Carapau capturado ilegalmente em Benguela vai ser posto no mercado Economia: Fontes do Ministério das Pescas em Benguela avançaram a OPAÍS que as
autoridades angolanas ponderam vender parte considerável do pescado capturado de forma ilegal nos mares de Benguela e a outra destinar-se-á ao apoio a famílias vulneráveis. Para o desfecho do caso, o João Lourenço orientou o cumprimento da lei. P. 21 www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @jornalopaís facebook/opaís.angola @jornalopais
Director: José Kaliengue
O diário da Nova Angola
Edição n.º 1893 Quinta-feira, 09/07/2020 Preço: 40 Kz
Angola a um passo dos 400 infectados e com 22 óbitos de Covid-19 Em foco: Nas últimas 24 horas foram confirmados mais 10 novos casos de contágio por Covid-19 na província de Luanda, dos quais um óbito, elevando a contagem de mortos para 22. Os casos positivos totais são, agora, 396, havendo 117 recuperados, anunciou, ontem, o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda P. 2
Sindicalistas aconselham o Executivo a criar condições para o próximo ano lectivo l O SINPROF e o SINPTENU entendem que, com a subida exponencial de casos de Covid-19, é altura de se melhorar as condições das escolas e construir mais salas de aulas, aumentando, para o efeito, a fatia disponiblizada no Orçamento Geral do Estado. P. 10
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Macon projecta expansão para Nigéria e África do Sul l Depois da República Democrática do Congo e da Namíbia, a operadora de transportes rodoviários pretende expandir-se em África, tendo como principais mercados a Nigéria, a África do Sul, a Zâmbia, o Botswana e o Congo Brazzaville. P. 18
“Fundistas” alinhados na corrida à presidência da FAA
Segundo pesquisa
Homens angolanos superam mulhres na defesa da igualdade salarial P. 24
l Os candidatos ao cadeirão máximo da Federação Angolana de Atletismo (FAA) são obrigados a convencer a massa votante, uma vez que os problemas que enfermam a disciplina são conhecidos mesmo de olhos fechados. P. 28
e ainda no cartaz: Movimento Cultural do Cunene homenageia professor António Didalelwa com Antologia Poética
Governo quer Centro Histórico de Mbanza Kongo destino turístico obrigatório
Pintura “Tours d’arme” de Vieira da Silva vai a leilão na Christie’s
EM FOCO
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O PAÍS Quinta-feira, 09 de Julho, de 2020
ACTUALIZAÇÃO COVID-19 Diária sobre o Coronavírus A partir do Centro de Imprensa Aníbal de Melo
Angola a um passo dos 400 infectados e com 22 óbitos de Covid-19
Nas últimas 24 horas foram confirmados mais 10 novos casos de contágio por Covid-19 na província de Luanda, dos quais um óbito, elevando a contagem de mortos para 22. Os casos positivos totais são agora 396, havendo 117 recuperados, anunciou, ontem, o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda Nambi Wanderley
Maria Teixeira
N
esse momento, o país regista 396 casos confirmados, dos quais 257 estão activos, seis requerem cuidados especiais, um está em estado crítico e os restantes clinicamente estáveis nas unidades sanitárias de referência. A estatística indica 101 pessoas sem vínculo epidemiológico. Em declarações à imprensa na habitual actualização do balanço diário sobre a pandemia no país, em Luanda, Franco Mufinda, disse que os novos pacientes têm idades que vão dos 7 aos 84 anos, sendo seis do sexo masculino e quatro do feminino. No que tange a distribuição por localidades de casos, apontou Viana, Belas, Maianga, Cazenga, Ingombota e a Samba como as mais afectadas. Em relação ao último óbito, apesar de não revelar a idade, Franco Mufinda explicou que se trata de uma cidadã angolana que aparentava ser saudável há mais ou menos uma semana, altura em que iniciou um quadro de astenia marcada por cansaço e febre. “Inicialmente, foi reportado um quadro como se se tratasse de malária. A posterior, nos últimos dias, ela iniciou com um quadro de descuido respiratório que se agravou, apesar das medidas que foram tomadas, tendo culminado em óbito”, disse. Franco Mufinda fez saber que as autoridades de saúde começaram a intensificar a testagem na comunidade, com enfoque
em alguns grupos de risco e nos hospitais de referência, bem como em grandes conglomerados em que, na sua maioria, as medidas de bio-segurança não estão a ser cumpridas. “Temos vindo a anunciar desde a semana passada a recepção de testes rápidos da Abbot, que são testes autorizadas pela FDA, que é a entidade norte-americana que certifica medicamentos e produtos alimentares inerentes ao ser humano”, recordou. No entanto, garantiu que tais testes têm uma alta sensibilidade e especificidade, possibilitando que se faça um rastreio mais
seguro em determinadas populações. O governante explicou que em caso de ser um teste reactivo, nem sempre significa que o caso é positivo. Pode significar, por um lado, o despoletar do processo da imunidade que expressa a leitura da chamada IGG na comunidade, ou expressar que a pessoa está na fase activa que é IGM, ou seja, tem essas duas possibilidades. 1000 pessoas testadas no mercado do Cantiton Por outro lado, Franco Mufinda disse que 1.000 pessoas que frequentam o mercado do Catinton
fizeram, ontem, o teste de Covid-19. Dentre elas, 44 foram reactivas aos testes e, destas, três tiveram a banda IGM, ou seja, três pessoas expressaram que estão na fase activa da doença. Entretanto, o governante advogou a necessidade de se isolar o mercado e aos testados do conjunto dos demais que passaram pelo processo de rastreio comunitário. Disse que as 41 pessoas que tiveram leitura IGG já construíram imunidade, sendo que já se cruzaram com o vírus. Segundo o secretário de Estado para a Saúde Pública, a provín-
Hoje mais 2.000 pessoas serão testadas nos mercados do 30 e Kikolo A campanha massiva de testagem aleatória nos mercados informais de Luanda prossegue hoje, às 8 horas, nos mercados do 30, município de Viana, e do Kikolo, município do Cazenga. Franco Mufinda fez saber que se pretende testar em massa mais 2.000 pessoas nos dois mercados. Na últimas 24 horas foram processadas 1.686 amostras, das quais 10 positivas e 1.676 negativas. No entanto, 1.481 foram testes rápidos serológicos realizados, sendo 1.000 em Luanda e 481 no Cuanza-Norte, dos quais 71 foram reactivos e aguardam confirmação por RTPCR. Neste momento, o país tem um total de amostras recebidas de 31.319, das quais 396 positivas, 24.853 negativas e 5.328 se encontram em processamento. Franco Mufinda disse, por outro lado, que a quantidade de pessoas a cumprir a quarentena institucional em todo país é de 935, sendo que, nas últimas 24 horas, 35 pessoas receberam alta, das quais 28 na província de Luanda, três no Huambo, duas na Huíla, uma no Bié e outra em Malanje.
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Polícia preparada para multar cidadãos sem máscaras na via pública
O director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Ministério do Interior, sub-comissário Waldemar José, adverte que a partir de hoje o cidadão que for apanhado na via pública, nos mercados, nos transportes colectivos ou em qualquer estabelecimento comercial sem o uso de máscara será conduzido a uma esquadra policial e seráo retido. Se não efectuar o pagamento da multa será remetido a julgamento sumário para que o magistrado judicial faça a sua parte. Disse ainda que quem for encontrado com a máscara mal posicionada será aconselhado. Waldemar José apela aos cidadãos para não darem a oportunidade de lhes ser aplicada a multa e / ou detenções, acatando as medidas previstas na lei. “Caso contrário, as forças de defesa e segurança serão obrigadas a aplicá-las”. Fez saber a multas aplicadas aos cidadãos devem ser pagas na Conta Única do Tesouro do banco BCI, com o número 63557990/10/001, e tem como Iban AO-06000-50000-6355799010-197. “Toda e qualquer infração que for cometida pelos cidadãos e que será resultante na aplicação de uma multa é para essa conta que deverá ser paga”, frisou. O sub-comissário apresentou, ontem, as medidas a ser implementadas pelas forças de defesa e segurança, à luz do Decreto Presidencial nº 184/20, de 8 de Julho, que começou a vigorar hoje. Este diploma legal estabelece as medidas a implementar durante a vigência da cerca sanitária em Luanda e no município do Cazengo, província do Cuanza-Norte.
País com 330 casos de transmissão local O secretário de Estado para a Saúde Pública fez saber que foram investigados 515 casos suspeitos, enquanto os contactos sob investigação chegam 2.270 pessoas e os casos de transmissão local apontam para 330. O Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) recebeu, no período em referência, 118 chamadas, das quais sete denúncias de casos suspeitos de Covid-19, 14 denúncias de violação do estado de calamidade e 97 pedidos de informação sobre o vírus. Disse que, fruto do aumento de casos, foram tomadas medidas de reforço, com o objectivo primordial de cortar a cadeia de transmissão. São medidas que orientam, sobretudo, o uso obrigatório de máscara em todos os locais públicos. Reiterou o distanciamento físico, a redução das aglomerações de pessoas, a lavagem das mãos com frequência com água e sabão, a não violação das cercas sanitárias e a manutenção das mesmas olhando para o Cazengo. Por outro lado, Franco Mufinda disse que os angolanos que já se encontram no país provenientes do Zimbabwe, Zâmbia e Ìndia, foram rastreados e apenas quatro pessoas testaram positivo, porém, continuam em isolamento.
cia do Cuanza-Norte fez esse tipo de teste nos dias 6, 7 e 8. Nos dois primeiros dias conseguiram testar 481 pessoas, destes 27 reagiram ao teste serológico, sendo que cinco já estavam na fase activa da doença, enquanto 22 já
tinham constituído imunidade. “Somando 44 mais 27, isso nos leva a 71 pessoas que foram reactivas ao teste e ao procedimento a seguir é a colheita das amostras para o encaminhamento ao laboratório que faz o exame a ba-
se da biologia molecular”, detalhou. Contou que ainda que além desses casos que reagiram também somaram alguns casos negativos no seio da comunidade.
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4 destaques política. PÁG. 8 Ministra das Finanças participa em reunião do Fórum de Paris e G-20
SOCIEDADE. PÁG. 12 MASFAMU reafirma trabalho na igualdade do género e empoderamento da mulher
cartaz. PÁG. 14 TMovimento Cultural do Cunene homenageia professor António Didalelwa com Antologia Poética
Economia. PÁG. 18 Macon projecta
expansão para Nigéria e África do Sul
o editorial
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hoje: os números do dia
O vírus e as imunidades
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uando se diz que alguém reagiu a um teste serológico de despiste do novo Coronavírus, o SARS-CoV-2, causador da Covid-19 e revelou que desenvolveu imunidade ao vírus, isto, pela lógica, significa que a pessoa já teve contacto com o vírus, já esteve infectada. São os casos tidos como assintomáticos, que não desenvolvem a doença, mas isso que não significa que não sejam transmissoras.
Com o início da testagem em massa e aleatória, naruralmente que vão surgir mais caos de contágio e, sobretudo, mais casos de pessoas que desenvolveram imunidade ao vírus. Isto significa que algumas destas pessoas poderão ser incluídas no grupo dos infectados sem vínculo espidemiológico conhecido. Ou seja, rapidamente se terá de assumir a transmisssão comunitária. E, o que mais se teme, que se alargue o espaço geográfico de circulação do novo Coronavírus. Poderá não ser apenas Luanda e o Cuanza-Norte.
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Fiscal, dos quatro da Administração Municipal do Lubango envolvidos na agressão a uma zungueira, foi detido pelo SIC naquela cidade. A agressã resultou em graves ferimentos que levaram a mulher ao estado de coma. Amostras foram colhidas na província do Namibe e enviadas para análise laboratorial em Luanda, segundo o porta-voz da comissão provincial multissectorial Casos de tráfico de seres humanos foram registados no país, segundo a secretária de Estado para os Direitos Humanos e Cidadania, Ana Celeste Januário, nesta Quartafeira.
Máscaras cirúrgicas, meios de bio-segurança e bens alimentares foram doados, Terça-feira última, ao Governo do Cuanza-Norte, por uma empresa chinesa que opera no ramo da construção civil.
o que foi dito Mundo. PÁG. 22 Director-geral da OMS cancela participação em evento britânico após EUA confirmarem saída da organização
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As fronteiras angolanas registam um intenso movimento de entrada e saída de pessoas, propiciando, de certa forma, alguma facilidade para os traficantes”
Ana Celeste Januário secretária de Estado para os Direitos Humanos e Cidadania
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Tomamos medidas rápidas para retardar a propagação do vírus. O que nos deu tempo para nos prepararmos” Vera Daves Ministra das Finanças
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Estamos a aproveitar a oportunidade para acelerar a nossa agenda de reformas, a fim de promover um melhor ambiente de negócios” Vera Daves Ministra das Finanças
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5 e assim... José Kaliengue Director
Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com o cientista político Sérgio Dundão e compreenda mais sobre os principais problemas políticos que afligem o país
E a vida de zungueira vale?
U
m mulher, mãe, zungueira, foi agredida por quatro brutamontes que envergavam a farda de fiscais da Administração Municipal do Lubango. Eram a autoridade do Estado naquele momento. Era o Estado a agredir mulheres a socos e pontapés, tendo uma delas ido parar inconsciente ao hospital e necessitado de intervenção cirúrgica urgente. Tinha sofrido ferimentos internos. Como quase sempre, foi necessário o recurso à comunicação social para que os seus familiares fossem ouvidos. Um dos agressores foi detido. Que alguns fiscais agem como bandidos, isso já se sabia, as queixas são mais do que muitas. Que o Estado às vezes assobia para o lado, também já se sabia, ou os abusos não se repetiriam com tanta frequência. Que mulheres vão à zunga por necessidade, para a sobrevivência das suas famílias, isso também tem de ser sabido, está estudado. E que tudo isto apenas se alterará com o efeito de boas políticas públicas e melhor distribuição da riqueza, também as mães todas sabem. Mas há uma coisa que não entendo neste caso particular. O que não entendo é o silêncio quase absoluto da chamada sociedade civil. Não me venham com a conversa da Covid-19. O mundo inteiro mandou as “covides” todas às urtigas e levantou-se para protestar contra a morte de George Floyd pela Polícia norte-americana. O que se passa com os activistas dos direitos humanos em Angola? Tomaram o quê? lhes deram o quê para tanto silêncio? É só por não ter acontecido em Luanda o espancamento? tal como foi no caso da kitandeira morta em Caluquembe? O Governo pode desenhar as políticas que desenhar e o SIC pode até ir detendo alguns dos abusadores, mas a sociedade deve ajudar mostrando que tais coisas simplesmente não podem acontecer.
www.opais.co.ao Kamumura (Japao) Inundações matam pelo menos 18 pessoas após chuvas record (DR)
o que vai acontecer Política A proposta do Orçamento Geral do Estado Revisto (OGE) para 2020 vai à discussão e votação, na generalidade, na próxima reunião plenária da Assembleia Nacional (AN) agendada para o dia 14 deste mês. A decisão foi tomada nesta Quarta-feira na confererência de líderes dos grupos parlamentares, orientada pelo presidente da AN, Fernando da Piedadade Dias Dos Santos. OGE 2020 revisto prevê receitas e despesas estimadas em 13 biliões, 588 mil milhões, 678 milhões, 595 mil e 437 kwanzas.
