Zungueira espancada por fiscais da Administração do Lubango clama por apoio para alimentar dois filhos actual: A vendedora ambulante que foi brutalmente espancada por fiscais da
Administração Municipal do Lubango enfrenta dificuldades para alimentar os seus dois filhos e irmãos, e para a compra de medicamentos. P. 26 www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @jornalopaís facebook/opaís.angola @jornalopais
Director: José Kaliengue
O diário da Nova Angola Edição n.º 1895 Sábado, 11/07/2020 Preço: 40 Kz
Suspeitas de desvio de adubos levam administrador do balombo À cadeia
Huíla sai limpa de teste de Covid-19
Política: O Serviço de Investigação Criminal executou, na tarde de Quinta-feira, 09, um mandado de detenção lavrado pelo Ministério Público contra o administrador municipal do Balombo, Júlio Cuanza Santos, e mais seis cidadãos, por suspeita de peculato, burla por defraudação, tráfico de influência, associação criminosa. Fontes da PGR confidenciaram a OPAÍS que os arguidos são acusados de terem desviado adubos avaliados em 25 milhões de Kwanzas. P. 9
l As suspeitas de um caso de Covid-19 no Lubango, capital da Huíla, foram dissipadas, ontem, com o resultado negativo do exame de biologia molecular, enquanto Luanda, o epicentro da doença no país, registou mais 4 novos casos. P. 2
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FNLA: ala de Ngonda escuda-se na Covid-19 para não convocar congresso l A Ala liderada por Ndonda Nzinga pretende realizar o seu Congresso em Setembro do ano em curso, para retirar Lucas Ngonda da liderança da FNLA. P. 8
depois de entrevista ao opaís:
Presidente do sindicato dos médicos sob processo disciplinar P. 10 e ainda no cartaz: De regresso à tradição Carlitos Vieira Dias “solta notas” no Show do Mês
Kanguimbo Ananaz considera APPEC benéfica para os artistas e a cultura angolana
MINJUD desmente declarações de Nádia Cruz l O Ministério da Juventude e Desportos (MINJUD) afirma que as “bocas” da antiga nadadora Nádia Cruz à Rádio Cinco têm muitas inverdades. P. 28
EM FOCO
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O PAÍS Sábado, 11 de Julho de 2020
ACTUALIZAÇÃO COVID-19 Diária sobre o Coronavírus A partir do Centro de Imprensa Aníbal de Melo
Huíla fora do radar da Covid-19 e mais quatro infectados em Luanda As suspeitas de um caso de Covid-19 no Lubango, capital da Huíla, foram dissipadas, ontem, com o resultado negativo do exame de biologia molecular, enquanto Luanda, o epicentro da doença no país, registou mais quatro novos casos nas últimas 24 horas Maria Teixeira
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secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, disse, ontem, em Luanda, que dos quatro novos casos, registados no distrito da Maianga, um é importado da Rússia. Deste modo, o país conta agora com 462 infectados, dos quais 396 são de transmissão local. Soma também 23 óbitos, 118 curados e 321 casos activos. Destes, oito requerem cuidados especiais, um está em estado crítico e os restantes estão estáveis. Durante a habitual apresentação diária do balanço da situação epidemiologia do país, Franco Mufinda fez saber que os quatro novos contagiados têm idades compreendidas entre 1 e 32 anos, sendo que três são sexo masculino e um feminino. “O caso reactivo da Huíla chegou a ser analisado na base da biologia molecular e é negativo. Por enquanto, continuamos com as províncias de Luanda e Cuanza-Norte como sendo as afectadas pelas Covid-19 em Angola”, afirmou. No entanto, Franco Mufinda recordou que continua a intensificação da testagem na comunidade, com enfoque nos mercados, grupos de risco e centros sentinela, utilizando os testes rápidos serológicos da Abbot que têm uma alta taxa de sensibilidade e que permitem realizar o rastreio mais seguro em determinadas popula-
O PAÍS
Sábado, 11 de Julho de 2020
ções. Ontem testaram cerca de mil pessoas na Rua 15 do bairro Mártires do Kifangondo (Luanda) das quais 69 reagiram. Destes, 63 expressaram IgG e seis pessoas foram IgM e já estão em isolamento para confirmação com exames de biologia molecular. Sobre o teste rápido da Abbot, explicou que o mesmo revela uma reacção face a um contacto com o vírus, que pode ter sido anterior. Sendo assim, disse que há três caminhos atendiveis: Explicou que o primeiro caminho pode concluir que há imunidade, ou seja, que se teve em algum momento contacto com o SARS-CoV 2, que é o vírus dr
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que causa a Covid-19. Neste caso, o teste expressa esta imunidade. O segundo caminho, pode expressar estar numa fase activa da doença e o terceiro caminho é a fase da transição, ou seja, podemos passar da fase activa da doença tendencialmente para a fase de defesa do organismo, que é a imunidade. Portanto, as duas bandas podem ficar expressas em IgG e IgM. Testes em massa aquém da expectativa dos 10 por cento “Ao se expressar a fase activa da doença, é esta pessoa que nos interessa para isolamento, para poder confirmar, não só a pessoa que tem IgG, mas também a que tem IgM, recorrendo a biologia molecular com o uso da zaragatoa”, explicou. Fez saber que de forma primária não foi notado o que era expectável encontrar na comunidade, uma taxa de prevalência que
estaria em torno dos 10 por cento e estão aquém. Estão apenas a 4 por cento. Porém, observa-se que deste número, 89 por cento são pessoas que já expressaram imunidade, considerando ser pouca gente, dos testados, que está na fase activa da doença, menos ainda pessoas na fase de transição, da fase activa para a imunidade. Hoje, as equipas de testagem em massa de forma aleatória na província de Luanda serão destacadas no mercado Asa Branca, a partir das 8 horas. Por outro lado, o governante disse que ontem se realizou testes rápidos a 250 pessoas no Cazengo, província do Cuanza-Norte. Dentre elas, 12 reagiram, sendo que nove expressaram o IgG, duas IgM e apenas uma pessoa na fase de transição. Em relação ao laboratório, Franco Mufinda explicou que na parte da
Mais de 1.500 amostras processadas num só dia Director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Ministério do Interior, subcomissário Waldemar José
Franco Mufinda anunciou, por outro lado, que nas últimas 24 horas processaram-se 1.586 amostras, das quais apenas quatro foram positivas. Neste momento, os casos suspeitos investigados são 515, enquanto os contactos sob investigação chegam 2.270 pessoas. Os contactos sob vigilância somam 2.332 pessoas, ao passo que os casos suspeitos investigados até agora são 572. Até então existiam 837 pessoas a observar a quarentena institucional em todo o país, no entanto, 118 pessoas receberam alta, sendo 87 na província do Cunene, sete na Lunda-Norte, 16 em Cabinda, cinco no Cuanza-Norte, duas no Huambo, uma em Malanje e as restantes em Luanda. Ao Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) chegaram 170 chamadas, das quais duas denúncias de casos suspeitos de Covid-19, cinco denúncias de violação dos preceitos do estado de calamidade pública e 163 pedido de informação sobre o vírus. Sobre a distribuição de materiais de bio-segurança, o governante assegurou que as províncias continuam a receber equipamentos hospitalares e testes serológicos. Entre as actividades realizadas a nível das outras províncias, o destaque recaiu para a formação, desinfecção de lugares públicos e privados bem como a realização de palestras no seio da comunidade. Franco Mufinda reiterou a necessidade de se evitar aglomerações populacionais, o uso de forma correcta e obrigatória da máscara facial, a lavagem com frequência das mãos com água e sabão, bem como o uso do álcool-gel para desinfectar as mãos e, sobretudo, o distanciamento social e acatar as medidas contidas no decreto de calamidade pública.
Nambi Wanderley
Secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda
biologia molecular o país tem até ao momento um corte de 34.392 amostras recebidas, das quais 462 positi-
vas e 29.619 negativas, sendo que o restante encontram-se em processamento
Exigência de teste provoca constrangimentos nos postos fronteiriços do Longa e Maria Teresa O director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Ministério do Interior, sub-comissário Waldemar José, explicou que com a entrada em vigor do Decreto Presidencial 184/20 entraram em cena várias normas cuja aplicabilidade provocou, ontem, alguns constrangimentos. Fez saber que com a entrada em vigor do novo Decreto Presidencial se verificaram alguns constrangimentos à saída da província de Luanda, especialmente nos postos fronteiriços de Maria Teresa e do Longa. Isso por uma das exigências desta lei ter a ver com a obrigação de as pessoas autorizadas a sair de Luanda ou do município do Cazengo, no Cuanza Norte, fazerem a testagem de Covid-19. Disse que, em coordenação com as autoridades sanitárias, fez-se a mobilização de uma equipa do Ministério da Saúde que, no local, procedeu e testou os transeuntes, camionista e todo o cidadão que pretendia sair de Luanda. “Hoje (ontem), infelizmente, por razões logísticas e operacionais verificou-se um constrangimento que originou filas intermináveis de viaturas, especialmente de camiões, estacionados, até que se ultrapassasse o constrangimento da elaboração do teste”, disse. Waldemar José pediu desculpas aos lesados e prometeu que se vão melhorar os procedimentos para que esses constrangimentos não voltem a se verificar.
Cidadão detido por compra de falso resultado negativo de Covid-19
O sub-comissário Waldemar José também agradeceu a denúncia feita por cidadãos, por via das redes sociais, sobre a informação dando conta de que um cidadão teria comprado um certificado negativo de teste de Covid-19 por um valor de 5.000 kwanzas. “Nós não negligenciamos estas denúncias e o cidadão em causa já está detido e será responsabilizado criminalmente por este acto. O que mais uma vez agradecemos e pedimos aos cidadãos é que continuem a denunciar as irregularidades verificadas no terreno”, pediu.
destaques política. PÁG. 8 Crise interna na FNLA continua a dividir o partido em Alas
SOCIEDADE. PÁG. 10 Presidente do sindicato dos médicos diz sofrer intimidações e perseguições
cartaz. PÁG. 14 De regresso à tradição Carlitos Vieira Dias “solta notas” no Show do Mês
Economia. PÁG. 18 Fazendeiros do Bié queixam-se de dificuldades
o editorial
hoje: os números do dia
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O outro vírus lém do novo Coronavírus SARS-CoV-2, que causa a Covid-19, que está a concentrar as atenções em todo o mundo, Angola está a lidar com um outro, altamente perigoso. Velho, mas talvez mais perigoso, para o presente e para o futuro, já que ataca preferencialmente crianças: o vírus da poliomielite. No Centro e no Sul do país está a decorrer agora uma campanha de vacinação, para a qual deve ser alertada toda a população. É imperioso alertar, tal como o é vacinar as crianças. Aos órgãos de comunicação social também cabe a abertura de espaços generosos nos seus noticiários, incluindo em línguas nacionais, para este assunto. Tal como o novo Coronavírus e outros, o da pólio também gosta de espaços sem asseio. É hora também de as autoridades começarem com medidas que mudem o quadro em definitivo.
o que foi dito Mundo. PÁG. 22 Países Baixos vão abrir acção judicial contra Rússia em relação à queda do MH17
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Estou positiva para a Covid-19, estou bem, trabalharei em isolamento. Juntos, seguiremos em frente” Jeanine Añez Presidente interina da Bolívia, ao anunciar que testou positivo para a Covid-19
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Cidadãos, de 28 e 29 anos de idade, que se faziam passar por agentes da Polícia Nacional, foram detidos nesta Quinta-feira, no município do Cuvango, quando tentavam extorquir dinheiro a um mototaxista, na via pública. Cidadãos da República Democrática do Congo foram detidos Quintafeira, na comuna da Pedra de Feitiço, município do Soyo, província do Zaire, pela Polícia de Guarda Fronteira. Cidadãos encontraram emprego nas 7 cooperativas de exploração de diamantes instaladas no Bié, informou na Sexta-feira, a directora do Gabinete Provincial do Desenvolvimento Económico Integrado, Anacleta Sassango
Partos institucionais foram realizados no Centro Materno Infantil de Saurimo (Lunda-Sul) durante o primeiro semestre deste ano, informou, na Sexta-feira, a directora da unidade
Muitos me escreveram. Pessoas que estiveram hospitalizadas Morreram pessoas pore que me disseram que os governos mentique eu não tinha ideia ram, ocultaram inforda felicidade propor- mações, prenderam cionada nesses mo- jornalistas, não revelamentos, através da ram a verdadeira gravimúsica” dade da ameaça” Damaris Silva
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Enfermeira chilena que toca vio- David Kaye lino para os doentes de Covid-19 Relator especial das Nações Unie colegas, no Hospital El Pino, em das para a liberdade de expressão. Santiago.
e assim... José Kaliengue Director
Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com o cientista político Sérgio Dundão e compreenda mais sobre os principais problemas políticos que afligem o país
Adriano, a Covid e o jogo sujo
www.opais.co.ao Shangai (China): Membro do staff, usando máscara facial, mantém contacto com um robot no local da Conferência Mundial de Inteligência Artificial. (DR)
o que vai acontecer Sociedade Os municípios de Bula Atumba, Dembos e Nambuangongo, província do Bengo emitem bilhetes de identidade, no âmbito do programa de massificação do registo civil e atribuição do documento, implementado pelo Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos. Com a entrada em funcionamento destes três postos de identificação, completa-se o quadro na província, visto que os municípios do Ambriz, Dande e Pango Aluquém já emitem o documento. A governadora Mara Quiosa disse ser responsabilidade do Governo levar os serviços sociais básicos próximos do cidadão.
Sociedade Prossegue a vacinação de cento e vinte e oito mil criança menores de cinco anos de idade, até Domingo (12),contra a poliomelite, uma acção promovida pelo Programa Alargado de Vacinação (PAV) nos municípios de Moçâmedes, Virei, Bibala, Camucuio e Tômbwa. Na cerimónia de abertura da referida campanha, ontem, o director do Gabinete Provincial da Saúde no Namibe, Corintios Miguel, salientou que o objectivo é imunizar as crianças e para tal contam com 198 mil 880 doses de vacinas. Para o êxito da campanha foram mobilizados 858 pessoas integradas em 429 equipas.
Sociedade Pelo menos duas mil (2.000) mulheres, entre adolescentes e jovens, residentes essencialmente na Muxima, município da Quiçama, serão contempladas, no Sábado (dia 11), com produtos de higiene pessoal, numa doação da AfriYAN Angola. O gesto resulta de uma campanha solidária de recolha de pensos higiénicos e bens desta natureza, decorrida de 28 de Maio a 30 de Junho, no quadro de um projecto denominado “1 POR 2”, beneficiando mulheres entre os 14 e 24 anos de idades e encarregados, noticiou, ontem, a Angop.
Pandemia O Ministério da Saú-
de apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em Luanda, a partir das 19 horas.
