amo Maputo, são tipicamente “pessoas que vêm a trabalho, viajantes profissionais, por temporadas relativamente curtas. Depois, e principalmente em Agosto e Dezembro, e ainda um bocadinho pela Páscoa, temos os turistas, que vêm visitar Moçambique ou familiares dos expatriados que cá estão mas não têm casa capaz de os acolher a todos”, informa Patrícia Tomás. Com preços mais acessíveis do que os hotéis e sem as restrições daqueles, as casas da Airbnb são a opção mais interessante, tanto do ponto de vista económico como de acomodação, para os visitantes que dispensam mordomias e tutelas. Segundo dados do primeiro semestre deste ano, a “maioria dos hóspedes que têm ficado nas mais de 1 200 ofertas listadas na Airbnb em Moçambique (casas ou apenas quartos, em proporções iguais) é proveniente de África do Sul, seguida dos EUA e do Reino Unido. Os viajantes internos são o quarto maior grupo”, contabiliza Velma Corcoran, Directora da Airbnb de África do Sul e supervisora da região austral. A experiência de Henrique Granjeia, residente em Moçambique desde 2001 e ligado ao sector bancário, confirma a estatística: com casa de três quartos situada na Ponta do Ouro – a estância balnear mais cobiçada no sul de Moçambique –, os seus hóspedes principais “são de África do Sul, do Botswana, europeus e norte-americanos que se encontram no país ao serviço de multinacionais e das ONG”, diz. Tal como no caso de Granjeia, os viajantes internos africanos são os que melhor aproveitam as vantagens da Airbnb. Embora usada por estrangeiros que vêm
sociedade
à descoberta do continente, ao expandir o leque de opções de estadia para lá dos hotéis e resorts de luxo, o alojamento a preços acessíveis oferecido pela Airbnb alivia alguns padecimentos aos viajantes internos que enfrentam, por toda a África, desafios significativos devido à complexidade processual dos vistos e aos voos dispendiosos.
toque de Midas e trabalhos de Hércules Mas, se bem serve os viajantes, a Airbnb mais apraz aos “hosts”, num conúbio proveitoso para todos. Pelos cálculos de Velma Corcoran, “no continente Africano, os ‘hosts’ já ganharam mais de 400 milhões de dólares desde a fundação da Airbnb”. Alheio às contas dos outros, Granjeia salienta o acréscimo financeiro que a casa na Ponta do Ouro, “ocupada practicamente a tempo inteiro”, proporciona: “A determinada altura, precisei de dinheiro e coloquei a casa na plataforma; passado ano e meio, dá-me mais um ordenado por mês”, diz o bancário que, “se tivesse mais casas para alugar, colocava-as todas no Airbnb”, sublinha. Há quem o faça, dada a soma de rendimentos, o que justifica o crescimento exponencial da oferta listada em Moçambique. No entanto, nem todos conhecem o êxito da Amo Maputo ou de Granjeia; neste negócio, não há lugar ao milagre do mítico Midas, cujo toque converte lixo em ouro. Pelo contrário, o esforço envolvido para alcançar o estatuto de “superhost” – o anfitrião que, reconhecido pela excelência de serviço, se torna mais recomendável na plataforma Airbnb – é, não raro, hercúleo. “Dá resultados, mas também dá muito trabalho”, alerta Granjeia. “É necessário ter um bom empregado, que seja eficiente e de confiança. E a manutenção é fundamental, temos de estar sempre em cima”, refere o único “superhost” da Ponta do Ouro. “Não sei se a concorrência tem os mesmos parâmetros de exigência que nós, tanto do ponto de vista dos serviços oferecidos, como do ponto de vista fiscal e legal”, cogitam Maria Gouveia e Patrícia Tomás, as empresárias que, na área da capital, ostentam o mesmo estatuto que Granjeia e com ele partilham a filosofia do cuidado impoluto. “Temos quatro colaboradores permanentes para manutenção das casas e outros tantos eventuais em caso de necessidade. Porque a qualidade da manutenção – além de ofertas complementares, como guias bilingue da cidade e do que ela tem para usufruir, além de bicicletas disponíveis para excursos sem
Penthouse em Central Cape Town, um dos muitos destaques do Airbnb, na África do Sul
pressas, por exemplo –, é um requisito fundamental no Airbnb”, dizem. “Fazemos sempre uma vistoria exaustiva no check-in e no check-out dos hóspedes. Nunca facilitamos”. E o reconhecimento dos hóspedes reflecte-se nos encómios ao conforto das casas e à simpatia eficaz das empresárias, que enchem a caixa de comentários da Amo Maputo...