Economia As autoridades do município do Bailundo (Huambo) começam a vacinar, por dez dias, um efectivo de 185 mil animais, para prevenilos de diversas doenças, algumas das quais com transmissão directa aos humanos. A informação foi prestada hoje, quarta-feira, à ANGOP, pelo chefe de secção da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas na municipalidade, Morais Fortuna, salientando que em comparação ao período anterior, perspectiva-se um aumento de 20 mil animais.
Pandemia O Gabinete Provincial dos Transportes do Namibe promove uma campanha de sensibilização dos automobilista e passageiros para o cumprimento das medidas de prevenção contra a Covid-19. Segundo o chefe de departamento de Tráfego e Mobilidade Urbano no Namibe, Sandro Santos, este trabalho está a ser feito ao longo dos pontos de entrada de viaturas provenientes das províncias de Huíla, Luanda e do Cunene e nos parque de estacionamento destes veículos, onde é feita a higienização.
Pandemia O Ministério da Saúde apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em Luanda, a partir das 19 horas.
E também... Dia Mundial pelo Desarmamento - 9 de Julho O objectivo deste Dia Internacional do Desarmamento é retirar o maior número possível de armas de fogo de circulação, de forma a diminuir as mortes, os feridos e a violência em geral. O tema é tão importante que, na ONU, funcionam órgãos exclusivamente a trabalhar na questão do desarmamento. Cada país do mundo tem a sua legislação relativamente ao comércio e ao porte de armas. Com o aumento dos ataques terroristas a pressão sobre os governos para mudar a legislação aumenta, em países como os Estados Unidos, por exemplo.
6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058
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no tempo do kaparandanda
Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao
opaís
Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao (Editor) Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Alberto Bambi, Augusto Nunes, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela), Brenda Sambo, Maria Custódia e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto), Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images
Assistentes de Redacção: Antónia Correia, Rosa Gaspar, Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMER, S. A. Luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor) Isabel Dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, TalatonaLuanda. Tel: 222 009 444 República de Angola
Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares
1960
1984
09 de Julho de. - A URSS ameaça 09 de Julho de - Angola e disparar mísseis sobre os EUA caso os Portugal passam a estar ligados por norte-americanos façam qualquer tentativa comunicações telefónicas automáticas. para derrubar o governo de Fidel Castro em Cuba.
09 de Julho de
1986
- O Presidente Mário Soares convida o seu homologo angolano, José Eduardo dos Santos, a visitar Portugal.
carta do leitor
Há que respeitar a democracia dos outros Caro director Votos de boa saúde a todos os jornalistas e trabalhadores do jornal OPAÍS nestes tempos de Covid. Eu há coisas que não compreendo. Os nossos jovens bebem muito, até mesmo moças com filhos pequenos. Alguns, se é para irem trabalhar, não vão porque há Covid, mas também não páram em casa. Outros mesmo os que não trabalham, não ficam em casa, é só lhes ver a conviver e a consumir álccol. Mas se as pessoas dizem que não podem ficar em casa, que estão desempregadas à procura de dinheiro para o pão do dia a dia, de onde vem o dinheiro para as bebedeiras? É que alguns casos não é convívio, é mesmo bebedeira. Na minha rua, de manhã cedo já estão a se juntar. Não vão trabalhar por-
DR
que estão dispensados por causa da Covid, o Estado ainda está a tentar salvar as vidas deles, mas eles mesmos nem querem saber. Só organizam sentadas, com bebidas e barulho.
As moças nem pensam na saúde dos filhos. Não sei onde vai parar a nossa juventude. Embora o país seja democrático, em algumas coisas é preciso chicote, para de-
fender também a democracia dos outros cidadãos. É este o meu apelo ao Governo.
Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754
Júlio Pinheiro Golfe 2
NÃO COMPRE MOEDA ESTRANGEIRA NA RUA! O RECURSO AO MERCADO INFORMAL PARA A NEGOCIAÇÃO DE MOEDA É ILEGAL E ACARRETA RISCOS: Existem muitas notas falsas em circulação no mundo inteiro. Não há garantia de que as notas da moeda estrangeira que comprar sejam autênticas. Não terá um recibo de compra para apresentação às autoridades, de forma a confirmar a legalidade da posse e da origem da moeda estrangeira, podendo vir a ser apreendida. O seu dinheiro poderá ser associado a recursos provenientes de tráfico de drogas, armas e outras actividades ilícitas, ficando sujeito às sanções aplicáveis.
RECORRA SEMPRE AOS BANCOS COMERCIAIS E CASAS DE CÂMBIO AUTORIZADAS PARA A AQUISIÇÃO DE MOEDA ESTRANGEIRA Para mais informações consulte www.bna.ao ou contacte +244 222 679 226
POLÍTICA
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Ministra das Finanças participa em reunião do Fórum de Paris e G-20 A Ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, participou, a convite do seu homólogo francês Bruno Le Maire, numa reunião ministerial de alto-nível, uma iniciativa do Fórum de Paris e da presidência saudita do G-20, nesta Quarta-feira, dia 8 de Julho
A
reunião, sob o lema “Enfrentar a crise da Covid-19: restaurar fluxos sustentáveis de capital e financiamento robustos” decorreu em formato de videoconferência e contou com a participação de vários ministros das Finanças, governadores de bancos centrais e altas individualidades da economia e das finanças, especialmente dos países do G-20, e outros convidados relevantes. Vera Daves de Sousa participou no painel de abertura da conferência, ao lado da directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, e do presidente do Banco Mundial, David Malpass. Foram igualmente convidados a intervir, nesse painel, os ministros das Finanças da Coreia do Sul e do México, respec-
tivamente Hong Nam Ki e Arturo Herrera. A ministra das Finanças enfatizou as iniciativas do Executivo angolano para fazer face aos choques provocados pela Covid-19. “Para superar essas questões tomamos medidas rápidas para retardar a propagação do vírus. O que nos deu tempo para nos prepararmos, e investimos na melhoria da infra-estrutura disponível para enfrentar essa crise de saúde pública”, afirmou na sua intervenção a ministra Vera Daves de Sousa. A titular da pasta das Finanças referiu-se igualmente a parceria frutífera com as instituições multilaterais e bilaterais e a uma agenda de reformas para captação de investimento privado. “Aproveitamos a oportunidade para acelerar a nossa agenda de reformas, a fim de promover um me-
Ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa
lhor ambiente de negócios”, disse, reafirmando em seguida as oportunidades que a crise produziu para as finanças públicas angolanas: “Acreditamos firmemente que esta crise é também uma oportunidade para que aceleremos as transfor-
mações necessárias ao crescimento do investimento privado, além das iniciativas de alívio da dívida”. Angola aderiu à iniciativa do G-20, de suspensão temporária do serviço da dívida, e, paralelamente, tem levado a cabo outras
abordagens com credores, que têm gerado poupanças significativas e que deverão colocar o país em melhor posição de promover o desenvolvimento económico e a diversificação de médio e longo prazos. A ministra das Finanças participou também num outro painel que teve como tema o “Financiamento Sustentável para o Desenvolvimento de África”. G-20 é o acrónimo do Grupo dos 20 (países), que se faz com as 19 maiores economias do mundo, que nas reuniões de cúpula se fazem representar por chefes de Estado e de Governo e União Europeia. Na iniciativa desta Quarta-feira participaram os ministros das Finanças e Governadores dos bancos centrais. O G-20 foi criado em 1999 e têm tido como prioridade a estabilidade financeira internacional.
Jurista da AJPD defende punição exemplar aos violadores da cerca sanitária O jurista e membro da Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD) António Ventura, apelou aos cidadãos nacionais e estrangeiros a evitarem furar a cerca sanitária, sob pena de serem sancionados com medidas previstas por lei Maria Miranda Cassule
O
jurista fez estas declarações a OPAÍS quando comentava o comportamento de alguns cidadãos que, sistematicamente, violam as medidas contidas ns diplomas sobre calamidade pública, depois de o ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, ter anunciado a prorrogação da cerca sanitária em Luanda e em Ndalatando (Cuanza-Norte). Na conferência de imprensa
desta Terça-feira, 7, em que anunciou a continuidade da cerca nestas duas circunscrições até 9 de Agosto, por força do aumento de casos positivos e de mortes, Adão de Almeida falou em multas para os infractores. Entretanto, António Ventura reprova a atitude de alguns cidadãos que violam as medidas, esclarecendo que nada justifica que as pessoas adoptem comportamentos que violem a lei, “pelo facto de não terem emprego, estarem a passar fome, ou com poucos meios de subsistência”. Ventura diz que num contexto de pandemia da Covid-19, no Estado de Calamidade ou de Emer-
gência, as pessoas poderiam ter um comportamento mais aceitável, cumprindo as suas obrigações e deveres, mas constata acontecer o contrário em alguns casos. Para se colocar ordem, o jurista defende punição exemplar para os prevaricadores do Estado de Calamidade, justificando que qualquer acção contrária a isto pode ser considerada como sendo desacato às autoridades. António Ventura deplora o facto de ao longo destes anos se ter verificado uma degradação da participação comportamental dos cidadãos em termos de convivência social, no respeito pelas leis e pelos bens públicos
O especialista em jurisprudência entende que se as autoridades responsabilizarem as pessoas que violam as cercas sanitárias, independentemente dos cargos que ocupam, poderá inibir, de alguma maneira, os cidadãos de furá-las. Diz notar uma certa irresponsabilidade pela forma como muitos cidadãos estão a encarar a doença, sem acatarem as medidas de prevenção. “Todas informações do modo de prevenção, estão disponíveis e qualquer cidadão razoável já tem este conhecimento”, diz o entrevistado, reforçando que a avaliação dos riscos que possam ocorrer
na vida da população passa também pela responsabilidade ética de cada indivíduo. “Nem tudo será o Estado a impor ao cidadão. Em primeiro instante devemos ter a responsabilidade individual, e só depois é que vem a responsabilidade colectiva”, defende. Deplora o facto de entre os principais violadores, além de cidadãos da periferia, constarem também pessoas bem informadas e algumas que ostentam cargos públicos, como aconteceu durante a segunda fase da vigência do Estado de Emergência.
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Tráfico de seres humanos é o terceiro negócio mais lucrativo no mundo A directora nacional dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça, Luísa Buta, revelou, ontem, em Luanda, que o tráfico de seres humanos é o terceiro crime mais lucrativo no mundo, depois do tráfico de drogas e do tráfico de armas Ireneu Mujoco
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uísa Buta fez esta afirmação quando dissertava o tema “Tráfico de Seres Humanos”, durante uma palestra coorganizada pela sua instituição e pelo Serviço Jesuíta de Refugiados (JRS, siga em inglês), em alusão ao dia de combate a este crime que se comemora a 30 deste mês. Durante a sua dissertação, informou que de 2003 a 2016 o mundo registou 225 mil casos de tráKostadin Luchansky
fico de seres humanos, cujas vítimas foram atraídas pelos seus algozes de várias formas aliciatórias. Destacou o “acto, o meio e a proposta”, como sendo os instrumentos sedutores utilizados pelos traficantes para encontrarem as suas vítimas em todo o mundo. Estes instrumentos consistem em recrutar, transportar, transferir, abrigar, usar da força, coerção e rapto, cujas vítimas são usadas para a escravidão, enquanto outras servem para exploração sexual e trabalhos pornográficos. Luísa Buta alertou que os traficantes não escolhem idade, raça, sexo ou nacionalidade, realçando que, para eles, o mais importante é traficar para alcançarem os seus propósitos. Disse ser difícil identificar a rede dos traficantes, tendo em conta a complexidade da sua actuação, realçando que alguns apresentam-se como pessoas de boa fé para ajudar a resolver uma determinação situação. “Têm várias formas de atrair as suas vítimas”, sublinhou, apontando as redes sociais como sendo instrumentos onde encontram pessoas para delas fazerem as suas presas fáceis. Disse ser necessário ter cuidado no manuseio das redes sociais, sendo nelas onde eles garantem falsos empregos, agenciamento de viagens, relações amorosas que, segundo a fonte, terminam geralmente em raptos. Explicou que a maioria utiliza perfis falsos para despistar investigações policiais ou de familiares das suas vítimas, e chama a atenção sobre o perigo de aproximarse ou conviver com pessoas estranhas. Informou que um dos principais objectivos dos traficantes é a extração dos órgãos humanos para fins comerciais, e grupos de malfeitores é constituído por uma rede de gangs. Formas de exploração A maior parte das vítimas, sobretudo as do sexo feminino, são exploradas em centros de massagens, bordéis, em troca de nada e os que se atrevem a reivindicar podem ter um destino fatal.
Já os homens são submetidos a várias sevícias, com realce para trabalhos forçados de horas quase intermináveis, depois de usados são abandonados à sua sorte e longe das suas origens onde foram recrutados ou raptados.
Fazer bom uso da Internet Já a secretária de Estado da Justiça para os Direitos Humanos, Ana Celeste Januário Cardoso, que teceu breves palavras que antecederam a abertura do encontro, apelou aos cidadãos a fazerem o uso correcto da Internet, por ser um instrumento que propicia contactos com estranhos e atrai as vítimas dos traficantes de seres humanos. Disse que, nos últimos tempos, os casos de tráficos de seres humanos no mundo está a crescer vertiginosamente. No caso de Angola, a governante revelou que mais de 100 casos foram registados, e as autoridades têm trabalhado para se evitar o tráfico, sobretudo a partir das fronteiras. A maior parte destes processos foram já introduzidos em juízo para julgamento, mas evitou avançar os números e as circunscrições onde foram apresentadas as respectivas queixas. Devido ao fluxo migratório, apontou as fronteiras como sendo os locais preferidos pelos traficantes, e as autoridades angolanas têm desenvolvido um trabalho de sensibilização dos cidadãos em todo o país para se evitar mais vítimas entre nacionais e estrangeiros.