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driano Mendes de Carvalho é daqueles governadores provinciais, tal como Rui Falcão, em Benguela, por exemplo, que estão, claramente, na mira de alguém. Façam bem ou mal, não há dia em que os seus detratores tirem um segundo de descanso. A aposta parece ser “se não vão à pancada, vão pelo cansaço, deles, ou do chefe”. No Cuanza-Norte já houve a cena de uma pessoa divulgar uma conversa telefónica com o governador propositadamente gravada para o efeito. Só que a inteligência não fui muita e a gravação mostrava um governador bem educado e a dizer o que dele se esperaria. Saiu o tiro pela culatra. Há dias, começou a correr um vídeo de umas crianças que, supostamente, iam e voltavam da escola em canoas. Quem gravou fazia questão de dizer que estava no Dondo, no Cuanza-Norte governado por Adriano Mendes de Carvalho. Acontece que o vídeo não mostra as canoas a meio do rio e também não diz que não há aulas em Angola desde Março. Nem que a localidade de origem das crianças, que elas citavam, é Luanda. Agora, com o registo dos primeiros casos de Covid-19 na província (e que vão revelar noutras também, não haja ilusões), o governador resolveu dar o exemplo e submeteu-se publicamente e um teste, foi o suficiente para algumas pessoas espalharem o boato de que ele estava infectado, isto porque o edifício governamental também estava a ser desinfectado. O governador está bem, mas a esta atura já sabe que tem muita víbora à espreita. Mas é hora de se começar a fazer política de outra forma.
E também... Dia Mundial da População - 11 de Julho Foi a 11 de Julho de 1987 que o contador mundial de população chegou aos cinco biliões de pessoas, inspirando a ONU a criar este dia em 1989 e a comemorar anualmente esta efeméride a 11 de Julho. Estima-se que a evolução da população mundial registe um aumento anual de 75 milhões de pessoas. Quanto à distribuição da população mundial, a maior parte da população encontra-se na Ásia, com a China e a Índia no topo dos países mais populosos do mundo. O objetivo do Dia Mundial da População é alertar para o planeamento e o desenvolvimento populacional e encontrar soluções para tais questões, quando muita gente não tem acesso a cuidados de saúde, por exemplo.
Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058
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O PAÍS Sábado, 11 de Julho de 2020
1973
11 de Julho de
no tempo do kaparandanda
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opaís
Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao (Editor) Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Alberto Bambi, Augusto Nunes, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela), Brenda Sambo, Maria Custódia e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto), Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images
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11 de Julho de 1934 — Engelbert
Zaschka voa na sua aeronave de propulsão humana, Zaschka, por cerca de 20 metros no Aeroporto de Berlim-Tempelhof, sem a decolagem assistida.
11 de Julho de — O voo Varig 820 cai perto de Paris, em França, na aproximação ao aeroporto de Orly, matando 123 das 134 pessoas a bordo. Em resposta, a FAA proíbe fumar nos WC dos aviões.
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— Começa o Massacre de Srebrenica que dura até 22 de Julho.
carta do leitor
Nada está perdido ainda! A cada dia que passa o número de casos aumenta na cidade capital do país e já há sinais de que o Coronavírus esteja para além de Luanda e do Cuanza-Norte. Tudo acontece depois de uma estado de emergência e de uma situação de calamidade. Hoje, o que vivemos se aproxima do Estado de Emergência, altura em que, infelizmente, um número significativo de angolanos quase que não acreditava na gravidade da doença, de tal forma que ainda se descurava o cumprimento de algumas regras. Infelizmente, foi necessário que o número de casos aumentasse significativamente para que muitos olhassem para o Coronavirus com outros olhos. E o aparecimento de casos em mercados, durante a realização de testes em massa, faz com que a situação se apresente mais caótica e o medo nas ruas, cidades e
até aldeias se tenha imposto. O que se assiste ultimamente em Luanda, particularmente, onde, apesar de alguns casos isolados, a maioria dos cidadãos parece usar máscaras e também ter melhorado nos cuidados, demonstra que ainda persitimos no velho hábito de que as coisas têm que ser feitas quando tudo parece irreparável. Quem conhece os angolanos
sabe do velho hábito de que não adianta chegar cedo a um determinado local. Há sempre a esperança de que o visitado aguarde por nós mais 15 minutos. É o mesmo que observamos nas festas e outros encontros, incluindo os familiares. Foram vários os anúncios feitos para que as pessoas se protegessem, que usassem máscaras e até que não saíssem de
casa. O que se viu poucos acreditavam se tratar de estado de emergência ou até mesmo situação de calamidade. O nosso sexto sentido parece ter despertado apenas por causa do número de mortes e o aumento de casos. Qualquer um de nós, hoje já tem quase a consciência de que a doença está mais próxima do que nunca e não apenas nos relatos que ouvíamos, líamos ou assistíamos a partir das rádios, jornais ou noticiários de televisão. Ainda bem que se conseguiu ganhar maior consciência. Que todos estão conscientes de que o mal está presente, não se trata de nenhuma ficção e que se nos comportarmos bem poderemos diminuir o seu impacto no nosso bairro, cidade, província e no país. Nada está perdido. Basta que cada um faça a sua parte para que não sobrecarreguemos o nosso já debilitado sistema de saúde e os nossos insuficientes leitos. Mário da Rocha Luanda
Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754
NÃO COMPRE MOEDA ESTRANGEIRA NA RUA! O RECURSO AO MERCADO INFORMAL PARA A NEGOCIAÇÃO DE MOEDA É ILEGAL E ACARRETA RISCOS: Existem muitas notas falsas em circulação no mundo inteiro. Não há garantia de que as notas da moeda estrangeira que comprar sejam autênticas. Não terá um recibo de compra para apresentação às autoridades, de forma a confirmar a legalidade da posse e da origem da moeda estrangeira, podendo vir a ser apreendida. O seu dinheiro poderá ser associado a recursos provenientes de tráfico de drogas, armas e outras actividades ilícitas, ficando sujeito às sanções aplicáveis.
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POLÍTICA
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O PAÍS
Sábado, 11e Julho de 2020
Crise interna na FNLA continua a dividir o partido em alas A Ala liderada por Ndonda Nzinga pretende realizar o seu Congresso em Setembro do ano em curso, para retirar Lucas Ngonda da liderança da FNLA Neusa Filipe
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porta-voz da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Gerónimo Makanda, disse, ontem, a OPAÍS, que tanto a convocação, bem como a realização do congresso que a ala de Ndonda Nzinga pretende realizar constituem uma vergonha para todo o militante da FNLA. O responsável, que lamentou a atitude dos seus “ irmãos de outra
ala” como são tratados, justificou que a realização do referido congresso lesa os Estatutos do partido e desrespeita o Estado de Calamidade Pública vigente no país, devido à pandemia do novo Coronavírus (Covid-19). Gerónimo Makanda referiu que a direcção do partido está neste momento preocupada em colaborar com as autoridades sanitárias do país no sentido de conter a dr
Presidente contestado da FNLA, Lucas Ngonda
propagação da Covid-19 e não em convocar congressos. “A realização desse congresso envergonha toda a família FNLA. Numa altura em que o país se debate com a subida de casos de Covid-19, nós temos ainda alguns irmãos armados em super-heróis, para pensarem em realizar um Congresso”, disse Gerónimo Makanda. Numa altura em que as autoridades sanitárias do país não aconselham aglomerados, Gerónimo Makanda questiona se a realização do congresso em causa vai, ou não, congregar pessoas numa mesma sala. “A situação epidemiológica do país não permite a realização de congressos, eu não sei com que orientação é que esses irmãos entenderam realizar o seu congresso simplesmente para tirar alguém do poder”, avançou. Congresso sem legitimidade Para o porta-voz, o referido congresso não terá nenhuma legitimidade, visto que os Estatutos do partido determinam que a realização de um congresso deve ser convocada somente pelo presidente do partido, e garantiu que o Tribunal Constitucional está a acompanhar o desenrolar de todo o processo. “É impossível esse congresso ser validado, porque quem deve convocar o congresso é o presidente Lucas Ngonda, só não o fez até ao momento devido à situação epidemiológica que o país está a atravessar, só os nossos irmãos é que não querem compreender isso”, acrescentou. Sublinhou que os assuntos a serem debatidos no congresso devem ser deliberados pelo Comité Central do partido. “Mais uma razão para que o mesmo não seja validado”, salientou, apelando à sociedade civil a interceder no sentido de apaziguar a situação de crise interna que há anos paira no seio da FNLA, um dos partidos históricos de Angola. Ndonda Nzinga referiu, por seu turno, que a Comissão Organizadora do Congresso vai realizar, na próxima Terça-feira, uma conferência de imprensa para actualizar o processo de preparação.
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PGR no Lobito detém administrador do Balombo por suspeita de peculato O Serviço de Investigação Criminal executou, na tarde de Quinta-feira, 09, um mandado de detenção lavrado pelo Ministério Público contra o administrador municipal do Balombo, Júlio Cuanza Santos, e mais 6 cidadãos, por suspeita de peculato, burla por defraudação, tráfico de influência, associação criminosa, entre outros, sob processo n.º 44/PGR/ SIC/BBO/2019, segundo uma nota da PGR Constantino Eduardo, em Benguela
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inda de acordo com o documento, ponderados os factos, as circunstâncias e outros pressupostos legais, após interrogatórios aos arguidos, foi aplicada a medida de coação pessoal de prisão preventiva, nos termos dos artigos 16º, al g), 18.º, 19.º e 36, todos da Lei n.º 25/15, de 18 de Setembro (Lei das Medidas Cautelares em Processo Penal). A nota da PGR diz existirem fortes indícios dos crimes de peculato, tráfico de influência, burla por defraudação, recebimentos indevidos de vantagem, associação criminosa, tráfico de bens roubados, violação das normas de execução do plano do orçamento, previstos e puníveis nos termos dos artigos 313.º e 451 do
Código Penal e 25.º, 36.º, 41.º e 8.º da Lei n.º 3/14, de 10 de Fevereiro (Lei sobre Criminalização das Infracções Subjacentes ao Branqueamento de Capitais, e 36.º da Lei n.º 3/10, de 29 de Março (Lei da Probidade Pública). Há um ano que a Procuradoria Geral da República da República investiga supostos desvios de adubo avaliado em 25 milhões de kwanzas. Além de Júlio Cuanza Santos, tinham sido interrogados pelo Ministério Público, segundo fontes, 15 pessoas, de entre as quais quadros do Comité Municipal partido MPLA e da Administração no Balombo. Com o também 1.º secretário do comité do MPLA, foram detidos, entre outros, Manuel Tchitumba, director Municípal da Estação de Desenvolvimento Agrário no Balombo (EDA-Balombo), António Chiculo Sayongo, funcionário público EDA- Balombo,
Antonio Ferreira Segunda, director municípal da Educação no Balombo, e António Ngando, cidadão reformado, indiciados nos mesmos crimes. Segundo fontes, em quase todos os interrogatórios, o administrador, por não ter tido nada a temer, não se fazia acompanhar pelo seu advogado, porque ainda não ti-
nha sido constituído arguido. O advogado diz ter sido notificado na passada Sexta-feira, 03, de que o seu constituinte seria interrogado no dia 09, Quinta-feira. Postos lá, depois do interrogatório, o magistrado do Ministério Público decidiu aplicar logo a medida de prisão preventiva. O advogado António Cruz justi-
ficou que a PGR alega ter havido prevaricação no âmbito da campanha agrícola 2019/2020. Fontes da PGR confidenciaram a OPAÍS que os arguidos são acusados de terem desviado adubos avaliados em 25 milhões de kwanzas. Confrontado com este dado, o causídico esclarece que, caso o seu constituinte tivesse desviado parte considerável. 80%. das 7 mil toneladas de insumos, o Balombo não teria nenhuma produção agrícola. Curiosamente, disse o nosso entrevistado, este é o município que mais produz. A este jornal, o advogado do administrador, António Cruz, referiu que, face à decisão da PGR, a defesa deverá interpor uma providência extraordinária de habbeas corpus, por considerar ilegal e discordar da medida de coação pessoal, no caso a prisão preventiva, aplicada contra o seu constituinte. O titular do órgão de gestão do município do Balombo e outros co-arguidos foram transferidos para a penitenciária do Lobito depois de terem sido presentes ao Ministério Público no mesmo dia da detenção, Quinta-feira, 09, portanto.
Ministro assegura excelência na formação de jornalistas para o fortalecimento da democracia Para o ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Manuel Homem, a intenção do Governo de transformar o CEFOJOR em instituição de excelência, que vai formar e refrescar os profissionais, revela a importância que o Executivo dá ao segmento da actividade jornalistica como um instrumento importante no processo de aprofundamento das liberdades e do fortalecimento da democracia.
Domingos Bento
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Governo pretende, nos próximos tempos, transformar o Centro de Formação de Jornalistas (CEFOJOR) em instituição de excelência na capacitação e refrescamento de profissionais do sector, garantiu, ontem, em Luanda, o ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunica-
ção Social, Manuel Homem. De acordo com o ministro, a intenção do Governo de transformar o CEFOJOR em instituição de excelência, que vai formar e refrescar os profissionais, revela a importância que o Executivo atribui ao segmento da comunicação social como um instrumento relevante no processo de aprofundamento das liberdades e fortalecimento da democracia. O governante, que falava à imprensa no final de uma visita àquela unidade formativa, defen-
deu ser necessário melhorar as infra-estruturas da instituição, mediante a actualização do material tecnológico e reestruturação a nível interno. De acordo com Manuel Homem, o Governo entende que se deve trabalhar com especialistas para o início do processo de transformação, uma vez que já está em curso a revisão do seu estatuto orgânico, tendo considerado ser fundamental a criação de condições humanas, organizacionais e de valorização, a todos os níveis, para que
se possa atingir os objectivos preconizados. “Se queremos ter uma comunicação social cada vez melhor, cada vez mais próxima do objectivo e para aquilo que foi constituído, é fundamental que tenhamos recursos humanos de excelência”, acrescentou. Por outro lado, disse já existir um trabalho de colaboração com várias instituições a nível internacional vocacionadas para a formação na área de comunicação social e organizacional.