Hotelaria de topo ignora concorrência Mas não há bela sem senão, e algumas zonas do globo também começam a não facilitar a vida à Airbnb e respectivos “hosts”. Não obstante, o crescimento exponencial que tem conhecido e o contributo para os cofres municipais de muitas cidades por via da tributação especial aos hóspedes, algumas urbes, como Barcelona, em Espanha, e Berlim, a capital alemã, vedaram as operações à startup californiana. Para não prejudicar sectores já estabelecidos da economia, alegaram. Como a indústria hoteleira. Em África começam a levantar-se algumas vozes nesse sentido, como são os casos da Namíbia e da Tanzânia, onde a plataforma do Airbnb tem enfrentado proble-
130
mil casas É o número de habitações que actualmente estão registadas na plataforma airbnb no continente africano
Airbnb COM CreSCiMenTO bruTAl eM ÁfriCA... e MOçAMbique
MOçAMbique nO ‘TOP 3’ AfriCAnO de ChegAdAS OferTA de AlOjAMenTOS lOCAiS ‘exPlOde’
Contactado pela E&M, o Airbnb forneceu dados exclusivos sobre o crescimento do número de chegadas e alojamentos locais disponibilizados na plataforma
Em percentagem de crescimento de check-in no sistema no primeiro semestre de 2018
nigéria
gana
moçambique
costa do marfim
argélia
egipto
zimbabué 213
141
136
113
105
104
104
Em milhares de casas registadas no sistema
15 28 61 99 130
2014 2015 2016 2017 2018
3º
Em 2018, Moçambique está no ‘top’ dos mercados africanos com maior crescimento de check-in no Airbnb É a média de crescimento anual do número de alojamentos incritos no Airbnb em toda a África. Desde 2014, cresceu 766%
191%
FONTE AIrbnb
mas de regulamentação e licenciamento. Em Moçambique, essa conversa ocorre ainda em surdina. O entendimento, pelo menos dos hotéis de topo, é o de que há espaço para uma coexistência pacífica. “Temos de definir muito bem o produto de que estamos a falar. Os hotéis de cinco estrelas e o alojamento do Airbnb encontram-se em universos completamente diferentes e nada concorrenciais entre si. No Serena Polana Hotel não oferecemos alojamento apenas, mas antes uma série de serviços com garantia de excelência; oferecemos, no fundo – e é isso que nos move – toda uma experiência”, alega Abhishek Singh Negi, director do hotel de cinco estrelas mais famoso de Maputo. O discurso de Negi encontra eco no director de operações do Grupo VIP Hotels em Moçambique. “Eu próprio sou utilizador da Airbnb, mas estamos falar de segmentos de mercado absolutamente distintos. Quem recorre ao Airbnb é mais o turista mochileiro, que nunca teve a intenção, nem o interesse, de ficar num hotel de cinco estrelas”, afirma Dado Gulamhussen. “As pessoas que recebemos no VIP Grand Hotel Maputo são homens de negócios que não pretendem só um sítio para dormir, mas sim todos os serviços que estão associados, como salas preparadas para reuniões, por exemplo”.
Maná turístico Numa retórica convergente com os seus pares de outras latitudes, Negi e Gulamhussen alertam, porém, para a necessidade de regulamentar a nova realidade do mercado: “Porque se nós somos taxados – e não é pouco – não vejo razão para que plataformas como a Airbnb não o sejam também e pela mesma medida”, defende Gulamhussen. Negi concorda. “É necessário regulamentar e não tentar impedir. Porque as pessoas estão mais alertadas para os preços do alojamento, fazem pesquisa antes de viajar, e é uma questão de oportunidade e de gosto”, diz. E, com a lucidez dos homens viajados e atentos às novas tendências, não tem dúvidas de que “fenómenos como o da Airbnb não vão parar. Pelo contrário – vão crescer cada vez mais”, afirma. “Mas vai haver lugar para todos”. E todos vão ser muitos, porque no horizonte da Airbnb o continente africano constitui uma alavanca poderosa para os negócios do futuro. “Estamos a investir, em África e até 2020, um milhão de dólares em projectos de turismo liderados pelas comunidades”, afirmou Velma Corcoran. Como paradigma desse investimento alocado pela Airbnb, referiu o Africa Travel Summit, conferência que decorreu em Cape Town, África do Sul, e organizada pela startup californiana. Um movimento de antecipação, porque o continente conhecido por ser o fornecedor, há centúrias, das matérias-primas que alimentam as indústrias ocidentais e asiáticas, começa agora a explorar um novo filão entretanto inaugurado: o Turismo. Com a vantagem de ser sustentável, está entre os sectores que mais crescem em África, tendo contribuído com quase 178 mil milhões de dólares (cerca de 8,1%) para o PIB do continente em 2017, de acordo com o Conselho Mundial de Viagens e Turismo. E a tendência é não parar de crescer. Até quando?