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Quinta-feira, 09 de Julho de 2020
Sindicalistas aconselham o Executivo a criar condições para o próximo ano lectivo O SINPROF e o SINPTENU entendem que com a subida exponencial de casos de Covid-19 é altura de se melhorar as condições das escolas e construir mais salas de aulas, aumentando, para o efeito, a fatia disponiblizada pelo Orçamento Geral do Estado dr
Milton Manaça
P
ara o Sindicato Nacional dos Professores e Trabalhadores Não Un i v e r s i t á r i o s (SINPTENU), a decisão da Comissão Multissectorial de adiar o reinício das aulas para o dia 9 de Agosto foi a mais acertada, mas defende que esta é boa altura para se começar a pensar na preparação do próximo ano lectivo. O membro do conselho nacional desta força sindical, Zacarias Jeremias, disse a OPAÍS que sempre rejeitaram o reinício das aulas, já, por falta de condições nas instituições de ensino, particularmente a falta de a água corrente. Zacarias Jeremias não acredita que até Agosto haja uma redução significativa de casos de Covid-19, razão por que sugere a anulação do ano lectivo 2020, enquanto se prepara as condições para 2021. “Temos, por exemplo, o caso da província do Huambo, onde o nosso sindicato fez um trabalho de constatação e verificamos que em mil escolas apenas 17 têm água corrente, para não falarmos da província de Luanda, onde a realidade é conhecida por todos nós”, explicou. Zacarias Jeremias disse que com o aumento dos casos era necessário que o transporte escolar funcionasse, para não permitir ajuntamentos de alunos nas paragens de táxis, uma situação que
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Tribunal Supremo submete quesitos do Caso 500 milhões a aprovação A audiência de julgamento do Caso 500 milhões, que tem entre os arguidos o antigo governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Valter Filipe, e o ex-presidente do Conselho Administração do Fundo Soberano de Angola, José Filomeno dos Santos “Zenu”, retoma hoje, em Luanda, com a apresentação e aprovação dos quesitos (perguntas a que os juízes são obrigados a responder para fundamentar a decisão) Zacarias Jeremias, secretário-geral do SINPETENU
para o interlocutor está longe de acontecer. Perante este quadro, o sindicalista entende ser o momento de as autoridades começarem a trabalhar nas dificuldades já identificadas e preparar o próximo ano, aumentando, para o efeito, o número de escolas, e melhorando as condições das que já existem. Zacarias Jeremias disse que caso o Ministério da Educação decida avançar com as aulas neste ano lectivo, será apenas para cumprir calendário, sendo que os professores ver-se-ão forçados a atribuir notas acima de 10 para “embelezar” as estatísticas. O SINPTENU defende que a abertura das escolas é uma pressão por parte das instituições de ensino particular, justificando que este posicionamento está relacionado com a perda económica de que estão a ser alvo. Entretanto, frisou que a preparação que alguns colégios e universidades têm está de longe de ser uma realidade nas escolas públicas. “Falou-se do recomeço das aulas no segundo ciclo do ensino secundário, mas esqueceramse que temos muitas crianças de 14 e 15 anos neste nível de ensino que não estão em condições de cumprir à risca as medidas de segurança”, frisou. Presidente foi sensato O secretário-geral do Sindicato Nacional dos Professores (SINPROF), Admar Jinguma, começou por agradecer a posição do Presidente da República, João Lourenço, por ter autorizado o cancelamento das aulas, anteriormente previstas para a próxima Segunda-feira, 13. O SINPROF diz que já esperava este posicionamento, apesar do cepticismo de alguns membros do Ministério de tutela, tendo lembrado que sempre se mostrou contra o arranque das aulas
antes de Setembro, pois ficou demonstrado que as condições não seriam criadas em tempo record. Admar Jinguma frisou que as escolas seriam um dos locais de maior propagação da pandemia caso o Ministério avançasse com a reabertura das aulas, devido ao comportamento da população, que não seria diferente nas escolas. Ademais, Jinguma frisou que a Covid-19 veio demostrar a realidade do nosso ensino, acrescentando ser este o momento propício para que o Executivo olhe para o nosso sistema de educação e aumente a fatia alocada ao sector, para que se melhore as condições em todas escolas e se cumpra os acordos internacionais ratificados por Angola. “Quer dizer que a preparação do próximo ano lectivo tem a ver com os recursos disponibilizados. Se andarmos sempre nos 5 ou 6 %, nunca consiguiremos evitar o cenário que estamos a viver hoje e melhor as condições das nossas salas, em que algumas contam com mais de 100 alunos”, apontou.
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Temos, por exemplo, o caso da província do Huambo, onde o nosso sindicato fez um trabalho de constatação e verificamos que em mil escolas apenas 17 têm água corrente”.
Paulo Sérgio
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juiz-presidente da causa, João da Cruz Pitra, submeterá mais de 60 quesitos à apreciação das partes, nomeadamente à instância do Ministério Público, da assistência do BNA e à de defesa dos quatro arguidos. Assim que concluir esta fase, o juiz do Tribunal Supremo, João da Cruz Pitra, anunciará a data em que fará a leitura do acórdão, anunciando se os arguidos serão condenados ou absolvidos dos diversos crimes de que vêm acusados e pronunciados. Além dos dois arguidos cima mencionados, estão arrolados no processo na mesma condição o empresário Jorge Gaudens Pontes Sebastião, proprietário da empresa Mais Financial Service, e António Samalia Bule Manuel, antigo director do Departamento de Gestão de Reservas do banco central. Com base nas provas produzidas durante as audiências de julgamento, um dos quesitos a ser apresentado amanhã é se ficou ou não provado que os arguidos pretendiam apropriar-se dos 500 milhões de dólares transferidos
de uma conta bancária do BNA para a conta da empresa Perfectibit, ambas domiciliadas em bancos comerciais sediados em Londres, Inglaterra. Segundo uma fonte de OPAÍS, outro quesito terá a finalidade de esclarecer se os arguidos tentaram ocultar a operação e se a sua execução foi ordenada verbalmente por Valter Filipe a António Bule, conforme alega o Ministério Público. Será questionado ainda se ficou provado que ao ordenar tal operação, o antigo governador terá usurpado a competência do Conselho de Administração do BNA, de que era o responsável máximo. Em relação a António Bule, o tribunal vai buscar esclarecimentos se ficou, ou não, provado que a operação de transferência dos 500 milhões de dólares foi executada no Departamento de Gestão de Reservas ao invés do Departamento de Operações Bancárias. Entre os quesitos consta também uma inquietação no sentido de esclarecer se ficou provado se houve ou não observância das regras de compliance na execução dessa operação. Isto é, se o
valor foi transferido em desconformidade com as leis e regulamentos internos e externos. A tese de que os arguidos tentaram convencer o então ministro das Finanças, Archer Mangueira, a assinar um documento, em representação do Estado angolano, a confirmar que a transferência da quantia monetária acima mencionada era legal, apresentada pelo Ministério Público, também será um dos quesitos. A forma como o dinheiro foi recuperado pelas autoridades angolanas será objecto de análise. Um dos quesitos é se ficou ou não provado que os arguidos não pretendiam devolver voluntariamente ao Estado. De acordo com a nossa fonte, entre os quesitos consta ainda a pergunta sobre se ficou, ou não, provado que a aludida soma monetária foi recuperada mediante uma acção judicial intentada nas instâncias judiciais em Londres pelo Estado. Procurar-se-á saber se ficou ou não provado que houve, por parte dos arguidos, tentativas para obrigarem o Estado a assinar um acordo de extinção deste processo e de outros que eventualmente pudessem sem instaurados.
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O PAÍS
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MASFAMU reafirma trabalho na igualdade do género e empoderamento da mulher A igualdade de género e o empoderamento económico da mulher constituem uma prioridade na agenda do Executivo e uma premissa das estratégias do país para o alcance dos Objectivos Sustentáveis de redução dos índices de pobreza em Angola, como fez lembrar a ministra do MASFAMU, Faustina Alves Stela Cambamba
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Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MASFAMU) procedeu, ontem, em Luanda, à abertura da jornada da mulher africana, cujo o término está previsto para o dia 31 do corrente
mês. Na ocasião, a ministra Faustina Alves ressaltou a necessidade de se promover oportunidades de empoderamento das mulheres. Sobre este assunto, dada a sua transversalidade, passa-se para todos os sectores e programas do Governo. Faustina Alves destacou os programas nos domínios da valorização da família e o aumento das competências familiares, promoção da mulher
rural, requalificação das aldeias rurais, estruturação económica e produtiva das comunidades rurais, desenvolvimento comunitário e apoio às vítimas de violência. Explicou que, com vista ao fortalecimento do seu espírito empreendedor e ao apoio à geração de rendimentos e sustentabilidade económica, principalmente no meio rural, a sua instituição, tem assegurado acções de
formação e treinamento às cooperactivas e associações de mulheres nos domínios da agricultura, pescas, tecelagem e outros, incentivando-as à criação dos seus próprios negócios desen-
“Este confinamento tem desafiado o Governo na observância de problemas de desestruturação familiar” DR
volvendo, assim, o auto-sustento das suas famílias. Faustina Alves lamentou o facto de, actualmente, o país registar o aumento de casos de Covid-19, por isso, incentiva as pessoas a ficarem em casa e a obedecerem a todas as orientações de bio-segurança. “Este confinamento tem desafiado o Governo na observância de problemas de desestruturação familiar, desrespeito entre os membros das famílias, fuga à paternidade e maternidade, aumento dos casos de violência doméstica e outras situações que têm preocupado o Executivo”, disse. A ministra sublinha que, para além dos esforços criados para mitigar estas situações, o Governo precisa da intervenção e colaboração de todos os parceiros da sociedade civil, no sentido de sensibilizar os membros das comunidades a enveredar por comportamentos positivos. Entre as acções promovidas por aquela instituição, constam as campanhas de sensibilização, com o objectivo de desencorajar as práticas de violência baseada no género e reforçar os mecanismos de defesa e acompanhamento às vítimas, através dos números de denúncias do centro de aconselhamento familiar, designadamente o 145, o 146 e o 111 (este último, do CISP). Estas acções do MASFAMU aparecem, segundo a responsável, pelo facto de ser necessário antecipar e reagir aos riscos de violência, abuso, exploração, discriminação e outras formas de violação dos direitos, dando especial atenção aos grupos da população com vulnerabilidade acentuada. Para finalizar, Faustina Alves reconheceu o contributo de todas as forças da sociedade civil, das autoridades tradicionais, das igrejas, dos representantes das Nações Unidas, bem como do corpo diplomático acreditado no país, particularmente dos embaixadores presentes, na luta pela igualdade e equidade de género. Realçou, igualmente, as formações dadas aos mobilizadores e activistas sociais e aos conselheiros familiares, com o intuito de promover o reforço das competências familiares, a realização de seminários, palestras, workshops, debates televisivos e radiofónicos sobre os temas relacionados com a igualdade de género, violência contra as mulheres e empoderamento económico, entre outras acções.
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O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COVID-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia
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oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.
COMO ME POSSO PROTEGER?
Tendo sido reportados já 396 casos em Angola, com 22 mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença:
1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;
2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.
QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?
As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória
Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.
EXISTE TRATAMENTO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados
cartaz seu suplemento diário de lazer e cultura
Movimento Cultural do Cunene homenageia professor António Didalelwa com Antologia Poética A colectânea, que será lançada na Sextafeira, 10, no âmbito da comemoração dos 50 anos de existência da cidade de Ondjiva, intitula-se Antologia Poética - “Palavras à Eembe: Um Tributo ao Dr. António Didalelwa” e tem a chancela da Revista Palavra & Arte Augusto Nunes
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lançada na Sextafeira (10), na cidade de Ondjiva, capital da província do Cunene, a antologia poética “Palavras à Eembe: Um Tributo ao Dr. António Didalelwa”, antigo governador daquela província, falecido há 4 anos, vítima de doença.
A colcetânea, em formato digital, começou a ser preparada em Março último, sob a coordenação editorial de Luefe Khayari e juntou 20 autores, entre poetas, prefaciadores e psicólogos. Além dos poemas, a Antologia faz também uma reflexão em torno dos feitos do professor Didalelwa e traz testemunhos de uma socióloga e de outras entidades. Inclui, igualmente, um breve historial do Movimento Cultural do Cunene e uma bre-
ve biografia do homenageado. Para o coordenador editorial, Luefe Khayari, a obra, cujo lançamento insere-se na celebração dos 50 anos de existência da cidade de Ondjiva, não é uma simples homenagem “de nome”, é um tributo de facto, uma vez que o conteúdo dos poemas enaltece as qualidades e o carácter inspirador do homenageado. Este é, no seu entender, o sentido que se pode reter do livro,
enquanto “metáfora integral”. “Esta antologia é um conjunto de poemas de vários escritores e não é uma simples homenagem “de nome”, disse. Indagado quanto aos critérios de acesso à referida colectânea, Luefe Khayari referiu que bastará aos interessados acederem ao site www.palavraearte.co.ao, da editora responsável pelo alojamento da obra, de onde se poderá efectuar o download de for-
ma inteiramente gratuita, uma forma de evitar-se o contacto físico. O homenageado António Didalelwa, nascido a 23 de Março de 1955, em Ondukusu, província do Cunene, licenciou-se em Matemática pela Universidade Agostinho Neto e em Economia na Universidade de Londres (London College). Ainda na Inglaterra fez um Mestrado em Ciências Económicas e um Doutoramento na mesma especialidade. Também era especialista em Análise de Sistemas, Processamento de Dados e Programação de Computadores, e teve diversos cargos académicos na Universidade Agostinho Neto, dentre eles o de Vicereitor para a região Sul. Didalelwa foi membro do Comité Central do MPLA e 1.º Secretário do Comité Provincial do Partido na província do Cunene, onde assumiu o cargo de governador em Outubro de 2008. Palavra & Arte A editora denominada Revista Palavra & Arte surge com objectivo de divulgar toda produção artístico-cultural feita por jovens angolanos, residentes ou não no território nacional, tirar do anonimato e promover todas as formas de manifestações artísticas de jovens que procuram expressar-se através da sua arte. A par da edição obras literárias e não só, propõe-se também responder à procura por espaços capazes de abordar temas do seu raio de actuação com a maturidade e seriedade que se exige, contribuindo, desta forma, para a divulgação artístico-cultural. A intenção é tornar-se um espaço de inspiração para jovens cultores de qualquer arte por meio da divulgação dos trabalhos de outros jovens que buscam afirmar-se com a sua arte, entre outras actividades.
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Governo quer Centro Histórico de Mbanza Kongo destino turístico obrigatório
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Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente destacou, nesta Terça-feira, a necessidade de às autoridades locais e investidores transformarem o centro histórico de Mbanza Kongo num destino turístico obrigatório, para a capitalização da riqueza histórico-cultural. Em mensagem alusiva ao terceiro aniversário da elevação da antiga capital do Reino do Kongo a Património Mundial, o departamento governamental avança que tal assentou no seu forte potencial económico e beleza natural ím-
par, destacando o Museu dos Reis do Kongo, o Nkulumbimbi, o antigo Tribunal Tradicional, a árvore Yala Nkuw, as Ruínas da Sé Catedral, a Caverna de Nzau Evua, entre outros atributos. O Centro Histórico de Mbanza Kongo ganhou estatuto de Património Cultural Mundial a 8 de Julho de 2017, com a sua inscrição na lista da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Para assinalar a data, estão previstas algumas actividades, entre as quais a realização de roteiros, debates televisivos e diversos
programas que visam aumentar o conhecimento dos cidadãos sobre o valor da secular cidade de Mbanza Kongo. Mbanza Kongo foi o centro político e administrativo do antigo Reino do Kongo, fundado no século XIII e cuja influência abarcava, além da zona Norte de Angola, os actuais territórios da República Democrática do Congo (RDC), República do Congo e Gabão. O centro histórico de Mbanza Kongo ocupa uma área de 89.29 hectares, ao passo que a zona tampão estende-se numa área de 622, 16 hectares.