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Presidente do sindicato dos médicos diz sofrer intimidações e perseguições O Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (SINMEA) fez sair, no dia 9 do corrente mês, uma nota de repúdio a denunciar acções de intimidação e perseguição por que passa o presidente desta organização sindical, Adriano Manuel, desenvolvidas supostamente pelo Ministério da Saúde, através da Direcção do Hospital Pediátrico David Bernardino (HPDB) Romão Brandão
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Adriano Manuel está a responder ao processo disciplinar instaurado contra si supostamente após denunciar a morte de crianças no HPDB
e acordo com a nota com que a nossa redacção teve contacto, as acções intimidatórias começaram desde que o Jornal OPAÍS publicou, a 11 de Junho, uma entrevista concedida pelo presidente do SINMEA onde, entre outros aspectos, fez referência à elevada mortalidade infantil no HPDB [ver edição 1865]. A Direcção do Secretariado Executivo Nacional, do SINMEA, diz que desde aquela publicação o Ministério da Saúde, através da Direcção do Hospital Pediátrico David Bernardino (HPDB), tem vindo a desencadear uma série de intimidações e perseguições contra o presidente Adriano Manuel, que também é médico no referido hospital. “Intervenções na TPA, pelo director-geral do Hospital Américo Boavida, através de comentários desprestigiantes à classe médica angolana em detrimento dos colegas cubanos, e da parte do director geral do HPDB, a triste postura através de ataques directos à pessoa do presidente do SINMEA, foram as respostas que os distintos colegas encontraram, para esclarecer as questões levantadas, sobre a difícil realidade sanitária do País”, lê-se, na nota. Foi aberto um processo disciplinar, “estranhamente encaminhado com proposta de despromoção na carreira médica”, sentença definida antes mesmo
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de qualquer declaração ou audição do funcionário (neste caso Adriano Manuel, médico, especialista em pediatra, colocado no SNS na categoria de assistente graduado, grupo A). O SINMEA sublinha haver claramente uma tremenda confusão da direcção do HPDB, em que observam uma grande dificuldade de separação entre o agente público colocado no HPDB do agente sindical do SINMEA. Para tal, “a direcção do SINMEA fará recurso a todos os mecanismos jurídicos no sentido de se desencorajar comportamento desta natureza”. O processo citado no n.º 2, constitui, a todos os títulos, um processo típico de regimes onde a intimidação, a perseguição ou mesmo o silenciamento das vozes interventivas se escreve como o pesaroso caminho daqueles que preferem o silêncio ao invés da discussão aberta e participativa dos grandes problemas da nação, segundo o SINMEA. Vão ainda mais longe, dizendo que a insistência de prossecução de um processo marcado
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por má-fé, ou quaisquer outras acções, com o claro propósito de silenciar o livre exercício do direito sindical, constitui flagrante violação dos direitos e liberdades fundamentais no Estado democrático e de direito que se pretende para Angola. Actos sindicais com resultados positivos “Nós, os médicos de Angola representados pelo SINMEA, entendemos que o problema da saúde dos angolanos deve ser colocado nos lugares cimeiros da cadeia das prioridades da agenda nacional. Apesar do silêncio das instituições do Estado, sentimos que os actos sindicais desenvolvidos pelo SINMEA têm contribuído para a tomada de decisões ministeriais”, acrescenta o documento. Os recentes processos de admissão de novos quadros no Sistema Nacional de Saúde (SNS) “são a viva testemunha e com certeza, o activismo sindical do SINMEA teve um papel importante, entre outros exemplos, que podem ser igualmente citados”, reclamam
O SINMEA reafirma a sua postura de luta por melhores condições para a classe médica, melhores condições de atendimento médico e medicamentoso às populações de Angola e diz que continuará a ser uma voz activa no exercício do direito sindical. No topo do documento, aquela agremiação sindical faz questão de enfactizar que o exercício sindical em Angola é um direito, liberdade e garantia fundamental previsto na Constituição da República de Angola (CRA), devidamente espelhado no artigo 50.º, ponto 1, que reconhece aos trabalhadores a liberdade de criação de associações sindicais para a defesa dos seus interesses individuais e colectivos. O SINMEA cita também o ponto 2, em que é reconhecido às associações sindicais o direito de defender os direitos e os interesses dos trabalhadores e de exercer o direito de concertação social, os quais devem ter em devida conta os direitos fundamentais da pessoa humana e das comunidades e as capacidades reais da economia, nos termos da lei.
“Não há perseguição nenhuma” O jornal OPAÍS contactou o director do Hospital Pediátrico David Bernardino, Francisco Nunes, que, por telefone, disse não haver qualquer perseguição nem intimidação contra Adriano Manuel. Confirma que foi instaurado um processo contra o dr. Adriano Manuel como funcionário do HPDB e não como líder sindical. “É isso que se passa, e mais nada”, disse, tendo acrescentado que independentemente de Adriano Manuel se ter pronunciado na matéria publicada pelo jornal OPAÍS como líder sindical, peca por ter apresentado dados do hospital no qual trabalha. “Para falar em nome do hospital David Bernardino, ele precisa de autorização da direcção do hospital, ao que não se obedeceu. Não estou contra o sindicato. Eu sou o director do hospital, o meu funcionário foi à imprensa comunicar dados da instituição, ainda mais um
Francisco Nunes, director do Hospital Pediátrico de David Bernardino
hospital definido como sentinela em tempo de Covid-19, que tem os canais próprios para a transmissão dos dados, é passível de instauração de processo disciplinar”, defende. Francisco Nunes disse ainda que se o profissional acha que o processo foi mal instaurado ou há irregularidades deve recorrer à Inspecção Geral do Trabalho e não à imprensa. Não há uma perseguição, pois este “termo é
muito abusivo, para mim”, disse o director, tendo acrescentado que estava disponível a receber o OPAÍS, para uma conversa pessoal, e mostrar que a sua trajectória profissional no país não lhe permite “perseguir ninguém”. Reconheceu que este não é o primeiro processo disciplinar que se instaura contra Adriano Manuel e nega categoricamente que haja alguma perseguição.
Implementação da Política Nacional da Acção Social debatida em seminário O Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MASFAMU), realizou, ontem, em Luanda, um seminário técnico de Revisão da Política Nacional da Acção Social, com o objectivo de registar mudanças na prevenção de riscos sociais, na protecção de casos de vulnerabilidade e promoção social das famílias e comunidades, segundo a ministra Faustina Alves Stela Cambamba
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austina Alves, que falava à margem do seminário, disse que com a mudança do contexto socioeconómico do país estão desafiados a criar políticas integradas e sustentáveis, que respondam às necessidades e prioridades actuais das populações, particularmente as mais vulneráveis, no quadro do novo paradigma e das reformas em curso no país. Pelo facto, a Política Nacional da Acção Social permitirá o estabelecimento de uma plataforma integrada de protecção social, multissectorial e multidisciplinar que vai garantir aos cidadãos e agregados familiares mais pobres um nível de vida digno, melhoria no acesso aos serviços básicos, protecção dos direitos sociais, redução dos riscos e dos efeitos negativos desses, bem como o reforço da resiliência económica e social das famílias. Faustina Alves explicou que, com esta política, será possível reforçar a implementação de programas e projectos de combate à pobreza, sobretudo a municipalização da acção social, através dos Centros de Acção Social Integrados (CASI), as transferências sociais monetárias através do programa valor criança e o reforço da protecção social denominado Kwenda. Constam ainda neste processo o Sistema de Informação e Gestão da Acção Social (SIGAS), o Sistema Integrado de Informação sobre a Protecção Social
(SIIPS), os quais darão conteúdo e sustentabilidade ao cadastro social único (SICASU), programas de inclusão produtiva e geração de trabalho e renda nos diferentes domínios económicos, como a agricultura, pecuária, a pesca, o artesanato, comércio rural, entre outros. A ministra explicou que o seminário técnico é estratégico, na medida em que se pretende proporcionar um momento de análise e debate conjunto, em torno da proposta de diploma da política nacional da acção social e sua estratégia de operacionalização, numa perspectiva holística dos problemas e fenómenos sociais que afectam as famílias, para consolidação de um sistema nacional de protecção social dinâmico, pragmático e eficiente. Nesta perspectiva, se pretende ainda que o documento congregue diferentes opiniões e experiências dos distintos departamentos ministeriais e das organizações não-governamentais, academias e centros de estudos científicos, no sentido de se garantir que a política nacional da acção social seja de consenso e represente um pacto social que responda, efectivamente, à concretização dos diferentes problemas para salvaguar os anseios das populações. Faustina Alves lembrou que, o MASFAMU, no exercício das suas competências, ao longo dos anos assegurou a intervenção social, essencialmente através de programas de cariz humanitário, assistencialista e de emergência, respondendo prioritariamente às necessidades que se impunham para sobrevivência das famílias.
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Cidadãos condenados por tentativa de venda de chimpanzé morto e com tétano O Tribunal Provincial de Cabinda condenou, ontem, os dois cidadãos nacionais que tentaram comercializar um kalita (filhote de chimpanzé), de 4 anos, que morreu de tétano. Os cidadãos foram condenados a 1 ano e quatro meses de prisão, com pena suspensa, e ao pagamento de caução de 60 mil Kwanzas/mês Romão Brandão
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etidos em flagrante, no ano passado, os cidadãos Afonso Gomes, de 31 anos, proprietário da cria de chimpanzé, e Salomão Mavungo, de 38 anos, motorista, foram julgados por tráfico de animais em vias de extinção e cuja criação e comercialização
são proibidas por lei, pelo Tribunal Provincial de Cabinda. Ontem, segundo o director do Parque Nacional do Maiombe, José Bizi, os dois cidadãos foram condenados a um ano e quatro meses de prisão, com pena suspensa, pelo facto de não terem antecedentes criminais, mas ficam sob a obrigação do pagamento de uma caução de Kz 60 mil/mês.
O tribunal ainda ditou que aqueles cidadãos não poderão cometer nenhum crime nos próximos três anos, tanto do fórum ambiental, como de outra índole. Caso venham a cometer qualquer crime, os cidadãos serão chamados a cumprir a pena pela qual foram condenados. De acordo com o administrador do parque, José Bizi, em entrevista exclusiva ao jornal OPAÍS, dos dois cidadãos condenados pelo 3º
habitat natural dos grandes primatas porque estes alimentamse de frutos silvestres que aí se encontram em abundância. O combate à caça furtiva tem sido acirrado, principalmente quando se trata de grandes primatas. José Bizi disse que estes animais catapultam o turismo.
Cartório do Tribunal Provincial de Cabinda, um é o traficante e outro é o motorista, pelo que a Lei coloca os dois a incorrerem num crime cuja moldura penal prevê prisão que vai de seis meses a três anos. Os dois foram apanhados numa casa onde pretendiam negociar o chimpanzé. Os grandes primatas são uma espécie específica de África, segundo o entrevistado, mas não de todos os países deste continente, apenas os da bacia do Congo, nomeadamente Angola, RDC, Congo Brazzaville e Gabão. É nesta bacia que se encontra o habitat natural dos grandes primatas, pelo que estes devem ser protegidos, dada a sua raridade. A bacia do Congo é tida como o DR
Trabalhar na mitigação do conflito homem e animal O responsável do Parque Nacional do Maiombe é de opinião de que se deva investir na mitigação do conflito entre o homem e o animal. Neste contexto, no quadro das actividades de empreendedorismo que estão a ser levados a cabo pelo Ministério da Agricultura e Florestas, com atribuição de gado e aves para as comunidades, estão a ser capacitados com seminários muitos cidadãos de Cabinda. São, no total, 60 formandos das comunas de Inhuca, Necuto e comuna sede de Buco Zau. Foram transmitidos, entre outros aspectos, alguns métodos simples para mitigar o conflito homem – elefante; dadas recomendações no que tange a abstenção do cultivo nas rotas naturais dos elefantes, evitar o derrube de árvores, adesão a cooperativas para o maior rendimento; cultivo de gengibre, gindungo, ginguba e café, que são produtos não consumidos pelos elefantes. “Somos a salientar que o conflito homem – animal em Cabinda tem sido uma tónica durante os 12 meses do ano. Ele varia por espécies. Temos o mais assentuado conflito Homem – Elefante e o regular com outras espécies, tais como: gorilas, chimpanzés, pacaças e outros ruminantes de pequeno porte”, disse José Bizi. Felizmente, destes conflitosnão ocorrem danos humanos, apenas danos nas culturas das populações no município de Cacongo e em todas aldeias da comuna do Dinge, Buco Zau e do Inhuca; metade da comuna do Necuto e na sede do municipio, Belize, comuna do Luali e metade da comuna do Miconje. Para afugentar as manadas de elefantes, orientam que se misture “excrementos do elefante, serradura, gindungo, óleo queimado e se coloque num recipiente de 5 ou 10 litros, com furos, cobe a que se pega fogo. Pelo menos quatro recipientes com a mistura devem ser colocados por volta da lavra, a favor do vento. O cheiro irá criar irritação ao elefante e este sairá do local”, explica.
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O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COVID-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia
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oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.
COMO ME POSSO PROTEGER?
Tendo sido reportados já 462 casos em Angola, com 23 mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença:
1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;
2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.
QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?
As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória
Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.
EXISTE TRATAMENTO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados
cartaz seu suplemento diário de lazer e cultura
De regresso à tradição Carlitos Vieira Dias “solta notas” no Show do Mês
Como sói-dizerse em linguagem popular “tal pai tal filho”. Com impressões ‘magistrais’ dadas no Semba, Carlitos Vieira Dias herda do pai, Liceu Vieira Dias, o bem executar da guitarra, no compasso do Sembatradição
Jorge Fernandes
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a voz e violão, Carlitos Vieira Dias, entra uma vez mais em cena no projecto Show do Mês sob a chancela da Nova Energia, neste Sábado, a partir das 16 horas, em formato “Live”, a ser transmitido no canal 2 da Televisão Pública de Angola, TPA Internacional e nas plataformas digitais da organização.
Devido ao surto da pandemia da Covid-19 que não permite ajuntamentos, e para se evitar a propagação da doença, a organização optou por esse formato de modo a permitir também que um maior número de pessoas tenham acesso ao concerto, a partir do conforto dos seus lares. Por essa razão, com a mesma disciplina horária como tem sido habitual neste projecto musi-
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cal, ao longo das sete temporadas, com este concerto não será diferente, pois segundo o porta-voz da organização, o rigor e a qualidade que dele se exige, mantém-se. Nelson Cantos falou a OPAÍS que se vai fazer uma viagem ao passado, revisitando o cancioneiro popular angolano, desde os clássicos aos mais tradicionais ritmos do Semba, com algumas surpresas e uma actuação sempre desejável em apreciar-se com os auspícios de Carlitos Vieira Dias. Com temas como “Birin Birin”, “Palamé”, “Lemba Lemba”, “Mukajiami”, “Clube Maritimo”,“Eme N’Gui Mona”, “N’Gola”, “N’zala”, “Marçalina”, “Colonial”, “Passo do Sangazuza” e tantos outros deverão preencher o alinhamento de duas horas de concerto conforme o programado. Expectativas Desde o anúncio do espectáculo nas redes sociais, vários internautas de diferentes escalões etários, têm-se manifestado expectantes quanto à realização do show, que vai permitir como tem sido habitual em outros concertos, descontracção e animação em plena tarde de Sábado. Hoje é o dia “D” como se costuma dizer, a contagem passou à regressiva tal como escrevem os apreciadores do concerto, que volta e meia vão partilhando os vídeos dos ensaios da semana, como se tem dado a ver no Facebook do director da Nova Energia, Yuri Simão. O convidado Vencedor da mais alta distinção do Estado angolano, prémio Nacional de Cultura e Artes, em 2004, Carlitos Vieira Dias é filho de Liceu Vieira Dias, considerado pela crítica como o “pai” da música moderna angolana por ter introduzido instrumentos como a dikanza e a ngoma à música urbana. Antes de ter optado por uma carreira a solo, Carlitos Vieira Dias pertenceu a vários grupos entre os quais o conjunto os “Pérolas”, “Gingas”, “Negoleiros do Ritmo”, “Kiezos”, “África Show”, “Merengues”, “Semba Tropical”, “Banda Maravilha” e “Banda Xangola”.