tExto Elmano madaíl fotogrAfiA Jay Garrido
OPINIÃO
Pobreza, Crescimento Económico e Preocupações com o Bem-Estar
Salim Cripton Valá • PCA da Bolsa de Valores de Moçambique
a temática da riqueza das Nações e da distribuição do rendimento tem raízes longínquas no pensamento económico, mesmo tendo em conta que a sua abordagem não se impôs sem profundos e controversos debates. Nos anos 1970, foi reconhecido que o crescimento económico só por si não reduziria a pobreza com uma rapidez aceitável e de forma abrangente, tendo feito com que organismos como o Banco Mundial e as Nações Unidas tomassem a sério as abordagens para a superação da pobreza. A redução da pobreza tem sido um dos principais objectivos constantes nos programas de governação de diversos países, e no passado foi muito relacionada com a falta de rendimentos, em dinheiro ou espécie, visando a satisfação das necessidades básicas. Mas como a pobreza é um fenómeno multidimensional, é volátil e não uma fatalidade, a definição numa perspectiva monetarista não permitia incorporar as diversas perspectivas da pobreza, com ênfase para o acesso aos serviços básicos, o consumo, posse de activos duráveis, entre outros. Hoje se reconhece, mesmo para o caso de Moçambique, que não obstante os avanços alcançados desde a viragem da década 1990, o progresso não tem sido uniforme, variando em função de cada zona e do tipo de indicador usado. Desde a segunda metade dos anos 1990, que Moçambique enveredou pelos programas estratégicos de redução da pobreza, uma iniciativa do Banco Mundial orientada para os países menos desenvolvidos, e iniciou a implementação do Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA), na sua primeira geração (2001-2005) e segunda geração (2006-09), e mais tarde implementou o Plano de Acção para a Redução da Pobreza (PARP), cobrindo o período 2011-14, e sem a explicitação de absoluta. Com base nos Inquéritos aos Orçamentos Familiares (IOF), feitos com uma periodicidade quinquenal, o índice de pobreza na óptica do consumo foi de 69,7% (1996-97), 52,8% (2002-03), 51,7% (2008-09) e 46,1% (2014-15). Como é evidenciado, regista-se uma redução da pobreza, exceptuando o período entre 2002-03 e 2008-09 (em que houve na prática uma estagnação do índice de pobreza, pois a subida foi insignificante), mas essa redução tem-se situado aquém das projecções, já que no PARPA II previa-se que a incidência da pobreza seria de 45% em 2009, e no PARP seria de 42% em 2014, ou seja, planificaram-se reduções da pobreza mais significativas do que as que efectivamente ocorreram (Cf. PARPA II, 2016; PARP, 2011 e IOF, 2015). Hoje, é já um dado adquirido que as abordagens de combate à pobreza devem ser feitas com uma forte combinação com o crescimento económico e o desenvolvimento do capital humano, este último sendo simultaneamente um fim e um meio do progresso económico, incluindo a educação, saúde, nutrição e redução da fertilidade. Muito embora os diversos países difiram entre si na prioridade que atribuem aos objectivos distributivos, parece haver consenso quanto à necessidade de reduzir e, até certo ponto, eliminar a pobreza absoluta, sobretudo porque ela é uma condição de vida caracterizada pela má nutrição, analfabetismo e doença, que está abaixo de qualquer definição de nível de decência humana. Os pobres são um grupo heterogéneo, alguns vivendo razoavelmente e outros estando no limiar da sobrevivência. Uma boa colheita, uma semente nova, remessas de familiares imigrantes ou a oportunidade de trabalhar num projecto de construção de estradas nas redondezas podem contribuir para elevar o rendimento da família camponesa. Além dos seus baixos rendimentos, os pobres tem algumas características em comum: vivem em famílias numerosas e com elevado número de dependentes, mais de 2/3 vivem nas áreas rurais ou nas zonas peri-urbanas, muitos deles dependem da agricultura de baixa produtividade e rendimento para a sua sobrevivência, diversificam pouco os seus rendimentos, 4/5 do seu rendimento é usado para a obtenção de alimentos, a sua dieta alimentar é monótona e limitada, a sua habitação é precária e não oferece adequado conforto, padecem frequentemente