Defendida institucionalização do prémio provincial de literatura
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institucionalização e realização anual do prémio provincial de literatura constitui-se numa estratégia fundamental para incentivar e promover a arte cultural do planalto central, com um elevado potencial a nível do país. A afirmação é do responsável local da Brigada Jovem de Literatura (BJL), Afonso Cachequele, que falava no final de um encontro com o director do Gabinete da Cultura, Turismo, Juventude e Desporto do Governo nesta província, Jeremias Piedade Nambongue Chissanga, que serviu para constatar o funcionamento da organização cultural. Na oportunidade, disse que a falta de incentivos na província do Huambo, com um potencial elevado em termos de criação literária, constitui uma das dificuldades para a produção, tendo, por isso, sustentado a necessidade da institucionalização de um prémio, há muito esperado pelos literatas, que serviria de estímulo para os artistas. Segundo Afonso Cachequele, o Huambo desde sempre foi um celeiro nacional de literatas, formando vários escritores com notoriedade no mercado angolano, porém enfrentam inúmeras dificuldades para traduzirem as suas criações em livros. Caso não se faça nada em prol da
classe, realçou o responsável, a realidade poderá contrastar os horizontes no domínio da cultura escrita na província, tida como a capital académica do país, pois que não se faz ciência sem livros, pelo que é imperiosa a valorização dos fazedores da literatura na região. Na mesma esteira de pensamento, salientou que o prémio provincial de literatura deveria ser outorgado, anualmente, aos vencedores, mediante uma análise criteriosa das suas obras a serem apresentadas a um corpo de júri, numa data com relevância histórica, entre o aniversário da cidade do Huambo, que se assinala a 21 de Setembro, ou no dia da Independência Nacional, a 11 de Novembro. De igual modo, referiu que o departamento de Letras do Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED) do Huambo poderia ser útil na vertente de jurado, na avaliação das obras por publicar e editadas a ser apresentadas pelos candidatos. Relativamente ao prémio, adiantou que a publicação da obra vencedora seria o mais justo para promover a produção de livros, acrescido de uma soma monetária para que o seu autor possa prosseguir com a sua actividade. Afonso Cachequele solicitou igualmente o apoio do Governo na produção de uma antologia, que
Museu das Marionetas do Porto reabre quatro meses depois com nova exposição
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reuniria poemas de vários autores, no sentido de mitigar as dificuldades de produção de livros, sobretudo pela falta de uma indústria livreira na província. Em resposta, o director do Gabinete da Cultura, Turismo, Juventude e Desporto do Governo do Huambo, Jeremias Piedade Nambongue Chissanga disse que está em carteira um projecto para a institucionalização de um prémio provincial de cultura, que visa prestigiar o trabalho dos artistas de diversas áreas da actividade cultural. Acrescentou que o Governo da província tem domínio dos reais problemas que os artistas enfrentam, estando, por isso, a criar de condições para que as associações culturais desenvolvam as suas actividades, tendo em conta a sua importância no fortalecimento da cultura nacional.
echado desde o dia 12 de Março, o Museu das Marionetas do Porto (Portugal) reabre a 15 de Julho com novas regras e a inauguração da exposição “Marionetas Contemporâneas: Criações e discursos” O Museu das Marionetas do Porto fechou as portas há quatro meses e aproveitou o período de confinamento para conceber e idealizar uma nova exposição temporária. “A partir de dia 18 de Maio, data em que nos foi possível iniciar trabalhos presenciais no espaço, realizamos as obras de adaptação de espaço e montagem de todo o material expositivo”, adianta o museu em comunicado. O espaço reabre ao público no próximo dia 15 de Julho com a inauguração de “Marionetas Contemporâneas: Criações e discursos”, uma mostra das peças mais emblemáticas da companhia – como “Miséria”, “Vai no Batalha”, “Óscar”, “História da Praia Grande” ou “Polegarzinho” – e novos espaços criados a pensar nas novas dinâmicas com o público. “A exposição permite uma fruição diversa, capaz de transportar o visitante para outro lugar, através das peças expostas, dos adereços, das histórias e de todas as atividades propostas num programa dirigido a todo o público.” O uso obrigatório de máscara, a desinfecção das mãos à entrada,
o distanciamento social e a lotação máxima de 10 visitantes em simultâneo fazem parte das novas normas adotadas no museu. Além do mundo das marionetas contemporâneas de autor, quem visitar o museu irá descobrir também o trabalho da fotógrafa Susana Neves e ainda uma peça doada à companhia pelo artista plástico Ricardo Leite, pintada e inspirada nas marionetas do espetáculo “Macbeth”, do encenador João Paulo Seara Cardoso. “Marionetas Contemporâneas: Criações e discursos” poderá ser vista de 15 de Julho a 31 de Janeiro de 2021. O Museu das Marionetas do Porto, criado em Setembro de 1988, funcionará de segunda a Domingo, das 14 às 18 horas, sendo que será encerrado diariamente entre as 16 e as 16 horas e 30 minutos para desinfecção do espaço.
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Artes Plásticas
Pintura “Tours d’arme” de Vieira da Silva vai a leilão na Christie’s
Sale”, da Christie´s, com uma estimativa entre 600 mil e 800 mil euros. Em 2018, outra obra de Vieira da Silva, “L´Incendie 1” (“O Incêndio”), foi leiloada em Londres, pela mesma leiloeira, por um valor recorde para a artista de 2,290 milhões de euros. O quadro pintado em 1944 partia com uma estimativa de base entre 1,2 milhões de euros e 1,6 milhões de euros.
Picasso, Lichtenstein, Warhol e Miró O leilão, marcado para Sextafeira, inclui, segundo o catálogo, algumas obras de arte de artistas de renome, como Pablo Picasso, Roy Lichtenstein, Andy Warhol, Joan Miró, René Magritte, Robert Rauschenberg, Alexander Calder, Georgia O´Keefe, Jean-Michel Basquiat ou Lucio Fontana. Em Maio, quando o leilão foi anunciado, a Christie´s explicou, em comunicado, que “o novo formato visa criar uma plataforma adaptável e inclusiva para apresentar importantes obras de arte a licitadores globais”, como o quadro de Picasso “Femmes d´Alger” (versão F, 1955) estimado em 23 milhões de euros. Devido à pandemia, a leiloeira está a “reconfigurar novos formatos para fazer convergir os mundos real e virtual”, afirmou, então, Alex Rotter, um dos responsáveis da Christie´s. O novo formato é descrito como “híbrido” pela leiloeira, e decorrerá pela primeira vez em “live-streaming”, e também presencialmente, naquelas cidades, seguindo as normas das autoridades locais.
MÚSICA
EXIBIÇÕES
EVENTOS
O quadro a óleo “Tours d’arme”, da pintora portuguesa Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), está entre as obras de arte do século XX que vão ser leiloadas esta Sexta-feira, dia 10, num leilão internacional da Christie’s
O
leilão, anunciado em Maio pela empresa como tendo um novo formato “global” para se adaptar à actual pandemia, decorrerá em simultâneo em Hong Kong, Paris, Londres e Nova Iorque. Entre as obras de pintura apresentadas no catálogo está uma tela assinada por Vieira da Silva, com 73,2 por 92 centímetros, datada de 1954. O quadro foi comprado à Galerie Pierre, de Paris, em 1960, por um coleccionador do Canadá e, em 2013, foi vendida num leilão da Sotheby’s ao actual proprietário. Na altura, foi vendido por 445 mil euros, e agora surge no catálogo do leilão “ONE: A Global
REAÇÕES
CINEMA
MúsicO Neil Young respondeu Donald Trump à sua maneira
Festival de curta-metragens leva cinco filmes premiados numa sessão drive-in
Xutos regressam aos palcos
Mês de Junho marcado com quebra de 99% nos cinemas face a 2019
Alive já tem confirmações para 2021 com Red Hot Chili Peppers à cabeça
Neil Young publicou uma carta aberta a Donald Trump, após o Presidente dos Estados Unidos ter voltado a utilizar a música do artista canadiano num comício seu, sem permissão. “Pedi-lhe por diversas vezes para que não utilizasse a minha música, pois dá a entender que apoio as suas políticas. Mas continua a fazê-lo, nos seus encontros, sem ter em conta os meus direitos e insultando-me no Twitter”, escreveu Young. Ao contrário de outros artistas que também (ou)viram as suas canções ser utilizadas em comícios de Trump, Neil Young salientou que não irá processar o Presidente. “Visto que está a trabalhar na resposta à Covid-19 nos Estados Unidos, não irei processá-lo (como é de meu direito) para não o distrair.
Este Sábado, o Festival Curtas Vila do Conde promove uma sessão especial em formato drive-in, instalado na Seca do Bacalhau. Na tela serão exibidos cinco filmes premiados ao longo das 27 edições do evento. Destaque para “Logorama” de François Alaux, Hervé de Crécy e Ludovic Houplain, vencedor do título de Melhor Curta-metragem de Animação nos Óscares e “Panique Au Village: La Bûche De Noël”, de Stéphane Aubier e Vincent Patar. Neste drive-in serão também mostradas algumas curtas portuguesas, como é o caso da multipremiada animação “Amélia & Duarte”, de Alice Guimarães e Mónica Santos ou “A Ver o Mar”, de Ana Oliveira e André Puertas, rodada num local próximo do cenário onde será exibida.
Os Xutos & Pontapés regressam na Quinta-feira aos palcos, com um concerto no Tivoli, em Lisboa, depois de uma paragem que a pandemia da covid-19 acabou por tornar mais longa do que a banda previa. No último dia de 2019, os Xutos & Pontapés actuaram no Terreiro do Paço, na Festa de Fim Ano de Lisboa. Este ano, tinham “tudo preparado para voltar a tocar por volta do 25 de Abril e o grande concerto no 1 de Maio na Altice Arena com a Orquestra Filarmónica Portuguesa”, recordou o vocalista da banda, Tim, em declarações à Lusa. “E agora estaríamos em ‘tournée’ regular, mas tudo deu a volta, como deu a toda a gente”, disse, em referência às alterações na vida dos cidadãos em todo o mundo, devido à pandemia da Covid-19.
Cerca de 12.400 espectadores foram ao cinema lusos em Junho, o mês em que as salas puderam reabrir em tempo de pandemia, o que representa 1% da assistência registada em Junho de 2019. Os dados são do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) de Portugal, que retomou a divulgação mensal de informação estatística sobre exibição comercial, uma vez que as salas de cinema puderam reabrir a 1 de Junho, depois de mais de três meses de encerramento forçado por causa da Covid-19. Segundo o ICA, em Junho foram contabilizados 12.403 espectadores e 56.430 euros de bilheteira nas salas de cinema que foram reabrindo gradualmente em todo o país, o que representa uma quebra de 99% tanto em assistência como em receitas face a Junho de 2019.
O Festival Alive, que se realiza entre 7 e 10 de Julho de 2021 no Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras (Portugal), vai contar com Red Hot Chili Peppers, Angel Olsen e Moses Sumney no cartaz, anunciou hoje a organização. Um comunicado divulgado quando falta um ano para o evento que, tal como a maioria dos outros festivais de Verão, se viu forçado a cancelar a edição de 2020 devido à pandemia de Covid-19. A organização acrescentou ainda os nomes de Alt-J, Two Door Cinema Club, Caribou, Parcels, Black Pumas, Fontaines D.C., Nothing But Thieves, Hobo Johnson and The Lovemakers, Alec Benjamin, Seasick Steve e Sea Girls.
Economia
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Macon projecta expansão para Nigéria e África do Sul DR
Depois da República Democrática do Congo (RDC) e da Namíbia, a operadora de transportes rodoviários Macon pretende aumentar os seus destinos internacionais, tendo como principais mercados a Nigéria, a África do Sul, a Zâmbia, o Botswana e o Congo Brazzaville, metas traçadas para o pós-pandemia da Covid-19 Brenda Sambo
A
informação foi revelada pelo director da Macon, Luís Máquina, numa entrevista exclusiva a OPAÍS sobre os desafios da transportadora nacional. Segundo o gestor, a intenção da transportadora, após a pandemia da Covid-19 e a retoma da economia, é dar continuidade aos projectos de internacionalização, chegando a alguns países do continente. Para o efeito, a empresa está de olho nos mercados da República da Zâmbia, Congo Brazzaville, através das fronteiras de Cabinda; Botswana e até a África do Sul, bem como a possível entrada no mercado da Nigéria. “Daremos continuidade às projecções anteriores em relação à expansão dos nossos serviços a nível internacional, concretamente na República da Zâmbia, Congo Bra-
zzaville, Botswana, bem como a África do Sul e Nigéria”, antecipou. Luís Máquina salientou ainda que após a pandemia, a Macon vai dar também seguimento ao projecto de formação e capacitação de quadros, bem como trabalhar para a qualidade dos seus serviços. Internamente, a Macon vai continuar a fazer ligações com os pontos do país aonde existe dificuldades de transporte. Macon factura mais de USD 60 milhões em 2019 Máquina adiantou ainda que só em 2019, a transportadora facturou 61 milhões e 680 mil e 568 dólares americanos com a transportação de passageiros. Actualmente, a operadora de transporte rodoviário Macon tem as duas rotas internacionais, quer
para a República Democrática do Congo, quer para a Namíbia, paralisadas, fruto da pandemia da Covid-19. Com taxas de bilhetes de passagem que custam mais de 20 mil
Internamente, a Macon vai continuar a fazer ligações com os pontos do país aonde existe dificuldades de transporte
kwanzas, as rotas internacionais chegam a transportar mais de duzentos mil passageiros por mês. Actualmente, o transporte de passageiros é feito apenas na província de Luanda, com uma lotação de 50%. Com um total de três mil trabalhadores, actualmente a empresa reduziu a força de trabalho para dois por cento. Na rota com a República Democrática do Congo, por exemplo, a empresa criou, inicialmente, mais de 20 novos postos de trabalhos, entre motoristas, cobradores e auxiliares administrativos. A empresa investiu, na altura, USD 6,5 milhões. Com 700 autocarros, trabalham actualmente com 45 veículos, nas rotas do Benfica até ao Golfe II, projecto Nova Vida ao São Paulo, Ki-
lamba ao Largo das escolas, entre outras, em Luanda. Sobre a Macon A operadora iniciou a sua actividade a 25 de Maio de 2000, com um total de 25 autocarros urbanos e um quadro de pessoal de 140 trabalhadores. Hoje, a transportadora emprega dois mil e 300 trabalhadores. A rota Luanda-Windhoek, com as linhas Windhoek-Walvis Bay e Oshikango-Katima Mulilo, via Rundo foi inaugurada em 2018, enquanto a segunda rota internacional Luanda-Kinshasa (via Luvo), Kinshasa-Boma (via Matadi) e Kinshasa-Yema, na fronteira com a província de Cabinda, foi inaugurada em 2019. Em 2018, transportou 36 milhões de passageiros urbanos e dois milhões e 400 mil interprovinciais.