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Kanguimbo Ananaz considera APPEC benéfica para os artistas e a cultura angolana A escritora angolana, Kanguimbo Ananaz, considerou a Associação Angolana de Profissionais e Produtores de Eventos e Cultura (APPEC) saudável para os artistas, no que concerne à união e mudanças de atitudes
Antónia Gonçalo
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poetisa, membro da Comissão Instaladora, que representa a área das artes plásticas e literatura referiu que os associados poderão pautar pela mudança de consciência, através do comprometimento que lhes serão incutidos enquanto membros. A responsável considera que tais observâncias devam ser benéficas, por ver que irá incitar o auto-reforço, através do desempenho e dedicação. “Acredito que a associação vai promover a mudança de consciência em cada um de nós, e, como artistas, no geral, temos de nos reencontrar. Falo por experiência própria. Sou membro da União dos Escritores Angolanos e tudo quanto usufruí é fruto da minha dedicação e responsabilidade. Por isso, se tivermos o empenho de todos, teremos uma classe mais desenvolvida e profissional. Aqui não há exclusão, mas sim congregação e afecto de todos, da arte e cultura”, considerou. Trata-se de uma associação aberta e inclusiva, criada em Abril (18), apresentada na passada Quinta-feira, 9, pela Comissão Instaladora e congrega a área de moda e eventos, teatro, dança, música, cinema, fotografia, televisão, artes plásticas, literatura, prestação de serviços e locais de eventos, cujas actividades arrancam no próximo Domingo, 19. Entre os objectivos da associação está patente a pro-
moção, incentivo das relações entre os associados, de modo a efectivar o intercâmbio técnico e comercial, através da realização e apoio de encontros, reuniões, eventos, cursos, projectos e similares. Até ao momento possui mais de 3 mil membros, ao nível do país. Kanguimbu realçou que sobre os estatutos da APPEC, consta o quesito responsabilidade, participação (pagamento das quotas e integração dos membros), regularização da situação fiscal, quanto aos produtores e promotores de eventos e outras empresas ou organizações. Plano de acção Pelo facto de a associação ser de carácter nacional, pretendem contar com a colaboração
dos governos provinciais, bem como do Ministério da Cultura, Ambiente e Turismo. A poetisa disse que desejam andar por tudo que é Angola e para todos os lugares. “Sabemos que existe um Ministério da Cultura, o de tutela. Naturalmente estamos com ele e não só. Sabemos que o país tem uma lei, e, como tal, devemos obedecer e queremos também o apoio nestas províncias. Essa interacção é enorme, porque a arte dá esse sabor, para que possamos cumprir cabalmente com aquilo que nos é incumbido, enquanto cidadãos”, perspectivou. Avançou que irão também impactar ao nível das embaixadas angolanas, a questão da diplomacia, do ponto de vista cultural, ao nível do mundo, por haver
muitos angolanos no exterior. Por isso, aconselhou as associações a se organizarem, “porque estamos a trabalhar de uma forma organizada. Quem ainda não possui a empresa organizada, pode mesmo pedir consultoria à APPEC. Ela vem para um ambiente sadio, no ponto de vista das artes. É a congregação das artes no seu todo”. Esperançosa quanto aos planos da associação acredita que vão fazer diferente, com o contributo de todos. “A arte para nós é responsabilidade, é amor, independentemente dos desamores. O que nos rodeia, desde o mar, a fauna e a flora é arte e o artista é formador de consciência, e, como tal, tem de saber estar e ser”, concluiu.
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Indústrias Culturais e Criativas
Belmiro Carlos
Equívocos & Surdez
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ndústrias Culturais e Criativas”, a partir da altura que estas palavras passaram a fazer parte do léxico cultural nacional, as mesmas foram associadas a Feira de Artesanato do Dondo. Um evento que, sob a bandeira de promoção das indústrias culturais e criativas, é há anos organizado pelo Ministério da Cultura. Felizmente, com o passar do tempo, o acontecimento, que já foi motivo de muita algazarra e desbaratamento de dinheiros públicos, foi-se tornando cada vez menos interessante, quer para a população como para os expositores, maioritariamente rurais, devido a sua desconexa concepção estrutural e objectivos e metas ininteligíveis. A redução da agenda das “Indústrias Culturais e Criativas” à feira de artesanato do Dondo, resulta do facto do sector cultural e os objectivos culturais em Angola estarem fixados a uma ideia de produção cultural demasiado distante das necessárias para a sua real implementação prática na nossa realidade de hoje, ancorada na economia de mercado. Por outro lado a julgar pela importância que é dispensada às “Indústrias Culturais e Criativas” no país, parece-nos o entendimento oficial sobre a matéria andar muito distanciado do resto do mundo, uma vez a economia criativa, para além daqueles considerados como tipicamente culturais, envolver as indústrias de conteúdos digitais, o design (de moda, de mobiliários, de artefactos, gráfico etc), a arquitectura e urbanismo, até mesmo o turismo cultural. Segundo a UNESCO, os sectores criativos podem ser classificados em três categorias: Patrimônio Cultural: correspondente ao patrimônio cultural e natural, incluindo produtos e serviços de museus, sítios arqueo-
lógicos e históricos e paisagens culturais; Criatividade e Mídias: Performance de artes e festivais (shows, festivais e música); Audiovisual e mídia interativa (filmes, rádio e televisão e jogos de vídeo); artes visuais e artesanato (pintura, escultura, fotografia, artesanato); Livro e imprensa (livros, jornais e periódicos, bibliotecas físicas e digitais e feiras do livro); e Criações Funcionais: design e serviços criativos (moda, decoração de interiores, paisagismo, arquitectura, publicidade). Estudos de organizações credíveis, como a ONU, afirmam que a demanda por produtos da “indústria criativa” permaneceram estáveis mesmo durante as recessões globais, em muitos países, concluindo assim que, para os países em desenvolvimento, as indústrias culturais e criativas podem vir a ser um dos sectores mais dinâmicos do comércio mundial. A Secretaria da Comunidade
do Pacífico reconheceu as ICCs (Indústrias Culturais e Criativas) como um importante sector econômico. As Caraíbas incorporaram as indústrias culturais nos seus acordos de livre comércio com a União Europeia . De acordo com o Observatório Cultural da África do Sul (SACO), as indústrias criativas e culturais em geral, são responsáveis por 6,72% de toda a África do Sul, o
“Convenção da UNESCO sobre a Promoção e Proteção da Diversidade das Expressões Culturais”
que representa mais de um milhão de empregos. Contribuindo com mais de R $ 90 bilhões para a economia nacional ou 2,9% do PIB, a frente do sector agrícola que é de 2,2%. Considerando o valor agregado da cultura na produção de bens e serviços, os países signatários da “Convenção da UNESCO sobre a Promoção e Proteção da Diversidade das Expressões Culturais” passaram a considerar a cultura como o quarto pilar do desenvolvimento das Nações, sobretudo, para os países em desenvolvimento. Recentemente, os líderes da indústria e tecnologia da África e construtores de ecossistemas se reuniram para uma conferência de dois dias em Kigali, Ruanda, para explorar as oportunidades que surgirão com a assinatura do acordo comercial para a economia criativa no continente. Posto tudo isso, porque teimamos em não nos descolarmos dos paradigmas do passado, continuando a darmo-nos ao luxo de colocar de lado o potencial da economia criativa, para a diversificação da nossa economia, e a considerar a Cultura como parasita e economicamente marginal? Neste momento em que a diversificação da economia é o mote principal para a revitalização económica do nosso país, tendo em conta o novo pensamento e experiências de outros povos, a indústria cultural e criativa, não deveria ser estruturada, organizada e também tida em conta para o desenvolvimento sustentável da nossa economia? Como não temos a cultura de ouvir as vozes dissonantes, queremos crer que estamos com dificuldades para desconstruir a visão parasitária da cultura, que ao longo dos anos se acomodou e bloqueou a visão dos estrategas económicos e políticos deste país. Será que o sangue novo que se
está a injectar no Governo não impedirá a insensata repetição de programas e teorias de fomento cultural economicamente estéreis, que amiúde dão suporte a estereótipos que servem para marginalizar e afundar uma Classe cuja participação económica nunca deveria ser menorizada a pontos de a deixar entregue à expedientes mil de sobrevivência, de paredes meias com a indigência social? Definitivamente, o país precisa de abordagens e de políticas culturais diferentes das do passado. Pelo menos de experimentar outros caminhos, a ver se desse modo consegue cumprir com as promessas eleitorais e com as expectativas dos Homens da cultura e da sociedade em geral. O Ministério deveria já incluir na sua denominação, em substituição de “Cultura”, as palavras “Industrias Culturais e Criativas”, para a todos inculcar no pensamento de que a gestão cultural agora deverá ser feita com base nos princípios organizacionais da economia de mercado. A viragem de página na Cultura implica uma mudança doutrinária no modo de ser e estar dos responsáveis pelo seu fomento, a nível nacional. De outro modo continuaremos nas mesmices de costume. Precisamos de acelerar o amadurecimento das condições subjectivas, para que fique facilitado o entendimento e a linguagem relativa às novas dinâmicas de desenvolvimento da cultura, do financiamento de infraestruturas, da redinamização e regulação do mercado artístico-cultural, da inserção e contribuição social do artista, enfim... para o nosso engajamento massivo e consensual no desfecho da ansiada machadada às regras e paradigmas do passado! *Músico e compositor *Presidente da PRO-CULT ANGOLA
Economia
Fazendeiros do Bié queixam-se de dificuldades Os fazendeiros da província do Bié garantem que, se lhes forem asseguradas melhores estradas, podem produzir “em grande escala” e responder de forma positiva ao fornecimento de produtos da cesta básica
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Bié, com uma população estimada em 2 milhões de habitantes, possui 431 fazendas, com o município do Cuito a deter o número record de 172, seguindo-se-lhe Catabola (79), Camacupa (49), Chinguar (41), Chitembo (35), Andulo (28), Cunhinga (19), Nhârea (5) e Cuemba (2). A meio deste leque de centenas de fazendas, as férteis terras bienas contam ainda com uma firma ostentando a categoria de grande fazenda agro-industrial, desta feita em Camacupa. Com este rico património no sector está segura de poder produzir alimentação para Angola inteira, o que não seria uma novidade atendendo que no passado recente (época colonial) era verdadeiramente um colosso com alguma palavra a dizer na produção agropecuária. Para a época em curso (2019/2020), a província preparou
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600 mil hectares para cultivo, superando em 20 mil hectares a meta alcançada o ano passado o que vai permitir em termos de expectativa ambicionar uma colheita de mais de 800 mil toneladas de produtos diversos, o que por si só também permitia superar o balanço do período anterior em mais de 50 mil toneladas. A agricultura familiar continuar a ter uma palavra a dizer nestes esperados resultados. Em 2020 foi assegurado apoio a 112 mil famílias camponesas, dando-se-lhes inputs agrícolas, kit de desmatação com máquinas pesadas e 50 tractores agrícolas, apoiadas pela constituição de 10 brigadas de mecanização agrícola, distribuídas por todos
os municípios da província. Outros elementos que animam a produção agrícola da província, onde se encontra o centro geodésico de Angola, são as 12 mil 104 toneladas de adubos compostos, mil 850 charruas de tracção animal, 700 carroças de traçcão animal, mil 500 cabeças de gado bovino de tracção animal, oito mil enxadas europeias, mil 150 toneladas de sementes de milho e mil 580 de feijão. Na verdade, há todo um clima que pode fazer do Bié um “grande contribuinte” e, por via disso, reduzir o défice de alimentos no país, todavia, os fazendeiros queixamse do mau estado das vias, por dificultar o escoamento dos produ-
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tos, da falta de financiamento e de compradores, bem como da chegada tardia de inputs agrícolas. Afonso Satula, agricultor do Andulo, em entrevista a Angop considera a prática da agricultura na província “um grande risco”, dada a falta de meios e de financiamentos, acrescida das péssimas condições das vias de acesso. Proprietário de uma fazenda de 200 hectares, o empresário diz que nos últimos anos teve de reduzir a produção para apenas 30 hectares, que têm servido para o cultivo de café, milho, soja, banana e hortícolas. Salienta que apesar das dificuldades, tem negociado os seus produtos com alguns comerciantes de Luanda, principalmente no que
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tange ao milho, à banana e ao café. Revela que todos os anos perde mais de 10 milhões de Kwanzas devido à deterioração de diversos produtos das suas colheitas. Segundo o fazendeiro, tendo em conta que recebeu do Estado mais de 5 mil mudas de café, o governo deveria intermediar uma negociação com a banca, para a obtenção de financiamento. Alfeu Vinevala, um dos maiores produtores de batata-rena do país, adianta que apesar do problema das vias de comunicação rodoviária, que considera transversal, a sua fazenda vai colher, este ano, duas mil 30 toneladas de trigo e milho, no município do Chinguar. O agricultor revelou que, neste momento, está a efectuar a colheita de milho em 229 hectares, estimando um aumento de 600 toneladas deste produto em comparação com o período anterior. Seguir-seá o trigo, numa área de 129 hectares, podendo subir para cerca de 200 toneladas, comparativamente à colheita de 2019. Quanto à batata-rena, refere que os níveis de produção irão manterse. No ano passado, nota, foram colhidas 8 mil toneladas em 200 hectares, num investimento de mais de 100 milhões de Kwanzas. Para si, o maior constrangimento tem sido a falta de sementes, a subida dos preços dos inputs agrícolas, o fraco escoamento dos produtos para os diversos pontos do país, a inexistência de condições para conservação, devido à falta de energia eléctrica, e outras dificuldades. Dada a sua capacidade de produção (qualidade e quantidade), o agricultor solicita autorização ao Ministério da Indústria e Comércio para os agricultores colocarem os produtos nos interpostos existentes no país, a fim de evitar a sua deterioração por falta de conservação. Na sua óptica, isso facilitaria o escoamento de grandes quantidades de produtos, como a batata-rena, para os maiores centros comerciais do país, salientando que por conta própria e de forma tímida fazem-no já para Luanda, Zaire, Moxico, Huambo, Benguela, Cuando Cubango e Huíla, sem avançar quantidades. Por sua vez, o fazendeiro Eurico Avelino, do município do Cuemba, conta que a principal dificuldade tem sido a Estrada Nacional (EN) 230, que, no tempo chuvoso, se torna quase intransitável, agravada pela falta de disponibilidade de transporte, de créditos e de apoios diversos do Estado, além de meios de irrigação, o que “tem constituí-
ção interna de bens de grande consumo, como açúcar a granel, arroz, carne de vaca, farinha de trigo, feijão, fuba de bombó, fuba de milho, leite em pó, massa esparguete, óleo alimentar de soja, óleo de palma, bem como materiais de construção, como aço, entre outros.