A longo prazo, é mais avisado apostar em três tipos de políticas que se reforçam mutuamente: a melhoria da distribuição da riqueza, a aceleração do crescimento e, por fim, o controlo das variáveis demográficas que influem, e de que maneira, no desenvolvimento
É um dado adquirido que as abordagens de combate à pobreza devem advir da combinação entre crescimento económico e desenvolvimento de capital humano
de doenças evitáveis e a grande maioria dos adultos é analfabeta. Pelo que foi exposto, os pobres possuem um elevado grau de vulnerabilidade, que suscita a precaução e a aversão ao risco e não são resilientes aos choques económicos e climáticos. Quer a pobreza seja avaliada pelo rendimento baixo, por reduzida esperança de vida ou pelo analfabetismo, há uma forte correlação entre a prevalência da pobreza num país e o seu PNB per capita, o que sugere que parte da solução para a pobreza está no crescimento económico. Estudos empíricos têm mostrado, igualmente, a importância estratégica de factores como a distribuição adequada de rendimento pelas populações mais desfavorecidas, o crescimento económico elevado num período longo (não abaixo de três décadas), a acumulação de capital humano e o aumento da produtividade no uso dos recursos disponíveis. Autores como Edelman & Chenery (1977) recomendam que, mesmo que a curto prazo, se fique com a tentação de escolher entre o crescimento e a distribuição, é mais provável que no longo prazo seja mais avisado apostar em três tipos de políticas que se reforçam mutuamente, a saber: (i) melhoria da distribuição; (ii) aceleração do crescimento; (iii) controlo das variáveis demográficas que influem no desenvolvimento. Na mesma perspectiva se posiciona Irma Adelman (1975) ao estudar o processo de desenvolvimento em países como Japão, Coreia do Sul, Israel, Singapura e Taiwan, mostrando que eles seguiram uma sequência dinâmica de estratégias similares: (a) redistribuição radical, algumas vezes acompanhada por taxas negativas de crescimento; (b) acumulação maciça de capital humano e formação especializada muito além da procura do momento, e; (c) políticas económicas dirigidas ao rápido crescimento económico intensivo em trabalho (incluindo tecnologias apropriadas e promoção do comércio externo). Segundo a autora, a estratégia desses países não foi “cresce agora, redistribui e educa depois”, como ocorreu em algumas economias ocidentais capitalistas, mas “redistribui e educa agora e cresce depois”. Na verdade, essa forma de abordagem é esquemática, mas enfatiza a necessidade da redistribuição estar sempre presente nos processos de desenvolvimento. O economista indiano Amartya Sen (2003) sempre se preocupou em compreender a situação económica dos mais desfavorecidos e porque eles vivem à margem do que se considera bem-estar. A curiosidade filosófica de Sen levou-o a questionar os pressupostos mais básicos de economia, perguntando insistentemente, “afinal é pobreza de quê?” A resposta da economia convencional era “é pobreza de dinheiro, de comida e abrigo, ou seja, as pessoas são realmente pobres quando lhes faltam bens materiais.” Para A. Sen, o problema é muito mais vasto do que isso. Ter uma vida boa implica uma série de capacidades, como ter boa alimentação, ser saudável, ter instrução, ser parte de uma comunidade, viver num ambiente democrático, estar seguro, ter informação, e assim por diante. Para o autor, o desenvolvimento da sociedade é a expansão de capacidades, no domínio económico, mas também nas esferas cultural, social, política, institucional e ambiental. A. Sen postula que o verdadeiro desenvolvimento se refere ao crescimento da própria liberdade, que coloca o crescimento económico como condição necessária, mas não suficiente, exigindo a superação da pobreza e o alcance do verdadeiro bem-estar.