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Sector mineiro pode contribuir para aquisição de receitas no país O director do gabinete provincial para o Desenvolvimento Economico Integrado do Namibe, Armando Valente, desafiou os empresários a investirem no segmento da Geologia e Minas para a diversificação económica. Neste momento, estão catalogados 30 minerais diversos
licenças é uma tarefa exclusiva do Ministério dos Recursos Minerais Petróleo e Gás. No último ano tivemos mais de 10 licenças e se juntarmos às já existentes, estamos a falar de mais de 40 licenças, muitas delas nunca foram operacionalizadas. Podemos dizer que houve um crescimento. E em termos de percentagem qual seria? Desde 2019 até à data presente houve um crescimento na ordem dos 40%. A Direccção de Recursos Minerais e Petróleo imprimiu uma dinâmica diferente, em que os interessados nestes processos encontrassem no mais curto espaço de tempo a resposta desejada.
Armando Valente, director do Gabinete de Desenvolvimento Económico Integrado no Namibe
Patrícia de Oliveira
D
iga-nos, qual é o potencial, em termos de minerais, da província do Namibe? Há um grande potencial em termos de recursos minerais, no entanto, requer estudos actualizados para determinar as quantidades e qualidades de minerais, de modo a justificar a exploração. Que tipo de minerais podemos constatar? Temos ocorrência de muitos minerais, alguns dos quais conheceram uma exploração tímida e outros têm sido prospectados, nomeadamente rochas ornamentais (mármore, calcário e granito), cobre, ferrosos, terras raras e outros. Porém, dificilmente é encontrado mineral puro. No geral, os minerais estão associados e os testes determinam o maior teor ou a concentração de um determinado mineral e posterior interesse. Em alguns casos encontramos associados quatro ou cinco minerais. Em relação a números, qual é quantidade de minerais já catalo-
gados ou registados? No levantamento do Plano Nacional de Geologia (PLANAGEO) que tem sido realizado, temos catalogados perto de 30 minerais diversos. Contudo, é preciso determinar com alguma exactidão as quantidades e a localização. Após concretizado este passo, as empresas interessadas devem assumir o investimento. Que medidas estão a ser tomadas para aumentar o interesse pela exploração? Estamos a catalogar e a divulgar, para que o sector empresarial possa mostrar interesse na exploração
“Há registo dos elementos de terras raras e aguardamos os estudos que estão a ser feitos, de modo a fornecer as bases necessárias aos empresários”
destes recursos e diversificar a economia. A nossa missão é cada vez mais retirar o Estado do sector empresarial e criar condições para que o privado possa investir e aumentar os postos de emprego. Fale-nos um pouco sobre exploração do elemento de terras raras no Namibe? Ainda não há exploração dos elementos terras raras porque está associado a outros minerais. Neste momento, a nível da direcção de Recursos Minerais foram concedidas algumas licenças de prospecção que está em curso numa densidade reduzida. Deve imaginar que a actividade mineira exige inúmeros recursos humanos e financeiros. Neste período da pandemia, os empresários estão desencorajados para este tipo de exploração. Há registo dos elementos de terras raras e aguardamos os estudos que estão a ser feitos, de modo a fornecer as bases necessárias aos empresários e para saber se estamos na presença se jazigos, ou meras ocorrências. Quantas empresas de exploração estão registadas? Temos 15 empresas a explorar rochas ornamentais. Noutros minerais, contamos com uma a fazer ex-
2019 Desde 2019 até à data presente o sector registou um crescimento na ordem dos 40%
ploração e outra a elaborar um trabalho mais aturado para a pesquisa de elementos de terras raras, duas a prospectar cobre, perfazendo um total de 19. Qual é o volume de licenças solicitadas durante o mês? Constam muitas licenças outorgadas para a exploração de rochas ornamentais, infelizmente, muitos detentores nunca se dignaram a dar início à actividade. Muitas são ociosas e o próprio Ministério da Geologia e Minas já divulgou a relação das empresas. No entanto, publicou medidas para os empresários que não iniciarem os trabalhos que poderão perder os direitos mineiros concedidos. A outorga de
Qual é a principal queixa dos empresários no sector? A principal dificuldade tem a ver com recursos humanos e financeiros. Actividade mineira requer avultados investimentos e o retorno é lento. É pouco empregadora em termos de mão-de-obra porque requer muitos equipamentos e tecnologia. Por outro lado, os bancos não estavam disponíveis a financiar a actividade mineira e ainda a problemática de quadros formados para alavancar o sector. Queremos lançar um desafio ao empresariado a investir no sector. O empresariado deve ocupar o seu lugar e o Governo vai regular e fiscalizar. O sector mineiro é de grande importância para a economia do país e poderá contribuir para aquisição de receitas. Qual é o seu parecer sobre a nova estrutura do Instituto de Geologia e Minas (IGEO)? Acredito que a inauguração do IGEO trouxe segurança aos empresários do ramo, pois dará todo o apoio fundamental e poderão fazer investimentos sem qualquer tipo de receio. As pesquisas serão feitas no país e reduzem os custos operacionais. É um grande investimento que vem reforçar o sector mineiro. O laboratório vai servir para a pesquisa de diversos minerais determinar a qualidade e composição.
Mercados
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ANÁLISE DIÁRIA /08 DE JULHO DE 2020
O nível de exposição cambial dos bancos comerciais sobre os fundos próprios regulamentares fixou-se em 29,09% em Abril de 2020 O registo representa um incremento mensal de 4,29 p.p., o que poderá ser reflexo da posição cambial longa
registada por alguns bancos, com possíveis efeitos sobre a estabilidade do mercado cambial ESPAÇO INTERNACIONAL
ESPAÇO ANGOLA
A
importação de bens alimentares fixouse em 518,4 milhões USD no Iº trimestre de 2020. O montante representa uma redução mensal e homóloga de 28% e 12%, respectivamente, o que poderá representar, fundamentalmente, a redução da oferta global de produtos devido a propagação da COVID-19, com efeitos sobre a balança comercial do país.
Comissão Europeia O crescimento económico dos países europeus foi revisto em baixa pela Comissão Europeia. As economias da Zona Euro e União Europeia poderão contrair 8,7% e 8,3% em 2020, respectivamente, registos inferiores às estimativas anteriores de recessão de 7,7% e 7,4%, em consequência da lenta diminuição das medidas de isolamento, sendo que para 2021 estima-se um crescimento de 6,1% e 5,8%.
MERCADOS Petrolífero ABrent: -0,05% (43,08 USD/barril). O aumento das reservas de crude nos EUA pressionou a cotação do crude
Cambial EUR: -0,31% (1,1274 USD). A revisão em baixa das perspectivas de crescimento da Zona Euro e União Europeia pressionou a cotação do euro
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BNI distinguido como melhor parceiro das pequenas e médias empresas em África O Banco de Negócios Internacional (BNI) acaba de ser reconhecido pela IFC – International Finance Corporation, World Bank Group, como o melhor Parceiro Bancário das pequenas e médias empresas (PME) em África (Best Bank Partner for SMEs in Africa), segundo um comunicado da instituição
A
referida distinção aconteceu na Segunda-feira, 6 de Julho, em Washington, EUA, durante uma cerimónia intitulada “IFC Regional Trade Finance Awards FY 2019 – Middle East and Africa”. De acordo com a referida instituição bancária, com compromissos com a IFC desde 2014, este prémio representa para o Banco BNI o reconhecimento do intenso trabalho realizado no dia a dia com as empresas e com os empresários em Angola. O presidente do Conselho de Administração do Banco, Má-
empresarial, contribuindo para o crescimento e diversificação da economia, logo, para o bem-estar de mais angolanos”, acrescentou o bancário. A IFC tem vindo a trabalhar com instituições financeiras que em Angola apóiam o crédito às pequenas e médias empresas, ao abrigo do Global Trade Fi-
nance Program, com o objectivo de apoiar o sector empresarial e, consequentemente, de promover a diversificação económica no país. Recorde-se que o Banco BNI assinou com a IFC, em 2019, um acordo para o alargamento do Global Trade Finance Program (GTFP) que estava em vigor entre
ambas as instituições desde Julho de 2014. Nessa ocasião, o Banco BNI desenvolveu um trabalho de apoio às empresas em Angola, e consequente à diversificação da economia, no valor de 30 milhões de USD, tendo havido um aumento, em Agosto do ano passado, desta linha de crédito para 50 milhões de dólares.
rio Palhares, que falou em nome da equipa com que trabalha, “este é um prémio extremamente importante, não só porque reconhece o profissionalismo e empenho do Banco BNI no apoio aos agentes económicos do país, designadamente dos que criam e mantêm a funcionar as pequenas e médias empresas que desempenham um papel relevante e indispensável na criação de emprego directo e indirecto”. “Mas, também, porque comprova que em momentos difíceis continuamos a dizer presente às necessidades do sector
Autoridades angolanas prevêem comercializar parte considerável do carapau capturado ilegalmente
Fontes do Ministério das Pescas em Benguela avançaram a OPAÍS que as autoridades angolanas ponderam vender parte considerável do pescado capturado de forma ilegal nos mares de Benguela e a outra destinar-seá ao apoio a famílias vulneráveis. Para o desfecho do caso, o João Lourenço orientou o cumprimento da lei Constantino Eduardo, em Benguela
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ontrariamente ao que se noticiou em vários órgãos de comunicação social, tanto públicos como privados, as autoridades em Benguela referem que não se trata de apenas 800 toneladas, mas sim de 1800. Estes números avançados pelas nossas fontes já foram confirmados a OPAÍS pelo director das Pescas, engenheiro José Gomes da Silva. Ainda de acordo com a nossa fonte, um quadro sénior do Ministério das Pescas, inicialmente, as autoridades teriam sido lu-
dibriadas em relação aos números. O Governo só passou a ter noção real dos números depois de uma comissão multissectorial ter procedido à vistoria no interior do navio “OLUTORSKY”, com bandeira camaronesa. Não fosse o aval que o ministro da Agricultura e Pescas recebeu do Presidente da República – “segundo o qual se devia apenas agir de acordo com a lei” – o navio teria saído de Benguela em direcção a Luanda e, posto lá, segundo a nossa fonte, ordens superiores teriam imperado em detrimento das normas da veda de carapau nos meses de Junho, Julho e Agosto. “É que o Presidente João Lourenço terá posto também as mãos.
Porque, para o senhor jornalista ter uma ideia, não é a primeira vez que nós interceptamos navios a agir em contramão”, dá nota. E mais, continua: “Em muitos casos, nós autuamos e, depois, recebemos orientações de Luanda. Eles queriam descarregar apenas em Luanda e até fizeram uma contestação ao ministro e este disse: “não, não, se foi em Benguela, então é aí onde tudo deve acontecer”. Porque “a mercadoria, afinal, está avaliada em 30 milhões de dólares”, confidencia. Contactado por este jornal para confirmar parte dos dados avançados pela nossa fonte, o director das Pescas não desmentiu, avançando apenas que o Estado escolheu como fiel depositário do pro-
duto apreendido o empresário do ramo pesqueiro Adérito Areias. Devido ao volume do pescado, perto de 60 camiões transportam o carapau do Lobito à Baía-Farta, onde se situa a pescaria do empresário, e a descarga deve durar por aí 3 dias. Findos os quais, segundo José Gomes, o Governo de Benguela deverá fazer um pronunciamento público, avançando mais dados. Segundo apurou este jornal de fontes do Ministério das Pescas em Benguela, parte considerável do carapau vai ser vendido e os recursos financeiros canalizados para a Conta Única do Tesouro. Entretanto, devido ao programa de assistência a famílias carenciadas, no âmbito de prevenção da Covi-19, outra parte deverá ser da-
da a cidadãos e a instituições filantrópicas. Para retirar o produto do Porto Comercial do Lobito, segundo o Governo, o empresário Adérito Areias teve de desembolsar perto de 20 milhões de kwanzas. Uma fonte próxima ao empresário avisou a OPAÍS que este não se vai envolver na venda do pescado, apenas aceitou o pedido do Governo por ser o único empresário em Benguela que tem uma capacidade instalada na ordem das 4 mil toneladas. Saliente-se que, em declarações à imprensa, em nome dos marinheiros, Aristide Nunes revelou que o impasse se deveu à falta de resposta a uma contestação interposta junto do ministro da Agricultura e Pescas.
Mundo
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O PAÍS Quinta-feira, 09 de Julho de 2020
Director-geral da OMS cancela participação em evento britânico após EUA confirmarem saída da organização DR
O director da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, retirou-se, na última hora, de um evento em Londres, ontem, Quarta-feira, alegando que participaria em reuniões relacionadas à notificação dos Estados Unidos sobre a retirada da entidade
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evento no centro de estudos de Chatham House, em Londres, teria a participação de Tedros num seminário online ao vivo sobre a pandemia de Covid-19, liderado por David Heymann, ex-funcionário da OMS e professor de saúde global. Heymann disse durante o evento online: “Eu entrei em contacto com o escritório dele (Tedros) por outra questão (hoje de manhã), e disseram-me que ele tem uma série de reuniões diplomáticas hoje, resultado da retirada dos EUA”. O gabinete de Tedros não respondeu imediatamente aos pedi-
dos para comentários sobre o assunto. Os Estados Unidos confirmaram na Terça-feira que deixarão a OMS no dia 6 de Julho de 2021. O Presidente Donald Trump acusou a agência de se tornar um fantoche para a China durante a pandemia de Covid-19. A OMS nega.