do uma dor de cabeça”. Por isso, entende ser hora de o Estado, através do Orçamento Geral do Estado (OGE), aumentar a sua dotação ao sector, para que os maiores produtores possam maximizar o cultivo de milho, feijão, arroz, mandioca, hortícolas, entre outros produtos. Dono de uma fazenda de 20 hectares, Eurico Avelino, enfatiza que todos os anos, por falta de escoamento de produtos, perde entre sete e 15 milhões de Kwanzas. Comércio Na cadeia do comércio, também existem reclamações, como as de João de Deus, que considera a actividade como de alto risco. “Há épocas em que o lucro é maior, mas, por não possuir transporte próprio para ir até aos fazendeiros e depois levar (os produtos) para Luanda, Malanje, Moxico, Cuanza-Sul e Cuando Cubango, os gastos são
“Criar um clima favorável à promoção e diversificação da economia real angolana e, por essa via, reduzir a dependência excessiva da importação de bens e serviços e contribuir para a sustentabilidade das contas externas do país”.
maiores”, enfatiza, augurando um crédito do Estado. O governador do Bié, Pereira Alfredo, anunciou, recentemente, que a banca vai financiar 15 agricultores da província, ainda este ano, por intermédio do Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição de Importações (PRODESI), e aconselhou os demais camponeses a filiarem-se em associações e cooperativas para beneficiarem também deste apoio. O Governo angolano disponibilizou 133 mil milhões de Kwanzas para potenciar os operadores económicos do país, com vista a relançar as empresas e impulsionar o PRODESI. Para relançar o sector económico, o Executivo abriu, em Setembro de 2018, uma nova página no processo de diversificação económica, ao extinguir o programa “Angola Investe”, lançado em 2014, e conceder, em quatro anos, através da banca comercial, 120 mil milhões de Kwanzas (USD 420 milhões), para financiar 515 projectos de investimentos de micro, pequenas e médias empresas. Por via desse programa, o Estado apoia a concessão de créditos num montante de 55 mil milhões de Kwanzas (USD 193 milhões), para bonificar os juros, capitalizar fundos de garantia e de capital de risco, além de criar ambiente satisfatório à concessão de créditos. As medidas de apoio ao aumento da produção nacional estão inseridas no Plano de Acção, para aumentar a Competitividade da Produção Nacional de Bens da Cesta Básica e de Outros de Origem Nacional Prioritários. Aprovado pelo Executivo a 13 de Novembro de 2018, o Programa de Apoio ao Crédito enquadra-se na estratégia de diversificação da economia e redução da importação de bens que podem ser produzidos no país. É apadrinhado por nove bancos comerciais. O programa contempla a produ-
Banca “intimada” a impulsionar produção nacional Depois de muita água ter corrido debaixo da ponte, parece que as autoridades em definitivo apostam na produção nacional como solução para os crónicos problemas que afectam o país, com destaque para o défice alimentar. Nos últimos tempos, diferentes agremiações do sector produtivo repercutem a reclamação de falta de “simpatia e celeridade” da banca comercial no que tange ao apoio à produção nacional. Ao que tudo indica, o sector financeiro começará a sentir a “mão pesada” das autoridades, tendo sido o primeiro passo dado esta semana com a punição aplicada pelo BNA a 12 bancos comerciais. Os bancos multados não emprestaram aos produtores nacionais, pelo menos parte dos activos declarados nos seus balanços do ano de 2018. A autoridade monetária central obrigava a que os bancos comerciais disponibilizassem, pelo menos 2 por cento dos activos registados nos seus balanços feitos até ao último dia do ano de 2018 para apoio à produção nacional, em clara colisão com as metas estipuladas nos seus avisos. Socorrendo-se do seu estatuto de maior autoridade monetária do país, o Banco Nacional de Angola, ao abrigo da Lei n.º 12/2015, de 17 de Junho, Lei de Bases das Instituições Financeiras, instaurou processos de contravenção a estas instituições. Em nota o BNA, informou que a sua decisão, avaliada em multas equivalentes a alguns milhões de Kwanzas visa “criar um clima favorável à promoção e diversificação da economia real angolana e, por essa via, reduzir a dependência excessiva da importação de bens e serviços e contribuir para a sustentabilidade das contas externas do país”. O Executivo gizou um programa de apoio à produção, diversificação da economia, exportação e substituição da importação, visando acelerar a produção nacional de forma focada e efectiva, face a contenção da actual conjuntura de crise económica e financeira, de modo a deixar de depender dos recursos petrolíferos.
Mercados
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ANÁLISE DIÁRIA /09 DE JULHO DE 2020
O indicador de liquidez do sistema bancário, medido pelo rácio entre as reservas livres sobre a base monetária em moeda nacional, fixou-se em 16% em Maio O nível representa um incremento mensal de 2,64 p.p., influenciado, essencialmente, pelo aumento das reservas livres em 21%, com possíveis impactos sobre o financiamento à economia.
ESPAÇO ANGOLA
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Índice de Preços Grossista relativo ao mês de Junho situou-se em 260,34 pontos. O registo
revela um aumento de mensal de 2,01%, justificado pelo incremento dos preços dos produtos nacionais em cerca de 2,33%, com efeitos sobre o poder aquisitivo dos consumidores.
ESPAÇO INTERNACIONAL Alemanha • A balança comercial atingiu superavit de 7,1 mil milhões EUR em Maio. O saldo representa uma diminuição de 66% em comparação ao período homólogo. As exportações fixaram-se em 80,3 mil milhões EUR, que representam uma redução homóloga de 30%. A redução do consumo mundial em consequência da COVID-19 contribuiu para o registo comercial.
MERCADOS Petrolífero Brent: -2,2% (42,35 USD/barril). A expectativa de redução da procura devido a adoptação de novas medidas de confinamento penalizou a cotação do crude.
Cambial EUR: -0,4% (1,1285 USD). A redução do saldo comercial da Alemanha influenciou a cotação do euro.
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Desligados domínios AO não actualizados dr
A advertência é do ministério da tutela que diz ser o único detentor dos direitos do seu uso e licenciamento junto da autoridade internacional que gere o serviço ao nível planetário. Muitos utilizadores das TIC’s reclamam da inoportunidade da operação André Mussamo
O
Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social emitiu na edição de 10 de Julho de 2020 no Jornal de Angola um comunicado em que avisa do “iminente desligamento” dos endereços com o domínio AO, reclamando ser a entidade com tutela do mesmo. “O ccTLD.AO é o domínio primário da presença angolana na Internet para sítios com endereço AO, o qual, conforme todas as suas congéneres no mundo, cumpre rigorosamente as regras internacionais da IANA.org obrigando-se à correcção dos dados de titularidade de qualquer endereço registado”, lê-se no comunicado do ministério. Assim, o Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social “adverte” a todos os utentes que tenham o endereço na vasta lista que publica que, os mesmos encontram-se em situação irregular e que “por cortesia” estava avisar antes do desligamento definitivo. Os abrangidos, são convidados a aceder a DNS.ao para o preenchimento de um formulário de
“fiabilidade de dados” segundo passos automáticos, avisando que em momento nenhum o processo passaria por ligação telefónica, reservando a tramitação exclusivamente por este processo desmaterializado. Da lista, constam desde instituições do Estado, bancos, fundações, sociedade civil, projectos, empresas públicas, projectos, eventos, sites comerciais, supermercados, universidades, dentre outros. A IANA, sigla em inglês de Internet Assigned Numbers Authority, é a entidade com a missão de coordenação global dos recursos de raiz do DNS, endereçamento IP e outros protocolos da Internet e alguns dos principais elementos que mantêm a Internet funcional sem problemas, embora ela (a Internet) seja reconhecida por ser uma rede mundial livre. Internautas reclamam Enquanto isso, usuários das TIC’s manifestaram a sua insatisfação “pelo sentido de fal-
ta de oportunidade” do governo que em plena pandemia da Covid-19 e a entrada de final de semana decide desativar os domínios. Uma internauta comentando as dificuldades que experimentou afirmou num post nas redes sociais “estamos em confinamento e não podemos fazer uma transferência bancária online, porque a maioria dos bancos e serviços essenciais à economia do país não têm nenhum serviço activo e nem conseguem receber emails”. Outro atirou: “Não esta fácil perceber essa decisão inoportuna”, enquanto outro referia que o problema já estava a ser vivenciado nos últimos dias. Abdul Santos, especialistas em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’S) referiu que, não era necessário instalar-se o “pânico” no seio dos usuários, atendendo que o detentor dos domínios esta apenas a fazer cumprir os pressupostos legais e que as entidades abrangi-
das devem preencher o formulário obrigatório (via electronica) e pagar as taxas devidas para continuarem a usufruir dos domínios. “Penso que o timing é que terá sido um pouco curto mas, que os utentes devem de tempo em tempo dar prova do uso do serviço isso faz-se em todo o mundo”, comentou Abdul que também acrescentou que todos que terão vistos os domínios desactivados têm sempre uma segunda oportunidade. Os domínios são recuperáveis mediante preenchimento do formulário e submissão via electronica “desde que se cumpra as exigências” impostas pelo departamento governamental que tutela as TIC’s no país. O especialista acusam que alguns dos utilizadores “caíram no desleixo” de não cuidarem deste processo e isso não é bom para a segurança das operações no país e a fiabilidade do trafego para nacional no contexto da rede mundial da Internet, pe-
lo que o procedimento deve ser executado. “Operação era necessária” O director geral do Instituto Nacional de Fomento da Sociedade da Informação (INFOSI), Meick Afonso, assegurou a OPAÍS que a operação esta a permitiu a normalização da infraestrutura do domínio do topo nacional que é o AO. O responsável assegurou que o domínio do país deve cumprir com as regras de compliace internacional face a reputação a que está obrigado e apresentar os registos com informação credível dos seus titulares. “Os registos dos domínios precisam ser fiabilizados e conseguimos alcançar uma cifra acima dos 70 por cento o que demonstra a celeridade com que decorre o processo”, asseverou. O responsável referiu que apesar da Internet hoje ser um veículo de comunicação é também um espaço para o cometimento de muitas fraudes, daí a necessidade de clareza e integridade dos dados daqueles que a utilizam. “Os titulares de registos que mais rapidamente aperceberam-se da obrigação e antes do dia conseguiram garantir a fiabilização dos seus dados não viram os seus serviços interrompidos”, revelou. O processo já decorria de um tempo a esta parte, e o dia 10 de Julho era a data limite para assegurar ao país e ao mundo o alcance de “um bem maior” que é a salvaguarda do próprio domínio, sob pena do vir a ser banido. “”Devemos tranquilizar que não se observou nenhuma paragem técnica de infraestrutura de domínio a nível nacional. Os serviços públicos como a banca e outros que tinha os seus registos fiabilizados e operacionalizados chegaram a data limite sem problemas de paralisação”. O responsável assegura que a operação decorre da necessidade de organizar e garantir maior e melhor gestão do serviço pelo que ontem (dia 10 de Julho de 2020) foi emitido o aviso.
Mundo
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Países Baixos vão abrir acção judicial contra Rússia em relação à queda do MH17 A notícia surge após o Ministério Público holandês concordar em adiar as audiências de Setembro a Outubro deste ano para Fevereiro e Março de 2021 depois do pedido de advogados e representantes das vítimas
O
s Países Baixos planeiaam abrir uma acção judicial contra a Rússia no Tribunal Europeu de Direitos Humanos (ECHR, na sigla em inglês) em relação à queda do vôo MH17, segundo o ministro das Relações Exteriores holandês, Stef Blok. A declaração surgiu no momento em que o tribunal holandês, que organiza as audiências públicas no Complexo Judicial de Schiphol, recusou um pedido da defesa para solicitar à OTAN dados de satélite sobre a queda do avião.
Segundo os juízes, as informações do Sistema Aéreo de Alerta e Controlo (AWACS, na sigla em inglês) “não forneceram à investigação quaisquer dados relevantes”. Anteriormente, Ucrânia também não conseguiu apresentar dados de radar sobre a queda do avião comercial, afirmando que “o radar
“O radar não estava a operar naquele momento”
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não estava a operar naquele momento”. No início de Junho, o procurador holandês, Thijs Berger, informou que dados de radar não confirmaram a presença de caça ou míssil no momento da queda do Boeing malaio do vôo MH17, dizendo que as informações de radares civis e militares da Ucrânia deram resultados limitados sobre o incidente e que foram também tidos em consideração os dados de radar russos. O julgamento sobre a queda do vôo MH17 da Malaysia Airlines teve início nos Países Baixos em 9 de Março deste ano para tentar esclarecer as causas e encontrar os responsáveis. Tragédia do vôo MH17 O avião que fazia o vôo MH17 da Malaysia Airlines, entre Amsterdão e Kuala Lumpur, foi abatido em 17 de Julho de 2014 sobre uma zona do Leste da Ucrânia mergulhada num conflito civil, na sequência do golpe de Estado em Kiev, em Fevereiro de 2014.
Peritos removem destroços do avião à procura de evidências
Equipa avançada da OMS vai à China para investigar origem do coronavírus
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ma equipa avançada da Organização Mundial da Saúde (OMS) partiu para a China para coordenar uma investigação sobre as origens do novo coronavírus responsável pela actual pandemia, disse uma porta-voz nesta Sextafeira. Acredita-se que o vírus surgiu no final do ano passado num mercado da cidade chinesa central de Wuhan, que permanece fechado desde então, depois de romper a barreira do reino animal para infectar humanos. Dois agentes da OMS, especialistas em saúde animal e epidemiologia, trabalharão com cientistas chineses para determinar a abrangência e o itinerário da investigação, disse a porta-voz Margaret Harris, que não quis identificá-los. “Eles partiram, estão no ar agora, são a equipa avançada que delineará a abrangência”,
disse ela numa conferência de imprensa. Isso envolveria negociações em questões como a composição da equipa completa, acrescentou.
“Uma das maiores questões nas quais todos estão interessados, e é claro que é por isso que estamos a enviando um especialista em saúde animal, é analisar se ele (vírus) saltou ou não
de uma espécie para um humano e de qual espécie saltou”, detalhou. “Sabemos que ele é muito, muito parecido com o vírus do morcego, mas será que passou DR
Dois agentes da OMS especialistas em saúde animal e epidemiologia partiram para a China, segundo a porta-voz Margaret Harris
por uma espécie intermediária? Esta é uma pergunta que todos precisamos ver respondida”. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o seu secretário de Estado, Mike Pompeo, disseram que o coronavírus pode ter se originado num laboratório de Wuhan, mas não apresentaram nenhum indício disto, e a China nega essa possibilidade com veemência. Cientistas e agências de inteligência dos EUA disseram que ele emergiu na natureza. “Se houve irregularidade —e podemos nunca saber ao certo—, será muito difícil descobrir”, disse Lawrence Gostin, professor da Escola de Direito de Georgetown de Washington, D.C., à Reuters. “O mercado de produtos frescos foi fechado imediatamente. Não existe registo, avaliação ou investigação independente de uma possível fonte zoonótica, então será muito duro voltar e montar as peças”.
