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fIgUra do MÊs
raquel nobre Directora-geral da Qideia
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no final de mais uma edição do Maputo Fast Forward, o balanço é “muito positivo”, sendo que a plataforma de divulgação, debate e junção de agentes das indústrias criativas atingiu, este ano, uma dimensão invulgar para a realidade nacional. Raquel Nobre, fundadora da Qideia, que produz o MFF desde a sua primeira edição, explica à E&M como se cria o sucesso de um festival singular como este, e antevê qual será o seu futuro.
Fundou a QIDEIA num momento de quebra do mercado e alcançou notoriedade com um festival de indústrias criativas… Isto tinha tudo para dar errado, mas não deu, pois não?
Passei pela Rio Tinto, onde cresci muito profissionalmente, e quando começou a crise, em 2015, decidi fazer o meu próprio caminho, reunindo o que aprendi numa grande multinacional, mas tentando dar um toque pessoal às coisas, algo que falta muitas vezes nestas áreas, e que se sente na comunicação externa e interna, se ela for bem feita. Isso pode fazer toda a diferença na percepção que temos de uma empresa, de uma marca. Depois, inesperadamente surge o MFF. Acabávamos de juntar toda a equipa e fa-
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raquel Nobre é directora-geral da Qideia, uma agência de comunicação vocacionada para a estratégia e implementação de produtos de comunicação e fundadora do Maputo fast forward. antes, trabalhou vários anos na multinacional rio tinto.
MFF
lámos da possibilidade de celebrar o Dia Mundial da Criatividade. E de uma coisa bastante simples, em que organizámos um dia de conferências com cerca de dez conversas a acontecer em simultâneo, em dois espaços da Fundação Leite Couto, mas que teve um impacto tão forte em quem lá esteve, e em nós próprios, surgiu a ideia de fazer algo mais.
Nasce assim o MFF…
Sim. Decidimos criar a plataforma para que fosse um espaço para unificar todos os actores da criatividade. A segunda edição ganhou já um certo embalo e comecei a pensar, enquanto gestora, que provavelmente haveria aqui um potencial tremendo, a vários níveis. Nesta terceira edição, e com um modelo de negócio já mais definido, conseguimos transformar o Maputo Fast Forward numa plataforma mais complexa de divulgação, criação e lançamento de novos projectos.
Tendo atingido este ano uma dimensão assinalável, promovendo ciclos de exposições, conferências e workshops simultaneamente em galerias, cinemas e centros culturais de Maputo, para onde evoluirá o MFF?
Há toda uma evolução no sentido de Maputo se tornar um ponto de referência em termos de capital de criatividade. Vejo o MFF a evoluir como plataforma que expõe a criatividade de Moçambique no mundo. E começo a ver um modelo de negócio sustentado na participação cada vez mais próxima e efectiva dos nossos parceiros comerciais em toda esta dinâmica que estamos a criar, e a apontar em direcções cada vez mais inovadoras e disruptivas. A próxima etapa será o desenvolvimento de projectos pelo MFF ao longo de todo o ano, fazendo um link entre os agentes da inovação, instituições de ensino e as diversas audiências.
Seguindo esse caminho, quais são as perspectivas para os próximos anos?
Pretendemos tornar este, num acontecimento de referência nesta região de África. Somos bastante abrangentes ao nível da programação desenhada pelo Rui Trindade e a restante equipa que assume o projecto durante todo o ano. O MFF ainda não está potenciado ao limite como modelo de negócio, mas os nossos principais parceiros, como a Embaixada da Suíça ou o Barclays Bank Moçambique, sabem que estamos a consolidar a marca e a criar um novo mercado. Todo este segmento das indústrias criativas tem, depois, um valor inestimável para o próprio país. Agora é uma questão de fazer crescer a abrangência e a forma de nos relacionarmos com os parceiros. Este ano, por exemplo, um dos nossos convidados para uma conferência veio do Reino Unido porque ouviu falar de nós e queria ver in loco a capacidade de fazermos algo do mesmo género, em parceria, na Europa. A esse respeito, ainda recentemente fechámos uma parceria com a Southern Africa Arts e conseguimos entrar numa rede de cinco festivais deste género, na região.
Depois de quatros anos de uma “nova vida”, era isto o que imaginava?
Sem dúvida, não me vejo a fazer outra coisa da vida senão gerir a QIDEIA e poder fazer crescer este nosso, porque já é de todos nós, Maputo Fast Forward. Não consigo imaginar outro caminho.
texto Pedro Cativelos Hermenegildo langa fotografia Jay garrido