O evento no centro de estudos de Chatham House, em Londres, teria a participação de Tedros
Director-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus
Espionagem chinesa será a maior ameaça ao futuro dos EUA
A
polícia federal norte-americana (FBI) considera que os actos de espionagem e usurpação contínua de informações pelo Governo chinês representam a maior ameaça a longo prazo para o futuro dos Estados Unidos, segundo o Jornal de Notícias . Numa intervenção no Instituto Hudson, unidade de investigação com sede em Washington, o director do FBI, Christopher Wray, considerou a China “a maior ameaça a longo prazo à informação e propriedade intelectual e à vitalidade económica” dos Estados Unidos. O responsável avançou que o FBI tem mais de 2.000 investigações abertas que estão vinculadas ao Governo chinês. Citado pela imprensa norteamericana, Wray disse que piratas informáticos chineses se moveram rapidamente para atacar instituições farmacêuti-
cas e de pesquisa dos EUA, tentando usurpar informação no desenvolvimento de vacinas e tratamentos para a Covid-19. O funcionário do FBI descreveu uma poderosa campanha
orquestrada por Pequim de espionagem económica, roubo de dados e dinheiro e actividades políticas ilegais, usando suborno e chantagem para influenciar a política interna norte-ameri-
cana. “Chegamos agora ao ponto em que o FBI abre um novo caso de contra-inteligência relacionado com a China a cada 10 horas”, disse Wray, citado pela cadeia televisiva CNN. DR
O director do FBI acusou ainda o Presidente chinês, Xi Jinping, de liderar um programa chamado “Fox Hunt”, destinado a intimidar cidadãos chineses que vivem no exterior, e que são vistos como ameaças pelo Governo de Pequim. “Estamos a falar de rivais políticos, dissidentes e críticos que procuram expor as extensas violações dos direitos humanos na China”, disse. “A China está envolvida num esforço que envolve todo o Estado chinês para se tornar na única superpotência do mundo, recorrendo a todos os meios necessários”, acrescentou. Nos últimos anos, Washington passou a definir a China como a sua “principal ameaça”, apostando numa estratégia de contenção das ambições chinesas, que resultou já numa guerra comercial e tecnológica e em disputas por influência no leste da Ásia.
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O PAÍS Quinta-feira, 09 de Julho de 2020
Primeiro-ministro da Costa do Marfim morre após desmaiar em reunião com ministros Amadou Gon Coulibaly, de 61 anos, havia retornado ao trabalho a 2 de Julho, após passar um mês em França para revisão de saúde. Em 2012, ele passou por um transplante de coração
O
primeiro-ministro da Costa do Marfim, Amadou Gon Coulibaly, morreu nesta Quarta-feira (8), aos 61 anos, após desmaiar durante uma reunião com seus ministros. A causa da morte ainda não tinha sido confirmada até ao fecho da presente edição. Ele chegou a ser levado a uma clínica em Abidjan, segundo o Presidente Alassane Ouattara, mas não resistiu. Ouattara declarou
que o país está em luto. Coulibaly retomou as suas atividades no último dia 2, após passar mais de um mês em França, onde realizou exames e um acompanhamento da sua saúde. Ele havia sido submetido a um transplante de coração em 2012. O primeiro-ministro era candidato à presidência da Costa do Marfim nas eleições que serão disputadas em Outubro . Globo DR
Guineenses na diáspora manifestam-se na sede da UE para denunciar situação do país DR
Objectivo dos cidadãos guineenses é denunciar a situação do país, onde há relatos de sequestros, espancamentos e detenções a várias pessoas, incluindo políticos, vítimas de violência policial, segundo a Lusa
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m grupo de cidadãos guineenses a viver na Europa está a convocar uma manifestação em frente à sede da União Europeia, em Bruxelas, para denunciar a situação do país, disse Luciano Pereira, ontem, Quarta-feira, um dos organizadores da iniciativa. Luciano Pereira, sociólogo e escritor, disse que a manifestação, a decorrer no dia 23 de Julho, “é um grito de socorro” de cidadãos guineenses a viverem fora do país, mas preocupados com o que se passa na GuinéBissau, observou. “Hoje estamos num mundo aberto. Podes dar uma bofetada a alguém na Guiné-Bissau e nós, aqui na diáspora, vamos saber logo. Isso quer dizer que estamos a seguir de perto a situação política no país”, declarou Luciano Pereira. O organizador da manifestação do próximo dia 23 justifica a iniciativa como uma “necessidade urgente” para que os europeus, amantes da democracia e da liberdade, possam saber o que se passa na Guiné-Bissau, disse. “Em pleno século 21 há deputados, grandes empresários ou antigos governantes a serem sequestrados. Por isso, queremos pedir socorro à União Europeia como principal parceiro da Guiné-Bissau, conhecedores dos valores da paz no mundo”, sublinhou Luciano Pereira. O activista, que vive e trabalha na Bélgica, disse que durante a manifestação vão ser apre-
sentadas situações concretas de violações dos direitos dos cidadãos guineenses e manifestou a esperança de que este protesto “vai fazer mudar algo” na Guiné-Bissau. “Os europeus elegem a manifestação como algo de importante para fazer valer os direitos de um povo”, frisou Luciano Pereira. O activista considera que a Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), em vez de ajudar a resolver a crise política guineense está a piorá-la. Luciano Pereira entende que o problema da Guiné-Bissau é uma preocupação mundial, por ser também um país que faz parte do concerto das nações e que a partir da manifestação na sede da União Europeia “os outros vão acordar”. Entre outras queixas que os guineenses na diáspora irão levar à sede da UE no próximo dia 23, Luciano Pereira apontou situações em que, disse, alguns dirigentes do país estão a tentar transformar a democracia em ditadura. “O nosso objectivo é termos paz, democracia e liberdade no nosso país”, frisou Pereira, elogiando a atenção das autoridades belgas, que mesmo em confinamento ainda em vigor, permitiram a realização da manifestação no dia 23. O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, anunciou na Terça-feira que o Estado vai passar a monitorizar as comunicações entre os cidadãos, alegando que a medida visa ga-
rantir a segurança. Organizações da sociedade civil guineense têm denunciado detenções e espancamento de pelo menos uma centena de pessoas, incluindo políticos e empresários, vítimas de violência policial. A Guiné-Bissau está a viver um período de especial tensão política desde o início do ano, depois de a Comissão Nacional de Eleições ter declarado Umaro Sissoco Embaló vencedor da segunda volta das eleições presidenciais. Domingos Simões Pereira, dado como derrotado pela Comissão Nacional de Eleições, não reconheceu os resultados eleitorais, alegando que houve fraude e meteu um recurso de contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça, que não tomou, até hoje, qualquer decisão. Umaro Sissoco Embaló autoproclamou-se Presidente da Guiné-Bissau em Fevereiro e acabou por ser reconhecido como vencedor das eleições pela CEDEAO e restantes parceiros internacionais. Após ter tomado posse simbolicamente, o chefe de Estado demitiu o Governo liderado por Aristides Gomes, saído das eleições legislativas de 2019 ganhas pelo PAIGC, e nomeou um outro liderado por Nuno Nabian, líder da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APUPDGB), que assumiu o poder com o apoio das forças armadas do país, que ocuparam as instituições de Estado.
actual Governadora de Luanda faz primeiras mexidas no seu elenco A governadora provincial de Luanda, Joana Lina Ramos Baptista Cândido, procedeu, ontem, à exoneração e a nomeação de vários quadros do Governo da Província que dirige
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ma nota enviada a este jornal, indica que foram exonerados llda Maria Jamba, do cargo de secretária-geral do Governo da Província de Luanda, António Rosário Alex Mutunda, a seu pedido, do cargo de director do gabinete provincial de Ambiente, Gestão de Resíduos e Serviços Comunitários, Fernando Elísio Weba, do cargo de director do Gabinete Jurídico e de Intercâmbio do Governo da Província de Luanda. Também a seu pedido, Ikuma José Bamba, do cargo de director do Gabinete Provincial de Comunicação Social do Governo da Província de Luanda, Zinha Pereira Tomás da Silva Salvador, do cargo de directora adjunta do gabinete do Governador da Província de Luanda, Esteves Carlos Hilário, do cargo de assessor para os Assuntos Jurídicos. Joana Lina Ramos exonerou ainda José Manuel Moreno Mendes Fernandes, do cargo de assessor para os Assuntos Económicos, Júlio Sebastião Fernandes de Carvalho, do cargo de assessor para os Assuntos Sociais, Nádia Agostinho Borges da Conceição Monteiro, do cargo de assessora para os Assuntos Institucionais, Adolfo Carlos Lima, do cargo de chefe de Departamento de Relações Públicas e Protocolo da Secretaria Geral. Carlos Paulo Gamboa de Lemos, a seu pedido, do cargo de chefe do Departamento de Gestão do Orçamento e Contabilidade da Secretaria Geral. A nova governadora de Luanda exonerou ainda Gabriel Bunga, do cargo de chefe de Departamento de Assessoria Jurídica e Contencioso do Gabinete Jurídico e de Intercâmbio. Noutro despacho, a governadora de Luanda nomeou Adriano José Lembe Mangovo, para o cargo de secretário -geral do Governo da Província de Luanda, Domingos
Joana Lina Ramos Baptista Cândido
de Alegria Econgo, para o cargo de director do Gabinete Jurídico e de Intercâmbio, Ernesto Gouveia Mungongo, para o cargo de director do Gabinete Provincial de Comunicação Social do Governo da Província de Luanda. Vânia Soraya Magalhães Mendes Vaz, para o cargo de directora do Gabinete Provincial de Ambiente, Gestão de Resíduos e Serviços Comunitários, Moisés David Milagre Loké, para o cargo de director-adjunto do Gabinete da Governadora da Província de Luanda. Ainda no quadro das movimentações, Joana Lina Baptista indicou Dilson Dário Simão Bamba, para o cargo de assessor Jurídico da Governadora, Sandra Caetano Batalha, para o cargo de assessora para a Área Política e Social da Governadora, Pedro Kilombo Palata, para o cargo de assessor Económico da governadora. Na extensa lista, consta ainda Carlos Cépura Neto André, para o cargo de chefe do Departamento de Assessoria Jurídica e Contencioso do Gabinete Jurídico e de Intercâmbio, Joana Mendonça Zua, para o cargo de chefe do Departamento de Intercâmbio do Gabinete Jurídico e de Intercâmbio, Manuel Pedro Panzo, para o cargo de chefe do Departamento de Relações Públicas e Protocolo da Secretaria Geral do Governo da Província de Luanda.
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Estudo diz homens angolanos superam mulheres na defesa da igualdade salarial em funções iguais
Dois terços dos angolanos defendem que as mulheres devem receber salário igual ao dos homens com funções iguais, revelou o novo inquérito do Afrobarometer, liderado pela Ovilongwa – Estudos de Opinião Pública, a cujos resultados OPÁIS teve acesso ontem
O
estudo diz que os homens são tão favoráveis à igualdade salarial quanto as mulheres e que a maioria dos inquiridos asseguraram que a paridade de género é uma realidade em Angola, sobretudo nas oportunidades de acesso à escola, traba-
lho e posse ou herança de terras. À pergunta “por favor, diga-me se discorda ou concorda com as seguintes afirmações: os homens e as mulheres que desempenham funções iguais devem receber salários iguais?” 67 por cento disse concordar, contra 66 por cento das mulheres.
Entretanto, os pesquisadores afirmam que os angolanos residentes no espaço urbano são mais favoráveis à paridade salarial do que no espaço rural, numa margem de 72% contra 55%. Instados a fazerem uma discrição sobre as condições que contribuem para que haja tal desigual-
O PAÍS Quinta-feira, 09 de Julho de 20
dade, seis em cada 10 inqueridos afirmaram que actualmente, em Angola, as meninas e meninos desfrutam de igual oportunidade para estudar. 65% é de opinião que as mulheres têm as mesmas oportunidades que os homens de obter rendimentos do trabalho e 61% diz que As mulheres têm as mesmas oportunidades que os homens de comprar ou herdar terras. “Os angolanos residentes no meio rural são tendencialmente menos favoráveis à igualdade de oportunidade entre homens e mulheres no acesso à escola, ao trabalho e na posse ou herança de terras”, diz o estudo. No que tange os desafios que as mulheres angolanas enfrentam, os pesquisadores analisaram também outros indicadores relacionados com as oportunidades económicas e concluíram que elas são tendencialmente menos favorecidas que aos homens. Isso ocorre no ensino secundário e ensino universitário, no processo de tomada de decisão sobre o uso dos recursos financeiros da família e no uso da Internet “todos dias” ou “algumas vezes por semana. A percentagem é de 31% mulheres e 39% para os homens. Os pesquisadores concluíram que com isso, as mulheres estão em desvantagem comparativamente aos homens noutros indicadores relevantes como a paridade económica, incluindo obtenção de graduação académica, poder de decisão financeira e a acesso regular à Internet. Diz que esta constatação chama a atenção para o caminho que se precisa percorrer para cumprir o 5º Objectivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, “Alcançar a igualdade de género e empoderar todas as mulheres e meninas.” Em 2019, Angola ficou na posição 112º entre 129 países no Índice de Igualdade de Género ODS 2030. Os pesquisadores Carlos Pacatolo e David Boio, do Ovilongwa – Estudos de Opinião Pública, esclarecem que no referido estudo que foram entrevistados 2.400 angolanos adultos, entre 27 de Novembro e 27 de Dezembro 2019. “Uma amostra deste tamanho produz resultados nacionais com uma margem de erro de +/- 2 pontos percentuais e um nível de confiança de 95%”. O Afrobarometer é uma rede de pesquisa pan-africana e não-partidária que fornece dados quantitativos fiáveis sobre a vivência e avaliação dos africanos da democracia, da governação e da qualidade de vida. Foram realizadas sete rondas de pesquisas de opinião pública em 38 países, entre 1999 e 2018. A 8ª Ronda está prevista em 35 países africanos, entre 2019/2020. O Afrobarometer realiza entrevistas face a face na língua da escolha do entrevistado, com uma amostra nacional representativa.