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Apoiante do impeachment de Dilma, MBL é alvo de buscas por lavagem de dinheiro
Johnson diz que Reino Unido pode precisar de regras mais rígidas sobre máscaras
A sede do Movimento Brasil Livre (MBL), em São Paulo, foi alvo de buscas por parte da Polícia Civil e a Receita Federal na manhã desta Sexta-feira (10). Além disso, dois empresários ligados ao grupo, que fez fama nos movimentos pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), foram presos
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egundo o Ministério Público, a família Ferreira dos Santos, criadora do MBL, deve cerca de 400 milhões de reais em impostos federais. Os investigadores apuram os crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de património, razões que levaram às prisões de Alessander Mónaco Ferreira e Carlos Augusto de Moraes Afonso (conhecido como Luciano Ayan).
No total, foram cumpridos seis mandados de buscas e apreensão e dois de prisão na capital paulista e em Bragança Paulista, município localizado no interior de São Paulo. Os procuradores informaram que Alessander Mônaco Ferreira fez grandes movimentações financeiras, incompatíveis com o seu rendimento e património, de doações feitas tanto ao MBL
Brasil mobiliza-se contra o governo de Jair Bolsonaro
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rabalhadores de diversas categorias, organizações políticas e movimentos sociais realizaram, ontem (10), uma série de acções relacionadas ao Dia Nacional de Mobilização ‘Fora, Bolsonaro’ pelo Brasil. Como o nome sugere, a mobilização tem como principal pauta a saída do presidente Jair Bolsonaro e também do seu vice, Hamilton Mourão. Os actos acontecem tanto nas redes sociais como presencialmente, em diversos estados do país. Segundo os organizadores, as manifestações nas ruas acontecem de acordo com as orientações
das autoridades do sector de saúde, em pequenos grupos e procurando manter o distanciamento entre os indivíduos. O Dia Nacional de Mobilização é a primeira actividade da Campanha ‘Fora, Bolsonaro’, que ainda prevê uma plenária virtual neste Sábado (11), e outros actos simbólicos no Domingo (12), em defesa da democracia. Os responsáveis pela campanha afirmam que, enquanto o país vive um dos momentos mais desafiadores da sua história, com uma crise sanitária, económica e política, o governo promove uma escalada autoritária, com o objectivo de avançar na retirada de direitos, atacar a soberania nacional
quanto ao Movimento Renovação Liberal (MRL). Ele também participou na criação de duas empresas de fachada. Por sua vez, Carlos Augusto de Moraes Afonso é investigado por ameaças contra os críticos do MBL e das suas finanças, além da disseminação de fake news atribuída ao movimento. Ele também fez movimentações incompatíveis, segundo a apuração, e criou quatro firmas fantasmas. Em nota, o MBL informou que os dois homens detidos não integram o grupo. O MBL apareceu no Brasil a partir das manifestações que ganharam as ruas em Junho de 2013, passando a ser um grupo actuante e crítico ao governo da então presidente Dilma Rousseff. O movimento apareceu com destaque também durante os actos pelo impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, fazendo eleger vários quadros do grupo para cargos políticos no mesmo ano.
e promover medidas de fechamento do regime, ao mesmo tempo em que oferece “estímulo à movimentos na sociedade civil de carácter neo-fascista”. Diante disso, segundo eles, há, na sociedade brasileira, uma crescente insatisfação e uma ampla maioria que se opõe ao governo, defendendo a saída do presidente. Além das várias cidades participantes no Brasil, algumas acções presenciais ou virtuais também foram registadas em localidades do exterior, em países como França, Itália, Áustria, Alemanha, Portugal e Estados Unidos. Os eventos de mobilização contra o presidente Jair Bolsonaro tiveram início ainda durante a madrugada desta Sexta-feira (10) e devem se estender até ao próximo Domingo (12).
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primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que podem ser necessárias regras mais estritas sobre o uso de máscaras de protecção para o rosto e que ele gostaria de vê-las a serem usadas
com mais frequência em lojas na Inglaterra, onde —ao contrário da Escócia— são opcionais. “Acho que precisamos ser mais rigorosos ao insistir que as pessoas usem coberturas faciais em locais confinados, onde estão a encontrar pessoas com quem geralmente não têm contacto”, disse Johnson numa sessão pré-gravada de perguntas e respostas com o público. “É por isso que já é obrigatório no transporte público, e estamos procurando maneiras de garantir que as pessoas realmente observem, quando você tem coberturas faciais em lojas, por exemplo, onde... existe um risco de transmissão”, acrescentou.
Irmã de líder norte-coreano diz que nova cimeira é improvável, mas pode acontecer “surpresa”
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im Yo Jong, a irmão do líder da Coreia do Norte, disse que uma nova cimeira com os Estados Unidos seria útil somente para Washington a esta altura, acrescentando que o país não tem intenção de “ameaçar os EUA”, de acordo com a mídia estatal. Ela disse que, na sua opinião, é improvável haver outra cúpula entre o líder norte-coreano, Kim Jong Un, e o presidente norteamericano, Donald Trump, neste ano, mas que “uma coisa surpreendente ainda pode acontecer”, relatou a agência de notícias KCNA nesta Sexta-feira. Na Quinta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse estar “muito esperançoso” com a retomada das conversas de desnuclearização com a Coreia do Norte e pareceu deixar aberta a possibilidade de outra reunião entre os líderes dos dois países. Os comentários de Kim Yo Jong vieram um dia depois de Stephen Biegun, vice-secretário de Estado norte-americano encarregue da Coreia do Norte, finalizar três dias de reuniões em Seul, onde rejeitou as especulações segundo as quais estaria a tentar reunir-se com autoridades norte-coreanas durante a sua visita, mas disse que a sua nação está disposta a conversar. Comunicados norte-coreanos recentes refutaram a ideia de no-
vas conversas, e Kim reiterou as objecções de Pyongyan ao que vê como políticas hostis e oportunistas dos EUA. “Gostaríamos de deixar claro que isso não significa necessariamente que a desnuclearização não é possível”, disse Kim Yo Jong. “Mas o que queremos dizer é que não é possível nesta altura”. Os seus comentários adoptaram um tom algo mais suave do que as declarações anteriores, e ela até observou que recebeu uma permissão especial para ver gravações das comemorações recentes do Dia da Independência de 4 de Julho nos EUA. “Não temos a menor intenção de representar uma ameaça aos EUA... tudo correrá tranquilamente se eles nos deixarem em paz e não nos provocarem”, acrescentou. Kim disse que não ficou claro se mensagens conflitantes de engajamento e pressão de Trump e seus assessores são “um esquema intencional ou um resultado do controlo frouxo do presidente sobre o poder”. Ela disse que o seu irmão a instruiu a transmitir cumprimentos a Trump e lhe desejar sucesso no trabalho. Mas mesmo que o relacionamento entre os líderes seja bom, Washington voltará a ser hostil, e a Coreia do Norte precisa formular políticas preparar-se para outros líderes que não Trump, disse Kim.
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“Acontecerá de novo”, diz exprimeira-ministraemiê neozelandesa que analisará reacção global à Covid-19
Trump, em conversa com Xi Jinping, abriu mais uma frente de confrontação com a China
China diz que retaliará novas sanções dos EUA em defesa dos uigures
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China afirmou, nesta Sexta-feira, que adoptará “medidas recíprocas” contra os Estados Unidos depois que estes impuseram sanções a autoridades chinesas de alto escalão devido aos supostos abusos de direitos humanos da minoria muçulmana uigur. O governo chinês descreveu as novas sanções dos EUA como “profundamente prejudiciais” para as relações mútuas, já tensas por diferenças a respeito da maneira como a China lidou com o surto do novo coronavírus e do seu endurecimento com Hong Kong. O governo dos EUA impôs sanções ao secretário do Partido Comunista da região autónoma de Xinjiang, Chen Quanguo, um membro do poderoso Bureau Político chinês, e a mais três autoridades. Uma alta autoridade do governo dos EUA descreveu Chen como a maior autoridade chinesa que o seu país já puniu. A decisão “não é brincadeira”, disse o funcionário norte-americano. “Não somente em termos de efeito simbólico e de reputação, mas ela tem um significado real sobre a capacidade de uma pessoa circular pelo mundo e negociar.” O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, disse aos repórteres, em Pequim, que a decisão dos EUA é uma interferência grave nos
assuntos chineses. “À luz destas acções equivocadas, a China imporá medidas recíprocas a autoridades e organizações dos EUA que demonstraram um comportamento ofensivo quanto aos direitos humanos em relação ao assuntos de Xinjiang”, disse Zhao. “Exortamos os EUA a corrigirem esta decisão equivocada. Se os EUA continuarem a prosseguir, a China adoptará contramedidas firmes.” As sanções de Washington foram impostas de acordo com a Lei Global Magnitsky, que permite que o governo norte-americano vise infractores de direitos humanos em todo o mundo, congelando quaisquer activos nos EUA, proibindo viagens ao seu território e impedindo que negociem com norte-americanos. Sanções também foram impostas a Zhu Hailun, vice-secretário do organismo legislativo regional, o Congresso Popular de Xinjiang, a Wang Mingshan, director e secretário do Partido Comunista do Bureau de Segurança Pública de Xinjiang, e a Huo Liujun, ex-secretário do bureau do partido. O Congresso Mundial de Uigures, principal grupo no exílio, saudou a medida e exortou a União Europeia e outros países a seguirem o exemplo. O senador republicano Marco Rubio disse à Reuters que a acção “demorou” e que mais medidas são necessárias.
Antiga PM da Nova Zelândia, Helen Clark será uma das consultoras da OMS
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elen Clark, ex-primei ra-m i n i stra da Nova Zelândia, alertou que, se o mundo continuar “despreparado” na sua reacção a pandemias, enfrentará crises económicas, sociais e políticas no futuro depois de ser indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para liderar uma revisão da reacção global à pandemia de Covid-19. Na noite de Quinta-feira, a OMS anunciou que Clark e Ellen Johnson Sirleaf, ex-presidente da Libéria, comandarão uma comissão que esmiuçará a reacção global. O director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, qualificou as duas mulheres como “líderes determinadas e independentes”, visando sublinhar a sua liberdade na avaliação das reacções da sua agência e de gover-
nos à doença. O surto de Covid-19 surgiu na China no final de 2019. Ele já infectou 12,16 milhões de pessoas em todo o mundo e 550.242 morreram, de acordo com uma contagem da Reuters. Os Estados Unidos acusaram a China de não ter sido aberta com o resto do mundo nos estágios iniciais do surto. Pequim refutou a acusação e rejeitou clamores por um inquérito com firmeza, descrevendo os esforços como uma propaganda contra o seu país liderada pelos EUA. Depois de aceitar o cargo, Clark disse que o posto só pode ser descrito como “excepcionalmente desafiador”. Em uma entrevista à emissora local TVNZ, nesta Sexta-feira, ela disse que esta foi a sexta vez em 17 anos que a OMS declarou uma emergência de saúde pública. “Isto acontecerá de novo. Se o
mundo for tão despreparado na reacção como foi a isto, estaremos numa crise económica, social e política contínua”, disse Clark à TVNZ. Ela ainda disse que haverá muitas consultas para a indicação dos membros da comissão. “Mas também existe um trabalho muito real a ser feito, que é ver como a OMS tem conseguido liderar. Será que ela tem os mecanismos certos? O que realmente aconteceu aqui? E existe muita política nisso.” Ela disse que trabalhará de casa, em Auckland, no futuro próximo enquanto desenvolve o projecto. A Nova Zelândia é um dos poucos países que virtualmente eliminaram o vírus. A ilha do Pacífico Sul não tem casos conhecidos de transmissão comunitária e a economia voltou à normalidade pré-pandemia.
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Hong Kong fechará todas as escolas devido a subida dos casos de coronavírus DR
Serguei Lavrov é céptico quanto à renovação dos acordo sobre armas nuicleares com os EUA
EUA aproximam mundo de uma guerra nuclear por ‘vitória’ e desprezo a acordos, diz Lavrov
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s EUA estão a aumentar o risco de um impasse nuclear entre as principais potências do mundo, num esforço para recuperar a dominação global, ao se afastarem dos últimos pactos de controlo de armas ainda existentes, alertou o diplomata-chefe da Rússia. “Eu concordo que os riscos nucleares aumentaram substancialmente no passado recente”, declarou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, numa audiência no fórum de destaque de Primakov Readings nesta Sexta-feira (10). As razões para isso são “óbvias”, esclareceu o ministro. “Os EUA querem recuperar o domínio global e alcançar a vitória no que eles chamam de uma grande competição de energia”, acrescentou. Lavrov afirmou que Washington recusa a noção de “estabilidade estratégica” e chama de “rivalidade estratégica”. “Eles querem ganhar”, completou. “Estamos particularmente preocupados com a recusa dos EUA em reafirmar um princípio fundamental: a premissa de que não pode haver vencedores numa guerra nuclear e, portanto, nunca deve ser desencadeada”, sentenciou Lavrov.
O ministro russo sugeriu que Washington quer desmontar todo o mecanismo de controlo de armas. O governo do presidente estadunidense Donald Trump retirouse, no ano passado, do Tratado das Forças Nucleares de Alcance Intermediário de 1987, que proíbe ambos os lados de estacionar mísseis terrestres de curto e médio alcance na Europa. Essa retirada também colocou em risco o novo tratado START, assinado com a Rússia em 2010. O acordo definiu que tanto os EUA e quanto a Rússia reduziriam as suas ogivas para 1.550 cada um e os seus lançadores para 800. Ele vai expirar em 2021, mas Lavrov avaliou nesta Sexta-feira (10) que não estava optimista quanto à uma extensão. Segundo o ministro das Relações Exteriores russo, a decisão dos EUA de não renovar o Novo START já é uma realidade e o destino do pacto “está selado”. Washington insiste em que a renovação das negociações seja trilateral, com a China a participar nas discussões. Pequim informou que “ficaria feliz” em participar nas negociações - mas apenas se os EUA estivessem dispostos a reduzir o seu arsenal nuclear ao nível da China, que é cerca de 20 vezes menor.
Estudantes de uma escola secundária em Hong Kong
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Escritório de Educação de Hong Kong anunciou, nesta Sexta-feira, o fecho de todas as escolas a partir de Segunda-feira depois do aumento acentuado de casos de coronavírus transmitidos localmente que provocou o temor de uma nova disseminação comunitária. A maioria das escolas do pólo financeiro asiático está fechada desde Janeiro, e muitas adoptaram o ensino virtual e as aulas por teleconferência. Muitas escolas internacionais já entraram nas férias de verão. Hong Kong relatou 38 casos novos de coronavírus nesta Sextafeira, um número menor do que os 42 de Quinta-feira, mas essencialmente alinhado a um aumen-
to acentuado que a cidade registrou nos últimos três dias. As autoridades disseram que 32 dos casos novos foram transmitidos localmente – a cidade passou meses a relatar uma maioria de casos importados. O número total de casos desde o final de Janeiro está em 1.404. Sete pessoas morreram. Alguns dos casos recentes envolveram estudantes e pais, disse o secretário da Educação, Kevin Yeung. “Muitos pais estão preocupados com o aumento súbito de casos de transmissão local nos últimos dias”, disse Mimi Tsang, mãe da estudante Melony, de 12 anos. Mas a suspensão precoce coincide com a frustração de professores, pais e alunos com a adopção do ensino virtual em casa, e exacerbou a disparidade de aces-
so ao ensino existente entre os que têm de sobra e os que têm pouco. Mais de dois terços dos pais, independentemente do rendimento, acreditam que os filhos têm dificuldade de aprender em casa, de acordo com uma pesquisa de Fevereiro da Universidade Educativa de Hong Kong. Um levantamento da Sociedade para a Organização Comunitária (SoCO) com quase 600 estudantes de baixa renda mostrou que mais de 70% deles não têm computadores e 28% não têm banda larga. O encerramento precoce das escolas não terá muito impacto no ensino desta vez, disseram alunos e pais, por vir pouco antes das férias de verão. “Só temos mais uma semana de aulas, então não acho que faz muita diferença”, disse Ryan Chan, de 14 anos.
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O PAÍS Sábado, 11 de Julho de 2020
Zungueira espancada por fiscais da Administração do Lubango clama por apoio para alimentar dois filhos
A vendedora ambulante que foi brutalmente espancada por fiscais da Administração Municipal do Lubango está a enfrentar dificuldades para alimentar os seus dois filhos e irmãos, pelo que clama por apoio da sociedade para se ultrapassar o problema
J
João Katombela, na Huíla oana Luzia Tchimuco, de 26 anos de idade, foi espancada no passado dia 1 do mês em curso por fiscais da Administração Municipal do Lubango, quando se encontrava a realizar a venda ambulante de frutas numa das ruas da cidade. Como resultado da agressão, a jovem zungueira ficou internada durante seis dias no Hospital Central do Lubango, onde foi submetida a uma intervenção cirúrgica na zona do abdomem. Segundo contou à nossa reportagem, no momento da agressão perdeu o seu negócio, com o qual sustentava os seus dois filhos e irmãos, já que ela é mãe solteira. “Assim que eles nos apanharam, começaram a nos bater, não consegui fugir porque um
deles agarrou-me pelos cabelos e atiraram-me na viatura e começaram a me bater, e lá perdi o meu negócio, o meu telemóvel e o dinheiro da venda daquele dia” disse. A nossa interlocutora é mãe de dois filhos menores de 10 anos, sendo um com deficiência motora. Além da falta de alimentos, Joana Luzia Tchimuco lamenta ainda a falta de dinheiro para a aquisição de medicamentos para dar continuidade ao seu tratamento. “Tive alta na Terça-feira (7), lá passaram-me uma receita que está aqui em casa, mas não tenho como comprar os medicamentos por falta de dinheiro, os meus filhos não têm o que comer, se eles não me batessem deste jeito, a esta altura estaria a vender e os meus filhos teriam comida” desabafou. Administração Municipal do Lubango estuda mecanismo de apoio A Administração Municipal do Lubango garantiu que está em curso um
estudo de viabilidade para encontrar uma maneira de prestar apoio à vendedora ambulante durante a sua convalescença. Esta garantia foi dada numa conferência de imprensa recente do director do Gabinete Jurídico da referida Administração, tendo dito que já foi prestada toda a assistência institucional Gualberto Longuenda disse que a Administração Municipal esteve permanentemente em contacto com a direcção do Hospital Central do Lubango, de forma a imputar todos os gastos inerentes da assistência médica e medicamentosa ao Estado. “O que a Administração Municipal garantiu é apoio institucional, uma vez que ela mereceu tratamento a nível de uma instituição hospitalar pública. O que a Administração Municipal fez, foi interagir de forma permanente em primeira instância com a direcção do Hospital e com os médicos, para que todos e quaisquer custos que se impusessem fossem imputados ao Estado, não por admitir culpa no estado da senhora, masporque se tratava de uma cidadã cujos factos que a levaram naquelas circunstâncias afectam a Administração Municipal”, disse. Gaulberto Longuenda, acrescentou que existe na Administração Municipal do Lubango uma área se Acção Social que está a estudar uma forma de prestar apoio de forma efectiva à vendedora ambulante. No entanto, antes do fecho desta edição, OPAÍS contactou Joana Luzia Tchimuco para junto dela saber se já tinha recebido algum apoio da Administração Municipal e ela disse que não. “Ainda não recebi qualquer apoio da Administração, apenas recebi apoio das minhas vizinhas que me trouxeram cinco canecas de farinha de milho, que estamos a comer estes dias” explicou. director do Gabinete jurídico da Administração Municipal do Lubango
Mais e 400 mil crianças dos 0 aos 5 anos serão imunizadas contra a pólio na Huíla As autoridades sanitárias da província da Huíla almejam imunizarcontra a pólio cerca de 451.649 crianças com idades compreendidas entre os 0 e os cinco anos, em nove municípios da província.
S
João Katombela, na Huíla egundo a directora Municipal da Saúde Pública do Lubango, foram mobilizados um total de 2 mil pessoas, entre vacinadores e mobilizadores, com vista a alcançar as metas traçadas.Judite dos Santos Rocheta fez saber que a terceira fase desta campanha decorre desde ontem (Sexta-feira) e vai até amanhã, Domingo, tendo dito igualmente que estão criadas todas as condições logísticas para o êxito da campanha. A responsável pela saúde pública no município do Lubango avançou que os vacinadores e mobilizadores estão orientados a cumprir as medidas de bio-segurança, em função da pandemia da Covid-19. “De acordo com aquilo que são as orientações, tivemos e teremos todo o cuidado de acompanhar o cumprimento das orientações que foram baixadas, para que se evite aglomerações, vamos fazer os possíveis para que o distanciamento social seja cumprido” disse.
Tais orientações, continuou Judite dos Santos Rocheta, passam pelo uso obrigatório da máscara facial, a lavagem das mãos com água e sabão, bem como a desinfecção com álcool-gel por todos os intervenientes nesta campanha de vacinação. Para as equipas que vão trabalhar porta-a-porta em todos os bairros e comunas do município do Lubango, já foram distribuídos todos os equipamentos de bio-segurança, com destaque para as máscaras e álcool-gel. “Nós faremos todos os possíveis para que as normas de biossegurança sejam cumpridas na íntegra principalmente pelos vacinadores e mobilizadores, bem como, os pais e encarregados de educação. Para além das equipas móveis que circulam pelas artérias do município do Lubango, foram ainda criadas brigadas fixas que atendem nos mercados informais da cidade. “Todas as condições foram criadas para que sejam vacinadas contra a pólio um grande número de crianças a nível da cidade do Lubango e os seus bairros periféricos” garantiu.
classificados emprego
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Urbanização Vila do Cacuaco
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Tel. 925 891 389 ou 992 491 973
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O PAÍS Sábado, 11 de Julho de 2020
diversos
desporto
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O PAÍS Sábado, 11 de Julho de 2020
MINJUD desmente declarações de Nádia Cruz dr
Benguela chora a morte de Hilário Silva Ministra da Juventude e Desportos, Ana Paula Sacramento Neto
O Ministério da Juventude e Desportos (MINJUD) afirma que as “bocas” da antiga nadadora Nádia Cruz à Rádio Cinco têm muitas inverdades Mário Silva
D
epois das declarações da presidente da Associação dos Atletas Olímpicos à Rádio Cinco na
Presidente da Associação dos Atletas Olímpicos, Nádia Cruz
semana passada, o Ministério da Juventude e Desportos (MINJUD) desmentiu as afirmações de Nádia Cruz. O MINJUD adiantou, na sua nota, que havia inverdades, logo, isto ofende o bom nome do órgão que rege o desporto no país. O documento da tutela, encabeçado por Ana Paula Sacramento Neto, não estabelece qualquer vínculo jurídico-laboral com os atletas. Por este facto, a nota atesta que a relação de trabalho entre os jogadores e os clubes é da inteira responsabilidade das partes. Mas, compete às equipas inscrever os atletas no Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) e ao abrigo da lei efectuar as devidas contribuições. Em relação à atribuição da pensão
de reforma, o Ministério da Juventude e Desportos revelou que não há qualquer histórico de que o assunto tenha sido tratado pelo instituto supracitado. Deste modo, o MINJUD garantiu que as declarações de Nádia Cruz não correspondem, uma vez mais, com a verdade dos factos. Assim, a protecção social dos atletas federados foi submetida em Conselho de Ministros, segundo a contribuição das associações desportivas. Quanto à atribuição de residências aos atletas olímpicos, o documento ministerial esclareceu que o assunto foi encaminhado ao Ministério das Obras Publicas e Ordenamento do Território, mas cumprindo com os requisitos legais exigidos para o efeito.
Mário Silva
O
s agentes do futebol na cidade das Acácias Rubras choram a morte prematura de Hilário Silva, antigo jogador do Nacional de Benguela e do Atlético Sport Aviação (ASA), ocorrido na manhã de ontem vítima de doença numa unidade hospitalar daquela província. Face ao infortúnio, o presidente do Sporting de Benguela, Aguião Manuel, disse, a OPAÍS, que a família do desporto-rei está triste pelo acontecimento, porque o ‘coach’ Hilário Silva ainda tinha muito para dar em prol do desenvolvimento da modalidade. Aguião Manuel endereçou à família enlutada os mais profundos sentimentos de pesar e que nesta hora difícil tenha força e coragem.
Por sua vez, o membro do Nacional de Benguela, Joaquim Jair Sambo, mostrouse, na sua página do Facebook, desolado pelo desaparecimento físico do antigo lateral direito da geração de ‘ouro’ da agremiação ‘Alvi-negra do São Filipe. “Calou-se uma voz para sempre”, escreveu Joaquim Jair Sambo. Em 2017, o malogrado foi treinador-adjunto do Progresso da Lunda-Sul, nesse ano disputou o Girabola, Campeonato Nacional de futebol da primeira divisão. Há nove meses, Hilário Silva concedeu uma entrevista a O PAÍS em que atribuiu favoritismo à Seleção Nacional de Futebol com muletas na conquista inédita do Campeonato Africano, prova realizada em Benguela.
O PAÍS Sábado, 11 de Julho de 2020
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Sorteio do Girabola 2020/2021 já tem data
Sebastião Félix
O
sorteio do Girabola 2020/2021, Campeonato Nacional de futebol da primeira divisão, será
realizado no dia 29 do corrente mês. De acordo com a federação angolana, o acto será realizado nas suas instalações, no Projecto Nova Vida, em Luanda, às 11:00.
O acto, que seria realizado na semana passada, foi adiado por força da Covid-19, pandemia que continua a pôr os humanos de joelhos. A forma como será dirigido o evento não foi esclarecidapela Federação Angolana de Futebol (FAF), mas, tudo indica que será à porta fechada. Posto isto, os representantes dos clubes que vão disputar a maior festa do desporto-rei no país, ao que tudo indica, deverão acompanhar por vídeo-conferência. O Girabola 2019/2020 foi anulado devido à pandemia sob consenso de presidentes de clubes, evocando razões de carácter sanitário e administrativo. Não houve vencedores nem vencidos, mas o Petro de Luanda liderava a prova e nos lugares seguintes estavam o 1º de Agosto e o Interclube.
Estádio Sagrada Esperança em obras
A
reabilitação do estádio Sagrada Esperança, na Luanda Norte, consubstancia-se na substituição dos bancos de suplentes, vedação, balizas e melhoria do relvado, visando o Campeonato Nacional de futebol e a Taça da Confederação. Orçada em 2 milhões, 744 mil, 300 Kwanzas, a obra, iniciada nesta semana, inclui ainda pinturas no exterior e interior do imóvel, manutenção dos balneários e do sistema de rega. A empreitada estará concluída dentro de 15 dias, segundo o afirmou, nesta Quinta-feira, o secretário-geral do clube, Lourenço Cariata.
A infra-estrutura, reinaugurada em 2008, alberga 8 mil espectadores. Possui quatro torres de iluminação, três balneários, dois camarotes, três cabines de imprensa, salas para reuniões técnicas, entre outros compartimentos. A formação campeã nacional em 2005 e da Taça de Angola (1988 e 1999) já participou em três ocasiões na Taça da Confederação, em 1992 (eliminada na segunda fase), 1998 (primeira fase) e 2016 (quartos-de-final). O FC Bravos do Maquis é a outra represente nacional no evento, também designado por Taça “Nelson Mandela”.
Wimbledon termina com histórica fórmula dos cabeças de série
A
partir da edição de 2021, os cabeças de série no torneio de Wimbledon passarão, à semelhança do que acontece em todos os outros torneios, a ser definidos apenas e só
pelo ranking do circuito ATP, anunciou nesta Sexta-feira a organização da prova do All England Club. Desde 2002, o cálculo dos pré-designados na variante masculina adicionava à totalidade dos
Mourinho com contundente resposta contra o antigo clube
pontos do ranking ATP a totalidade dos pontos somados em torneios jogados em relva no último ano e ainda 75 por cento do melhor torneio jogado pelo tenista nessa superfície nos 12 meses anteriores a esse ano.
A
inoperância ofensiva do Tottenham no jogo em casa do Bournemouth, no qual os spurs não fizeram um único remate enquadrado à baliza, foi tema do dia em Inglaterra. Confrontado com a situação em comparação com o actual grande momento de fulgor ofensivo do Manchester United, José Mourinho foi bastante claro.
“Os 13 penáltis assinalados a favor do Manchester United são uma ajuda. São uma grande ajuda”, disparou, seco, o português. Ao longo desta temporada, os red devils já beneficiaram de 13 pontapés da marca de grande penalidade. Mais do que, por exemplo, aqueles que o Liverpool (5), Tottenham (4) e Arsenal (3) em conjunto.