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Exercício do Direito de Resposta e de Rectificação
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om referência ao assunto em epígrafe, levamos ao conhecimento de V. Exa que, no dia 26 de Junho de 2020, foi publicado na página oficial da internet do Jornal “O País” – opais.co.ao – , na secção de Notícias de Última Hora, um artigo com o título “Brasileiros da IURD acusados de contratar marginais para atentar contra a vida de angolanos”, cuja autoria e responsabilidade da sua preparação e difusão são desconhecidos. A referida notícia colocada na página oficial do Jornal “O País” para divulgação, o sumário da mesma está redigido da seguinte forma: “O pastor da Igreja Universal do Reino de Deus Fernando Teixeira, de nacionalidade brasileira, está a ser acusado pelos seus colegas de nacionalidade angolana de ter contratado 40 supostos marginais para atentarem contra as suas vidas e das suas famílias, em troca de 500 mil kwanzas para cada um deles”. O teor acusatório e imputacional contra o Senhor Fernando Teixeira continua ao longo de todo o texto da notícia, através de uso de várias expressões com teor ofensivo à honra e a dignidade do visado, o Senhor Fernando Teixeira, bem como, contra a emissora de televisão, Rede Record de Televisão Angola, a qual é também acusada de conflicto de interesses no diferendo que opõe a Igreja Universal do Reino de Deus e os demais membros e Ministros de Culto. Ora, não existem dúvidas que o teor das referidas acusações foram exponencialmente aumentadas pelo facto de terem sido realizadas de forma pública e por intermédio do meio de comunicação social em causa, sem que fosse concedido previamente o direito ao contraditório quer por parte do Senhor Fernando Teixeira, quer por parte da Rede Record de Televisão Angola, os quais em ne-
nhum momento foram contactados para esclarecer o que quer que fosse. Desta forma, quer o Senhor Fernando Teixeira, quer a Rede Record de Televisão Angola, consideram, que, para além das questões de natureza ética e das regras de trato social claramente postergadas pela forma como este assunto de elevada seriedade e de extrema ressonância social foi tratado pelos colaboradores do Jornal “O País”, também o modo de actuação e os procedimentos escolhidos para levar ao conhecimento do público em geral a matéria objecto de tratamento jornalístico permitem concluir pela inobservância dos princípios de objectividade, rigor, isenção e garantia da protecção ao bom nome, imagem e reputação do Senhor Fernando Teixeira e Rede Record de Televisão Angola entidade empresarial que dirige, que se encontram consagrados nas disposições combinadas do artigo 40.º, da Lei Fundamental e, bem assim, do artigo 7.º, da Lei de Imprensa (Lei n.º 1/17, de 23 de Janeiro de 2017). Pelas razões abaixo indicadas, quer o Senhor Fernando Teixeira, quer a Rede Record de Televisão Angola consideram, igualmente, que as acusações divulgadas na página oficial do Jornal “O País”, são infundadas, levianas e prejudiciais e atentatórias ao bom nome e reputação das referidas entidades, razão pela qual vêm, pela presente, exercer o seu direito de resposta e de rectificação, nos termos dos artigos 73.º, e seguintes da Lei de Imprensa, como se segue: – Do Direito de Resposta e de Rectificação – As várias acusações 1 formuladas contra o Senhor Fernando Teixeira e a Rede Record de Televisão Angola, Lda, assentam exclusivamente no conteúdo de um suposto “comunicado de imprensa” realizado por um grupo de pessoas que nos últimos dias foi notícia em Angola e no Mundo por
terem entrado em conflicto directo com a Entidade Religiosa à que pertenceram anteriormente. Tal comunicado alegadamente públicado nas redes sociais foi a principal fonte de informação utilizada na preparação de uma notícia que vexou, achincalhou e atacou o Senhor Fernando Teixeira e a Rede Record de Televisão Angola, sem que tivessem tido a oportunidade prévia para esclarecerem os factos objecto da matéria tratada. Tal como é do conheci2 mento público – desde as Autoridades Nacionais e ao próprio Jornal “O País” – o Sr. Fernando Teixeira se encontra em Angola há cerca de 8 (oito) anos para exercer única e exclusivamente às funções de Director Executivo da Rede Record de Televisão Angola, sendo, portanto, titular de um visto válido e emitido regularmente para àquela finalidade. 3 No exercício das suas funções, o Sr. Fernando Texeira está inteiramente focado e absorvido, nas funções relacionadas com a gestão, expansão e desenvolvimento dos vários conteúdos programáticos da Rede Record de Televisão Angola na República de Angola e no continente Africano, não assumindo nenhuma outra função para além daquela que se encontra referenciada acima. Com efeito, lamenta4 se que, o referido órgão de comunicação social mesmo tendo conhecimento da situação profissional do Senhor Fernando Teixeira, opte por divulgar, de forma leviana e sem qualquer rigor, uma notícia cujo principal objectivo foi ferir a honra, dignidade e a imagem de pessoas e instituições. A forma inqualificá5 vel que assume o teor da referida notícia e os objectivos torpes pretendidos com a mesma podem ser igualmente confundidos com os próprios factos tratados na referida notícia. Na verdade, conforme divulgado amplamente nos vários
meios de comunicação social, nenhum dos envolvidos no conflicto ocorrido, no dia 2406-2020, no templo da Igreja Universal do Reino de Deus do Morro Bento, em Luanda, manteve-se detido pelas Autoridades Policiais nem reportado à ocorrência de ofensas à integridade física entre os envolvidos. Presente em vários pa6 íses, a Rede Record de Televisão Angola modela a sua actuação em linha com os princípios da liberdade de imprensa e de informação, salvaguardando, sempre, os princípios da independência, imparcialidade e pluralismo democrático perante qualquer entidade quer seja ela pública ou privada. 10. Pelo que resulta do direito de resposta e ao contraditório acima referenciados, os leitores do Jornal “O País” devem ter presente que o Sr. Fernando Texeira e a Rede Record de Televisão Angola não têm nenhuma relação com os factos tratados e divulgados na página oficial do referido meio de comunicação social, os quais, para além de serem atentórios à honra, reputação pessoal, empresarial e a imagem dos visados, foram tornados públicos sem consulta ou contraditório prévio dos mesmos. Assim, no exercício dos direitos que lhes são expressamente conferidos pela Lei n.º 1/17, de 23 de Janeiro e, concretamente, pelos seus artigos 73.º a 77.º, o Sr. Fernando Teixeira e a Rede Record de Televisão Angola solicitam a publicação e divulgação, em conformidade com as exigências e termos legais, a publicação do presente direito de resposta e de rectificação, nos termos exactos e com o destaque dado ao artigo ao qual se responde. Sem outro assunto de momento, subscrevemo-nos, atenciosamente, Pelos Mandatários, Com poderes para o efeito
desporto
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O PAÍS Quinta-feira, 09 de Julho, de 2020
“Fundistas” alinhados na corrida à presidência da FAA dr
Os candidatos ao cadeirão máximo da Federação Angolana de Atletismo (FAA) são obrigados a convencer a massa votante, uma vez que os problemas que enfermam a disciplina são conhecidos mesmo de olhos fechados
Sebastião Félix
Q
uatro candidatos concorrem nas eleições na Federação Angolana de Atletismo (FAA), visando o ciclo olímpico 2020/2024. No órgão que rege a modalidade no país, às eleições acontecem no dia 07 de Setembro próximo. O presidente cessante Bernar-
do João, Gertrudes Sepúlveda, Adriano Nunes e António Andrade são os concorrentes. Aliás, os dois primeiros já anunciaram publicamente que vão “lutar” nas urnas
em nome do atletismo angolano, modalidade que está longe do que já fez no passado. O presidente cessante, alvo de em muitas críticas pe-
la sua gestão, pretende continuar a trabalhar, mas com uma nova dinâmica em termos técnicos e administrativos. Pela forma como vive a mo-
“Luanda e Cazengo não podem prejudicar o país” Mário Silva
D
epois de o Governo ter voltado a suspender as competições e treinos desportivos, face ao aumento de casos positivos de Covid-19 em Luanda e no Cazengo (Cuanza-Norte), o comentador Paulo Tomás disse, ontem, a OPAÍS, que as duas localidades supracitadas não podem prejudicar todo o país. Paulo Tomás espera que aqueles pontos onde ainda não se re-
gistaram casos de Coronavírus comecem a criar condições de bio-segurança, de modo a retornarem às actividades, de forma tímida. “Nas cidades que estão submetidas à cerca sanitária é viável a suspensão das competições, porque estamos cada vez mais ameaçados e não podemos esquecer que é muito por culpa do nosso comportamento”, reconheceu. O antigo jogador dos Palancas Negras revelou que os angolanos não cumpriram devidamente as
orientações das autoridades sanitárias, por isso, hoje, em função das debilidades de saneamento básico que há no país, verifica-se a propagação de casos positivos. Apesar dos horários restritos, das 5:30 às 7:30 da manhã e das 17:00 às 19 horas, que foram permitidos para a prática de exercícios individuais até 9 de Agosto, Paulo Tomás aconselhou os desportistas a aproveitarem com consciência o período das actividades, mas com as medidas de prevenção que são exigidas.
Aliás, os treinos devem ser efectuados com o ajuntamento máximo de cinco pessoas, o contrário é passível de multa avaliada em cinco mil kwanzas. Para o comentador, conseguir dinheiro nesta fase está difícil e muito mais para pagar multas. Aconselhou os fazedores de exercícios físicos a serem disciplinados, porque os agentes da ordem e de segurança vão fiscalizar todos os pontos de treinamento: “vamos preservar o bem vida!”.
dalidade, Bernardo João tem a obrigação de convencer os filiados com argumentos sólidos. De outro modo, arrisca-se a perder para um dos três concorrentes, uma vez que entram na corrida conhecendo as falhas da gestão anterior. Gertrudes Sepúlveda fez parte do elenco do presidente cessante, logo, tem em mãos os elementos que nortearam o fracasso de Bernardo João. A antiga praticante apresenta nos próximos dias o seu programa e, segundo uma fonte ligada ao processo, a sua agenda, com inovações pontuais para a modalidade. Os outros dois candidatos, António Andrade e Adriano Nunes, ainda não deram oficialmente o tiro de largada, mas oficiosamente já estão na pista. Tudo indica que nos próximos dias estarão preparados para o pleito, uma vez que será presidente o projecto que melhor convencer. Os dois candidatos conhecem os corredores da FAA, aliás trabalharam em vários mandatos e num abrir e fechar de olhos descortinam os vícios que enfermam aquele órgão.
O PAÍS Quinta-feira, 09 de Julho, de 2020
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Jean Jacques aposta no resgate
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antigo internacional angolano Jean Jacques da Conceição pretende resgatar a mística do basquetebol angolano, caso vença as eleições na federação angolana da modalidade, acto que acontece em Setembro do corrente ano. Em conferência de imprensa, na apresentação oficial da sua candidatura ao cadeirão máximo da FAB, para o ciclo olímpico 2020/2024, o único africano a fazer parte no hall da Fama da FIBA disse que o objectivo é voltar aos tempos dos triunfos e da disciplina financeira. Referiu não ser tarefa fácil, mas vai contar com o contributo de todos para a concretização dos objectivos traçados. “Não se admite vermos antigos praticantes, que deram o seu sangue em prol do basquetebol, totalmente desinteressados da modalidade. Não vão aos pavilhões, muito menos querem ouvir falar desta disciplina que já deu onze títulos africanos ao país. “Não podemos deixar que a situação continue assim, vamos resgatar os valores perdidos”, exprimiu o antigo poste. Para isso, Jean Jacques da Conceição, que já teve uma passagem no órgão reitor da modalidade, no consulado de Gustavo da Conceição, como vice-presidente, estará aberto a outras ideologias, desde que sejam positivas e para voltar a levar Angola aos mais altos níveis.
Club Africain da Tunísia proibido de recrutar futebolistas, diz FIFA
O
Clube Africano da Tunísia está novamente proibido de recrutar até encontrar uma solução para caso do jogador congolês Fabrice Ondama, após vencer o prazo para pagar ao futebolista o que lhe é devido, segundo uma decisão da Federação Internacional de Futebol (FIFA). O Clube Africano recebeu uma correspondência da FIFA na qual esta informa que doravante este está oficialmente proibido de recrutar para as próximas três temporadas de transferências. Esta proibição cessará depois do pagamento dos direitos do jogador, estimados em 856 mil dólares americanos, segundo a FIFA. O jogador congolês, recrutado em 2017, teve uma má experiência com o clube, indica-se.
Federer assume final de carreira “cada vez mais próximo”
Mourinho pragmático: “prefiro a Liga Europa a ficar fora das competições europeias”
No próximo mês de Agosto, Roger Federer completará 39 anos de idade e o suíço assumiu, em entrevista à revista alemã Zeit, que a sua brilhante carreira no circuito ATP está perto de chegar ao fim. “O momento da minha retirada está cada vez mais próximo. Estou consciente de que vou ter imensas saudades do circuito”, assumiu o helvético, recordista de títulos do Grand Slam (20) na história do ténis.
José Mourinho nunca escondeu que não morre propriamente de amores pela Liga Europa, colocando sempre o foco na Liga dos Campeões. Porém, com o Tottenham no oitavo lugar da Premier Laegue, reconhece o treinador português que o objectivo prioritário da equipa londrina passa por garantir presença nas provas da UEFA na próxima temporada. “Estamos a lutar pelos lugares europeus. Se me perguntarem se prefiro não estar na Europa ou jogar na Liga Europa, digo que prefiro estar na Liga Europa. E é por isso que temos de lutar”, frisou Mourinho, em conferência de imprensa.
Leipzig assegura terceiro reforço para a próxima época Depois de confirmar a contratação do avançado coreano HeeChan Hwang junto do Salzburgo, o RB Leipzig assegurou, também nesta Quarta-feira, a terceira adição ao plantel para a temporada 2020/21. Josep Martinez, guarda-redes espanhol de 22 anos, já tinha sido assegurado por €2,5M junto do Las Palmas. Trata-se do lateral-direito Benjamin Henrichs, de 23 anos, que chega à equipa de Julian Nagelsmann por empréstimo dos franceses do Mónaco, com o RB Leipzig a garantir opção de compra no final da próxima época. Henrichs foi contratado ao Leverkusen no verão de 2019 por avultada quantia - cerca de 25 milhões de euros - mas fez apenas 15 jogos pelo Mónaco.