TEMPO
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O PAÍS
Sábado, 11 de Julho de 2020
PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES VÁLIDA DE 11 A 13 DE JULHO DE 2020 INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 11 à 13 de Julho de 2020 Data 11/07/2020
CIDADE
Data 12/07/2020
Estado do Tempo
Data 13/07/2020
Estado do Tempo
Estado do Tempo
Mín
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LUANDA
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Céu nublado pela manhã / neblina matinal
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CABINDA
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SUMBE
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CAXITO
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MBANZA CONGO
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UIGE
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NDALATANDO
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MALANJE
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DUNDO
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Céu limpo
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SAURIMO
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HUAMBO
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Céu limpo
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CUITO
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LUENA
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Céu pouco nublado ou limpo
LUBANGO
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Céu limpo
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Céu limpo
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Céu limpo
MENONGUE
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Céu limpo
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Céu limpo
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Céu pouco nublado ou limpo
MOÇÂMEDES
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Céu nublado pela manhã / neblina matinal
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Céu nublado pela manhã / neblina matinal
ONDJIVA
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Céu limpo
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Céu geralmente limpo
07
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Céu geralmente limpo
Fonte: INAMET
Das 18 horas do dia 10 às 18 horas do dia 11 de Julho de 2020 NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu pouco nublado em quase toda a região, tornando-se nublado durante a madrugada e manhã nas províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte e Cuanza-Sul. Possibilidade de ocorrência de nevoeiro ou neblina matinal em alguns municípios das províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte e Cuanza-Sul. REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu limpo em toda a região, com períodos de parcialmente nublado durante a madrugada e manhã na província de Benguela. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios da província de Benguela. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu limpo em toda a região, com períodos de céu nublado durante a madrugada e manhã na província de Namibe. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios da província de Namibe
Os Meteorologistas: Domingos Pedro e Marta Bento Luanda, 10 de Julho de 2020 Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao
TEMPO no mar
Fonte: INAMET
BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 UTC DO DIA 10/07/2020 ÀS 18:00 UTC DO DIA 11/07/2020
INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA - INAMET Centro Nacional de Previsão do Tempo
1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 15:00 TU DO DIA 10 DE JULHO DE 2020:
Circulação de Sudeste moderada os paralelos a 14°S (Cabinda BOLETIMentre METEOROLÓGICO PARA A4°S NAVEGAÇÃO MARÍTIMA até Benguela) e circulação de Sudeste forte a Sul do paralelo 14°S.
2. PREVISÃO VÁLIDA 18:00 TU DO DIA 11 DE JULHO 2020: 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 15:00 TUATÉ DO DIAàS 10 DE JULHO DE 2020: Circulação de Sudeste moderada entre os paralelos 4°S a 14°S (Cabinda até Benguela) e circulação de sudeste forte a Sul do paralelo 14°S. AVISO: VENTO FORTE ATÉ 54 KM/H (29 NÓS) NA COSTA Do NAMIBE (SUL DO PARALELO 16°S), 2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 11 DE JULHO 2020: COMAVISO: ONDAS 2.7 DE ALTURA. VENTODE FORTE ATÉÀ 543.8 KM/HMETROS (29 NÓS) NA COSTA DE NAMIBE (SUL DO PARALELO 16°S), COM ONDAS DE 2.7 À 3.8 METROS DE ALTURA.
REGIÃO
ESTADO DO TEMPO
(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)
VENTO DIRECÇÃO FORÇA (KT) Sul Até 10 a Sudeste
ALTURA DA ONDA (METROS)
ESTADO DO MAR
Até 1.7
Agitado
Cabinda (4°S – 6°S)
Neblina
Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S)
Neblina
Sul a Sudeste
Até 15
Até 2.3
Agitado
Neblina
Sul a Sudeste
Até 20
Até 2.6
Muito Agitado
Namibe (14°S – 18S)
Neblina
Sul a Sudeste
Até 29
Até 3.8
Muito Agitado
VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM) Fraca pela manhã (Até 5) Fraca pela manhã (Até 5) Fraca pela manhã (Até 5)
Fraca pela manhã (Até 5)
Alta pressão de Santa Helena irá permanecer activa durante as próximas 24 horas com a pressão central de 1020hPa a 1025hPa, enquanto se desloca lentamente para a parte continental com um gradiente forte e vento ao longo da costa do Namibe. Na costa do Namibe irá atingir 52Km/h (29 nós), assim prevêse uma agitação marítima com ondas a atingirem 3.8 metros de altura para a região marítima do Namibe. Para as regiões marítimas de Cabinda a Benguela, prevê-se ondas máximas de 1.7 a 2.6 metros de altura. Prevê-se uma visibilidade entre 3 a 5 Km, devido à possibilidade de ocorrência de nevoeiro ou neblina matinal nas regiões marítimas de Cabinda ao Namibe.
4. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA
Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.
OPINIÃO
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O PAÍS Sábado, 11 de Julho de 2020
Alberto Kizua
Salve-se quem puder.
É
ponto assente, começa a desenhar-se um novo figurino sobre o posicionamento dos países face à pandemia que assola o mundo. Passados quase seis meses, cada Estado é obrigado a engendrar estratégias e métodos, amenizar e a controlar a persistência da proliferação da Covid-19. Antes de qualquer juízo de valor sobre a sobrevivência ou não da humanidade – o que não vai acontecer de certeza, importa recordar que foi precisamente “o salve-se quem puder” que fez com que alguns Estados considerados poderosos, outros nem tanto assim, aliados e/ou à reboque de organizações regionais, trilhassem milhas náuticas e, proporcionando pontes áreas em socorro dos seus concidadãos que por variados motivos se encontravam na República Popular da China. Terá sido à partida uma intenção valiosa, porquanto visou em tempo oportuno salvar milhares de pessoas do mal que se anunciava, na lógica de que longe das fronteiras da China, estariam são e salvos; engano, pois, foi precisamente esta suposta acção humanitária que afinal fez o vírus “deslocarse” de navios e aeronaves de última geração, quiçá, em classe executiva, para os respectivos países. E hoje, para além de fecharem as suas fronteiras a estrangeiros ou cidadãos de países considerados “não seguros” de entrar nos seus territórios, alguns Estados, com destaque aos da Europa, viraram as costas à mais de 150 países. Para os angolanos resta o consolo do “Tio Celito” e dos sobrinhos do pai da minha amiga Jú, de Kuanza Sul que determinaram que “os passageiros dos voos provenientes dos países de língua oficial portuguesa têm de apresentar, no momento da partida, comprovativo de teste
à covid-19, como resultados negativo, realizado 72 horas antes do embarque, sob pena de lhe ser recusada a entrada em território português. Menos mal para quem recorre a Portugal, por razões de saúde, profissionais, de estudo ou de reunião familiar. É mister lembrar de que no sistema internacional os interesses políticos, económicos e outros de reciprocidade falam mais alto na relação entre os Estados, e Portugal mesmo não tendo sido feliz em convencer os demais países da União Europeia ao tentar incluir Angola na lista cujo critério de escolha na média de infeções por cem mil habitantes igual ou inferior à europeia com marco de referência a 15 de Junho - medida que Angola tomou no pretérito mês
de Março, quando ainda nenhum caso da Covid-19, interditando a entrada no país de passageiros provenientes da China, Irão, Coreia do Sul, Itália, França Espanha e Portugal. Mas, infelizmente, como para alguns angolanos qualquer moda vale principalmente quando vêm do Ocidente, foi possível levantar o nosso gigante “triplo seven” das linhas aéreas em socorro aos nossos compatriotas que se encontravam na “meloia”, e prontos, começou o “dikulu”...e o Dr. Mufina passou a vir em público falar sobre o que se passava nesta nova “guerra” sem minas nem obuses, com agressor invisível e apenas as forças governamentais controlando a cerca, e desafiados pela própria população que eles defendem,
enfim, são outros tempos e de outros tempos, a minha kamba Sílvia Lutukuta, lembra-me o célebre comandante Jujú – recordação para maiores de 50 anos de idade, pois Angola tinha apenas meses como país independente. Independência cujo percurso todos contribuíram e nunca ninguém questionou, porque estavaemcausaanossaUfolo.Nesta altura, ninguém confrontava nem desafiava as autoridades, porque tinha de ir à rua para sobreviver, vender em hasta pública por que tinham filhos para sustentar, e foi assim que se fez a madrugada. Independência que fez elaborar uma constituição que definiu liberdades e direitos consignados no Tratado de Vestefália, que
consignou vários princípios com destaque para o diploma que inaugurou o moderno sistema internacional, ao acatar consensualmente noções e princípios, como o de soberania estatal e do estado-nação. Princípios que os estados adoptaram face a pandemia da Covid-19, e como já escrevi neste espaço, deitou por terra a visão universal aos homens como sendo pré-existentes aos Estados, que detêm e conservam direitos e prorrogativas, que nenhum poder político instituído, nem mesmo aquele a que estão sujeitos, podelhe retirar. Pois, os Estados são soberanos e regem-se por leis e deliberações que nenhum outro Estado pode ou deve contrariar, salvaguardando sempre a lógica de jogo de soma zero, ou seja, os mais fortes ditam as regras. Quem pode, pode tal como os EUA demonstraram mais uma vez que, para além da crise doméstica que opõe a sociedade civil e o governo, o presidente americano orientou o seu Departamento de Saúde pré-encomenda de mais de meio milhão de medicamentos remdesivir, 100% de toda a produção do mês de julho e 90% da quantidade de dose até os meses de Agosto e Setembro. E nós por cá temos que nos solidarizar e não menosprezar os esforços dos que procuram minimizar e controlar a situação, que tudo procuram fazer para que tenhamos paz, tranquilidade, pois temos que nos cuidar de forma solidária e responsável seguindo as recomendações de quem de direito e respeito acima de tudo, para os que dia e noite se esforçam para cuidarem de nós. Nada de caminhos fiotes, lavar as mãos com água e sabão, sem beijos nem abraços confiando sempre na graça divina, e nada de patuscadas nem politiquices, haverá tempo para os que se cuidarem.
A Salvação é individual. Até lá!
Última
32 O PAÍS Sábado, 11 de Julho de 2020
Taxas de Câmbio dos Bancos Comerciais
Sábado à Segunda-Feira, 11 à 13 de Julho de 2020 Taxa de Câmbio Actual Compra
Venda
BANCOS COMERCIAIS
USD/KZ
EUR/KZ
USD/KZ
EUR/KZ
Finibanco Angola - (FNB)
561,057
635,901
609,720
691,056
Banco de Crédito do Sul - (BCS)
572,959
647,387
605,079
683,680
VTB África - (VTB)
566,782
642,390
603,200
683,666
Banco Keve - (BKEVE)
561,500
634,439
602,753
680,559
Standard Bank Angola - (SBA)
572,959
647,387
601,607
679,756
Banco Valor - (BVB)
558,583
633,242
601,506
681,902
Banco Comércio e Indústria - (BCI)
566,576
642,157
601,338
681,557
Banco Económico - (BE)
578,574
653,731
598,943
676,746
Banco de Fomento Angola - (BFA)
572,507
648,879
598,270
678,079
Banco de Negócios Internacional - (BNI)
561,057
635,901
598,270
678,079
Banco de Poupança e Crédito - (BPC)
561,057
635,901
597,125
676,781
Banco Caixa Angola - (BCGA)
578,689
653,861
596,106
673,542
Banco Angolano de Investimentos - (BAI)
584,106
662,025
596,026
675,536
Banco de Investimento Rural - (BIR)
572,507
648,879
595,877
675,367
Banco da China Limitada - Sucursal - (BOCLB)
550,041
621,492
595,877
673,282
Banco BAI Microfinanças - (BMF)
576,844
653,677
595,639
674,975
Banco Prestígio - (BPG)
549,607
622,924
595,407
674,834
Banco Sol - (BSOL)
566,782
642,390
595,407
674,834
Banco Comercial Angolano - (BCA)
569,762
645,255
592,667
671,195
Banco Comercial do Huambo - (BCH)
568,023
643,796
590,630
669,420
Standard Chartered Bank Angola - (SCBA)
555,885
628,095
590,262
659,112
Banco BIC - (BIC)
568,662
642,532
590,148
671,340
Banco Yetu - (YETU)
572,959
647,378
590,148
670,036
Banco Millenium Atlântico - (ATL)
569,644
645,635
589,682
668,345
Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA)
566,075
640,372
588,229
674,752
Banco Kwanza Invest - (BKI)
559,626
634,279
583,957
661,857
Taxa Média dos Bancos Comerciais
567,032
641,919
596,303
675,396 Fonte: BNA
Caso necessite de moeda estrangeira, dirija-se sempre aos bancos comerciais ou às casas de câmbio autorizadas. Não realize operações de compra ou venda de moeda estrangeira na rua/mercado informal, pois tal acarreta muitos riscos e é ilegal.
O que saber sobre o Coronavírus…
“O
álcool ou qualquer mistura com álcool a mais de 65% dissolve qualquer gordura, sobretudo a camada lipídica externa que protege o vírus”. “Qualquer mistura com uma parte de cloro e cinco partes de água dissolve directamente a proteína, desintegrando o vírus”. “O vírus não é um organismo vivo, mas sim uma molécula de proteína (ARN) coberta por uma camada protectora de lípido (gordura), que ao ser absorvida pelas células das mucosas ocular, nasal ou bucal, alteram o código genético delas (mudam) e as convertem em células agressoras multiplicadoras”. “O vírus conserva-se muito estável em ambientes frios, húmidos e escuros”. “Nenhum bactericida serve! O vírus não é um organismo vivo como a bactéria, e se não está vivo não se pode matar com antibióticos, os vírus são desintegrados. Daí que a solução está em romper a sua cadeia de propagação e mutação”. “O vírus não atravessa a pele sã”. “O calor muda o estado da matéria da gordura da camada protectora do vírus, por isso é bom usar água a mais de 25 graus centígrados para lavar as mãos, a roupa e locais em que nos encontre-
mos”. “Não sacudam! Esfreguem as superfícies com álcool, cloro (lixívia), água oxigenada ou detergente! O vírus agarrado a uma superfície se desintegra algum tempo segundo a matéria de que é feita esta superfície. 3 horas (tela porosa), 4 horas (cobre e madeira), 24 horas (cartão), 42 horas (metal) e 72 horas (plástico). Se se sacudir o vírus volta a flutuar no ar e pode alojar-se no nariz”. “Como o vírus não é um ser vivo senão uma molécula de proteína, não se mata, mas se desintegra. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e tipo de material onde repousa”. “A água oxigenada dissolve a proteína do vírus, isto ajuda muito depois do uso de sabão, álcool ou cloro para atacar o vírus, mas há que usá-la pura e se se usar na pele a pode ferir”. “O vírus é muito frágil, o único que o protege é uma camada externa muito fina de gordura, por isso é que qualquer tipo de sabão é o melhor remédio, porque a espuma corta a gordura (há que esfregar-se por 20 segundos no máximo e fazer muita espuma. Ao dissolver a camada de gordura se dispersa e desintegra por si”. UMA RECOMENDAÇÃO VALIOSA Use a mão não dominante para abrir as portas em casa, escritório, transporte, banhos, etc., já que é muito difícil que venha a tocar o rosto com essa mão. Na Coreia do Sul foi muito difundida esta iniciativa.