classificados emprego
O PAÍS Quinta-feira, 09 de Julho de 2020
imobiliário
Urbanização Vila do Cacuaco
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diversos
OPINIÃO
O PAÍS Quinta-feira, 09 de Julho de 2020
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Porfírio Mambo*
A RENÚNCIA DO APELIDO ADOPTADO POR QUALQUER UM DOS CÔNJUGES NÃO É POSSÍVEL NA CONSTÂNCIA DO CASAMENTO
C
onfrontei-me, em 2016, pela primeira vez, enquanto Conservador, com o pedido de renúncia do apelido da cônjuge adoptado por um jovem, recém casado, que tinha manifestado a vontade de o adoptar no processo preliminar e reafirmado tal desejo no acto matrimonial. Para fundamentar o seu requerimento, o jovem alegou pressão familiar, sobretudo de parentes mais próximos que prometeram não frequentar a sua casa enquanto aquela situação se mantivesse. Preocupado com aflição e a instabilidade do jovem, pedi a ele um tempo e me propus estudar a lei, antes de decidir se era ou não procedente o pedido por si sufragado. Hoje, quase quatro anos passados da data da resposta dada ao referido jovem, retomo, nesta abordagem, as razões que fundamentaram a minha decisão de considerar improcedente a pretensão de o mesmo renunciar, na constância do casamento, o apelido da cônjuge que tinha acabado de adoptar. Na verdade, a reflexão que aqui me proponho fazer decorre também do facto de ter constatado que existem certos conservadores que perfilham opinião contrária da minha, entendendo que é possível sim na vigência do matrimónio a renúncia do apelido adoptado pelo cônjuge. Os Conservadores com quem partilhei a questão em voga e que entendem ser possível a renúncia do apelido, têm assim procedido a coberto de um processo que denominam de renúncia de apelido e se socorrem do disposto no artigo 131.º n.º 2, al. d) do Código do Registo Civil, para justificarem essa prática. Perfilho a ideia de que o disposto no artigo supra não se aplica à renúncia do apelido do cônjuge na
vigência do matrimónio, mas sim, a situações de dissolução do casamento por morte, na medida em que o cônjuge sobrevivo mantém o direito ao uso do nome, enquanto não contrair novo casamento, artigo 36º n.º 3 do Código de Família. Ou seja, o cônjuge sobrevivo como o que possui quanto ao uso do nome do cônjuge falecido é um direito, então assiste a si, exercê-lo ou não. Se decidir não o exercer,
estará, obviamente, renunciando o uso do apelido adoptado por força do matrimónio. E aí, claro está, para que tal ocorra basta um requerimento dirigido ao Conservador competente, observando-se assim, uma excepção à regra plasmada no número 1 do aludido artigo 131.º, já que resulta deste número que é competente para autorizar a alteração do nome fixado no assento, o Ministro
da Justiça e dos Direitos Humanos. É certo, que a letra da alínea d) do n.º 2 do artigo 131.º do Código do Registo Civil, parece favorecer o entendimento dos meus homólogos se a sua interpretação não atender ao disposto na Constituição, artigo 35.º n.º 1 e o versado no já citado artigo 36.º do CF no qual não só se consagra a possibilidade de adopção de apelido como igualmente se verte a situação
(dissolução do casamento) em que seria admissível a perda do direito ao uso do apelido adoptado em virtude do casamento. Porém, da situação referida avultam duas possibilidades, a primeira seria no caso de dissolução por divórcio, pois um dos corolários do foro pessoal do divórcio é efectivamente a perda do direito ao uso do nome adoptado (art.º 36.º n.º 2 e 80.º al. c do CF) e a segunda, no caso da dissolução por morte de um dos cônjuges e o sobrevivo pretender renunciar o direito ao uso do apelido adoptado por força do casamento, entretanto, dissolvido pela morte (art.º 36.º n.º 3 e 21.º ambos do CF, conjugado com o artigo 131.º n. 2 al. d) do CRC, e o disposto na Constituição artigo 35.º n.º 1 e 3). Do exposto, resulta claro que o direito de usar o apelido adoptado por força do casamento, no quadro legal vigente, cessa apenas com a sua dissolução; sendo que no caso de dissolução por divórcio, tal se regista independentemente da vontade dos cônjuges, quer queiram ou não queiram manter o referido direito; ao passo que, no caso de dissolução do casamento por morte de um dos cônjuges, esse direito, somente cessa caso o cônjuge sobrevivo manifeste essa vontade (renunciando-o), de contrário mantê-lo-á até contrair novas bodas, altura em que, quer queira quer não, o direito de usar o apelido de casado deve cessar. Em suma, razões de legalidade, de segurança e certeza jurídicas, de protecção e salvaguarda da harmonia familiar fundamentam o meu ponto de vista, segundo o qual não é possível a renúncia do apelido adoptado em virtude do casamento enquanto o mesmo não for dissolvido. *Conservador
TEMPO
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O PAÍS Quinta-feira, 09 de Julho de 2020
PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES VÁLIDA DE 09 A 11 DE JULHO DE 2020 INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 09 à 11 de Julho de 2020 Data 09/07/2020
CIDADE
Estado do Tempo
Data 10/07/2020 Estado do Tempo
Data 11/07/2020 Estado do Tempo
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LUANDA
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Céu nublado pela manhã / neblina matinal
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CABINDA
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SUMBE
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CAXITO
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Céu nublado pela manhã / neblina matinal
MBANZA CONGO
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UIGE
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NDALATANDO
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MALANJE
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DUNDO
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SAURIMO
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HUAMBO
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Céu geralmente limpo
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Céu geralmente limpo
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Céu geralmente limpo
CUITO
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Céu geralmente limpo
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Céu geralmente limpo
LUENA
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Céu geralmente limpo
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LUBANGO
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Céu geralmente limpo
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Céu geralmente limpo
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Céu geralmente limpo
MENONGUE
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MOÇÂMEDES
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ONDJIVA
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Céu geralmente limpo
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Céu geralmente limpo
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Céu geralmente limpo
Fonte: INAMET
Das 18 horas do dia 07 às 18 horas do dia 08 de Julho de 2020 NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu pouco nublado em quase toda a região, com períodos de céu nublado durante a madrugada e manhã nas províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte e Cuanza-Sul. Possibilidade de ocorrência de nevoeiro ou neblina matinal em alguns municípios das províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte e Cuanza-Sul. REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu pouco nublado em toda região, com períodos de céu parcialmente nublado durante a madrugada e manhã na província de Benguela. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios da província de Benguela. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu limpo em toda a região, com períodos de céu nublado durante a madrugada e manhã na província do Namibe. Possibilidade de ocorrência de nevoeiro ou neblina matinal em alguns municípios da província do Namibe.
Os Meteorologistas: Domingos Nsoko Pedro Luanda, 08 de Julho de 2020 Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao
TEMPO no mar
Fonte: INAMET
BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
3.DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 UTC DO DIA 08/07/2020 ÀS 18:00 UTC DO DIA 09/07/2020 0
1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 08 DE JULHO DE 2020:
Circulação Sul - Sudeste fraca a moderada entre os paralelos 4°S e 12°S (Cabinda até ao Cuanza-Sul) e circulação de Sul - Sudeste moderada a Sul do paralelo 12°S.
1. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ ÀS 18:00 TU DO DIA 09 DE JULHO 2020: SEM AVISO
O Anticiclone de Santa Helena, com sua pressão central de 1020hPa a 1025hPa, enquanto se desloca para Leste influenciará assim no padrão e na intensidade do vento durante as próximas 24 horas. A altura das ondas máximas previstas estará entre 1.4 a 1.8 metros na regiões marítimas de Cabinda a Benguela, e 2.4 metros para a região marítma do Namibe. Possibilidade de ocorrência de nevoeiro ou neblina matinal na região marítima do Namibe.
4. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA
Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.
OPINIÃO
O PAÍS Quinta-feira, 09 de Julho de 2020
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João Demba
Acho que já vivi isso: Luanda e metro por superfície
D
evemos suspeitar dos grandes projectos, das grandes intenções, das fases dos projectos. As últimas duas décadas do nosso século comportam exemplos nas mais diversas áreas. Talvez o conhecimento da realidade de quem gere as receitas e projectos públicos, seja realmente diferente do conhecimento de que é gerido: o povo. Talvez não tenhamos apreendido o suficiente com actos do passado. Talvez a lógica de que os objectivos de quem gere e de que é gerido são diferentes, seja uma realidade também ao nível da gestão das receitas e projectos de investimentos públicos. Talvez estejamos a construir outros novos procedimentos, novas metodologias, novos modos de ser e estar, cujo os argumentos de razão não sejam suficientemente capazes de nutrir a nossa crença. Talvez a não responsabilização de quem faz opinião, de quem justifica, de quem dissemina as intenções e projectos, seja um mal a ser “cavado”. Talvez muitos de nós possamos estar equivocados, mas, como a prática social é o critério da verdade, levamos a suspeitar profundamente de determinadas opções, principalmente as opções de grandiosos projectos e ou intenções. Por que teimar no metro de superfície numa cidade com elevados problemas de distribuição fornecimento regular de energia eléctrica? De fraca cultura de prestação de serviços? Com inúmeras questões sociais imediatas por se resolver? Por que insistir no metro de superfície numa cidade que precisa de resolver de forma imediata
a multiplicidade de constrangimentos que os nossos irmãos angolanos enfrentam todos os dias para se locomover? Por que insistir no metro por superfície numa cidade em que se conhece os horários, dias, e rotas de elevado constrangimento rodoviário? Por que insistir num metro por superfície, que acarreta consigo previsíveis e enormes ameaças, constrangimentos de execução e concretização a tempo certo? Porque? É verdade que as medidas com
efeitos de longo prazo têm sido as mais aconselhadas na grande maioria dos projectos e ou investimentos. Entretanto, elas devem conviver com medidas e ou projectos de curto prazo. O cenário mundial que a que estamos sujeitos na actualidade (Covid-19) é um bom exemplo da necessidade de convivência harmoniosa de investimentos em projectos e ou acções de curto e longo prazos. Imagino que quando decidimos vender o nosso automóvel já velhinho para adqui-
rir um novo e melhor, certamente acautelamos a nossa locomoção sem grandes constrangimentos desde o período de venda ao da aquisição do novo veículo. As acções de implementação de curto prazo e principalmente em economias como a nossa, que ambiciona sua formalidade, podem apresentar-se como óptimas para a diminuição de dualidade de questões concretas de quem governa e de quem é governado, muitas delas, diárias. SeDR
gundo o INE (2014) apenas 40% da população angolana com mais de 15 anos actua no mercado formal. No entanto, as inúmeras notícias de aviso e ou de concretização de despedimentos dos últimos meses (Banco BPC; EKA; LUANDINA…) levam-nos a suspeitar que nos próximos tempos esta percentagem seja muito menor. Além de além aliviarem diversas carências, certamente contribuem para um elemento que muito negligenciamos, mas de grande importância para o progresso do país: a circulação monetária massiva na economia formal, com grande ênfase para as transações electrónicas. O que penso e o defendo em relação ao deveria ser feito? Concursos públicos para a exploração de serviços de transportes colectivos segmentados por municípios e ou rotas na cidade de Luanda, devidamente definidas, cujo o preço da passagem pudesse ser definido juntamente com o departamento ministerial respectivo, alinhado ao poder de compra real da grande maioria das famílias, podendo as empresas vencedoras destes concursos, beneficiarem de algum tipo de alívio fiscal. Segundo o INE (2018) 59% do total de empresas registadas em Angola estão em Luanda. Certamente é mais rápido e prático, definir as rotas e municípios, organizar e finalizar o concurso, definir o preço da passagem, colocar os transportes a funcionar, além do maior número e abrangência de angolanos que poderá beneficiar no curto prazo, do que apostar isoladamente na operacionalização do metrô por superfície, com resultados não tão abrangentes a longo prazo.
Última 32 O PAÍS Quinta-feira, 09 de Julho de 2020
Taxas de Câmbio dos Bancos Comerciais Quinta-Feira, 09 de Julho de 2020
Taxa de Câmbio Actual Compra
Venda
BANCOS COMERCIAIS
USD/KZ
EUR/KZ
USD/KZ
EUR/KZ
Banco de Crédito do Sul - (BCS)
568,914
641,649
618,956
698,088
Finibanco Angola - (FNB)
561,500
634,439
610,201
689,467
Banco Comercial do Huambo - (BCH)
582,944
660,185
606,146
686,461
Banco Valor - (BVB)
558,583
631,024
601,506
679,514
VTB África - (VTB)
563,225
635,233
601,170
678,029
Banco Keve - (BKEVE)
559,145
633,232
598,513
680,401
Banco Comércio e Indústria - (BCI)
563,020
635,002
597,565
673,962
Standard Bank Angola - (SBA)
568,914
641,649
597,360
673,731
Banco BAI Microfinanças - (BMF)
577,299
652,174
596,108
673,422
Banco de Poupança e Crédito - (BPC)
559,986
628,668
595,985
673,573
Banco Angolano de Investimentos - (BAI)
583,960
659,817
595,877
673,282
Banco Sol - (BSOL)
567,229
640,913
595,877
673,282
Banco de Negócios Internacional - (BNI)
561,500
634,439
594,731
671,988
Banco Económico - (BE)
574,489
647,937
594,714
670,748
Banco de Fomento Angola - (BFA)
568,914
641,649
594,515
670,523
Banco Caixa Angola - (BCGA)
574,603
648,065
591,898
667,572
Banco de Investimento Rural - (BIR)
568,914
641,649
591,671
667,315
Banco da China Limitada - Sucursal - (BOCLB)
546,157
615,983
591,671
667,315
Banco Prestígio - (BPG)
546,157
620,309
591,671
672,001
Banco BIC - (BIC)
564,647
636,837
589,964
667,315
Banco Comercial Angolano - (BCA)
566,069
638,441
588,826
664,107
Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA)
566,075
640,372
588,229
674,752
Standard Chartered Bank Angola - (SCBA)
551,960
622,519
586,095
659,112
Banco Millenium Atlântico - (ATL)
566,069
638,441
585,981
660,898
Banco Yetu - (YETU)
568,914
641,649
585,981
662,823
Banco Kwanza Invest - (BKI)
560,067
632,821
584,418
660,335
Taxa Média dos Bancos Comerciais
565,356
638,273
595,217
672,693 Fonte: BNA
Caso necessite de moeda estrangeira, dirija-se sempre aos bancos comerciais ou às casas de câmbio autorizadas. Não realize operações de compra ou venda de moeda estrangeira na rua/mercado informal, pois tal acarreta muitos riscos e é ilegal.
O que saber sobre o Coronavírus…
“O
álcool ou qualquer mistura com álcool a mais de 65% dissolve qualquer gordura, sobretudo a camada lipídica externa que protege o vírus”. “Qualquer mistura com uma parte de cloro e cinco partes de água dissolve directamente a proteína, desintegrando o vírus”. “O vírus não é um organismo vivo, mas sim uma molécula de proteína (ARN) coberta por uma camada protectora de lípido (gordura), que ao ser absorvida pelas células das mucosas ocular, nasal ou bucal, alteram o código genético delas (mudam) e as convertem em células agressoras multiplicadoras”. “O vírus conserva-se muito estável em ambientes frios, húmidos e escuros”. “Nenhum bactericida serve! O vírus não é um organismo vivo como a bactéria, e se não está vivo não se pode matar com antibióticos, os vírus são desintegrados. Daí que a solução está em romper a sua cadeia de propagação e mutação”. “O vírus não atravessa a pele sã”. “O calor muda o estado da matéria da gordura da camada protectora do vírus, por isso é bom usar água a mais de 25 graus centígrados para lavar as mãos, a roupa e locais em que nos encontre-
mos”. “Não sacudam! Esfreguem as superfícies com álcool, cloro (lixívia), água oxigenada ou detergente! O vírus agarrado a uma superfície se desintegra algum tempo segundo a matéria de que é feita esta superfície. 3 horas (tela porosa), 4 horas (cobre e madeira), 24 horas (cartão), 42 horas (metal) e 72 horas (plástico). Se se sacudir o vírus volta a flutuar no ar e pode alojar-se no nariz”. “Como o vírus não é um ser vivo senão uma molécula de proteína, não se mata, mas se desintegra. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e tipo de material onde repousa”. “A água oxigenada dissolve a proteína do vírus, isto ajuda muito depois do uso de sabão, álcool ou cloro para atacar o vírus, mas há que usá-la pura e se se usar na pele a pode ferir”. “O vírus é muito frágil, o único que o protege é uma camada externa muito fina de gordura, por isso é que qualquer tipo de sabão é o melhor remédio, porque a espuma corta a gordura (há que esfregar-se por 20 segundos no máximo e fazer muita espuma. Ao dissolver a camada de gordura se dispersa e desintegra por si”. UMA RECOMENDAÇÃO VALIOSA Use a mão não dominante para abrir as portas em casa, escritório, transporte, banhos, etc., já que é muito difícil que venha a tocar o rosto com essa mão. Na Coreia do Sul foi muito difundida esta iniciativa.